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_4edo BOSI Historia concisa da LITERATURA BRASILEIRA 1 Ml, O Barroe: INDICE ACONDIGAO COLONIAL 9, LL. Textos de informag: de Gabriel Soares, | Jo, 13. A carta de Caminha, 14, Gi A informagiio do: Literatura ¢ si yo, 15,0 “Tratado § Grandezas do Brasil”, 25. Da erdni Mita, 19, Oy" historia: Frei Vicente, Antoni, 25. logos ECOS DO BARROCO. spirito e estilo, 29. O Barroco no Brasil, 34, A “Prosopopeia” de Ben 44, A 10s, 37. Botelho de Oliveira, 41. Menor 47, As Academias, 49, to Teixeira, 36, Gregorio de . 44. Prosa ale; prosa. ARCADIA E ILUSTRAGAO Dois momentos: o pottico ¢ 0 ideolégico, 57. Cliudio Manuel da Costa, 64. 83 io da Gama, 68, Santa Rita Durdo, 71. Arcades ilustrados: Gonzaga, Silva A renga, Alvarenga Peixoto, 74. Da Ilustragio ao Pré-Romantismo, 85. Os géneros piiblicos, 89. O ROMANTISMO -~s ais, 95,)A situagdo dos virios romantismos, 95,/Temas, 97. O nivel estética, 100, O Romantismo oficial no Brasil. Gongalves de Magall 102. Por- to Alegre;-104. A historiografia, 104) T 106. A poesia, Gongalves Dias, 109. O romantismo egotico: a 2° geragio, 115. Alvares de Azevedo, 116. Junqueira Freire, 119. Laurindo Rabelo, 120. Casimiro de Abreu, 121. Epigonos, 122. Varela, 124. “Condores”, 131, Sousindrade, 131. A ficgdo, 133, Macedo, 137, Manuel Antonio de Almeida, 139. Alencar, 141. Sertanistas: Bernardo Guimaraes, Taunay, Tavora, 148. 0 teatro, 155. Martins Pena, 156. Gongalves Dias, 159. Alen- car, 161. Agrario de Meneses. Paulo Eiré, 162. A consciéncia historica ¢ critica, 163. Tradicionalismo, 164. Radicalismo, 166. Permanéncia da Hlustragio. J. Fran- cisco Lisboa, 167. O REALISMO Caracteres-gi Um novo idedrio, (73)A fiegdo,.179, Machado de Assis, 184, Raul Pompe! 194. ; smo ¢ a inspiragdo Aluisio Azevedo e'05 principais naturalistas,(198) O Natura regional, 206. Manuel de Oliveira Paiva, 207. Naturalismo ¢s art nou eau”, 208, Coelho Neto, 210, Affdnio Peixoto, 218, Xavier Marques: 21 On gionalismo como programa, 219. Afonso Arinos, 221. Valdomi® Sie 22 SimBes Lopes Neto, 225, Aleides Maya, 227. Hugo de Carvalho Ramos, 227. Monteiro Lobato, 228, A Poesia, 230. O Parnasianismo, 233. Alberto de Oliveira, Vi. VIL. 237, Olavo Bilac, 240. Outros parnasianos, 243. Francisca Julia, 244, Artur Azevedo, 245. Vicente de Carvalho, 246. Neoparnasianes, 249, Raul de Leoni, 251. Tea Machado de Assis, 258. Qorpo-Santo, Um corpo 261. Capistrano de Abreu, 262, estranho, 260, A consciéncia histérica e critica, . Silvio Romero, 264. Araripe Jr, 267. José Verissimo, 269. As letras como instru- mento de aco, 272. O SIMBOLISMO Caracteres gerais, 279. O Simbolismo no Brasil, 284. Poesia. Antes dos “Bro- quéis”, 287. Cruz e Sousa, 287. Alphonsus de Guimaraens, 295. A difusao do Sim- bolismo, 299. A prosa de ficeao, 311. O pensamento critico, 314. O Simbolismo e o “renouveau catholique”, 316. PRE-MODERNISMO E MODERNISMO Pressupostos histéricos, 323. Pré-modernismo, 327. Euclides da Cunha, 328. O pensamento social, 333. Um critico independente: Joao Ribeiro, 336. O romance social: Lima Barreto, 338. Um espirito aberto: Graga Aranha, 347. O Modernismo: um clima estético e psicolégico, 354. 0 Modernismo: a “Semana”, 360. Desdobra- mentos: da Semana ao Modernismo, 363. Grupos modernistas nos Estados, 368. Os Autores ¢ as Obras, 369. Mario de Andrade, 370. Oswald de Andrade, 380. Manuel Bandeira, 385. Cassiano Ricardo, 391. Menotti del Picchia, 393. Raul Bopp, 395. Plinio Salgado, 396. Guilherme de Almeida, 397. O prosador do Mo- dermis pauls Alcantara Machado, 400. Dois ensaistas: Sérgio Milliet e Paulo um novo ideario social de Cas ro Alves ¢ de Sousandrade. ord altima fic +0 ron de Franklin Tavoray 2 to ciladina de Alencar iA divi: 1 fermos: romanticos, de um Brasil em cri . NANCE Nordesting vac - De Lato, a partir da ext co,em 1850, acelerara-se a decadéncia da economia agueareir ' eee o de prestigio para o Sul ¢ os anscios das clas: médias urbanas do cix adro Novo para a nag ropici ompu- nham um qual para a nagao, propicio ao fermento de ideias fit j eepublicanas Ss libera abolicionistas € republicanas. De 1870 a 1890 serio essas as teses eg ers I ones aS Teses esposadas “peli inteligéncia nacional, cada vez mais permeavel ao pensamento europe que na época se constelava em torno da filosofia positiva ¢ do evolucionismo, Comte, Taine, Spencer, Darwin ¢ Haeckel foram os mestres de Tobias Barreto, Silvio Romero ¢ Capistrano de Abreu e 0 seriam, ainda nos fins do século. de Euclides da Cunha, Clovis Bevilacqua, Graga Aranha e Medeiros ¢ Albuquer- que, enfim, dos homens que viveram a luta contra as tradigdes € 0 espirito da (129) monarquia' 4 Os anos de 60 tinham sido fecundos como preparagio de uma ruptura mental com o regime escravocrata ¢ as instituigdes politicas que o sustentavam. Eo sumo dessas criticas ja se encontra nas paginas de um espirito realista ¢ de- mocratico, Tavares Bastos (1836-75), que advogava 0 trabalho livre admiraveis Cartas do Solitdrio (1862) e uma politica aberta de imigragéo na Meméria Sobre Imigragdo, 1867. - A formagiio de um partido liberal rad Tages de principios abolicionistas ¢ pré-republicanos nas suas. ical, em 1868, foi precedida de decla- (130) @, de fato, jaem 1870, —____ ay, Os e) saa F Bes C s reflexos do Positivismo no Brasil e suas vinculagdes om a bem estudados por J. Cruz. Costa (Panorama da Historia da Filosofia 1960): 7 0); Ivan Lins (Histéria do Positivismo no Brasil, S. Paulo, Cit. vad, Petropolis. VO“ Joao Cami , Camilo de Oliveira Torres (O Positivismo no Brasil, 2 es £ AOpinizn 7 5 . 7 agg, ti Libera, jomal Fundado por Limpo de Abi ® tciona ent seguinte: “descentralizagiio; ensino livre: Seravo ee temporitio e eletivo; extingdo do P denies neh livres separagiio da judicatura da pol Presiden ntes de provineia eleitos pela mesma; suspensio ¢ PO 173 ra Repiiblica foram i1, S. Paulo, Cultrix. prime puiblico, em Rangel P' policia eltiv oo atl i licano, que . Ia dos progressistas fundava o Partido Repub ae a Secret af er j iticos : uma we eee nova com 0 arrojo de alguts Po eos 7 So Paul, = ire. i n ressados na substitui¢ao do escravo pelo trabal " i eas deias respond, res: is juzen il imi: énit no pais quase 2rantes: os fatos: no decénio de 70, entram no Pi a 80, quase meio milhao. - O tema da Aboligao e, em segundo tempo, oda Ree ea 0 fag das opgdes ideoldgicas do homem culto brasileiro a partir le . Raras oe iadas: a posigao abolicionista, mas fiel aos moldes vig essas lutas estiveram dissoc : el ingleses da monarquia constitucional, encontrou um seguidor no tiltimo grande romantico liberal do século XIX: Joaquim Nabuco"”. Mas @ norma foi a ex. pansio de uma ideologia que tomava aos’ evolucionistas as ideias gerais para tribunais superiores e poder legislativo; ma: seus membros fora da agzio do governo; proibii tratura independente, incompativel, e escotha de 10 dos representantes da nagio de aceitarem no- meagio para empregos piiblicos e igualmente titulos e condecoragdes; opgiio dos funcionsrios piiblicos, uma vez.eleitos, pelo emprego ou cargo de representag’o nacional” — (apud Caio Prado Jr., Evolugao Politica do Brasil e Outros Estudos, 5* ed., Si Paulo, Brasiliense, 1966, p. 86). #3 Joguist Aurétio Barreto Naatco pr Aratio (Recife, 1849 ~ Washington, 1910). Descen- dente de uma familia pernambucana de senhores de engenho, Joaquim Nabuco seguiu na politica 0 ideais do pai, o senador Nabuco de Araiijo, vulto de relevo do Partido Liberal nos meados do século, Formou-se em Dircito (Sao Paulo ¢ Recife) e, depois de uma viagem & Europa ¢ aos Esta- dos Unidos, u-se deputado, destacando-se no di io de 80 como grande tribuno abolicio- nista (O Abolicionismo, 1883). A agiio de Nabuco fundava-se menos na rotina partidaria que na paixdo intelectual e ética das reformas: dai a emergéncia da sua figura humana, uma das mais be las do Segundo Reinaclo pelo desapego que manteve até o fim da vida publica, Como escritor, claro € vivo, lembrando de perto as fontes trancesas que bebew na mocidade (Renan, Taine}; & Sn tar Se ees Pen Dred s Soltos, na tradug Carolina Nabuco). Nao foi espirito o% es-comuns de cosmopolita ¢ diletante, alma francesa”, “a democracia amet ‘ fincia, aos primeiros contatos com 0 nest i Sobretudo, a imagem do pai, cuja vida recompés 905 stadi by ts ere at do npr ( 199 ), demonstra o pulso do memorialista capaz de dat? epiblica nao o demov i , ra qualidade de embaivader ee monarausas, mas também nio 0 impediu de servi 20 PO * €em Washington, onde faleceu em 1910. Nos ulti ee ed 3 cae ob 195tc Calo Prades tn, Evolugdo Politica do Brasil cit, “OIMPENE TY “Roteiro para a historiografia do Segundo Reinado’, PP. i. alo, elhorament© problema sociopolitico, cf: Oliveira Viana, O Ocase do Imparion es omsamento Abolicion’ses Paula Beiguelman, Formagao Politica do Brasil: I Teoria e Age S. Paulo, Pioneira, 1967. 17 nda uma Vez, OS franceses. a * Fa t jam, ail dade ser . ; ; jjetiv) a fice + 0S parnasianos, na poesia; Com, at , , Ani ‘ es Historia. Em segundo plano, os Portygy, mn tigno © Antero de Quental, que travavam oy alho i vee \Y ses, E¢ sentid de abalar velhas estruturas mentais, y, j ee ; ; veio humorist Coimbra Ur ee M chado de Assis, foi a busca de um. Oristico gue jonal de Ma‘ : asO excepcional . . esas. ; ‘ou sobre a sua elei¢ao de Jeituras inS oe ene ore be io fulero subjetivo (aed nava na frase de Tho o mundo exterior existe”) € a norma ( distanciamento lo Gautier: “sou um ho itor realista. dobra-se, 14 cultur mem para quem oe c0itagdo da existencia tal qual ela se Aatitude dea : a, em planos diversos mas phile a da époc: proposta a0 escrit dé aos sentidos des complementares: a) —no nivel ideotégico, isto ¢, lo irreversivel cristal na esfera de explicagao do real, a certeza subjacente de um Fad liza-se no determinismo (da raga, do meio, do temperamento...); »)—no nivel estético, em que o proprio ato de escrever é 0 reconhecimento implicito de uma faixa de liberdade, resta ao escritor a religiao da forma, a arte ela at e dari i * oeee iB i" rte, ie a afinal um sentido ¢ um valor & sua existéncia cerceada por ios os lados. O supremo cui ilisti . y ey wpe D uidado estilistico, a vontade de criar um objeto a , le as pressde: i F. . ee Pr $ € aos atritos que desfazem o tecido da nears originam-se € nutrem-se do mesmo fundo radicalmente essi- = ojaz A ideologia do determinismo. E 0 que ja fi oi altissimos prosadores Schopenhauer e Leopardi que ja fora verdade para 0S ardi, na ‘5 pardi, nao o seré menos para os esti- listas consumados da s ; egunda metad é Leconte de Lisle e Machado de Assis, So seule XIX, Flaubert © Maupassant ORealismo i se tingira de 7 fizer naturalismo, Personagens e enredos submeterem, NO romance Se a0 desti lestin que a ciéncia da & : ; poca julgava ter cod a medida que se er codificado; esgotar no |; lo; ou se dirg Tentando abra lavor do verso teenie Parnasic . na, éun lo abragar de um s6 gol S tecnicamente lasiano, na poesia, com me grande mancha parda Pe a literatura reali Perfeito como 0 cotidiano d centa lista. p lo hoi “a que se naturali: 7 mos de seu comportement ete cite c longa a0§ nose St@-pamasia- lento; cis Om SS¢ - unificava em todo 0 Ocid 103 cinza come 4 mo *Stema re ‘0 olhos: cinza na prosa de Aluisio Azey oe E€ a moral eine OS Cida Peticdo dos meca- ele Azevedo, de Ray ‘inzent; les oa de Raul Pompey? 40 Ratatigg, Ue JA 1 Peia, de Ay aalism ntéo se 178, Adolfo Camig que se destila _ nha, ou na poe- ne no conto, sempre que ie “et is” €g0 das “lei naturais” Raimundo Correia By ape meins-tintay ke elus-Lintas com que a soube temperar Machado, cla mo seri nos seus romances mi smaduros menos 4 apres anio de ma wor A coenistenent de um clima de ideias liberais © uma arte exist Ni dante existencialmente ae ara arecer UM paradoxo, Ou, O que seria Mortificante, um erro d ante, um erro de ne ative pode enforce de historiador, Mas 0 contraste esté apenas na superficie das pal Az com dessats firey des rennet al como esta se veio configurando a partir da Revolugao Industrial dio Industria posigdo incdmoda do intelectual em face da cociedtde jgredindo na come o foram, entre nds, Raul Pompeia, Aluisio Azevedo, Adolfo Cami vida publica 0 status 6b ai vida publica 0 sfafus quo, ele & ainda um rebelde ¢ um protes tari nhaeo Machado jovem; mas, introjetando-o nos meandros de sua con’ ndo-o como lei natural ¢ como selegio dos my; vezes, conformista. O apelo ao destino, is fortes, cle acaba de- reili positirio de deseneantos ¢, 0 mai curopeus como Giovanni Verga ¢ Thomas tas ndes naturalis recorrente em gl Hardy, deve ser vi vezes se tem reduzido a dialética de revolta ¢ impoténcia a que t to a luz de: condigio do escritor no mundo contemporanco, AFICCAO de costumes contemporaneos O Realismo ficcional aprofunda a narragdo Hugo) ¢ de todo da primeira metade do século XIX (Stendhal, Balzac, Dickens, século XVIII (Lesage, Diderot, Defoe, Fielding, Jane Austen...). Nas obras desses grandes criadores do romance moderno ja se exibiam poderosos dons de observagiio e de anilise, razaio pela qual niio se deve cavar um fosso entre elas eas de Flaubert, Maupassant, Verga, Thackeray & Machado. Entretanto, é sem- pre valido dizer que as vicissitudes que pontuaram a ascens io da burguesia du- rante 0 século XIX foram rasgando os yéus idealizantes que ainda envolviam a ficgdo romantica. Desnudam-se-as_n Jas da vida piiblica ¢ os contrastes da Vida intima; e buscam-se para ambas causas natur aed, clima, femperamen- aes 7 de liberda Toyou culturms (meio, edtcagao) que Thes reduzem de muito a rea de liberda- itor realista ton gens e se sentiré no dever de. O escritor realista to sara a sério as suas personas de descobrir-lhes a verdade, no sentido positivista de dissecar os méveis do seu comportamento. As afirmagées dos realistas franceses, @ propésito, sao exemplares. ; Flaubert; “Esforgo-me por entrar 10 espartilho nha reta ge0~ métrca: nenhum lirismo, nada de reflexes, ausente 8 person (Correspondéncia, 1-2-1852). e seguir uma li dade do autor” 179 doo Romance cresce ¢ se ay, i apaixonada, viva, do estuds anilise ¢ pe Sondagem mance impis 4 r-lhes as liber. serteuns -< estudar temperamentos € nao ssonagens sobera namente dominadas le jiyre-arbilrio, arrastadas a cada ato Comega-se a compreender ‘vo cientifico. Criadas j-me com prazet & formular ea icar a estranha unido que se pode emostrei as perturbagoes profun- ma natureza nervosa. (...) Fiz litico que OS cirurgides fazem desprovi ropria carl cl ge pelo sangues tk talidades dap de sua vi Iver cerlos: ; ce dois. temperamentos diferentes das de uma naturezi nguined co contato com UI simplesmente em dois corpos vivos 0 trabalho ana ‘em cadiveres” (Prefiicio & 2° ed, de Thérese Raquin, 1868). Enfim, Guy de Maupassant “seo romanecista de ontem escolhia e nar- ses da vida, os estados agudos da alma e do coragao, 0 romancista de creve a historia do coragio, daalmae da inteligéncia no estado normal. rsegue, isto é a emogiio da simples realidade, ¢ para extrair 0 ensinamento artistico que dela deseja tirar, isto é, a revelagao do verdadeiramente 0 homem contempordineo diante de seus olhos, ele deve- + somente fatos de uma verdade irrecusivel constante” (Prefacio produzir entt hoje es Para produzir 0 efeito que ele pe que ri emprega de Pierre et Jean, 1887). Estreitando o horizonte das personagel ee ee ee ana correndo com alta frequéncia 20 ieee are a cee tes do normal edo init, prestan-sedocii Cee uate se deseja imune a tentagdes da fantasia. E de fato, alent ua conquista do Realismo, um progresso da Coe configuragdo do tipico foi Sine ee aij nene eae eae ean do dle engendrar eriaturas exéticas e enredos inv. ‘omantico a quem nada impedia _—_Um dos criticos mais sagazes do sécul rue fase madura de teorizagao literati, ja proxi ect, dade um gar de hon no sistema ds one rida em Zarique em 1858, De Sancts ee tipo assume se comparado com a velha alegorin ce e'St0 mai ceewos em que a figura do homem sumia por tis de oo PETS ee r tris da generali¢, ‘Onificagao, pro- lade. E frisava: nc . sain 00 De Sanctis, em 7 ies concedeu a tipici- es sobre Dante, profe- © género nao deve encerrar-se fc Majestosamente . ‘oso; deve transforma amente em si mesmo, como um deus: oci se, tormar-se ti . arse tipo, No ge sia, no tipo esti o seu bergo, 0 primeiro surto I veers acondigio da poe surto da vid plo, 0 Tasso de Goethe ¢ a Lia ea Raquel de [ ‘orma tipica é, por exem- ste eee 4 Raquel de Dante, Raquel, jnteiro nao desvia jamais os 5 - Raquel, que se assenta o d ia eto ae s olhos de Deus, é mais do que um género, men un . 0 (...)- Qua menos que "didi. ee (...). Quando 0 poeta chega ao tipo, ja ultrapasse A i ma didatica, a alegoria ea personitic " . ji ultrapassou a for- ae Sonificagdo, achando-se ji - tao primeira da poesia, indo-se j4 no mundo visivel, condi- Mas a argicia do pensador italiano vai mais longe; F mediadora do tipo, nao o da como etapa ieee afirma a fungiio Ce moran ns Sra ae rae atone enquanto tipo, mas intuido esteticamente como homem peat ae propria existencia). Pois, “na pessoa tipiea ainda domina a Renee de individuo”. 1. a ideia sob a apareneta + De Sanctis aportara ao Realismo depois de ter incorporado a dialética he- geliana de abstrato/concreto, universal/singular; ¢ gragas a esse pensamento, que nunca supera sem conservar, pode entender o papel ¢ os limites do tipo ¢ da situagdo tipica sem enrijecé-los no quadro da ciéncia positivista. O mesmo ocorre, em nosso tempo, com a estética realista de Georgy Lukacs, que entende otipico na sua relagdo entre a totalidade em que se insere 0 escritor ¢ as figuras singulares que inventa e articula na elaboragao da obra ficcional'*. —_——— (9 Francesco De Sanetis, Le: pp. 588-589. «06 Georgy Lukes, ntrodugdao a uma Estética Marsista Sobre a Categoria da Particularidade, trad, de Catlos Nelson Coutinho e Leandro Konder, Rio, Civ, Brasileira, 1968; especialmente, “O Tipico: problemas do contetido™, pp. 260-271, ¢ “0 Tipico: problemas da forma’, pp: 271-282, Lukics define o tipico “encarnagao coneretamente artistica da particularidade” (p. 261), ¢ 0 dis- tingue do “médio” em termos de tensa Apresenta-se aqui aescolha: 0 modelo para acaracieri- ger a estrutura normal do fipico ou a do médio? O principio desta escolha, zagiio artistica dev implica, em resumo, o seguinte: se a forma da caracterizagio parte da explicagdo ao maximo grau das determinagdes contraditdrias (como no tipico), ou se estas contradigdes se debilitam entre si, neutralizando-se reciprocamente (como no médio). Aqui nao mais se trata de saber simplesmente se uma dada figura é média ou tipica, no que diz respeito 20 contetido de seu carater, mas trata- 20 contriio, do método artistico (acima indicado) da caracterizagio; ele possibilita = isto ocorre rss tromem médio & altura do tipico, cols em situages nas quais a contrariedade das suas determinagdes se manifesta i oe a es brio’ médio, mas como luta dos contrarios, © apenas a vacuidade desta at que 2 eae racteriza definitivamente a figura como 12! dia, E igualmente possive"= La alt i Ae Muito frequentemente, sobretudo na arte mais oe aioredade 62s presentagio do que seja rebaixada ao nivel estrutural do que € médio. ‘oni e Saggi su Dante, Torino, Einaudi, 19. que acontece quand 3 co 181 dg vezes, 0 romancista a0 caso e, dai, ag h 9 nesse vezo de Perscrutar o excg ion «mesmo lugar-comum apontar 0 romantisme latente em ps ee ae “ezas intencionais do Surrealismo ‘ 0 Expression . que “ viento descrever situagdes, habitos € seres Na verdade, esse oo P . Jtura ocidental que transcende o divisdes da hist malos tem um lastto m a que sb se compreende A luz de —— s Ree eneener | literdria. Trata-se €@ UP y inconsciente & 0 consciel pico lev ado ti A procura do ft um residue romal ntict gico. Haver’ feio, o grote: sobreviveria nas ivili ais nte no quadro da nossa civilizagag des ra le de Moderna operou com modos de pensar mégicos OU ster aldade Seja como for, a repulsa misturada de fascinio que as aL do Ocidente, a partir da Renascenga, tém experimentao cae Nig prot 08 mesmos frutos. O escritor romantico ¢ ee fealdade a al, produziu sempre ‘ctor Hugo); o naturalista julga “interessante” excepcional (Vi za“ s a leo pone os a dependéncia do homem em relagdo A fatalidade dag leis naturais. Mais uma vez, a regra de ouro é a atengdo ao contexto, que impede aqui de nos perdermos na sedugo anti-historica dos arquétipos. ; ‘A mente cientificista também ¢ responsavel pelo esvaziar-se do éxtase que a paisagem suscitava nos escritores romanticos. O que se entende pela preferén- cia dada agora aos ambientes urbanos e, em nivel mais profundo, pela nao identificagao do escritor realista com aquela vida ¢ aquela natureza transforma- das pelo Positivismo em complexos de normas ¢ fatos indiferentes 4 alma hu- mana. Quem nao lembrard a atitude limite de Machado de Assis, dando 4 natureza um rosto de esfinge a perseguir o pobre Bras Cubas no seu delirio? Em termos de construco, houve descarnamento do processo expressivo, cortando-se as demasias romanescas de um Dickens e de um Balzac e conside- rando-se ponto de honra no intervir com a forga dos préprios afetos na mimese gerais entre 0 aruptura que do Medievo curopeu. ddeterminagdes nao é abandonada ao seu livre curso e 0s resultados so jé aprioristi a belecidos. No primeiro caso, J aprioristicamente esta- vem 'os como a verdade da forma, que desenvolve o seu contetido Imais pobre do que a realidade empirica imediata” (pp, 273-74), As distingdes acima abrem caminho para a inteligéncia do. Pode atribuir és criagdes do romance, em particula gens centrais de obra machadiana, nas redes gerais dos ambiciosa), Mano € estético, que se ‘ealista. Assim, certas persona- como Rubio e Capitu, embora Possam, s ‘tipos” (0 provinciano desfrutavel € impressiona: nilo i - haan, ie Podriam jamais apouearse ou enijecense some figuras “m 4 priori; b ”, monta 0s protagonist de cosa a tant, com ants “personaens” gg wees» MORIadas oe pone Baar: de Silo Ribeiro; de O Missionirio, de Incas see Matutalista: °m € O Corwja, de Aluisio Azevedo, » AC ImBIeS de Sousa; de O Ho- oética da impessoalidade). Isso nao significa que mo queria polemicamente Flaubert, ou que de algum ety Se ausen- a elaboragao da obra. O modo de formar, diz ae lo deixasse de ho do artista em face da realidade' Seis — sssoal” real cl wars ni Pa geempen! 7 opmrnce most, como jf vimos os sentiments amargs gi de rea, ott fatalismo, que P' foe re O espirito de um Maupassant ou de nosso i fachado- A eee le . A centrar na fatura indicava o retrair-se da concep- ogo de realismo aes ce ja formatividade mimeética: o que era outra forma de giver jmpoténcia a que estavam relegados como homens diante do todo social. nada melhor para explicar ou justificar essa impoténcia do que o férreo deter- minismo; filosofia oficial desses anos em todo o Ocidente. O determinismo reflete-se na perspectiva em que se movem os narradores go trabalhar as suas personagens. A pretensa neutralidade nao chega ao ponto de ocultar fato de que o autor carrega sempre de tons sombrios o destino das suas criaturas. ‘Atente-se, nos romances desse periodo, para a galeria de seres distorcidos ou acachapados pelo Fatum: 0 mulato Raimundo, a negra Bertoleza, Pombinha, © “Coruja”, de Aluisio Azevedo; Luzia-Homem, de Domingos Olimpio; Sérgio, de Raul Pompeia; os protagonistas de A Normalista ¢ de O Bom Crioulo, de ‘Adolfo Caminha; Padre Anténio, de Inglés de Sousa... Neles espia-se 0 avesso da tela romantica: Macedo ¢ Alencar faziam pas- gearas suas donzelas nas matas da Tijuca ou nos DAIS Ta OF Aluisio nio 8a das casas de pensio e dos corti¢os. O sertanejo altivo de Alencar nio sofria das aS On : misérias que Nos descrevem A Fome, de Rodolfo Teofilo, e Luzia-Homem, de tio castos em Taunay e em Tavora, Domingos Olimpio. Os costumes regionais, tomar-se-3o licenciosos na selva ama nica, a ponto de transviar 0 missionario de Inglés de Sousa. A adolescencia, fagueira e pura na pena de Macedo, conhe- ceti a tristeza do vicio precoce no Bom Crioulo, de Caminha, e na Carne, de Ju- lio Ribeiro, sem contar as anguistias sexuais da puberdade que latejam no Ateneu, de Raul Pompeia. Mas a suma, depurada sdbria, eI toda a existéncia se espelh ria no romance e no conto de Ma chado de Assis. Assim, do Romantisma 20 Realismo, houve uma pi i idealizante a posigai dores realistas pico, do idealizante ao factual. Quanto a Composigao, os narra lores brasileiros também procuraram alcangar maior coeréncia no esquema dos epi- Sédios, que passaram a ser regidos n’io mais por aquela sarabanda de caprichos Que faziam das obras de um Macedo verdadeiras caixas de surpresa, mas Por aulo, Ed. Perspectiva. 1968, 0 ensaio “Do modo er Cl.na edigdo brasileira de Obra Aberta, S. P re Ae fy mar como engajamento para com a realidade” PP: 22 183 do precdrio em que se resume sagem. do vago a0 ti-_ 4 p i ‘pjetivas do ambiente (cf. O Missionario) ou da ext, papenee wet Dom Casmurro). Nem sempre, porém, a obedion das personagens (Ct. | ais da escola im) cas grosseiras (O Homem, Ribeiro). De um modo geral em rigor analitico com 0 ad Nos fins do século XIX e sd c trofiar-se o gosto de descrever por descrever, em prejuizo da seriedade que ie 10. Ornamental em Coelho Neto, banalizady Moray a es a a pediu desvios melodramaticos ou distorgses Psicoy, 5 O Livro de uma Sogra, de Aluisio; A Carne, dg fet |, contudo, a prosa de ficgdo ganhou em Sobrie da vento da nova disciplina. nas primeiras décadas do nosso, comeca a hipey. imeiro tempo do Realism cana estilo epigdnico ira corresponder ao maneirismo uk trapammasiano da linguagem belle époque, para a gual concorreria no pouco oficializagio das letras operada pelo espirito que presidiu a fundagao da Acade. mia em 1897. E contra essa rotina que reagirdio Lima Barreto, o tiltimo dos rea. listas do periodo e, naturalmente, os modernos de 1922. Machado de Assis ponto mais alto e mais equilibrado da prosa realista brasileira acha-se na ficgdio de Machado dé Assis™, a (5 Joagutst Mania Mactano De Assis (Rio, 1839-1908). Nasceu no Morto do Livramento, filho de um pintor mulato © de uma lavadeira agoriana. Orftio de ambos muito cedo, foi criado pela ‘madrasta, Maria Inés. J4 na inffincia apareceram sinto epilepsia ea gaguez, que 0 acometiam a espacos durant reservado e timido. Aprendidas as primeiras letras mu © de latim de um padre amigo, Silveira Sarment mas de sua frdgil compleigao nervoss, # He toda a vida e the deram um feitio de set ima escola piblica, recebeu aula de francés Mamet. com alguns escritores romnt Pa AntOnio de Almeida, Pedro Luis € ds Crisdlidas (6). Aos trnta anos de dade casa-se com wou Carolina Xavier de Novas, sua comparheira afetuoaatéamare ure de Dona Carmo do Memorial de Aires. 4 ammparado por uma <8 #8 inspirara bela fi 10 Dro Oficial (1867-73) e, a pants de 74, na Seeretaria ty Aarioutun uote, primeira arse iremente sua vocagto de feconista, De 70 80, apareesn n° €8tlor pe entre Ressurreigdo (72), Histérias da Meia-Noite (73), Maveg inne en Comtos Fy Luva(74), Henan ae Helena 76), 184 ances inexatamente chamados da “fj Gontos € romance umene los da “f guns isso” OU OC e enfe mnpromisso™ ou “convencl alguns p que enfe separ das Menirias POstumas de Brd Cub 881))o gets realismo de 8 seguilites: incas Borba (9: Paginas Recothidas uincas Bo irias 26), Paginas Recothidas (99), Dom Casmurr loin, acd (1904), Reliquias da Casa Vetha (1906). Considerado nos fins do a oe a brasileiro, foi um dos fundadores ¢ primeiro presidente da A‘ ‘¢ romantica » quando melhor se ditiam “de 8 Ocidentais e sobretue seritor atinge a plen Esati WOF Fo- demia Brasileira de Le- INOS € estreitou rel; mane tras, animou a excelente Revista Brasileira, promoveu os Poetas parna: com os melhores intelectuais do tempo, de Veri imo a Nabuco, de'T Giraga Aranha, abstante essa ativa sociabilidade no mundo literro, ficaram proverbinis a fra eompostura pessoal eo absenteismo politico que manteve nos anos derradeiros: atitude paralela a anilise corrosivaa que vinha submetendo o homem em sociedade desde as Memérias Péstumas. Q iltimo romance, ais “diplomatico”, Memorial de Aires (1908), foi escrito aps a morte de Carolina, a quem pouco sobreviveu. Machado de Assis morreu vitimado por uma tilcera cancerasa, aos sessenta ¢ nove anos de idade. Na Academia coube Rui Barbosa fazer-Ihe o elogio fiinebre. Outras obras: Fale- nas (1870), Americanas (1875), Poesias Completas (1900). Péstumas: Outras Reliquias (1910), Critica (1910), Novas Reliquias (1922), Correspondéncia de M. de A. com Joaquim Nabuco (1923), A Semana (1914), Crénicas (1936), Critica Teatral (1936), Critica Literdria (1936). A partir de 1956 o historiador Raimundo Magalies Jr. vem publicando pela Ed. Civilizagio Brasi- leira contos ¢ crénicas de Machado que andavam esparsos em jornais ¢ revistas: Contos Recolhi- dos, Contos Esparsos, Contos sem Data, Contos Avulsos, Contos Esquecidos, Contos ¢ Cranicas, Crénicas de Lélio. V. também Poesia e Prosa, aos cuidados de J. Galante Sousa, Rio, Civ. Bras. 1957. A tiltima edig&io de Obras Completas é a da Ed. Aguilar, em 3 volumes (Rio, 1962). Sobre Machado de Assis: José Verissimo, Estudos Brasileiros, Il, Rio, Laemmert, 1894; Silvio Romero, Machado de Assis. Estudo Comparativo de Literatura Brasileira, Rio, Laemmert, 1897; Labieno (Lafayette Rodrigues Pereira), Vindiciae. O Sr. Silvio Romero, Critica e Fildsofo (eset. em 1898), 3° ed. Rio, José Olympio, 1940; José Verissimo, Estudos de Literatura Brasileira, 6° série, Rio, Garnier, 1907; Oliveira Lima, “Machado de Assis et son oeuvre lttéraire”, no volume do mesmo nome, com prefiicio de Anatole France e um estudo de Victor Orban, saido em Paris, pela Ed. Michaud, em 1909; Mario de Alencar, Alguns Escritos, Rio, Gamier, 1910; Aleides Maya, Machado de Assis. Algumas Notas sobre o Humor, Rio, Jacinto Silva, 1912; 2 ed pela ‘Academia Brasileira de Letras, 1942; José Verissimo, “Machado de Assis", na Histbria da Lite- ratura Brasileira, Rio, Francisco Alves, 1916; Aledo Pujol, Machado de Assis S. Paulo. Tipo Brasil, 1917; Graga Aranha, Machado de Assis e Joaquim Nabuco. Comentrias ¢ Notas di Cor- respondéncia entre Estes Dois Escritres, S. Paulo, Monteiro Lobato, 1995: AUDIO Evolugdo da Prosa Brasileira Rio, Ariel, 1933; Mario Casassanta, Macao de i531 00 Controvérsia, Belo Horizonte, Os Amigos do Livro, 1934; Viana Moog, Heraih <0 ist Rio, Guanabara, 1934 (2# ed., Porto Alegre, Globo, 1939); Augusto Meyer Mac in ae Porto Alegre, Globo, 1935 (2"ed,, Rio, Simoes, 1956); Licia Miguel-Pereta, Mac Estudo Critico e Biogrifico, S. Paulo, Cia, Ed. Nacional, 1936; 5. Rio. 10 pm Peregrino Jr, Doenca ¢ Constituigaio de Machado de Assis, Ries José Olymp Paes Montenegro, O Romance Brasileiro, Rio, J. Olympio, 1938: Revista do Casa do Estudante a Machado de Assis, junho de 1939; Astrojildo Pereira, Inrerpretacdess Ri." 185 6 goethiano — dos fortes ¢ dos feliz S, destinad - s a ¢.ao tempo; mas 0 dos homens que, sensiy a ria do individuo, aceitam por fim uma me Me alimento de sua reflexio COtidiang O seu equilibrio nao era de gléria a naturez compor hinos io , A sorte precal a mesquinhez humana € ; trecomo heranga inalienavel, ¢ fazem delas rn enka O Machado que se indignara, quando jovem 7 sa ler ante Os mal de uma politica obsoleta''®”, foi mudando nos anos , a le © sentido dg combate, ¢ acabou abragando como fado eterno dos seres 0 ue Entre ego, ismos, até assumir ares de sabio estoico na pele do Conselheiro Aires, J pnw, 1944 Aftinio Coutinho, Filosofia de Machado de Assis, Rig. Vecchi 190; Min de Andrade, Aspectos da Literatura Brasileira, Rio, Americ-Edit, s.d.; Sérgio Buarque de i. tanda, Cobra de Vidro, S. Paulo, Martins, 194; Augusto Meyer A Sombra da Estante, Rio, Jose Olympio, 1947; Barreto Fitho, /niroducdo a Machado de Assis, Rio, Agit, 1947; Bezerra de Frei tas, Forma e Expressio no Romance Brasileiro, Rio, Pongetti, 1947s Eugénio Gomes, Espelho contra Espetho, S. Paulo, tpé, 1949; Licia Miguel-Pereira, Prosa de Ficgao, de 1870 a 1920, Rio, José Olympio, 1950; Eugenio Gomes, Prata de Casa, Rio, A Noite, 1953; Raimundo Magz- Indes Jn, Machado de Assis Desconhecido, Rio, Civilizagio Brasileira, 1955; Brito Broca, Ma- chado de Assis e a Politica e Outros Estudos, Rio, Simoes, 1957; Augusto Meyer, Machado de “Assis, 1935-1958, Rio, Livraria Sao José, 1958; Wilton Cardoso, Tempo e Meméria em Machado de Assis, Belo Horizonte, Estab. Graf. Sta, Maria, 1958; Eugénio Gomes, Machado de Assis, Rio, Live, $. José, 1958; Revista do Livro, Mimero dedicado a Machado de Assis, Rio, setembro de 1958; R. Magalhies Jn, do Redor de Machado de Assis, Rio, Civ. Bras., 1958; Dirce Cortes Rie del, O Tempo no Romance Machadiano, Rio, Livt. S. José, 1959, Agripino Grieco, Machado de Rio, José Olympio, 1959; Astrojildo Pereira, Machado de Assis, Rio, Livraria S. José 1959: Migcio Tati, O Mundo de Machado de Assis, Rio, Secretaria de Educagaio ¢ Cultura, 1961: Antonio Candido, Varios Escritos, S. Paulo, Duas Cidades, 1970; Jean-Michel Massa, Jive tude de M. de Assis, Rio, Civ. Brasileira, 1971; Raimundo Faoro, M A., a pirdmide e 0 trapézio, S. Paulo, C. E. Nacional, 1974; Roberto Schwarz, Jo vencedor as batatas, $. Paulo, Duas Cid des, 1977; Silviano Santiago, Uma Literatura nos Trépicos, Perspectiva, 1978; R. Magalhaes J. Vida e Obra de MA, 4 vols., Rio, Civ. Brasileira, 1981; Alfredo Bosi, “A Mascara e a Fenda”, & ieee Autores, Machado de Assis, Atica, 1982; ¢ “Uma figura machadiana”, em Céu, Infern®s A We 3% i ES Giese, es He de Assis: F Rio, Paz e Terra, 1986; Rober Cees ae eee de Machado de Assis, Rio, LN.L 1958: Jean-Miche! sgraphie descriptive, analytique et critique de Machado de Assis, 1957-58. Rio» Li vraria Sao José, 1965. Este iiltimo trabalho é i : 5. alho € 0 LV de uma série que J. ende car abrangendo toda a bibliografia machadina, a © “De um ato do nosso Governo sé China poders trar ligdio, Nao & desprezo pelo qué" m pelo meu pais. O pais real, esse & — ‘ Anew pas ee €bom, revela os melhores instintos: mas © ns oe e co. A sitira de Swit i i No que respei ‘ift nas suas engenhosas yj pe cabe-nos 4 politica nada temos a invejar ao reino d tees comcamscet Quer dizer: veio-lhe sempre do espirito atilado um nao tempo foi sombreando de reservas, de mas s¢ até 0 fim como espinha dorsal de sua relacao , a posi¢ao, que vela as negagées radic: 0 convencional, de talvez, embora fe . seo com aexisténcia. A yonese Aes is com a linguagem da ambi vuidade, interessa tanto ao socidlogo ao pesquisar os pate ees mmulato pobre que venceu a duras penas, como ao psicdlogo para quem a ga- guez, a epilepsia ca consequente timidez do escritor sdo fatores que marcaram primeiro 0 rebelde, depois o funcionirio e 0 académico de notéria compostura. Creio que nada se ganha omitindo, por excesso de purismo estético, as forgas objetivas que compuseram a situagdo de Machado de Assis: elas valem como 0 pressuposto de toda andlise que se venha a realizar do tecido de sua obra. Mas, em Ultima instincia, foi a maneira pessoal de Machado-artista responder a essa situagiio de base, dada, que explica muito do que ja se disse a respeito do hu- mor, do microrre: ismo, das ambivaléncias, da oculta sensualidade, das reitera- gies, do ressaibo vernaculizante, da fatura bizarra de alguns trechos seus e, até mesmo, daqueles “sestros pueris” que lhe descobrira, irritado, Lima Barreto ao negar que o tivera jamais por mestre de ironia. E também a visio da obra machadiana em dois momentos, cujo divisor de iguas seriam as Memérias Péstumas de Bri compreende=se inelhor se atribuida’a uma reestruturagdo original da existéneia operada pelo homem que, s ilusdes, ainda nao encontrara a forma ficcional de isto é, ainda nao aprendera 0 manejo do distan- naquele livro capital, 0 foco narrati- Cubas_delegagiio para pegas de cinismo e indi- Jugdo dessa obra, um nao que © permance se havia muito perdera a desnudar as proprias criaturas, ciamento, Quando 0 romancista assumiu, vo, na verdade passou ao defunto-autor Machado-Br exibir, com o despejo dos que ja nada mais temem, as ferenga com que via montada a histéria dos homens. Ar 0 dessa los, foi uma revolugdo ideolbgica e 5 rominticas ¢ ferindo no cerne~ mergir a cons- que parece cavar um fosso entre dois mund alizagdes rom: tudo julga, deixou e on O que restou foram as memorias: formal: aprofundando o desprezo as ide: © mito do narrador onisciente, que tudo vé € ciéncia nua do individuo, fraco ¢ incoerente. deum homem igual a tantos outros, 0 caulo-€ Depois das felizes observagdes de Lucia Miguel i anti da primeira fa 'gnorar o vinco “ iano” das obras ditas romanticas ou inco “machadiano ologia da paixdo amorosa come &M oposigao aos ficcionistas que faziam 4 aP' ra ara, ansv {nico mével de conduta, o autor de A Mao ea Lin’ & de Iai presente lindo 9 Problema pessoal em personagens femininas, defende @ desfrutador Bra -Pereira’™”, j4 nao se pode ” Em Machado im Machaclo de Assis, cit cup. XI- 187 mesmo & custa de sacriticios no a esses enredos no esbate. éxito 0 calculo, “a fria eleigio dg niciais OS parecem fracos mesmo época de redigi-los. Ede 1878 a ue nos da um Machado senhor de nagens que ele Iaid Garcia ti- alargaram a ido 9 relevo- dpa. ~ conrad critérios ainda ni yeram um x perspectiva do melh de encarecer eraquela segunda natureza, “pet social na fort que vem a a considerada em laid Garcia “tio legitima e imperiosa como a 01 0 roteiro de Machado apés a experiéncia dos romances juvenis desenvol- yeu essa linha de analise das mascaras que 0 homem afivela a consciéncia tio firmemente que acaba por identificar-se com elas. O salto qualitativo das Memorias Péstumas foi lastreado por alguns tex- tos escritos entre 1878 € 1880, verdadeiro introito 4 prosa desmistificante do defunto-autor: 0 anticonto “Um clio de lata ao rabo”, parodia e liquidagiio dos codigos “asmaticos € antitéticos” que se perpetuavam com OS taltimos condo- _ res; 0 didlogo “Filosofia de um par de botas”, em que as classes € OS ambientes { do Rio imperial esto vistos por baixo e em tom de galhofa, pois sao velhas i botas langadas a praia que contam as andangas dos antigos donos até serem re- | colhidas por um mendigo; 0 “Elogio d: i i : gio da Vaidade”, - eet eslogn exper gio da faidade”, feito por ela mesma, em- i da gia explorada nas Memorias, além de conjunto de fin ti mot é os moms 4 La Bruyére. Enfim, a passagem de uma fase a outra entend — n i gt : i Fl hor quando lidos alguns poemas das Ocidentais, j4 parnasi nde-se aincs io tom ¢ pela preferéncia dada as formas fixas: em “uy Crates Paes 7 ima Cri > “« riatura”, em “Mun- do Interior” é “cn, . “ nterior” e no célebre “Circulo Vicioso”, uma linguag , em compost: : ae fati- da serve 4 ex] a : xpre: nae Se a ssio de um pessimismo césmico que t “ re 7 0 oro ao mito da Natureza madrasta (i ca Schopenhauer imagem cet ntral no “Delirio” de Bras Cubas): Sei de uma criatura antiga e formiday. 1. el, Que a si mesma devora os membros e as : a entranhas Na arvore que rebenta o seu primeiro gor mo Vem a folha, que lento e lento se desdobra, Depois a flor, depois o suspirado pomo, , Pois essa criatura esta em toda a obra: Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto; e é desse destruir que as suas forcas dobra. Ama de igual amor 0 poluto e 0 impoluto; Comega e recomeca uma perpétua lida, ‘ E sorrindo obedece ao divino estatuto. Tu diras que é a Morte: eu direi que é a vida (Uma Criatura). Nos sonetos de “Q Desfecho”, a desesperanga vira um prometeismo as avessas: Enfim, a desforra do homem contra a Natureza ¢ © gost ae inferno da condicdo humana stio os motivos do en “Suavi mari magno” e “A mosca azul”; € Pouco felizes, leiam-se agora estes, merecida Prometeu sacudiu os bragos manietados E suplice pediu a eterna compaixao, ‘Ao ver o desfilar dos séculos que vaio Pausadamente, como um dobre de finados. Uma invisivel mao as cadeias dilui; Frio, inerte, ao abismo um corpo morto rui: Acabara 0 sacrificio ¢ acabara 0 homem. 9 de destruir que s melhores poemas das ja que foi preciso citar mente antolégicos: Era uma mosca azul, asas de ouro & granada, Filha da China ou do Industao, Que entre as folhas brotou de uma rosa encarnada, Em certa noite de verao. e zumbia, E zumbia e voava, ¢ voava Refulgindo a0 claro do sol que refulgiria Griio-Mogol. E da lua — melhor do Um brilhante do 100 Um pole quea viu, espantado ¢ tristonho, ; a um pole! oqfosca, €85¢ refulgit, pize, que™ foi que 0 ensinow?” 4 Ihe perguntou: ue Mais parece um SOnho, a, voando ¢ revoando, disse: a vida, eu sou a flor rio da eterna meninice, Entio el — “Eu sou Das gragas, 0 pad E mais a gloria, e mais 0 amor.” Entio ele, ¢s endendo a mao calosa € tosca, Afeita so a carpintejar, Com um gesto pegou na fulgurante mosca, Curioso de a examina. Quis vé-la, quis saber a causa do mistério. E fechando-a na mao, sorriu De contente, ao pensar que ali tinha um império, E para casa se partiu. Alvorogado chega, examina, e parece Que se houve nessa ocupagdo Miudamente, como um homem que quisesse Dissecar a sua ilusao. Dissecou-a, a tal ponto, e com tal arte, que ela, Rota, baca, nojenta, vil, Sucumbius ¢ com isto esvaiu-se-Ihe aquela Visio fantistica e sutil. ee ele ai vai, de aloe e cardamomo . la cabega, com ar taful, jizem que : zem que ensandeceu, e que no sabe como : Perdeu a sua mosca azul. ‘01 esse 0 espirito com a s que Machad mar nos romances € Co apie = si j ou da e iria plas- men aad matéria que iria plas nada de enfitic Im permanente a de eaitc, nada de idealizamte manente alerta para que nade a angjo do distancia Zante se pusesse e : , ae nejo > distanciamento abre-se a se entre o criador ¢ 38 aa de técnicas experime se nas Membrias Po: das possibilidades narr ee ficou send femérias Pdstumas Que se livro surpreendei arativas do seu novo modo d ame ete st lente que Machado descobriu, a conhecer 0 mundo, Foi CS yea bet io depende, pa : pen Ce, para sustentarse, da sy, oa que 0 registro das sen: cult de modo exemplar algo nova experiéncia narrativa, tec de 7 fail divers € cortes digressivos entre banais ¢ cinicos da persona; f scende Teen s cms ni transcende nunca a filosofia” do bom senso burgués Sari ae oe . pela condi-

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