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rh A Ke 3 O periodo Jango e a questao agréria: luta politica e afirmagao de novos atores Mario Grynszpan® 1960, durante o governo Joo Goular. use ne de que havia uma questio ages asl, de quea concentrasao da propriedade fundiria, erago continuo de nossa histéria desde os tempos coloniais, era abasEslesodo um conjunto de problemas com os quai se deparava a grande raioria da Populacio rural, como miséria, fome, isolamento, baixos nfveis de escolaridade, precd- aS condigées de moradiae infracestrucura, apenas para citar alguns, Tais problemas, por suvez, passaram a ser vistos como fortes en 1enesse perfoda sen idustralizagio eo desenvolvimen- ‘0 econdmico do pals.como um todo, na medida em que determinavarm a exclusdo.da 8pulugio cura! entéo a maioria de nossa populacio, do. mercado de consumo. Na visio «des firmou, portanto, era fundamental que se resolvesse a questio agriria para que 0 pals pudesse avensar de forma autSnoma rumo ao desenvolvimento, Até pelo m ras décadas do sécitlo XX, os dramas das popula- ‘Bex ruras foram vistos predominantemente como decorréncias de caus trai, des- {Fesguindor do Cpl GV e profesor do Departamento de Misia da UPR ' Fao uma andise dos fore de mudanga not pader de pecepséo do munds rial braleio, em vm ‘score conoléieo mais amplo, ver Gryasapa, 2002 Pars uma sociologa hitiea do detate ntlecual ‘bre o mando rural bras, ver Gata Je Grynszpan, 2002. Ambos os textos foram buses imorares pata redasto do pracente cap, 58 Joho Govtant: eNTRE A MEMORIA E 4 HISTORIA de bioldgicas — como a mestigagem ou doengas — a climéticas — como as seas, Até {se momento, os termos peace empregados para se refer a0-homem do informados por senidos negaivos, esigmatzane, demarcando di denotando indoléncia, passividade, gnordncia ou barbacismo. Diante de forgas que no contioliva —a natureza, sua heranga genética —, segundo as representagoes cozrentes, hhomem do campo se resignava, aceitando passivamence seu destino. J4a partir dos anos 1950 e infcio dos 60, aqueles mesmos dramas passaram a ser vistos como produtos de prablemas histixicos do pais que, em ver de natuais, eram de ordem socal e, poranto, passives de ser solucionadlos por meio de agSes polticas. Ao conjunt de referencia 20 homem do campo sobrepds-se um outro, abarcando, categorinecomo camponés larador, posseio, indicandoreconhecimenta identifiaio, eexpressando maioe dnamistneecapacidade de luta. Longe de cesignar-se diante do que sera o seu desing, ocamponts, navi que 3 impés, lucava para modificé-l, mobilizando-s, organizando-se ¢empreendendo agbes, > O.que passou.a ser identifcado como origem dos principais problemas do cam- po,ede boa parce das mazelas da nagéo, fi o grande dominio sural, 0 lacifindio, Eseera essa a causa de nossos grandes problemas, a solugio que foi os poucos se fiemando foi a de sua sliminagio via reforma agrivia, emprego do termo “latifindio” se generalizou no debate politico e intelectual, tommand6se covrente seu uso coms se osu ene, com vida vonade prépriss. Muto tnais do qe urna rand exten de erta, designava um sistema de dominaglo, base do poder dos grandes proprietrios, ou dos ladfundirios. Concentrando-se a propriedade fundidria, concenteara-se também, a um s6 tempo, um enorme poder nas mos dos grandes proprietitios, dotando-os de recursos de controle sobre aqueles que se encontra vam em seus dominios, sobte suas redes de sociabilidade e mesmo para além dela. Com 0 fim da escraviddo, o que se estabeleceu no campo nio foi exatamente um sistema de trabalho livre. A terra mantida cativa pelos senhores pesou para que se afir- assem, sob denominagées diversas — como colonato nos estados mais 20 Sul, ou m rada, no Nordeste —, formas de coergSo e de imobilizacso da mao-de-obra, fzzendo das propriedades universossociaisrelativamente fechados? Os trabalhadorese suas Familias {Os anat 1950, sobteudo, of GO io também de dexcobenta do eampasnat pelos melo aesics € cultura de modo ge Sobre en questi, ver Ride, 1993 e 2000. 2 nila atveito da tera vm de Jost de Sota Marin, 1979. 38 pe momentos © Fenfov0 Janco & A QUESTKO AGRARIA 59 moravam nessas.propriedades, ali obtinham nfo s6 a subsisténcia, série de outros bens de que necess smas.ambém. uma un. Era ali que se desentolava boa parce da vida social dos inivfduos, que se davam seus contatose se foxmavam suas redes de relaes ‘mais importantes, Hava, € cero, circulagdo de pessoas, contatos externose transferén- Gas ence propriedades, Coneudo, de mangina gral, 0 eabathador stave sui sande proprio, 2 um senhor, preso por uma sve de laos, cbtigasses« dvidas Qundo se ransfevia de uma propriedsde para outta, o que nfo era coniqueto nem se davdem ampla escala o que fia, na grande maioria das vezes, era desloca eum senhor para outro! Oni ua sujeigso lieaglo garancia © trabalho, mas contensio ¢ de exploracio da mie-decaiors. O Y que prendi do que uma forma de Jota uma pro- era apenas teal rabalho, casa e acessoa um pedago de terra onde podlia 18a sua cragio e plantar 0 que necesscava para a sua subsiséncia e ade sua familia, Nio stam, tampouco, apenas priddade no Nios ratetsis, que, via de rgra, contata com 0 Gande proprieirio. Ere tudo isto uadusido em um conjunto de obrigyies montis, psoas, e mesmo de agos de compudio, que ligavam o taball 1a, portanto, um contrato de crabalho que unia o ttabalhador 20 grande proprictério, ‘as uma relagio personalizada, qu, ainda que fosse de sueicfo, Tupunhara side obfigasdes de ambos os laos. O vincul pessoal a um seahorabia para exrabalhdor + powibiidade dé cer acesso a uma morada ¢a um pedago de sera, mas camber the pPSporsionava protegio e uxilio em dererminadassiuagées. Em toca, ele devia a0 6 trabalho, ou produsio, mas também respeit,laldade eapoionas disputas locas fcsionais em qué este se envolvesse, Quanto. maior © nimero de esos vinculadss a um senhor, sob sua dependéncia —a sua elentela —, pesto ¢ seu poder. Porém, prestigioe pod seus rabalhadores ¢ depend 1m apenas dos vinculos entre um senhor lentes. Havia também um sistema de relagéecs pessoas, de lsformomis de lealdade, amizade, parentesco, que uniam grupos de senhores, orman- do Fades de interdependéncia que, grote modo, organizavam, assim come dividiam, a sociedade rural brasileira do topo & base.’ A capacidade d liza ests redes em somo, por exemplo, elegdes era uma medida do poder politico dos gran- 1983; Heredia, 1979; Martins, 1579 in 1977, ‘ Gece * Anogto de redesdeitesdependéncia vem dante de Norber Has, 1987, 6 Joko Goutasr: a RE A MEMORIA E A HISTORIA des propriectios, onformando a base do. fendmeno que se coavencionou chamar de ‘coroncismos © poder dos grandes propriesrios garantiu aos interests agrsios uma represen- cago sgnfcativa nas instancas de tomada de decsfo, de proposigi e de aprovacio de leis politicas publicas. Daf por que medidas que poderiam produzir impactos sobre as relabes sociais no campo ov vobte a estruturafundiira, de mancira gral, sempre en- fientaram fore ressténciae difculdades, “Apesar da resistencia a ese tipo de medidas e do fato de que nem todos os que as acitavam as definiam da mesma forma, ganhou forea, entre os anes 1940 e 60, arese de que era preciso promover mudangas no campo brasileiro, Falar dos destinos do mundo rural significava falas, ao mesmo tempo, dos destinos da nagio. Ns iualisea que centio predominava havia dois Brais: um arcaico, feudal para alguns, localizado no cam- po, identificado com o latifindio; e outro modemo, captalista, englobando.as grandes cidades.’ Esse Brasil atasado, segundo as visdes da época,cepresentava um poderoso encontravam-se cerca de 70% da populasfo, Eliminar 0 atravo configurava-s, porcanto, cetno um projet nacional 3 Para alguns, o desenvolvimento almejado seria obtido pela modernizagfo da pro- dugfo.no campo e pela elevagio do padrio de vida das populagdes rurais, via endimen- tos e educagio, integrando-as ao citcuito de consumo de bens manufatu © tros, porém, info havia como alcangar ese rsuleado sem a extinglo do latfindio, 0 que a AN a6 se facia por uma reforma que modificase profandamente a esrutura agrévia.do pat O tema da reform agrria fei, desse mado, projetado para 0 nacional oe Armaan oc do dns ba. ro do debate pelli de camponeses as grandes propriedades. © 0 corondismo fo anaisado por Vitor Nunes Le em aun obra elisien ramicipn eo regime repreentanive no Breil (1948) 7 Os dois Bras (1999) éo aul de um io do socdlog facts Jacques Lambert Refertncas ene abate sobtew dualism estrtutl da vociedade rai ea exiténin de reaps Fenda no campo slo teabalhos de Alberto Passos Guimaties, 1963; Andrew Gonder Fran, 1964 Cao Prado Je, 1966. Para ura secilogia dese debate, ve Palmeir, 1971 4 ronal, ensada vr: f Intensificando-se fortemente naquele momento, elas ocateram por amponés. Ente os elementos que por 4 (© eRs000 JANGO & A QUESTAO AGRARIA a dependendo da regiao do pats. No.Nordeste,em eados como Pernambuco, por exem- plo, exavam aio clino dos antigo engenhos 8 sa incorpo- 1agioao sistema de usna por outo,\expansio,gerada por um aumento da demands ha Jando, no Sudee, foi o proprio proceso de urbanizago, impulsionade ainda mils felo crescimento das migrasSes do campo para a cidade, que leyou.a uma transformagio do sspago rural, fizendo com que Areas antes voltadas para & agriculturafossem esvaziae dase destnadas a loreamentos. Em reps de frontira, como em Goids ow no Parand, foi a grilagem que dererminou a salda de posscros das ters que cultivavam. “Com a generalizagio das expulsbes, quile que: sada de trabac lhadores dis propricdades, passou a se intensifiar e a assumic umm sentido diverso,atin- tirddo um elevado mimero de pessoas, de forma sibita, simuleanea e em areas distntas. | T5r sso, quem saia de uma propriedade difcilmente era reabsorvido por outra, pelo senos nfo nas mesmas condigoes de antes. O acesso a um lote para cultve pSprio nas propriedades, por exemplo, que até entio era ima possbi : ‘esa sum eae aindaque pormal 0 seaplicasse a todos de fat, dexou de stl jd que iss, longe de se fazer sence apenas por aqueles que stam das propriedsdes, tal ieuasio produziu eftcos também para os que permaneciam, criando, um quadto de instabilidade e ameaga. ~~ ~ ensionar ese proceso, € or ele produzido,.cabe le momento, se operou uma mudanga radical nadistibuigéo cada: urbana, Esse éxodo produziu um Edranstico inchamento nas periferias da cidades 0 crescimento defavelas, Estas que jd P eram motivo de preocupacio desde pelo menos 0 infcio do século XX, expandiram-se ¢ £ tomnaram de tl forma vistves que passaram, jutamente nos anos 1950, aser objec de ‘ensuracio estaistica, como atestam a realizagso do 1 Censo de Favelas da Prefeitura F do Rio de Janeiro e sua inclusio no Censo Demogrifico do IBGE. Na verdade, 0 quese obserrava naquele momento era ransformagio do mundo jabra, com a desennstugio progrestva das se B seahores, fundada nas relagbestradicion Gio para cdades fo apenas uma das races poses -expulider, Our fio E, Gesionamenco da autoridade dos grendessenhorés for telo da lta por cera edi @ Joso Goutanr: ENTRE A MEMORIA E 4 HISTORIA 195, direcionada por aquelas que setiam també sma novidade no ceniso politico do Gals as ovganieagescampones. Ess onanizages, a prinelpo liga emponeas ¢ assorasies de lawradoves, contribu para produico ator que representavam, Els enslidazam a presenga do campesinaco no espaco politico, construiedo-the uma ima. tem publics fizendo com que fosepetecbdo como grupo, com interes epeccos, cont porta-vozes préprios, com uma representagio autorizada, ~ cio dos anos 1960, durante 0 governo Jee Goulart. As Jutas no campo se intensficatam, com ocapagdes de ‘eras em vi exados, epee e maniesagiesemponcsas nas grandes cdads, A refoma aga firma Todos esses processos se aceleraram no tivamente como {ema ineontorndv4l, mantenco-s ancemente na or dem do dia, ocupando as segbes de maior destaque dos joral, desde os grandes 208 equenos, toonando-se um dos principaiseixos d debare-¢ das disputas politicas nacio- {ais gerando proposiies tomadas de posigo, Para além do campesinato, impunham- ‘a0 debate pdblico onganizagdes de wabulhadores urbanos,inelecuais, partidos pol- ticos como 0 PTB, ao qual pertenciao presidente. A legitimdade do tema expresava-se ppor um forte apoio da poptlagio, como evidencavam pesquisascelizadas em margo de 1964. Segundo elas, 72% dos eletores das principais capitais, como So Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza ¢ Cucitba, consiera- ‘yam necesstia a reforma agriria? Impondo-se como questéo obrigatéria e legitimando- 5, mesmo uma parte dos secores contrrios& reforma viu-se constrangida s, publica: -mente, minimizar sua oposigio, afirmando-se favordvel a ela, Faziao, porém, procuran- do esvazid-la do seu sentido redistributivo, qualificando-a tdo-somente como uma me- lhora das condigbes de vida da populagio rural via educagio e side Jango assum a presidéncia com ampla margem de desconfianca de diverss se- tores £906 0 contole do Congres, inciando seu govern sob regime pasamentaia. 'Biscou, assim, compor com grupos conservadores, em, especial do PSD, de modo a farantita governabilidade. O PSD.era 1.nfo sé 0 maior partido no Congresso, como também um dos componentes da coalzio govenisca Por outro fad, Jango nha com- Promlstos com movimencos populates grupos mals &esquerda,cujas ages foram fune damentais para viabilizar sua posse, e & frente dos quais se encontrava, entre outros, * Visos autores que cxudam movimentscmponcsschamaina tengo para fito de qu, ma sun igem, esti, em geal, cututs sibs egenerzada em ele oats tradicional, levando so questions 42 autordade dos grpos dominantes, Ve, por exemplo, Bianco, 1975; Moore Js 1975; nimeic, 1977, ‘Wal, 1973 ¢ 1979, Lavareda, 19912156, © reafo00 Janco & 4 QuEstko acRania 6 Leonel Brizols, entéo governador do Rio Grande do Sul. liso fez com queo presidente, «especialmente durante vigéncia do parlamentatismo,” se movimentasse de formaosci- Janis, ora acenando para os conservadores, ora assumindo posturas mais radicas, Desde logo, 0 governo confer ar central & extensio.do controle sobre as populagées urais, que em processo de rupcura de seus vinculos tredicionais com os sfandes proprietiios, passaram a constituir um grupo polticamente disponivel." Seu invessimento nesse sentido pode sec aferido pela Enfise especial que deu 3 reforma agrd- ‘ia Includa ence a chamadas ceformas de base, mudangas de carder profundo euja Jmplesentagio era considerada Fundamental zo desimpedimento e & promogio do de- senvolvimento nacional."* Desde @ jn{cio, portanto, as s ages do governo pesaram para a consolidagt da iia de qué o desenvolvimento nacional pasava neeSariamer ‘dt a questio agriria,e hecimento do campesin: abr politico, ‘Um evento de efeito simbslico significative foi, em novembro de 1961, poucos ‘meses apés a posse de Joo Goulart e ainda na vigtncia do parlamentatismo, a presenga do president, assim como a de seu primeito-ministr, Tancredo Neves, ca do governae dor de Minas Gerais Magalhies Pinto, no I Congresso Nacional de Lavradores e Traba- Ihadores Agelcoas, realizado em Belo Horizonte. © Congresso Camponts de Belo He tizonte, como ficou conhecido, foi um mareo importante na afitmacto do cami] da percepsio pblica de seus problemas e de sua reivindicagies. A presenea do pre dente e demais auroridades conteibuiu sem divida para isso, dando projesio e impacto 40 encontto. Mais do que isso, Tancredo Neves era do PSD e Magalhes Pinto da UDN, partido de posturas mais dieita, Sua presenca no evento junto com Jango, nfo sé como autoridades, mas também como expresses de diferentes posigbes no espectro politico, reforgou, a0 mesmo tempo que evidenciou, @ amplo reconliecimento do campesinato ‘como um novo ator ¢ a legitimidade da reforma agréria, mesmo que, para cada um dele, sta ea prépriaafirmagio dos camponeses pudessem ter sentidos diferentes. Jofo Goular, em seu discus, enfatizou a necesidadeurgente de uma ampla reforma agrtia no fi Para além da Iuta pela reforma agréra,o congresso de Belo Horizonte foi expr so de outto processo, no qual a agio do govern teve peso importante: 0 das disputas entre as diversas forcas poiticas que buscavam consolidat seu controle sobre © novo ator 10 patlaentaito foi dereubado por plebieio em jancio de 1963. Camargo, 1981:188-222, "8 Alden da reforma agra, flaase na necesidad de reformas nat eas banc, es, bana, admits ‘tatia univesc. Outro importante pont de discusoeraaexensfo do dria de vor sos snares pres de pet Joko Goutagr: ewres a wi A MEMORIA EA HisTORA {que se impunha, a-vo2 autorizado, No encont resenga encreos grupos de grande ri ‘Agsfcolas do Brasil (Ultab) e , 940, "ganlzasio do campesinato," As 4 panic de Pernambuco, tend fente o iS quadros dissidentes do icados como pensamento tes trotsistas, elas era defendercm a idéia de reforma © aval do Congress, pela aco dizeta do Principal organizadora do congresio de foram as ligas que deram FesolugSesfinais do con- agriia rai oe eo cmponeses a Unit ds Lavado , Bras as ligas camponesas, A Ultab Toi esada cy WsOasob anid cia do PCB, que mais sistematicamente, a pattie da décad; * s fometoiL.a deslocar quadios para a mobilzacio ea one rn Tiga eamponesas sugram na mesma poe, [ID stone ances eae br ©) btineipal base ds ligasexava no Nord Aclhend 1 FCB snes datnha da Rowlges Coa do lider da Revolugio Chinesa, Mao: Tsé-Tung, além de milica Consideredss um grupo mais radial do que Ui sige i lab, por “na le ou na manta’, isto & com ou sem ‘Grpesinato, Ainda que a Ulta tivesse sido a Belo Horizonte ea maiosia dos participants fa © tom do enconcro. Foi sua palavra de o1 Bresso, ccivindicando justamente a tealia setotes urbanos, foi uma do govesno, principalmer ings , }entea0 promovera criagio desi *urais, pesou nesse desfecho, mee As organizagées de entidadescivis, eg camponesascratlas até istradas em cartério, nfo principalmente, ainda citar 9 Master — Mo inicio dos anos 1960 tinham o estaturo s¢ constituindo om 6 eptesentasées sindie liga camponesase associagses de lavrador ovimento dos Agricultores Sem Terta —, do Rig cis, Flas eram, hs fxends para Sim toners So sen de pe om ss ‘Mata de Peenambuca. Projetendo o re m 15 Ver a contra elena de ltasio de camponeses, Mas foi a pare de 1080 que Pais stemttico econ. nt “# Sada de 1940 que ese nlite dos fotos do Loge Galil, na Zona da Po orcad ae a ths nc dor aor 960 cae 196 Camus Pps ch ae Sos nn et Rede ‘dslaratofsl do congresso em Js. 196249), Presentando-se como seu legltimo mediram forsas sobretudo dois © rentono Janco & 4 quesTho AcRARIA 6 Sul. A saxfo para que o processo de organizagio do campesinato tvesseassumido essas caraceristicas inicais, comando porbase o Cédigo Civil, estava, segundo diversos auto- tes; nas dificuldades exiswentes para a ctiagdo de sindicatos, mesmo sendo ela prevista pela legisasio desde o inicio do século XX. O Decteto nt 979, de 1903, por exemplo, permitia a formasio de sindicatoseuras, ainda que nao distinguisse entre empregados ¢ ‘empregadotes, Esa distingto foi feita por um decreto posterior, o de n* 7.038, de 1944, regulamentado no ano seguinte pela Portaria n 14, Apesar da possibilidade legal, uma série de entraves obstavam na pritica difusio dos sindicatose sea reconhecimento pelo initio do Trabalho," Esse entsaves eram denunciados por alguns jomais na década £1950, sendo também ditigidos apelos aos diferentes ministsos do’Trabalho para que usestem fim & situagio, A questio foi eratada na II Conferéncia Sindical Nacional, realizada em fins de 1959, quando o entio ministo Fernando Nébrega foi apontado como responsivel, dizia a dentncia, pla sustagfo do registro de mais de 40 sindicatos cotganizados e que apenas aguardavam o reconhecimenco.”” Assim, x as organizagées de urabalhadores urbanos tinham jé uma longa histétia de atividede ede presenca polltica, na dea rural hayia,em fins dos anos 1950, somence cifeo siadiatos reconhecides em todo 0 Brasil, O mais antigo deles, 0 Sindigato dos Efmpregados Rurais de Campos, no estado do Rio de Janeiro, datava da década de 1930, (Os demais eram: o Sindicato dos Empregados Rurais de Belmonte, criado em 1951 ¢ seconhecido em 1955, ¢ 0 Sindicato dos Empregados Rurais de ihéus e sbuna, eriado em 19526 reconhecido em 1957, ambos na Bahia; o Sindicato dos Empregados Rurais de Tubasio, criado em 1951 e ceconhecido em 1952, em Santa Catarina; eo Sindieato dos Empregidos Rurais de Bartetos, Rio Formoso e Serinhaem, ciado em 1954 e reco- nhecido em 1956, em Pernambuco." Ha quese destacar que, em que pes xpostos A criacio.¢ag.reconhe- cimento de sindicatos faclava 2 organizes em sndieatosaqulesconsi- defados empregados rurais, isto €, aos que se empregavam para trabalhs ras de alguém em troca de.emuneragso. Com isso, ficava de fora 0 rie de categorias, ros, arrendatérios, parceiros, posseiros ¢ mesmo pequenos proptieticos, aos vava a possibilidade de ingresso nos sindicatos de empregadores, E. esis categorias, justamente, que vinham se mobilizando e lutando de modo mais i $0 coitus os grandes proprettos, > bea Ver sobre a questo, Aes, 1968; Avevedo, 1982; Bruneau, 1974; Calaans, 1983; Fichtner 1980, Martins, 1981; Medeites, 1982, "News Rar, 27 non der 19595. "* Calaeans, 1983395 Inn, 1975389, 66 JoKO GouLaRT: ENTAE A MEMORIA EA KISTORIA Esse quadro comesou a mudar a partiede 1962, com uma inestda mais siserné- tia do governo e de serofes do proprio Congreso no sentido de, via sindicaliacfo, consolidar bas de apoio insiucionalzaro crescente movimento camponts, Presen- cious, eno, uma veréadeira proifragio de projers, decrease p latvos & o rural, acompanhados de recomendagSes explicitas para que fostem sindicalina desobserul instruigdes visando intensificar esse processo. Mais do que simplesmente viabilizar ¢ mesmo acelerar, pela regulamentagio, a criagfo e © reconhecimento de sindicatos no campo, 0 que a ago do governo acabou por produair foi a afirmegio de uma nova categoria social, a do trabalhador rural, englobando néo x6 o¢ empregados, como na legislagh au ali eeconhecido de modo predominante pelo termo “camponés” Pelo menos seis porearias relatvas ao ema da sindicalizagdo rural foram editadas centte 1962 © 1963, A primeira dela, a Portaria n® 209-A, de 25 de junho de 1962, tomava por base 0 Decreto-Lei n*7.038, de 1944, e aprovava instrugGes para aorganiza- 5 08 canais de reconhecimento, Além disso, foram aprovadas les e criadas ot, mas também rodo 0 conjunto de atores em processo de mobilizacso, econhecimento de entidades sindicais rurais, tanto de trabalhadores quanto de sioe empregadores. Criaya também um quadro de atividades e profissbes rurais que devia nortear a formagéo dos sindicatos, bem como a das associagbes de grau superior, que ram as federagées e confederagdes. Essa organizagSes deviam reunir aqueles que exerc- am atividades ou protissées idéncicas, similares ou conexas, Excepcionalmente, o Mini ‘étio do Trabalho poderia permitir a formagio de organizagées que congregassem ma cde uma categoria, endo em vista as dficuldades para a eriagio de uma entidade repre- sentativa de cada uma em separado, Poderiam ser eriadas, de acotdo com a portara, duas confederagées: uma Confederagio Nacional da Agricultura reunindo empregadores, ¢ “uma Confederagéo Nacional dos Tiabalhiadores na Agricultura, Plo quado de ativida- des contido na portatia, porém, posseios, arendatérios e outras categorias de pequenos producores icavam agrupados como empregudores.” Em novembro de 1962 duas novas portatias foram emitidas. A de n® 355-A versa- vasobre 0 mesmo assunto da Portaria né 209-A, mas introduzia mudangas no quadro de atividades, Por ela, os produtores auténomos, pequenos proprietérios, arrendatéros ¢ trabalhadores autbnomos que explorassem atividade rural sem empregados, em regime deeconomia familiar ou coletiva, cram considerados trabalhadores. Jéa de n# 356A, de "9 Didvio fal de Unite, 12 ul 1962, p. 7499-7500 © rentono Jaco £ 4 Questko acRénia o 21 de novembro de 1962, regulamentava as eleigdes para os cargos de administragdo e ‘epresentasio nos sindicstosrursis.® % “> Em.margo de 1963 foi aprovado pelo Congresso o Estatuso do-Tiabalhador Ruc LG estat tornra extensive; acampo direitos que os tabalkadores utbanos jf incorporado décades antes, como a obriga fésional salirio, on to penaza long Eada de. 19) Siiaadocio sé ade do registro em carteira ps igo, epouso semana fia remineradas, entre outros. Q estat moi no Congreso, onde comesoua ser discusido ainda em mieados da em Funsio da resistencia de setoresidenificados com os proprietcios. feu em uma nova conjuntura, marcada pel parlamentarismo e |e pdt um processo crescente de pressSes soby \Fealizagio dé uma fefor- pula” Nas cute eum Copan con em es importantes por forga das eleighes de 1962. O crescimento do eleitorado havia determi. nado o aumento do ndmero de cadeiras de 326 para 404, Desas, ¢ PSD ocupou 118, ‘mantendo-se como a maior bancada ainda que se crescimencotivesse sido pequeno em relasio legislaura anterior, quando tinha 115 cadeiras, Quanto 20 PTB, praticamente dobrou seu aimero de representantes, passando de 66 para 116 e cornando-se segunda bancads,ulcapascando a UDN, que de 70 pulou para 91 cadeiras* Algm densi dicts, o Exatuto do Tabalhador Rural também contemplava a formasio de inclusive de grau superior Seguiramse a ele trés \Svas poratias para regulamentar a questio, Ade nt 346, de 17 dejunho de 1963, trazia instrugbes sobre a organizagio eo reconhecimento das entidadessindcas rurais, Ecbo. ‘s2vatum novo quedro de atividades rurais listava os posseiros como trabalhadores auté- nomos. A portaria seguinte, de ot 347, também de 17 de junho, reulamentava as tleigbes para os cargos dos sindicatos turais, Finalmente, a Portaria n® 531, de 11 de rovembro do mesmo ano, aprovava insrugées referentes& execugio das duas anvetiones no rocante A fundagéo dos sindicato de trabalhadoresrurais Paralelamence essa intensa producto legslaiv o govemnacriau também, por lei 11 de outubro de 1962, aquele que sera seu principal inserumento de in- delega ue ® Diio Ofc d Unite, 27 nor. 1962, . 12236 ¢ 12238, 3A aprovagto do esatuto nfo signficou,& clo, que of tabalhadotseusi como um todo tenant ‘amen se apoderado dos dicts previtos. Aida hoe ¢ prea a implementaao dos dios sos azipo.Emalgunscasos, a aprovasfo vou mesmo o propietiriossnteseat am expulioes terse * cuos que of novos dtsitosimperiam. Ainda asin, oertutetornow'se um important insramene de luca para os tabalhadore ris 2 Vile, 200487, 2 Neto reno do Exrtuto do Tiabalhador Rul em Videsmécum apr (neea 1978771-80), % Ditrio Ofial da Unido, 2) jan, 1963, p. 540-5441 * Dish Oia da Unite, 27 jun. 1963, p.§577-5579, 20 now 1963, p. 9792, 6 JoKo Govtanr: ETRE 4 MEWORIA EA HIETORIA © rentove Janoo & 4 QuEsTAO ACRARIA ° tervengio na questio agrdia, de maneira mais ampla, ena sindicalizaggo rural, de mod ‘mais especifco: a Superintendéncia de Politica Agrésa Supra). Apesar de tera seu cargo o pl tates de assisténcia técnica, financeira, edueacional sands, dispondo para tanco dé poderes especiais de desapropriagio, a Supra exerceu grande influéncia na sindicalizagio ‘ual, pos incermédo de seu Departamento de Promogo ¢ Organizaggo Rural (Depror)* ‘Nelacoube, untamente com o Ministtio do Tabalho, dar apoio institucional cago categoria a ser representada — 0 srabalhador rural —, caracterizando-a, definindo seus F dios, dx deteminando seus instrumentos de defesa ¢ de representasio, distinguindo-a ée“ieu oposto, oF empregadores. Ao alterat,portanto, a legislacio sindical, eriando a Aga juridica maté abrangente do wabalhador rural, o mesmo tempo que removeu os ijamento, & promogio ea execusfo da reforms agrriae de medidas complemen- entraves 20 reconhecimento de sindicatos ¢ insieuiu diseitos no campo por meio do Extatuto do Tiabalhador Rural, 0 govemno Jogo) Goulart impés um novo espago ¢ um Obter o controle, poder falar em nome dos de sindicatos, sjaliberando as vecbas necessdrias para o inicio de se funcionamento — !porta-vor autorizado, cud iso passou a aquisigio de sede e pagamento de servigos de contadores eadvogados — ea failitando fglgten condo hndamshel pan canaans edge wee ee lado, ular em nome ds rabalhadoses uri, representhlos, sigificava coastuiroprb- _ Prd grupo que se buscava represent. Iso se fia plo esforgo de agropanienta de aegimentagio, mas também pelo de classfcagio de categoras diversas, que iam desde ausalariados até pequenos proprietérios, passando por atrendatirios, posseios, parceitos, b> colonos,foreiros, moradores, entre outros, como trabalhadores rurtis, araalém do per- fencimento a uma organizacio sindical, o que estava em jogo com o trabalho de classifi cago era a prépria possbilidade de se ter acesso e poder se apropriar dos direitos inst- tuldos pelo Estatuto do Trabalhador Rural. 0 s0u reconhesimento” Dessaaruagio conjunca resultou, em meados de 1963, a da Comisso Nacional de Sindicalizagio Rural {Consie), na qual a Supra tinha fore Consir estavam a fundagio de sindicatose a realizago de planosintegrados de atendimento das revindicagées das poplagbes campo- esas em reas especifias,sobretudo no ambito do di Para sé ter uma idéia de como todas eitad” reptesentasio.™ Entre a3 metas bési fedidas influfram no processo d lizagio rural basta ver que, os apenas cinco sindicatos re sindi pals em fins dos anos 1950, saltou-se para federasées. Actescence-se a isso a propria e balhadores na Agricultura (Contig), em dezembro de 1963, reconhecida em 31 de }o campo se engajaram!fortemente na disputa pea formagio € jancivo de 1304 (Cons * “econ ene e joreco catos também de federagbes, tendo em visto controle da Esses dados podem ser lidos, por um lado, como reveladoces de uma demanda fax Cong OPCB, por a fa Ui forsas. Vétios foram os septa pela criaglo de enidadssndiais de abulhadorss rus, Regulamentando- sindlcatos et ua influéncia. Outra forea foi a Ipreja Calica, que, embora see climinando-se os dices & cgi desasemdads, as apiament se dneminae [gy o0uFendo uma posit predominant conserradrae buscando neta ain tam, giahando force expresso nursce, Visas da antiga organizages, como a5 s0- siagdes.de lavradores, cransformaram-se em sindicatos. Coniudd, 0 que ‘0s dados tam- bem revlam & que a demanda por sindicats foi igualmente produto da prSpria legisla Augncia das esquerdas no campo, terminou por produzit formas de atuarzo bastante distinas. A presenca da lgrejana dtea rural era bem mais antiga do que a dos grupos de esquerda, céndo atuado, de maneita geral, proxima dos grand proptiesdtios. A ais dosanos 1950, algumas mudancas comesaram asec norads. Em 1950, Inocéncio Engelke, bispo de Carapanha, em Mines Gerais, alertou em sua pastoral para a chegada de agitadores & drea rural e para o perigo de a Igreja vir a perder of camponeses como, seguado ele, jf havia ocorrido cori operariado. Cofclamava assim fo € da acto do governo, que unificou o campo de disputas entre a forgas que concor- riam pelo controle do campesinaco, determinando suas regras, definindo, vale dizer mes ‘mo restingindo as organizagbes que, juridicamente, deteriam o monopélio da sua tepre- sentaglo no nivel municipal (o8 sin« sacional (2 Contig), Mais: 20 faé-lo, a agio do governo peso para ctasio da prpria jatos), no estadual (as federagéies) e mesmo no » val (at fedeapes) & pastoral, ¢ também os proprietétios, a se anteciparem a revolugio, promovendo a me- Ihoria das condicées de vida das populag6es ruras, Sua pastoral tinha o ttulo de Conorco, sem més ou contra nbs far a reforma rural® Dessa forma, foi durante a década de 1950 4 a Igceja_comesou a atuar mais sstematicamente junto so eampesinto, inclusive % Goria de Man, 19 out. 1962, 3. O tec da delegada que cia «Supra também pole sex encon- teido.em Magalhzes, 1970116, © Camargo, 1981:221, ® Decl, 1981304 » Cazzas, 198337. » Engel, 1977. Joo GouLaRr: ENTRE A MEMORIA E 4 HISTORIA ‘operdtios, surgidos no Rio Grande do Sul em 1932 como uma iniciativa do padce Leopoldo Brentano para promover a doursina caélica e reforgar os vinculos da Igreja com os trabalhadores,influindo direramente nos indicates. Essa ago procuraya concer se estendeu também a0 campesinato, criando organizacbes ¢ formando liderangas em ‘uma perspectiva marcadamente conservadora. Eles se opuseram a0 governo Joao Goulart ese mostraram favordves ao golpe de 1964, Da agio mais conservadora da Igeja surgi 0 chamado sindicalisms cristo. [Nao foi essa, porém, a tinica linha de agfo que resultou. da implementagio da douttina social da Igreja no campo naquele momento. Ouro desdobramento foi a con- formagéo de um grupo de esquerda catblico que werminou se afastando da Igreja, opon- dose & agio dos etrculos operitios e sproximando-se do PCB. Isso se deu, em larga medida, pela acio de jovens que haviam trabalhado na promogio da sindica por meio de um programa voltado para a educagio pelo rédio, © Movimento so de Base (MEB), criado em fins da década de 1950 na arquidiocese de Natal, no Rio Grande do Norce, que nha entéo & frente dom Eugt A patti do infcio dos anos 1960, 0 programa se expandiu para outros esados, impulsionado por um convénio cém 0 Ministério da Educacio, Foi important, no crabalho desenvolvido pelo MEB, a presenga de quadros da Agao Catdlica, oucra entidade leiga criada nos anos 1930, no © rexlono Janco £ 4 QUESTAO AGRARIA a o.com a mobilizacéo ocortida no periodo: as liges camponesss. A sindicalizagio contri- © para ose ltolameno, Na viedo dasliderangas ds lias os indiatoseram (forma de organizacko mais indieada para os astalariados tuts, cuja tevindicagbes cram de natureza trabalhista. No caso das demaiscategorias — foretos,arrendatdros, pparceiros, posseitos, si tes —, quedenominavam camponesas e que pecebim como cscencialmente revolucionérias, uma ver que, em sua lua pela tera, se opunham aos lntifundiios, um dos principals seotes das classes dominantes, pondo em xeque, por tanto, sua exstinciae a prépria ordem socal vigente, as sua associates deviam ter um caritr civil, guardando auconomia em relasfo & estrutura a0 controle do Estado. Mes- ro esas caegoris,codavia, acabaram se organizando nos sindicatos, que dessa forma se impuseram como posibilidadetniea A radicaliaasto da lias ee em religio a0 governo, contribuiu também para o seu isolamento, nio sé por elas mantido fora da cor wdicatos, mas também pelo temor que) eer. nos srr consevadoes 1962, algae de aes ile ra press em Goids, segundo o noticdta, portando armamento que seria dextinado & formagio de! grupos de gueniha. Naquele mesmo ano, Francie das ligas em um movimento pollico mais amplo, nacional, nfo resrivo& rea ru mento iadentes (MRT). Meses depois, na queda, no Pade onde sam diplomas de Cab, eam de deeb doe- loas a assumir uma atitude de firm Rio de Janeiro, pelo cardeal Leme. A Agio Cavélica era formada por grupos de jovens ; como a Juvencade Universitiria Cacblica JUC), a Juventude Estudantl Catélica JEC) 4 ea juventude Operitia Catdlica JOC), Esses grupos acabaram adorando poseuras mais A csquerda ¢ clando uma organizagéo autOnoma em reagdo 3 hieraquia "Seago do governo foi fundamental no desenrolar dese jogo polkico, é preciso ver que ela nfo incidia unicamente sobre. sindicalizagao no campo. Como jf se disse, 0 C+ case clramentepolvico,« AgioPopular(AP)-* Foi o PCB, emalianga coma AB que terminou por contro Lyndolpho Silva, antigo dicigente da Ultab e milltance do partido, Embora perdedor, 0 processo de criagéo da Contag, sendo o primeiro presidente sindicalismo cristio continuou representando uma grande forga entee os trabalhadores rursis, 0 quelle valeu uma posigio de predominio mais adiante, ap6s o golpe de 1964, quando foram exclufdas do jogo politico as liderangas de esque 0, porém, 0 grupo que de forma mais clara vit resenga e sua infludncia junto as cabalhadores ruras foi justamente aque O grande derrorado.nesse proc dedlinar su Te que, no nivel das representagescorentes,é snd hoje o mais comumente identifica ag pals. Os recursos legais para a despropriagio de cers f exicam, Am revista pelo art. 141 da Constiuiglo em vigor, ade 1946,¢jévinha sendo implementada por alguns governos estaduais, como 0 de Pernambuco, que desapropriau o Engenho Galilei, bergo das ligas camponesas, em fins da década de 1950. Tambémo governo do estado do Rio de Jancico chegou a desapropriaralgumas fazendas onde hivia confits, por intermédio de seu Plano Piloto de Ago Agrdra,erado na administragfo do petebista Roberto Silveira (1959-61). Leonel Brizols, em 1962, quando ainda govemadot do Rio Grande do Sul, também decretou a desapropriagio de duas fazendas, Sarandi e Camaqus. Vil, 2004-90-92, n JOKO Gouraer: ENTRE A MEMORIA & A HISTORIA ‘Com Jango, o governo federal passou a tomar para si iniciativa de intervie na estrurura agrétia do pats a ctiagio da Supra foi um passo imporante nesse sense Com a criasio da Supra o governo federal, além de incentivar a organizagio dos trabalhadores rurais em sindicatos, passou a cer um canal de intervengio diseta nas utas ‘no campo, Foi para ea, por outro lado, que os trabalhadores em luta passaram a ditigie suas reivindicagées. Tendo uma linha de agéo que eta vista como fundamentalmente favorével aos rabalhadores, a Supra foi alvo de pesadascrtias dos proprietitios. O primeito superintendence da Supra, Joie Caruso, igado a Leonel Brizola, per ‘maneceu no cargo até junho de 1963. A frente do drgio, Caruso foi acusado de incent- var os conflizos no campo, decretando a desapropriagéo de fazendas ocupadas, como ‘ecorzeu no estado do Rio de janeiro. Ali, sueessivas ocupag6es vinham ocorrendo, resul tando algumas delas na dect ‘eja desapropriagdo foi decretada pela Supra até o final de 1963 em todo o Brasil sete, ou ja, cerca de 50% localizavam-se no estado do Rio.” Para o entio governador Aluminense Badger da Silveira, do PTB, que chegou a encaminhar reclamagbes a Jofo Goulart, as agdes de Caruso, no caso do estado do Rio de Jancio, s6 faziam alimentar ‘conflitos €as ocupagées de zendas.* Diante das presses dos grupos conservadores, Caruso foi forgado a se demitin, sendo a ocasifo para isso a nomeagio por Jofo Goulart, sem consulté-lo, do conselho itecor da Supra. Assumia seu lugar Joao Pinheiro Neto, mais préximo do presidente com bom ttinsito no PSD. Vale observar que essa nomeagfo se dew no mesmo mo- mento em que esse partido, que eunia uma patcela sgnificatva dos representantes dos interestes dos grandes proprictiios, ameagava romper com o governo federal devido, entre outras razées, 20 encarninhamento que se vinha dando & questdo agréria.* Em agosto de 1963, Joio Pinhelso Neto declarou que a Supra promoveria desapropriagoes ‘apenas como iltime recurso.” Apaziguat 0 PSD, ainda que sem eliminaras presses dos 2 Rela des rea desapropradas no Bras do Serigo de Planejameato Terral da Supa (olego Edaae- do Martins) O fo dese decretaadesapropriago de uma fends nd sigiieavanecsiaramente que ext se eftivse,imitndo-so govern ea pose eprocedendosoasentamento de rabalhadores. Maitasv2es0 igamenco da indenieaio ni chegra a ser elzado ou, quando o eta, havia mecaisms jdieo pelt 120s proprieros podiam recat, As condigdsdeconfto, portato, podiam persisie mesmo ei es que jt haviam sdo objec de derets de desspropriasio. 2 Utne Hor, digo do exado de Rio de Janez, 7 abe. 1964, p, 5. Entevista com Badger da Sie, % 0 Bade de, Palo, 221m 1963, p 3. Dine Hor, digo d estado do Rio de Janet 4 jun, 1963, 2. Ver cambém Camargo, 1981:219. 3 Camargo, 19812220, » formalde Bra 9 ago. 1963, p.9. .sio da desapropriagio das dreas ocupadas. De 15 eas. © renfoo0 Janco F A QuEsTAO ACRARIA 2 , movimentos populares, era importante para o govemio naquele momento, quando ten- = 2va aprovar no Congresso um projeto de emenda constitucional que, sustentava, vibilizara a reforma agidvia. j; _Embora houvesse recursos jurdicos que possibilicavam a desapropriagio de ter | is, nio havia, segundo as alegagdes do governo, condig6es financeiras para a realizacio cde uma reforma agriria no pats na extensio necessécia, O mesmo art, 141 da Constitui Bo, que permitia as desapropriagbes, determinava, em seu §16, que elas deveriam set feias medi 3 “mk de recursos neces linheiro. Assim, seria de tal monta o volu- ios, de uma s6 vez, para a realizagio das desapropriagbes que reforma agritia fcaria inviabilizada. O que propunha 0 governo, diante disso, era quese > ode modo a pernie que inde 5: pagas em taos / bli ‘em prestagbes. Essa posigfo jd havia sido defendida por\ 1no Congfesso Camponts de Belo Horizonte, em 1961, e continuou a ser/ ele axé o golpe de 1964, c Esse foi, na verdade, um dos p ites, dado que, com tim preienga dos interesses agetiostradicioe fs os dois tergos de apoio necesstios no Congreso para a aprovacio da mudenga {presto secor conservador e uma signific onstitucional difclmente seriam obtidos, Ainda assim, o governo e algumas das prin- Bocaitiva Cunha, propondo izagho em teulos pudesse ser feta nos casos de desapropriagdo por interesse ‘od O projeto foi rjeitado, inclusive com a ajuda do PSD, na comissio especial & formada para aprecié-lo, no primeiro semestre de 1963, No segundo semestre, o plend- “fio armbém o rita. A derrota da. emenda no des ‘ompanhada pela intensificagio das presses do governo sobre ds ghiipos. das do governo, Eli oi © Congreso, ¢ também da, de otinizagbes de tcabalhadores, dos movimentos sociais, Ma- csisicias,greves€ oeupapbes de terms tomaramese mais t- ™ AConsiuigso em seu at. 147, condicionsva oun da propriedade so bem-eat socal, prevendoa “usta __tissibuigfo ds propriedade, com igual oporcaniade pars todos" com cbservincia do que ea porto no | $16 doar. 141, ito mediante indenitarto em dinheta pels derpropsagdes a sete fas Replica os Exados Unidos do Brasil, 1951:63-66, 68). Cerca de um més ants da eiagao da Supra, ene 10 de seem de 1962, fe provadna Lei n® 4132, que regulamentava os casos em ques proprisdade deve tet fp cesderats de interes soci, nls includ of bens improdutivos ou pouco explredos (Magus, 19702115), m JoKO GOULART: ENTRE A MEMORIA A HISTORIA cosrentes.no perfodo, atwando como formas de prssio ¢ sendo lias camo sinais de aleza de que, caso nio vesse como lei reforma agra seria eta pelos préprios eaba- Iksdre us, Aina cm 1963 eames calar nos de que Sep Sno cvidéncia do empenho do governo em reizarateforma ageti, decretacia como de ine- ress social, para fins de desapropragd, cera sada 4s margens de rodovias eferrovits ‘denis, alm daquelas beneicadss por invesimentosfederais em obras de irigago, dre- fagem e agudes decode Supr coms fou onc, def cabo, mas apexasem 1964, Sua assinacua foi anunciada no Com\cio das Reformas, realizado no Rio de Janci- “ro em 13 de matgo de 1964, em fiente & estagio de trens da Central do Brasil anunciae 0 decreto diante de uma mulidso de mais de uma centena de milhar de pes s0as, Joao Goulart acenava para os wabalhadores, para as esquerdas, para os demaissto- tes fivoriveis 3 reforma ariria e, a0 mesmo tempo, pesionava o Congress. Discursan- do na ocasto, o presidente retomou a defesa da emenda da Constquigle no sentido de possibilitar a realizagao da reforma agrétia, instando 0 Congresso a que ouvisse os recla- ‘mos populares e colaborasse para acelerar o progresso nacional.” Qs apelos de Jofo Goular, porém, jf nfo podiam mais ser ouvides. As pressbes sobre o- Congreso € a Grescente mobilizagio popular pusertm-no em rota de colsio com este, azendo com que perdesse importantes apoics 20 centro, oque deuliveeensito saticulasSesgolpisas Alfgans dias aps 0 coricio, Joio Goulac foi derrubado., Com o golpe, interrompeu-seo ciclo das agées expetaculares e grandes mobilia- ses, Desencadeou-se um process de repressio que result na piso ou na perseguiséo 10 fechamento de sindicatos e de ligas, impondo-s um quadro de desmobilizagio. As mudangas que se operaram nas relagBes sociais.n0 campo naguele perfodo, no entanto, haviam sido bastante profundas, o que fer.com que of can petsstisers, mesmo que sob formas ¢ com dimensécs istneas, A legitimidade acumu- lads pelo tema da reform Sgriialevou a que, f no govemne Castello Branco, fose ctiado o Esearto da Terra, incorperando o dispositivo que Jofo Goulart nfo havia con soguide aprovar: a desaproprisgio paga em ritulos da divida piblia. O tema continuow sendo objeco de debates e de lutas, principalmente dos trabalhadores rusis, que, pot meio de suas organieagies, buscaram também efetivar a pauta de direitos de que legal- mente passaram a disor a partir de 1963. Consalidou-se asim, enquanto categoria de idensificaczo, rermo tabalhador rural, e os sindicatos, ederagSes ea Contag enquanto focos exclusivos das disputas pela representagio dos trabalhadotes rurais. Apenas em © renton0 Janco & A QUESTAO AGRARIA eB ‘meacos dos anos 1980, jf no proceso de redemocratizagéo, surgiu uma nove organi ‘go, nfo-sindical, que cont eles veioa competi Sine (MST). * Portanto, 0s processos politicos ocorridosa partir dos anos 1940 e, principalmen- 15; no inlcio dos 60, durante © governo Joio Goular,tiveram desdobramentos impor- ‘antes ¢ de longe duragfo para o mundo rural, de maneita mais espectfica, e também Para a nagdo como um todo, Foram produzidos e consolidados ali novos esquemas e categorias de percepsfo da realidade brasileira, de seus problemas e também de suas solugSes. Ao mesmo tempo que foram produzidas, esas novas formas de percepgio ‘marcaram as prticas dos diversos agents eobjeivaram-se em insttuigées, em politica, positvos legis. E mais, foi o proprio espago das agbese das tomadas de posigfo politica que se viualterado pela afirmagio de novos agentes, de novas identida- des, como a de trabalhador rural. Profundos, os efeitos desses processos se impuseram mesmo durante os governos militares ese estendem até hoje, ainda que com redefinigSes importantes 20 Jongo do tempo, mantendo presente a questio agedia, Bibliogeafia ALVES, Marcio Morcira, © Cito d pve. Rio de Jancizo Sabi, 1968. AZEVEDO, Fesnando, Ligar campo So Palo: Paz € Tera, 1982. BANDEIRA, Moniz O govern odo Goulart alts cis no Brasil (1961-1964). io de Jane 10; Cvilzagdo Beale, 1978, BASTOS, Elde Rugs. sligscomponeas.Ptcopoli:Vores, 1984, BIANCO, Lucien, Peasants and revolution: the cast of China, The Journal of Peasant Stes, ¥ 2, 1. 3, p. 313-385, Ape 1975. BRUNEAU, Thomas C. 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