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PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB The Programa Monumenta and the model of historic center of Brazilian cities O Programa Monumenta ¢ 0 modelo de centro histérico das bras leiras ‘rf Mata Cstna cd Siva Scie sHeehteromte idades ABSTRACT ~The puper analyze the recent rehab caperiences in two Bazin histori center, Porto Alegre and (lind, particulary the interveutons mais by Programa MonuncnBID, implement by the Minis da Cul and [DUAN in Brazilian cits inthe last decae, The discussion i contexte by the analysis of projects and plans proposed for ‘he aes ofthe program. The objets of sudy ofthe orga rater are the Msi centers of tof port cies that eon sigsiicme whan sod acini bts ad hove iden recent intervention: Ol Havan, Montevieo,Vaiparae, Pono Alege, Belém, Rio de Jato and lids, The coie ofthis set eis om the wo’ min premise tht there i smlaniy Inmerventon forms of Latin-American cies, na gener view, of which the Brazilian ces, pica, thir itovc centers, ae ako pine cumple. AS a sample, i this paper, the wun anges tht happend in the ast Seen year in oth eis ae tnayzed_ and revesled the imporance the question of rshabilation of ulan and architectonic paimeny has aequied cmc lemon in intention processes in histori eres, ‘ode the paradigm of sutaiable urn development Consus, this work sought to put in evidence she couseaton suategies of these ceutes, chancteziag and comping the rbabliation and management proposal doped andthe role of series of agents which nfuence his proces, ‘Keywords urban policies: histori enters usa ebabiltson, rchicctoni hetage; Brazilian ees RESUMO ~ 0 exo reabilitagio de dois cents hstricos brasiers,Pono Alegre € ‘Olinda, em especial, os itervengSesrealzadss pelo Programa MoruneniBID, implmenady pelo Misicio da Calusa ¢ pelo IPEAN as cidade bras, ma ims dean A Aiscuso€ contain pla ands nis gerald projets planospropostos paras drat do implamaglo do programa. Na pesquisa de origem, of objets de etudo foram os eats iste dum conjnt de cde porta atnosameianat que possiemsigiiasivoputiméno ubano © arqtetico © que soferam intervegies recut: Havana Vela, Moatvieu, Valparaiso, Pon Alepe, Belén, Rio de Jasco e Olinda. A escoha do conjunio eves &prmiss principal da pega de que bi um siutanldade nos processos de mana em curso © ‘ua similariade nas formas de intevenso mas clades lasino- sims, de fra mais gral, do quai dads rasa 6 panicularnens, of seu cen isco, slo também ‘exempos emblemstcos, Neste texto, como exerpos, slo snaindas a madangs uraniscas operas nos kines quinze sot nay dus cidade tala, mas quai revel importa que 8 guetio ct renbiltasSo do pariménio. bane argutetéice gaabou como elemento motor de processos de ineveasio em ccatos histvices, deato do paradigms do oseavelvinenta urbanosunlentivel Como elas, bscouse evidenciar as estatigias de conserngso. dees ceios, ‘araceizar & comparar as propstas de eailitagio © gestio ‘stad ppl dos divers apetes que atau 20 peso Palavras-have: —pollcas whan ‘esta urbana atmo argatetinios ides asia ethic PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N81 16 Introdugao No final dos anos 1960, quando Pier Luigi Cervellati iniciava a primeira parte do livro sobre a experigneia de intervengao em Bolonha com 0 subtitulo “Porque 0 centro historico” (CERVELLATI,1979), el praticamente todas as questdes que viriam a ser discutidas durante as décadas _seguintes. Explicar porque intervir no centro histérico da cidade © nio em outro tertitério significava, naquele momento, inverter o olhar sobre as cidades, principalmente as européias, jé que boa parte das experiéncias de intervengio do pés- guerra haviam se concentrado na tarefa de reconstrugio de cidades ou construglo de bairros novos na periferia, No texto, ja estavam —_presentes argumentos relevantes tais como a necessidade de se partir de uma visio global dos problemas do centro histérico e sua recuperagio, levando em conta o desenvolvimento do pats (ou regio) € de revisio da legislagao, fatores determinantes da desvalorizagio de setores do centro © da marginalizagio das classes de menor poder aquisitive, da produsfo de novos bairros residenciais e criagio de areas de produgio segregadas nas metrépoles, processos que acabaram por relegar 0 centro histérico a uma ccondigdio marginal, de degradagao ou destruigao fisica ¢ social, assim como tomi-lo objeto de investimentos especulativos. Separar 0 direito de propriedade do direito de construir, ou, em outras palavras, discutir © uso social da propriedade urbana, era uma de das propostas apresentadas para viabilizar a recuperagio dos centros histéricos. Entre outros aspectos, 0 controle de uso do solo € apontado como fator essencial para a manutengdo dos habitantes do centro. Conforme conclui o autor, os fenémenos de natureza econémico-social so insepariveis da questio da conservagio e da valorizasao social do patriménio urbano, j4 que além de um bem cultural inaliendvel é também um recurso que no se deve desperdigar nem deixar nas mios da especulago, Ao contririo, deveria ser conservado ¢ reabilitado para a habitago social PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB ¢ resguardado das transformages estruturais © funcionais que —se._—_desenvolvem “espontaneamente”, ‘Todas as questdes enumeradas possuem uma atualidade notivel em relagio ao debate preservagdo do legado patrimonial dos centros histéricos, inclusive com certo consenso entre os atores implicados no proceso, independente de _interesses envolvidos, exceto pela proposta de reabilité-los para a habitagdo social e a de controle e protegdo. de seu desenvolvimento em relagdo & dinfmica urbana da cidade, recente sobre a Estes dois aspectos, no por acaso, slo que ainda permanecem em aberto na discussio sobre a recuperagio de centros historicos. Em estudo recente’ foram analisadas as experiéncias de reabilitagdo de dreas centrais de tum conjunto de cidades latino-americanas que possuem significative patriménio urbano arquiteténico": Rio de Janeiro, Porto Alegre, Olinda, Belém, Montevidéu, Havana Velha & Valparaiso, A pesquisa se desenvolveu a partir de dois enfoques: andlise das teorias urbanisticas que sustentam programas, projetos ¢ planos ¢ das formas de gestio e implantago dos ‘mesmos. A escolha deste conjunto de cidades se deve A premissa de que hé uma simultaneidade nos processos de intervengao ¢ mudangas em curso nas cidades latino-americanas, dos quais estas cidades ¢, particularment histéricos, sio exemplos emblemiticos, por motivos distintos, 08 seus centros A pesquisa foi feita por meio de coleta ¢ andlise de documentos, _levantamentos, publicagdes ¢ relatérios téenicos de planos ¢ programas existentes nas prefeituras e érgios de preservagio, coletados nas viagens de campo realizadas para as cidades _estudadas" posteriormente re-elaborados, de a, para cada enfoque proposto acima, forma Para este artigo, entretanto, por uma questo de espago, propds-se como recorte a 7 discussio de dois estudos de casos de cidades brasileiras, Porto Alegre e Olinda, a partir da anilise dos processos de conservagio © reabilitago de seus centros, em especial, dos perimetros delimitados, financiados ¢ geridos pelo Programa Monumenta/BID, fator que possibilitou uma primeira leitura comparada dos A importincia de operar aproximasées, entre as experiéncias de intervengio de reabilitago de centros historicos e de gestio dos patrimdnios construidos nas cidades esti principalmente na possibilidade de identificar novas questdes a partir da anélise das préticas adotadas e refletir sobre problemas comuns, cuja reunido de dados similares em dossiés permite evidenciar, Assim, na segunda parte do texto, arande parte do material apresentado bascia-se na consulta a fontes primérias e em evantamentos empiricos realizados. A primeira leitura posstvel, portanto, decorreu do. proprio desenho do Programa ‘Monumenta/BID, que atuou de forma similar em todas as cidades brasileiras. Porém, o programa 60 resultado de um longo percurso de discussio internacional sobre a preservagio do patriménio construido, que culmina com a definigo de um cconsenso em tomo da idéia de que a recuperagio dos centros historicos somente seria possivel a partir de uma abordagem da relagdo destes com © desenvolvimento urbano das _cidades, considerade em todos os scus aspectos, Outra questo que ganhou relevincia recente e que culmina na forma de atuagio do Banco Interamericano de Desenvolvimento € 0 investimento na recuperagdo urbana com a perspectiva de obter 0 autofinanciamento do processo produto, priorizando 0 financiamento de projetos que resultem num rapido retomo do capital investido, Ou seja, reduzindo a0 nivel econémico ¢ financeiro os de definigio de prioridades que deveriam ser discutidos no plano politic. critérios PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB Breve percurso da Planos ¢ programas de conservacio urbana financiatos institucionalizagio de © pereurso.—historico de institucionalizagao de programas e planos de conservagio urbana tem inicio a partir das intervengSes no centro histérico de Botonha, conforme enunciado, as quais ocorrem em meio a um contexto de crescente importincia da questdo da conservagio do patriménio, Em 1964 € assinada a Carta do ICOMOS", em Veneza, que embora no tenha feito referéneia direta a dimensio social mais ampla do. urbanismo, estabeleceu critérios cientificos e metodolégicos para a intervengie no patriménio construido e. no mesmo sentido, em 1967, seria declarado 0 Ano Europeu do Patriménio Histarico (MUTAL, 2001). No inicio da dScada seguinte, a questio ganharia proporges mundiais, com a realizado da Convengio das Nages Unidas, em 1972, até hoje uma referéncia, pois jf se referia em seu texto a protegdo do patriménio mundial, cultural ¢ natural (BOUCHENAKI, 2001) c exigia dos estados membros uma lista dos sitios histricos mais importantes, os quais, mais tarde seriam submetidos & andlise na sede da UNESCO em Paris que, por sua vez, realizatia as primeiras declaragées de conjuntos e eidades patriménios rmundiais, Quatro anos depois, a Conferéneia Geral da UNESCO em sua 19* reunido em Nairdbi, em 1976, convidava os Estados Membros a assumir uma politica global rclativa a salvaguarda dos conjuntos histéricos ¢ sua fungio na vida contemporinea, assim como a instituir um. regime juridico e administrative especifico de protegZo dos conjuntos e a realizar harmonizago destes com as legislagies de urbanismo ¢ de habitagio. Nascem, assim, os “setores conservados” (BOUCHENAKI, 2001), uma Simultancamente, ocorre um movimento goral de reflexdio sobre o tema ¢ no Conselho da Europa é assinada a Carta Européia do Patriménio Arquiteténico, em Amsterdi, em Is ‘outubro de 1975, em que se amplia 0 conceito de patriménio cultural ao se abolir a idéia de hierarquia entre conjuntos de maior © menor interesse (JUSTICIA & MARTINEZ, 2008). Porém, apenas dez. anos mais tarde, em 1985, na reunide do mesmo Conselho em Granada scria assinada a “Convencién para la salvaguarda del patrimonio arquitecténico de Europa”, na qual se estenderiam as de conservagdo, especificamente, para os. centros urbanos hist6ricos (BOUCHENAKI, 2001). recomendages No contexto americano, 1967, também seriam elaboradas as Normas de Quito pela Organizagio dos Estados Americanos (OEA). Tais normas restauragio de monumentos, num momento em que se consolidava a idéia de recuperagio econémica de Areas historicas a partir do aproveitamento do patriménio edificado para 0 turismo. Porém, foi no Coléquio de Quito, em 1977, que os centros historicos foram definidos como “aquellos asentamentos humanos vives, {fuertemente condicionados por una estructura ‘fisica proveniente del pasado, reconocibles ‘como testimonios de la evolucién de un pueblo” (GUTMAN, 2001:96), No ano seguinte, seriam declaradas as duasprimeiras_cidades patriménios mundiais: Quito (Equador) ¢ Cracévia (Poldnia) e com isso, supie-se 0 inicio de uma nova mancira de abordar a conscrvasio dos monumentos, _integrando-os_ a0 desenvolvimento das cidades histaricas. versavam sobre a Gutman (2001) aponta que numerosos congressos se realizaram com este enfoque ampliado do “antigo” e do “histérico” entre as, décadas de 1970 e 1980, em que determinado grupo de especiatistas reconhecia setores ou cidades como histéricos, entre os quais, o de Nairébi (1976), ja citado, o Simpésio de Moré! (1981) e de Tepoztlin (1983), Puebla (1986), México e La Habana (1987), Finalmente, em 1987, a Assembleia Geral das Nagées Unidas assinava a Carta de Washington do ICOMOS que, assim como a Convengdo Europeia de 1985, recomendava a protegio de cidades histéricas’. UNESCO, PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB ICOMOS e — ICCROM", —divulgariam internacionalmente seu enunciado e os bancos internacionais, Banco Mundial (BM) ¢ Banco de Desenvolvimento (BID), passariam a se interessar pelo assunto © a destinar recursos importantes para a recuperag3o de contros. de cidados _historicas (BOUCHENAKI, 2001), Interamericano Entretante, como afirma Mutal (2001), devide as condigées criadas pelo IPHAN (Instituto do Patriménio Histérico e Artistico Nacional), © primeiro programa de cidades hist6ricas a ser eriado na América Latina seria no Brasil, em 1973, 0 Programa Integrado de Reconstrugdo de Cidades Hist6ricas do Nordeste (ZANCHETI & MILET, 2006), que demandaria 1 criagdo da Fundagio Nacional Pro-Meméria (FNPM), em 1980, como érgio executivo da entio Secretaria do Patriménio Histérico & Artistico Nacional (SPHAN), sustentada por fundos piblicos e privados (FONSECA, 1997), No total foram realizados 93 projetos, 16 deles cm cidades hhistoricas © 49 em areas urbanas (MUTAL, 2001). Neste mesmo ano, Ouro Preto € a primeira cidade brasileira declarada Patriménio Mundial A. relago entre reabilitagio do patriménio urbano e desenvolvimento teve maior convergéncia no enfoque dado ao tema por acordos de cooperagdo internacional entre paises, ©, logo, entre comunidades. ¢ municipalidades no dmbito da diplomacia subnacional, os chamados acordos de segunda ¢ terceira geragio, iniciados em meados dos anos 1990, Porém, é a partir do reconhecimento de semelhangas entre os problemas dos centros hist6ricos, entio territorios delimitados, que uma estratégia de atuagdo num conjunto de cidades passou a definir © desenho das cooperagdes centre paises do continente curopeu ¢ latino americano ¢ caribenho, Isto foi possivel a partir das transformagdes operadas nas trés décadas finais do século XX, em que, em quase todas as cidades © regides da América Latina e do Caribe, seguintes foram —observados os 19 processos: demogrifico acentuado ao lado de um desenvolvimento industrial © de uma ripida urbanizagio, a tendéncia A descentralizagio grandes metrépoles, © fendmeno da migragio, crises cconémicas constantes na década de 1980, sgerando expansio da pobreza, da marginalidade © a deterioragio do meio ambiente (GUTMAN, 2001). Tais processos, entretanto, somente se tornaram visiveis na medida em que outros agentes externos passaram a interagir com os governos nacionais ¢ locais © a promover a difusdo de idéias nos contextos regionais, Segundo Mutal (2001), entre as décadas 4c 1970 ¢ 1980, a regido se abriu a novas ideias, ainda muito influenciada por modelos europeus que sio, em geral, transpostos diretamente para © contexto local. Neste periodo, um projeto conjunto entre PNUD" e UNESCO faz um chamamento. & cooperagao internacional para ass govemos latino- orjamento de USDS 20,000,000, em que foram criados 16 centros de conservagio, 0s quais, aps sete anos consecutives, j& tinham formado 1.500 {graduados em cursos de especializagao, técnica As celebragdes do V Centenario em 1992 se juntaram a0 Projeto Regional PNUDIUNESCO com sede Lima, principalmente nos paises de lingua espanhola, © impulso a inovagdo na assisténcia financeira espanhola para a América Latina e 0 Caribe se deu a partir da politica de cooperagio do governo socialista, apés 0 inicio do regime democratico e do ingresso do pals na Comunidade Européia, através da criagio do Fundo Quinto Centendrio, Tratava-se de um montante de 500 milhdes de délares destinado de projets de desenvolvimento para atender as necessidades basicas dos estados latino-americanos, entre as quais, de urbano, conservagdo, restauragio e aproveitamento do patriménio cultural para 0 desenvolvimento turistio (URQUIZA, 2005), a0 financiamento as desenvolvimento PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB Neste SIRCHAL de revitalizagio de centros hist6ricos de cidades da América Latina ¢ Caribe € um exemplo da politica de promogdo © cooperagio cultural mesmo sentido, programa Semindrios-ateliés sobre a deseavolvida pela Dirosdo de Arquitetura © Patriménio (DAPA) do Ministério de Cultura © Comunicagio da Franga, e se inicia em Paris, em maio de 1998, na “Maison de L’Amerique Latine” com o apoio do BID ¢ da UNESCO, do Ministérios das Relagdes Exteriores © Obras Piblicas da Franga e @ Unido Internacional de Arquitetos (UIA), além de empresas francesas ¢ outros organismos nio governamentais. Foram realizados encontros em Quito, em 1998, em Santiago e Valparaiso, em 1999 e em Sio Luis do Maranhio, em 2000. Porém, a participagio do BID, inicialmente centrada em iniciativas piiblicas de conservagio ¢ reabilitagdo do patriminio urbano para apoio ao desenvolvimento do turismo no se mostrou sustentivel, segundo afirma Rojas (2001). Assim, foram rodirecionados a programas mais integrados de conservagio © ccentras hist6ricos, que passaram a incluir no process todos 0s atores interessados, condicionando a execugdo dos programas os financiamentos revitalizagio de muitas vezes criago de mecanismos de participagdo por parte dos governos locais. ‘Além de investimentos na conservago de monumentos, programas destinariam para melhoria de espagos piiblices, para a conservagio de edificios privados e para o infraestrutura e fomento de atividades econémicas, Além dos governos centrais, passaram a incluir governos (estados © municipios) ¢ entidades piblicas vinculadas 4 —promogio do desenvolvimento. Também no setor privado, locais promovem a participagdo de grupos interessados na histéria e na cultura, jé que tinham como pressuposto que a reabilitagio dos iméveis permitiria atrair investidorese —criar boportunidades para negdcios"™ PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N81 20 Rojas (2001) aponta que este enfoque permitiria ao banco perseguir varios objetivos, tais como ajudar os financiados a methorar a cfetividade do gasto piblico, com prioridades claras destinadas. @ promover investimentos privados, com participagio dos proprictarios do dos investidores imobilidrios, ou seja, tomar em consideragdo tanto a questio técnica quanto as preferéneias locais_(ineluindo interesses politicos), de forma a incentivar que a solo & iniciativa dos programas surgisse do local, Um exemplo eficaz de mecanismo que atenderia esse processo, segundo autor, seriam as sociedades de capital misto™. Outra perspectiva de desenvolvimento era_a promogio de atividades produtivas mediante programas de conservagdo do patriménio urbano voltados prineipalmente para oturismo® Desta forma, de 1974 a 1999, foram realizados iniimeros acordos de cooperagdo entre governos de cidades latino-americanas © caribenhas, BID © os govemos de paises curopeus. Todos se enquadravam na segunda geragio de acordos, em que além de investimentos em infraestrutura, slo destinados recursos para promover ages pliblico-privadas para a conservagdio de centros historicos (ROJAS & CASTRO, 1999), No Brasil, o programa MONUMENTA recebeu cinquenta milhies de délares do banco em 1999 ¢ teve uma contrapartida dos governos locais de mais. cinquenta__milhdes, (BOUCHENAKI, 2001). Nas tratativas iniciais com o Ministério da Cultura, em 1995, se definiram os locais de intervengio prioritéria Olinda, Recife, Salvador, Ouro Preto, Rio de Janeiro e So Paulo. Também em 1999, por cocasido das comemoragies dos 50 anos do BID, em Petrépolis (RI), € assinado o “Contrato de Empréstimo com Governo Brasileiro”. Em 2000 se inicia efetivamente o Programa e se elaborou “Lista de Prioridades do Monumenta”, a partir de um ranking de cento e um sitios e conjuntos urbanos sob a protegdo federal, Em 2006, foi concluida a selego piiblica de iméveis privados, realizada nas vinte ¢ seis cidades do Programa, PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB com a classificagio de oitocentos e noventa e dois iméveis. Em 2007, tendo em vista o grande niimero de projetos ainda em andamento, 0 programa prorrogado até 2009. Ao ser encerrad © programa, foi eriado o PACH, Plano de Ago das Cidades Histéricas, novo plano que surgira da experiéncia acumulada de atuagdo do Monumenta®. Entretanto, este programa deveré ser finaneiado apenas pelos padetes piblicos das diversas instincias de governo Portanto, fica evidente que todas as premissas do programa MONUMENTA, do governo federal, gerenciado pelo IPHAN junto as municipatidades brasileiras foram, na verdade, condicionantes definidas a priori pelo BID. ‘A perspectiva que se apresentava ainda no inicio da implantagdo do programa era a de atuar a partir de uma visio estratégica ¢ um objetivo claro de desenvolvimento, com um enfoque multidimensional que contemplasse o entomno fisico € 0 tecido social, com a finalidede de methorar a qualidade de vida dos residentes originais ¢ a rentabilidade das atividades econdmicas. Outra perspectiva importante era obter colaboragio entre 0 setor piiblico ¢ 0 privado para melhorar a eficacia dos investimentos, com a contratagdo de agéneias especializadas ou a definigdo de um corpo téenico treinado para coordenar © executar os planos de desenvolvimento (MUTAL, 2001), ou seja, propunha-se a estabelecer uma gestio paralela, se necessirio™. A atuagao do Programa nas cidades brasileiras 0 Programa Monumenta espectto de atuago bastante amplo, incluindo tanto cidades histéricasj declaradas patriménios como Outro Preto, Olinda, Gois Velho, Diamantina, como cidades que possuem apenas um significativo eonjunto de edificios tombados no nivel federal, caso da maioria das capitais como So Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, etc. © programa era teve um. PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N.8L implementado a partir da assinatura de convénios firmados entre o Ministério da Cultura, prefeituras e/ou estados, no qual se estabeleciam as atribuigdes de cada uma das partes, os objetos de intervengdo, o valor dos financiamentos os prazos de execuydo das obras. Para acompanhar e conduzir as ages do Programa formavam-se equipes de téenicos do ‘muniefpio ou do estado em conjunto com os do IPHAN para comporem as Unidades Executoras, de Projeto ~ UEP, as quais recebiam orientagdes, da Unidade Central de Gerenciamento, com sede no Ministério da Cultura (MINISTERIO DA CULTURA — Programa Monumenta/BID). © primeiro paso, portanto, era definir um conjunto significative articulado de edificios histéricos a serem restaurados © reabilitados, mesmo para cidades como Olinda em que teoricamente nfo ha setores mais significativos que outros, enquanto contexto integro de cidade historica, PROGRAMA MONUMENTA - Porto Alegre FIGURA I: Centro Histo a Rua Sigueira Campos, onde, além de edificios piiblicos, se localizam ediffcios comerciais e de servigos, numa rea bastante consolidada. Levantamento prprio, 2007, A historia da gestio do patriménio de Porto Alegre se confunde com a historia do planejamento da cidade e, neste sentido, no contexto das cidades brasileiras, poderiamos aponti-la como uma das primeiras @ tratar a questio com enfogue no desenvolvimento urbano da cidade, em especial, de seu centro, como nos mostra Meira (2004). A autora aponta, PARC | Pesquisa em Arguitetura e Construcdo, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB 6 inicio das ages de preservagao nos anos 1970, quando estas se institucionalizam por meio de leis especificas e de agdes gerais que vinham sendo estruturadas desde « década de 1960, por tum grupo ainda restrito de intelectuais © fato da cidade também ter sido pioneira no Brasil, nos anos 1990, @ implantar processos participativos, fez com que comesassem a surgir demandas de preservacio de patriménios da cidade em foruns de discussio mais gerais como 0 Orgamento Participativo, os Congressos da Cidade eas Conferéneias Monicipais, segundo a autora, que ainda ressalta que a “irajetoria da preservagao do patriménio cultural, em Porto Alegre, reflete as mudancas de conceitos e priticas ocorridas em nivel internacional e nacional” (MEIRA, 2004:69). ‘A estrutura da rea de cultura da prefeitura consiste hoje, hierarquicamente, em sectetarias, coordenadotias © departamentos. A firea de Meméria Cultural ¢ toda a discussdo sobre edificios © reas preservadas se concentram no EPHAC ¢ no COMPHAC, que slo, respectivamente, © érgio assessor ¢ © conselho do Patriménio de Porto Alegre. Porém, 1 gestdo do centro, como um todo, é feita através de um programa especial da Prefeitura, o “Viva © Centro”, que & vinculado & Secretaria de Planejamento ¢ nio a de Cultura. A Secretaria Municipal da Cultura (SMC) & quem realiza 0 Inventirio do Patriménio Cultural - Bens Iméveis - de Porto Alegre, que fundamental para o desenvolvimento da prética de preservagio do municipio, subsidiando 0 planejamento da cidade, desde que a legislagio constitucional assim o definiu. No anteriormente denominado Bairro Centro foram identificados ‘um mil ¢ trintae sete iméveis (PDDUA,2008). tem sido um instrumento Ha também os bens tombados pelo Municipio, que so aqueles protegidos pela Lei de Tombamento - Lei Complementar 275/92 - © ppassam a integrar o Patriménio Cultural de Porto ‘Alegre apés serem inscritos no Livro do Tombo. 2 = oad FIGURA 2: Mercado Municipal de Porto Alegre, inaugurada om 1869 ¢ restaurado em 1999 pola Prefetura Municipal © pelo Monumenta. Fonte: Levantamento préprio, 2007, i Hal TOUR, +P maids fh ate ree Ee ee oe ee mea rar cum ele Levantamento priprio, 2007, PIGURA 4: Edificio da Profeitura de Porto Alegre na Praga Montevidéu 20 lado do Mercado Municipal. cedifico foi restaurado pelo Monumenta e 0s espagos © equipamentos piblicos pela Prefeitura. No primeiro plano vé-se a Fonte Talavera, Fonte: Levantamento priprio, 208. PARC | PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB Um dos projetos._emblematicos realizados no centro ¢ vinculados & Secretaria de Cultura ¢ & do Plangjamento (Viva 0 Centro) foi © restauro € reabilitagao do edificio e criagao do Memorial do Mercado Municipal (FIGURA 2). Por meio deste trabalho foi possivel, ao longo de dezesseis anos, realizar uma pesquisa histérica completa da érea do entomo do edificio e langar ‘varios programas associados & recuperayio da Meméria da drea e a valorizagdo das atividades e tradigdes ainda presentes. Ou seja, a partir da reabilitagio do edificio e @ permanéncia do uso, foi possivel mobilizar todos os atores envolvidos, desde concessionarios, proprietirios, de edificios do entorno, usuarios e até a propria opinio publica, © Programa Monumenta Porto Alegre se iniciou em 2001 e, em 2009 estava encerrando as restauragdes no perimetro de intervengdo. Foram definidos dois eixos significativos da ocupagio ¢ desenho do centro histérico: a Rua dos Andradas (Rua da Praia, FIGURA 6), que determina um cixo entre a Usina do Gasémetro © © Mercado Antigo e a Rua General Cimara (FIGURA 7), que determina um eixo entre a cidade baixa e a alta, ligando a Rua da Praia & Praga da Matriz onde se concentra, respectivamente, 05 edificios insttucionais ‘municipais mais significativos ¢ os patriménios estaduais ‘A. questo. mais importante que 0 Monumenta propiciou, no caso de Porto Alegre, foi a possibilidade de otimizar as ages de preservagio (pressuposto do BID), com prazo & dea de intervengio delimitados, tendo em vista também organizar as ages simultaneas. dos varios Oreos de preservagdoatuantes e incidentes no mesmo espago, tais como 0 IPHAN (Instituto do Patriménio Histérico ¢ Artistico Nacional), 0 IPHAE (Instituto do Patriménio Histérico e Artistico do Estado) e 0 EPHAC (Equipe do Patriménio Histérico © Cultural). A implementagio das obras do Monumenta conseguiu romper com a inéreia de ages tomar a questio do centro priritiria para a prefeitura e 0 governo estadual. Pesquisa em Arguitetura e Construgdo, vol, Nal 23, De qualquer modo, houve também varios aspectos ndo solucionados, Um deles & a nfio incluso de financiamento para a remuneraglo dos _projetos de imtervenge, o que fez com que a equipe do Monumenta acumulasse a fungio de rever projetos - e, em muitos casos, de detalhd-los - coma de atuar como gerentes, ou seja, fazendo a ponte entre os érgios técnicos nas demais instancias, os projetistas © os proprietirios dos iméveis, executivos Outro aspecto a ser destacado & que © entorno dos bens tombados e restaurados pelo ‘Monumenta esta submetido a0 IPHAN (Instituto do Patriménio Histérico e Artistico Nacional) © ‘© Monumenta, enguanto programa de agio, no tem um aporte teérico proprio e sim responde 9s requisitos do BID, que tragou sua linha de atuagio vilida para qualquer cidade ou centro histérico, Desta forma, © programa incorporava @ visio de preservago local dos técnicos municipais como, es do EPAHC (Equipe do Patriménio Histérico ¢ Cultural). Isto criou varios impasses nas decisées, embora © fato de haver uma rotatividade muito grande entre os técnicos da prefeitura nas varias instincias de preservagdo tenha amenizado este problema, © pattimanio de Porto Alegre édividido pela legislagdo (Lei Complementar Municipal a? 434/99 - Plano Direlor,Ar.14, Pargrafo Unico) em bens “de estrturagdo", queso 0s que “..) or seus valores aribui Wentidade ao espace (..)" @ 0s “de compatibilizagao” que expressam () relagdosignificativa com a de Estruturagiio e sew entorna (.)". As Areas Especiais de Interesse Cultural (AEIC), constantes no plano ditetor, configuram unidades mais amplas, entendidas como conjuntos indissociaveis e que devem manter suas caracteristicas, com incluso de areas de entorne no perimetro de conservagio dos conjuntos. Isto representou uma abrangéncia maior do tecido urbano preservado. Entre bens de estruturagio © compatibilizaglo hi cento © sessenta iméveisprivados. Em 2006, 0 PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB programa Monumenta langou o primeiro edital e realizou reunides —quinzenais proprietirios privados. © resultado foi uma resisténcia a principio, seguida de uma grande adeso: sctenta interessados retiraram os editais, ‘trinta apresentaram propostas, dezesscte foram selecionados ¢ ao final, s6 doze fizeram obras (com cinco milhdes de reais destinados para tal). Em 2008 foi langado um segundo edital com a verba que nio havia sido utilizada no primeiro e foram atendidos mais doze proprietirios de edificios que regularizados juridicamente e que conseguiram apresentar projetos. (que, em geral, so tereeirizados), pois sie necessérios dois anos, em média, para aprovar projeto e situagdo Juridica, estavam No Plano Diretor, a area central comresponde a area | ec 6 predominantemente comercial, que mantém sua caracteristica de centralidade principal e ainda possui uma grande quantidade de habitagdes no centro. € nos bairros tradicionais no setor contiguo a cle. © maior problema do centro, do ponto de vista urbanistice, @ a falta de coordenago entre os projets ou de visio estratégica, o que gera certa inseguranga na condugio e de continuidade dos processos iniciados, segundo téenicos locais consultados, A Jirea central esté razoavelmente consolidada (FIGURA 1) ¢ sua verticalizagao controlada. ‘Nao ha cortigos ou reas probleméticas, por isso os programas do centro nio estio voltados para 1 solugdo deste tipo de problema, ‘Outro problema apontado pelos técnicos consultados é a integragio nos projetos das areas de borda do centro, na orla do Guaiba™. Virios estudos apontaram a érea como estratégica para interveng3es de renovaydo urbana ¢ eriago de ‘oportunidades de novos investimentos privados de grande escala, Entretanto, tal possibilidade esbarra numa questo que remanesce que é a transposigdo da Av. Maud que separa o porto da cidade propriamente (FIGURA $) e a reutilizagdo de muitos edificios vazios e terrenos ainda vagos na area, 24 FIGURA 5: Galpées reabiltados da area portudria junto ao Rio Guatba, Fonte: Levantamente préprio, 2009. ©*Viva 0 Centro” programas estratégicos inseridos Modelo de Gestio adotado 2005 pela Administrag3o Municipal de Porto Alegre. Oprograma & gerenciado pela Secretaria do Plancjamento Municipal (SPM) ¢ conta com a participagio de praticamente todas as secretarias, @ departamentos do Municipio. Porém, entre as, principais questdes verificadas sobre sua atuagao esti a falta de institucionalizagao num sistema de planejamento dos procedimentos criados © no apenas vinculados a um programa, fato que evidencia © problema de auséncia de visio cestratégica, éum dos 21 FIGURA 6: ‘Monumenta Porto Alegre: Rua dos Andradas. Fonte Levantamento priprio, 2009, Um dos dois eixos do Programa PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB FIGURA 7. Outro eixo do Programa Monuments: Rua General Cimara, Fonte: Levantamento préprio, 2009, No caso especifico da atuagio da gestio municipal junto a¢ Monumenta, 0 programa “Viva 0 Centro” implementaria as parcerias piiblico-privadas, cooptando outros agentes no processo para que a reabilitago nfo se tomasse tépica e sim integrada (MONUMENTA, 2001), Porém, com a auséncia de um plano para 0 centro, isto nio ocorreu e as ages foram pontuais e, em geral, associadas de forma intuitiva Nao obstante, a simultaneidade de ages resultou na aparéneia de que coordenagdo geral ¢ numa mudanga da imagem do centro. Este contexto permitiu que © COMPAHC promovesse om 2008 uma campanha, que culminaria com um decreto que alterou a denominagao de Bairro Centro para “Centro Histérico” (Lei n°10.364/2008)"". Outra ago importante do COMPAHC foi a eriagio da AMICH - Rede de Amigos do Centro Histérico de Porto Alegre, que pretende se transformer em. uma OCIP ou ONG no futuro, para propagar a importincia do centro histérico para a cidade. Isto poderii ter uma repercussio imediata para 0 ‘turismo cultural local havia uma Monumenta Olinda 0 Sitio Histérico de Olinda corresponde as colinas e as Areas baixas junto ao mar onde ocorreram os primeitos assentamentos da cidade, nele situando-se os monumentos © 0 25 casario secular. a érea tombada pelo IPHAN pela Notificagdo 1,004/68 e protegida pela lei municipal como Zona Especial de Protegdo Cultural (ZEPC1, FIGURA 8). Nessa area, apesar de prodominar 0 cariter residencial, também hi atividades comerciais de mbito local, de prestagdo de servigas de pequeno porte ¢ atividades cuturas ede lazer compativeis com a condigio de rea preservada, FIGURA 8: Mosteiro de Sio Bento em Olinda na ZEPCI. Patriménio da Humanidade, Nota-se a falta de conservagio da fachada, Fonte: Levantamento préprie, 2008. FIGURA 9: Casario histrieo no cenro ds Olinés Notas o uso degrades nas janels, como medida de sequranga. Algumas casas sio atclis, outs sf0 wilizadas segunda residéncia, Fonte Levantamento proprio, 2008 Este setor 6 0 corago da cidade e seu principal atrativo em termos culturais © turisticos. Esti envolvido por um anel vidrio de cireulag3o a nivel metropolitano (lei n* 3926/73), que fez dele um setor distinto dos demais na cidade (ZANCHETI & MILET, PARC | Pesquisa em Arguitetura e Construcdo, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB 2006), tendo o grande espago urbano do parque de Salgadinho como marco de entrada pelo Recife. A proximidade de grandes empreendimentos na rea de Salgadinho (Centro de Convengdes de Pernambuco, Parque Arcoverde, Play-Center, Fabrica da Tacaruna © Shopping Tacaruna) e dos bairros do norte, onde se expande 0 comércio © a especulagdo imobiliéria, apontam para a necessidade de dotar © Sitio Historico de equipamentos e mecanismos que recuperem sua vocagio socio-cultural (PRPCU, 1997:14). Na verdade, foi a fragilidade econdmica do municipio, adquirida no século XIX, apés a perda do status de capital para Recife, ¢ estendida até a década de 1960, 0 que possibilitou a manutengio das caracteristicas urbanisticas e arquitetdnicas do seu Centro Histérico, bem como das suas manifestagdes culturais mais representativas (PRPCU,6). Neste sentido, a condigdo de Olinda & representativa de virias cidades historicas brasileiras, as quais, preservadas em sua paisagem, tragado urbano © conjunto arquitetOnico, exereem uma forte atrago sobre artistas, intelectuais e profissionais liberais, das mais variadas procedéncias. Assim, nesta mesma década de 1960 ocotrew 0 primeiro movimento de fixagdo de moradores externos & Comunidade. Intelectuais e artistas passaram a adquirir iméveis locais para moradia, com a perspectiva de desfrutar da qualidade de vida e do prestigio oferecidos pela paisagem autenticidade (FIGURA 9)". Em consequéncia, no periodo de 1960 a 1991 a populagdo do municipio triplicou, passando de 109,950 habitantes para 341.059 habitantes local No inicio da década seguinte, Olinda labora o primeiro Plano Diretor, que permitiria a definigao de diretrizes de uso © ocupagio do solo no municipio, tendo gerado 0 Cédigo de Obras © Posturas, instrumento de controle ‘urbano ainda vigente (PDMO, 2004) Porém, no & possivel pensar o Sitio Histérico de Olinda independentemente da 26 Cidade e da Regido Metropolitana do Recife. A Cidade Alta de Olinda possui 2 km’ de superficie, ocupa um lugar estratégico com uma cencosta de 50 m de altura (FIGURA 10), num territério de 40,83 km? da cidade, —distante apenas $ km do limite com Recife. A interasdo centre as duas cidades data dos primérdios da ‘ocupagdo portuguesa, quando Olinda apoiava-se no atracadouro de Recife como lugar de escoamento de sua produgdo agricola. O istmo de Olinda, fachada de Recife, articulava 0 porto, © miicleo urbano e as areas produtivas da entdo sede do governo portugués em terras de Pernambuco (MONUMENTA, 2005) Fig. 10. Vista de uma das ladeias a partir da Cidade Alta de Olinda, Fonte: Levantamento préprio, 2009 Apesar do Plano Diretor de Olinda ter softido atualizagdes desde 0 primeiro periodo dos anos 1970, a totalidade dos planos tematicos incide sobre o Sitio Histérico. E a despeito disto reafirmé-lo lugar privilegiado pela localizago, por suas qualidades culturais e pelo valor de seu patriménio imobilidrio, o sitio sofre hoje forte tendéncia de envelhecimento da populagdo, claros indicios de marginalidade social e progressiva estagnagio do patriménio construido, ‘Tal situagdo pode ser constatada através de visita aos bairros mais distantes do Sitio Histérico e confirmado por dados dos relatérios da Secretaria de Planejamento da cidade (PROMETROPOLE, 1988)” Mesmno depois de receber 0 titulo de Patriménio da Humanidade, concedido pela UNESCO em 1982, Olinda ndo conseguiu PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB implementar atividades produtivas capazes de absorver um contingente populagdo economicamente ativa e, em conseqiigncia, desempenba 0 papel de cidade-dormitsrio, exportando sua forga de trabalho para os municipios adjacentes. As bases atuais da economia municipal sdo as atividades de lazer © turismo, assim como pequenos comércios © prestagio de servigos. de Por outro lado, o isolamento da area tombada e contrapartida financeira por parte da gestdo municipal, para a atuagdo conjunta no Programa Monumenta, produziu dois tempos diferenciados para as ages © investimentos no municipio. Ergueu-se uma muralha invisivel ao redor da frea historiea, j que grande parte da regulagdo e dos parimetros urbanisticos ¢ especifica para esta drea e de dificil assimilagdo por parte da populagdo quando implica restrigdes que no se estendem aos demais bairros. Assim, a gestdo municipal, através da Secretaria do Patriménio, Cigncia, Cultura ¢ Turismo (SEPACCTUR), conviveu com uma gestio paralcla dedicada a a exigéncia do BID de uma responder a0 cronograma das obras em andamento financiadas pelo programa Monumenta, ‘Outro problema estrutural e que incide na gestio da drea ¢ ter que lidar com @ falta de postos trabalho na cidade ¢ 0 empobrecimento da populagdo, descaracterizando a convivéncia ¢ identidade local, j que para a populagio residente hi somente a op¢do de atuar no ramo do comércio © servigos voltados para o turismo, que oscila de acordo com 0 calendario de eventos em ambas as cidades. de A ocupagao de uma das dreas objeto de interven do Monumenta, 0 Alto da Sé (FIGURAS 11 ¢ 12), por um grande namero de ambulantes, gerou a necessidade de organizar tum projeto especifico para abrigi-los fora dos espagos piblicos, resolvido com a construsio de uum Mercado de Artesanato, destinado a abrigar 0s comerciantes que serdo removidos de instalagdes informais, hoje construidas ou 2 armadas sobre o passeio da Rua Bispo Coutinho (SEPACCTUR, 2006). Ou seja, a despeito deste territério concentrar a maioria dos projetos PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB especificos propostos, Olinda enfrenta os. mesmos problemas encontrados no centro de qualquer cidade turistica brasileira, FIGURA 11; Projeto de reestruturagdo urbana do Alto da Sé, Fonte: Preeitura da Cidade de Olinda, Secretaria 4 Patriménio, Ciéneta, Cultura e Turismo de Olinda (SEPACCTUR), Segundo documento “Areas de Pobreza de Olinda” da Secretaria de Planejamento de Olinda (2006), as areas com maior situagao de pobreza so os assentamentos localizados as, ‘margens de mangues, rios e canais. Além do risco de inundagio © da precariedade das construgdes, estes assentamentos provocam, sérios danos 20 meio ambiente, poluindo © aterrando mangues e assoreando os mananciais. Contudo, so também muito densas as areas de ‘ocupagdo fregulares nas encostas da cidade histérica, sem infraestrutura adequada, aumentando os riscos de desmoronamento € de lesio ao sitio histérico (FIGURA 14), Este € 0 problema mais grave a ser enfrentado para a conservagio do. sitio histérico™™ e incide diretamente sobre as areas objeto de intervengao do Plano de Reabilitagio do Centro Historico de Olinda Nao obstante, o Roteiro Indutor definido para a Reabilitagao Urbana de Olinda pelo Programa Monumenta foi pensado em fungdo da localizagio de equipamentos urbanos ‘monumentos, geradores de atividades cultura, produtivas e de interesse turistico-cultural, contemplando ainda ruas_ de uso predominantemente residencial, onde se verifica © florescimento de atividades comerciais, de PARC | Pesquisa em Arguitetura e Construcdo, vol3, N.8L prestayio de servigos e outros usos mistos, de gorantir econdmico compativel com a caracteristica residencial do sitio histérico (PRPCU, 1997). forma a um desenvolvimento FIGURAS 12: Igreia no Alte da Sé — Catedral de Olinda, de 1584, Fonte: Levantamento préprio, 2008. Foram — definidos Monumenta atuagio, intervenges programadas, partindo de uma intervengo mais vigorosa nos espagos © edificios piblicos e procurando estendé-la a uma mesela de edificios de varios tipos, usos e potencial de reabilitago do entomo, jé que a recuperagio dos iméveis privados, na sua totalidade, néo pode ser controlada a partir do pelo programa setores independentes de de acordo com a natureza das 28 programa. Trés estes setores foram considerados priotitios 0s _primeitos iniciados: O Carmo, onde ja ocorrem atividades, culturais; « drea Prudente de Morais! Sio Joio dos Militares, que engloba a Praga de Sio Pedro © 0 Largo do Amparo/Rosério, _cuja caracteristica ¢ interligar uma extensGo de 1.200 'm com potencial de shopping a céu aberto, onde a mua teria um papel estruturador do projeto, na medida em que as atuais habitagdes cederiam parte de sua area de superficie para atividades comerciais ou culturais, tais como galerias de arte, ateliés de artistas plisticos, restaurantes © comércio local (FIGURA 13); trecho Sao Francisco/Misericérdia, sctor privilegiado, pois, foi o primeiro assentamento de Olinda e ainda permite a visio da paisagem marcada pelas torres das igtejas, o mar € 0 verde do entorno, ue hoje, no entanto, se encontra desordenado, ‘ocupado pelo comércio informal apresentando Iransito intenso ¢ localizagio inadequada de estacionamentos (PRPCU, 1997). FIGURAS 13: Rua principal na Cidade Alta, onde se pode recuperayio das casas para 0 funcionamento de lojas de arte © artesanato. Fonte Levantamento priprio, 2009, PARC | Pesquisa em Arguitetura e Construcdo, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB FIGURAS 14: Vista de escadaria de acesso & Cidade ‘Alta e das casas construidas nas encostas da colina, Fonte: Levantamento préprio, 2009, Os objetivos a serem atingides com intervengées cram: dar acesso 20 patrim@nio arquiteténico e espacos livres para os quais estes tém fachada; geragio de renda; preservagdo da identidade cultural e integrag3o social, Para mobilizar a populago em Fungo do projeto, foram realizadas as Oficinas de Planejamento de Olinda, as quais_tém funcionado como verdadeires conselhos de cultura, realizadas com representantes ordens religiosas, do Instituto Histérico, Associagio de Moradores, Associagio de Turismo do Estado e Municipio, agentes culturais, proprietérios de —_pousadas, universidade (Mestrado de Desenvolvimento Urbano da UFP) ¢ representantes dos érgfos de preservagdo dos trés niveis (PRPCU, 1997). das Finalmente, 0 Plano do Complex Turistico Cultural Recife-Olinda 6 a grande aposta em termos de solugdo integrada dos problemas de urbanizagao e incluso social para 08 dois municipios. Também é articulador & estratégico desde a origem, jé que se trata de um plano que envolve varios setores pliblicos © privados e propde @ requalificagdo partir de 29 ‘uma rede de equipamentos culturais distribuida espacialmente no tertitério © no apenas nos centros. Entende os virios projetos existentes ‘como “capital” a ser potencializado pelo plano, numa estratégia de criar sinergia entre os programas Monumenta, Porto Digital, Prometrépole e Habitar Brasil. Do ponto de vista tertitorial, 0 Plano protende estabelecer usos ¢ atividades desejaveis, © com isso induzir a valorizagio de Areas potenciais e o estabelecimento de diretrizes para sua regulamentagdo, O problema € que cada Juma das reas do complexo tem uma histéria diferente, sendo que muitas se concentram no Sitio Histérico de Olinda, na antiga fabrica Tacaruna onde se pretende instalar um centro Cultural ¢ um centro de convengdes, no centro historico de Recife e nas Areas costeiras de Brasilia Teimosa e Parque dos Manguezais (CCRO, 2005), Reflexes finais A primeira constatagdo em relagdo as cexperiéneias estudadas & que os requisitos de atuago do Programa Monumenta/BID - contrapartidas dos municfpios exigéncia de retoro _ financeiro investimentos - impdem uma dinmica de trabalho ¢ uma agenda de intervengées que acabam demandando uma gestio paralela a municipal e, muitas vezes, concorrente. atendidos ¢ dos Esse process, _particularmente detectado pela atuagio de um tinico programa em todas as cidades brasileiras guarda semelhanga com outras formas de “gestdo local de diferengas” adotadas por cidades tatino- americanas, mum contexto de disputa das cidades por investimentos intemacionais. Ou soja, a implantagdo de regimes especiais de esto para os centros histéricos & hoje um Outra questi constatada é a falta de articulagio coordenagio dos _projetos incidentes no centro, Nao obstante, 0 critério de PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB intervengdo do programa a partir de roteiros indutores de reabilitagdo e no propriamente a partir de um perimetro, que foi o adotado em Olinda © em Porto Alegre, representaram um. reforgo de centralidade local devide mobilidade que proporcionaram oc possibilidade de interligago ou conexio entre setores com maior potencial de desenvolvimento de atividades cultura, estabelecendo um desenho de recuperagao que os no seria _possivel realizados pelo programa, sem os investimentos Ainda que no discurso se afitme a necessidade de manutengio da populagdo original ¢ usudria dos centros, a introduce da atividade turistica como fator de rentabilidade dos investimentos estabelece uma contradigio, J que os servigos gerados para uso da populagdo residente e de renda mais baixa no so compativeis com os voltados para o turismo valorizagio requerida para este tltimo tem resultado no deslocamento do comércio popular, em especial, © ambulante, para reas sogregadas da cidade, em projetos construidos para esse fim, embora nacional ¢ internacional, A no sem a resisténeia dos comerciantes envolvidos. Este processo aproxima ambas as cidades de outras latino-americanas que enfrentam a mesma contradigio, entre as quais, Valparaiso, Montevidéu ¢ Quito, que também foram estudadas pela pesquisa, embora no tenham sido objeto de andlise deste artigo. ‘A discussio mais recente relativa a intervengao. brasileiros esté presente na proposta dos Planos de Agio das Cidades Historieas (PACH), concebidos dentro do Sistema Nacional do Patriménio Cultural. Os planos trabalham com & perspectiva de atuaglo ampliada das ages de conservagio, no operando mais a partir de perimetros definidos ou projetos pontuais ¢ sim através de propostas globais elaboradas para um conjunto de municipios. Sob a coordenagio das Superintendéncias Regionais do IPHAN nos estados, 0 programa nio depende mais de financiamentos externas, sobre os centros _histéricos 30 Portanto, 0 IPHAN, érgio federal, passaré novamente a protagonizar o processo de elaboragdo de planos de conservagdo para 0 cconjunto dos municipios. Porém, municipio, uma vez definido © conjunto de ages, deve elaborar um programa de execuso destas, 0 qual, uma vez aprovado, seri supervisionado pelo érgio federal. Do ponto de vista da gestio, recria-se a centralizagao no nivel federal, pois ainda ndo se tem claro como sero 0s fluxos de liberagdo de verbas, cada Esta parece ser, inclusive, a primeira questo controversa, jé que uma vez estabelecidas demandas em um plano conjunto, parte-se para uma segunda ctapa de detalhamento dos projetos municipais, fato que nem sempre sera possivel coneretizar, pois nesta fase inicial néo hd financiamento para a contratagio. de projetos, que terlio que ser realizados com orgamentos municipais, nem sempre existentes para tal, ¢ elaborades por ‘Genicos municipais, os quais, em geral, nfo tém @ formasio especializada que a concepsi0 destes projetos requer. Desta forma, apenas comparando as cidades de Porto Alegre ¢ Olinda & possivel inferir que a elaboragio destes planos tomari visivel a desigualdade de condigses dos municipios em atender as demandas téenivas iniciais, j& que tais condigdes principalmente pelo grau de maturidade da discussio sobre a preservagio © pela presenga de instrumentos ja existentes para @ atuagio sobre uma unidade mais ampla de preservagio de conjunto, so dadas Por fim, de maneira geral, & possivel afirmar que a maioria das cidades capitais brasileiras jé possui instrumentos para atuagdo ra preservagio ambiental os quais poderiam auxiliar a revisio dos critérios de preservagio urbana, hoje ainda restrites aos perimetros delimitados previamente por programas. PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB Referencias BOUCHENAKI, Organismos internacionales e instrumentos juridicos para la preservacién de los centros histOricos. In CARRION, Fernando (editor) CentrosHistéricos de América Latina y el Caribe. 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Plano Diretor de PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N81 32 Notas " Projeto de pesquisa desenvolvido de 2008 a 2011 como titlo “GESTAO DO PATRIMONIO URBANO E ARQUITETONICO. CIDADES LATINOAMERICANAS: Uma aproximagio necessiria”, junto & carreira docente da PUC- Campinas, com Auxilio Pesquisa FAPESP. Este trabalho contou com a colaboracio inestimavel a arquiteta Carolina Gongalves Bexiga © do estudante Clayton Caner, ambos da PUC- ‘Campinas e bolsistas de treinamento téenico da FAPESP (bolsas TT3 e TTI, respectivamente, sob minha orientagéo) que’ auxiliaram, nas tarefas de sistematizagio do material. grifico, iconogrifico ¢ na preparagio dos levantamentos de campo Os levantamentos se referem, em alguns casos, a informagdes e dados de 2011, porém, como pesquisa se iniciou em 2008, consideram-se aqui processos recentes e nio necessariamente em Foram realizadas de uma a trés viagens para cada cidade, para levantamento de campo (coleta de documentos e entrevistas). Em todas, 4 permanéneia para os levantamentos foi de 5 6 dias. Os deslocamentos e estadas nacionais foram financiadas com Auxilio Pesquisa FAPESP, As. viagens internavionais foram realizadas com financiamentos diversos. "International Council on Monuments. and Sites * Segundo 0 autor (BOUCHENAKI, 2001), cembora tena sido divulgada em Washington, 2 carta foi preparada em reunito anterior realizada em Toledo, na Espanha * International Center for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property, Programa das Nagdes Unidas para 0 Desenvolvimento: “O Programa das Nacaes Unidas para 0 Desenvolvimento (PNUD) & a rede global de desenvolvimento da Organizagaia das Nagées Unidas, presente em 166 paises”. Disponivel om: www.pnudorgbripnud! sado em 10/12/2011 documento “The Inter-American Development Bank and Cultural Development A. discussion of key issues (BID, Dep. Desarrollo Sustenible, Washington D.C., marzo de 1998)" as areas prioritarias de conservagio do patriménio urbano sio apontadas como as que apresentavam maior potencial para gerar projetos financiaveis. Entre outros critérios esto = No PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB © potencial de promover participagdo privada, Foram analisadas tés intervenges que tiveram éxito em termos de despertaro interesse do setor privado: Polo do Bom Jesus (Bairro do Recife), Cartagena de Indias (Colémbia) ¢ 0 centro histérico de Quito (Equador). Com base nestes estudos de caso, se identificaram tes linhas de ago para a paticipaglo do banco: 1. Programas de conservagio de centros _historicos patrimoniais com participagio do setor privado; 2, Projetos de conservagdo do patriménio que promovam —processos mais amplos de reabilitagio urbana © desenvolvimento ceondmivo local © 3. Promogio de iniciativas privadas de conservagio do patriménio mediante © uso de incentivos, isengdes © regulayies (ROJAS & CASTRO, 1999), ™ A logica perseguida, neste caso, é que as companhias de capital misto ou corporagées assumam parte do risco do negécio, que tende a ser alto nas ctapas iniiais do proceso de conservacio (ROJAS & CASTRO, 1999), * Os exemplos de investimentos deste tipo foram os programas realizados em Cuzco na década de 1970 © 0s das cidades do nordeste do Brasil, jé citados ” Disponivel om 5, avessado em 22/12/2011 ™ Segundo Rojas & Castro, em estudo realizado para definir os critérios de investimentos do BID, ao se avaliar a possibilidade de éxito na execugdo das obras financiadas, uma das questées importantes era a realizago de uma andlise das comissées, departamentos © institutos, ou seja, uma auditoria nas insituigdes locais, inclusive nos periodos de mandates ¢ nos mecanismos em vigor em matéria de regulagio da conservagdo do patriménio, como indicador do grau de flexibilidade nos conceitos de preservago e mudanga, Neste apontava-se como melhor alternativa, em alguns 230s, a redugdo do tamanho das instituigdes regulatérias e a transferéncia da maior parte da capacidade operativa para novas organizagdcs, tais como as empresas de capital misto. © que importaria nesta reforma institucional, segundo os autores do estudo, era aumentar a capacidade da estrutura institucional em eolaborago com o setorprivado pare entregar um produto inovador (ROJAS & CASTRO, 1999), sentido, PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3,N.1 33 A. proposta preliminar de revitalizagio da Orla do Guaiba cobre 1,5 quilémetro da orla, que compreende © trecho entre a Usina do Gasémetto ¢ a primeira curva da Avenida Beira Rio. O projeto esti sendo realizado pela equipe do Arquiteto Jaime Lemer. Disponivel em: http://www portalvitrine.com.br/primeira-fase- dde-revitalizacao-da-orla-do-puaiba-devera-ser- centreque-em-2012-news-14678.html , acessado ‘em 01/02/2012, *" Depoimento do presidente do COMPAHC em janciro/2010. ™ Depoimento dos técnicos da Secretaria de Cultura de Olinda em outubro/2010. * COMPESA ¢ com diversas entidades da administrago direta c indireta das Prefeituras de Recife e de Olinda. hitp:/200,238,107,167/e/portal/layout?p | id-P UB.1557.44, Acesso em 28/02/2010. *¥ Para mais informagdes sobre os problemas téenicos da cidade de Olinda veja GUSMAO FILHO, Jaime de A. 4 cidade histérica de Olinda. Problemas ¢ Solucdes de Engenharia. Recife:Eaitora Universitéria/UFPE, 2001, 193 p. Acessivel em: PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construgio, vol3, N.8L PARC | Pesquisa em Arquitetura e Construcdo, vol3, NB 34

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