Você está na página 1de 18
SILVA, Carmem S. B. da. reorma universtra eo curso de edo ogi determinages elites. Didtia, Sto Pel, 24: 1-1 1968, SUCHODOLSKI, Bogdan. La educaciéin humana del hombre. Bi clog, Lai, 1977 ‘VISALBERGHI, Ald. Pedagogiae scene del eucazione. Milsno, ‘A. Mondadori Editore, 1963, WILLMAN, Otto. A ciéncia da educardo, Porto Alegre, Glebe, 1952, roses onenigo ° CAPITULO II OS SIGNIFICADOS DAEDUCACAO, MODALIDADES DE PRATICA EDUCATIVAE A ORGANIZACAO DO SISTEMA EDUCACIONAL CO texto propde-seaexplicitar os sigificados do termo edu- cagio recorendo & sua origem etimolgica, a algumas defi es clssias ea critic dessasdefingdes com base na concepcao histérico-social. Formula uma definicio de educago nessa pes- Dectiva para, em seguida, abordar as modalidades de educagéo (informal, néo-formal, formal), fazendo conjectures sobre as for- mas de incluséo dessas modalidades num sistema articulado € integrado, Finalza com o entendimento de que pritica educa va 6 o objeto peculiar de estudo da cidncia pedagogica, que dé lnidade aos aportes das dems ciécias da educagéo, Enire os proissionais que se ocupam, dieta ou indirta- mente, deatividades no campo educaciona, tem havido entendi- ‘mentos bastante diversose,freqientemente,pacilizados do tr ‘mo educagdo. Em bos pate devido & complexidade e multidi- mensionalidede do fendmeno educativo, a investigagéo de sua natureza de suas espcifcidades ede suas funcBes pode ser feta sob varios enfoques:oantropolégico sociol6gico,o econdmi- 0, 0 psicoldgic,o biolbico, ohistric e o pedagogico. » ONG FCO, RKO (Os que atuam mais diretamente na pritica educatva esc: lar — professores, aiminisradores escolares,diretores de es colas, supervisors, psicdlogos — se dizem educadores, mas nem sempre 0s eatidos que do ao temo educacdo aplicam-se is mosmas realidades. Por exemplo, educadores ocupados em planer, organiza, supervisionar um sistema estadual de ens ho terdo menor intresse em temas como aprendizagem da lei ture; um professor do ensino fundamental raramente deter-so- em aprofundar estudos da politica e gestio do sistema escolar, Para uns, importa mais educacao como instituigéo social; para ‘outros, & educacio como provesso de escalarizagio, Entre 0: que se dedicem a formacéo de professores de nivel superior ou de nivel médio, & comum tomerem apenas 0 aspecto da toali- dade do fenémeno educstive decorrente da area de estudo em que sio especialistas — sociologia,psicologia, economia, ilo- Sofia inglistica etc. Ao professor de Sociologia da Edwcacao, por exemplo, assuntos como didstica das matérias,processos internos de aqusigio de conhecimentos,certamente so toma: dos como secundirios. Um psicélogo da educagéo, quando in vestiga ou atua no campo educacional, apica os conceitos e étodos da Psicologia, eos resultados que obtém sio de orden psicologica. Além disso, ha que se consideraridéias, significa dos, representagdes e pticas do senso comum, em que os sig nificados de educacdo sio mesclados de elementos ideologi- 0s, legais, culturais, religiosos, dominantes no ambiente sociocultural. inevitavel, assim, que ocorram entendimentos parcializados devido ao vis das vias dreas de conhecimento ‘que se ocupam do fendmeno educatvo, das diversas institui- bes que lidam com questdes educacionais ou das experéncias ‘vivenciadas na prtica. NGo 8 de estrankar que soci6logos, psi- célogos, administradoresescolares,professorescostumem abar- «ar questoes da educagao apenas sobo prisma de sua formagio ‘cademice ou de suas experiéncias em instituicées especificas s problemas surgem quando pretendem generalizar conclu- sbes de estudos ou opinides para todas as instncias da prtica cedvcativa cesanrescosonrn0 As conseaiéncias dessa problemdtica sio as visdes alizadas, educionistas ox de senso comum, bem como as otras dificuldades de precsao na definicéo de certos conc tos como pedagogiainstruco,ensino, sstrma edocacional,sis- teme de onsino Esabido que a propria Pedegogia no dispde de uma estruturacdo clara e formal de conceits, mas iso néo in validaa busca de integracao entre as varias especalizacbes, para um minimo de precisio conceitual. Além disso, precisamente por serem muita as potas de entrada pare o estudo da educa- (Go, faze necessriooesforgo de clantcar ambit do educa tivo, isto é,o que distingue o enfoque educativ da ealidade de ‘outros enfogues. Esa area pertence & Pedagogia, na condigéo Ge cigncia de e para a educagao; ela sintetiza as contibuigdes as dems ciéncias da educacéo, dando unidade a mulliplicidade os enfoques anaiticns do fenémeno educativo. Com isso, re cconhece-se que os processos educativos ocorrentes na socieda 4e sio complexos e malifacetados, no podendo ser investiga os luz de apenas uma perspectivae, muito menos, reduzidas ao ambito escolar. Ao mesmo tempo, & em rezio da multipl Cidade das dimensées do educetivo que se tora necessario 0 «enfoque propriamenteeducativo darealidade educacional eadu- cava, mediante uma rflexao problematizadora que integre 0s cenfoques parciais providos pelas demas cigncas sociais. Tal- ‘vez sea esse niclen do debate sobre problemsticeconceitual da educacio e da investigacio propriamente pedagogica. © tema 6 instigarte © complexo, mas precisa ser encarad, ainda que para estimularadivergéncia eo debate, que forma de o coahecimento avangar.O objetivo destatigo é contribu para o entendimento mais amplo dos signifcados e extensbes do temo ‘educagGo. A par disso, otexto poder servr de subsidio aos alunos aque se iniciam no esto dos fundementos da educagi. O conceite de educago [No linguajacorrente encontramos diversas expresses para designaro acontecer educative: processo educativo, prticaedu- n eotaoonFoAcos ankoue ative, atividade educacional. Falamos de educagao nacional, educagdo ambiental, etucacdo rural, educardo sexual, educa- fo para o transite, educacio escolar ec. Seré possvel chegar- ‘masa um conceito que expressecareteristicas bésica, distin tivas, do fendmeno educativo? Mesmo considerando o aconte- cer educstivo como uma realidade multifacetada, ¢ algo que ermeia toda 2 vida social, erépossiveldelimitr o campo de Investigago do educativ pare distnguir modalidaes, sores, tipo de educacio? Talvez sj ti partirmos do sentido etimotgico. Alguns autores que se ocupam em esclarecer o conceio apontam # or (gam latina de dois termos: educare (alimentar,cuidar, rar, re ferdo tanto as plantas, 20s animes, como as crangas);educere (tirar pare fora de, conduzr para, modificar um estado). Malaret fez uma interessante observacio sobre o significado destes dois Alimentareeducar. Nao sero estas as das tendénciassecula- res e freqientemente em conflito de uma educa ora preo- cupada anes de tudo em alimenta a crienca de conhecimen: tos, ora em educd-la para iar dela tdes as possblidaes? 0976: 1) Planchard (1975: 26) assnala que educar, em seu sentido ‘timol6gico, 6 conduzir de um estado para outro, é agir de ma- nerasistemitica sobre o ser humo, tendo em vista preparé-io para a vida murm determinado melo. O termo educatio educa- 0) parece sinetizar aque dois outros: criacao,tratamento, ‘uidados que se aplicam aos educandos visando adaplar seu com- Doramento sexpetatvas egies dum dterminaomeia ssa nogo parece estar presente no linguajar comum. (Quando as pessoas dizem: “os pals educem os filbos’, “fulano ni tem educagéo", "a escola educa para a vida", "a educagio € a mola do progresso", tm-so aio sentido mais corente de edu- cagio: uma série de agdes visando a adaptagio do comporta ‘mento dos individuos e grupos a determinadas exigéncias do cr caso oA EBIIO ” ‘contexta social. Esse contexto pode sera familia, a escola, Teja, a fabrica e outros segments socials. A agéo educadora seria, pois, a trensmlssio 8s criangas, aos jovense adultos, de rinepios, valores, costumes, idéias, normas socials, regras de ‘id, & quais precisam ser adaptados,ajustados. Educa-e para {que os individuos reitam os comportamentos socials espere- tis pelos adultos, de modo que se formem a imagem e seme- Thanca da sociedade em que vivem ecrescem ‘Nesse entendimento corrente, numa visio estrutural- funcionalista, hi, sem divida, um posicionamento que pode ser considerado Conservador. Aeducacao é vista como algo que se repete, que Se Tepraduz, algo sempre idéntico e imutavel. Por Thais que se identifique ai uma fungo comunitéria no sentido de inseri os individuos num sistema socal, predomina uma iia te adaptacio passiva a uma realidade cristalizada, ito, aedu- ‘agdo seria sempre a mesma para uma sociadade que ésempre a tmestna, Para apreendermos ima noco mais ampliada da edu- tacdo, néo convem simplesmenterecusaro entendimento cor ere que vimos mencionando, A educagéo tem, de fato, uma fangdo adaptadora, Ha vinculos reas entre o ser humano que se educa eo meio natural socal, hé um certo grau de adaptacio fs exigéncias desse meio. A educagéo ¢, também, uma prtica ligeda a produgio e reprodugio da vida social, condicdo para ‘que os indviduos se formem pare a continuidade da vida social esse sentido, é inevitavel que as gerapbes adultascuidem de transmitc as geragées mais novas 0s conhecimentos, experién- clas, modos de a¢do que a humenidade foi cumalando em de corténcia das relages incessanes enre o homem e o meio ne- tural e social. Tata-se, assim, dereconhecer no conceito de edu- cago difundido no Iinguajar corrente esta iia balizadora: 0 facontecer educative corresponde @ agio e 20 resultado de um processo de formagéo dos sujitos ao longo des idades para se tomarem adultos, pelo que adquirem copacidades e qualidade hhumanas para 0 enftentamento de exigéncias postes por deter- ‘minado contexto social em tormo desta idéia balizadora que vao se constitu do as teorias da educagio, nas quais filésofos e educadores AC AGOGO RAO explicitam @ natureza, os fins, as modalidades © métodos da educacéo, ‘Algumas defniobes cléssicas de educago ‘As definigdes de educacao so to variadesquantas io as correntes e autores que se dedicaram ao seu estudo, Mencion: Femos algumas delas com o intuito apenas de exemplifcar Posicionamentos sobre a natureza da agao de educare a final dade ou ideal que postulam. Ver-se-a que ha quase ume unani- midade entre os autores de considera a educagdo como um pro- ‘cesso de desenvolvimento: oserhumano se deseavolvee so rans- {forma continuament,e a educacao pode atuar na configuragio 4a personalidade a partic de determinadas condigoes iternas| do individuo. Entretanto, as definiodes se diferenciam, pelo ‘menos, em dois aspectos: 1) se esse processo depende de dispo: sig6es intemas ou da influéncia do ambien cicundante ou da «gio reefproca entre ambos; 2) quel a finalidade ov ideal que se ‘busca. Vejamos algumas dessas definigdes, sem pretender esgo: ‘ar as concepodes podagégicas As concepces naturalists, também chamadas inatistas, ‘ribuem primazia aos fatores biol6gicos do desenvolvimento, ‘Alinfluéacia externa vinda de fatores socials, cultras, agiria apenas como reguladora do ritmo e da manifesta de proces S03 interos inatos. A educagdo eo ensino devern adaplar-s 8 naturezabiol6gica epsicoldgica de crianga eas tendéncias de seu desenvolvimento que jé estariam basicamente prontas des- de o nascimento. A finalidade da educagio sora tazer& tone, ‘tira para fora”, o que jé existe na natureze do individuo, AS frases de Pestalozzi expressam bem esta iia A ida da educago elementar nada mais & que o propésito de conformar-se com enatureza para desenvolvernculvaras di sides e as faculdades da raga hamana(.). A educacio ver Ader, eeducacio segundo aratureza, cond per ss essen cin a aspirar&perfeigo, a tender &raliacio das foculdsdos humangs(..- Cade ua desss fculdades se desenvoive se. onsouncions on encio. » undo leis eterasimutives; «seu dasdobramento no & con forme a natuezaseniona medida em que concorda com seis ttamas de nossa propria nature (in Chaleau, 1978: 217) ‘As concepsées pragmticas concebem a educagdo como um processo imaneate o desenvolvimento humano,cujo tesul- tado 6a adaptacio do individuo a0 meio social. Por iso, edu- car-se é deseavolver-se,¢aulo-atividade provocada pelo int esses e necossidades do organismo, suscitados pelo ambiente fisicae socal. E pela experi¢ncia, nas interacdes entre orgnis~ mo @ meio, ue oindividuo deseavolve suas fung6es cognitivas. Esta concepoio recusa toda orientagdo externa ao provesso edu- catvo, jd que a finalidade da educagdo se confunde com o pro- cesso de desenvolvimento. Dewey (1979: 45) diz que “acrianga £0 ponto de parla, o centro eo fim; seu desenvolvimento e seu erescimeato, 0 ideal”. Duas definigdes: Aceducagio & a organizago des recursos biolégicos do in viduo, de todas as capacidades de comportamento que of am adaptive ao melo fisicoe social (W James, in Luzuriaga, 1951: 40), ‘A educagio néo é a prepara para a vida, 6a propria vide {JA educesdo& ea conslante reconstruc on reorganiza- ‘ho da nossa experincia, que opers uma transformacio die ‘a da qualidade da experiénca, sto €,esclarece e aumenta 0 seatida da experifnciae, 20 mesmo tempo, nossa aptido para dirigirmos o curso das experiéncis subsequentes (Dewey. 1978: 63), ‘As concepoes espirtualsts tambyim concebem a educa- cio como um process interior mediante o qual cada pessoa vai Seaperfeicoando, mas énecessriaaadesaoaverdades ensinadas| de fora, que dizem como o homem deve ser. Para a Pedagogia catélica, aeducagio busca o fim timo da vida, que regeneraro| hhomem corrompido pelo pecedo original preparendo-o para a vida etema, Para iss, cabe a educapio atualzar dsposicdes exis tentes potencialmente no aluno, cultivando suas feculdsdes men- ‘ais para atingir ideal de perfeicdo,cujo modelo € Cristo. « Pou rune mu Educa éum process de crescimenioe desenvolvimento pelo ‘qua oindividue asimila um corpo de conhecmpentos, demar a seu ideas arimore sua haildade no trato dos conhec- ‘mentos pera a consecugio de grandes ideals (Cunningham, 1975:9), O verdeiro cristo, faa da educacio cist, ¢0homem sobre ratural que pes, ul, age com canstncae pereveraga, s- ‘uindo 2 ea rao iuminada pla luz sobrenatral ds exe los eda dntrina de Cristo (io XI. in Planchard 1975: 2), Para as concepgdes culturlista, a educagdo & uma ativ- dade cultural diigida &formagdo dos individuos, mediante a transmissio de bens culturais que se transformam em forcas| sprituaisinternas no educendo. O processo educatvo reeliza ‘encontro de duas realidades: a liberdade individual, cuj fonte vida interior, eas condigdes externas da vida real, mundo objetivo da cultura. Apropriando-se dos valores cultura, o in dividuo forma sue vida interior, sua personalidade e com isso pode criar mais cultura, ‘A educaczo & a atvidde planeada pela qual os adultos for ‘mama vida animica dos sees em dasenvalvimento(.) ¢ uma influéncia intencional brea gerecdoem desenvoivimeato, que pretend dar 20s individuos que se desenvolvem determinada forma de vide, determinads ordem as forcasespiniuas (W. Dilthey, in Luzuraga, 1957: 32) Acrtucago é 0 modo de er subjeiv da cultura forma inter: ‘a spiritual da alma, que pode acoler em si com suas pr ras Forgas tudo o que Ie chege de fra, e estutura todas a5. manifesiaBes 0 aes dussa vida uni (H. Nolin Luzuiga, 1951: 32), ‘As concepgGes ambientaistas séo as que jogam no am- biente extemo toda a forca de atuacio sobre o individuo para Configurar sua conduta as exigéncies da sociedade, Segundo Durkheim, éa sociedade que propicia valores, dias, regrs, as auaisoespinto do educendo deve submetr-se, Diz mesmo que a educagdo & uma imposigéo ao educando de maneiras de ver, de sentir ede agir em consonincia com os valores socias. & Conhecida a definiga desse autor: [A elucegio é a ago exercida pols graces alas sobre as (geroges que nao se encontrem ainda preparedas para 2 vide Soca: tem por objet susctar e desenvolver, na criana, certo ‘nlmero de estadosfsicos,intlecuas e moras, reclamados pila sociedade politica, no Seu conjnto pelo meio especial a {ue acranca paticularmente se destine (Durem, 1967: 41). COvtracomrente emblenalsta6@que vem do behaviorismo, pelo qual o homem é um ser moldavel,e por sso suas caracte- Tsticas se desenvolvem mediante a agéo do ambiente extero, ‘Aeducagao seria a organizagao de situagdes estimuladoras pe- Tas quai se controla comportamento das pessoss, sem consi- derar seu rciocinio, seus desejosefantasas, seus sentimentos 2s formas como sio apropriados os conhecimentos (Davis 6 Oliveira, 1990: 33). ‘As concopobes interaionistas, por sua vez, evitam a pola- rizagio entre agao edvcativa extema e a atividade interna dos ‘Sujeitos. A explicacio intracionista para o processo educetivo ‘firma que ser humano se desenvolve tanto biologica como psiguicamente na interagdo com o ambiente, implicando a teracio entre osujeito eo meio. As varias versbes de concep- (Ges interacionstas (Piaget, Wallon, Wgotski entre outros) se (iferenciam quanto & énfase que dio &iniclativa do sujeito diane ‘do meio ou do papel mais efetivo do meio na modificacSo do sujeito. Mas hé um nicleo bésico do interacionismo comum a flas:a aprendizagem é um processointeativo em que 0s sujet: tos constroem seus conhecimentos través da ue interagéo com 0 meio, numa inter-relagéo conslante entre flores internos © externos. ‘A concen iteocinista de desenvolvimento apéia-se, por {anio a idla de interac entreorgaismo e meio evéa aq Sedo de conbecimento como um processoconstuio peo i= Aivduo direte toda a Sue vida, no estando pronto ao nascer ‘em Sendo adquirdopassivamentegapas 8 pessoes do meio (id p. 38), Se percorermas ous tras, encontraremos diversas defingbes de educacéo. A amostra que demos sugere os vanos entendimentos da agdo educativa e de suas finalidades. Algu mas colocem o idea educativo fore do individuo,outras ident ficam educacio com o desenvolvimento individual. Umas se atéem mais atividade es necessidaces interas do indiviuo, outas atribuem ao ambiente externo a determinacio do dese: volvimento, Algumas ainda, buscam resolver opossivel ana gonismo entre o desenvalvimento — fatr interno e espontineo —e a adaplagdo — fator exlero eimposto —, como o fazem as concepcées interecionista. Como escreve Suchodolski (1964 113), 0 pensamento pedagéuico de nossa época se debate com um dilema: “unireducagdoe vida de modo que néo sea neces sério um ideal ou definir um ideal tal que a vid real no seja necessira". Propée como sei para o dilema uma solucdo de compromisso entre um caminko e ou, indo o principio da ligagio entre educacio e vida ao principio de uma educagéo subordinada a um deal ou, anda, desfazendo a polrizacdo en trea iia de homem tal como deve sere a iia de homem tal como é Seja como for, os definigdes que apresentamos se movern em tomo de uma visto individualist e liberal de educagdo, ora passando 20 largo dos vinculs entre 0 processoeducativoe as condigdeshistricas e socias em que se assena a oranizagzo da sociedad, oratomando a sociedade ea laces socisis como algo consolidato eesaic, ‘Numa viso critica, «superacio da antnomia entre vida © {eal ni pode se dar no émbito apenas da individualidade, pois tanto aesfea do individual quanto eesfea do ambiente acham. se vinculadas a condigBes concetas de vida materiale socal, 0 processo educatvo, por conseqiéncia,é um fendmeno social, enraizado nas contadigies, nas lutas socials, de modo que & nos embates da préxis social ue vai se configurandoo ideal de formagio humana. Isso significa que a taefa da reflexio peda- gic € a de superar a antinomia enre fins inividuais fins sociais da educagéo, Esta é a idia-chave de oura das concep- casenurcioosan nO * 8es clissicas de educagio, a concepcéo histrico-social, de- Senvolvida dentro da tradigdo socialista-marxista. Acrticapoiticae pedagégica do conceito de educagdo ‘A concepgio histérico-social, ao conceber a educacio como produto do desenvolvimento social e determinada pele forma de relacdes sociais de uma dada sociedad, pie-se como crftca radical & educacdo individualist, O vinculo da price feducativa com a prética social global faz vir tonaofato de ela subordinar-seainteresses engendrados na dindmica de relagdes entre grupos e clasts socials. Nessas condigdes, a educacéo tende nfo sé serrepresentativa dos interesses dominantes (con- solidados pola agdo do Estado), como também a ser transmissor8| da ideologia que responde esses ineresses, Com efeito, a educacio, para além de sua configuracio como processo de desenvolvimento individual ow de mera rela~ ntorpessol,insere-se no conjunt das relagbes socias, eco- némicas, politcas, culturais que carectrizam uma sociedad Se aentarmos para fato de que, na sociedade presente as rele {es sociais so marcadas por antagonismos entre os intresses classes socials e grupos sociais, que se manifestam em rela: es de poder, néo sera dificil peroeber que as ungoes da edu- ‘ago somente podem ser explicadas partindo da ailiseobjeti- vva das relagdes socais vigentes, das formas econdmicas, dos interesses soiais em jogo. Com base nesse entendimento, a pe tica educativa & sempre a expressao de uma determinada forma de organizagéo das relagdes sociais aa sociedade. Se, a par dis 0, vimos cada forma de organizacio social como resultado as agdes humanas, poranto passivel de ser modificada, tam bém a educagio ¢ um acontecimento sempre em transformagéo. Ou se, os objetivas e conteidos da educacio nao sao sempre ‘dénticos e imutavels, antes variam ao longo da historia e séo determinados conformeo desdbremento concreto das relacdes socials, das formas econOmices da produgao, das Intas socials, Essa dependéncia da educacao em relagdo 6s formas so- ciais, econémices, politicas de uma sociedade levam a colocar * evecare RKO em questio uma prética educative meramente adaptadora 20 ‘modelo de sociedade vigente e cujaacio se restringe aos mar- 0s esteito da familie, da escola, da Ire Ha processos edu- cativos mais amplos que se sobrepdem as insituigbes, aos indi- viduos e os grupos que, tal como ovtras insténcias da vida s0- cial, politica, cultural, encontram-se vinculados ao mode de pco- ddugdo da vida material. Marx & Engels escrever a esse respei= to 0 seguinte [As iis da. classe dominante so, em cada época, as ids dominants; into &,a classe qu 6a forga material dominante a sociedad ¢, ao mesmo tempo, sua Yoga espintual dom name. A classe que tem sua dsposicio os meins de produio material. dispbe, a0 mesmo tempo, dos meis de produgioes- Pistual,o que fa com que a ela sjam submetias, 20 mesmo ‘tempo e em gral, as idias daqueles aos quas falta os ios de proguczoespriual (1984 72), Entender, pois, aeducacdo como mero ajustamento & ex- Pectativas e exigéncias da sociedade existente significa desco- ecer a constituiggohistéico socal do conceito de educacéo ‘Aceducagao nunca pode sera mesma em todas as épacas e uga- res devido a seu carat socialmente determinado, As narmas| socias, 05 valores, os modelos de vida, de trabalho e de rela- ‘es entre as pessoas, correspondem a modelos socialmente do- 'minantes encamados pelas clases que detém o poder econdmi coe politico. Como se manifestam estes modelos? Em certo sentido, pode-se dizer que a pritca social se ma- nifesta, preponderantemente na politica. Como escreve Charlot (1979: 13), "a politica constitu uma ceta forma de toalizagdo do conjunto das experiéncias vividas numa determinada socie dade”. Tats experiéncias ocorrem no &mbito das instituigdes socials, politicas, econémicas, culturas, geides pelo Estado enquanto estraturajuriico-politca, Ene estas instituigoes, destacam-se aquelas encarregaas da insténcia ideol6gica, 110 6, da producao, reproducio e difusdo de principios e valores que assequram os interesses do sistema politico ea estabilida de social ce somrcaposoqencao « Epo nivel das rolagdes entre classes e grupos socials (antagé rnicos) que ¢elaborada a ideologia..) Atendo-nos to-somen ‘tw & educagio,o Estado a implementa mediante sue police ‘educaional. E no Smago desta politica educaional feta de dias, plano, lgislado, medids administativase processos -fetvos de aro pritica que gama forma aideologia do Estado (Severino, 1986: 50) Esse mesmo autor fia, em sequid, que todo discarso ‘pdagdgico expresso na ori, na legisla ena préticaeduca- ‘onal € necessariamente um discurso auto-reprodutivo ¢ reprodutor das relagessocais que estruturam determinadaso- ciedade. Mas eslaree qu a educa no tem sentido univoco enquanto pura instncia de reproducko, pos 0 processos que desencadeia germ e desenvolvem tambem frcasconsaditri- as, que comprometem o fatalismo da rerodugo quer ideol6gk- €a, que socal, atuandona dire da transformacsodareaida- de social. Pode operr pos, uma mediago na rptua das pri- ticasreprodutivs pel inervenco da prexs humana, que pode crit, recria, transforma realdade social. Pode prover aos individuos a apropriacao de saberes pelos quais podem com- preender as laces eis de poder, atuano na formacéopolit- cada classes dominadas, tanto ao nivel da gestago de sua cons ciéncia de classe quanto a0 nivel de sua instrumentaéo para a ‘pris politica mais adoquada (i) CO ponto de vista critico-socia sabre a educardo Poviemos buscar uma sintese da conceprio histrico-so- cial ou eitico-social. Em sentido amplo, a educacio compreen- de 0 conjunto dos processos formativos que ocorrem no meio social, sejam eles intencionals ou néo-intencionas, sistemati- zat ov nio,institucianalizados ou ndo, Integra, assim, 0Con- Junto dos processos socials, pelo que se consul como uma das influéncias do meio social que compse o process de socializa- ho. Em sentido estito, a educacéo diz respito a formas inten- ‘ionais de promogao do desenvolvimento individual ede inser- ~ 8 oicocureancoes manaut ‘0 social dos indviduos, envolvendo especialmente a educe ‘fo escolar e extra escolar. Esse carter de intencionalidede sera abordado mais adiante ‘A pritica educative intenclonal comproende, assim, todo falo,inluéncia, ago, processo, que intervem na coafiguracio da existencia humana, individual ou grupal, em suas telacdes| mituas, num determinado contexto histério-social. Quando falamos em configuragéo da existencia humana, quetemos di 2et que a educacao visa ao desenvolvimento e a formagio dos Individuos em suas relacdes mituas, por meio de um conjunto| {te conhecimentos habilidades que os orienta na sua atvidade prética nas varias instincias da vida social. Em suas relagées| Imituas, quer dizer que o processo educative ocorre em meio a relacdes sociais reais, o que é a mesma cose que dizer que ob- Jtivos e conteios da educacio sio permeados pela relacées de poder exstentes numa determinada sociedade, Sendo assim, ‘veducacao é uma aividadeintencionalmente impulsionada, con forme fins que se estabelecem dentro do quadro de interesses€ DTaticas das classes socials. Estas consideracdes identificam 0 ‘carter critico-social da educacio. Podemos, agora, tentar uma definigéo, A educagdo, en quanto atividade ntencionalizada, 6 uma pratice socal cunha da como influéncia do meio social sobre o desenvolvimento dos individuos na sua relagdo ativa com 0 meio natural e socal, tendo em viste, precisamente,potencializar esa aividade hu ‘mana pers tomi-ia mais ica, mais produtiva, mas eficaz dante das taefas da préxis social postas num dado sistema de rele~ 6es sociais. O modo de propicier esse desenvolvimento se ‘manifesta nos processos de transmissio apropriagio ava de Conhecimentos, valores, hablidades, técnicas, em ambientes organizados para ese fin, Ressalta-se nessa definicdoo caréter de mediagdo da edu- cagio na atividede humana prtica, operando a ligacio teoria- pratica. Ou sea, mediante conhecimentos, habllidades, valores, 'modos de aga0, os sujeitosinternalizam aqueles qualidades capacidades humanas necessérias a sua atividade pratica transformadora perante a realidade naturale social. Pode di onsen tao oa ava 8 zer que a prética educativa intencional concentra a experiéncia| generalizada da humantdade no que se refere a saberes, expe éncias, modos de aro, acumuladas no decuso da atividade s6- clo-histrica de muitas geragées, para propiciar s novas gera- ces a apropriacioativa desses saberes e modos de ago como Patamar para mais produgio de saberes. Nesse movimento de bjetivacdo-apropriagdo da cultura esta a génese dos processos| educativos intencionais que ocorrem na familia na escola, nas instituigdes e grupos sociais,nos movimentos soca. CConstituem-se, assim, os contaidos da educacio (conhe- cimentos,habilidades e procedimentos, valores) conforme con- textos definidos de espago, tempo, cultura erelagdes socias (Outros sentides da educacéo:intituigdo, processo, produto © termo educagdo €, também, empregado em tr outras sentdas, conforme sugestao de Mialaet (1976: 12): educaca insttuigdo, educagdo-processo e educagio-produto, A educacia como insttuigdo social corresponde a str: ‘ura organizacional e administrative, normas geais de funcio- namenioedietrizes pedagdgicasreferentes soja ao sistema edu- cacional como um todo, se a funcionamento intemo de cada insituigo, tat como ¢o caso das escolas. Nesse sentido, fala- ‘mos de educagio brasileira, educacdo norte-americana, ou mes- mo de educacao antiga, educarao modema, como felamos da edvcagio escolar, da educagio familiar enquanto instituigdes| especificas. Cumpre esclarecer que a multplcidade de modeli- dades educativas presente na sociedade contemporénea no per- mite estringiro sistema educacional zo sistema de ensino, nem reduzi-o as suas formas estritament insttucionais ou oficias. Como veremos adiante, ha instancias de educago nio-formeal «que, a despeito de sua inencionalidade, no sto necessariamente institucionalizadas, ais como os movimentas sociais e comuni tarios, as alividades de animagio cultural, equipamentos urba- nos te « oaoaneFni08 Manone ‘A educagéo-processo corresponde a agdo educadora, as condigdes e modos pelos quas os sujeitas incomporam meios de se educar. Admitindo-se que toda educagdo implica uma rela fo de influéncies entre seres humans, a educacio-processo Indica a atividade formativa nas varias instincias com vistas a aloancar propésitos explicitos intencionais, visando promover aprendizagens mediante a atividade propria dos sujeltos.Impli- a, portanto, a existéncia de ambientes organizados, objtivose conteidos definidos em funcdo de necessidades dos sujeitos e ‘objetivos sociopoliicos, métodos e procedimentos de interven- ‘zo educativa para obter determinados resultados, para distin- ‘uir-sedaqueles processs educativos informais, mais difusos e esponténeos. Mialaret dé uma interessante definigao da educa- _io-provesso: (ft de educa ¢ uma agio exercida sobre umn syjeto ou grupo de sujstos, ao acta e mesma procuraa peo sujelto ov grupo de sujeios, om vista de stingir ume medifiacopre- ‘anda tl como novas frgas vives nascem nos sjitose estes ‘se oram, eles mesmos, elements ativos desta ag exereida sobre eles. © processo educativo opera, pois, o menos com tés ele ventos: um agente, que esténa origem da ago educative, um ‘modo de atua¢do (conteido!metodo) e um destinatério {indivi- duo, grupo, geracio). Outro autor, Nassif (1980: 215), expressa assim sua concepeie de processo educativo: «coniguracio do indviduo e do grupo que resla da apéa ‘educative arganizada ou que estiulade por ela, Ou, vamnbem, ‘como o process om cuj transcurso se configura ou se dase volve a vide husnana, individual grupal, conforme fins preesibelecidos e mediante © emprego de conteidose néto- os octentads po esses fis Enquanto produto, a educacia tem o sentido de caracter- zaros resultados obtidos de agdes educativas,aconfiguracao de sujitoeducado como conseqiéacia de processos educativos. cs sercaosoncDIIIO s o aluno edacedo como produto da oferta de servigns educate ‘os, Quando dzemos “onvel de ensino esta muito baxo”, “os, javens de hoje sem da escola sem inciativa e sem vséo cir a, “os unveritaio atualmente no sabem rotigir uma inh, 2 educagio-poduto que estamos avliando, Evidentoments, estamos aqui dante da questo deabjetvos econtatdosdaau- cago, ej escolar ou exta-escolar, que cefletem expecaivas socials Por xemplo, se desejamos formar suits eutdnomos, ‘oliarios, paticipativos, rofissionlmente capacitados tc, “aluno eucado”& 0 sujeto que se comporta@ ve conduz de acordo com esta expecatvas. Importa multo, pare os educa dors, a clareze de objetivo eos efeitos do proceso educatvo. Eapartir da avaliago da educapio-produto ques pode formu lar Ou roformuler a educago-instinigéo, tendo em vista apt ‘mora a educaéo-processo, Consderando-se que a educario & uma agio, 6a educe- céo-process qu caractriza mas popriamenteoftoeducai- +o, formecendo as bases para a educacio-sistema e pare 9 edv- cagio-produto. E aqui caba verfcar objetivos e modalidades de educacio confarme as idades, os vérios agrupamentas s0- cia atener delineando a natureza eos vinclos entre a edu- cacéo informal, ndc-formale formal qu se define segundo o enitrio de intoncionlidade ou ni-intencionalidade dos pro- casos educativos. Asdimensées da edueardo ‘Acreferéncia aos processos e aos produtos ou efeitos da educario romete-nos is dimensdes ou mbtos daeducacéo, uma vvez que elas antecedem a formulagdo dos objetivos e conte dos. O tema 6 recorente na teoria ena filosofia da educacio, € € quase undnime entre os autores a crenca de que @ formagio ‘humane abarca um conjunto de dimensées visando ao ser hu ‘mano intgral (ou onlatra, como preferem outros} ‘As dimensSes da educacéo correspondem a fungdes da ati- vidade humana consideredas riortiias no processo educati- vo. Os autores tim destacado especialmente as dimensdes inte lectual (ou cognitive), socal, aftiva,fisica,esttica,étca, E cvidente que ais dimensdes formam uma unidade no compor: tameato humano, pois as tespostas dos sueitos sao sempre to- tais, € 0 ser humano ineiro que se educa, Além dessas dimen- ses, outras vo surgindo conforme necessidedes eexpectativas| das insituigdes, das mudancas que vao ocorrendo na sociedade ‘om contextos globais locals. E 0 caso, por exemplo, da educa- ‘a0 ambiental que ganha cada vez mais destaque nas instancies| de formaco. Outros temas vem se destacando como a educs io sexual, educacao pare a convivéncia social, etucapio para soliariedade, educacéo holistica etc. ‘As modaidades de educaclo: informal, no-formal, formal [Nasso propésito neste tépico@ considerer a educacio em duas modalidades: a educacio naovintencional, também cha~ ‘mada de educacio informal ou, ainda, educagio paralela; aedu- ‘agio intencional, que se desdobra em educacio néo-formel e formal. Veremos em que se distinguem e como se aticulam. Edvcapdo no itencioaleeducagio intencional Jha um bom tempo que os educadores progressstas des- cartam a idéia de conceber a educagéo como fenémeno isolado da sociedade da politica, e de que a escola convencional sejaa ‘nica forma de manifesta do process educativo. Desde Marx. «Engels, a educacéo somente pode ser compreendide como pro dduto do desenvolvimento social, determinada pelas relacdes so- ciais vigentes em cada sociedade o, portanto, dependente dos Intressesepraticas de lass, do tal modo que a transforma a educacdo é um processoligado& transformacio das relacdos Umma tal concepoio do processo educative leva 8 amplia io do significado da educario na sociedade. E aqui se destaca ‘como necesséria a distingdo entre educacdo ndo-intencional a ‘educagio intencional. Num sentido mais amplo, a educagio abrange o conjunto das influéncias do meio natural e social que afotam o desenvolvimento do homem na sua tela ative com ‘0 meio social. Os fatores natura como oclima, 2 palsagem, os fatos fisicos e biolégicos, sem divida exercem uma agao educa- liva. Do mesmo modo, o ambiente social, politico e culturl implicam sempre mais processos educativos, quanto mais a so- Ciedade se desenvolve. Os valores, os costumes, a idias, ar ligido, a organizagdo social, as les, o sistema de gover, os ‘movimentos socias, as priticas de criagdo de filhos, os meios| de comunicagéo social si foreas que operam e condicionam a piitica educeliva, A despeito desse grande poder dessas infl- fincias, boa parte delas ocorrem de modo néo-intencional,ndo- sistomitico, ndo-planojado. Elasatuam efetivamente na form: ‘20 da personalidade, porém, de modo dispers, difuso, com Cataer informal, no se constituindo em atos conscientemente Inencionas. [sso nio signfice,ebsolutamente, que sejam ne- (gados seus efeitos educativos, mesmo porque é muito em vir tle desses ftorose infludneiasndo-intencionais que se dé 0 ro- cesso de socilizagdo. Além do mais, eles estéo presentes em ‘qualquer lugar onde ocorram atos educativos intencionas Entretanto, néo podemos confundira educacio nlo-inten- ional, informal, com a toalidade do procasso educative, O pro- cess0 de socilizagio nio se identifica com o processo educat vo, especialmente quando este assume formas intencionals, sis- temticas, Nao apreender esta diferenca écair no sociologismo que tende a vera educagdo, exclusiva eunilaterelmente, apenas ‘como um processo decomrente da paticipacéo direta na vida social Surge, pois, no desenvolvimento histérico da sociedade, 3 ceducagio intencional como conseqjiéncia da complexificacdo de Vida socal e cultural, da modernizacéo das institu, do rogresso técnico cientifico, da nocessidade de cada vez maior ‘iimero de pessoas partciparem das decisdes que envolvem a coletividade. A sociedade moderna tem uma necessidade inet ‘vel de processos educacionaisintencionals,implicando obje vos saciopoiticos explicit, conteides, métodos, lugares € condigdes especiticas de educagdo, precisamente pare possibi- Itar aos individuos partcipacdo onscente, ava, eitca na ‘vida socal global. Acetadamente escreve Ribeiro: ‘Acapecidade de aproveitarexpriéniasndo peparads varia conforme a compreenso conjunta de experénias anteriores, uma vez que um minimo de integra do individu no gr o, aquém do qual nem pode aprender as stuares comuns ue nao ter sequer seatido para el (1965: 70, Educapéo no-formale formal Faz-se necessiro, de inicio, distingur duas modalidades de educagio intencional: a ndo-formal é a formal. E aqui nos encontramos diane de questdes que meteoem uma reflexao mals, deta. Que ¢ a educacio formal ea educagao nio-formal? Edu: capio nio-formal é a mesma coise que educa¢o Informal, no: intencional? A educagio formal se aplicaria apenas &educacdo escolar? A educacéo de adults, a educagio sindical, politica tc, porse darem fora do ambito da educagéo escolar convenci onal, néo teiam, também, cardter formal? O que néo é educa- ‘io escolar, ter sempre caater “informal”? Arecusa que se faz {do caraterintencional e formal da educaco — por ver os sem pre um carsterideolégico e clasista — nao levaria a que as formas néo-convencionais ou altemetivas de educacio postu- ‘assem um roménticoretorno& “comunidade pura", onde aed cagio sera outa vez difusa espontanea, informal? Sendo o termo formal o elemento distintivo das duas de nominagées, vejamos o que ele significa Formal efee-seatudo 0 que implica uma form, isto ¢ algo inteligivel,esruturado, 0 ‘modo como algo se configura, Educacéo formal sri, pos, aque- la estrtureda, organizada, planejad intencionalmente, sist matica. Nesse sentido, a educagao escolar convencional & tipi camente formal. Mas isso ndo significa dizer que aio ocorta ceducacéo formal em outros tipos de educaco intencional (ve ‘mos chamé-las de nio-convencionais) Entende-se, assim, que ‘onde haja ensino (escolar ou nao) hé educacéo formal. Nesse aso, sio atividades educativas formais também a educagao de adultos,a educacio sindical, a educacéo profissional, desde que nelas estejam presontes a intencionalidade, asistematicidade € condigdes previamente preparadas, atributos que caracterizam um trabalho pedagogico-didatico, ainda que realizadas fora do ‘marco do escolar propriamente dit ‘Aceducagio nio-formal, por sus vez, séo aque ativide des com carder de intencionalidade, porém com baixo grau de estrturapo sistematizagéo, implicando certamenterelagbes edagégicas, mas nao formalizadas. Tal 60 caso dos movimen tos socits oryanizados na cidade e no campo, os trabalhos co ‘munitrios,atividades de animagao cultural os meios de comu- nicacio social, os equipamentos urbanos culturais e de lazer (museus, cinemas, pracas,éreas de recreacéo) etc. Na escola ‘io prticas ndo-formals as atividades extra-scolares que pro- vvéem conhecimentos complementares, em conexdo com a edu- cacio formal (Feira, visitas etc). O exemplo da escola mostra ‘qu, freqientemente,haveré um intercémbio entre oformal eo ngo-formal. Uma essociacio de bairo, instancie de educacéo ‘ndo-formal, podera reunir as maes, durante trs dia, para um curso sobre a importincia do aleitamento materno, onde se te- 120 objetivos explicitos, conteidos, métodas de ensino, proce- imentos diditicos que si caracteristicas da educacéo formal Considera-se, pois, equivocado oentendimento de que for- mas alternatives de educacéo se constitvem como nao-formais ‘ou informais.E preciso superar duas visées esteitas do sistema ‘educative: uma, que o reduz & escolarizagdo, outra que quer sactificara escola ou minimizé-a em favor de formas alerati- vas de educacio. Na verdade, é preciso ver as modalidades de ‘educacio informal, ndo-formal, formal, em sua interpenetracéo, ‘Acescola nio pode eximir.se de seus vinculos com 8 educagéo informal en30-formeal; por otro lado, uma postua consciont, ‘riativa e eftica ante 0s mecanismos da edueagao informal € nio-formal depende, cada vez mais, dos suportes da escola- rizacdo, Néo levando em conta esta interpenetragdo, expressan- ‘do 0 movimento de entrecruzamento entre as diversas modali- ‘dades de educagio, cal-se em posigdes sectrias que 56 contn- ‘buom para a divisio da acio dos educadores. Nem negagio da escola, nem isolamento da escola em rlacéo & vida social. Ve- jamos @ questdo mais de peta, Educapao informa x Educagdo formal? Convém, pois, encetar um esforco para dissolver os reducionismos. Ver a educacéo como pritica socal dissolvida| ‘nos movimentos sociais¢ uma sociologizacio da educagéo que ‘empobrece a Pedagogia; ver a educacio apenas no émbito est0- lar 6 pedagogismo que empobrece ume visio contextualizada da pata educativa escolar. Vejamos como se dio as interfaces entre as modalidades de educac3o, para tornar mais rca inves tigagio ea intervencio politico-educativa Nass (1980: 277) define a educagdo informal como "o rocesso continuo de aquisicéo de conhecimentos e competin as que nio se localizam em nenhum quadro institucional”, acrescentando ainda seu carder ndo-intercional. © mesmo au: torutilize-se do termo “funcional” para identificarprticas ed cativas decorentes da impregnagao do meio ambiente perante ‘qual os individuos precisem adaptar-se. Entendemos, todavia {que otermo “informal” é mais adequad para indicara modal dade de educacao que resulta do “clime” em que os individuos| vivem, envolvendo tudo 0 que do ambiente das relacdes soctocalturais ¢politicasimpregnam a vida individual e grupal, Tats fatores ou elementos informais da vida social afetam e in- fluenciam a educacéo das pessoas de modo necessrioe inv ‘vel, porem néo atuam deliberadamente, metodicamente, pois 1néo ha objtivos preestabelecidos conscientemente, Dai seu ca- tencional. Essasrelaceseducaivas so contraidas independentemente da consciéncia das finalidades que se pre teondem. Poder se-i argumentar conta essa ida dizendo se que sas circunstincias que configuram a globalidade da vida $0- cial podem ser modificadas,transformadas, tendo em vista uma nova sociedade; assim, passar-se-ia de uma sociedade educado 7a para outa sociedade educadora. Todavia, cumpre conslatar ‘que tais transformaodes requerem uma agi educedoraintencio- cs sewncavos oaencate * nada. Os processos educativos informais s6 se mover a partir de agbes organizadas, conscentes, Intencionais, ou se, quan~ do se pode preigurar, antecipar resultados que se quer ober. (0 cariterndo-intencional e ndo-institucionalizado da edu- cagGo informal nao diminui a importania dos influxos do meio hhumano e do meio ambiente na conformagao de habitos,capa- cidades faculdades de pensar eagir do homem. A 6nfase que ‘muitos educadores tém dado @ essa modalidade de educacio tem contribuido especialmente pare a compreenséo da totalida- e dos processos educativos, para além da dualidede docente- , embore tenhamos atribuido ao sistema educacional a Intencionalidade ea insttucionalidade, ¢frgoso reconhecer que nem tudo o que ¢ intercional convertase obrigatoriamente em institucional; © o que ¢ intoncional ndo prescinde, por sua vez, dos elementos informals da educagéo, ‘Todavia, ariscamos propor uma setorizacio, ainda que esquemstica, numa tentativa de explicitara interpeneracio entre ‘educagéo informal, no-formale formal, conforme instituicdes ‘ques implementam eagdes educatvas que as operacionalizam, EDUCACAD + spvcacho ForMAt INFORMAL — epucagéo NAO processor so FORMAL asiso sd su caer (coowacoat vec aise aie i Prison, fonvencin (5 hobilida tains, ‘scl, es, valores, catia sxc de ‘todos de ap stucco ci Saefsgs ei it ecuanso seat ‘onan ‘eens ‘remanent lnntsctna secs te uses Formas pre species mes dreomincacio Gres opus ‘ore pats tho cao de datos crehes forma potions L___ arncutacso —__f ce souncios ea rncato o 0 gréfico mostra as possibilidades de integracio ¢articu- lagao entre as modalidades de educacio eas insituigdes corres- pondentes. Colocamos num extremo a educagéo informal, no outro a educacio formal e, no meio, a educacdo néo-formal Por ser esta um tipo intermediario, tem conexdes muito préxi- ‘mas com as outras duas, porém, distinguindo-se da primeira por implicaragdes educativas intoncionaise deliberadas ¢ com tum grau minimo de organizecdo,e da segunda, por realizar-se fora do ambito do escolar convencional,einda que nem por isso escape de cera formalidade”. Como vimos, a educagio formal © ngo-formal sao sempre porpassadas pela educagdo informal; dado o carter intencional daquelas, cabe-Ihe contemplar nas agbes educatives,objetivos,contedds © métodos que conside- rem, crticamente, as méltiplas influéncias configuradoras p vindas no ambiente natural e sociocultural. Por sua veo, educa ‘Go formal endo-formalintepenetram-se constantemente, uma Vez que as modalidades de educagéo nio-formal no podem prescindir da educacéo formal (escolar ou no, oficiais ou no), es de educacio formal nZo podem separar-se da nao-formal, ‘uma vez que 0s educandos nao so apenas “alunos”, mas part ‘ipantes das vias esfras da vida social, no trabalho, no sini ‘ato, na politica, na cultura etc. Trata-se, pos, sempre, de uma imterpenetragdo entre o escolar eo extra-escoar Estas consideragées ndo esgotam a questio da setorizao. Uma analise mais completa implicaria a discusséo da politica educacional © da articulagdo do sistema educacional e seus subsistemas com o sistema econémico, sistema produtivo, sis tema cultural e outros, questbes que jé tm merecidoestudos de ‘outros autores. Educado, objeto de estudo da Pedagogia Se, como vimos, epraticaeducativa éum fendmeno cons: ‘ante e universal inezente vida social, se é um dmbito da ral dade possivel de ser investigado, se é uma atividade humana real ela se constitui como objeto de conhecimento,pertencen- * eoicoonFeucoos Funke do essa tarefa 8 Pedagogia que é, por isso toriae priica da educagéo. A Pedagogia Investig 0s fatores reas e concretos que concorrem para a formaco humana, no seu desenvolvi- ‘mento historico, para dai extrir objetivos sociopoliticas e for- mas de intervengao organizativa e metodoldgica em torno dos processos que correspondem acéo educativa. Vimos, também, ‘que a educacio é uma realidade que se modifica enquant fend- ‘meno social ¢histrico, em face da dindmica das relagdes so- Ciais, econdmicas, politica cultutais. Por conseqiéncia, o mo vimento, a transformacéo da realidade educativa love também ‘amutages na Pedagogia, cabendo-Ihe orientar a prética educe tive conforme exigéncias concretas postas pelo processo de con (quista da humanizagao em cada momento do processo histri- ‘ossocial. Com isso, diante das mutagSes da educacdo, ela vai propondo navos objtivas e conteidos da educacio. Como diz Suchodolski (1976: 19), “a Pedagogia, em certo sentido, cra seu proprio objeto analitco, porquanto interfere na atividade ‘educativa e forma seu conteido”e, por isso, pode ser “céncia sobre a atividade ransformadora da atividade educativa ‘A Pedagogia no ¢ 0 inico campo do conhecimento que tem a educagco como objeto de estudo, Outra ciéncias como a Sociologia, a Psicologia, a Economia, a Linglistica ocupam-se de problemas educativos. O fato de a educagio ser analisada sob varios enfoques — exigéncia posta pela propria natureza do fendmeno edueativo — tem levado alguns leérios a postu larem a existéncia de ciéncias da educacdo, que substituiriam a Pedagogia. Eniretanto, cada uma desss cincias aborda ofend- ‘meno eucativo sob a perspectiva de seus propris conceitos © étodos de investigacio. Entendemos que a Pedagogia é uma as ciéncias da educagdo, mas se distingue delas por estudar 0 {endmeno educativo na sua globalidade. & verdade que ela re corre a conceitose métodos de outras ciéacias, enquanto busca Instituir seus proprios. Todavia, é um campo de estudos com identidade e problematicas propria. Cabe-lhe integrar os enfoques parcais dessas diversas ciéncias, em funglo de uma aproximagao global eintencionalmente drigida aos problemas ‘educativos (Visalberghi, 1983: 265), ‘Mas convém insist, ande, que 0 edueativo no so reduz ao escolar, A educagéo é um fendmeno social inerent &consti- ‘wigao do homem e da sociedee, integrante, portant, da vida social, econémica, politica, cultural, Trata-se, pois, de um pro- e360 global entranhado na patie social, compreendendo pro- e380 formatives que ocorrem numa variodade de insttuigdes| « atividades (socials, poitcas, econdmices, reigiosas, cult legas, familiares, escolar), nas queis os individuosestio fenvolvidos de modo necessério e inevitavel, pelo simples fato de existe socialment. Falamos, pois, de priticas educativas, educagdes, que cocorrem em diferentes instancias (familiar, social, profissio- nal, escolar, meios de comunicaréo social etc), mediante dis- tintas formas (itencional/nao-intencional, formal/ado-formal, escolarlextra-escolar,piblicafprivada). Por conseqiéncia, a toda pritica educativa intencional corresponde uma pedago- ia, pelo que falemos também em pedagogias: familiar, pro: fissional, sindical et. dvcacdo escolar, Pedagogia escolar ‘A educagio escolar representa uma manifestacdo peculiar de pratica educativa, compartlhando de outras priticas educa~ tivas confluentes. Constitul-s, assim, a Pedagogia escolar, des: ‘nada a investiga fatos, processos,estruture, contexts, pro- blemas, eferentes & educagdo escolar, isto 6, 2 insugdo e 20 nsin. ‘A educagio escolar que, como veremos adiante, é uma instincia de educacio formal, ado pode eximir-se da interac ‘com outras modalidades de educacio (informal enéo-formél). Considere-se, por exemplo, @ ago dos meios de comunicagio social que exerce forte concorréncia com a educacéo escolar. Ao lado, portanto, de seu carsterespecifco de dadicar-se 8 ins- trugio eao ensin, para isso convergindo sua organizagio inter- na, sua diferencigedo por graus, seus procedimentos especifi- ” eonencnereonancs rncnt cos, hi que se ver que a educagio escola assume etibutos que aaproximam de ota insttuigoes eatvidedes fore de seu marco topo. Essa consatagdo pe a exigéncia de que os objetivo, (0 contetos, os métoos se abram para relages mais ampl etre o indviduo e 0 meio humano, social, isico, eoldgico, cultural, econémico. Nao €o cso de minimizar seu papel na sransmissio eassimilago ativa de sabores, mas de divesificar suas formas de atugéo, 180 implica maior intra entre a insitulgio escolar e comunidade loca, regional, nacionel, I ando 0 mundo exterior ao coidlano escolar ¢ tornando mais eficaz sue propria contbuigdo ao mundo exterior pelo desem: peno de suas taefs especficas. Foi o que analisamos, ante Frmente, quando mostamos como a prticaeducativa se ma nifesta ne sciedade mediante distinta modalidadesedieren- tes inténcias s propésites deste texto talvez tenham sida ambiciosos demais, dada a complexidade do tema, 0 cariter mulifacetado do fendmeno educative e, certamente, 0 fto de a Pedagogia nao dispor de uma precisa esiruturacio formal de conceitos, que também ocorre com as demais céncias humanas. Todavia, isso ndo poderia ser um impedimento para a busca de mais pre- cisio concetual, mais rigor nas definigbes e maior refinamento| rmetodolégico na investgacio,taefa aque precisam dedicarse 10s inteessados no estudo da toria da educagao. Além do mais, procurou-se acentuar as relapbes nevessiras das insituigdes ‘educativas com os contexios econdmico, politico cultural, para ver seus process e seus produtos como ingredientesimersos na reproduglo social. As questdes que trtamos envolvem ou- tras andlises, a partir de uma variedade de enfoques, que poss biltaréo invesigagdes mais minuciosas do tema Post Sciptum Exe texto foi pubicado pela primeira vez em 1992 e seu objetivo ndo declerado era desfazer um falsoentendimento que cs sexmcinosoxencA0 » vinhe se propagendo em alguns lugares de que pedagogia crit- o-social dos conteddos exagerava na defesa da escola conven- cional e dos conteidos escolaes, sem considerar o contexto so: cal mais amplo. A critica vin, principalmente de dois segmen- ts: um, de educadores “populares” que preferiam enaliecer 0 papel dos movimentas sociais e da educagso popular em contraposigio& escola pblica oficial outro, de inteloctuas vin- culados a Sociologia da Educagdo que viamm naquela proposta pedagégica cera dficuldade em caplar as implicagbesideol gicase as relagbes concretas de poder envolvides na selecio, ‘ryanizacio e distnbuicio do conhecimento escolar. Mas, partir dessascritcas, era inavitével reconhecer que sociélogos daedu- cagio, economistas da educacdo, fiésofos da educagéo, com: evidas excogdes, analisavam 2 praca escolar, falavam del, faziam sua rita mas nao lidavam conctetaments no cotidiano ‘da escola eda sala de aula. Enquanto isso, eram os pedagogos © professores que precisavam compreender melhor a natureza do fendmeno educativo e suas exigéncias de exericio profissio- nal, fis como administrarescolas, formularobjetivos e cont dos, arganizar procedimentos didaticos,enfrentardificuldades de aprendizagem dos alunos, reunirpais de alunos ec. A inten ‘Go do artigo ere, pois, tenlar dissolver os mal-etendidos, os ‘ventas veses de pedagogismo, 2 distorgdes de leitur,e, 20 mesmo tempo, defender o espaco da Pedagogia como campo especifico da pritica escolar concreta, em conjungao com as uta ciénclas socias. © texto investi, assim, na explicitacéo dos objetivos e conteidos da educacdo, patindo de uma nogéo ampliada do termo o ressaltando a insergo das prticas educaivas na dina mica das relagoes socials concreas. Examinou as modalidades a educagio (Formal, no-formal, informal como um: camiinho para se abter maior compreensdo dos ingredients exteros e Internas do processo educativo. Formulou um entendimento das relagies entra Pedagogia e as demas cigncias da educacéo, tentando combate os reducionismos. ‘certo que vem ocorrendo hoje uma revirevolta em todos ‘0 campos investigative que fetam a educacaoseja no imbito » vor04 cFDNap08 HRA concetval sje nombito da realidad. Os educadores vim es sumindo diferentes posicionementos quando se rata de pensar a realidede educacional com as idéias da modernidade ou da ‘ear social pés-moderaa ou com ambas. Uns se decaram ain a "modemos” eentendem que o chamado tempo “pos-moder 10" ndo é mais que o destobramento de projtase promessas a moderiade. Outros assumem um posiqao de ruptura com amodemidede e suas categoras dominates como rzio, ciéa cia, progresso,sutonomia, universalidade, Um terceio grupo Inere-s¢ na modermidade, sustenta um compromisso com ma ratio emancipatéria¢ com outros valores moderns, mas adm te que vivemos, de fato, novos contextes,novasrealidades & investe na erica do projeto modern. Mas, ese trata de incorporaritens da agenda ps-moder- 1a centro, ainde, do projelo modero, que referencias e que ‘tis aot? Boe pat dos educadoresdesconhece ese ques tio, enquanlo outros econtram-s ov asustais ou avidos por aderiraume moda. Por exemplo, hi ques econhecer no meio ‘eduacional cera mania de ransposigio de iis de otras cul tures, de assuncio de modismos, de privilegiamento de temas anbitaiamente elites, de perd ou despezo de referécias te- rica lssias. Pra se superar iso, seri inssir inve aco sobre o campo conceitual da Pedagogia pare uma com- preensio mas precisa dofenémeno edvcativo, com acon ‘fo ndo enviesada das outrescidncias soca eincorporando as Feoentes pesquisa de natureza interdscplinar. sso 6 etoma- 14 vidvel buscando maior vetifiacdo empirica possvel,portan- to, como suport da investigaro da pritica peagégica. Mas 6 certo, também, que 2 Pedagogia nao pode ficar prese ao referencia coneitual “modem” poriso, precisa econfigurar cu rconcoitualzar sous temas dant des novas realidades do trabalho produtivo, dos vangostecolégios, na mudanga dos paradigmas do conhociment, das mudangas no entendimento das formas de vida poten eda democracia, des recenlespes- ui sobre intligéncia humana ee ‘ais questes no poderam ter apaeci neste texto quan- do foi escrito, pois &épocahaviabem mais ceezas do que hoje cnsiounotac AeDHeo ” tanto entre os pedagogos como entre os socidlogos, psiélogos e filésofos. Entrotanto, uma teoria pés-modema da educaco {ou como se queira chamé-le)ndo poder deixar de considerar certs processos que fazem parte do micleo da realidade educa tiva, tis como: o desenvolvimento humano, a formacéo cultu- ral e cientifica, a formagao dos processos do pensar, a ajuda a adaptagdo “aberta” as exigncias soiais,o vinculo com as vé- ras formas de manifestacSo da cultura, a socializacéo metodi a, a agio polilicae trnsformedora da realidade, a formagio ica e emocional. Nao seria compativel com a pritica pedag6- gica — que vise formagao integral para exigncias ampliadas da sociedade contemporanea — que os educadores restingis- sem sua acio a temas parciais, elegendo erbitrriamente um daqueles processos como sintetizadores dos demas. Todavi, {sso tem ocorrido com temas como cultura, linguagem, poder, desejo, dferenga interdisciplinaridade, corporeidade tice et. Proponho que nada disso fique de fora, mas que se renuncie& tenagdo de substituir uma cosa pela outa anda, atotalidade social pela singularidade, o universal pelo particular, o texto pelo contexto, o socal pelo cultural, a linguagem analitica e formal pela linguagem representacional ‘A formulagio das trés modalidades de prtica educativa = informal, nao-formal, formal — abordadas aqui na sua inter: relacéo, ganha hoje novas configuragdos com 0 impacto mais ecisivo de processos informais e nio-formais nos processos {ormais. Notexto, etd antecipada apreocupacio pela “necessi- dade de investigagdo dos efeitos dos elementos informais da ‘educagio nos processos cognitivos,principalmente, como tas elementos impregnam a propria natureza dos conteidas e mé- todos de ensino”. Parece que reclamo foi atendido mais cedo do que e poder imaginar. A intersegio da escola com as miias eoaparatoinformacional é cade vez mais usual, pelo seu poder educative, premendo os educadores a ajudarem os alunos a aprencer a atrbuir significaco a informacéo e, portant, dando ‘mals peso a0s meios de pensar pare lidar com a informacio ‘miditizada. Mash também hoje, uma busca de pedagogizagao dos processos informais de educagéo. E verdade que os Ps eosin reoncnon ae pedagogos da “educagéo popular” no Brasil e outros lugares da ‘América Latina se anteciparam na idéia de construirespacos are ensinar nos processs espontaneos de aprendizagem, como foi caso bom tipico das comunidades de base da lgreja Cat ca, Essa tendéncia se amplia hoje para a multiplicidade dein fTuxos da “escola paralela’ que tem acontecido, pois, &a reducéo das diferencas entre o informal e o formal, certamente pelo impacto na socie- dade das novas teenologias da informacio e da comunicacio, da urbanizecao, da mudanca no trabalho, pela acentuacio da lidéla de ensino como trabalho interativo etc. Com iso, priicas| informais de educagio (conversacio eventual em situagdes € experiéncias cotiianas, interagdes em organizacBes comunita- rias, animagdo cultural, educacdo sindical et.) podem ser real zadasem classes para atividades de ensino,enquanto professo- res de escolas podem trabalharinformalmente em algumas ati- vidades (buscar resposias 2 sites © experiéncias que sur- gem no cotidieno em atividades de espore, arte, lazer, vistas, texcursdes etc). O que esté acontecendo, portato, ¢ um alarga ‘mento do conceito de educacéo informal, envolvendo prticas| conduzidas por conversacio, em torno de oportunidades e st- tuapdes do cotidiano, visando explorare alargar a experiéncia das pessoas e podendo ocorrer em qualquer lugar. A distingao entre as tés modalidades néo se perde nem elas se descarac- terizam na sua definicdo; o que muda é o adensemento do intercruzar cada vez mais explicit ente elas, ‘Vé-se que sio inimeras as questdes que se pdem no pre- ‘sente ao campo investigative da Pedagogia. Em virios lugares do mundo, a Pedagogia como teoria praca da acio educativa retomando o Interesse de pesquisadores, de modo que a aca proposta neste texto continua atua. Referénciasbiblogréficas CCHARLOT, Bemard. A mistifioaedo pedagéaica. Rio de Jane, Zabar, 1978, cescrcsoosoagoIIGO 1s CHATEAU, Jean, Os grandes pedagogiste. Séo Paulo, Companhia eitra Nacional, 1978, CUNNINGHAM, Willam F.Iatreducdo & tucagéo, Porto Alegre, Globo/MEC, 1975, DAVIS, Cauda & OLIVEIRA, Zl, Psicologia na educagdo. Sto Paulo, Coe, 1990, John, Democracia eeducardo, Sto Paul, Compania El a Nacional, 1979, DURKHEIM, Emile, Eucagéo e Sociologia. Sto Paulo, Melhor rents, 1967 LIBANEO, José C. Fundamentas tebricos e préticos do trabatho docete; estud introdutora sobre Pedagogia eDidétic. Tese de Dautorade, PUC-SP, 1990, LUZURIAGA, Lorenzo, Pedagoga. Sio Paulo, Compania Eaitora ‘Nacional, 1951, MARX, Karl 6 ENGELS, Friedsich. ieologiaalemd. Sto Paulo, Hite, 1984, MANACORDA, Mario A. Man ea padagogia moderna, Si Paso, Corte, 1991, MIALARET, Gaston. as clncios da eucog. Lisboa, Mores, 1976 [NASSIF, Ricardo, Teoria dela educacin problemsticapedagégica ‘contemporanea, Madi, Editorial incl, 1980 PLANCHARD, Eni A pedagogia contempordnea. Coimbra Colimbre Editor, 1975 RIBEIRO, José Q. As formas do process educacional, in: PERE RAL. & FORACCHL M.A. Educagio sociedad So Pau lo, Companhia Editor Nacional, 1965, SEVERINO, Antonio}. Eéucapio,ideologaecontra-deologa. Sto Paulo, EPU, 1986. SUCHODOLSKI, Bogdan. A pedagogia eas grandes corrente lo séfcos. Lisboa, Livros Horizonte, 1984 ___- La adueacin humane del hombre Barcelona, Lala, 1976 ‘VISALBERGHT, Aldo, Pagogiaesciene dell ducarione. Milano, ‘Arnoldo Mondadori Editor, 1983, DEW!

Você também pode gostar