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CONSELHEIRO LAFAEITE
2019
LUCIANA CARLA PIRES RIBEIRO
Monografia apresentada à
Faculdade de Direito de Conselheiro
Lafaiete como requisito para a
obtenção do título de Bacharel em
Direito.
Orientadora: Profa. Marta Mariza
Barbosa Borges de Alencar
CONSELHEIRO LAFAEITE
2019
DECLARAÇÃO
Aprovação e Responsabilidades
À Subcoordenação de Monografia.
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Orientadora
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Acadêmica
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e irmã Juliana pelo companheirismo, união e amparo e por terem
acreditado em mim. Em especial, a minha mãe Rosemary, a mulher mais forte e
guerreira que pude conhecer e também o meu pai José Carlos, por todo amor,
cuidado e noites sem dormir. Obrigada por me darem essa oportunidade,
respeitarem as minhas fases e por terem me permitido tornar a pessoa que sou.
Sem vocês nada sou.
Por fim, mas não menos importante, agradeço a todos os Mestres, que de algum
modo contribuíram com a minha formação acadêmica e como pessoa, aqueles que
me inspiraram e me ajudaram a trilhar esse caminho, em especial minha orientadora
Marta, com a qual tive o prazer de ter convivido em sala de aula, obrigada pelo
carinho e compreensão de sempre.
RESUMO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 6
1. DO FENÔMENO DA PORNOGRAFIA DE VINGANÇA ............................................................................ 9
1.1 – A Origem da Pornografia de Vingança ....................................................................................... 9
3.3 – Do Ilícito Penal referente aos Crimes contra a Dignidade Sexual da Pessoa Humana. ........... 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................ 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 41
6
INTRODUÇÃO
A vítima colocada como vilã é algo que predomina na maior parte dos
casos, e ainda que ela seja a parte mais lesada pela violação, mesmo assim, tem
suas ações julgadas e criticadas, sem sequer referirem e imputarem culpa aos reais
responsáveis, isso constitui indiretamente como justificativa para a prática do
referido delito.
A maior parte das imagens que foram publicadas sem a autorização das
mulheres, foram enviadas por seus parceiros e ex-parceiros. São variados os
diversos motivos como, para provocar humilhação, prejudicar seus relacionamentos,
dificultar suas vidas sociais, enfim, causar danos irreparáveis à vida profissional e
social destas mulheres.
Poderia ser feita uma análise do ponto de vista sociológico sobre o motivo
dessa parcela da sociedade ser mais afetada, porém é necessário admitir que a
atual sociedade é machista, e desde cedo, se é ensinado que mulheres são objetos,
seja por orientações familiares, propagandas e marketings preconceituosos ou
docentes com pensamentos arcaicos. É importante ressaltar que os homens não
são capazes de imaginar como a mulher vai se sentir quando a sociedade começar
a julgá-la por algo que não é pertinente a vida de mais ninguém, além da dela.
Uma lista chamada "TOP 10", que circula entre alunos de escolas públicas
nas periferias de São Paulo, já motivou tentativas de suicídio de pelo menos
12 garotas desde o ano passado no Grajaú, Parelheiros e Embu das Artes.
[...] a vida privada e a intimidade são os outros nomes do direito de estar só,
porque salvaguardam a esfera de reserva do ser humano, insuscetível de
intromissões externas (aquilo que os italianos chamam de rezervatezza e os
americanos privacy). (...) Amiúde, a ideia de vida privada é mais ampla do
que a de intimidade. Vida privada envolve todos os relacionamentos do
indivíduo, tais como suas relações comerciais, de trabalho, de estudo, de
convívio diário etc. Intimidade diz respeito às relações íntimas e pessoais do
indivíduo, seus amigos, familiares, companheiros que participam de sua
vida pessoal. (BULOS apud MARTINS, 2018, p. 924)
Deste modo, pode-se afirmar que a intimidade e a vida privada são dois
segmentos que dizem respeito ao mesmo direito: o direito à privacidade ou direito de
estar só. O direito à intimidade é restrito e está contido no direito à vida privada,
referindo-se as relações mais íntimas da pessoa e até mesmo a integridade corporal
como relações amorosas, familiares etc. O direito à vida privada é mais amplo e
refere-se a todos os relacionamentos, como comerciais, de trabalho, estudo,
convívio diário etc.
poderá o Estado, através de suas ações, ferir a honra das pessoas. Entretanto, esse
direito inegavelmente possui eficácia horizontal, na medida em que esse deve ser
respeitado pelas próprias pessoas, horizontalmente, pena de responsabilização
penal e civil pelas violações.
Por sua vez, Maria Helena Diniz citada por Carlos Roberto Gonçalves
(2015), com apoio na lição de Limongi França, os conceitua como direitos subjetivos
da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida,
alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas
do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento,
autoria científica, artística e literária); e a sua integridade moral (honra, recato,
segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social).
artigo 927 do Código Civil de 2002, sem prejuízo a outros dispositivos legais que
tratem a respeito desta.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem. (BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro
de 2002).
[...] A luz da Constituição vigente podemos conceituar o dano moral por dois
aspectos distintos: em sentido estrito e em sentido amplo. Em sentido estrito
dano moral é a violação do direito à dignidade. E foi justamente por
considerar a inviolabilidade da intimidade, vida privada, da honra e da
imagem corolário do direito à dignidade que a Constituição inseriu em seu
art. 5º, incisos V e X, a plena reparação do dano moral (CAVALIERI FILHO,
2019, p. 118).
Posto isso, ao passo que o juiz da esfera criminal não tiver resolvido da
demanda, os processos correrão independentes e as duas responsabilidades
poderão ser, independentemente investigadas, haja vista o fato de na esfera criminal
ser julgado em seu aspecto social com a repressão ao agente através da aplicação
da pena, enquanto que na esfera civil, o mesmo é obrigado a reparar o dano
levando-se em consideração o elemento subjetivo do mesmo e o nexo de
causalidade entre a sua conduta, quer comissiva ou omissiva, e o resultado danoso,
gerando dessa maneira o dever de indenizar a vítima ou seus dependentes,
conforme o caso concreto.
Será apresentado o relato de cada menina ou mulher que sofreu esse tipo
de violência com a sua imagem, mostrando um pouco o sentimento de cada uma.
No decorrer de mais dois dias, Francyelle alegou que sua vida tinha
"virado um inferno", havia muita repercussão em torno dos vídeos e muitas ofensas
a respeito dela. Um dos vídeos gerou milhares de compartilhamentos, devido a um
símbolo em que faz com as mãos durante a gravação, o vídeo viralizou e ela virou
“meme” nas redes sociais tornando-se motivo de piada nacionalmente. Desatentos a
gravidade dos fatos, muitas pessoas, até mesmo famosos, postaram fotos imitando
o gesto vexatório.
noroeste/noticia/2014/03/fui-assassinada-diz-mulher-que-criou-ong-
contra-vinganca-porno.html)
Rose sempre teve ciência de que foi vítima e não possuía nenhuma
responsabilidade por todo o constrangimento sofrido, a partir daí fundou a ONG
Marias da Internet, a fim de que outras vítimas desse crime tivessem auxílio. Na
ONG eram disponibilizados diversos profissionais especialistas em crimes
cibernéticos como advogados, psicólogos e peritos digitais, por meio de trabalho
voluntário.
Julia era uma garota feliz, sorridente, mas, após o vídeo publicado nas
redes sociais, passou a ser uma menina retraída e deprimida. Nas aulas, ela
passava distante das suas amigas, apenas no celular, e demonstrava muito se sentir
culpada de tudo que aconteceu, isto é, da exposição não consensual, que é um
sentimento comum entre as vítimas.
Poucos dias depois, Julia postou novamente nas suas redes sociais,
dizendo que estava cansada de falsidades, sorriso falsos, fingir que ela estava feliz e
que na verdade não estava. Ainda nesse mesmo dia, ela levantou a hipótese do
suicídio, dizendo que queria sumir para ver quem sentia a falta dela.
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A menina que também estava no vídeo tentou cometer suicídio cinco dias
depois de Julia, porém chegou a ser socorrida e levada ao pronto-socorro.
A mãe de Julia, disse que não sabia o que estava acontecendo com a
filha dela. A família disse que desconhecia a existência do vídeo até o dia do
sepultamento da menina. Ficaram sabendo quando um primo recebeu o vídeo e
contou aos familiares, que resolveram procurar a polícia.
A mãe relata que nunca tinha percebido que a filha estava adoecendo,
ficando deprimida e muito menos sabia do vídeo que estava rolando na cidade. A
mãe declarou que os adolescentes são inconsequentes, eles não têm maturidade
para muitas coisas, e que o que aconteceu com a sua filha é uma violação.
Com o surgimento da Lei 13.718, foi criado o tipo penal específico para
criminalizar o agente que divulga cena de estupro, sexo ou pornografia, conforme os
termos do artigo 218-C. Na íntegra, temos:
adequar o ordenamento jurídico aos avanços das novas tecnologias, tendo em vista
meios de preenchimento das lacunas da lei quanto a esta prática criminosa.
Posto isso, é visível que a nova norma legal não é eficiente o bastante
para que tal violação seja coibida, pois ainda se faz necessário a implementação de
políticas destinadas a prevenção e conscientização acerca desse tipo de violência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, parte especial: arts. 121 a 212. 19.ed.
São Paulo: Saraiva, 2019,v. 2.
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CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, parte especial: arts. 213 a 359-H. 17.ed.
São Paulo: Saraiva, 2019, v. 3.
GARCIA, Carolina. “Sofri um assassinato moral, perdi tudo”, conta vítima de cyber
vingança. Geledés. [online]. Disponível em: https://www.geledes.org.br/sofri-um-
assassinato-moral-perdi-tudo-conta-vitima-de-cyber-vinganca/. Acesso em: 14 out.
2019.
GIMENES, Erick. 'Fui assassinada', diz mulher que criou ONG contra 'vingança
pornô'. Portal G1. [online]. Disponível em: http://g1.globo.com/pr/norte-
noroeste/noticia/2014/03/fui-assassinada-diz-mulher-que-criou-ong-contra-vinganca-
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GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: Parte geral.13. ed. São
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MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 33. ed. rev. e atual. até a EC nº 95,
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NETO, Walacy. Caso Fran: novo processo contra suspeito será aberto. Jornal
Opção. [online]. Disponível em: https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-
noticias/jovem-que-teve-video-intimo-divulgado-na-internet-vai-abrir-outro-processo-
contra-suspeito-17588. Acesso em: 14 out. 2019.
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