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LÍNGUA E GRAMÁTICA

2.2 POR QUE AMBAS SE COMFUNDEM?

Há uma grande concepção de que língua e gramática são a mesma coisa, ou, que uma
existe em detrimento da outra, analisando essa constatação iremos aqui abordar por
que ambas se relacionam.

Possenti (1996, p.60) afirma que:

Para muitas pessoas das mais variadas extrações intelectuais e sociais, ensinar
língua é a mesma coisa de ensinar gramática ou, o que é diferente, embora
pareça mera inversão, para muitos, ensinar gramática é a mesma coisa que
ensinar língua. Além disso, por ensino de gramática entende-se,
frequentemente, a soma de duas atividades, que eventualmente, se inter-
relacionam, mas não sempre, nem obrigatoriamente.

Antunes (2007, p.39) explicando essa questão diz:

A concepção de língua e gramática são uma coisa só deriva do fato de,


ingenuamente se acreditar que a língua e constituída de um único componente: A
gramática. Por essa ótica saber uma língua equivale, a saber, sua gramática; ou,
por outro lado saber a gramática de uma língua equivale a dominar totalmente
essa língua. É o que se revela, por exemplo, na fala das pessoas quando dizem
que “alguém não sabe falar”. Na verdade, essas pessoas estão querendo dizer que
esse alguém “não sabe falar de acordo com a gramática da suposta norma culta”.

De acordo com os postulados de Antunes (2007) percebemos que é nessa concepção


onde ocorre o preconceito linguístico por acreditar que aquele que não domina as
regras de gramática, este por sua vez não sabe se comunicar adequadamente.

Segundo Antunes (2007, p.23):

É preciso reprogramar a mente de professores, pais e alunos em geral, para


enxergamos na língua muito mais elementos do que simplesmente erros e acertos
de gramática e de sua terminologia. De fato, qualquer coisa que foge um pouco
do uso mais ou menos estipulado é visto como erro, as mudanças não são
percebidas como “mudanças”, são percebidas como erro.

Já Possenti (1996, p.59) afirma que:

Acredito que é completamente diferente trabalhar com a gramatica na escola


depois de estar convencido de que ela não é indispensável para o ensino e,
principalmente, depois de estar convencido que uma coisa é o estudo de
gramática e outra é o domínio ativo da língua.

Além disso, deve-se levar em consideração o conhecimento que o aluno já tem


ampliado que é a chamada gramática interiorizada.

Nas palavras de Antunes (2007, p.26): “Qualquer pessoa que fala uma língua, fala essa
língua por que sabe sua gramática, mesmo que não tenham consciência disso”.

Ou seja, qualquer falante de uma língua tem na sua mente guardada a gramática
interiorizada que é aquela que se desenvolve quando nos somos crianças e vai se
aprofundando à medida que o tempo passa de acordo com o contexto social em que
estamos inseridos.

Nessa perspectiva percebe-se que a língua e a gramática não são a mesma coisa e são
confundidas por que a gramática estabelece diferentes tipos de regras e normas para a
construção de palavras e sentenças da língua e para suas diversas formas sociais de
atuação. Desconsiderando por sua vez outras formas de uso que não se utiliza da
norma padrão.

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