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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

JONAS CANHADA COSTA

A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL E NO ESTADO DO RIO GRANDE


DO SUL VOLTADOS AO COMBATE DO CRIME ORGANIZADO

Arroio Grande
2017
2

JONAS CANHADA COSTA

A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL E NO ESTADO DO RIO GRANDE


DO SUL VOLTADOS AO COMBATE DO CRIME ORGANIZADO

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato


Sensu em Inteligência de Segurança, da Universidade do
Sul de Santa Catarina, como requisito à obtenção do título
de Especialista em Inteligência de Segurança.

Orientação: Prof. MS LUIZ OTÁVIO BOTELHO LENTO

Arroio Grande
2017
3

JONAS CANHADA COSTA

A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL E NO ESTADO DO RIO GRANDE


DO SUL VOLTADOS AO COMBATE DO CRIME ORGANIZADO

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título


de Especialista em Inteligência de Segurança e aprovado
em sua forma final pelo Curso de Pós-Graduação Lato
Sensu em Inteligência de Segurança, da Universidade do
Sul de Santa Catarina.

Tubarão, SC, 11 de setembro de 2017.

_____________________________________________________

Prof. MS Luiz Otávio Botelho Lento - Orientador

Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________________

Prof. Dr. Giovane de Paula – Banca examinadora

Universidade do Sul de Santa Catarina


4

Dedico este trabalho a meus pais, que sempre me


apoiaram e incentivaram meus estudos, e a minha
namorada Andressa Göbel do Amarilho, pelo apoio
e compreensão em todos os momentos em que me
ausentei.
5

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, por ter me dado à vida e a renovado diariamente;

A meus pais e a meu irmão que mesmo estando longe me deram todo apoio
necessário;

Ao Professor Luiz Otávio Botelho Lento, por todas as orientações e ensinamentos que
foram de extrema importância para conclusão deste trabalho;

A meus colegas de serviço em especial ao meu chefe imediato Capitão da Polícia


Militar do Rio Grande do Sul, Márcio Henrique Dorneles, que não mediu esforços me dando
suporte e apoio na conclusão deste trabalho;

A meus colegas de curso que contribuíram direta ou indiretamente para realização


deste este trabalho;
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RESUMO

Neste trabalho analisar-se-á a utilização da atividade de inteligência como um instrumento


eficiente no combate ao crime organizado. Analisada a estrutura do sistema de inteligência
brasileiro, com destaque aos órgãos de inteligência do Estado do Rio Grande do Sul, a
atividade de inteligência penitenciária, o crime organizado, a atuação da rede mundial de
computadores na prática de ilícitos penais (crimes cibernéticos), o sistema prisional e a
atividade de inteligência, verificar-se-á a importância da atividade de inteligência policial no
cenário nacional como meio para a luta contra o crime organizado. Para tanto, adotando-se
uma interpretação sistemática e teleológica do ordenamento jurídico e das doutrinas existentes
sobre aos pontos expostos, principalmente no que pertine ao conceito de crime organizado e
de inteligência penitenciária, comprovar-se-á que, a priori, a atividade de inteligência é
atualmente a ferramenta mais eficiente para o combate ao crime organizado.

Palavras-chave: Crime organizado. Atividade de inteligência. Sistema prisional. Crimes


cibernéticos.
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ABSTRACT

In this paper we will analyze the use of intelligence as an efficient instrument in the fight
against organized crime. Analyzed the structure of the Brazilian intelligence system, with
emphasis on the intelligence agencies of the State of Rio Grande do Sul, the activity of
penitentiary intelligence, organized crime, the work of the global computer network in the
practice of criminal offenses (cyber crimes) The prison system and the intelligence activity,
the importance of the police intelligence activity in the national scenario as a means to fight
against organized crime will be verified. For this purpose, adopting a systematic and
teleological interpretation of the legal system and existing doctrines on the points exposed,
especially in what concerns the concept of organized crime and penitentiary intelligence, it
will be verified that, a priori, the activity of Intelligence is currently the most efficient tool for
combating organized crime.

Keywords: Organized crime; Intelligence activity; Prison system; Cyber crimes.


8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................09

2 O CRIME ORGANIZADO, O SISTEMA PRISIONAL E A ATIVIDADE DE


INTELIGÊNCIA NO BRASIL E NO ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL...........................................................................................................................................12

2.1 O CRIME ORGANIZADO..............................................................................................12

2.1.1 CONCEITO....................................................................................................................12

2.1.2 ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS DO CRIME ORGANIZADO...................13

2.1.3 O CRIME ORGANIZADO NO BRASIL....................................................................15

2.1.4 AS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS........................................................................16

2.1.5 EVOLUÇÃO DO CRIME ORGANIZADO NO BRASIL.........................................18

2.1.6 CRIMES CIBERNÉTICOS..........................................................................................19

2.2 O SISTEMA PRISIONAL NO BRASIL........................................................................26

2.2.1 O SISTEMA PRISIONAL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL..................28

2.2.2 A CRISE NO SISTEMA PRISIONAL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO


SUL...........................................................................................................................................28

2.3 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL.........................................................31

2.3.1 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL...34

2.3.2 INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA..........................................................................37

3 COMBATE AO CRIME ORGANIZADO E A UTILIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE


INTELIGÊNCIA COMO FERRAMENTA DE TRABALHO..........................................41

3.1 FERRAMENTAS UTILIZADAS NO COMBATE AO CRIME ORGANIZADO....42

3.1.1 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO CRIME ORGANIZADO


DENTRO DO SISTEMA PRISIONAL................................................................................45
9

3.1.2 O COMBATE AO CRIME ORGANIZADO ATRAVÉS DA TECNOLOGIA DA


INFORMAÇÃO (TI)..............................................................................................................46

3.1.3 AS DIFICULDADES, DESAFIOS E A ATUAÇÃO DA ATIVIDADE DE


INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO CRIME ORGANIZADO....................................50

4 CONCLUSÃO.....................................................................................................................56

REFERÊNCIAS....................................................................................................................59
9

1 INTRODUÇÃO

O Brasil em sua história nunca sofreu tanto como está sofrendo com a atuação
desenfreada do crime organizado, que se instala juntamente na desorganização e
incompetência do Estado. Porém, não se pode negar que várias medidas foram implantadas
pelo Estado nas últimas décadas para atacar de maneira eficiente as atividades desenvolvidas
pelo crime organizado. Algumas importantes leis foram criadas, tais como a lei que define
organização criminosa, a que trata sobre lavagem de dinheiro e a lei que define os delitos
informáticos.

Neste contexto, o sistema processual penal também foi alterado, incluindo


mecanismos mais eficazes e modernos de investigação policial existentes no mundo, mais
notadamente a deleção premiada, a infiltração policial, a interceptação telefônica e a quebra
do sigilo bancário, fiscal e telemático.

O crime organizado tornou-se um fenômeno social avassalador, que exige das


autoridades públicas adoção de medidas sociais preventivas e repressivas adequadas para
conter esta epidemia do século XXI, que traz consequências gravíssimas a um Estado
Democrático e de Direito.

É evidente que o combate ao crime organizado não é tarefa fácil e simples, e é neste
contexto fático atual que a inteligência policial ganha relevância, como uma das principais
medidas adotada pelo Estado nesta árdua batalha.

Diante das ideias expostas, o trabalho objetivou demonstrar de maneira geral o sistema
de inteligência existente no Brasil, especialmente no Estado no Rio Grande do Sul, e a sua
utilização no combate ao crime organizado.

Cabe destacar que foi realizada uma abordagem especial ao papel da inteligência
penitenciária no combate ao crime organizado, bem como o crescimento dos crimes
praticados pela rede mundial de computadores.

O estudo foi realizado com base em pesquisa bibliográfica, levando em consideração o


contexto do histórico do crime organizado no Brasil e sua evolução durante ao longo do
tempo.
10

O primeiro capítulo desse estudo foi dedicado a descrever um breve histórico do crime
organizado no Brasil, seu conceito, sua estrutura e sua evolução no País, com ênfase para os
crimes praticados através da internet (web). Neste mesmo capítulo, tratou-se do sistema
prisional brasileiro com destaque para o Estado do Rio Grande do Sul, que atualmente possui
problemas sérios de déficit de vagas e apresenta uma infraestrutura defasada e inoperante.

Ainda, no primeiro capítulo foi abordada a atividade de inteligência policial no Brasil


e no Estado do Rio Grande do Sul, com destaque especial à inteligência penitenciária.

Por sua vez, no segundo capítulo abordou-se os aspectos e mecanismos que auxiliam
no efetivo combate e a utilização da atividade de inteligência como meio eficiente de luta
contra o crime organizado.

Ressalta-se que, neste capítulo, a utilização da inteligência policial no sistema


prisional ganhou destaque especial, pois trata-se de uma verdadeira arma nas mãos do Estado,
que deve ser explorada e utilizada para se antecipar as ações criminosas. Também foram
identificadas as dificuldades, os desafios e a atuação da atividade de inteligência na guerra
existente contra o crime organizado no Brasil.

Ademais, neste capítulo descreveu-se a utilização da tecnologia da informação como


ferramenta dos órgãos de segurança no combate ao crime organizado.

O mais interessante do trabalho foi perceber que os problemas enfrentados pelo Brasil
nesta guerra, também são e foram enfrentados por outras nações, quando resolveram medir
força com o crime organizado, colocando em risco até mesmo a segurança internacional.

Seguindo esta ideia, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em comunicado ao


Congresso feito em abril de 2005, "descreveu o crime organizado como uma ameaça principal
à paz internacional e segurança no século XXI" (FARIA, 2005).

Assim, percebe-se que o crime organizado se expandiu de forma assustadora,


transitando dentro das estruturas dos Estados, utilizando-se de servidores e agentes públicos
para ampliar seus interesses, causando insegurança e medo para a sociedade, e exigindo a
atuação forte, inteligente e coerente dos Estados.
11

Por fim, resta destacar que o estudo objetivou demonstrar de modo geral o cenário
atual existente e indicar a Inteligência Policial como uma das principais “ferramentas”
disponível ao poder público para a repressão e prevenção ao crime organizado.
12

2 O CRIME ORGANIZADO, O SISTEMA PRISIONAL E A ATIVIDADE DE


INTELIGÊNCIA NO BRASIL E NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

2.1 O CRIME ORGANIZADO

2.1.1 CONCEITO

O conceito de crime organizado está sempre sendo reformulado para que possa
alcançar seus objetos e acompanhar a evolução do crime organizado, mais é possível traçar
um conceito de forma ampla. Conforme demostra (TENÓRIO, 1995, p.25), que crime
organizado “entende-se por crime organizado a existência de um grupo de pessoas, agregadas,
aglutinadas, dedicadas no conjunto ao desencadeamento de ações múltiplas e ordenadas,
objetivando a consecução de um ilícito”.
Para o FBI o crime organizado é:

Qualquer grupo tendo algum tipo de estrutura formalizada cujo objetivo primário é a
obtenção de dinheiro através de atividades ilegais. Tais grupos mantêm suas
posições através do uso de violência, corrupção, fraude ou extorsões e geralmente
têm significativo impacto sobre os locais e regiões do País onde atuam
(MENDRONI, 2002, p.06).

Percebe-se a dificuldade de se definir conceitos para o crime organizado, mas o que


fica claro é que esta modalidade de crime possui potenciais criminais avassaladores. Por isso a
necessidade de investimentos por parte do estado nas áreas de Segurança Pública que dão o
primeiro combate a está modalidade criminosa.

Estudos realizados por diversos autores tem o mesmo resultado que pode ser definido
como atividades delituosas organizadas. Neste mesmo pensamento, (REALE JUNIOR, 1996,
p.184) defende que:

É possível, portanto, fixar os dados elementares caracterizadores da delinquência


organizada tradicional, sendo de se ater ao aspecto institucional da associação, com
planejamento estratégico e hierarquia, que se organiza sob uma férrea disciplina de
comando, valendo-se da violência para impor obediência e servilismo, sempre sob a
exigência da lei do silêncio, a omertà, e fazendo da corrupção de agentes oficiais o
instrumento garantidor de impunidade e facilitador de suas ações delituosas.

(MINGARDI, 1998, p. 82-83) conceitua crime organizado como:

Grupo de pessoas voltadas para atividades ilícitas e clandestinas que possui uma
hierarquia própria e capaz de planejamento empresarial, que compreende a divisão
do trabalho e o planejamento de lucros. Suas atividades se baseiam no uso da
violência e da intimidação, tendo como fonte de lucros a venda de mercadorias ou
13

serviços ilícitos, no que é protegido por setores do Estado. Tem como características
distintas de qualquer outro grupo criminoso um sistema de clientela, a imposição da
lei do silêncio aos membros ou pessoas próximas e o controle pela força de
determinada porção de território.

Mesmo não sendo possível explicar de maneira objetiva o conceito de crime


organizado, não podemos deixar de ressaltar que esta modalidade de crime tem um potencial
enorme de destruição. O que faz com que o estado tenha que reagir proporcionalmente com o
que é apresentado pelas organizações criminosas. As estruturas do estado devem ser
especializadas, sejam elas repressivas ou preventivas e devem saber identificar as diferenças
entre criminalidade organizada e ações particularmente perigosas. (ENDO, 2009)

O Brasil vem travando à décadas uma guerra contra o crime organizado e sabemos que
esta luta não estamos conseguindo vencer. O crime organizado no Brasil pode ser comparado
a uma empresa de sucesso que não enfrenta nenhum tipo de crise. O combate a esta
modalidade de crime hoje é o grande desafio dos órgãos de segurança publica do país.

2.1.2 ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS DO CRIME ORGANIZADO

O Crime Organizado possui estruturas que podem ser encontradas em qualquer lugar
do mundo, sendo que estas estruturas dividem o crime organizado em espécies do qual aquele
é o gênero, espécies essas que podem ainda serem subdivididas em subespécies. (BASTOS,
2002, p. 01)
Neste contexto podemos observar as seguintes espécies de organizações criminosas
conforme relata CAMPOS, SANTOS (2007):

Organizações mafiosas – têm por características a presença de uma estrutura


hierarquizada, regras internas de disciplina, códigos de ética, laços de parentesco ou
relações étnicas entre seus membros, além do quem atuam de forma intensa e
globalizada na esfera internacional. Podem ser citadas como exemplo dessa espécie
de Crime Organizado a máfia japonesa Yakusa; a Tríade Chinesa, dentre outras.
Organizações profissionais – essa espécie é tida por profissional porque seus
membros são especializados em uma ou duas atividades ilegais. Não são tão
organizados e estruturados como as máfias, nem têm muitas ramificações
internacionais. Exemplos de sua atuação: fornecem armas ou tem por atividade o seu
aluguel para outros grupos criminosos, falsificação de moeda, distribuição de
entorpecentes, etc.
Organizações empresariais e de colarinhos brancos – esta espécie é formada por
indivíduos que fazem uso da criação de instituições financeiras de fachada onde são
praticadas condutas ilícitas referentes ao sistema financeiro e da economia popular,
ressaltando que há aqueles que se ocupam de instituições legitimamente
14

constituídas. São as organizações que tem por objetivo praticar atos ilícitos contra o
meio ambiente, a saúde pública, a ordem tributária, a administração pública, etc.
Organizações criminosas estatais – são aquelas organizações que se estruturam e
se mantém dentro do aparelho estatal. São por exemplo, os grupos de fiscais
corruptos, os grupos de extermínio, etc.
Organizações terroristas – são organizações que promovem o terror em nome de
seus objetivos políticos. Um exemplo de organização terrorista na América latina é o
Sendero Luminoso, do Peru.

Aproveitando-se destas carências do Estado o crime seguiu sua peregrinação por


adeptos a sua causa, e devido às carências enfrentadas pela sociedade até hoje se utiliza deste
modus operandi.

Os elementos mais lucrativos dentro da organização criminosa seriam em ordem


decrescente o tráfico de drogas, tráfico de armas, tráfico de seres humanos para fins de
prostituição, comércio de órgãos e o trabalho escravo. Salientando que a corrupção e a
lavagem de dinheiro estão inseridas em todas as atividades do Crime Organizado, conforme
Giovanni Quaglia (MICHAEL, 2003, p. 01).

O crime organizado possui características comuns no mundo inteiro que são listadas
por (CAMPOS, SANTOS, 2007):

1. A necessidade de “legalizar” o lucro obtido ilicitamente. Essa característica é sem


menção de dúvidas o ponto mais vulnerável das organizações criminosas, vez que é
na lavagem do dinheiro que as organizações são mais facilmente observadas e
desmanteladas.
2. Alto poder de corrupção. Segundo Ziegler (op. cit. SILVA, 2003, p. 29), “(...) é
pela corrupção que o crime organizado se infiltra nas sociedades democráticas”.
3. Alto poder de intimidação. Em regra, nas organizações criminosas vigora a “lei do
silêncio” – do italiano omertá – o que ocasiona uma atuação quase imperceptível do
Crime Organizado.
4. Conexões locais e internacionais, o que corrobora a ideia de uma globalização do
Crime Organizado.
5. Estrutura Piramidal das organizações criminosas, onde a base desconhece quem
esta no topo, de forma que não é fácil conhecer todos os seus integrantes e,
principalmente, puni-los.
6. Ocupação do lugar do Estado nas comunidades, ou seja, a relação estabelecida
pela organização criminosa com a comunidade é, em regra, no sentido de angariar a
simpatia da população ao promover prestações sociais que deveriam ter sido
executadas pelo Estado, é neste sentido que se pode dizer que o Crime Organizado,
em algumas comunidades, atua como verdadeiro Estado Paralelo.
7. Caráter mutante, ou seja, as organizações criminosas utilizam empresas de
fachada, pessoas de frente (laranjas) e de contas bancárias especificas, que são
alteradas de tempos em tempos de maneira a evitar qualquer rastro incriminador. 8.
Alto grau de operacionalidade, isso vale dizer que as organizações criminosas
dispõem de pessoas altamente qualificadas nas diversas áreas de atuação em que se
façam necessárias (advogados, contadores, químicos, etc.), além do que dispõem de
recursos tecnológicos de última geração, o que lhes permite uma mobilidade a uma
velocidade inimaginável.
15

Muitas são as características que envolvem a pratica do crime organizado, sendo que
todas são consideradas importantes. Neste universo é possível elencar algumas que se
tornaram essenciais para identificação destas organizações criminosas:
a) Pluralidade de agentes: A ideia de organização traduz a presença de uma
coletividade. Assim, fica claro que não se concebe uma organização individual. Na
Convenção de Palermo, exige-se um mínimo de três pessoas, sendo a pluralidade de agentes
reconhecida em todos os países que adotam a Convenção.
b) Estabilidade ou permanência: Na ideia de organização, a permanência ou
estabilidade são fundamentais para diferenciar a organização criminosa do mero concurso
eventual de agentes.
c) Finalidade de lucro: O chamado crime negócio, ou o “fim lucrativo” é um
ponto onde os doutrinadores concordam plenamente. Organização: A adoção de estruturas
empresariais é compatível com a finalidade das atividades criminosas que é o lucro. Assim, há
uma profissionalização da atividade criminosa, que é planejada, de modo sistemático, e
adotada como meio de vida.
d) Organização: A adoção de estruturas empresariais é compatível com a
finalidade das atividades criminosas que é o lucro. Assim, há uma profissionalização da
atividade criminosa, que é planejada, de modo sistemático, e adotada como meio de vida.

2.1.3 O CRIME ORGANIZADO NO BRASIL


As origens do crime organizado no Brasil apresentam várias controversas em sua
história, há autores que falam que o cangaço antecedeu o Crime Organizado no Brasil no final
do século XIX. (OLIVEIRA op. Cit. SILVA, 2003, p. 25)
A quem diga que o Crime Organizado no Brasil iniciou através do “jogo do bicho”
que foi idealizado pelo Barão de Drumond com o objetivo de salvar os animais do Jardim
Zoológico do Rio de Janeiro.
Neste contexto Santos (2004, p.89) relata que a ditadura militar no Brasil pós-64,
gerou no Pais, uma nova mentalidade criminosa que sofreu evolução baseada nos modelos das
organizações criminosas estrangeiras.

Em 1808 com a vinda da família real para o Brasil, nasce a nossa polícia, que tinha a
difícil tarefa de conter os inimigos do Estado. Já no Império, a elite privada era a responsável
pela segurança, chamada de Guarda Nacional. Este momento histórico pode ter servido com
embrião para os tempos atuais em que vivemos. A delegação da segurança do Estado para o
16

público privado pode ter servido como oportunidade de pessoas do povo se aproximar do
Estado, ganhando dele na época patentes de coronel da guarda nacional, formando assim uma
segurança paralela.

Os projetos de desenvolvimento industrial adotados pelo país, no qual baseados na


substituição de importações, fez com que o campo migrasse para cidade o que transformou o
contrabando como atividade criminosa atraente.

Nas décadas de 70 e 80 os criminosos comuns passaram a planejar suas ações obtendo


sucesso nos atos criminosos, o que trouxe prestigio e aprendizado para as organizações
criminosas da época. (SANTOS, 2004, p. 90).

Já no ano de 1980, a disputa pelo controle do tráfico de drogas no país já era notícia.
Nos anos 1990, o crime mostrou sua face, através de rebeliões em presídios que já se
identificava que as lideranças dos estabelecimentos prisionais estavam ligadas diretamente
com os líderes dos morros. Neste momento o estado percebeu está união e começou a
organizar o sistema prisional através da filiação dos presos a determinado grupo, formando
assim as primeiras facções criminosas no Brasil.

No ano de 1989, foi lançado na Câmara dos Deputados pelo na época Deputado
Federal Michel Temer, o Projeto de Lei nº 3516, que tratava dos meios operacionais no
combate ao crime organizado. No projeto deu-se definição ao conceito de organização
criminosa, que ficou sendo como organização criminosa aquela que, por suas características,
demonstrasse a existência de estrutura criminal, operando de forma sistematizada, com
atuação regional, nacional e/ou internacional.

No decorrer do tempo foi sancionada a Lei Ordinária nº 9034/95 que dispunha sobre a
utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por
organizações criminosas. Neste momento começou a compreender o que era uma organização
criminosa.

2.1.4 AS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Com o passar dos anos passamos a conviver e conhecer algumas organizações


criminosas que se estabeleceram no Brasil em decorrência dos fatores que foram explicados
acima. Estas organizações podem ser identificadas como sendo:
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O “JOGO DO BICHO”

Considerada uma das primeiras infrações penais no Brasil, iniciada no século XXI. Na
época o Barão de Drumond (João Batista Viana Drumond), utilizou o jogo como pretexto para
incentivar a população para visitar seu zoológico. O começo dos outros grupos organizados
foi o jogo do bicho, pois lá quando nasceu já se mostrava organizado com leis especificas
formando assim um pequeno Estado paralelo. (BOAS, 2007)

O TRÁFICO DE DROGAS

Entre os anos 70 e 80, o crime organizado surgia dentro do sistema prisional da cidade
do Rio de Janeiro, comandado por grandes traficantes da época.

COMANDO VERMELHO (CV)

Entre os anos de 1969 e 1975, no Instituto Penal Cândido Mendes, conhecido como
Presídio da Ilha Grande ou “Caldeirão do Diabo”, na cidade do Rio de Janeiro, era criado o
Comando Vermelho (CV), que tinha como objetivo lutar contras as más condições que os
presos enfrentavam no presídio, algumas impostas pelo próprio sistema e outras pelos
próprios apenados. Outro fato que é relevante na história do surgimento do CV é a
especulação de que o momento importante neste surgimento foi na a reunião de presos
políticos com presos comuns na Galeria B do presídio da Ilha Grande, entre 1969 e 1975.
(AMORIN, 1993)

TERCEIRO COMANDO (TC)

Nos anos 90, surgia o Terceiro Comando (TC) facção contrária na época ao CV, que
no decorrer dos anos foi extinta. Sua origem não é clara, em detalhes, fatos levam a crer que
tenha surgido através de presos desistentes do CV e policiais que haviam passado para o outro
lado da força ou teria surgido através da Falange Jacaré, que era contraria ao CV nos anos 80.

TERCEIRO COMANDO PURO (TCP)

No ano de 2002 devido a desistências de presos do TC, surge o Terceiro Comando


Puro (TCP), que tinha origem no complexo da maré no Rio de Janeiro. Em Setembro do
mesmo ano Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, rompeu com a facção Amigos
dos Amigos (ADA) da qual ele fazia parte, e liderou uma rebelião no presídio de Bangu 1,
onde foram mortos alguns integrantes da (ADA). Após estes fatos FERNANDINHO BEIRA
18

MAR passou a integrar o TCP juntamente com outros presos desistentes da ADA. (AMORIN,
CARLOS, 2004).

AMIGOS DOS AMIGOS (ADA)

Nos anos 90, surgi dentro sistema prisional do Rio de Janeiro a facção criminosa
Amigos dos Amigos (ADA), que era braço direito do TC. Teria surgido para diminuir a
expansão do CV. A ADA era formada por ex-militares das forças armadas, ex-polícias e
traficantes. (AMORIN, CARLOS, 2004).

PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL (PCC)

Em 31 de agosto de 1993, no anexo da casa de custódia de Taubaté – SP, foi fundado


por oito apenados a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que é considerado
hoje a maior facção criminosa do Brasil. Fatos dão conta que os apenados participavam de
uma partida de futebol que terminou em briga o que acarretaria em punição para os mesmos,
diante dos fatos os apenados teriam feito um pacto de confiança, surgindo assim o PCC. O
nome originou-se do time de futebol que era conhecido como “Comando da Capital”.
(AMORIN, CARLOS, 2004).

A expansão do PCC foi meteórica no estado de São Paulo que posteriormente se


expandiu para todo o País. É notória desde sua criação a organização do grupo criminoso, que
teve como primeiro objetivo redigir um estatuto que é seguido por todos integrantes sem
exceções.

A organização é tanta que neste estatuto lá no seu início já constava que os “irmãos”
assim chamados os integrantes da facção, deveriam pagar uma taxa mensal, que seria
revertida para comprar armas e drogas, além de financiar ações de resgate de presos ligados
ao grupo.

2.1.5 EVOLUÇÃO DO CRIME ORGANIZADO NO BRASIL

A evolução do crime organizado no Brasil está diretamente relacionado com a situação


em que o Pais se encontra, no que se refere à desigualdade social. Onde o Estado não
consegue se fazer presente é onde o crime organizado prospera. Nestes locais as organizações
19

criminosas surgem como uma opção de vida, uma vez que oferecem, mesmo que por meios
ilícitos, a possibilidade de uma vida mais digna e humana.

O Crime Organizado surge nestas comunidades como se fosse uma espécie de


salvação para os problemas enfrentados por aquela comunidade desassistida pelo Estado, e
amparada muitas vezes por traficantes que fazem às vezes de nossos governantes.

O tráfico de drogas se destaca como exemplo da evolução do crime organizado no


Pais. Sendo uma das primeiras modalidades de crime organizado no Brasil o tráfico de drogas
(maconha e cocaína), seguido posteriormente dos assaltos a bancos. Com o passar dos anos
novas drogas surgiram como haxixe, heroína e mais recentemente o LSD, êxtase e o crack.

(OLIVEIRA, 2004, p.38) Destaca que a Polícia Federal considera o tráfico de


entorpecentes a mais preocupante modalidade de Crime Organizado.

(SILVA, 2003, p.27) Considera que a corrupção é suma importância para manutenção
e evolução do Crime Organizado no Brasil. A corrupção de agentes públicos e políticos no
Brasil, gera aos cofres públicos grandes prejuízos com o desvio de grandes quantias em
dinheiro para paraísos fiscais no exterior.

Nos últimos anos, é possível se perceber que as organizações criminosas no Brasil têm
adquirido estruturas empresariais, que são definidas através da globalização, que
proporcionou certos sistemas avançados, que possibilitou a evolução destas organizações
criminosas.

Com a evolução destas organizações e o advento do uso do mundo virtual por elas
surge uma nova modalidade de crime identificado como crimes cibernéticos.

2.1.6 CRIMES CIBERNÉTICOS

A dificuldade enfrenta pelos órgãos de segurança no combate o crime organizado no


Brasil e no mundo não é novidade para ninguém. Outro fato que é relevante neste contexto é o
investimento de organizações criminosas em crimes cibernéticos, que ao longo do tempo
20

tomaram proporções preocupantes, o que fez com que a segurança pública voltasse seus olhos
para esta “nova” modalidade de crime. O campo de atuação desta modalidade de crime não
tem fronteiras o que dificulta e muito seu combate. Os órgãos de segurança recentemente têm
investido em pessoal especializado e material tecnológico de ponta para tentar combater este
crime com chances de obterem êxito.

O histórico dos crimes cibernéticos, por sua vez, remonta à década de 1970, quando,
pela primeira vez, foi definido o termo “hacker”, como sendo aquele indivíduo que,
dotado de conhecimentos técnicos, promove a invasão de sistemas operacionais
privados e a difusão de pragas virtuais. Contudo, a universalização do termo
“hacker” acompanhou o crescimento e a popularização da internet, ocorridos na
década de 1990, sendo hoje muito comum, havendo inclusive subdivisões, como
“hacker” (aquele que invade sistemas e computadores, furtando senhas, propagando
vírus e cavalos de tróia) e “cracker” (aquele que sabota e pirateia programas de
computador, fornecendo senhas e chaves de acesso obtidas de forma ilegal),
“lammer” (aquele que possui conhecimentos limitados de informática e não possui
grande potencial ofensivo), “spammer” [aquele que invade a privacidade de outrem
por meio da difusão de mensagens eletrônicas (e-mails) indesejadas], dentre outros
termos, cujo detalhamento é desnecessário para os objetivos do presente artigo.
(SILVEIRA, 2015)

Com o desenvolvimento da internet, foram sendo quebrados paradigmas sociais, em


paralelo com a ampliação descontrolada de informatização, a discussão envolvendo incidentes
ligados diretamente a crimes cibernéticos é uma matéria que esta sempre em pauta. Matéria
está que ganho mais destaque com a criação da lei que dispunha acerca da tipificação criminal
de delitos informáticos. (ALMEIDA et al., 2015)

Estes ataques cibernéticos relacionados com as falhas de segurança nas redes públicas
e privados na web se tornaram a principal dor de cabeça dos profissionais que atuam na
segurança da informação na web.

A internet hoje se popularizou no mundo com suas multi funções, contudo, se observa
que as leis e as regulamentações para seu uso não acompanharam esta evolução. Este fato faz
com que o combate a esta modalidade de crime praticada na rede mundial de computadores se
torne um desafio para as forças policiais.

No ano de 2012, foi sancionado pela então Presidente da República Dilma Rousseff à
Lei nº 12.737/2012, de 03 de Dezembro de 2012. Está lei ficou conhecida como “Lei Carolina
Dieckmann”, devido ao caso enfrentado pelo atriz quando teve suas fotos particulares vazadas
na internet. A lei sofreu algumas alterações no Código Penal Brasileiro, dando características
21

objetivas aos chamados “delitos ou crimes informáticos”. A lei acresceu os artigos 154-A e
154-B e alterou os artigos 266 e 298 do Código Penal brasileiro (FRANCESCO, 2014).

A lei se tornou notável, pois antes mesmo de sua publicação e sancionamento, já era
conhecida como a “Lei Carolina Dieckmann”. Este nome se deu devido ao episódio sofrido
pela atriz Carolina Dieckmann, a qual teve seu computador invadido por hackers que
divulgaram suas fotos na internet. (OLIVEIRA JÚNIOR, 2013).

Esta nova lei tem como objeto classificar crimes semelhantes ao fato ocorrido com
Carolina, em que as vitimas tenham seus tablets ou smartphones invadidos através da internet
ou não, com o objetivo de obter, adulterar ou destruir dados ou informações. O objetivo da
legislação é o resguardo da intimidade, porém sabemos que isso não é possível garantir de
fato.

As redes de computadores são utilizadas de várias formas na pratica de crimes, sendo


que podemos destacar a utilização da Engenharia Social como uma das principais ferramentas
utilizadas por estes “criminosos anônimos”. Engenharia social é um conjunto de habilidades
utilizadas pelo criminoso com o intuito de conseguir que a vítima forneça dados pessoais ou
realize uma tarefa ou execute um programa, através da internet.

Os profissionais brasileiros atribuem o sucesso dos ataques, principalmente aos fatores


(COMPUTERWORLD, 2015):

a) falta de conhecimento do usuário sobre os riscos de segurança cibernética (46%);


b) sofisticadas táticas de engenharia social (32%);
c) uso de serviços pessoais via web (30%);
d) políticas de uso de dispositivos pessoais no ambiente de trabalho (30%).

As formas de prática de crimes pela internet são inúmeras, considerando-se o


dinamismo da tecnologia da informação. Sendo essencial para o êxito na investigação deste
crime, identificar a ferramenta utilizada para que ai se possa traçar uma linha de investigação.

Os crimes cibernéticos se tornaram um desafio para os órgãos de segurança pública


que os combatem. A necessidade de investimentos e preparação das polícias, do ministério
público e do judiciário é uma demanda a ser tratada em caráter emergencial por nossos
governantes, para que a resposta no combate a este crime tenha mais eficiência e qualidade.

O cenário das ameaças na web é bastante complexo, conforme relata EMM (2010):
22

Os cibercriminosos usam uma grande variedade de truques para sequestrar os


computadores das pessoas e ganhar dinheiro ilegalmente. Essas ameaças incluem
Trojans de muitos tipos diferentes, worms, vírus e código de exploração que permite
a malwares fazerem uso de vulnerabilidades no sistema operacional ou aplicações.
Os cibercriminosos também empregam uma variedade de técnicas sofisticadas para
esconder a atividade do malware ou torná-lo difícil para os pesquisadores de
antivírus encontrar, analisar e detectar códigos maliciosos.

Neste contexto o Relatório Norton Cyber Security Insights (2016), mostra através de
relatório os números virtuais dos crimes cibernéticos:

Os crimes virtuais em números:


689 milhões de pessoas em 21 países foram vítimas de algum tipo de crime no
ambiente virtual em 2016.
US$ 126 bilhões é o prejuízo estimado pelas pessoas que sofreram algum ataque
cibernético desde 2015.
19,7 horas é o tempo médio necessário para solucionar os problemas causados pelos
hackers.
51% dos consumidores acreditam estar cada dia mais difícil se proteger no ambiente
virtual.
20% dos usuários de dispositivos domésticos conectados não possuem nenhuma
medida de proteção em seus computadores.
61% dos usuários afi rmaram que inserem dados fi nanceiros online quando estão
conectados em um Wi-Fi público.

Percebe-se que não temos a cultura de prevenção no ambiente virtual o que já foi
comprovado como um dos melhores remédios contra ataques cibernéticos, conforme consta
no Relatório Norton Cyber Security Insights (2016):

COMO SE PROTEGER DE ATAQUES VIRTUAIS


1 - Mantenha o sistema operacional do computador sempre atualizado.
2 - Verifique as configurações de segurança do computador.
3 - Procure instalar e atualizar os softwares com antivírus e firewall.
4 - Não abra mensagens de pessoas ou instituições desconhecidas.
5 - Proteja as suas informações pessoais.
6 - Verifique diariamente os extratos bancários das suas contas.
7 - Crie senhas complexas e seguras com uma combinação de números, letras e
símbolos.
8 - Faça cópias de segurança constantemente.
9 - Use ferramentas para acompanhar seu banco de dados em tempo real.
10 - Invista em treinamento e conscientização de seus funcionários.
11 - Não acesse links desconhecidos e tenha cuidado com downloads.
12 - Evite clicar em ofertas imperdíveis de produtos, avisos de cobrança e notícias
sensacionalistas falsas, pois podem esconder armadilhas virtuais.

Dentro desta ideia destacamos a importância da inteligência como ferramenta a ser


utilizada no combate aos crimes cibernéticos. Tendo papel importante na busca e coleta de
informações através do uso das fontes disponíveis de pesquisa que auxiliam na identificação e
proteção contra ameaças cibernéticas.

Neste contexto colocasse em referência a Inteligência Cibernética que atua com o


objetivo de obtenção, análise e a capacidade de produção do conhecimento, com base nas
23

ameaças virtuais existentes na web. A atuação desta inteligência no ambiente virtual


proporciona ao Estado, organização ou empresa privada, uma melhor qualidade e eficiência
no combate a estas ameaças virtuais, através dos documentos emitidos pelos órgãos de
inteligência que irão ajudar nas tomadas de decisões e na resposta imediata sempre em defesa
da segurança virtual. (WENDT,2012)

Segundo WENTD 2012, Inteligência Cibernética é:

Com isso, a Inteligência Cibernética nada mais é do que um processo que leva em
conta o ciberespaço, objetivando a obtenção, a análise e a capacidade de produção
de conhecimentos baseados nas ameaças virtuais e com caráter prospectivo,
suficientes para permitir formulações, decisões e ações de defesa e resposta
imediatas visando à segurança virtual de uma empresa, organização e/ou Estado.

Seguindo este raciocínio WENDT 2012, relata que os conteúdos de abrangência da


Inteligência Cibernética são:

1. Os ataques às redes, públicas ou privadas, e às páginas web.


2. Análise das vulnerabilidades sobre as redes, sistemas e serviços existentes,
enfocando o entrelaçamento à teia regional, nacional e/ou mundial de computadores.
3. Constante análise e acompanhamento dos códigos maliciosos distribuídos na web,
observando padrões, métodos e formas de disseminação.
4. Enfoque na engenharia social virtual e nos efeitos danosos, principalmente nas
fraudes eletrônicas.
5. Mais especificamente, monitorar as distribuições de phishing scam e outros
códigos maliciosos (malwares), tanto por web sites quanto por e-mail e as demais
formas de disseminação, com atenção especial para as redes sociais e os
comunicadores instantâneos de mensagens.
6. Observação e catalogamento dos casos de espionagem digital, com abordagem
dos casos relatados e verificação dos serviços da espécie oferecidos via internet.
7. Intenso monitoramento a respeito de adwares, worms, rootkits, spywares, vírus e
cavalos de tróia, com observância do comportamento, poliformismo, finalidade e
forma de difusão.
8. Detectar e monitorar os dados sobre fraudes eletrônicas e o correspondente valor
financeiro decorrente das ações dos criminosos virtuais.
9. Monitoramento da origem externa e interna dos ataques e dadistribuição dos
códigos maliciosos, possibilitando a demarcação de estratégias de prevenção e/ou
repressão.
10. Verificação e catalogamento das ações e dos mecanismos de hardware e
software de detecção de ameaças e de respostas imediatas às ameaças virtuais.
11. Ao final, proposição de políticas de contingência para os casos de
ciberterrorismo, preparando os organismos públicos e privados em relação às
ameaças existentes e, em ocorrendo a ação, procurando minimizar os efeitos
decorrentes através por meio do retorno quase que imediato das infraestruturas
atingidas.

Para termos uma ideia da real magnitude das ameaças virtuais, podemos analisar
outros dados estatísticos, como os divulgados por empresas de antivírus, que ajudam no
entendimento do tema e como ele atinge os diversos setores. É o exemplo das pequenas e
24

médias empresas que são diretamente afetadas com a subtração de informações, conforme diz
SAMPAIO (2010):

Existem diversos estudos mostrando que as ameaças cibernéticas têm crescido


significativamente entre as empresas brasileiras, de todos os tipos e tamanhos. Esses
ataques, em grande parte, têm como objetivo o roubo de informações, incluindo
dados de contas bancárias ou cartões de crédito. O Relatório Symantec 2010 sobre
Segurança da Informação nas Empresas mostra que as empresas da América Latina
perdem mais de US$ 500 mil por ano em decorrência de ataques virtuais. Realizada
em janeiro deste ano, a pesquisa aponta que 49% das companhias latinoamericanas
foram alvo de algum tipo de ataque pela rede nos últimos 12 meses e que 48% das
empresas brasileiras já perderam algum tipo de dado confidencial ou proprietário
nos últimos meses.

CANONGIA e MANDARINO JR (2009) se manifestam em relação ao tema


“segurança cibernética”, dizendo que:

A Segurança Cibernética vem, assim, se caracterizam-se cada vez mais como uma
função estratégica de governo, e vez mais como uma função estratégica de governo
essencial a manutenção e preservação das infraestruturas criticas de um país, tais
como saúde, energia, defesa, transporte, telecomunicações, da própria informação,
entre outras.

Neste contexto de combate aos crimes cibernéticos podemos citar os Estados que
possuem órgãos específicos de combate a esta modalidade criminosa:

 Rio Grande do Sul - Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos do


Departamento Estadual de Investigações Criminais (DRCI/DEIC);

 Distrito Federal - Divisão de Repressão aos Crimes de Alta Tecnologia (DICAT);

 Paraná - Núcleo de Combate aos Cibercrimes (NUCIBER);

 São Paulo – 4ª Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos


(DIG/DEIC);

 Rio de Janeiro – Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI);

 Espírito Santo - Delegacia de Repressão a Crimes Eletrônicos (DRCE);

 Minas Gerais - Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos


(DEICC);
25

 Piauí - Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Alta Tecnologia


(DERCAT);

 Pará - possui a Delegacia de Repressão aos Crimes Tecnológicos (DRCT);

 Tocantins - Divisão de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC);

 Maranhão - Departamento de Combate aos Crimes Tecnológicos, vinculado à


Superintendência Estadual de Investigações Criminais – (DCCT/SEIC);

 Pernambuco – Delegacia de Policia de Repressão aos Crimes Cibernéticos


(DRCC);

 Sergipe - Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC);

 Bahia - Grupo Especializado de Repressão aos Crimes Eletrônicos (GME);

 Mato Grosso - Gerência Especializada de Crime de Alta Tecnologia (GECAT).

No Brasil podemos citar como os principais delitos cibernéticos os seguintes crimes:

 A pornografia infantil;

 As fraudes bancárias;

 Os crimes contra a honra (injuria, calúnia e difamação);

 A apologia e incitação aos crimes contra a vida;

 O tráfico de drogas

Para que possamos enfrentar esta modalidade criminosa que se mostra tão bem
estruturada devemos estabelecer processos de educação regular dos profissionais de
inteligência e de segurança publica que trabalham diretamente na investigação dos crimes
cibernéticos.

ARAÚJO FILHO (2010), relata que estas ponderações são essenciais para o combate aos
crimes cibernéticos:

[...] métodos e as técnicas da Polícia convencional não são mais adequados à


finalidade de se lidar com um exército de criminosos invisíveis que estão espalhados
sem fronteiras, sem respeitar competências e sempre evoluindo como organização.
26

Igualmente, a polícia não procura incorporar modernas técnicas necessárias para


proteger a população contra o aumento do volume de tais crimes.

[...] O que é certo é que chegou o momento da iniciativa privada e do governo


trabalharem juntos para mudar este panorama sombrio. A mudança significativa é
necessária para garantir que a Internet não se torne o oeste selvagem do mundo da
tecnologia, onde os criminosos operam sem medo de proibição ou de repressão.

Neste cenário que se torna cada vez mais presente em nosso cotidiano é importante
ressaltar a importância da Inteligência como ferramenta de combate aos crimes praticados
através da internet. Percebe-se que no mundo virtual a coleta de provas é um desafio para o
investigador desta modalidade de crime, bem como entende-se que este profissional que atua
diretamente no combate aos crimes cibernético enfrenta inúmeras dificuldades que esbaram
na falta de regramentos do uso do ambiente virtual, o que dificulta a identificação de um
possível criminoso virtual.

2.2 O SISTEMA PRISIONAL NO BRASIL

No Brasil, a adoção do modelo moderno das prisões surgiu no século XIX, a partir das
construções de instituições públicas. Segundo (MINGARDI, 1998) o país adotou os modelos
estrangeiros (europeus e americanos), mas os apresentou de maneira particular, misturando
padrões, combinando o moderno e o tradicional, o liberalismo e a tradição escravocrata. A
primeira penitenciária na América Latina foi à casa de correção do Rio de Janeiro, que teve
sua construção iniciada no ano de 1834 e concluída em 1850.

O objetivo do sistema carcerário brasileiro é a harmônica integração social do


condenado e do internado, mas isso não ocorre, pois são infringidas terríveis violações aos
direitos humanos.

O sistema penitenciário brasileiro está em crise. A ocorrência de rebeliões e incidentes


violentos é uma mostra de que as prisões e delegacias não estão preparadas de modo eficaz e
que as autoridades não têm controle sobre essas instituições.

A ideia de ressocialização exposta no fluxo iluminista da escola clássica é agora


colocada sob a ideia de prevenção geral e especial, o suposto temor psicológico a punição e a
ideia de ressocialização pelo sistema, hoje a ideia de controle social parece se contentar com a
seleção de classes perigosas, especialmente das camadas sociais mais marginalizadas.
27

O sistema funciona como um depósito, pois até mesmo a requalificação visando o


mercado de trabalho não é mais necessária, em um quadro de desemprego estrutural, mesmo
que com o reaquecimento do mercado de trabalho formal no início do século XX em nosso
país.

A estigmatização, indubio pró estereotipo, a seletivização pelo controle social formal e


pelo controle social informal do imaginário social que permeia a questão da segurança pública
como nova doutrina de segurança social. No sentido de fortalecimento da agenda do
paternalismo penal, do Estado Penal Máximo e do Estado Social Mínimo.

A ideia da construção de mais presídios, para suprir o déficit de vagas para


aprisionados e o risco de uma agenda neoliberal que dentro da segurança pública modelada
pela ideia do Estado Mínimo leve a privatização do sistema prisional sob o álibi de sua
falência, em um processo semelhante ao que é feito com a Previdência Social, os focos de
corrupção, superfaturamento e terceirização que amplia gastos de forma clientelista insuflam
esta visão que já coloca a segurança patrimonial privada como uma grande indústria da
América Latina.

O crescimento e o crime e a violência no Brasil é segundo (ZALUAR, 2005) e


(CASTELS, 2003) consequência da disseminação da criminalidade organizada cuja maior
parte surge dentro dos presídios, sendo que o aumento da criminalidade e violência é um
fenômeno mundial.

Grupo de pessoas voltadas para atividades ilícitas e clandestina que possui uma
hierarquia própria e capaz de planejamento empresarial, que compreende a divisão
do trabalho e o planejamento dos lucros. Suas atividades se baseiam no uso da
violência e da intimidação, tendo como fonte de lucros a venda de mercadorias ou
serviços ilícitos, no que é protegido por setores do Estado. Tem como características
distintas de qualquer outro grupo criminoso um sistema de clientela a imposição da
lei do silêncio aos membros ou pessoas próximas e o controle pela força de
determinada porção do território (MINGARDI,1998)

Para (PORTO, 2008) ao referir o sistema penitenciário se tornou fator permanente de


tensão social, destaca que ele deve ser analisado em processo de conhecimento de formações
de facções criminosas que dominam grande parte de sua organização.
28

2.2.1 O SISTEMA PRISIONAL NO RIO GRANDE DO SUL

O Sistema Prisional do Rio Grande do Sul é administrado pela Superintendia dos


Serviços Penitenciários (SUSEPE), que é ligada diretamente ao governo do estado e à
Secretaria da Segurança Pública.
A SUSEPE foi criada através da Lei nº 5.745, de 28 de dezembro de 1968, recebendo
atribuições de ser responsável por planejar e executar a política prisional do Estado,
substituindo os Departamentos dos Institutos Penais. As prisões gaúchas eram administradas
pela Policia Civil, anteriormente a está lei, que desvinculou a Policia Civil desta
administração.
Neste momento o trabalho prisional passou a ser o foco, deixando de ser visto como
forma de punição, e se estabelecendo como um direito de todo o recluso.

O Sistema Prisional do Estado concebe unidades classificadas por albergues,


penitenciárias, presídios, Cadeias Públicas, colônias penais e institutos penais, os quais
acolhem presos do regime aberto, semiaberto e fechado, totalizando 106 (cento e seis)
estabelecimentos prisionais no estado.

2.2.2 A CRISE NO SISTEMA PRISIONAL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO


SUL
O crime organizado se fazendo valer da ausência do Estado, ao longo dos tempos se
instalou no sistema prisional e lá montou seus quarteis generais que funcionam como
“escritórios” do crime. O sistema prisional se tornou um campo fértil para atuação destas
organizações, que dele conseguem extrair adeptos para sua causa o que transformou as prisões
em verdadeiras fábricas de soldados do crime organizado.

O sistema prisional Brasileiro apresenta precariedade na solução de seus propósitos.


Por não ser um tema sonegado pela sociedade não há mobilização para que mudanças
ocorram, com isso o sistema se torna o ambiente ideal para propagação destas organizações
criminosas. (MALAGUETA, 2007)

Diante do desafio do “crime organizado”, uma investigação policial efetiva deve


contar com meios que permitam a obtenção de provas, o que torna necessária a
regulamentação adequada de diversos mecanismos ou técnicas especializadas de
investigação, tais como meios eletrônicos, uso de informantes e réus colaboradores,
operações encobertas, agentes infiltrados, investigações financeiras etc.. A luta
contra o crime organizado residirá principalmente do uso adequado desses
29

mecanismos ou técnicas de investigação e das ferramentas de aplicação da lei


desenvolvidas ao longo de muitos anos de experiência na repressão a esse fenômeno
criminológico. (FERRAZ, 2012)

No Estado do Rio Grande do Sul está realidade não é diferente, sendo que o sistema
prisional gaúcho já foi considerado um dos melhores do nosso País, segundo dados do
Ministério da Justiça, afirmando que o modelo aqui empregado devia ser seguido por outros
Estados do Brasil, tal referência à qualidade do sistema carcerário no Estado que era utilizado
de propaganda da eficiência do governo estadual na área de segurança pública.

Hoje está situação se inverteu no estado, que enfrenta uma crise carcerária por falta de
vagas no sistema, o que acarreta uma série de situações que refletem diretamente na segurança
pública do estado. A falta de investimentos em anos anteriores fez com que a capacidade dos
estabelecimentos não acompanhasse o crescimento da população carcerária.

O símbolo dessa situação é a Cadeia Pública de Porto Alegre (CPPA), conhecida


anteriormente como Presídio Central de Porto Alegre, um destaque negativo que atravessa as
fronteiras de nosso país e provoca repercussão internacional. Acabar com a superlotação do
Central é nossa prioridade na Secretaria da Segurança Pública. Pouco adianta enfrentarmos o
crime nas ruas e prender bandidos perigosos se as quadrilhas estiverem no comando dos
presídios e penitenciárias.
Comparado ao restante do país o sistema prisional do Rio Grande do Sul é considerado
bom, mas pode-se observar que não é bem assim, já que no Estado do Rio Grande do Sul
também acontecem violações aos direitos humanos dos prisioneiros.

Denúncias recentes vinculadas por juízes, e pela mídia mostram que o sistema se
deteriorou de forma exponencial se tornando tão terrível como o de outros Estados do Brasil,
apesar de já ter sido um modelo no passado.

A realidade dos presídios gaúchos difere das declarações das autoridades responsáveis
pela administração do sistema prisional. O que vemos hoje no estado são Delegacias de
Polícia lotadas de presos, por falta de vagas no sistema prisional. Esta situação de crise do
sistema prisional gaúcho já gerou uma solicitação de providências por parte da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) do estado, e tem causado temor por parte dos policiais civis que
atuam nestas Delegacias, que hoje nesta situação estão atuando como carcereiros sem o
devido conhecimento de função. Fato que evidência estas circunstâncias é o encaminhamento
30

de alvarás de soltura de presos para Delegados de Polícia, documento este que deveria estar
sendo encaminhado para Diretores de estabelecimentos prisionais.

Com o sistema prisional sem vagas, carceragem das Delegacias de Polícia lotadas,
viaturas da Polícia Militar mantendo dentro de seus xadrezes presos custodiados aguardando
vagas, não podemos mais dizer que nosso sistema prisional não está em crise.

A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) do estado do Rio Grande do


Sul relata que em nota oficial que trabalha diariamente na redução dos índices dos presos que
estão aguardando vagas no sistema prisional. Para isso os servidores realizam monitoramentos
diários junto às casas prisionais para que seja identificado o preso que tenha direito a
progredir de regime, fazendo com que isso novas vagas sejam abertas diariamente.

Desta forma, uma falsa ideia é divulgada de que a situação estaria sob controle nos
presídios gaúchos. Observa-se nos presídios gaúchos assim como no restante do país, dois
fatos históricos que perduram ao passar do tempo que são: Formas inadequadas de
confinamento de presos e há não ressocialização do apenado para ser novamente reintegrado a
sociedade.

As prisões públicas se enquadram na categoria serviços públicos tradicionais, ao lado


dos serviços de segurança pública e de defesa nacional uma vez que as externalidades geradas
são coletivas enquanto que a possibilidade de exclusão dos indivíduos que não contribuem
para manutenção do serviço é nula.

(PORTO, 2008), destaca que o sistema penitenciário se tornou matéria cativa quando
se trata de insegurança e tensão social. Relata ainda que devemos analisar a formação das
facções dentro do sistema para entendermos o crescimento e a consolidação destas lideranças
criminosas que “dominam” boa parte do sistema prisional no Brasil.

Estas lideranças se enraizaram no sistema prisional e criaram uma espécie de


escravidão por dívidas de seus subordinados, que após entrarem para as facções não consegue
mais se desvincularem dos grupos, pois são manipulados por estas pessoas. (ADONO,
SALLA, 2007)

Estes modus operandi de crime organizado, se baseia no apadrinhamento dos membros do


grupo com funções de liderança sob seus subordinados, que reflete na disputa de poder
destes grupos os quais saem fortalecidos nestas disputas. Há lei do silêncio é sagrada entre
estes grupos, imposta sempre pelas lideranças, que não há uma especialização em crime
determinado, e nasce em circunstâncias especiais e específicas, pois no sistema prisional
31

surgem a partir da liga de presos, sendo a modalidade denominada como “tradicional”.


(MINGARDI, 2007)

2.3 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL

A atividade de inteligência, segundo (DULLES, 1963), seria uma maneira de


expressar “lucides”: como uma “arte de profetizar”, ela está sempre em estado de alerta em
todas as partes do mundo. Ao produzir uma visão sobre os acontecimentos futuros, permite ao
Estado o “poder de antecipação” e, desta forma, uma “articulação privilegiada” na forma de
agir. Podemos dizer que sua principal característica é a produção de conhecimento, que
através de metodologia especifica de trabalho, coleta dados e os transforma em conhecimento.

Nesta mesma ideia, (GONÇALVES, 2009), dirigindo-se a (UGARTE, 2002),


conceitua inteligência levando em consideração os aspectos do "conhecimento, organização e
atividade", ressaltando a importância do conhecimento para o processo decisório, seja na área
militar ou nas esferas de direção da administração pública.

Na mesma linha de pensamento, (ANTUNES, 2002) diz que a atividade de


inteligência se tornou um mecanismo necessário para o estado na manutenção de suas
instituições democráticas, mais especificamente com o crescimento do crime organizado.

Para (NETO, 2009), utilizou-se definições já utilizadas costumeiramente pela doutrina


de inteligência, e definiu a atividade de inteligência como: [...] atividade permanente e
especializada de obtenção de dados, produção e difusão metódica de conhecimento, a fim de
assessorar um decisor na tomada de uma decisão, com o resguardo do sigilo, quando
necessário para a preservação da própria utilidade da decisão, da incolumidade da instituição
ou do grupo de pessoas a que serve. Tal atividade, em sentido amplo, abrange, ainda, a
prevenção, detecção, obstrução e neutralização das ameaças (internas e externas) às
informações, áreas, instalações, meios, pessoas e interesses a que a organização serve (contra
inteligência).

(NETO, 2009, p. 28) A atividade de inteligência no Brasil tem avançado


paulatinamente desde 1990, com a extinção do Serviço Nacional de Informação (SNI) e da
Secretaria de Assuntos de Defesa Nacional (Saden). Eventos como os atentados de 11 de
setembro de 2001 levaram a um foco renovado em ameaças não estatais e demandaram maior
investimento e menor controle dos sistemas de inteligência, que se converteram em um
32

instrumento de Estado ainda mais necessário e importante, o qual deve ser absorvido tanto
pelos políticos quanto pelo cidadão comum. (PACHECO; BRANDÃO 2010).

Após este período foram elaboradas novas organizações, sendo criada a Secretaria de
Assuntos Estratégicos (SAE), que comportava o Departamento de Inteligência (DI-AS), na
época ainda tínhamos o presidente Fernando Collor na presidência da república. Após sua
saída, assumiu a presidência Itamar Franco e reformulou a SAE, criando a Subsecretaria de
Inteligência (SSI). No entanto é salientado por (ANTUNES, 2002), que entre o período de
extinção do SNI e o ano de 1995, os órgãos que tinham a responsabilidade pelos setores de
inteligência civil, foram identificados por uma política de desinteresse dos poderes Executivo
e Legislativo.

O Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e a Agência Brasileira de Inteligência


(ABIN), foram criados no ano de 1999, através da Medida Provisória nº 813 e
regulamentados pela Lei 9.883 de 07 de dezembro de 1999. O SISBIN foi fundado com a
intenção de integrar as ações de planejamento e execução das atividades de inteligência em
todo País. Já a ABIN, tinha como principal objetivo assessorar o presidente da república em
suas tomadas de decisões. Na sua atualidade possui subordinação ao Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), e ao órgão central do Sisbin.

O SISBIN ficou responsável pela obtenção de dados, análise, produção e difusão de


conhecimento, com o objetivo de assessorar o poder executivo nas tomadas de decisão. O art.
4o da Lei 9.883 de 07 de dezembro de 1999, prevê quais órgãos devem constituir o SISBIN:

Art. 4º Constituem o Sistema Brasileiro de Inteligência:


I – a Casa Civil da Presidência da República, por meio do Centro Gestor e
Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia – CENSIPAM;
II – o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, órgão de
coordenação das atividades de inteligência federal;
III – a Agência Brasileira de Inteligência - ABIN, como órgão central do Sistema;
IV – o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública,
do Departamento de Polícia Rodoviária Federal e da Coordenação de Inteligência do
Departamento de Polícia Federal;
V – o Ministério da Defesa, por meio do Departamento de Inteligência Estratégica,
da Subchefia de Inteligência do Estado-Maior de Defesa, do Centro de Inteligência
da Marinha, do Centro de Inteligência do Exército, da Secretaria de Inteligência da
Aeronáutica;
VI – o Ministério das Relações Exteriores, por meio da Coordenação-Geral de
Combate a Ilícitos Transnacionais;
VII – o Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria-Executiva do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras, da Secretaria da Receita Federal e do Banco
Central do Brasil;
VIII – o Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Secretaria-Executiva;
IX – o Ministério da Saúde, por meio do Gabinete do Ministro e da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA;
33

X – o Ministério da Previdência e Assistência Social, por meio da Secretaria-


Executiva;
XI – o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do Gabinete do Ministro;
XII – o Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria-Executiva; e
XIII – o Ministério de Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de
Defesa Civil.

Após está fase muitos decretos e portarias foram expedidas, do mesmo modo leis
específicas também, causando confrontos na atividade de inteligência no Brasil. No ano de
2000, o Decreto Executivo 3.695 criou o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública
(Sisp), tendo como componentes o Departamento de Polícia Federal, o Departamento de
Polícia Rodoviária Federal, o Ministério da Justiça, o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf), a Coordenação de Pesquisa e Investigação (Copei), a Secretaria da
Receita Federal (SRF), o Ministério da Fazenda, os membros do Ministério da Integração
Regional, do Ministério da Defesa, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República, além das Polícias Civil e Militar dos 26 estados e do Distrito Federal. Também em
2002, por meio de uma Medida Administrativa do Ministro da Defesa (Portaria 295 – MD),
foi criado o Sistema de Inteligência de Defesa (Sinde), sistema este criado para criar um
vinculo entre os sistemas de inteligência das forças armadas.

O Plano Nacional de Segurança Pública divulgado no ano de 2000 pelo Governo


Federal, já previa a do Sisp, criado pelo Decreto 3.695, de 21 de dezembro de 2000, o qual
tinha como finalidade principal gerenciar as atividades de Inteligência de Segurança Pública
(ISP) em todo o País.

Neste mesmo raciocínio vamos recordar brevemente o histórico da atividade de


inteligência, para que possamos identificar este surgimento e posteriormente analisarmos a
importância dela na evolução e criação da atividade de inteligência prisional na área de
segurança publica. No século XVI, houve uma afirmação dos serviços de inteligência na
Europa, isso em virtude na época dos conflitos sociais enfrentados pelos estados e da
necessidade de controle desta crise.

Podemos dizer baseados em (CASTRO; RONDON 2009), que o nascimento dos


serviços nacionais de inteligência está atrelado diretamente à diplomacia, que servia para
aproximação e coleta de dados que posteriormente eram transformados em conhecimentos
que eram utilizados conforme a demanda de cada governante. Já no decorrer dos anos houve a
evolução destes serviços que hoje são indispensáveis nas áreas de segurança no cenário
34

internacional. O exemplo desta consolidação é o serviço de inteligência norte-americano


(CIA), o (SIS) britânico, a (DGSE) francesa e o (Mossad israelense) conforme relata (CEPIK,
2003).

Por fim nos retratando aos dias atuais do nosso país, os serviços de inteligência estão
regidos pela Doutrina Nacional de Inteligência que teve sua última atualização, através da
publicação da portaria n.º 2, de 12 de janeiro de 2016, que aprovou a Doutrina Nacional de
Inteligência de Segurança Pública, 4ª edição, de acordo com as deliberações do conselho
especial do SISP.

2.3.1 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Conforme (ARAÚJO, 2004), a atividade de inteligência é comparada com a


humanidade referente à sua antiguidade. Isto porque a busca pelo conhecimento é inerente ao
ser humano. No seu inicio o campo de ação era o militar da onde surgiu, utilizando-se de
técnicas de infiltração. Sendo que no início do século XX, alguns países já possuíam serviços
de inteligência estruturados.

SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA DA POLÍCIA MILITAR

AGÊNCIA CENTRAL DE INTELIGÊNCIA DA POLICIA MILITAR (ACI-


PM)

Neste contexto histórico houve a evolução e a criação do serviço de inteligência da


Policia Militar no estado do Rio Grande do sul, conforme ordem cronológica dos fatos que
levaram a criação do que hoje é a Agência Central de Inteligência da Polícia Militar do Estado
do Rio Grande do Sul:

 1948 – RGBM – Regulamento Geral da BM – Decreto 67 de 14 Ago 1948 – Art.


119 – Estabelece as atribuições da 2ª Seção; At. 120 Estabelece a missão do Chefe
da 2ª Seção.
 1969 – Decreto Lei n° 667 – 02 Jul 69 – Reorganiza as PM – Força Auxiliar
Reserva do EB;
 1981 – Lei 7576/81 – LOBBM – Lei de Organização Básica da BM – Estado
Maior – Chefia e (seis) Seções;
35

 1989 – Constituição Estadual – Art. 125 § único – O Estado só poderá operar


serviços de informações que se refiram exclusivamente ao que a lei defina como
delinquência;
 1997 – Fusão 2ª Seção c/ 3ª Seção – SIOT-EMBM Lei n°10.991/97 – LOBBM.
 2002 – Elaboração do Regulamento Interno da Brigada Militar (RIBM) – Art. 9°,
inciso III – Cria a Seção de Inteligência Organizacional (SIO).
 2004 – Decreto 42.871/04 – Cria a 2ª Seção de Inteligência – PM2.

Após este breve relato dos fatos históricos que culminaram coma criação do serviço de
inteligência na Polícia Militar, é também importante citar que a Lei 9883/99 criou a ABIN e
Institui o Sistema Brasileiro de Inteligência – Sisbin, ao qual a Inteligência da Policia Militar
é integrante.

SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA DA POLÍCIA CIVIL

GABINETE DE INTELIGÊNCIA E ASSUNTOS ESTRATÉGICOS DA


POLICIA CIVIL (GIE-PC)
O Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos - GIE - é órgão, em nível de
departamento na estrutura da Polícia Civil, integrante do subsistema de inteligência do
Estado, compete prestar assistência e assessoramento ao Gabinete do Chefe de Polícia e
coordenar os órgãos da Polícia Civil em matéria de inteligência policial e análise criminal.

O GIE faz parte do SISPE - Subsistema de Inteligência do Estado do Rio Grande do


Sul -, que trata da Inteligência de Segurança Pública - ISP e é coordenado pelo Departamento
de Inteligência de Segurança Pública da Secretaria de Segurança Pública. Também, faz parte
do SISBIN-RS - Sistema Brasileiro de Inteligência no RS, coordenado neste Estado pela
SERS-ABIN - Superintendência Estadual do Rio Grande do Sul da Agência Brasileira de
Inteligência.

O GIE foi estruturado através do Decreto Estadual 44.059, de 11 de outubro de 2005 e


faz parte dos órgãos de Assistência e Assessoramento vinculados ao Chefe de Polícia do
estado.
36

SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA DA SUPERINTENDÊNCIA DOS SERVIÇOS


PENITENCIÁRIOS

DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – (DIPEN - SUSEPE)

A Divisão de Inteligência Penitenciária foi criada para atuar dentro do sistema


prisional gaúcho, com o objetivo de assessorar as tomadas de decisões no que se refere a
sistema prisional no estado. A Divisão foi criada no ano de 2005 pelo Gabinete do
Superintendente da Susepe conforme portaria abaixo:

PORTARIA Nº. 105/2015 – GAB/SUP


Fica instituída, na estrutura da SUSEPE, a Divisão de Inteligência Penitenciária,
unidade vinculada ao Departamento de Segurança e Execução Penal, que tem por
finalidade o exercício permanente e sistemático de ações especializadas para a
identificação, acompanhamento e avaliação de ameaças reais ou potenciais na esfera
do Sistema Penitenciário.
§ 1º. A Divisão de Inteligência Penitenciária tem a função de produzir e
salvaguardar conhecimentos necessários à decisão, ao planejamento e à execução de
uma política penitenciária e, também, para prevenir, obstruir, detectar e neutralizar
ações adversas de qualquer natureza dentro do Sistema Penitenciárias e atentatórias
à ordem pública.
§ 2º. Fica instituída uma Seção de Inteligência em cada Região Penitenciária
subordinada à Divisão de Inteligência Penitenciária.
§ 3º. Os servidores da Inteligência Penitenciária podem realizar capacitação.

A Divisão de Inteligência de SUSEPE é regida pela Doutrina Nacional de Inteligência


(DIPEN), que foi instituída pelo Departamento Penitenciário Nacional – através da Portaria nº
125, de 6 de maio de 2013.

SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA DA SECRETARIA DE SEGURANÇA


PÚBLICA

DEPARTAMENTO DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA – (DISP-


SSP)

O Departamento de Inteligência de Segurança Pública foi criado através do Decreto nº


45.477, de 14 de fevereiro de 2008, compete planejar, coordenar e supervisionar a
implementação da política e da gestão de inteligência no âmbito da Secretaria, executando-a
por intermédio da busca e da análise de fatos, dados e informações que propiciem a produção
do conhecimento, para subsidiar a prevenção e a repressão da violência e da criminalidade,
bem como executar outras atividades correlatas que lhe venham a ser atribuídas pelo
Secretário de Estado.
37

2.3.2 INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA

Os serviços de Inteligência passam a ser fator fundamental do Estado no combate à


criminalidade organizada. Considerando a existência desse tipo de organização dentro dos
presídios e a constatação de que o crime organizado não se extinguira mesmo após operações
policiais (MINGARDI, 2007).

Os agentes públicos responsáveis pela custódia de documentos, materiais, áreas,


comunicações e sistemas de informações de natureza sigilosa estão sujeitos às regras
referentes ao sigilo profissional, em razão do ofício e ao seu código de ética
específico. (Art. 55 do Dec. nº 2.910, de 29 Dez 98)

A atividade de Inteligência Penitenciária (IPEN) é o exercício permanente e


sistemático de ações especializadas para a identificação, acompanhamento e avaliação de
ameaças reais ou potenciais na esfera do Sistema Penitenciário. Estas são basicamente
orientadas para a produção e salvaguarda de conhecimentos necessários à decisão, ao
planejamento e à execução de uma política penitenciária e, também, para prevenir, obstruir,
detectar e neutralizar ações adversas de qualquer natureza dentro do Sistema Penitenciário e
atentatórias à ordem pública. (Doutrina Nacional de inteligência Penitenciária, 2013).

São finalidades da Inteligência de Segurança Penitenciária segundo o IAUPE –


Instituto a Fundação de Apoio a Universidade de Pernambuco:

Proporcionar diagnósticos e prognósticos sobre a evolução de situações de interesse do


Sistema Penitenciário, subsidiando seus usuários no processo decisório;

Contribuir para que o processo interativo entre usuários e profissionais de Inteligência


produza efeitos cumulativos, aumentando o nível de efetividade desses usuários e de suas
respectivas organizações;

Subsidiar o planejamento estratégico integrado do Sistema e a elaboração de planos


específicos para as diversas organizações do Sistema de Segurança Pública;

Apoiar diretamente com informações relevantes as operações de segurança do Sistema


Penitenciário;

Prover alerta avançado para os responsáveis civis e militares contra crises, grave
perturbação da ordem pública, ataques surpresa e outras intercorrências;
38

Auxiliar na investigação de delitos de qualquer natureza nas dependências do Sistema


Penitenciário.

A atividade de inteligência relativa à criminalidade pode ser dividida em três grandes


áreas: de segurança pública ou criminal, inteligência policial e inteligência prisional
(PACHECO, 2005).

Na concepção de (ARAÚJO, 2009) além da inteligência governamental que trata da


atividade do Estado, existe a atividade de segurança pública que está voltada para as questões
específicas da segurança pública que está voltada para questões específicas da sociedade.

A inteligência aplicada aos serviços de polícia judiciária e segurança pública, em geral


fornece informações no enfrentamento de grupos criminosos, identificação de ações
criminosas e seus integrantes (GOMES, 2009).

A inteligência prisional penitenciária se caracteriza pela obtenção, análise e


disseminação de conhecimento para as autoridades com responsabilidade sobre a gestão do
sistema penitenciário, sobre fatos e situações ocorridas no sistema prisional de imediata ou
potencial influência sobre o processo decisório, para assegurar que, com oportunidade e
eficácia, sejam adotadas medidas que neutralize tais óbices em defesa da sociedade
(VENTURA, 2006).

Nesse sentido, para a eficácia da inteligência prisional:

O Estado tem que promover o compartilhamento de dados com estabelecimento de


canais formais. Há banco de dados institucionais da Polícia Federal, das Polícias
Militares, Civis e dos Estados, Polícia Rodoviária Federal, Exército, Marinha,
Aeronáutica, Agência Brasileira de Inteligência, dos Departamentos Estaduais de
Transito, bancos de dados policiais das delegacias especializadas em lavagem de
dinheiro, imigração ilegal, roubo a banco, roubo e furto de veículo e, ainda, os não
policiais como os da Receita Federal, Instituto Nacional de Seguro Social, Cadastro
Nacional de Informações Sociais, Tribunais Regionais Eleitorais, Associações
Comerciais dos Estados, dentre outros, mas os setores responsáveis pelo
gerenciamento dos dados respectivos não interagem, gerando falta de eficiência dos
órgãos públicos no combate ao crime organizado, as facções criminosas e a
criminalidade de massa. Outro fator preocupante é a perda do conhecimento quando
o detentor do banco de dados não providencia uma interface amigável de
comunicação com outros cadastros e quando um policial interessado monta sua
própria base de dados, com extraordinária dedicação e compromisso público na
ausência de iniciativa governamental, sem que o Estado se preocupe com sua
continuidade ou aperfeiçoamento (MARTINS, 2007)

A atividade de inteligência prisional, dessa forma, subsidiará a administração prisional


com informações capazes de auxiliar e facilitar a elaboração de um plano estratégico de
políticas institucionais em níveis de segurança, ao mesmo tempo em que criará uma relação
39

de confiança com outras redes e órgãos de inteligência inserindo o sistema prisional em vasta
rede de inteligência, possibilitando a sistematização no tratamento de dados e informações
facilitando o cruzamento de grandes quantidades de informações.

(MINGARDI, 2007) Salienta que o setor de inteligência penitenciária não é valorizado


e que não há investimentos necessários ao teor de sua importância. Quando se verifica que no
âmbito nacional já são efetuadas operações de larga escala contra civis e forças policiais por
grupos do crime organizado que mostraram sua capacidade por meio de atentados ocorridos
no sistema prisional.

Para (GOMES, 2009) a criminalidade organizada no Brasil tem avançado de forma


significativa, e seu foco, no âmbito da segurança pública é principalmente, o combate às
organizações criminosas dentro de unidades prisionais. O autor sustenta também que deve
haver uma necessidade cada vez maior de técnicas modernas de inteligência.

(MINGARDI, 2007) sustenta que o setor de inteligência penitenciária não é valorizado


e que não há investimentos necessários ao teor de sua importância. Quando se verifica que no
âmbito nacional já são efetuadas operações de larga escala contra civis e forças policiais por
grupos do crime organizado.

Segundo (PACHECO, 2010), a atividade de inteligência no Brasil tem uma motivação


primária que se resume em evitar a formação do crime organizado e uma secundária que se
refere ao monitoramento à identificação e análise das estatísticas.

Com o objetivo de aumentar a segurança do sistema de inteligência e se as


correspondências enviadas aos presos possibilitam o planejamento de crimes ou permitem
ordens para sua execução elas são objeto de controle sob o argumento de que o interesse da
coletividade supera o interesse individual, nesse viés:

Os agentes públicos do sistema prisional abrem as correspondências antes de


entregá-las aos presos em razão da necessidade em se verificar os seus conteúdos
esse contém materiais proibidos. Não fazê-los seria permitir a continuidade do
planejamento do crime através desse meio de comunicação. As correspondências
tipo sedex, quando o equipamento de raios-x da unidade prisional identifica alguma
possibilidade de conter armas ou drogas, também são abertas antes de chegar às
mãos do preso. Não poderia ser diferente. É indefensável a posição daqueles que
interpretam a norma de forma literal como direito absoluto (MARTINS, 2007, P.
247)

Nesse sentido podemos observar os objetivos principais da inteligência prisional


destacando-se que não se trata de uma pré-investigação e sim uma construção de
40

conhecimento dentro de nexos temporais objetivando mapear a estrutura do crime organizado


no contexto do sistema prisional.

CONTRA INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA

A contrainteligência penitenciária é uma atividade voltada à salvaguarda de


informações sensíveis e a neutralização da inteligência adversa. Tem por objeto a detecção,
identificação, prevenção, obstrução e neutralização das ameaças internas e externas ao sistema
penitenciário.

A contrainteligência para atingir seus objetivos de prevenir e obstruir a segurança


orgânica planeja e implementa um conjunto de normas, medidas e procedimentos todos
intimamente ligados, como segurança pessoal, voltada para os recursos humanos; segurança
da documentação dirigida para os documentos de inteligência no sentido de evitar vazamentos
dos mesmos; segurança das instalações voltados para os locais onde são elaborados
documentos sigilosos; segurança do material voltada para preservação de materiais; segurança
das comunicações voltada para preservação das comunicações, segurança das operações
voltada para preservação das operações policiais e segurança da informática voltada para
preservação os sistema de informática e garantir seu funcionamento.

O objetivo da Doutrina é subsidiar o planejamento de políticas públicas, difundir


procedimentos e tornar a inteligência penitenciária um instrumento de combate ao
crime organizado dentro e fora dos presídios. "Torna-se imprescindível como
arcabouço para o mapeamento dos líderes e facções criminosas que, a partir dos
estabelecimentos penais, tecem suas conexões e orquestrações ilícitas extra-muros,
colocando em risco a segurança e a ordem pública", diz o documento, ao qual o
jornal O Estado de S. Paulo teve acesso.A Doutrina lista uma série de "ações de
busca" que podem ser executadas - que "deverão ser sigilosas, independentemente
de estarem os dados (buscados) protegidos ou não", afirma o documento.As
operações de inteligência, segundo a Doutrina, "estão sempre sujeitas ao dilema
efetividade versus segurança". "Ainda que a segurança seja inerente e indispensável
a qualquer ação ou operação, a primazia da segurança sobre a efetividade, ou vice-
versa, será determinada pelos aspectos conjunturais", sustenta o documento. De
acordo com a Doutrina, "os documentos de inteligência receberão classificação de
acordo com o assunto abordado, nos termos da legislação em vigor" e "não poderão
ser inseridos em procedimentos apuratórios e deverão permanecer restritos as AI,
enquanto perdurar a classificação sigilosa". Além disso, os dispositivos de
comunicação dos agentes deverão ter segurança criptográfica. (MOURA, 2013)

A partir dessas ponderações e considerando, em especial, os princípios da eficiência e


proporcionalidade e do sigilo que regem o tema, defende-se a ideia de que a inteligência
prisional como inteligência da segurança pública, não busca produzir conhecimento com o
objetivo de imputar responsabilidade sobre fatos ocorridos, mas se antecipar a eles, visando o
41

Princípio da Eficiência da Administração Pública, ou seja, o atendimento as necessidades da


sociedade e do Estado com agilidade organização e aproveitamento dos recursos disponíveis.

3 O COMBATE AO CRIME ORGANIZADO E A UTILIZAÇÃO DA ATIVIDADE


DE INTELIGÊNCIA COMO FERRAMENTA DE TRABALHO

Cabe salientar que a evolução do crime organizado está diretamente ligada à falência e a
inoperância dos métodos de combate a esta modalidade de crime e a falta de investimento em
ferramentas de segurança publica que combatam com a devida eficiência este crime que vem
trazendo ao país danos irreversíveis.

Podemos dizer que o crime organizado está presente em praticamente todas as


atividades da sociedade e sua evolução se apresenta de maneira muito ágil. O combate a este
crime organizado é uma missão árdua e muito importante, que deve ser enfrentada e
executada pelos responsáveis pela administração pública em todas as esferas. (FERRAZ,
2012)

Definir crime organizado é muito importante, uma vez que ao fazê-lo, permite-se
conhecer quem é o inimigo, quais são as características e, com isso, controlá-lo.
Importante não só do ponto de vista prático, mas, também, legislativo, porque a lei
deve conter essa definição para satisfazer princípios constitucionais ligados tanto à
defesa, no julgamento, quanto a um processo justo. (FERRAZ, 2012)

O primeiro passo para combater o inimigo é conhecê-lo, portanto devemos apreender a


identificá-lo e saber todas as suas características, o que facilitara muito na escolha da
estratégia de ação mais correta a ser escolhida no combate as organizações criminosas
instaladas em nosso pais.

O crime organizado no Brasil funciona como uma “empresa” de sucesso e este bom
resultado está diretamente ligado à crise enfrentada no sistema prisional do Brasil. No Rio
Grande do Sul não é diferente, a recuperação do sistema penitenciário é um dos maiores
desafios da Secretaria da Segurança Pública do Estado. A falta de investimentos em anos
anteriores fez com que a capacidade dos estabelecimentos não acompanhasse o crescimento
da população carcerária.
42

3.1 FERRAMENTAS UTILIZADAS NO COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

O combate ao crime organizado hoje é uma luta diária enfrentada pelos órgãos de
segurança pública de todo o País. A investigação ao crime organizado é algo complexo que
necessita de ferramentas e mecanismos adequados a cada situação que se apresenta no
decorrer da investigação.

Alguns destes mecanismos, por exemplo, uso de meios eletrônicos, uso de informantes
e réus colaboradores, operações encobertas, agentes infiltrados, investigações financeiras, são
de extrema necessidade para quem combate este fenômeno criminológico.

FERRAMENTAS UTILIZADAS

MEIOS ELETRÔNICOS

A utilização de meios eletrônicos é uma das ferramentas mais importantes no combate


ao crime organizado que os setores de investigação criminal têm acesso. Os dados que são
obtidos por estas ferramentas são de extrema valia na investigação.

Por outro lado a obtenção destes dados é extremamente sensível no âmbito jurídico,
uma vez que se preocupa com os interesses da pessoa quanto a sua privacidade. Essa
preocupação, aliás, impõe uma série de restrições ao uso do suporte eletrônico.

Algumas das modalidades de captação eletrônica de provas:

a) interceptação telefônica;

b) escuta telefônica;

c) interceptação ambiental;

d) escuta ambiental;

e) gravação clandestina.

AGENTES INFILTRADOS

Esta modalidade pouco usada pela investigação policial, devido ao alto risco que o
agente infiltrado é exposto. Consiste em infiltrar, o agente ou o serviço de inteligência em um
ambiente dominado ou gerenciado por uma organização criminosa.
43

Já foi previsto na Lei n° 9.034/98, no inciso I do artigo 2°, sendo que posteriormente
foi vetado pelo Presidente da República. Com o veto presidencial, o dispositivo não entrou em
vigor, situação que se resolveu com o advento da Lei n° 10.217/2001 que previu no artigo 2°,
inciso V, o seguinte;

Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já


previstos em Lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas:
Inciso V: infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em 43 tarefas de
investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante
circunstanciada autorização judicial.

INFORMANTES

Uma das técnicas mais antigas, na investigação criminal, porém muito eficaz se tratada
com o devido cuidado. O informante é a pessoa que fornece dados/informes a um policial,
com relação a determinados fatos, circunstâncias ou pessoas.

O informante estava quase em desuso na atualidade, mais com o advento dos


aplicativos móveis de mensagens instantâneas, muito usadas pelas organizações criminosas,
por saberem da dificuldade da quebra de sigilo destes dispositivos, o informante novamente se
fez importante neste contexto.

DELAÇÃO PREMIADA

Trata-se de um benefício legal concedido a um criminoso “delator”, que aceite


colaborar na investigação ou entregar seus companheiros, previsto em diversas leis
brasileiras:

1) Código Penal;
2) Lei n° 8.072/90 – Crimes Hediondos e equiparados;
3) Lei n° 9.034/95 – Organizações Criminosas
4) Lei n° 7.492/86 – Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional;
5) Lei n° 8.137/90 – Crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo;
6) Lei n° 9.613/98 – Lavagem de dinheiro;
7) Lei n° 9.807/99 – Proteção a Testemunhas;
8) Lei n° 8.884/94 – Infrações contra a Ordem Econômica; e
9) Lei n° 11.343/06 – Drogas e afins.
44

FORÇA–TAREFA

É um grupo focado num determinado objetivo, que reúne todos os esforços


necessários para solução e combate de determinado crime. Força-Tarefa tem suas diretrizes
preestabelecidas quando se constata dentro de uma determinada região um problema crônico
de criminalidade, assim como o crime organizado, deve ser organizada de forma a combater
um problema pontual, “focado”.

Exemplo destas forças tarefas é a criação dos GAECO nos estados, que atua de forma
singular ou em parceria com o Promotor de Justiça natural de cada caso, se esse assim o
desejar, realizando investigações tanto no corpo de inquéritos policiais em andamento ou que
são requisitados e acompanhados pelo Grupo.

QUEBRA DO SIGILO FISCAL, BANCÁRIO E FINANCEIRO:

Esta ferramenta é de extrema importância para comprovarmos o enriquecimento ilícito


do investigado. Se considerarmos que o crime organizado funciona como uma empresa a
“investigação patrimonial” torna-se necessária, pois deve passar pelo fiscal, pelos bancos ou
pelas instituições financeiras.

Lei n° 9.034/95 – Combate as Organizações Criminosas

O artigo 2°, inciso III, da Lei n° 9.034/95, prevê como um dos meios de obtenção da
prova em relação às atividades desenvolvidas pelas organizações criminosas o
acesso a informações fiscais, bancárias e financeiras. Contudo, essa medida não
goza de exclusividade para a apuração da criminalidade organizada, estendendo-se
sua aplicação para a apuração de outras infrações penais.

A Lei n° 105, de 10 de janeiro de 2001 que, em seu artigo 3°, prevê que serão
prestados pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários e pelas
instituições financeiras as informações ordenadas pelo Poder Judiciário:

Poderá ser decretada, quando necessária para a apuração de ocorrência de qualquer


ilícito, em qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e especialmente em
relação aos seguintes crimes: I - terrorismo; II – de contrabando ou tráfico de armas,
munições ou material destinado a sua produção; III – tráfico ilícito de substâncias
entorpecentes ou drogas afins; IV – de extorsão mediante sequestro; V – contra o
sistema financeiro nacional; VI – contra a Administração Pública; VII – contra a
ordem tributária e a previdência social; VIII – lavagem de dinheiro ou ocultação de
bens, direitos e valores. (art. 1° § 4°)
45

INTELIGÊNCIA POLICIAL

Num atual contexto em que o crime organizado opera como se fosse uma verdadeira
empresa, é preciso que os setores da polícia não se circunscrevam aos métodos tradicionais,
baseados no isolamento, na auto-suficiência e no descompromisso com resultados.

A atividade de inteligência policial deve, portanto, se constituir na memória de toda a


organização, onde qualquer tipo de informação deve ser considerada, valendo-se para tal de
dados de investigações anteriores, das informações repassadas pelos policiais em geral e por
informantes, de publicações, do cadastramento criminal, de registros sobre o movimento de
criminosos e de seu modus operandi, do cadastro de identificação civil, de veículos, do setor
penitenciário, etc.

O conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. É preciso situar


as informações e dados em seu contexto para que adquiram sentido

3.1.1 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO CRIME


ORGANIZADO DENTRO DO SISTEMA PRISIONAL

A informação, como conhecimento necessário ao homem para a sua sobrevivência, é


tão antiga quanto ele próprio. Igualmente, os erros cometidos e as sanções correspondentes,
devido à falta de informações, perdem-se na origem dos tempos.

Podemos dizer que o crime organizado está presente em praticamente todas as


atividades da sociedade e sua evolução se apresenta de maneira muito ágil. O combate a este
crime organizado é uma missão árdua e muito importante, que deve ser enfrentada e
executada pelos responsáveis pela administração pública em todas as esferas. (FERRAZ,
2012)

Definir crime organizado é muito importante, uma vez que ao fazê-lo, permite-se
conhecer quem é o inimigo, quais são as características e, com isso, controlá-lo.
Importante não só do ponto de vista prático, mas, também, legislativo, porque a lei
deve conter essa definição para satisfazer princípios constitucionais ligados tanto à
defesa, no julgamento, quanto a um processo justo. (FERRAZ, 2012)

A troca de informações entre as agências de inteligência no combate ao crime


organizado é de extrema importância para que o trabalho desenvolvido obtenha êxito. Está
interação entre os serviços de inteligência preenche lacunas no decorrer de uma investigação
que no final do processo fará a diferença.
46

Nesse contesto Clarindo Castro e Edson Rondon, destacam que a inteligência de segurança
pública deve:

Ser institucionalizada e que tanto a polícia preventiva quanto como repressiva


podem e devem fazer uso da inteligência da segurança pública aplicada as suas
funções, ressaltando o caráter compartilhado de suas ações para coibir as ilhas de
excelência isoladas e desconexas com o sistema ou subsistema de inteligência.
(CASTRO; RONDON 2009)

Mas o serviço público não tem como agir sozinho. É preciso que a sociedade se
conscientize que a segurança pública não depende apenas de mais policiamento. Um sistema
prisional em condições de reabilitar quem cumpre pena é essencial. Da mesma forma que
oferecer uma oportunidade a quem sai da cadeia também é.

Neste mesmo contexto (WERNER, 2010), expõe que o estado necessita de


informações qualificadas e confiáveis, o que dará maior qualidade e norteará um possível
plano de operações, que tenha como objetivo a desarticulação destas estruturas criminosas.
Com estes dados qualificados, poderemos trabalha-lhos e transforma-los em informações
qualificadas que serão úteis nas tomadas de decisões. Estas informações produzidas são de
grande importância no combate da criminalidade dentro do sistema prisional (MINGARDI,
2007; GOMES, 2009).

3.1.2 O COMBATE AO CRIME ORGANIZADO ATRAVÉS DA TECNOLOGIA DA


INFORMAÇÃO (TI)

A Tecnologia de Informação (TI) tem cada vez mais ocupada seu lugar nas
organizações, na vida das pessoas e na sociedade em geral, seja por meio de fontes de
trabalho, educação ou entretenimento. (MOURA, 2004).

Segundo Albertin (2005), a Tecnologia de Informação (TI) esta sendo considerado um


dos componentes mais importantes do ambiente empresarial atual e vem sendo utilizada
intensamente, tanto em nível estratégico como operacional.

Na área de segurança pública este senário não é diferente, a Tecnologia de Informação


(TI) atrelada à área de inteligência se transformou na principal ferramenta que o Estado
dispõe no combate ao crime organizado.
47

O número de crimes que envolvem a tecnologia da informação, ao redor do mundo,


tem crescido assustadoramente. O uso indevido dos computadores e da tecnologia em geral
tem se transformado em uma ameaça global.

Neste contesto o Ministério da Justiça (MJ) através da Secretária Nacional de


Segurança Pública (SENASP) e da Coordenação Geral de Inteligência (CGI), possui um
projeto em andamento da criação e implementação do Laboratório de Crimes Cibernéticos e
Fontes Abertas – CYBER LAB, cujo objetivo é fomentar e efetivar estrutura capaz de
minimizar ações de organizações criminosas ou pessoas que se utilizam de tecnologias,
especialmente as atreladas a rede mundial de computadores para práticas delituosas.
Inicialmente, a unidade do CYBER LAB será implementada no âmbito da
CGI/SENASP/MJ e previsão futura de expansão para os estados.

Cabe salientar que o Laboratório de Crimes Cibernéticos ainda está em fase de projeto,
entretanto, a equipe do CYBER LAB identificou que nos Estados persiste uma dificuldade na
investigação de crimes cibernéticos próprios ou impróprios, desde o registro da ocorrência até
a finalização do relatório.

Neste contexto citamos a criação do Departamento de Comando e Controle Integrado -


DCCI, na Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul, que foi inaugurado no ano de 2014
para operar nas ações de Segurança Pública durante a Copa do Mundo no Brasil, mais
especificamente na cidade de Porto Alegre, uma das cedes da copa.

Ao DCCI compete:
Planejar, implementar e fiscalizar os serviços de atendimento e despacho integrado
de ocorrências policiais no âmbito do Centro Integrado de Comando e Controle,
facilitar o acesso da população aos serviços emergenciais da área da segurança
pública;
Coordenar e articular o intercâmbio entre os órgãos governamentais, com a
finalidade de contribuir para a otimização das políticas de segurança pública nas
áreas que envolvam liderança situacional; interagir, em especial durante grandes
eventos, com os órgãos afins para cumprir e fazer cumprir as atribuições daqueles
que tiverem assento no Centro Integrado de Comando e Controle;
Promover a articulação dos órgãos vinculados e afins, nos grandes eventos e em
operações sob liderança situacional, dirigidas à diminuição da violência e da
criminalidade;
48

Administrar os serviços de vide monitoramento e normatizar os procedimentos a


serem adotados para o armazenamento e disponibilização de imagens captadas de
espaços públicos, que tenham geração de imagens no Centro Integrado de Comando
e Controle;
Propor e acompanhar o cumprimento dos convênios, acordos, contratos, parcerias e
ajustes com órgãos públicos e privados, pertinentes ao DCCI, fiscalizando sua
execução;
Acompanhar o desenvolvimento dos sistemas para utilização pelo DCCI e propor
soluções para a sua otimização; demandar a implementação de novas tecnologias, de
forma a estimular e promover o aperfeiçoamento das atividades policiais,
principalmente nas áreas que envolvam liderança situacional;
Executar outras atividades correlatas ou que lhe venham a ser atribuídas pelo(a)
Secretário(a) de Estado. (DCCI, SSP RS).

Neste sentido podemos dizer que quando se investe em (TI) na área de Segurança
Pública, busca-se utilizar recursos analíticos de última geração suportados pelos sistemas de
informações, redes de dados e demais equipamentos de informática, como o hardware, para
realizar estudos estatísticos preditivos e comportamentais, de forma que se possam tomar
decisões táticas e estratégicas baseadas em resultados concretos, garantindo, assim, um maior
êxito das ações policiais.

Os recursos tecnológicos existentes são muitos e a atividade policial deve-se valer da


utilização destas ferramentas no combate as organizações criminosas.

A atividade policial ostensiva ou investigativa, já se utiliza da tecnologia da


informação há muitos anos, seja quando passou a utilizar computadores, redes de internet,
rádios transceptores, celulares, gps, softwares, etc.

Pode-se afirmar que sem a tecnologia da informação é quase que impossível combater
o crime organizado. Dentre os muitos recursos tecnológicos existentes citam-se alguns que
podem ser utilizados no combate ao crime organizado conforme abaixo descrito:

 Banco de dados integrado com a Segurança Pública do Estado, com sistema de


consulta de informações de interesse policial (mandados de prisão, desaparecidos, suspeito,
veículos, armas, entre outros), com acesso através de aplicativo próprio da área de segurança
com acesso nos dispositivos móveis (Notbook, Smartphone, Tablet, etc). Este acesso, por
49

exemplo, facilitara a atuação do agente público em campo em uma operação, qualificando e


determinando suas tomadas decisões no ambiente operacional (rua);
 Sistemas que identifique os fatores de resolução de crimes baseados em
evidências, que irão auxiliar na produção da prova material, identificando impressão digital
automaticamente, tipologia de código genético (dna), associação de projéteis com respectivas
armas de fogo, entre outros. Hoje a grande maioria dos Estados já digitalizou suas carteiras de
identidade, o que possibilita a criação de um banco de dados e esse banco de dados ser
disponibilizado para as policias através de programas que possam de forma imediata, em uma
simples abordagem na rua ser verificado se o individuo abordado trata-se dele mesmo;
 Georreferenciamento da área de atuação de organizações criminosas, com suas
respectivas características e dados relevantes, com acesso ao policial que atua diretamente
naquela determinada área através de acesso em aplicativo próprio do órgão de segurança ou
acesso através da internet nas viaturas de patrulha;
 Acesso à internet para pesquisa de dados e informações nas viaturas de
patrulha e de investigação policial;
 Instalação de câmeras (áudio e vídeo) nas viaturas policias interligadas com os
centros de controle que auxiliaram na identificação de possíveis suspeitos, placas de veículos,
etc. Bem como auxiliaram na fiscalização do serviço desenvolvido pelos órgãos policiais;
 Utilização de Drones no policiamento ostensivo e investigativo, o que facilitará
o serviço e qualificara os dados obtidos que posteriormente faram parte de relatórios
utilizados pelos tomadores de decisão;
 Utilização das ferramentas e técnicas forenses na investigação criminal e
inteligência policial;
 Utilização de software de análise e pesquisa nas áreas de investigação e
inteligência policial, com a análise de vinculo que mostra a atuação de uma determinada
quadrilha em determinado tipo de fato delituoso (exemplo I2);
 A utilização do sistema GUARDIÃO que realiza monitoração de voz e dados e
oferece recursos avançados de análise de áudio e identificação de locutores;
 Utilização das fontes abertas de pesquisa e redes sociais através da internet;
 Vídeo monitoramento online, recurso este que será importante nas fases da
investigação criminal;
 Equipamentos na área de investigação criminal (equipamentos de escuta
ambiental, maquina fotográfica, gravador de voz, etc.);
50

 Utilização de óculos com software de identificação de pessoas em tempo real,


pelo policial de serviço na rua. Este exemplo já é realidade em alguns batalhões da Policia de
São Paulo;
 Nas seções de inteligência e investigação criminal bem como nas áreas
administrativas dos órgãos de segurança pública, seria prudente a utilização de no
mínimo 02 (dois) servidores, sendo um para hospedar o domínio, solução
antivírus, aplicações, e o outro, que além de servir como servidor de domínio
(backup) será o servidor de arquivos e de banco de dados;
 Utilização de Firewall para blindar a rede contra ataque de crackers e acessos indevidos;
 Biometria digital de imagens e voz, para um melhor desempenho do trabalho
policial investigativo;
 Utilização de sistemas de gestão on-line (internet), que serão responsáveis pela
administração de dados de efetivo, viaturas, processos da corregedoria, recursos
logísticos, aplicação do policiamento, e acompanhamento das operações policiais,
etc;

3.1.3 AS DIFICULDADES, DESAFIOS E A ATUAÇÃO DA ATIVIDADE DE


INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

Para se frear e combater este conglomerado de organizações criminosas, podemos


ressaltar muitas ferramentas e métodos já testados e eficientes no combate a criminalidade,
mais não podemos deixar de ressaltar que para o êxito de cada ferramenta utilizada, teremos
que ter no serviço em paralelo a atividade de inteligência policial operando.

Podemos dizer que para o bom funcionamento de todas estas ferramentas no combate
as organizações criminosas, devemos ter um sistema de inteligência trabalhando
paralelamente com estas ferramentas. Para que isso seja possível os profissionais responsáveis
por estas áreas de ação devem entender como funciona a atividade de inteligência, que essa
possa ser utilizada de maneira certa.

A inteligência policial é uma das principais ferramentas no combate ao crime


organizado, sem inteligência o combate a este crime se torna quase que impossível.
51

A função da atividade de inteligência não é exclusivamente identificar quem cometeu


tal crime. A inteligência vai, além disso, procura o entendimento sobre ações que ainda estão
por vir e principalmente o que isso significará, seja isoladamente ou em conjunto com outras
situações parecidas ou até diferentes. (REVISTA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA).

Note-se que há uma diferença entre a atividade de inteligência de Estado e a


atividade de inteligência policial. Enquanto a primeira prima pelo assessoramento
das autoridades de governo, no processo decisório, a segunda busca a produção de
provas da materialidade e da autoria de crimes. A inteligência policial é, em suma,
voltada para a produção de conhecimentos a serem utilizados em ações e estratégias
de polícia judiciária, com o escopo de identificar a estrutura e áreas de interesse da
criminalidade organizada, por exemplo. (MARTINS, 2013)

A atividade de inteligência policial é uma das principais armas da segurança pública


no combate a estas organizações criminosas. Sua eficiência é notória quando essa atividade é
bem desenvolvida pelos órgãos de segurança. Podemos dizer que sem inteligência é quase que
impossível combater o crime organizado.

Com o advento da Lei 9.883/1999, o legislador pretendeu integrar as


ações de planejamento e execução das atividades de inteligência e
declarou sua finalidade de fornecer subsídios ao Presidente da
República nos assuntos de interesse nacional. Quanto ao Sisbin,
concebeu-o como órgão colegiado responsável pelo processo de
obtenção, análise e disseminação da informação necessária ao
processo decisório do Poder Executivo, bem como pela salvaguarda
da informação contra o acesso de pessoas ou órgãos não autorizados.
(GOMES, 2009)

Os serviços de inteligência policial e de segurança pública têm como principal


objetivo a realização da justiça criminal, de propósito instrutório e probatório criminal, assim
como a prevenção e contenção da expansão do crime organizado. Acompanhamentos através
de softwares de georreferenciamento, quadros de padrões criminais, estatísticas, mapeamento
de manchas de criminalidade, são realizados com a intenção de mapear esta criminalidade, e
subsidiar os gestores com relatórios gerados. (GOMES, 2009)

A Inteligência brasileira, mobilizada em seus melhores recursos


humanos e tecnológicos, está cada vez mais empenhada na produção
de conhecimento sobre o crime, criminosos e questões conexas. Tal
atividade funciona hoje como uma espécie de “cérebro da segurança
52

pública”, na verdadeira guerra que vem sendo travada no país contra o


crime e a desordem. (CASTRO, RONDON, 2009)

O crime organizado pode se mostrar na sociedade de várias formas que para pessoas
comuns da sociedade passa despercebido ou até mesmo ignorado. Por isso é notório que para
desmantelar uma célula do crime organizado nossos órgãos de segurança necessitam de meses
ou até anos de árduo trabalho.

Para que esse combate seja mais eficiente e se torne muito mais eficaz, os órgãos de
segurança cada vez mais estão investindo nos setores de inteligência. Este investimento dará
retorno em curto prazo, pois a inteligência é com certeza a principal ferramenta no combate
ao crime organizado no mundo.

Nos últimos anos a atividade criminosa vem sofrendo muitas transformações, tendo
como exemplo a evolução das organizações criminosas.

Exemplo disso foi o fortalecimento do narcotráfico depois da década de 1970, em


especial nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Nesta época as organizações criminosas
já mostravam um aperfeiçoamento no seu modus operandi.

Passados mais de 40 anos, acompanhamos o fortalecimento do crime organizado e


suas diversas ramificações o que tornou seu combate cada vez mais difícil e complexo.

Diante desta complexidade a atividade de inteligência conquistou uma importância


que antes não era lhe data, seja no combate ao crime organizado ou até mesmo em sua
prevenção. A atividade de inteligência possui grande importância nos processos decisórios
das autoridades, seja na fase de planejamento ou até mesmo na execução.

A atividade de inteligência no Brasil se tornou uma ferramenta de extrema necessidade


no combate ao crime organizado, no entanto há alguns aspectos que deveriam ser revistos
para um melhor aproveitamento e aperfeiçoamento do serviço prestado pela comunidade de
inteligência no Pais.

Com base na coleta de informações através da atividade de inteligência é que será


realizado o planejamento estratégico para atuação policial, que se baseia na produção do
53

conhecimento de inteligência para alcançar o cumprimento das metas traçadas (ROLIM,


2006, p. 60).

Um dos problemas identificados na pesquisa foi à falta de um sistema ou programa,


que promova a integração e cooperação entre os diversos serviços de inteligência que tem o
Brasil. Esse problema não é exclusivo do nosso Pais, outros Países também enfrentam
dificuldade devido à falta de um órgão central de inteligência interna. Ao contrário do crime
organizado, que está cada vez mais bem articulado e organizado, aproveitando-se destas
falhas no nosso sistema de Inteligência.

Uma das soluções para o problema apresentado, seria a canalização de todos os


conhecimentos produzidos pela comunidade de inteligência ao órgão central do Pais, que no
nosso caso seria a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Este procedimento implicaria
em varias mudanças sendo que uma delas seria a mudança dos procedimentos internos de
cada agência de inteligência no Brasil, o que com certeza causaria resistência dos órgãos de
inteligência.

Canalizando todas as informações para um órgão central de inteligência, facilitaria a


criação de um banco de dados nacional, que contaria com informações processadas,
analisadas e chanceladas por todas as agências do Brasil, tornando assim a pesquisa de dados
mais qualificada para todas as agências de inteligência do País. O sistema que na atualidade
mais se aproxima desta ideia é o SINESP INFOSEG, que é uma rede que reúne informações
de segurança pública dos órgãos de fiscalização do Brasil, através do emprego da tecnologia
da Informação e comunicação. Tal rede tem por objetivo a integração das informações de
Segurança Pública, Justiça e Fiscalização, como dados de inquéritos, processos, de armas de
fogo, de veículos, de condutores e de mandados de prisão.

Estes bancos de dados atualizados e integrados ajudariam muito no serviço de nossos


analistas de inteligência, que contariam com uma informação qualificada que não necessitaria
de validação de dados.

Hoje o combate ao crime organizado tem que ir além do caráter policial exclusivo. A
atividade de inteligência deve estar presente do planejamento à execução, caso contrário,
nossa luta será eterna. Com cooperação, coordenação, controle e inteligência, passamos a ter
um diferencial no combate ao crime organizado.
54

O sistema de inteligência ideal no combate à criminalidade seria aquele capaz de


identificar e interpretar o ambiente criminal, fazendo com que o conhecimento produzido
chegue até os tomadores de decisão, influenciando nas tomadas de decisões para que estas
tenham caráter de reformulação na política de redução criminal, causando impacto para as
organizações criminosas. (Ratcliffe, 2005).

As dificuldades são muitas no Brasil no que se refere à atividade de inteligência, ainda


estamos engatinhando nesta área se comparados a outros países que são ícones nestas áreas,
exemplo dos Estados Unidos que possui como órgão central de Inteligência a Central
Intelligence Agency (CIA), que é considerada uma das melhores e mais bem equipadas
agências de inteligência do mundo.

Por outro lado percebe-se que estamos evoluindo nesta área mesmo que em ritmo não
ideal para está matéria. Nesse sentido, saliento a cooperação entre os órgãos internos que
compõem o SISBIN e o Sistema Brasileiro de Segurança Pública, que está cada vez mais
integrado.

Outro fato relevante a é falta de cultura de inteligência entre os órgãos de segurança


pública do Brasil. A falta deste conhecimento expõem os órgãos de segurança que apresentam
deficiências e dificuldades que os tornam vulneráveis a possíveis investidas do crime
organizado. Exemplo disso é falta de sigilo com determinados temas ligados a segurança que
são tratados ou até mesmo disponibilizados para a mídia, que posteriormente podem ser
utilizados por estas organizações criminosas contra o Estado.

Esta cultura pode ser facilmente implementada em todos estes órgãos de segurança,
basta ser ofertado a estes profissionais treinamentos e conhecimento da atividade
desenvolvida nas áreas de inteligência.

Essa cultura deve estar previamente planejada para que receba a devida importância,
para que não seja entendida como mais uma função operacional, e sim algo essencial para o
planejamento estratégico nas missões de cada órgão. (ARAÚJO, 2009).

Sabemos que muitas destas demandas esbarram nas dificuldades orçamentárias do


País. Hoje não se pode pensar em combater o crime organizado sem no mínimo uma estrutura
de inteligência bem equipada e bem treinada, e para isso sabemos que necessitamos de
investimentos nesta área.
55

Não se pode pensar em prevenção e muito menos em combate às organizações


criminosas sem um investimento significativo em inteligência. O investimento na área de
inteligência é retorno garantido para segurança pública.

O desenvolvimento das organizações criminosas, bem como o aumento das atribuições


elencadas as Polícias Militares dos Estados, fazem com que a inteligência ganhe espaço nesta
instituição. (GONÇALVES, 2010, p. 27).

Na atualidade se pensarmos em não utilizar o serviço de inteligência no combate ao


crime organizado, o que teremos é o desespero das autoridades investigantes, impotentes
diante da avalanche da megacriminalidade.

Necessitamos de uma revisão dos conceitos no que se refere ao tradicional


afastamento entre a atividade de inteligência e os setores de investigação criminal. São áreas
que se completam mesmo tendo particularidades especificas, uma união destes dois setores
proporcionará um resultado mais bem qualificado no produto final das duas áreas que é a
informação.

Cabe salientar ainda que a qualificação e o investimento nos setores de inteligência do


Pais, se tornaram peça chave para o êxito dos Estados no combate ao crime organizado.

O estado do Rio Grande do Sul em parceria com a Secretária Nacional de segurança


Pública (SENASP), vem proporcionando para todos os órgãos ligados a segurança pública do
Estado, cursos na área de inteligência e equipamentos através deste mesmo convênio.

A Polícia Militar do Estado possui um plano anual de especialização e qualificação


para todos os profissionais da área de inteligência, que tem como objetivo qualificar o
profissional de inteligência.

O Governo do Estado realiza investimentos nesta área que ainda não são suficientes
mais projetos existem na intensão de fortalecer cada vez mais estas áreas tão necessárias para
a manutenção da segurança pública do Estado.

Sabe-se que a evolução das organizações criminosas é grandiosa se compararmos com


qualquer outra modalidade criminosa, por isso os investimentos na área de segurança pública
mais especificamente na atividade de inteligência devem ser proporcionais a esta evolução,
para que não ficamos com a sensação que estas atividades criminosas estão sempre a um
passo na nossa frente.
56

4 CONCLUSÃO

O crime organizado não é um fenômeno exclusivo do Estado Brasileiro, muito países


desenvolvidos como a Itália, Rússia, Japão, China e, na América do Sul, a Colômbia tiveram
que enfrentá-lo, desenvolvendo medidas apropriadas e adequadas, aportando investimentos
consideráveis em diversas áreas correlacionadas com a prevenção e repressão deste tipo de
delito.

Neste contexto, verificou-se que a atividade de inteligência é imprescindível para o


combate efetivo do crime organizado no Brasil. As dificuldades e os obstáculos não são
poucos, mas observa-se um avanço considerável dos órgãos de segurança pública, com a
utilização da inteligência policial como seu principal mecanismo de confronto.

É importante ressaltar a participação cogente do Poder Legislativo, não só na sua


função fiscalizadora, com o auxílio dos Tribunais de Contas da União e dos Estados, como
também na sua função legiferante, produzindo leis que desestimulando condutas ilegais e
facilitam o desenvolvimento de atividades ligadas à área de inteligência, tornando-se, dessa
forma, uma peça importante no combate ao crime organizado.

A política de integração entre os órgãos internos que compõem o SISBIN e o Sistema


Brasileiro de Segurança Pública é indispensável para o sucesso do combate. A troca de
informações entre todos os órgãos que compõem o sistema de inteligência é essencial para
que se consiga monitorar, desestabilizar e desarticular estas organizações constituídas para a
prática de delitos, que sobrevivem à margem da lei e visam sempre a obtenção de vantagens
indevidas.

O crime organizado não ficou para trás e seguiu a evolução da tecnologia, utilizando-
se da rede mundial de computadores para a prática de delitos, aproveitando-se da inexistência
de tecnologia moderna para a interceptação de conversas e mensagens por aplicativos,
dificulta a atuação dos órgãos de investigação e de inteligência policial, necessitando de
investimentos em tecnologia da informação, por parte do poder público e também das
empresas privadas.

A gestão, integração e a difusão de informação ou conhecimento são os aspectos mais


importantes a serem discutidos na área de tecnologia da informação. Percebe-se na prática que
as melhores instituições em Tecnologia da Informação e de Inteligência Policial não
57

compartilharem informações, talvez por não existir uma legislação clara sobre o assunto, que
regule a troca de informações sigilosas.

Não se pode esquecer que a segurança é um dever do Estado e um direito individual e


coletivo das pessoas, devendo o Estado desenvolver políticas e medidas para que todos
convivam de maneira pacífica, respeitando as leis e cumprindo com suas obrigações. Com
isso, todas as medidas adotadas pelo Estado com o objetivo de proporcionar segurança às
pessoas devem ser analisadas sob o princípio do interesse público, deixando de lado as
questões individuais e ideológicas. Então, diante de toda a problemática apresentada,
notadamente a dificuldade de combate ao crime organizado, o Estado deve produzir leis que
facilitam a troca de informações entre as empresas detentoras da tecnologia da informação e
os órgãos de inteligência.

Verificou-se que no Brasil a inteligência penitenciária é pouco desenvolvida e


explorada, não havendo uma doutrina rica que possa servir de supedâneo para adoção
atividades operacionais para mapear a estrutura do crime organizado no seio do sistema
prisional.

Na contramão do resto do país, a atividade de inteligência penitenciária no Estado do


Rio Grande do Sul, tem se mostrado eficiente no combate ao crime organizado, colhendo
informações, produzindo conhecimento e fornecendo elementos importantes para o agente
político tomar a decisão.

Com base nessas ponderações e considerando, em especial, o princípio da eficiência,


da proporcionalidade e do sigilo que regem o tema, não resta dúvida de que a inteligência
penitenciária deve ser tratada com a espécie do gênero inteligência de segurança pública.

Ressalta-se que a inteligência penitenciária não busca produzir conhecimento com o


objetivo de imputar responsabilidade aos autores dos fatos delituosos, mas antecipa-los e
evita-los, orientando os agentes políticos que adotem políticas eficientes e adequadas para
dificultar a proliferação de delitos ligados ao crime organizados.

Percebeu-se também que a atividade de inteligência desenvolvida pelas Polícias do


Estado do Rio Grande do Sul evoluiu consideravelmente na última década, em decorrência de
investimentos do Estado.
58

Os países mais desenvolvidos estão combatendo a criminalidade e a violência com


investimento pesado na área de inteligência policial, e é neste caminho que o Brasil deve
seguir para ter sucesso na luta contra o crime organizado.

Por fim, constata-se que para enfrentar esta nova face da criminalidade com eficiência
é indispensável à união de todos os atores do Estado, cada um desenvolvendo suas atribuições
com independência e autonomia, trocando informações e experiências, visando o bem comum
e o interesse público. Este grave problema não será vencido por apenas um, todos devem
participar criando mecanismos e meios para a prevenção e repressão desses delitos.
59

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