A inteligência competitiva se baseia no modelo preditivo de administração, ou seja, procura
prever e antecipar-se aos movimentos da concorrência, além de oportunizar as condições oferecidas pelas tendências e cenários observados. A inteligência está relacionada com os dados. Os dados, depois de organizados e tratados, geram a informação. A informação, quando analisada torna-se conhecimento, e o conhecimento é a chave para a inteligência. Existe a necessidade de uma empresa possuir uma área ou um profissional dedicados especificamente a monitorar os movimentos da concorrência, aprendendo com seus erros e acertos, e observando as entrelinhas de suas ações para preverem para onde se movimenta a estratégia deles e não serem pegos de surpresa.
Segundo Petrini, Pozzebon e Freitas (2006) :
A Inteligência de Negócios (BI) é vista como um processo em
que os dados internos e externos da empresa são integrados para gerar informação pertinente para o processo de tomada de decisão. O papel da Inteligência de Negócios (BI) é criar um ambiente informacional com processos através dos quais dados operacionais possam ser coletados, tanto dos sistemas transacionais como de fontes externas, e analisados, revelando dimensões “estratégicas” do negócio. Tanto IC quanto BI apóiam-se em Tecnologia de Informação. Entretanto, as ferramentas existentes auxiliam na coleta e organização/disseminação dos dados, mas não conseguem ainda gerar o conhecimento necessário dentro do processo de inteligência: a intervenção humana é fundamental. (...) As empresas estão adotando Inteligência de Negócios (BI) como uma nova aplicação tecnológica, um software novo, e não como uma nova abordagem administrativa. O valor de um sistema de Inteligência de Negócios (BI) está no valor dos indicadores e na informação que é produzida, analisada e disseminada. Se não houver nenhuma consciência em como produzir, analisar e disseminar tal informação e quão estratégicas são esses alertas produzidos, o benefício destes sistemas provavelmente será mínimo ou desaparecerá. Esta pesquisa sugere que o papel estratégico e social de TI não é sempre percebido. Atrás de qualquer aplicação de TI, demonstram-se escolhas sociais e políticas. Adotar uma aplicação de Inteligência de Negócios (BI) é muito mais uma questão organizacional ou administrativa do que tecnológica. Quando as empresas prestam mais atenção em como construir e gerir técnica e efetivamente um repositório de dados centralizado do que em construir coletiva e socialmente um mecanismo de produção e disseminação de informação útil e oportuna para a tomada de decisão, pode-se perder muito do benefício potencial de um projeto de Inteligência de Negócios (BI). Coletar e armazenar uma coleção de métricas, sem o respectivo alinhamento com os objetivos estratégicos organizacionais, podem ser vistos como desperdício de tempo e esforço. Por fim, ainda segundo os autores retromencionados:
A compreensão dos conceitos de Inteligência Competitiva (IC) e
Inteligência de Negócios (BI) evidencia que as grandes diferenças entre esses dois conceitos residem em dois grandes grupos: (1) o tipo e a origem dos dados e (2) o público para o qual os resultados são destinados. Em BI a origem dos dados, ou seja, a fonte principal, são os sistemas e bancos de dados que controlam a operação da empresa, levando-nos a trabalhar com dados essencialmente estruturados. Em IC o foco está na obtenção das informações externas que envolvem a cadeia de valor da organização como um todo e o mercado que a cerca: competidores, novos entrantes, fornecedores, clientes e produtos substitutivos, o que nos leva a trabalhar com dados em formato de texto e, conseqüentemente, não estruturados. Enquanto os sistemas de BI trabalham com dados quantitativos e estruturados, IC contempla dados qualitativos. O público que utiliza os resultados desses sistemas também muda significativamente. Em IC os usuários constituem-se de um número muito reduzido de pessoas, normalmente ligadas ao nível estratégico: a alta gerência, enquanto BI tende a atender o maior número possível de decisores, independente do nível organizacional. Entretanto, a construção de um sistema eficiente de inteligência, seja dentro da idéia de BI ou IC, passa pela integração de pessoas e tecnologia. Fuld (1995) ressalta que o sucesso de um sistema de inteligência é construído sobre e ao redor da cultura organizacional: “sistemas de inteligência têm, independente do potencial das aplicações informáticas, um teor sobretudo humano.” Mais uma vez a importância do fator humano no sucesso é enfatizada. Os modelos de análise, por mais automatizados que sejam, são estruturas que comportam dados e informação. Porém, nada substitui a capacidade humana de raciocinar e avaliar a sua real relevância e a sua credibilidade, bem como de agregar valor à geração final da inteligência. Ou seja, emerge das pessoas e dos relacionamentos interpessoais a capacidade de gerar inteligência.
PETRINI, M., POZZEBON, M. e FREITAS, M., “Qual é o Papel da Inteligência de Negócios
(BI) nos Países em Desenvolvimento? Um Panorama das Empresas Brasileiras”, Curitiba: Anais do 28º Encontro da ANPAD – Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração, 2004. POZZEBON, M., FREITAS, H.; PETRINI, M. A Inteligência de Negócios ou Inteligência Competitiva? Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. Anais do XXX encontro da ANPAD. Salvador, 2006.