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5. APLICAGAO DA LEI NO TEMPO. Hiroreses° 45.) A = Imagine que, nos termos do artigo 7.° da Lei n° 56/06, entrou em vigor no dia 10 do corrente més, “sto nulos os contratos de comprae venda dearmas de fogo celebrados pormenores de 18 anos de idade”. No dia 7 deste més, Acdcio, jovem de 17 anos, comprou uma pistola. Rui, pai de Acécio, assustado com esta compra por parte do Iho, ficowaliviado quando anova legislagio saiu, porqueentende que Accio terd de devolverapistolae entende que o vendedor ter’ de Ihe devolver o dinheiro. Acicio nao concorda, uma vez que, a0, abrigo da legislagao em vigor no dia 7, “so nulos os contratos de ‘compra e venda de armas de fogo celebrados por menores de 16 anos de idade”. B—Suponha que o Decreto-Lei n° 13/06, que entrou em vigor, no dia 5 de Maio de 2006, aditou um n° 2 ao artigo 875.°C.C. que ficou coma seguinte redacgao: “1. O contrato de compra venda de bens iméveis s6 € valido se for celebrado por escritura pill Para efeitos do ‘iiimero anterior, so equiparados aos bens| iméveis os bens méveis sujeitos a registo”. Aldo comprou, por escrito particular, um Nissan Micrano dia2 de Maio de 2006, mas jé se artependeu e pretende saber se 0 seu C-Suponha quea Lei n° 66/87 estabelece no seuartigo 45.° que “os proprietérios de animais ferozes apenasrespondem pelos danos por estes causados em caso de culpa”. A recente Lei n? 77/06 veio alterar o artigo 45.° da Lei n° 66/87, ao estabelecer que “os proprictirios de animais ferozes respondem pelos danos que estes causarem, independentemente dé culpa daqueles proprietarios’ | A Pifieca, cadela feroz, fugiu da casa de Ramsés, porque @ _/corrente quea mantinha presa se quebrou. Uma vez na rua, Pituxa | Diana pretende ser ressarcida por Ramsés, mas este considera que nao tem de ressarcir Diana, uma vez que dano se verificou uma semana antes da entrada em vigor da nova lei. 1—Identfique a previsio ea estatuigdo das normas em causanos casos A, Be C antes de estas serem alteradas; 2 Diga se as diversas leis novas em causa regulam factos ou efit 3—Diga se esses factos ou efeitos regulados sao instanténeos ou duradouros; 4— Qual a lei aplicdvel nos diferentes casos? ‘Hirorese n° 46 A~Suponha que aLein® 66/87 estabeleciano seuartigo 45.° que 's proprietirios de animais ferozes apenas respondem pelos danos por estes causados em caso de culpa”. A recente Lei n? 77/06 veio estabelecer que “os proprictarios de animais ferozes respondem pelos danos que estes causarem em caso de culpa, tendo de contribuir,nesse caso, para o Fundo de Apoio ds Vitimas de Animais, Ferozes (F.A.V.A.F)”,alterandoassim o artigo 45.° da Lein® 66/87. ‘Na semana antes de a Lei n° 77/06 entrar em vigor, a Pituxa, cadela feroz, fugiu da casa de Ramsés, porque este, como de costume, nao teve cuidadona vigilancia do animal. Uma veznarua, Pituxa mordeu Diana. Ramsés pretende sa 4 contribuir para 0 F.A.V-AF. ‘ Quid iuris? B—Suponha que a Lei n° 77/06 veio estabelecer 0 seguinte n¢ seuartigo 10°: Osproprietériosdeanimais ferozestémdecontribuir anualmente para o Fundo de Apoio ds Vitimas de Animais Ferozes (FAV.AFY Ramsés falourecentemente coma sua amiga Carlota que teve de contribuir para o F.A.V.A.F., porque adquiriu um tigre, ¢ nio sabe porcausa da Pituxa, eonsiderando que) se terd também decont ta ¢ um animal feroz, Quid iuris? C—Dez dias depois de ter comprado o seu tigre, Carlota chegou ‘a concluso de que este se sentia muito sozinho. Decidiu entio contratar com o circo Xerne o aluguer de um elefante para fazer companhia ao seu tigre durante os meses de Verio. Como ja est farta de aturar o elefante, pretende agora subalugé-lo ao circo Lando. O proprietirio do citco Xerne nao gosta de ideia, uma vez Iue 0 circo Lando pertence a concorréncia, De acordo com o artigo 1038. alinea f), 0 locatério!? pode proporcionara outrem o gozo total ou parcial da coisa pormeio de cessio onerosa ou gratuita da sua posigao juridica, sublocagdo ou comodato, quando 0 locador o autorizar. No entanto, ale proi recentemente, que 0 locador autorize a sublocagaio quando 0 contrato de locagao tiver por objecto certo tipo de animais, como ma de os proteger de uma constante mudanga deambiente, dado a mesma pode ser prejudicial para a sua satide. Entre esses mais estdo incluidos os elefantes. Oproprietario do cireo Xernendo quer deixar Carlota subalugar jefante. Apesar disso, e com esperangas de o convencer, Carlota tende saberseo dono do circoaindaa pode autorizarasubalugar lefant Or 2 D ~ Bernardete ¢ Sandro casaram em 1995. Imagine que, et recente alterago ao C.C., se modificou 0 contetido do dever de {éncia entre os cOnjuges, deixando de fazer parte deste dever izagdio de prestar alimentos. Cada vez mais confusos perani lei em permanente mudanga, Bernardete e Sandro nao sabem ‘ue consagrou o regime de separacdo geral de bens como regime legal supletivo, Berardete ¢ Sandro pretendem saber se o regime dos seus bens continua a ser o de comunhao de adquiridos. Quid iuris? F Baltasar, casado com Catia, morreu no dia 5 de Setembro de 1006. No dia 10 de Setembro de 2006 entrouem vigora Lei n°63/ 06, que alterou o artigo 2158.°, atribuindo-Ihe o seguinte teor: “A. Jegitima do cénjuge, se ndo concorrer com descendentes nem lascendentes, é de dois tergos da heranga”. Catia pretende saber qual sua legitima, sendo certo que Baltasar do tinha nem ascendentes, nem descendentes Quid iuris? | Hirorese n° 47 Nos termos do antigo Cédigo da Estrada, o tempo necessério para a obtengao da carta de condugio definitiva é de dois anos, Ap6sarecentealteragdo sofrida por este Cédigo em 2006, tempo necessério paraa obtengtio da carta de conducio definitiva éde trés anos. Ricardo tirou a carta de condugao em 2005 e pretende saber quando é que a sua carta de condugio passaré a ser definitiva Quid iuris? Hirorese x? 48 Imagine queaLein’ 6/06 estabeleceno seu artigo 56.°oseguinte: |. Toxlos os bares de Lisboa tém de oferecer uma bebida de graga) aos clientes habituais, uma vez por més. 2. Os clientes habituais podem exigir essa bebida a partir do dia | de entrou em vigor no dia I de Janeiro de 2006, onfuusio entre os d asd levem si jem entendido que Marcio é icou muito contente com a 3. INTERPRETAGAO EM SENTIDO AMPLO. ( mivorese.ne30 ) Luis acaba de tera sua primeira semana deaulasna Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Nasprimeirasaulasde Introdugao 0 Estudo do Direito, foi referido pelo seu Assistente que a ordem juridica é constituida porum conjunto denormas, mas que estas no sto, em simesmas, elementos integrantes da ordem juridica. io compreende esta afirmagiio, que vécomoum paradoxo. ‘Assim, considera queasregras sio, realmente, elementos integrantes dda ordem juridica, uma vez quea leié uma das principais fontes do direitoc oartigo 1.°estabelece que “as leis so todasas disposigdes que provém dos érgios estaduais competentes”. Sabendo ‘éumelemento integrante da ordem juridicaesendo leis “as disposigdes genéricas”, também estas iltimas serdo parte da ordem jutidica, O que Ihe parece? Num exame de Direito das Obrigages, Tiago fez uma interpretago ab-rogante légica do artigo 877.” argumentando que esteartigo se insereno Livro Il do Cédigo Civil’relativoao Direito das ObrigacSes eanormanele contida serefereamatéria de Direito da Familia, ou seja, as relagdes entre pais e filhos. Assim, a sua errada insercio sistemitica retira-Ihe qualquer sentido, devido & importncia que o elemento sistematico assume em sede de interpretagiio da lei O que he parece? A partir de agora referido como CC, 20 ‘Hirorese n° % Nos termos do artigo 10.° do Regulamento da C.P.: “1. E izagio dos comboios por pessoas que nfo adquiram . “2, A violagdo do disposto no artigo Manuel circulava num comboio da C.P. a cat sem bilhete. Quando foi confrontado com a situagdo por um funciondrio da C.P., Manuel respondeu que tinha cumprido o Regulamento em causa ¢ que nao deveria ser sancionado, porque tinha adquirido 0 titulo de transporte para Oeiras, apesar de o ter deitado fora antes de entrar no comboio. (0 funcionario da C.P. respondeu-Ihe, dizendo que Manuel nao odia interpretar daquela forma o Regulamento em causa, dado que sua finalidade é precisamente a de evitar que haja pessoas que irculem nos comboios da C.P. sem bilhete.v“-~ De qualquer forma, a resposta de Manuel deixou o funcionério la C.P. confuso. Respondeu-lhe Manuel que a finalidade do rreceito ndo podia determinar a interpretago do mesmo, uma vez ine, apenas apés feita essa mesma interpretagao, se poderia saber itivismo. Diz Leonardo possuir argumentos .permitem defender essa posigio. _deiro lugar, o artigo 9°, que, a0 ul expresso “pensamento legislativo”, ndotomou partidonaquerela smo e subjectivismo. Em segundo lugar, invoca 0 .° da Constituigo da Repablica Portuguesa!”, que estabelece que “o juiz deve apenas obediéncia & lei”. A parti de agora referida como @.R.P OOOO Para Leonardo, ha uma lacuna no artigo 9.° Assim, considerando que 0 artigo 8.° estabelece o dever de abediéncia & lei, bem como o disposto no referido artigo 203." C.R.P., Leonardo entende que, seguindo os ditames do artigo 10.°, a melhor forma de integrar semelhante lacuna sera, nos termos da analogia iuris, optar pelo subjectivismo. Assim, de um prinefpio de obediéncia a lei, que extrai das referidas disposigdes, Leonardo retira uma norma que estabelece que o intérprete deve procurar o “pensamento do legislador” e nfo 0 “pensamento legislativo". Dentro desta perspectiva, sabendo que o legislador optou pela actual redacgio do artigo 203.° C.R.P. em que surge apenas palayra “lei”, em detrimento de uma referénci para Leonardo resulta claro que, na C.R. ‘mesmo significado. Assim sendo, retira-se da propria constituigio ‘uma perspectiva pos Aprecie os argumentos 1g0 lade actual, devendoser considerado caduco, devidoao desaparecimento dos pressupostos de aplicago da lei, uma vez. que, actualmente, jé nfo existem os, organismos corporativosai referidos. ' ‘Alda considera que David no temrazao, mas esta com dificuldade emeneontrarum fundamento paraa sua posigao, pedindo-Ihe, por isso, a sua ajuda. Quid iuris? Hi6rese N° 35 Céliaestava a fazer compras numa loja de roupa quando Gis dona da loja, avanga para ela com clara intengao de a agredir, por nfo ter gostado da roupa que esta trazia vestida, Perante esta iminéneia de agressiio, Cétia defende-se, empurrando Gisela, que cai e parte um brag, 31 ‘endo intentado uma acgio em tribunal, Gisela pretende que Célia seja condenada no pagamento de uma indemnizagao, atendendo ao tempo que Gisela nfo pode trabalhar, bem como aos tos que fez.com os tratamentos hospitalares. 1a defende-se dizendo que, vendo queestavana iminéncia de made umaagressio,agiuem legitima defesa, porque oartigo 337.°\n° 1, deve ser interpretado extensivamente, abrangendouma rressiio actual ou iminente”, Gisela considera que ¢ improcedente o argumento de Célia, porque a interpretagdo extensiva nao é admitida na ordem juridica portuguesa. Apoiadanoartigo9.°,n?3—queestabelecea presungio de que o legislador soube exprimir 0 seu pensamento em termos Jequados —, Gisela nao entende como se pode dizer que o ‘sislador “disse menos do que aquilo que queria dizer”. Acresce que omesmoartigo, no seun”2, fala de “correspondéncia verbal”, ‘0 que nao parece compativel com a interpretagio extensiva QO diuris? Hirorese n° 36 |» Retarmino,solteiro,sempremanteveslidasrelagdesdeamizade ‘comosscus vizinhos Alberto Vitoria. Quando Belarmino descobriu {que estava seriamente doente com um eancro de teor maligno, Joram os seus amigos Alberto e Vitoria que o trataram e lhe deram ‘odo@ apoio. Quando faleceu, beneficiouambosno seu testamento. \ Oseusobrinho, Marcio, intentou umaacgioemtribunal,pedindo © o referido testamento fosse declarado nulo, atendendo ao isposto noartigo2194.°, deacordo com oqual “énulaa disposi¢ao favor do médico ou enfermeiro que tratar o testador, ou do cerdote que The prestarassisténcia espiritual, se o testamento for ram um amigo Hirorese x37 Basilio passeava alegremente no Jardim Zoolégico quando, ao contemplar a jaula dos ledes, Ihe veio a ideia que a vida dentro de uma jaula deve ser muito triste e aborrecida, Foi assim que, com pena dos lees, se lembrou de comprar uma garrafa de vinho para daraos animais. Pelomenos por alguns momentos, sob o efeito do vinho, os ledes poderiam esquecer o seu cativeiro! Carlos, tratador dos animais, deparou-se com Basilio a dar de beber o vinho aos ledes num balde que arranjara para esse efeito. Alertou entéo Basilio para uma placa colocada ao lado da jaula na qual se podia ler o seguinte: “I proibido dar comida aos animais”. Basiliorespondeu-lhe que tinha lidoa placa, mas que ela nao Ihe dizia respeito, uma vez que nao estava a dar comida aos animais, antes estava a dar-Ihes uma bebida. 1 Carlos no sabe o que hi-de responder a Basilio e pede-Ihe asio seu conselho. Quid iuris? 2 — Imagine que na referida placa se pode ler o seguinte: “E proibido dar comida aos animais, excepto por visitantes do Jardim Zooldica € por tratadores dos animais.” Quid iuris? Bento observou desconfiado a construgdo de uma antena de telecomunicagdes méveis no terreno vizinho da viverida onde mora, Tendo chegado ao conhecimento publico que semelhantes ntenas, devido as radiagdes que emitem, so prejudiciais para a satide, Bento intentou uma acco em tribunal contra a empresa TT lecomunicagdes Totais, pretendendo a remogao da antena em ausa do referido local, invocando para tal o artigo 1346.°, 1 ~Ojjuiz entende, no entanto, que o referido artigo que nao se ir neste caso por estar em causa uma situagdo nao juando da sua criagao. Assim, aemissao de radiagdes por 2-Ojuizentende que deverecorrernestecaso aoartigo 10° para ‘causa, lacuna essa criada pelo proprio egislador integraralacunaem lipar a expres-fio “facto semelhante” no artigo 1346-- Hirorese N39 [Apercebendo-se do estalo degradado em que se encontsa 059% ‘qutomével, Faustino decidiucomprar uma viaturanova, Quandose decidiy, finalmente, pela compra de um Audi A5, © vendedor ins Tiana necessidade de escriturapblicaparaa.coneretizavio a vada, atendendo a que automéveis sfo bens mévels sujeitos a teordoartigo 875.° (ef-ainda registo. Faustino considera, perante | 'o artigo 219.°), haver um ‘excesso de forma se a celebragao deste iontrato de compra venda for feita através de: escritura publica" Quid iuris? HuroreseN” 40 © artigo 16788, n° 2, alinea g), estabelece que “cada wm dos i ...) Dos bens préprios do Marcelo "hResolvnesthipétesepressupondo ainexisténeia do artigo 205°5n! 2 pots que sbassimbaverd mma acunanoqueserefe dos contratosde compra 44 even que tena por object bens mbvels suits «e682 publicn: i ete i ill ge

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