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Braço do Norte
2021
INDIANÁRA LEONEL SCHULZ
Braço do Norte
2021
INDIANÁRA LEONEL SCHULZ
______________________________________________________
Prof. Ricardo Willemann, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Tatiana Firmino Damas, MSc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Pelo carinho, afeto, dedicação e cuidado que
meus pais e meus irmãos me deram durante
toda a minha existência, dedico esta
monografia a eles. Com muita gratidão.
AGRADECIMENTOS
Society must evolve and to the same extent the law in order to accompany the process
necessary to ensure the guarantees and rights of all citizens without distinction. In the midst of
this evolution, it cannot be mentioned that technology is a facilitating aspect of this
promotion, however, at the same time that this technology favored social development also
contributed to undesirable occurrence, illegal acts, facilitation of crimes and others. In this
context, the occurrence of bulliyng is portrayed here, which refers to the offense of a moral
character to an individual, which can occur in several ways, but primarily in school
environments. It happens that this act also underwent progress with the arrival of technology
to be known as cyberbullying., an act that defers the same offenses, but recounting the
internet to reach its victims and disseminate content with greater intensity. In this context, the
objective of this research was to analyze the civil accountability of aggressors practicing
cyberbullying. For this, a bibliographic and documentary survey was carried out to collect
data from this, which could analyze doctrines and jurisprudence on the subject. Regarding the
objectives, they were classified as descriptive aligned with a qualitative approach to the
problem. At the end of the study, it was seen that the individual practicing cyberbullying
should repair the damage suffered to his victim, since this fact incurs civil liability and allows
the payment of moral damages.
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO .............................................................................................. 10
1.2 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS ................................................... 11
1.3 OBJETIVOS................................................................................................................ 12
1.3.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 12
1.3.2 Objetivos específicos ............................................................................................... 12
1.4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 12
1.5 HIPÓTESE .................................................................................................................. 13
1.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................. 13
1.7 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS ............................................................................... 14
2 BULLYING ................................................................................................................... 15
2.1 IDENTIFICAÇÃO DOS ENVOLVIDOS COM O BULLYING ................................... 17
2.2 A PROTEÇÃO À VÍTIMA DE BULLYING ................................................................ 19
3 CYBERBULLYING ....................................................................................................... 21
3.1 AS MODALIDADES DE CYBERBULLYING ............................................................. 22
3.2 O MEIO VIRTUAL ..................................................................................................... 23
3.3 VIOLAÇÃO DE DIREITOS ....................................................................................... 25
4 DA RESPONASBILIDADE CIVIL............................................................................. 27
4.1 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO ......................... 29
4.2 BULLYING E A RESPONSABILIDADE CIVIL ......................................................... 36
4.2.1 Responsabilidade Civil da Instituição Escolar ....................................................... 36
4.2.2 Da Responsabilidade Civil do Agressor Menor aos Pais ....................................... 39
4.3 CYBERBULLYING E A RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................. 40
5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 45
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 46
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO
Bullying: Para Felizardo (2019, p. 36), bullying “é o termo inglês utilizado para
descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, cometidos por um
ou mais alunos contra outro, executados dentro de uma relação desigual de poder”.
Responsabilidade Civil: Sobre o conceito de responsabilidade civil, tem-se:
Toda atividade que acarreta prejuízo traz em seu bojo, como fato social, o problema
de responsabilidade. Destina-se ela a restaurar o equilíbrio moral e patrimonial
provocado pelo autor do dano. Exatamente o interesse em restabelecer a harmonia e
o equilíbrio violados pelo dano constitui fonte geradora da responsabilidade civil.
(GONÇALVES, 2009, p. 1).
12
Dano Moral: Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 379) traz o conceito de dano
moral, na forma do seguinte trecho: “é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu
patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a
dignidade, a intimidade, a imagem, o bom nome etc. [...]”. Tal conceituação corrobora os
artigos 1º, II, e 5º, V e X, da Constituição Federal, uma vez que o ato acarreta ao lesado dor,
sofrimento, tristeza, vexame e humilhação.
1.3 OBJETIVOS
1.4 JUSTIFICATIVA
1.5 HIPÓTESE
2 BULLYING
O bullying é um termo da língua inglesa, que não possui tradução no Brasil, mas
que se utiliza para caracterizar comportamentos agressivos no ambiente escolar, praticados
entre os colegas de classe. Contudo, essa violência é feita intencionalmente por estes alunos,
contra um ou mais de um outro colega, que não se vê possibilitado de reagir a tal intento. Não
é um comportamento justificado, observado ocorrência entre os mais fortes sobre os mais
frágeis, como um objeto de divertimento, demonstração de poder e intimidação (SILVA,
2010).
Segundo Fante (2005), a prática do bullying foi inicialmente observada em
meados da década de 1970, na Suécia, quando uma escola local percebeu que alguns alunos
estavam sendo vitimados por estudantes agressores que demonstravam sérias implicações de
poder. Logo em seguida, viu-se um alastramento deste a outros países. Contudo, ressalta o
autor, que essa prática sempre existiu, mas não era um fenômeno comumente ressalvado pelo
meio social.
Uma investigação mais profunda desses casos de bullying, teve maior relevância
no ano de 1982, quando três crianças americanas, em idade de 10 e 14 anos, cometeram
suicídio e o fato de terem possivelmente, sido motivadas por maus-tratos sofridos por colegas
do meio escolar, as instituições de ensino reforçaram essa condição, momento em que o caso
grave se caracterizou como o bullying (CALHAU, 2010).
Em 1993, Olweus escreveu um livro, intitulado “Bullying at School”, que
apresentava uma discussão sobre resultados de inúmeras pesquisas escolares que
correspondiam à ocorrência dessa prática e as consequências às vítimas e seus familiares,
apontando uma possível relação para identificar agressores e puni-los.
No Brasil, uma das primeiras pesquisas sobre o assunto foi feita no ano de 1997,
por Marta Ganfield, no estado de Rio Grande do Sul, onde também foram evidenciadas as
práticas desta ocorrência, estendendo o fenômeno em nível global. Contudo, infelizmente,
viu-se que mesmo sendo ocorrência mundial, o Brasil apresenta maior índice dessas atitudes
em relação aos demais países (SILVA, 2010).
Como visto, sua tradução ao termo, para o português, é inexistente, entretanto, sua
prática, compreende todas as formas de agressividade, conforme explica Teixeira (2006, p.
56):
angústia, ocorrendo dentro de uma relação desigual de poder. Significa usar o poder
ou força repetidamente para intimidar, perseguir ou chantagear pessoas que, sem
defesas, abatem-se, causando um enorme prejuízo à formação psicológica,
emocional e sócio educacional da vítima.
[...] de forma quase “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros
objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e
amedrontar suas vítimas. E isso, invariavelmente, sempre produz, alimenta e até
perpetua muita dor e sofrimento nos vitimados.
que existe proibição em dadas condutas, entretanto, não se observa previsão punitiva nos
casos de violação dessas condutas.
Outros dispositivos mencionam sobre a proteção em comento, mas também
importa considerar melhor especificação acerca dessas violações, como no caso da
Declaração Universal dos Direitos das Crianças, que alude o seguinte:
Princípio 10°: A criança gozará proteção contra atos que possam suscitar
discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Criar-se-á num
ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de
fraternidade universal e em plena consciência que seu esforço e aptidão devem ser
postos a serviço de seus semelhantes (BRASIL, 2010).
Tem-se, nesse aspecto, mais uma lacuna acerca da proteção para a criança e ao
adolescente, em relação ao seu direito violado. No entanto, é visto que a prática de bullying
deve ser punida, devendo o legislador impor melhores métodos para que haja coibição de tais
fatos.
21
3 CYBERBULLYING
Uma pesquisa realizada na Itália afirmou que 11% das vítimas de cyberbullying já
tentaram suicídio, ao passo que das 11 escolas italianas participantes da pesquisa, verificou-se
que 20% dos estudantes revelaram terem sido vítimas dessa prática e metade dessas vítimas
consideraram acabar com a própria vida em decorrência do fato (ANSA, 2016).
Essa prática também é comum no ambiente escolar, podendo ser verificada em
comentários de blogs, ferramentas de chats, fóruns de discussão, além de outras ferramentas
de relacionamentos sociais, como o Facebook e afins. Reforça Jorge (2011) que as vítimas de
cyberbullying, não devem responder às provocações, pois é esse o intuito dos agressores.
Logo, as evidências obtidas e todo conteúdo deve ser encaminhado ao órgão competente para
realização de denúncia e possíveis medidas.
O cyberbullying reflete sequelas imensuráveis a suas vítimas, que ficam sujeitas à
depressão, com baixa autoestima, ainda mais por atingir um número ilimitado de
espectadores. Todavia, a falta de conhecimento em relação a essas tecnologias é um
facilitador dessa prática, uma vez que não se consegue mensurar as consequências expostas
no ciberespaço (AMADO et al., 2009).
1
Calúnia.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses
a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º -
É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se,
constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II -
se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de
ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível (BRASIL, 1940).
2
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um
ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é
funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções (BRASIL, 1940).
3
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou
multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste
em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena -
detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na
utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora
de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa (BRASIL, 1940).
26
solicitado ao juiz que apure tais fatos. Assim, quando verificadas, os infratores podem sim
sofrerem as medidas socioeducativas previstas pelo ECA, obtendo os registros de mensagens
pelas páginas ofensivas expostas no ambiente virtual.
27
4 DA RESPONASBILIDADE CIVIL
intenção de causar o ato, ou então, a culpa, ocorrência dada pela negligência, imprudência ou
imperícia.
Neste modo, menciona-se o artigo 186 do Código Civil, que afirma o seguinte:
“aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Ainda, o artigo
subsequente, 187, retrata que: “também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes” (BRASIL, 2002).
Em suma, quando um indivíduo contraria o ordenamento jurídico realizando um
ato ilícito acaba lesando alguém em seu direito objetivo. Deste modo, nasce a obrigação de
reparar o dano, visto tal possiblidade pelo próprio ordenamento jurídico. Com análise do
artigo 186 mencionado, identificam-se os elementos caracterizadores da responsabilidade
civil: a conduta culposa do agente, nexo causal, dano e culpa.
Em relação às excludentes da responsabilidade civil, menciona Venosa (2012),
que são: nexo causal, lapso temporal entre a conduta e o resultado; culpa exclusiva da vítima;
o fato de terceiro; caso fortuito, fato alheio à vontade da parte e; força maior, ação
imprevisível que causa efeitos inevitáveis.
Diante dos artigos supra, tem-se a ocorrência da adoção pela responsabilidade
civil subjetiva. Já, em relação à responsabilidade objetiva, trata-se de uma exceção, explanada
através do artigo 927 do Código Civil, ao qual versa em seu parágrafo único:
Ainda, a lei supracitada, em seu artigo 3°, inciso VI, disciplina sobre a
responsabilização dos agentes de acordo com suas atividades, quanto aos termos estabelecidos
em lei. No entanto, o artigo não difere essa responsabilidade entre civil ou penal, sendo que
toda conduta que possa acabar com alguma responsabilidade criminal está sob viés da
legislação genérica. Tem-se, portanto, que a lei n° 12.965/14, concentra a responsabilidade
civil, nos provedores (BRASIL, 2014).
Por outro lado, o artigo 18 da lei em comento especifica que os provedores de
conexão não deverão ser responsabilizados pelos danos que causarem os conteúdos
veiculados pelas redes de usuários. Isso porque o provedor apenas oferece a estrutura para que
essa rede seja acessada, não podendo interferir no modo com que os usuários interagem nela,
ou em relação as postagens que fazem (BRASIL, 2014).
Seu artigo subsequente faz jus à responsabilidade civil dos provedores de
aplicação, pelo conteúdo que terceiro publicar, podendo verificar em sua cópia fiel que:
Nos parágrafos4 que continuam a especificação imposta pelo artigo 19, dispõe
sobre as condições em que esse pagamento indenizatório deverá ocorrer, sendo que devem ser
4
§ 1º A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena de nulidade, identificação clara e específica
do conteúdo apontado como infringente, que permita a localização inequívoca do material. § 2º A aplicação do
disposto neste artigo para infrações a direitos de autor ou a direitos conexos depende de previsão legal
específica, que deverá respeitar a liberdade de expressão e demais garantias previstas no art. 5º da Constituição
Federal. § 3º As causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de conteúdos disponibilizados na
Internet relacionados à honra, à reputação ou a direitos de personalidade, bem como sobre a indisponibilização
31
desses conteúdos por provedores de aplicação de Internet, poderão ser apresentadas perante os juizados
especiais. § 4º O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3º, poderá antecipar, total ou parcialmente, os
efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, existindo prova inequívoca do fato e considerando o interesse da
coletividade na disponibilização do conteúdo na Internet, desde que presentes os requisitos de verossimilhança
da alegação do autor e de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (BRASIL, 2014).
32
Acerca do contexto, Gonçalves (2019, p. 06) faz uma ressalva, ao dizer que a
responsabilidade do provedor “está vinculada a deixar de promover, de forma diligente, no
âmbito e nos limites técnicos de seu serviço, a indisponibilização do conteúdo”. Nesse
sentido, para o autor, significa dizer que o Marco Civil da Internet buscou consolidar um
verdadeiro espaço de liberdade na rede mundial de computadores, fortalecendo a tutela da
liberdade de expressão, impedindo como regra a censura privada e valorizando as
potencialidades de negócios que são desenvolvidos.
Ainda, em conformidade à temática da pesquisa e a responsabilização dos
provedores de informação, estes são retratados como os administradores das páginas de
relacionamento, em razão da própria atividade que exercem. Viu-se anteriormente, que pode o
provedor não ser responsável pela ação do indivíduo que postou o conteúdo indevido.
Todavia, há uma corrente que entende, que a atividade dos provedores
conglomera o risco da ocorrência de ilícitos em seus sites, em especial os ilícitos geradores de
dano moral. Assim, ressalta-se que em se tratando da responsabilidade pelo ato de um
terceiro, o provedor do site de relacionamento será sim responsabilizado pela conduta deste
usuário infrator, mesmo que não tenha realizado qualquer ato ilícito. Significa tratar da
responsabilidade indireta.
Nesta linha, colaciona-se, a exemplo, a decisão proferida pela Décima Segunda
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:
34
Contudo, cabe ressaltar que não afasta o entendimento e observação em outras leis que nutrem
o ordenamento jurídico.
Viu-se que diante da prática de bullying muitos danos psicológicos podem ser
ocasionados, contudo, outros danos de cunho moral e material também podem estar
associados. Proibir essa prática resguarda os direitos de personalidade, que são, inclusive
assegurados pela Constituição de modo que, se violados, cabe o dever de indenizar,
pleiteando este, pelo poder Judiciário (PELUSO, 2007).
5
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a
época em que foi fornecido. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. § 3° O
fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito
inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais
liberais será apurada mediante a verificação de culpa (BRASIL, 1990).
38
Art. 21: O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado por
terceiros será responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade
decorrente da divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens, de
vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter
privado quando, após o recebimento de notificação pelo participante ou seu
representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites
técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo (BRASIL, 2014).
41
conhecimento revelado, levou a vítima a sofrer violência eletrônica. Tal fato acabou
ensejando a condenação do cartório ao pagamento por danos morais em razão do sofrimento
causado à vítima.
Outra situação vista pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, foi em razão de
uma das modalidades o cyberbullying, decorrente do stalking, caracterizando a conduta de
cyberstalking, vislumbra-se ementa abaixo:
De acordo com o caso supra, a autora sofreu por cinco anos, durante o período de
2014 a 2019, perseguição pelo réu, caso ainda, que resultou no registro de seis boletins de
ocorrência. Tipificou-se violência psicológica em razão do transtorno de tal perseguição, visto
ainda, confissão do ato pelo homem acusado, sendo mantida decisão e determinado
pagamento de danos morais.
Ainda, pode-se verificar outra decisão dada pelo Tribunal do estado de São Paulo,
diante do mesmo fato supra, ocorrido com outra vítima conforme se vê ementa:
Tais fatos se revelaram ferir a imagem da autora, assim como a de seu filho,
verificadas ameaças perturbadoras, além de as imagens terem sido utilizadas para criar perfis
falsos, oferecendo serviços de prostituição, inferindo nome e contato.
43
No caso acima, duas mulheres concorriam a uma vaga em cargo público, ao passo
que a autora, que passou no processo seletivo e conseguiu a vaga, passou a ser perseguida
pela sua concorrente, que não se conformou em perder o posto. As mensagens proferidas
foram constatadas como ocorrência de cyberstalking, ensejando a exoneração do cargo.
Diante dos fatos, elucida-se o que mencionou o desembargador Evandro Teixeira,
em seu voto: “verifica-se que a conduta da ré levou a autora à desestabilização emocional e
psicológica, fragilizando-a e desnorteando-a, inclusive forçando-a, pelas situações incômodas
e humilhantes, a pedir exoneração de seu cargo” (MINAS GERAIS, 2018). Dada a
consequência psicológica, revelada pela autora, foi assegurado o pagamento de danos morais
pela ré, causadora de todo transtorno em razão da prática exposta.
Em um outro caso, expõe-se um julgamento realizado pelo Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul que também reconheceu condenação devida pelos danos morais à vítima,
vendo-se ementa colacionada:
Em meio aos casos observados, foi clara a participação das mulheres no polo
ativo, atraindo precisamente a ocorrência do cyberstalking, ressaltando o pagamento de
indenização em decorrência das atitudes verificadas. Em relação ao entendimento das
jurisprudências expostas, compreenderam os magistrados a caracterização do fato mediante o
uso da tecnologia virtual.
45
5. CONCLUSÃO
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