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Avaliação de Risco e Práticas de Intervenção: Sensibilidade a diferenças Étnicas, Culturais e de Género
Índice
Índice....................................................................................................................3
Índice de Siglas....................................................................................................4
4.Considerações Finais......................................................................................24
Bibliografia..........................................................................................................27
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Índice de Siglas
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Avaliação de Risco e Práticas de Intervenção: Sensibilidade a diferenças Étnicas, Culturais e de Género
Introdução
O presente documento visa descrever um trabalho de natureza profissional
desenvolvido no âmbito da atividade profissional exercida enquanto Técnica
Superior de Reinserção Social na Direção Geral de Reinserção Social e
Serviços Prisionais (DGRSP), para efeitos de candidatura a provas de
obtenção do título de especialista no âmbito da área das Ciências Sociais e do
Comportamento.
Não obstante o mérito do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido neste
âmbito, ainda estamos numa fase embrionária. Interrogamo-nos pontualmente
se este tipo de intervenção não descura a subjetividade inerente a cada
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Nome pelo qual são usualmente designados os serviços de reinserção social na literatura anglo-
saxónica.
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Por último efetuamos uma análise crítica das dificuldades que sentimos nesta
área e traçamos algumas considerações sobre o tema explorado procurando
fornecer algumas pistas a explorar em trabalhos futuros.
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Nas últimas décadas este grupo tem promovido, de forma ativa, a eficácia do
tratamento, baseado em princípios da psicologia cognitiva, combinados com
instrumentos de avaliação de risco/necessidades dos ofensores.
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Técnica esta que permite que os programas sejam codificados em termos das suas características, tamanho da
população tratada, conteúdo e estilo de tratamento adotado, possibilitando um maior nº de comparações em termos de
reincidência ou efeitos secundários.
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Esta abordagem foi criticada por ser considerada subjetiva, mas tinha como
vantagem permitir ao psicólogo clínico tornar as avaliações flexíveis, dado que
levavam em linha de conta as especificidades de cada caso. A principal
limitação desta perspetiva, que foi a adotada até à década de 70, foi o facto de
não se poder replicar nas mesmas condições, já que seria extremamente difícil
(Shaw & Hannah-Moffat, 2013; Instituto de Reinserção Social, 2003; Bonta,
LaPrairie, & Wallce-Capretta, 1997; McGrath, 2008) a dois psicólogos
chegarem exatamente às mesmas conclusões numa avaliação clínica não
estruturada.
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Os instrumentos atuariais contêm preditores cuja validade empírica tem que ser
demonstrada anteriormente à sua utilização, isto é durante o processo de
construção e validação do instrumento. Estes instrumentos consideram itens
individuais, em relação aos quais já foi demonstrado que aumentam o risco de
novas agressões.
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área Tutelar Educativa nas fases pré e pós sentencial a versão portuguesa do
Youth Level of Service/Case Management Inventory (YLS/CMI).
O YLS/CMI é um instrumento de avaliação do risco e das necessidades
criminógenas de quarta geração, que avalia o risco de reincidência criminal,
identifica as necessidades criminógenas e guia a gestão de casos de jovens
delinquentes. (Pimentel, Quintas, Fonseca, & Serra, 2015)
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Assim sendo, estes autores acabam por salientar que os fatores de natureza
racial e étnica, não põem em causa a lógica preditiva deste instrumento de
avaliação, ressalvam contudo que estes podem e devem ser considerados
como fatores de responsividade, isto é, que estes fatores podem condicionar a
forma como os diferentes ofensores aderem aos programas e tratamentos
propostos após a avaliação do seu grau de intervenção.
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Contudo, outros autores como Shaw (Shaw & Hannah-Moffat, 2013) vão mais
longe na sua crítica à validade preditiva dos instrumentos de avaliação de
risco/necessidades criminógenas, já que consideram que esta pode estar a ser
posta em causa pela forma como estes instrumentos são desenvolvidos e
aplicados.
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Desta forma ao utilizarmos estes critérios para avaliar todos os ofensores sem
exceção em relação ao seu género ou raça, podemos reproduzir desigualdades
sociais e algumas injustiças em determinados grupos sociais.
Assim, para estes autores a noção de risco é subjetiva uma vez que a cultura
dominante e as regras/normas relativas ao género e raça condicionam os
pontos de vista dos técnicos que aplicam os instrumentos de avaliação, mesmo
quando estes receberam treino específico para não o fazer, e a intervenção
dos agentes institucionais, pelo que as avaliações efetuadas não serão assim
tão objetivas e consistentes como os promotores destas escalas advogam já
que dependem fortemente de juízos clínicos, bem como não-clínicos sobre um
infrator.
A postura crítica destes autores, não se resume contudo à forma como estes
instrumentos são aplicados. Estes consideram ainda que os instrumentos de
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Para estes investigadores, este é um aspeto especialmente crítico uma vez que
as características das mulheres e das minorias étnicas e culturais são
diferentes das da população prisional masculina caucasiana e que as tentativas
de contemplar estas características se resumem frequentemente à adição de
um conjunto específico de fatores preditivos do risco às listas estandardizadas,
facto que é contrário ao que a pesquisa sobre o género sugere, já que esta
operação não reflete as diferenças entre homem e mulher, uma vez que não
desafiam a lógica masculina e não contemplativa das questões étnicas e
culturais inerentes à construção das escalas.
Por estes motivos tudo levará a crer que o crime é uma atividade fortemente
condicionada pelo género e que as motivações para o crime, o contexto da
ofensa e o acesso a oportunidades para delinquir, bem como as respostas em
meio prisional, são moldadas por diferenças entre a vida dos homens e das
mulheres.
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Por outro lado e mais uma vez, as avaliações sobre a eficácia destes
programas são baseadas em estudos que incidem sobre a população prisional
masculina e o problema de género e diversidade é visto como ultrapassável
pelo ajustamento do conteúdo do programa (Gorman, 2001 citado por (Shaw &
Hannah-Moffat, 2013)), lógica esta que é compreensível uma vez que ambos
as técnicas de avaliação de necessidades/risco e os programas cognitivos
assumem uma personalidade criminal geral que transcende o género, a raça, o
grupo étnico e o estatuto socioeconómico.
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4.Considerações Finais
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A literatura revista evidenciou que este é um assunto que não é simples e que
envolve diversas variáveis, que incluem não só a forma como os instrumentos
de avaliação de risco são desenvolvidos, mas também os condicionalismos
inerentes à sua aplicação e os princípios que regem o desenvolvimento de
programas de intervenção estruturados, condicionados fortemente pela
avaliação de risco efetuada. Destacando-se duas perspetivas:
E uma segunda que considera que a lógica que rege a elaboração dos
instrumentos de avaliação de risco/necessidades dos ofensores é por si
só reprodutora de fatores de estigmatização social, já que se baseia em
estudos efetuados em população branca e masculina, não conseguindo
desta forma contemplar os fatores de risco/necessidades presentes na
população feminina e diferentes grupos minoritários. Esta abordagem
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A atuação dos serviços nesta área terá que passar, na nossa opinião
necessariamente pela procura de novas respostas, continuando a desenvolver
Instrumentos de Avaliação e Programas de Intervenção em articulação com a
Comunidade Cientifica, que sejam mais sensíveis e contemplem as variáveis
que salientamos, como condição indispensável a uma intervenção eficaz junto
do infrator, uma vez que o contexto aonde o mesmo está inserido e os valores
que preconiza (bem como os que lhe são próximos), não podem ser
descurados, porque não só, poderão condicionar a avaliação de risco como
toda e qualquer intervenção subsequente, pondo em risco o objetivo último de
reinserção do ofensor.
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Bibliografia
Bonta, J. L.-C. (1997). Risk prediction and re-offending: Aboriginal and non-
aboriginal offenders. Canadian Journal of Criminology , pp. 127-144.
McGrath, M. P. (2008). Making "What Works" Work for Rural Districts. Federal
Probation, pp. 50-53.
Pimentel, A., Quintas, J., Fonseca, E., & Serra, A. (2015). Estudo normativo da
versão Portuguesa do YLS/CMI – Inventário de avaliação do risco de
reincidência e de gestão de caso para jovens. Análise Psicológica, pp.
55-71.
Shaw, M. &.-M. (2013). How cognitive skills forgot about gender and diversity.
Em G. Mair, What Matters in Probation (pp. 90-121). Londres:
Routledge.
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