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2.10 - MTP 02
2.10 - MTP 02
MTP 02
ABORDAGEM A PESSOAS
BELO HORIZONTE - MG
2020
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 2 - )
Abordagem a Pessoas
BELO HORIZONTE – MG
2020
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 3 - )
132 p.
CDD - 353.3
CDU - 351.75(815.1)
ADMINISTRAÇÃO
Comando-Geral da Polícia Militar
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900
RESOLVE:
GOVERNADOR DO ESTADO
ROMEU ZEMA NETO
COMANDANTE-GERAL DA PMMG
CEL PM RODRIGO SOUSA RODRIGUES
FOTOGRAFIAS
CAP PM IRAN MARTINS DE OLIVEIRA
1º TEN PM CLÁUDIO JOSÉ VIRGÍLIO
1º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA
REVISÃO DOUTRINÁRIA
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
1º TEN PM BRUNO DINIZ CAMPOS
3º SGT PM DANIELLE SUELI VENTURA
REVISÃO FINAL
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 8 - )
Quadro 1 - Formação Básica de uma Patrulha com 6 (seis) Policiais Militares ................... 46
Quadro 2 - Situação de patrulha composta por 6 (seis) policiais militares – Ponta 1 ferido . 56
Quadro 3 - Sugestões de complemento de justificativas quanto ao uso de algemas .......... 88
Quadro 4 - Procedimentos policiais em ocorrências envolvendo autoridades ..................... 97
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 11 - )
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 12
2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA ........................................................................ 15
2.1 Deslocamentos táticos ................................................................................................ 16
2.1.1 Uso de cobertas e abrigos .......................................................................................... 16
2.1.2 Tipos de deslocamentos a pé ..................................................................................... 18
2.1.3 Deslocamentos por rastejo ......................................................................................... 19
2.1.4 Técnicas de uso do escudo balístico........................................................................... 20
2.2 Disciplina de luz e som................................................................................................ 23
2.3 Comunicação por gestos ............................................................................................ 24
2.4 Técnicas de uso de lanterna ....................................................................................... 26
2.5 Técnicas de varredura ................................................................................................. 30
2.6 Transposição de obstáculos ....................................................................................... 33
2.7 Ângulos de aproximação ............................................................................................ 34
2.8 Posições/posturas adotadas pelo policial na abordagem a pessoas ...................... 35
2.8.1 Posturas de abordagem com as mãos livres ............................................................... 35
2.8.2 Posturas de abordagem com emprego de arma de fogo............................................. 39
2.9 Tática de Aproximação Triangular (TAT) ................................................................... 40
2.10 Patrulha Policial-Militar ............................................................................................. 45
2.10.1 Tipos de Patrulha Policial-Militar ............................................................................... 45
2.10.2 Funções básicas dos integrantes da patrulha ........................................................... 45
2.10.3 Tipos deslocamentos da patrulha.............................................................................. 48
2.10.4 Posturas Táticas ....................................................................................................... 49
2.10.5 Resgate de feridos .................................................................................................... 52
2.10.6 Patrulha de eventos .................................................................................................. 56
2.10.7 Patrulha em área de matas ....................................................................................... 66
3 ABORDAGEM A PESSOAS ............................................................................................ 69
3.1 Níveis da abordagem a pessoas ................................................................................. 70
3.1.1 Abordagem a pessoas aparentemente desarmadas ................................................... 70
3.1.3 Abordagem a pessoas portando arma de fogo ........................................................... 71
3.2 Supremacia de força na abordagem a pessoas......................................................... 71
4 BUSCA PESSOAL E USO DE ALGEMAS....................................................................... 73
4.1 Busca pessoal .............................................................................................................. 73
4.1.1 Aspectos legais da busca pessoal .............................................................................. 74
4.1.2 Tipos de busca pessoal .............................................................................................. 76
4.1.3 Arma de fogo localizada durante a busca ................................................................... 84
4.2 Uso de algemas............................................................................................................ 85
4.2.1 Aspectos legais do uso de algemas ............................................................................ 86
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 12 - )
Abordagem a pessoas.
1 APRESENTAÇÃO
A construção das técnicas e táticas descritas neste Manual é fruto de experiências positivas
vivenciadas no cotidiano operacional, de pesquisa e da análise de simulações de ações
policiais em âmbito acadêmico.
Este volume enfatizará a abordagem a pessoas, bem como as ações que devem ser
realizadas de forma preparatória e posteriores a esta intervenção. Logo, a leitura do MTP 02
deve, obrigatoriamente, ser precedida da leitura do MTP 01.
A Abordagem Policial é tratada na Seção 3, onde é feita uma exposição transversal com os
princípios de uso de força e a classificação de risco, estudados no MTP 01. São descritas
técnicas e táticas de abordagem a pessoas, e traçado um modelo policial de referência para
as abordagens nos diversos níveis de intervenção.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 14 - )
Diante desses conhecimentos, o policial militar deve refletir sobre seu papel na sociedade e a
melhor maneira de executar o seu trabalho. Ele deve se reconhecer como integrante da
comunidade que exerce um papel diferenciado por sua qualificação profissionalização e
atributos policiais militares continuamente desenvolvidos a pautar sua conduta operacional.
Assim, o vigor operacional da Corporação, sua força e eficiência devem se mostrar no esforço
e energia diária desprendidos por todos militares na garantia da lei e da ordem no Estado de
Minas Gerais. Este exercício profissional deve traduzir-se individualmente em disciplina,
lealdade, honestidade, espírito de corpo, iniciativa, dedicação, equilíbrio emocional, coragem,
abnegação, vigor físico, civismo e patriotismo.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 15 - )
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 16 - )
Para cada recurso utilizado no serviço policial, seja humano ou material, existem técnicas pré-
estabelecidas. O emprego correto da técnica exige treinamento permanente, e cabe ao policial
militar conhecer e empregar as técnicas apresentadas neste caderno. O treinamento policial
deve estar alinhado com a identidade organizacional e ser realizado de forma contínua, sendo
o policial militar protagonista neste processo de auto-aprimoramento profissional.
Além do domínio das técnicas (como fazer?), outro fator importante para o sucesso das
intervenções é a disciplina tática.
Entende-se por tática policial a forma de se aplicar com eficácia os recursos técnicos que se
dispõe, ou de se explorar as condições favoráveis para se atingir os objetivos desejados.
Para garantir a disciplina tática, todos os policiais militares devem conhecer sua função no
ambiente de intervenção e conscientizar-se que cada atribuição, por mais simples que pareça,
é imprescindível para que o caso tenha uma solução satisfatória (por que fazer?)
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 17 - )
Nos deslocamentos táticos, os policiais militares deverão identificar locais no ambiente que
permitam proteção e ocultação.
A ocultação visa possibilitar que os policiais militares desloquem até o local determinado,
sem serem vistos pelos suspeitos até o momento da abordagem, ou seja, conseguindo assim
o fundamento da surpresa.
A proteção visa diminuir o risco do policial militar ser agredido ou alvejado pelo suspeito.
Portanto, nos deslocamentos, os policiais militares deverão buscar cobertas e abrigos para
proteção e ocultação.
a) as cobertas são usadas como ocultação. Não têm a capacidade de deter projéteis
disparados contra o militar. Exemplos: portas em madeira, arbustos, fumaça, neblina, um local
escuro ou outro fator que dificulte a visualização e os movimentos do policial;
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 18 - )
b) os abrigos são usados como proteções, e são anteparos que, por suas características
e dimensões, são capazes de proteger o policial militar contra disparos de arma de fogo e
arremesso de objetos. Exemplos: postes, muros, paredes, parte frontal de veículos
(compartimento do motor), caçambas metálicas, tronco de árvores, dentre outros.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 19 - )
Para maximizar a proteção nos deslocamentos e nas abordagens, deve-se, sempre que
possível, conjugar a coberta com o abrigo.
Existem três tipos principais de deslocamento tático de policiais no processo a pé, variando
de acordo com o objetivo a ser alcançado:
a) Deslocamento Lento: é o passo com velocidade moderada, que permita ao policial militar
observar todos os pontos de foco e pontos quentes antes de progredir. O policial militar deverá
estar de silhueta reduzida, com a arma nas posições de guarda baixa ou guarda alta. Deverá
ser empregado, preferencialmente, nas intervenções de risco nível II e III, em que há
necessidade de aproximação mais segura do objetivo a pé, mantendo a ocultação dos
policiais militares até o momento da abordagem. Exige disciplina de luz e som, que será
apresentada no item 2.2;
c) Deslocamento Rápido: é o passo com velocidade acelerada que permite ao policial militar
alcançar o objetivo com rapidez. Este tipo de deslocamento deverá ser empregado mediante
prévia avaliação dos riscos, nos seguintes casos, entre outros:
I - Perseguição de suspeito enquanto estiver à vista. O policial militar deve alterar o tipo de
deslocamento conforme a avaliação das áreas de risco ou segurança;
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 20 - )
Os deslocamentos de policiais militares por rastejo variam de acordo com o objetivo a ser
alcançado e a necessidade. Mostraremos a seguir os dois processos que são mais aplicáveis
à atividade policial militar:
a) Primeiro Processo: o policial militar apoiará seu corpo ao solo em decúbito ventral,
mantendo seu corpo o mais próximo possível do chão. O PM se locomoverá por meio da
tração alternada de cotovelos e joelhos, ou seja, o joelho esquerdo move-se junto com o
cotovelo direito, e vice-versa, de forma sucessiva. Durante o deslocamento, os joelhos
flexionarão até o limite do quadril. Caso o policial militar esteja portando arma longa, ela
deverá ser transportada nos braços, perpendicularmente ao corpo, para que não entre
sujeiras em seu cano. Caso esteja empunhando arma de porte, esta ficará na mão forte, com
dedo fora do gatilho.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 21 - )
b) Segundo Processo: o policial militar apoiará seu corpo ao solo em decúbito ventral.
Manterá seus cotovelos e antebraços no chão. Flexionará apenas uma perna, e a utilizará
para impulsionar o corpo para frente, juntamente com a ajuda das mãos e antebraços. Caso
o policial militar esteja portando arma longa, ela poderá ser conduzida por uma das mãos à
frente do corpo segura pela bandoleira, cano da arma voltado para frente, elevando o
armamento o mínimo necessário a cada impulsão. Caso esteja empunhando arma de porte,
esta ficará na mão forte, com dedo fora do gatilho. Este processo faz com que a movimentação
seja mais lenta e cansativa em relação ao primeiro, mas melhora as condições de ocultação
e proteção.
Para maior segurança nos deslocamentos, o policial militar poderá, ainda, recorrer ao escudo
balístico.
O escudo balístico é um equipamento que visa proteger a pessoa que o conduz. Contudo,
com a técnica adequada, sua capacidade de proteção poderá se estender aos demais
policiais militares da equipe durante o processo de deslocamento. As progressões utilizando
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 22 - )
escudos balísticos podem ser feitas de duas formas principais, variando de acordo com o nível
de segurança:
a) Segurança Mínima:
O escudo será conduzido pelo primeiro policial militar, na posição de pé.
b) Segurança Máxima:
O escudo será utilizado pelo primeiro policial militar, que deslocará com a silhueta reduzida,
com o escudo bem próximo ao solo. Em casos de disparo contra a guarnição, ou para
conceder mais segurança em uma abordagem, o primeiro policial militar interromperá o
deslocamento e ficará na posição de joelhos (escudo no chão).
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 23 - )
Figura 7 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima com arma à frente do visor)
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 24 - )
Figura 8 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Máxima com arma à frente do visor)
A disciplina de luz e som é o conjunto de recomendações que pode ser empregado para
reduzir ou eliminar a emissão de ruídos e de luminosidade que possam denunciar o
posicionamento do policial militar.
Para manutenção da disciplina de luz, os policiais militares deverão ocultar o visor do celular,
caso seja necessário seu uso como instrumento de comunicação. Além disso, jamais acender
cigarro e evitar expor objetos cromados com capacidade de reflexão de luz direta. Os policiais
militares deverão fazer o uso da lanterna de acordo com as técnicas de emprego deste
equipamento, conforme item 2.4.
Simples medidas podem preservar a vantagem tática durante a abordagem. Para manutenção
da disciplina de som:
a) realizar a auto inspeção (apalpar os bolsos, efetuar pequenos saltos, etc.) antes de iniciar
o deslocamento, retirando materiais que façam barulho;
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 25 - )
d) ajustar o volume do rádio HT ou, quando possível, usar fones de ouvido para comunicação.
e) iniciada a progressão, deve-se observar a presença de objetos espalhados pelo solo (copos
plásticos, garrafas, folhas secas, outros) que possam provocar ruídos.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 26 - )
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 27 - )
Além dos gestos apresentados, a equipe poderá convencionar outros, de acordo com a
necessidade. Para maior efetividade da comunicação, antes da entrada em operação, as
equipes deverão checar a compreensão dos gestos a serem utilizados.
O olho humano não tem capacidade para se adaptar de forma rápida e efetiva às variações
da luminosidade dos ambientes.
a) iluminação do ambiente;
b) identificação de pessoas ou objetos;
c) auxílio na realização da pontaria;
d) ofuscamento da visão do abordado;
e) sinalização.
A lanterna deve ser utilizada com acionamentos intermitentes, para que a posição do policial
militar e dos demais integrantes da equipe não seja denunciada. Além disso, o acionamento
de lanterna, atrás de outro policial militar deve ser evitado.
Se, durante o deslocamento, o policial militar deparar com um suspeito, poderá focalizar o
feixe de luz nos olhos do abordado, com o objetivo de ofuscar-lhe a visão, procurando abrigo
para realização de uma verbalização segura.
A lanterna será conduzida pela mão que não estiver empunhando a arma de fogo e sempre
acompanhará a direção do cano. Desta forma, o foco de visão do policial militar, o cano da
sua arma e o feixe de luz deverão estar voltados para a mesma direção.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 28 - )
Para a utilização eficiente da lanterna necessário que haja treinamento contínuo, baseado nas
técnicas previstas neste manual.
a) Posição 1 (Técnica “Harries”): o policial militar coloca a mão que está com a lanterna
abaixo da mão que segura a arma. As costas das mãos se apoiam para dar estabilidade ao
conjunto, conforme ilustra a Figura 10.
É importante frisar que, nesta posição, o armamento está em empunhadura simples com
apoio, o que poderia dificultar uma boa sustentação e estabilidade após o recuo da arma entre
um disparo e outro.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 29 - )
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 30 - )
c) Posição 3 (Técnica “FBI”) - Consiste em segurar a arma com uma das mãos
(empunhadura simples), enquanto a outra mão segura a lanterna, com o braço estendido,
paralelo ao solo. Em caso de utilização da arma de fogo, a posição não é muito firme e a
qualidade de tiro deve ser observada, devido a empunhadura ser simples.
Uma variação possível e recomendável para utilização dessa posição é a conjugação com a
técnica de varredura “Olhada Rápida”, ou seja, o policial militar que estiver segurando a
lanterna permanece abrigado, enquanto um outro policial, também abrigado, visualiza o
ambiente numa posição diversa da que se encontra o feixe de luz (abaixo ou acima).
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 31 - )
A varredura consiste na verificação visual feita pelo policial militar, de um determinado espaço
físico localizado em uma área de risco. Para realizá-la, os policiais militares poderão utilizar
três técnicas básicas denominadas: Tomada de Ângulo (“Fatiamento”), Olhada Rápida e
Reflexão de Imagem.
a) Tomada de ângulo
Conhecida também como fatiamento permite checar o ambiente por segmentos. Seu objetivo
é propiciar a visualização total ou parcial de uma pessoa ou de um objeto (pés, mãos, roupas,
armamento, dentre outros), antes que o policial militar seja visto pelo abordado.
A varredura será feita de maneira lenta e gradual, frente a locais com ângulos desconhecidos
(esquina de becos, portas, corredores, escadas, dentre outros). O policial militar se moverá
lateralmente, sem a exposição do corpo e sem cruzar as pernas, tendo como referência o
obstáculo (parede, muro, por exemplo), que lhe servirá de abrigo.
A tomada de ângulo será feita até que se tenha o controle visual total do ambiente ou visualize
partes do corpo do abordado, momento em que recorrerá à verbalização e às técnicas de
abordagem.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 32 - )
A verbalização deverá iniciar-se tão logo o policial militar localize um suspeito, procurando
manter o controle visual.
b) Olhada rápida
Esta técnica tem por objetivo propiciar a visualização instantânea de um suspeito, sem ser
visto por ele. Para realizá-la, o policial militar deve expor a cabeça lateralmente, observar a
área de risco, e retornar à posição abrigada, o mais rápido possível. Se a repetição do
movimento for necessária, o policial militar deverá alternar o ponto de observação.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 33 - )
Durante sua execução, a arma deverá estar no coldre ou em uma das mãos, devendo o
policial militar atentar para o controle da direção do cano.
Antes de empregar a técnica, o policial militar deverá ter próximo à sua retaguarda, em
cobertura, outro policial militar, que deverá estar em pé, com a arma na Posição 2 (guarda-
baixa), sem apontá-la em direção ao executor e expô-lo ao perigo.
Ao avistar a área de risco e identificar o(s) suspeito(s) com a técnica de olhada rápida, o
policial militar executor sinalizará para os outros policiais militares o número e localização dos
suspeitos, bem como se estão armados.
Caso tenham supremacia de força, deverão usar, após a olhada rápida, a técnica de tomada
de ângulo, com o objetivo de se posicionarem seguramente para emprego da verbalização e
abordagem.
c) Reflexão de imagem
A técnica contribui para aumentar a segurança do policial militar. A varredura será realizada
com qualquer instrumento que reproduza imagem. Ao conhecer a posição do suspeito, o
policial militar deverá recorrer à tomada de ângulo a fim de manter o controle sobre os pontos
de foco e pontos quentes e empregar a verbalização.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 34 - )
Embora apresentadas isoladamente, o policial militar deve dominar as três técnicas descritas,
para que as utilize segundo a conveniência e a necessidade. Simultaneamente, poderá
realizar o fatiamento, com olhadas rápidas ou com o recurso reflexão de imagem, aumentando
ainda mais o seu campo visual.
Durante a perseguição a uma pessoa que salta um muro, o policial militar nunca deve saltar
imediatamente atrás, pois a pessoa em fuga pode estar aguardando que ele pule ou se
exponha para alvejá-lo. Para transpor obstáculos como muros, por exemplo, o policial militar
necessitará adotar alguns procedimentos, como sugerido a seguir:
a) Transposição individual:
considerando a altura do obstáculo, o policial militar estenderá o braço até alcançar a parte
superior do muro, saltando se necessário e, em seguida, puxará o corpo até a altura do
antebraço, onde completará a última etapa da observação do ambiente;
não localizando o suspeito em profundidade (lembre-se de que ele pode ter se escondido
atrás de objetos ao longo do terreno), a atenção agora deve ser na base do muro. Logo após,
o policial militar lançará uma das pernas sobre o muro, utilizando-a para tracionar seu corpo
com a ajuda das mãos, mantendo a sua silhueta mais próxima possível da superfície superior
do obstáculo e com uma pequena elevação do quadril, projetará a perna de baixo sob a perna
que se encontra apoiada no muro, projetando-a para o ambiente a ser controlado, e, com isso,
desprenderá o corpo tocando ao solo com a arma na Posição 3 ou 4;
localizando a pessoa em fuga, o policial militar manterá o controle visual sobre ele e
monitorará os pontos quentes, evitando mudanças de posição. Estando em uma posição
segura (abrigado), sem se expor, deverá ser feita a verbalização.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 35 - )
um dos policiais militares deverá progredir com a arma na Posição 3 ou 4 até a base do
obstáculo a ser vencido. Em seguida, posicionar-se-á com as costas apoiadas no obstáculo e
pernas semiflexionadas;
Nas abordagens e buscas pessoais, os policiais militares deverão atentar pela segurança.
Para tanto, foram estabelecidos ângulos de aproximação ao abordado, conforme a seguir:
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 36 - )
Os demais ângulos descritos acima permitem uma aproximação segura, sendo que o ângulo
3 oferece maior segurança e o ângulo 1, menor.
São técnicas em que o policial militar faz a intervenção sem recorrer a quaisquer armamentos,
instrumentos ou equipamentos. São estabelecidas para cada nível de risco, orientando a
distância e a angulação de aproximação, bem como a posição de mãos e braços do policial
militar.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 37 - )
Para todas as posturas a mãos livres, o policial militar deverá adotar a posição de “base”,
utilizada nas artes marciais, variando-se apenas a posição das mãos e braços. Esta posição
permite ao policial militar equilíbrio e melhores possibilidades de defesa e contra-ataque.
Também permite maior proteção da arma de fogo do policial militar, haja vista que os braços
e pernas mais fortes e, consequentemente, o coldre (geralmente colocado do lado da mão
mais forte) ficam ligeiramente projetados para a retaguarda. Logo, mais distantes do raio de
ação do abordado.
a) Postura Aberta
Deverá ser empregada nas intervenções em que o abordado não estiver aparentemente
portando armas e apresentar comportamento cooperativo.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 38 - )
b) Postura de Prontidão
Deverá ser utilizada nas intervenções em que o abordado não estiver aparentemente portando
armas e apresentar comportamento de resistência passiva.
Esta postura com um dos braços elevados e mãos abertas permite ao policial militar o
emprego mais eficiente das técnicas de controle de contato, além de transmitir uma
mensagem gestual de contenção do conflito, não agressividade e intenção de resolução
pacífica.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 39 - )
Sempre que o abordado tentar reduzir a distância de segurança, o policial militar deverá
ordenar que ele pare imediatamente e, concomitantemente, dele se afastará. Esse
procedimento retardará o tempo decorrente do processo mental da agressão.
c) Postura Defensiva
O policial militar manterá a cabeça ereta na posição natural, com as mãos abertas próximas
ao rosto, e os cotovelos projetados na linha das costelas, a fim de protegê-las, permanecendo
assim em melhores condições de emprego das técnicas de controle físico e com maiores
chances de defesa golpes (resistência ativa com agressão não letal). As mãos permanecerão
abertas por assim representarem um gesto universal de defesa, as pernas deverão estar
formando uma base equilibrada, os joelhos semiflexionados e o corpo projetado à frente.
Todavia, como uma variável da postura defensiva, o policial militar poderá evoluir para a
postura de guarda com os punhos cerrados, a fim de efetuar um contra-golpe contra o
infrator.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 40 - )
Se o policial militar entender que não será possível dominar um abordado com o emprego de
técnicas de defesa pessoal policial com as mãos livres (controle físico), desde que não exista
risco iminente de morte, deverá acionar reforço e avaliar a oportunidade e conveniência para
empregar Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (controle com IMPO) ou até mesmo uso
dissuasivo de arma de fogo.
A adoção de uma postura correta, somada a uma verbalização adequada, poderão levar o
abordado a cooperar com a abordagem policial, prevenindo uma provável resistência, ainda
na fase embrionária.
São técnicas que objetivam garantir a segurança do policial militar e causar impacto
psicológico no abordado, proporcional ao nível de risco oferecido, de forma dissuasiva.
Esta posição pode ser empregada para o policial militar realizar intervenção nível I ou II e em
deslocamentos longos.
b) Posição 2 - guarda-baixa
Esta posição pode ser empregada para o policial militar realizar intervenção nível II e em
deslocamentos, pois minimiza o cansaço físico causado pelo peso da arma, proporcionando
ao policial militar condição para se defender de uma possível agressão, diminuindo o tempo
de reação.
Ao se deslocar em grupo, o policial militar deverá manter o dedo fora do gatilho e o controle
do cano da arma e, em hipótese alguma, a apontará na direção dos integrantes do
grupamento.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 41 - )
c) Posição 3 - guarda-alta
Esta posição pode ser empregada para o policial militar realizar em regra intervenções níveis
II e III e em deslocamentos curtos, já que o peso da arma pode gerar um cansaço excessivo.
Será empregada nas situações em que exista potencialidade real e imediata de agressão letal
ou ferimentos graves ao policial militar ou a terceiros.
Ao visualizar um agressor armado, o policial militar apontará rapidamente a arma para a sua
massa central (tronco) e manterá, ao mesmo tempo, o controle dos pontos quentes.
O policial militar somente deverá acionar a tecla do gatilho após identificar, certificar e decidir
para agir, ou seja, disparar a arma de fogo.
Nesta tática, dois policiais militares e o abordado dispostos de maneira que formem um
triângulo. É considerada a forma mais segura e eficiente de aproximação policial-militar.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 42 - )
Ressalta-se que os policiais militares devem se manter atentos à regra dos 21 pés1 (6,4
metros) caso o abordado esteja armado de faca, vide MTP 01.
A postura ou posição de emprego de arma a ser utilizada pelos policiais militares na realização
da TAT deverá ser definida pelo policial militar de acordo com o nível de risco e a evolução
dos fatos durante a intervenção.
1
Sargento Dennis Tueller, do Departamento de polícia de Utah (Estados Unidos) criou a Regra de Tueller ou regra
dos 21 pés (6,4 metros). A regra estabelece que esta distância é a mínima para ter possibilidades de se defender
com uma arma de fogo, diante de uma agressão com arma branca, considerando a arma no coldre em condições
de disparo.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 43 - )
PM Comandante
PM Revistador PM Segurança
PM Verbalizador
A área de busca corresponde ao local onde se realizará a busca pessoal e será definida pelos
policiais militares após análise da área e da avaliação de risco. Se possível, possuirá
características que privilegiem a segurança tanto dos policiais militares quanto dos abordados.
Assim, uma área de busca ideal deve ter o relevo adequado, se situar fora da área de tráfego
de veículos e de locais onde os policiais militares não tenham pleno controle no que se refere
à segurança.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 44 - )
Recomenda-se que estes locais não possuam pontos de escape que permitam uma possível
evasão dos abordados.
Um único policial militar poderá exercer mais de uma função. É importante lembrar que estas
funções deverão ser previamente definidas pelo comandante da abordagem, a fim de garantir
a disciplina tática entre os integrantes. O PM Comandante pode exercer as funções de PM
Verbalizador e PM Segurança.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 45 - )
O detalhamento das ações de abordagem a pessoa e busca pessoal será feito nas Seções
3 e 4, respectivamente;
Após a busca pessoal, o abordado terá seus dados anotados para que seja averiguado
seu prontuário criminal e/ou para registro e pesquisas de qualidade do serviço operacional
pós-atendimento. Posteriormente, o policial militar informará ao abordado o motivo do
procedimento e agradecerá a colaboração, caso seja adequado.
Caso o cidadão, após terminado o procedimento policial, deseje esperar por outro
abordado, o PM Verbalizador determinará que ele aguarde fora da área de contenção.
Entretanto, atenção ainda deverá ser dada a ele, através do monitoramento pelo PM
Segurança.
As funções policiais poderão variar no decorrer da abordagem, de acordo com o local, número
de abordados, grau de risco, e de informações obtidas sobre os suspeitos.
c) Patrulha de resgate - É a Patrulha que utiliza das técnicas policiais a fim de prestar apoio
e socorro a outras patrulhas PM ou realizar o resgate de policiais feridos.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 47 - )
ÁREA DE
NOMENCLATURA DA FUNÇÃO ATRIBUIÇÃO
OBSERVAÇÃO
Ponta de Retaguarda 1
- Verbalizar;
ou Retaguarda 1 - Dar segurança à retaguarda da
equipe.
Fonte: Elaborado pelo autor.
46
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 48 - )
Das funções acumuladas, o Ala é quem transporta o que for necessário à execução da
operação (escudo, rádio HT, bornais, kit emergência ou outro equipamento/armamento que a
missão demandar), além de realizar buscas pessoais, bem como transporte de feridos.
Segurança;
Objetivo da ação;
Formações;
47
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 49 - )
b) Deslocamento em linha: Realizado com os policiais militares com formação em linha a fim
de dispersar o foco do provável agressor, aumentar a capacidade de resposta à frente
(disparos de arma de fogo) e ampliar os ângulos de visão da patrulha durante cerco em
edificações com possibilidade de existirem infratores homiziados e áreas abertas. A posição
da arma em pronta resposta é a ideal tendo em vista o risco iminente detectado.
c) Tomada ponto a ponto: Deslocamento curto e rápido realizado entre duas posições
abrigadas ou cobertas em situações onde já está ocorrendo o enfrentamento (risco III).
48
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 50 - )
Será realizado em um movimento decidido. Antes de iniciar um lanço o policial militar avaliará
o risco para evitar uma indecisão no decorrer do deslocamento. Para uma decisão firme e
acertada o PM, ao preparar um lanço, responderá a si as perguntas que se seguem: Para
onde vou? Como? Por onde? Quando?
O deslocamento é feito sempre com, no máximo, 3 (três) policiais militares por abrigo, de
acordo com a necessidade de cobertura maior. A posição da arma em guarda alta é a ideal
para quem provém a cobertura e posição em guarda baixa para o policial militar que efetua o
lanço.
Sempre que chegar a cobertura, após ser observado o ambiente pelos dois policiais militares,
o primeiro efetua o lanço para o próximo ponto ou abrigo e aguarda o deslocamento de sua
cobertura para poder progredir, sendo todo o tempo coberto pelos companheiros que estão
abrigados, inclusive após sua chegada no abrigo.
Somente o Retaguarda 2, nos casos em que o efetivo da patrulha permita essa função, que
antes de deslocar até o Ala, voltará sua frente para a retaguarda da patrulha, abrigará e
apontará sua arma para o ponto de foco que o Retaguarda 1 guarnece. Feito isto, chamará
o Retaguarda 1. Este por sua vez, olhará para o Retaguarda 2 preocupando-se
primeiramente com a direção do cano da arma do Retaguarda 2 e após confirmar esta
posição, deslocará de frente até o local de abrigo do Retaguarda 2, assumindo este ponto
voltando sua frente novamente para a retaguarda. Assim que recolher o Retaguarda 1 até
seu abrigo, o Retaguarda 2 desloca para o próximo ponto. Este recuo do Retaguarda 1 até
o local onde o Retaguarda 2 está é chamado de Recuo Curto ou Recuo Lento.
Caso o Retaguarda 1 tenha espaço suficiente e seguro para deslocamento, poderá deslocar
até o Ala e procederá da mesma forma para recolher o Retaguarda 2. Este recuo do
Retaguarda 1 até o Ala é chamando de recuo longo ou rápido.
São posturas que reforçam o domínio sobre determinados pontos de forma que os policiais
militares se adaptem para cobrir todas as áreas:
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 51 - )
a) Combate: policial militar de pé, com os pés paralelos, empunhando sua arma na posição
de guarda alta ou pronta resposta, corpo ligeiramente flexionado para frente, a fim de absorver
melhor o recuo da arma.
c) Siamesa: policial militar de pé, estaciona ou desloca ombro a ombro com outro policial
militar de forma que cada um cubra determinado ponto formando um ângulo que pode ser em
L, T ou Y de acordo com a direção do cano da arma dos primeiros policiais militares da equipe.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 52 - )
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 53 - )
Trata-se de um tópico que merece atenção por se tratar de uma situação que foge à
normalidade, quando um ou mais policiais militares forem feridos ou incapacitados durante a
situação de confrontação.
Agir com rapidez nessas condições é necessário para evitar que sangramentos conduzam o
policial a perda da consciência, que pode ocorrer em questão de minutos e, por conseguinte,
resultar em óbito.
O socorro imediato durante uma confrontação não substitui as ações de outros profissionais
de saúde. Sua razão de ser se apoia no fato de que não é humanamente possível, tampouco,
logisticamente viável ter presente uma equipe de profissionais de saúde em todos os locais e
momentos onde possa ocorrer uma situação crítica, sendo essencial que o primeiro
atendimento seja o mais precoce possível e de qualidade, melhorando o prognóstico do
policial militar vitimado.
2Portaria normativa 16, Ministério da Defesa, 12 de Abril de 2018. Aprova a Diretriz de Atendimento Pré-Hospitalar
Tático do Ministério da Defesa para regular a atuação das classes profissionais, a capacitação, os procedimentos
envolvidos e as situações previstas para a atividade.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 54 - )
Procedimentos básicos:
Se possível, o policial militar ferido, estando abrigado, deve realizar o seu autossocorro, por
meio das seguintes medidas:
responder a injusta agressão sofrida pela guarnição policial militar, controlando a situação
e garantindo a segurança dos militares de sua patrulha, possibilitando a neutralização das
ameaças imediatas;
Ainda que a equipe tenha neutralizado a ameaça imediata que vitimou o policial militar, é
extremamente necessário manter a cobertura contra possíveis ameaças secundárias até a
retirada da patrulha do local.
Relatos de policiais militares que atuaram em intervenções policiais nas quais houve confronto
indicam que em alguns casos, é possível que em virtude do alto nível de estresse, a liberação
de adrenalina faça com que não percebam que foram feridos.
Desse modo, ao passar por intervenções com confronto envolvendo arma de fogo, arma
branca ou impróprias, imediatamente após a neutralização da ameaça, de forma concomitante
ao acionamento de ajuda, deve ser iniciada uma autoavaliação (em nível visual e tátil) em
busca de possíveis pontos de sangramento. Proceda a sua “autochecagem” seguindo o
sentido da cabeça aos pés.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 55 - )
de uma diagonal corporal à outra, conforme se vê na Figura 28. Esse método é chamado
“Avaliação em X”.
Se a ação for em suporte a outro policial militar, a verificação também deve seguir a “Avaliação
em X”.
Figura 28 - Avaliação em X
Com essa ação você terá percorrido obrigatoriamente a região abdominal e torácica no
mínimo duas vezes em busca de sangramentos ou alterações significativas (como grandes
deformações ou objetos encravados, por exemplo). Ao localizar pontos de sangramento,
proceda imediatamente à contenção da hemorragia.
3 Extricação é um termo muito utilizado em resgate, salvamento e medicina pré-hospitalar em geral. Extricar
significa: “retirar uma vítima de um local do qual ela não pode, ou não deve sair por seus próprios meios”.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 56 - )
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 57 - )
Para melhor entendimento, ver o Quadro 2 com a situação hipotética onde uma patrulha
composta por 6 (seis) policiais militares, tem um de seus componentes ferido e está
inconsciente.
Quadro 2 - Situação de patrulha composta por 6 (seis) policiais militares – Ponta 1 ferido
AÇÃO PÓS-FERIMENTO
FUNÇÃO FUNÇÃO POSTERIOR
DO POLICIAL MILITAR
Grupamento policial designado pelo Comandante do Policiamento para atuar em eventos com
aglomeração de público, com a finalidade precípua de manutenção da ordem pública, por
meio da ação de presença. Não se confunde com a atuação do Policiamento de Choque. São
situações que justificam sua formação, por exemplo, o policiamento durante festas populares
(Carnaval), no perímetro externo de Estádios, Operações em centros comerciais com grande
fluxo de pessoas (Operação Natalina), dentre outros.
4Exfiltração: Técnica de movimento realizado de modo sigiloso com a finalidade de retirar forças ou pessoal isolado
e/ou material do interior de território inimigo ou por ele controlado, ou que se encontravam realizando operações
militares (BRASIL, 2004).
56
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 58 - )
Seu efetivo pode ter composição variada de acordo com a avaliação da situação pelo mais
antigo presente no ambiente, ou conforme a previsão inserida nos planejamentos.
A logística para a equipe poderá ter, além daquilo considerado básico, o uso de capacete,
instrumentos de menor potencial ofensivo, bodycam e outros.
a) Dispositivos estacionados
57
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 59 - )
Se houver um anteparo, a patrulha composta por dois policiais deverá se posicionar de costas
formando uma linha de visão com uma angulação de aproximadamente 60 graus, em relação
a linha do anteparo.
58
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 60 - )
Com 3 (três) policiais militares, a patrulha estacionada em ambiente sem anteparo, deverá
ocupar o espaço de costas um para o outro, de modo que o policial tenha visão de 120º graus.
Com 4 (quatro) policiais militares a formação permitirá acompanhar todo o entorno em 360º.
Os policiais militares posicionarão conforme as Figuras 36 e 37.
59
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 61 - )
É possível a adoção de outra variação nesse dispositivo como se segue. Nesse caso, o
comandante estará ocupando uma das posições centrais.
60
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 62 - )
61
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 63 - )
62
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 64 - )
b) Dispositivo em deslocamento
O deslocamento será feito em coluna por um, sendo que o comandante deslocará ao centro.
Todos os componentes serão numerados a partir do primeiro homem.
O primeiro policial militar se deslocará com sua atenção voltada para frente, tendo os demais
a atribuição de observar cada lado alternadamente.
63
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 65 - )
Nas situações em que houver até 4 (quatro) policiais, as abordagens deverão ser realizadas
observadas a avaliação de riscos e uma criteriosa leitura de ambiente, verificando,
preferencialmente, se no local há anteparos para posicionamento do abordado e realização
da busca pessoal.
Quando houver 5 (cinco) ou mais policiais militares, e se não houver anteparos, a abordagem
será executada fazendo-se um envelopamento5.
5 Envelopamento:Trata-se de um cerco em torno do(s) abordado(s) com a finalidade de criar uma área de
contenção segura para realização da busca pessoal.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 66 - )
A condução de preso deve ser rápida e direcionada diretamente para o posto de triagem, a
fim de retirar o preso do meio do público de forma mais rápida e segura.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 67 - )
Se houver necessidade da prisão, a condução deve ser feita prioritariamente com o preso
algemado e no centro da patrulha, a fim de diminuir o risco de fuga em meio à multidão e
também para garantir a integridade física do próprio conduzido.
A execução da patrulha em área de matas deve ser precedida de uma avaliação criteriosa
das circunstâncias a fim de definir o procedimento a ser executado.
Nas localidades com presença de matas onde exista o serviço de Rondas Ostensivas com
Cães (ROCCA6) este deverá ser acionado para apoio na localização de infratores.
6 “ROCCA: consiste na atuação direcionada para repressão qualificada no atendimento e apoio às ocorrências
ocasionais e de alta complexidade, que necessitem do emprego de cães, voltada para busca de infratores
homiziados em locais de difícil acesso, bem como na localização de armas de fogo, artefatos explosivos e drogas
ilícitas.” (PMMG, 2019).
7 “Ocorrências de alta complexidade: são as intervenções qualificadas em Incidentes Críticos que extrapolam o
poder de resposta dos órgãos que compõem o Sistema de Defesa Social e, portanto, necessitam de intervenções
integradas especiais com a utilização de equipamentos, armamentos, tecnologias e treinamentos especializados
para o restabelecimento da Paz Social.” (COTTA, 2009).
66
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 68 - )
Em situações que não seja possível o acionamento de uma guarnição da ROCCA e que o
fato não se configure numa ocorrência de alta complexidade, a incursão será realizada por
uma patrulha composta de, no mínimo, 4 (quatro) policiais militares.
Para início da incursão, a patrulha identificará o ponto de acesso do infrator na área de mata,
adentrando na formação em coluna pelo ponto por onde o infrator acessou.
Caso o primeiro interventor não tenha visualizado o ponto de acesso do infrator na área de
mata ou não identifique qualquer rastro ou objetos que se presume ser o local de entrada, a
patrulha adotará a formação em linha para realizar a varredura do local em busca de alguma
alteração no terreno que demonstre a direção a ser seguida.
Ao adentrar na área de mata, o Ponta de Vanguarda 1 deverá manter sua atenção voltada à
procura de alterações no terreno que os levem até os infratores. Considerando que o Ponta
de Vanguarda 1 estará com a visão periférica restrita, o Ponta de Vanguarda 2 deverá
realizar a segurança do Ponta de Vanguarda 1, mantendo sua atenção voltada para as
adjacências do ambiente.
Durante o deslocamento os policiais militares atentarão para a disciplina tática de luz e som,
com especial atenção para os locais onde pisam. Se a patrulha produzir algum ruído
extravagante, deverá manter-se imóvel por breve período a fim desse ruído se confunda com
outros barulhos que naturalmente são produzidos pelo ambiente.
67
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 69 - )
Caso seja identificado algum infrator ou ponto de abordagem (quintal, casa, barracão, etc) a
patrulha adotará a formação em linha para a aproximação.
8Varredura em “Z”: é uma varredura visual realizada do topo das árvores, no meio (na altura dos olhos) em
profundidade e no chão).
68
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 70 - )
3 ABORDAGEM A PESSOAS
Desta forma, os procedimentos adotados pela guarnição variam de acordo com os fatos
motivadores da abordagem e com o ambiente. Além disso, o policial militar deve compreender
as peculiaridades daquele com quem interage e não vincular essa interação,
necessariamente, a ações delituosas.
Em cada abordagem realizada, o policial militar deverá utilizar técnicas, táticas e recursos
apropriados ao público-alvo desta intervenção policial, esteja a pessoa em atitude suspeita ou
não.
O poder de polícia, deve ser entendido como um conjunto de ações que limitam e sancionam
o direito individual e autorizam a intervenção do Estado, executada por intermédio de seus
agentes, em qualquer matéria de interesse da coletividade.
69
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 71 - )
Como explorado no MTP 01, a abordagem é uma intervenção policial que se procede por
meio de técnicas, táticas e uso de equipamentos proporcionais aos níveis de riscos.
A abordagem policial a pessoa também é classificada em três níveis (1, 2 e 3) tendo como
referência os níveis da intervenção policial, conforme definidos pelo MTP 01.
a) abordado cooperativo;
b) abordado resistente passivo;
c) abordado resistente ativo.
9 Arma branca: é aquela criada para causar lesão que não seja arma de fogo ou explosivo (Ex.: Espada ou faca
de ataque).
10Arma imprópria: é qualquer instrumento que, embora tenha sido criado com finalidade diversa, é eficaz à prática
delitiva (Ex.: Faca de cozinha, chave de fenda, pedaço de madeira, etc).
70
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 72 - )
b) outro policial militar iniciará a abordagem com a arma localizada, a fim de prover a proteção
da equipe e realizar a aproximação para a busca pessoal.
a) sempre que possível, todos os policiais militares deverão estar abrigados e com arma na
posição 3 ou 4 (guarda-alta ou pronta resposta);
b) um dos policiais militares determinará ao abordado que solte a arma e se posicione em
uma das posições de contenção;
c) caso a arma esteja alocada no corpo do abordado, o policial militar irá monitorar os pontos
quentes e determinará que se coloque na posição de contenção 3 ou 4 (ajoelhado ou deitado).
71
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 73 - )
É importante saber que em qualquer nível de intervenção o policial militar deverá adotar os
seguintes procedimentos:
Além disso, o policial militar deve ter em mente os Fundamentos da Abordagem Policial
previstos na Seção 5 do MTP 01.
72
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 74 - )
É uma técnica policial utilizada para fins preventivos ou repressivos, que visa a procura
de produtos de crime, objetos ilícitos ou lícitos que possam ser utilizados para a prática de
delitos que estejam de posse da pessoa abordada em situação de suspeição.
A busca poderá ser realizada independente de mandado judicial, desde que haja fundada
suspeita.
Quando o policial militar realiza busca pessoal, a situação de suspeição deverá ser verificada
através da atitude do cidadão, ou seja, da conjugação entre comportamento e ambiente.
Exemplos:
estado de flagrante delito;
mesma característica física e de vestimenta utilizada por autor de crime/ contravenção;
comportamento estranho do suspeito (tensão, nervosismo, aceleração do passo ou
mudança brusca de direção ao avistar a presença policial);
volumes observáveis na cintura ou em outras partes do corpo;
pessoa parada em local ermo ou de grande incidência de criminalidade;
pessoa monitorando residências;
pessoa portando objeto duvidoso;
condutor que tenta evadir de bloqueio policial; dentre outros.
Os policiais militares devem estar preparados tecnicamente para realizar a busca pessoal e
cuidar para que esta ação não se converta em atos de arbitrariedade e discriminação.
73
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 75 - )
O poder discricionário inerente à ação de abordar e efetuar a busca pessoal está condicionado
à existência de elementos que configurem fundada suspeita, requisito essencial e
indispensável para a realização do procedimento. O Código de Processo Penal (CPP) assim
prevê:
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada
no curso de busca domiciliar (BRASIL, 1941).
Caracterizada a fundada suspeita, é legal a ordem que origina o início da busca pessoal
emanada pelo policial militar, determinação esta que se descumprida implica no cometimento
do crime de desobediência, previsto no art. 330 do Código Penal (CP).
No Código de Processo Penal Militar (CPPM) a busca pessoal (ou revista pessoal) é tratada
nos seguintes arts.:
Busca pessoal
Art. 180. A busca pessoal consistirá na procura material feita nas vestes, pastas,
malas e outros objetos que estejam com a pessoa revistada e, quando necessário, no
próprio corpo.
Revista pessoal
Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver fundada suspeita de que alguém
oculte consigo:
a) instrumento ou produto do crime;
b) elementos de prova.
74
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 76 - )
d) quando houver fundada suspeita de que o revistado traz consigo objetos ou papéis
que constituam corpo de delito;
e) quando feita na presença da autoridade judiciária ou do presidente do inquérito.
As buscas pessoais são realizadas em prol do bem comum, ainda que possam causar
eventuais desconfortos de caráter individual. É importante que a restrição aos direitos
individuais se dê o mínimo possível, ou seja, no limite do que possa ser considerada
necessária e razoável, para que não possa ser interpretada como abuso de autoridade.
Nos casos em que a suspeição não se confirmar e nada de irregular for encontrado, caberá
ao policial militar:
a) esclarecer ao abordado os motivos pelos quais ele foi submetido a busca pessoal;
b) demonstrar que a abordagem é um ato discricionário e legal, com foco na segurança
preventiva;
c) prestar outras informações que possam minimizar possíveis constrangimentos causados;
d) agradecer a colaboração com a segurança coletiva, caso seja adequado.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 77 - )
Buscas pessoais realizadas em pessoas dos grupos vulneráveis, minorias e outras situações
específicas, serão tratadas na Seção 5.
Há três tipos: a busca ligeira, a busca minuciosa e a completa. Embora realizadas sob mesmo
fundamento legal, cada qual cumprirá objetivos e técnicas específicas, com a finalidade de
minorar os riscos na ação policial.
a) Busca ligeira
É uma revista rápida procedida nos abordados, comumente realizada nas entradas de casas
de espetáculos, shows, estádios e estabelecimentos afins, para verificar a posse de armas ou
objetos perigosos, comuns na prática de delitos. Será iniciada, preferencialmente, pelas
costas da pessoa abordada, que ficará, normalmente, na posição de pé.
A busca será realizada por meio de movimentos rápidos de deslizamento das mãos sobre o
vestuário do cidadão. Deve-se verificar, sobretudo: cintura, quadris, tórax, axilas, braços,
pernas (entre as pernas), pés e cabelos. Bolsos, bonés, chapéus, toucas, pochetes e demais
pertences também deverão ser revistados. Caso haja disponível detector de metal, a
utilização desse aparelho poderá substituir os movimentos rápidos de deslizamento das mãos
sobre o vestuário do cidadão.
A busca ligeira poderá progredir para outras modalidades, caso haja suspeição de que o
abordado ofereça maior risco à integridade das pessoas ou esteja ele de posse de objetos
ilícitos. O policial militar se certificará da necessidade do procedimento, optando por local
adequado e seguro para a realização.
É importante ressaltar que a busca ligeira a ser realizada para acesso a locais de eventos
esportivos, também chamada de revista pessoal de prevenção e segurança, é baseada em
dispositivos do Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei nº 10.671/2003), sob o enfoque de
prevenção geral em cumprimento a condição de acesso e permanência do torcedor no recinto
esportivo.
76
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 78 - )
b) Busca minuciosa
Será realizada sempre que o policial militar suspeitar que o abordado porte objetos ilícitos,
dificilmente detectados na inspeção visual ou na busca ligeira. Preferencialmente será feita
pelas costas da pessoa abordada. Enquanto o PM Revistador realizar a busca, o PM
Verbalizador/Segurança fará a cobertura policial.
Posição de contenção 1 - abordado em pé sem apoio: Será empregada quando não houver
apoio para o abordado encostar as mãos.
Fase de verbalização:
77
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 79 - )
A busca minuciosa na posição de contenção em pé, sem apoio, vem ilustrada na Figura 46.
78
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 80 - )
Posição de contenção 2 (abordado em pé, com apoio): Será empregada quando houver
apoio para o abordado encostar as mãos.
Fase de verbalização:
vire-se de costas;
coloque as mãos apoiadas na superfície determinada (exemplo: parede, muro);
abra as pernas e afaste-as da superfície utilizada;
aguarde e fique calmo que um policial militar fará a busca pessoal.
A busca minuciosa na posição de contenção em pé, com apoio, vem ilustrada na Figura 47.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 81 - )
Fase de verbalização:
80
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 82 - )
81
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 83 - )
Fase de verbalização:
O PM Revistador, com a arma no coldre, deverá se aproximar pelo lado em que o abordado
não estiver olhando:
82
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 84 - )
c) Busca completa
O policial militar, além de atentar para todos os procedimentos previstos na busca minuciosa,
verificará o interior das cavidades do corpo.
O policial militar deve evitar o uso do tato, no corpo do abordado, estando ele já despido. A
participação que se espera do revistado diz respeito à observância das orientações que lhe
são passadas: despir-se, entregar o vestuário, abrir a boca, levantar os braços, abrir as
pernas, agachar-se com as pernas abertas, dentre outras.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 85 - )
A ocasião em que os policiais militares encontram uma arma de fogo durante uma busca
pessoal torna-se um momento crítico que exige disciplina tática, controle emocional e
observação de uma sequência lógica de procedimentos que lhe proporcione minimizar os
riscos desta intervenção.
a) Atribuições do PM Revistador
b) Atribuições do PM Segurança
84
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 86 - )
Ressalta-se que o policial militar não deve colocar essa arma no chão, entre o colete e
o corpo ou na cintura, pois essa conduta fere as normas de segurança das armas de fogo,
devido à incerteza da condição do armamento.
Algemas são equipamentos policiais utilizados com os objetivos primários de controlar uma
pessoa, prover segurança aos policiais militares, ao preso ou a terceiros e reduzir a
possibilidade de fuga ou agravamento da ocorrência.
As algemas, além dos modelos tradicionais de argolas de metal, com fechaduras e ligadas
entre si, podem também ser de plástico (descartáveis) ou consistir em objetos utilizados para
restringir os movimentos corporais de uma pessoa presa sob a custódia (corda com nó de
algema, cadarço, etc).
A algemação não pode ser adotada como regra para todo caso de prisão/ condução, pois,
quando utilizada, causa um constrangimento inevitável. Este equipamento não deve ser
utilizado como instrumento de subjugação ou humilhação do preso.
85
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 87 - )
O Código de Processo Penal (CPP) dispõe, em seu art. 284, que não será permitido o
emprego de força, salvo o indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga de preso.
Por sua vez, o Código de Processo Penal Militar (CPPM) em seu art. 234, assim prevê sobre
o uso de algemas:
Emprêgo de algemas
§1º - O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou
de agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos a que se
refere o art. 242 (BRASIL, 1969).
Significa dizer que a algemação se aplica aos casos de resistência e fundado risco à
integridade física dos envolvidos.
O §1º do art. 234 prevê, ainda, que de modo algum será permitido o uso das algemas nas
autoridades descritas no art. 242 do CPPM:
86
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 88 - )
Ao empregar as algemas é indispensável que o policial militar justifique tal medida, em campo
próprio, no Boletim de Ocorrência (BO/REDS), conforme determina a Súmula Vinculante, sob
pena de responsabilização nas esferas civil, penal e administrativa.
A formalização escrita dos motivos que ensejaram a algemação é o grande diferencial que a
Súmula traz para a prática policial e decorrerá de três situações específicas:
Vale ressaltar que o Sistema REDS já oferece a possibilidade de seleção de justificativas pré-
estabelecidas para o uso de algemas. Não obstante, para uma melhor adequação do
documento ao caso concreto, sugere-se que o policial militar proceda ao preenchimento do
campo alusivo ao “Complemento da Justificativa”, conforme Figura a seguir:
Figura 51 - Campo do Sistema REDS para inserção de justificativa para uso de algemas
O quadro a seguir apresenta sugestões que podem ser utilizadas como base para o
preenchimento do campo “Complemento da Justificativa”.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 89 - )
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 90 - )
O policial militar deverá, preferencialmente, algemar o infrator com as mãos para trás e com
as palmas voltadas para fora. Certificará, ainda, de que as algemas não ficaram frouxas ou
apertadas, em demasia, trancando-as e travando-as, corretamente.
É importante que o policial militar entenda que a algemação é uma forma temporária de conter
pessoas presas. Trata-se de uma ação constrangedora e por isso, recomenda-se que não se
estenda por períodos longos, pois esta atitude poderá resultar em lesões, como pulsos
arranhados e até fraturas e ruptura de ligamentos. A utilização da trava de segurança também
contribuirá com a integridade física do algemado.
A algemação pode parecer uma boa medida para conter um criminoso violento, evitando que
ele venha a lesionar outras pessoas. Todavia, vale ressaltar que, ao algemar alguém, você
prejudica a capacidade dessa pessoa de se proteger.
89
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 91 - )
Por isso, algemar uma pessoa a um ponto fixo, como um poste, ou a partes fixas de veículos,
como as barras presentes no xadrez de algumas viaturas, pode colocar em risco o preso. Sem
as mãos livres para se defender, ele se torna incapaz de se proteger de perigos iminentes,
como por exemplo, do ataque de um parente inconformado da vítima, ou até de choques
mecânicos e acidentes ocorridos com a viatura.
Algemar uma pessoa a um ponto móvel, como uma cadeira, uma mesa, ou até a um policial
militar ou outro preso, é uma conduta que não fornece segurança à guarnição, pois o
algemado pode utilizar a cadeira ou mesa como arma contra os policiais militares, vítimas e
testemunhas. Da mesma forma, poderá utilizar da proximidade com o outro preso ou com o
policial militar para agredi-los.
Apesar do policial militar algemar preferencialmente o preso com as mãos voltadas para trás,
nem sempre isso será possível. O policial militar deve definir se a algemação será pela frente
ou pelas costas, de acordo com o comportamento do algemado e suas condições de saúde.
Obesos, grávidas, pessoas adoentadas e de constituição mais fraca poderão ser algemados
pela frente sem expor a guarnição a perigo.
90
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 92 - )
Existem diversos grupos na sociedade que, devido às suas condições peculiares, merecem
atenção especial por parte da Polícia.
Adiante, seguem as recomendações para a atuação policial, os quais serão divididos em:
autoridades;
grupos vulneráveis;
minorias;
pessoas com surto por uso de drogas.
Esta subseção abordará as providências que devem ser tomadas pelos policiais militares nos
casos de cometimento de ilícitos penais, prisão em flagrante de autoridades e confecção de
Boletim de Ocorrência (BO/REDS). Ela está subdividida por poderes e cargos, para uma
melhor organização. Além disso, também estará definido o dispositivo legal que trata da
prerrogativa em relação à prisão no cometimento de ilícitos penais. No final deste tópico,
haverá um quadro para uma consulta rápida sobre esse tema.
91
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 93 - )
c) Diplomatas: a pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser preso ou detido
conforme art. 29, do Decreto nº 56.435, de 8 de junho de 2009 - Convenção de Viena sobre
Relações Diplomáticas. O policial militar irá liberar o Diplomata no local e registrar o Boletim
de Ocorrência (BO/REDS), encaminhando o registro à Polícia Judiciária Federal (Polícia
Federal), para possíveis providências.
92
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 94 - )
c) Vereadores: se o delito praticado pelo vereador não tiver nenhum vínculo político com sua
função ou for fora de sua circunscrição, o policial militar deverá prendê-lo, registrar o Boletim
de Ocorrência (BO/REDS), encaminhando-o à Polícia Judiciária competente. Os Vereadores
gozam de prerrogativa em relação à prisão no cometimento de delitos somente nos casos
relacionados com sua função, sendo invioláveis por suas opiniões, palavras e votos no
exercício do mandato e na circunscrição do Município. Nos demais casos, recebem os
mesmos tratamentos dos demais cidadãos.
93
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 95 - )
a) Membros da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal: o policial militar irá neste caso
prendê-los, registrar o Boletim de Ocorrência (BO/REDS). O conduzido deverá ser
encaminhado na presença de um superior hierárquico à Polícia Judiciária competente, para
possíveis providências. Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no
cometimento de delitos, tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos.
b) Membros da Polícia Militar Estadual e Corpo de Bombeiros Militar: o policial militar irá neste
caso prendê-lo e registrar o Boletim de Ocorrência (BO/REDS). O militar e o BO/ REDS
deverão ser encaminhados, por um superior hierárquico, à Polícia Judiciária competente, nos
crimes comuns e à Autoridade de Polícia Militar competente nos crimes militares, para
possíveis providências. Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no
cometimento de delitos, tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos.
94
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 96 - )
c) Membros da Polícia Civil: o policial militar deverá neste caso prendê-los e registrar o Boletim
de Ocorrência (BO/REDS). Após a chegada do superior hierárquico do conduzido, será
encaminhado à Polícia Judiciária competente, para possíveis providências. Não possuem
prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos, tendo o mesmo
tratamento dos demais cidadãos.
Militares do Exército, Marinha e Aeronáutica: o policial militar deverá neste caso prendê-los e
registrar o Boletim de Ocorrência (BO/REDS). Após a chegada do superior hierárquico do
conduzido da respectiva Força, será encaminhado à Polícia Judiciária competente, nos crimes
comuns e ao Comandante do militar nos crimes militares, para possíveis providências. Não
possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos, tendo o
mesmo tratamento dos demais cidadãos.
a) Advogado-Geral da União: se o delito tiver vínculo com sua função, o policial militar só
poderá prendê-lo em caso de crime inafiançável ou desacato. Para quaisquer outros crimes,
fora do exercício da função, não há prerrogativas. Quando for efetuada a prisão, a autoridade
e o registro do Boletim de Ocorrência (BO/REDS) serão encaminhados à Polícia Judiciária
Federal (Polícia Federal), para possíveis providências.
No que diz respeito à presença do Advogado em ocorrências policiais que envolvam seus
clientes, preceitua o art. 7º, III, da Lei Federal nº 8.069/94, que é direito do advogado
comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando
estes se acharem “presos”, “detidos” ou “recolhidos” em estabelecimentos civis ou militares,
ainda que considerados incomunicáveis.
95
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 97 - )
Destarte, e conforme a Lei nº 13.869/19, constitui abuso de autoridade o ato de impedir sem
justa causa esse contato entre o conduzido e seu advogado. Nesse ponto, é importante frisar
o termo justa causa.
Muitas vezes a dinâmica dos fatos não permite que o contato do conduzido com o advogado
seja imediato, em razão da garantia de segurança no local da ocorrência ou situação
semelhante.
O contato entre preso e advogado não pode ocorrer caso haja riscos para a segurança dos
envolvidos ou da equipe policial presente, por exemplo. É imprescindível, porém, que todo o
procedimento policial seja respaldado na razoabilidade e transparência.
Caso não seja possível o contato entre o conduzido e seu advogado por algum motivo, os
policiais devem informar às partes que o contato será permitido de forma oportuna assim que
a condição impeditiva (de segurança ou outra) for superada.
Cabe ressaltar, ainda, que é necessário que o advogado apresente sua identificação
profissional para que possa exercer as suas funções.
a) Guarda Municipal: o policial militar deverá neste caso prendê-los e registrar o Boletim de
Ocorrência (BO/REDS). Será encaminhado à Polícia Judiciária competente, para possíveis
providências. Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento
de delitos, tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos.
b) Policiais Penais: o policial militar deverá neste caso prendê-los e registrar o Boletim de
Ocorrência (BO/REDS). Após a chegada de integrantes da Instituição do conduzido, será
encaminhado à Polícia Judiciária competente, para possíveis providências. Não possuem
prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos, tendo o mesmo
tratamento dos demais cidadãos.
96
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 98 - )
97
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 99 - )
Recomendações:
a abordagem a mulheres pode ser feita por qualquer policial militar, independentemente do
sexo, devendo a busca pessoal ser efetivada conforme determina a legislação nacional14, que
13 O termo é citado em REIS, T., org. Manual de Comunicação LGBTI+. Curitiba: Aliança Nacional LGBTI /
GayLatino, 2018. O símbolo + foi acrescentado à sigla LGBTI (lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e
intersexual) para abranger outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero.
14 Conforme art. 249. do Código de Processo Penal/1969.
98
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 100 - )
prescreve que a busca em mulher será feita por outra mulher, “se não importar em
retardamento ou prejuízo da diligência”;
a busca pessoal em mulheres suspeitas de portarem objetos ilícitos deverá ser realizada,
preferencialmente, por outra mulher profissional de polícia ou encarregada de fazer cumprir a
lei. Em momento algum poderão ser convocadas pessoas leigas ou civis, para realizar buscas
em caso de suspeição, pois, isto colocará em risco a segurança e a integridade física destas
pessoas;
não havendo a disponibilidade de policial militar do sexo feminino no grupo que realiza a
abordagem, a guarnição poderá recorrer à rede-rádio, solicitando apoio de uma policial militar
feminina que possa comparecer ao local e suprir as necessidades da ocorrência;
a busca pessoal feita por homens em mulheres é uma excepcionalidade. Não deve ser
realizada em situações operacionais ordinárias, principalmente em relação à busca completa;
procedimentos mais simples como solicitar que a própria pessoa abra sua bolsa, retire os
sapatos, mostre a região da cintura e levante os cabelos, diminuirá a exposição da mulher;
em casos extremos, caso o policial militar necessite realizar uma busca em uma mulher,
esta deverá ser feita com respeito e profissionalismo, em local discreto e, sempre que
possível, na presença de testemunhas, preferencialmente, do sexo feminino. O policial militar
deve evitar o contato físico com a abordada, principalmente nas partes íntimas, procurando
limitar-se a orientá-la quanto aos procedimentos a serem adotados.
99
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 101 - )
adolescente. Em seu art. 2º considera criança a pessoa até 12 (doze) anos (incompletos) e
adolescente, pessoa entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos incompletos.
Ato infracional é a ação tipificada como crime ou contravenção penal16, que tenha sido
praticada pela criança ou pelo adolescente. São penalmente inimputáveis todos os menores
de 18 (dezoito) anos e não poderão ser condenados.
A criança que incorre em ato infracional deverá ser encaminhada à presença do Conselho
Tutelar ou do Juiz da Vara da Infância e da Juventude, para que seja social e legalmente
assistida. Na ausência desses órgãos, deverá ser encaminhada aos pais ou ao responsável
legal, que dará recibo no Boletim de Ocorrência, dirigido ao Juizado da Infância e da
Juventude.
As regras específicas propiciam proteção adicional aos interesses deste grupo vulnerável.
Recomendações:
comunicar, imediatamente, aos pais ou representante legal sobre a apreensão da criança
ou adolescente;
manter a atenção às situações que possam implicar em risco à integridade física ou mental
da criança ou do adolescente;
100
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 102 - )
nunca divulgar sem a autorização devida, por qualquer meio de comunicação, o BO/REDS
relativo à criança ou ao adolescente a que se atribua ato infracional;
A diversidade sexual pode ser entendida como o termo usado para designar as várias formas
de expressão da sexualidade humana.
O cidadão, muitas vezes, tem seus direitos desrespeitados pelo fato de ter orientação sexual
diversificada. O policial militar, como promotor de direitos humanos, deve lidar com o cidadão,
de forma a respeitar sua sexualidade e a lhe fornecer a devida atenção.
A heterossexualidade define os indivíduos que têm atração por uma pessoa do sexo oposto.
Por sua vez, a homossexualidade pode ser definida como a atração afetiva e sexual por uma
pessoa do mesmo sexo. Homossexuais podem ser masculinos, afeminados ou não;
femininos, masculinizados ou não.
a) lésbica: designação para mulheres que se relacionam afetiva e sexualmente com outras
mulheres, independentemente da identidade de gênero.
b) gay: são homens que se relacionam afetiva e sexualmente com pessoas do mesmo sexo,
independentemente da identidade de gênero. Cabe observar que esse conceito se baseia na
identidade de gênero e não no sexo biológico.
101
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 103 - )
d) travestis: trata-se de pessoa que promove sua construção de gênero para feminino, que
é oposta ao seu sexo designado no nascimento (masculino). Muitas modificam seus corpos
por meio de hormonioterapias, aplicações de silicone e/ou cirurgias plásticas, porém vale
ressaltar que isso não é regra para todas.
e) transexuais: pessoas que nascem com o sexo biológico diferente do gênero com que se
identificam. Essas pessoas desejam ser reconhecidas pelo gênero com o qual se identificam,
sendo que o que determina se a pessoa é transexual é sua identidade de gênero, e não
qualquer processo cirúrgico. Existem tanto homens trans quanto mulheres trans.
g) “+”: outras identidades de gênero e sexualidade não contempladas na atual sigla adotada.
Em regra, a definição do gênero do policial que deve fazer a busca pessoal segue a orientação
do gênero do abordado, independente de orientação sexual.
Recomendações:
o policial militar não deverá coibir manifestações de afeto entre homossexuais (mãos
dadas, beijo na boca), uma vez que estes atos não configuram ações ilícitas e ainda,
configuram atos privados da vida do cidadão, nos quais não deve haver interferência;
102
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 104 - )
o BO/REDS deve ser redigido com o nome de registro da pessoa e o tratamento verbal
deve ser feito pelo nome social (nome pelo qual a pessoa quer ser chamada). Caso queira, o
envolvido poderá autodeclarar sua orientação sexual e identidade de gênero, que deverão ser
marcadas em campo próprio do Sistema REDS. Uma vez constatado que o fato que gerou a
intervenção policial se deu por motivo de intolerância, discriminação ou por homofobia, além
das providências criminais a serem adotadas, essa situação deverá ser relatada no campo
“Modo da Ação Criminosa” no qual poderá constar como causa ou motivação presumida a
“Homofobia/Lesbofobia/Bifobia/Transfobia”. Orienta-se, ainda, a descrever a situação
relatada no campo “Descrição da ação”, afim de que se possa futuramente possibilitar
pesquisas e diagnósticos de vitimização por seguimento.
103
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 105 - )
o abordado deverá ser avisado antes de receber a busca pessoal, momento em que
também será orientado a manter-se calmo, tendo em vista que lhe serão assegurados todos
os seus direitos. Assim, enquanto um policial militar verbaliza e executa a busca, os demais
cuidarão da segurança.
Recomendações específicas:
verificar se a pessoa abordada consegue se comunicar e compreender o que lhe foi dito.
Prestar atenção nos lábios, gestos, movimentos e nas expressões faciais e corporais da
pessoa com quem o diálogo está sendo mantido;
não se deve iniciar o diálogo sem captar a atenção visual da pessoa. A forma de
comunicação também não deverá ser mudada repentinamente;
como as pessoas com deficiência auditiva não podem ouvir as mudanças sutis do tom de
voz, indicando posturas, como sarcasmo ou seriedade, a maioria deles lerá as expressões
faciais, os gestos e movimentos corporais para entender o que o policial militar deseja
comunicar.
104
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 106 - )
ao guiar uma pessoa cega, o policial militar deixará que ela segure em seu braço, devendo
orientá-la quanto à presença de obstáculos no trajeto, como degraus, escadas, calçadas e
bueiros, dentre outros;
estando o policial militar na presença de uma pessoa com deficiência visual, em ambientes
fechados ou não, na iminência de se retirar, deverá informá-lo. Esta é uma atitude cortês que
evitará a sensação desagradável de se falar para o vazio e demonstrará respeito pela
condição humana do interlocutor;
o policial militar não deve se constranger ao usar palavras como cego, olhar ou veja bem,
pois tratam-se de vocábulos coloquiais que fazem parte, inclusive, da linguagem habitual dos
deficientes visuais; as indicações de direção devem ser claras e específicas, abrangendo
inclusive os obstáculos. Como algumas pessoas cegas não têm memória visual, deve-se,
ainda, indicar as distâncias em metros, com expressões do tipo “a uns vinte metros para
frente, para a direita, esquerda”.
Por questões humanitárias e profissionais, o policial militar não deve subestimar a capacidade
dessas pessoas, principalmente quanto à manifestação intelectiva que mantém nos processos
decisórios da vida em sociedade.
ao conversar com um cadeirante (pessoa com mobilidade reduzida que utiliza cadeira de
rodas), em virtude da divergência de altura entre os interlocutores e do desconforto que causa
no cidadão olhar por tempo prolongado para cima, o policial militar, quando possível, se
postará de maneira mais equânime, de forma a tornar mais confortável e diligente a conversa,
usando, inclusive, recursos como distanciar-se ou abaixar-se;
17Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação,
permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da
percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso (BRASIL, 2015).
105
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 107 - )
caso ofereça ajuda ao cadeirante, o policial militar não deverá insistir na assistência. Se a
pessoa aceitá-la, ele próprio informará o que deseja que seja feito a seu favor;
o cadeirante deverá ser conduzido em “marcha a ré”, quando auxiliado a descer rampas
ou a subir degraus. A conduta facilitará o transporte e poderá evitar que seu corpo seja
projetado para frente e venha a cair;
o policial militar somente deverá tocar na cadeira de rodas, quando seu objetivo for os
procedimento da busca ou da assistência. Na busca pessoal, a vistoria deverá abranger, além
do corpo, os pertences e a cadeira de rodas;
Existem deficiências mentais que provocam sinais de agitação no indivíduo: não consegue se
comunicar, não tem noção de perigo e pode se comportar de maneira agressiva. Por isso, é
necessária uma avaliação de risco cautelosa.
106
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 108 - )
Recomendações:
a condução deverá ser feita com muita cautela e preparo. Antecipadamente, o policial
militar se certificará da disposição dos recursos humanos e materiais necessários à contenção
do deficiente, precavendo-se de situações em que ele possa se machucar ou provocar
acidentes, agravando, inclusive, a ocorrência;
sempre que possível, a guarnição solicitará a presença de equipe técnica da área médica,
como enfermeiros ou médicos do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), que
possuem melhor treinamento e condições técnicas para lidarem com pessoas nessa situação;
mesmo com a utilização de força física, proporcional ao agravo, pode ser que a pessoa
não recue ou não sinta dores, devido ao seu estado clínico, tornando-se ainda mais agressivo.
Se o abordado estiver agitado ou nervoso, o policial militar, sempre que possível, aguardará
que ele se acalme, antes de iniciar a intervenção;
ao fazer a condução a pé, o policial militar redobrará os cuidados com a travessia de locais
que ofereçam risco à pessoa, como escadas, rampas, pontes e ruas, para evitar que o
indivíduo se lance aos obstáculos ou à frente de veículos em movimento.
A pessoa com paralisia cerebral anda com dificuldade ou não anda, podendo também
apresentar problemas de fala. Seus movimentos podem ser descontrolados. Pode,
involuntariamente, apresentar gestos faciais incomuns (contrações do rosto).
Recomendações:
em caso extremo se o policial militar tiver que realizar uma busca em uma pessoa com
paralisia cerebral, no caso de suspeita dela ter sido usada para ocultar algum objeto ilícito,
esse deverá agir no ritmo da pessoa abordada, demonstrar tranquilidade e evitar ações
bruscas, e seguir as orientações à pessoa responsável pelo abordado;
caso não compreenda o que a pessoa diz, o policial militar pedirá para repetir, sem
constrangimentos.
107
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 109 - )
O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/03, define como pessoa idosa, aquela com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos. Nele se encontram estabelecidos, com prioridade absoluta, as
medidas protetivas ao idoso. A norma prevê novos direitos e estabelece vários mecanismos
específicos de proteção, que vão desde a melhoria das condições de vida até a inviolabilidade
física, psíquica e moral dos idosos.
Recomendações:
sempre que possível, deve-se promover o acompanhamento do idoso por algum membro
familiar ou pessoa indicada por ele;
108
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 110 - )
As ruas e avenidas são os lugares utilizados por este público como dormitório, bem como para
realizar as tarefas afetas ao interior de uma residência. A pessoa que utiliza o espaço público
para pernoite costuma sofrer violência também de seus pares, em virtude de disputas de
territorialidade, de estigma de grupo ou conflitos individuais, de envolvimento com as drogas,
dentre outros fatores, dada a dimensão do contexto de rua. Dormir em grupo, portanto,
representa determinado nível de segurança; uma proteção coletiva em relação às enormes
adversidades que enfrenta pela sua inclusão.
Estar em situação de rua não implica necessariamente estar envolvido com práticas ilegais.
O policial militar deve respeitar essas pessoas, principalmente em razão do isolamento social,
do descrédito e do sentimento de abandono que adquirem por viverem nas ruas,
desenvolvendo normalmente o seu trabalho.
Recomendações:
agir com equilíbrio e bom senso, sobretudo nos momentos em que as demandas
decorrentes da aplicação da lei exigirem condutas mais firmes. O policial militar deverá ter a
consciência de que uma pessoa que vive em condições sociais extremamente precárias
apresenta debilidades (deficiência linguística, invisibilidade social, falta de higiene corporal),
que inclusive podem funcionar como barreiras para que recebam tratamento adequado;
deverá atender e orientar as pessoas desse grupo a buscarem auxílio, junto aos órgãos
competentes de assistência social;
lembrar que, de acordo com a Constituição Federal, ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. As pessoas em situação de rua não
podem ser obrigadas a praticar atos que não sejam exigidos por lei e são livres para estarem
em qualquer local, sem que as suas presenças signifiquem desrespeito à lei;
109
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 111 - )
ter o cuidado no trato com os objetos pessoais e com os abrigos improvisados do cidadão
abordado, quando a revista for necessária.
Essas pessoas têm o direito de desfrutar de sua própria cultura, de professar e praticar sua
religião, de fazer uso de seu idioma em ambientes privados ou públicos, livremente e sem
interferência de quaisquer formas de discriminação.
A discriminação é uma conduta (ação ou omissão) que objetiva separar ou isolar as minorias
do seio de uma sociedade.
Pelo fato do racismo e da segregação social ainda existirem na sociedade, foram necessárias
diretrizes legais que disciplinassem a matéria.
A Lei nº 9.459/97, que alterou a Lei Federal nº 7.716/89, define os crimes resultantes de
preconceito e tipifica o crime de racismo, adotando três verbos principais: obstar, recusar e
impedir, no sentido de que ninguém seja privado de seus direitos em decorrência da cor, da
religião, da etnia, da língua ou da procedência nacional.
110
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 112 - )
Em ocorrências que envolvam pessoas ou grupos que se caracterizam por identidade étnica,
religiosos ou linguísticos, resguardados os aspectos de fundada suspeita e os respectivos
fundamentos da abordagem, sempre que possível o policial militar deverá:
agir com profissionalismo e bom senso, ao lidar com situações em que uma pessoa se
sinta discriminada, demonstrando respeito por suas características;
considerar que a etnia da pessoa (negra, cigana, indígena) não determina a suspeição. A
condição étnica das pessoas não se confunde com índole criminosa e não poderá determinar
pré-julgamentos.
Estas religiões têm sofrido através dos séculos intolerâncias e discriminações de todo gênero.
Por serem de matriz africana, se tornam referências para a cultura do racismo. O Brasil,
constitucionalmente, é um país laico (não tem religião oficial), por isto, todos têm direto a
111
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 113 - )
A liberdade de crença religiosa é um direito e o Estado tem por obrigação garanti-lo e punir
suas violações. Não há espaço, em um país democrático, para prática de violência e
discriminações por motivação religiosa.
O senso popular ainda associa símbolos, práticas e ritos sagrados de algumas religiões a
coisas demoníacas, como possessões de “espíritos malignos” e causas determinantes de
tragédias pessoais. Neste contexto, as instituições de segurança pública devem estar
preparadas para lidar com estes diversos conflitos, principalmente os originados da ação
discriminatória e preconceituosa de outros grupos radicais.
Recomendações:
a intervenção policial, durante uma reunião pública, deve ser feita com cautela, para não
haver constrangimento aos presentes e também para que o policial militar não incorra no delito
de perturbação de culto religioso;
o policial militar deverá verificar antes o que está realmente acontecendo, se inteirando dos
fatos perante todos na região, sem proferir juízo de valor. Se for apurado perante a própria
população local que não está ocorrendo delito, a operação deve ser encerrada para evitar
constrangimentos, comunicando-se o fato, discretamente, ao denunciante, se identificado;
algumas denúncias são relacionadas a barulho, com incômodos aos vizinhos. Também há
denúncias de supostos sacrifícios de animais no terreiro, ou ainda que há agressões físicas
entre os participantes. O policial militar deverá intervir caso a denúncia de sacrifício/maus
tratos seja verdadeiro ou não, verificando se há motivos preconceituosos na denúncia e
tomando as medidas legais que o caso requeira.
18 Terreiro: local onde se realizam sessões de candomblé, umbanda e outros rituais afro-brasileiros.
112
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 114 - )
Recomendações:
113
( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 115 - )
tenha em mente que a instabilidade emocional pode ser frequente, com apresentação de
choro e risos imotivados. Além disso, pode se apresentar alheio à realidade e com pouca, ou
nenhuma sensibilidade, mostrando-se como uma pessoa fria. Por vezes, o abordado terá um
olhar perdido, sem fixação em pontos, ou a demonstração de que está assustado ou
desconfiado;
alertar para o fato de que a maioria das paranoias decorrentes do consumo de drogas
acarreta a necessidade do uso da força;
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6 ABORDAGEM A VÍTIMAS
As ciências que estudam o ato delituoso (como a criminologia e o direito penal) inicialmente
não percebiam a importância da vítima como objeto de estudo. A ênfase maior de tais
disciplinas era dada à pena e ao delinquente. Na atualidade, as vítimas já conquistaram a
atenção destas ciências, e o seu comportamento e atitudes são temas constantes de
pesquisa.
Seguindo essa lógica, as vítimas também não podem ser desconsideradas pelos organismos
policiais. É necessária a conscientização dos profissionais de segurança pública que o
tratamento inadequado pode gerar a violação e o desrespeito aos Direitos Humanos, o que
resultaria em uma nova violência.
Para este documento, vítimas são todas as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham
sofrido prejuízo ou atentado à sua integridade física ou mental, sofrimento de ordem material,
ou grave atentado aos seus direitos fundamentais, como resultado de ações ou omissões
violadoras da legislação instituída pelo Estado.
Devido à prioridade que é dada à captura do autor do delito, muitas vezes, a atenção à vítima
é colocada em segundo plano pelo policial, deixando-a sem apoio, informações ou
esclarecimentos.
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O seu art. 1º determina que o Estado ofereça proteção, auxílio e assistência às vítimas de
violência, por meio dos órgãos ou das instituições competentes.
Já o art. 3º, informa que a proteção, o auxílio e a assistência previstos no art. 1º da Lei
consistem em:
I - colaborar para a adoção de medidas imediatas que visem a reparar os danos físicos
e materiais sofridos pela vítima;
II - acompanhar as diligências policiais ou judiciais, especialmente quando se tratar
de crime violento;
III - elaborar e executar plano de auxílio e de manutenção econômica para as vítimas,
testemunhas e seus familiares que estiverem sofrendo ameaças e necessitam de
transferência temporária de residência;
IV - pagar as despesas de sepultamento da vítima de que trata o inciso I do art. 2º, se
do ato de violência resultar a morte;
V - proporcionar alimentação para lesionados com dificuldades econômicas e seus
dependentes, enquanto durar o tratamento;
VI - criar programas especiais organizados nos termos da Lei Federal n° 9.807, de 13
de julho de 1999.
(Inciso com redação dada pelo art. 2° da Lei n° 15.475, de 12/4/2005.)
VII - (Vetado);
(Inciso acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 16.835, de 25/7/2007.)
VIII - oferecer assistência social e psicológica à vítima de violência.
(Inciso acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 16.835, de 25/7/2007.)
§ 1º Em se tratando de vítima de crime tipificado nos arts. 130 e 213 a 220 do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, que contém o Código Penal, os exames
médicos periciais que se fizerem necessários serão realizados em hospital público ou
hospital particular conveniado com o poder público, onde a vítima terá direito a
assistência médica e psicológica (MINAS GERAIS, 1999).
Nos itens a seguir, sugere-se orientações e verbalizações para balizar esse atendimento.
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Na audição da vítima, que se encontra sob forte impacto psicológico, decorrente de fato
violento, o policial militar deve permitir que ela fale livremente sobre o evento que ensejou a
intervenção policial evitando-se, quando possível, tratar de detalhes que possam aumentar o
constrangimento. Deve ouvir de maneira cuidadosa e respeitar os limites da vítima, inclusive
a dificuldade em relatar os fatos e sentimentos.
Deve-se resguardar a vítima dos populares, da imprensa, como forma de preservá-la diante
do acontecido.
Sempre que possível, a medida de localização e prisão dos infratores deverá ser tomada por
outra equipe de serviço, utilizando-se de informações obtidas pela vítima, por solicitantes,
testemunhas ou denunciantes.
Durante a identificação de possíveis autores do delito, o policial atentará para que a vítima
não seja exposta, evitando que autor e vítima tenham contato, devendo o reconhecimento ser
feito de maneira reservada e em momento oportuno.
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Dependendo da situação avaliada pela equipe, os policiais militares precisarão ser incisivos,
para fornecer segurança à vítima.
Após a chegada na residência da vítima ou outro local indicado por ela, o policial militar deverá
certificar-se de que tudo esteja bem, porém evitará entrar. Na hipótese da vítima solicitar a
presença policial no interior da casa para, por meio de uma vistoria, verificar se há algo
suspeito, o procedimento será realizado na presença da própria vítima e, preferencialmente,
de testemunhas, para a defesa posterior de possíveis reclamações.
É importante que o policial militar entenda que esta vítima está emocionalmente fragilizada.
Logo, ele deve manter uma postura profissional e acolhedora, mas evitar o excesso de
intimidade e proximidade com esta pessoa.
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Antes de se retirar do local, o policial militar tranquilizará a vítima, informando que terá todo o
apoio necessário e, se for preciso, poderá acionar uma equipe policial por meio do 190.
A orientação quanto aos direitos legais proporciona o acesso à justiça à vítima do e à sua
família, bem como a responsabilização do agente infrator. É recomendado que o policial militar
conheça as instituições para o encaminhamento e atendimento inicial das vítimas (hospitais
de pronto atendimento, hospitais de referência para violência sexual, Delegacias
Especializadas, Defensoria Pública, dentre outros).
Vários são os órgãos que podem cooperar com o trabalho da Polícia Militar: conselhos
tutelares, programas de atendimento às mulheres vítimas de violência, conselhos de direitos
humanos, conselhos dos portadores de deficiência física, de idosos, negros, dentre outros.
São espaços de cidadania habilitados a oferecer serviços que asseguram o exercício dos
direitos das vítimas e dos familiares de vítimas de crimes, e que são eficazes na prevenção e
no combate à violência e à impunidade, bem como na promoção da cidadania.
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f) apoio e orientação, quanto a direitos e deveres, àqueles que podem contribuir como
testemunhas para a realização da justiça;
g) atuação no combate e/ou minimização dos efeitos da vitimização, por meio de capacitação
dos agentes do Estado e demais profissionais.
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7 LOCAL DE CRIME
É o espaço onde tenha ocorrido um ato que, presumidamente, configure uma infração penal
e que exija as providências legais por parte da polícia. Compreende, além do ponto onde foi
constatado o fato, todos os lugares em que, aparentemente, os atos materiais, preliminares
ou posteriores à consumação do delito, tenham sido praticados.
O local de crime é fundamental para a investigação criminal. Ele fornece elementos relevantes
para concretizar a materialidade do delito e chegar à autoria.
a) local interno: área compreendida por ambiente fechado, que preserva os vestígios da ação
dos fenômenos da natureza. Ex.: Interior de residências, interior de veículos, galpões, dentre
outros;
b) local externo: área não restrita, e que não preserva os vestígios da ação dos fenômenos
da natureza. Trata-se de áreas abertas, como ruas, rodovias, praças, estradas, matagal, beira
de rios, dentre outros;
d) local mediato: são as adjacências; os pontos e áreas de acesso ao local do crime. Ex.:
corredores, ambientes ao redor de cômodos, jardins, estradas, trilhas, dentre outros;
20 A Criminalística é uma disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos de conhecimento técnico-
científico, auxiliar e informativa das atividades policiais e judiciária da investigação criminal. Seu objetivo é estudar
os vestígios encontrados nos locais de crime, para a elucidação dos fatos (RABELO, 1996).
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e) locais relacionados: são as áreas que podem apresentar conexão com o fato criminoso e,
por isso, oferecer pontos comuns de contato (vestígios) a serem observados.
a) local idôneo: é aquele que não foi violado, que não sofreu nenhuma alteração desde a
ocorrência do fato.
O art. 169 do CPP discorre sobre as providências policiais a serem tomadas, imediatamente,
no local de crime. De sua interpretação, vale lembrar que o primeiro policial que chegar ao
local terá a responsabilidade inadiável de preservá-lo, devendo recorrer, inclusive, a todos os
meios necessários para que o estado das coisas não seja alterado até que a perícia técnica
assuma seu trabalho na ocorrência.
“Art. 169 – Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas
até a chegada dos Peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias,
desenhos ou esquemas elucidativos.
b) local inidôneo: é aquele que foi violado, que sofreu alguma alteração após a ocorrência dos
fatos delituosos.
7.2 Prova
a) Prova objetiva: tem por base os vestígios encontrados nos locais de crime, que são
interpretados pelos Peritos, por meio dos exames. Exemplo: laudo pericial.
b) Prova subjetiva: tem por base as informações colhidas da vítima, das testemunhas ou de
qualquer pessoa relacionada com o fato. Exemplo: boletim de ocorrência (BO/REDS),
expedido pela Polícia Militar.
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Por esse registro, a equipe de Polícia Judiciária extrairá as primeiras informações do fato
criminoso, formando as primeiras imagens e abstraindo as primeiras ideias que subsidiarão
uma linha de ação. É de suma importância que os primeiros policiais militares que chegarem
ao local do crime descrevam o cenário (vítima, instrumentos, vestígios, testemunhas), da
forma mais autêntica e detalhada possível, para que esses elementos não se percam com
tempo.
ATENÇÃO! De acordo com o art. 167 do CPP, se no local do crime não forem
encontrados vestígios, a descrição dos fatos pelas testemunhas arroladas no
Boletim de Ocorrência poderá ser a única prova do ato delituoso.
a) vestígio: é todo objeto ou material bruto, suspeito ou não, encontrado no local de crime e
que deve protegido e resguardado para exames posteriores;
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b) evidência: é o vestígio que, após analisado pela perícia técnica e científica, possui relação
com o crime;
c) indício: é todo vestígio cuja relação com a vítima ou com o suspeito, com a testemunha
ou com o fato, foi estabelecida. É o vestígio classificado e interpretado, que passa a significar
uma prova judiciária.
a) isolamento: é a delimitação da área física, interna e externa do local de crime, por meio
de recursos visíveis, tais como cordas, fitas zebradas e outros, cuja finalidade é proibir a
entrada de pessoas não credenciadas no local de crime;
b) proteção: consiste em impedir que se altere o estado das coisas, visando à inalterabilidade
das provas.
O policial militar, ao chegar, deve dar atenção a tudo que estiver presente no local de crime,
sem fazer qualquer juízo de valor. A preservação deverá ser realizada por meio do isolamento
e proteção de forma efetiva para que as pessoas não tenham acesso a ele, evitando-se que
vestígios sejam modificados ou destruídos, antes de seu reconhecimento. Em princípio, tudo
que estiver no local é importante.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 126 - )
A preocupação inicial da guarnição será com o socorro à vítima e com a segurança dos
envolvidos. Também deve se atentar ao fato de que o autor do delito poderá permanecer nas
imediações. Além disso, em decorrência do crime, o local poderá ser alvo de manifestações
e da comoção social.
O policial militar, que normalmente é o primeiro a chegar, deverá providenciar para que não
se altere o estado e conservação das coisas21, isolando o local, até a chegada dos peritos
criminais.
O local a ser isolado deverá abranger todos os vestígios visualizados numa primeira
observação, além de áreas adjacentes que possam ter relação com o crime.
Exemplo: em um local de homicídio, com uma vítima caída no chão de um dormitório, não
basta isolar apenas o quarto. O local do crime deve ser considerado como a casa inteira
(garagem, passeio e outros) e a rua em frente, já que não se sabe onde poderão ser
encontrados vestígios relacionados ao delito. Vale lembrar que esses locais não se restringem
às ocorrências com homicídios provocados por armas brancas ou de fogo, tentados ou
consumados.
Como forma de ilustrar procedimentos policiais nos locais de crime, este Manual exemplificará
cenas de uma ocorrência de homicídio em via pública.
b) adentrar em linha reta, ou pelo menor trajeto possível, enquanto os demais policiais
militares cuidarão da segurança. Somente quando se tratar de área de risco, poderá e será
necessária a entrada de mais de um ao mesmo tempo;
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e) em caso de óbito, evitar mexer na vítima (tocar, remover, mudar sua posição original,
revirar bolsos, tentar identificá-la). A identificação é responsabilidade da perícia criminal, salvo
se houver a efetiva necessidade da guarnição de preservar materialmente a vítima ou seus
documentos em caso de mudança de tempo (chuva, enchente), com possibilidade de lavagem
de manchas e arrasto do corpo, ocorrência de incêndio, ou outras ações que possam fugir do
controle dos policiais;
g) quando necessário, retornar lentamente, pelo mesmo trajeto feito na entrada, observando
outros detalhes dentro daquela área;
h) prender o criminoso. Caso não seja possível, coletar informações sobre o autor e divulgá-
las para os demais policiais militares de serviço;
j) isolar a área, onde se deu os acontecimentos, usando fitas zebradas. Na ausência desse
material, poderão ser utilizados materiais alternativos, como arames, cavaletes, cones,
cordas, cabos de aço ou outros meios disponíveis, sendo que ninguém poderá se deslocar
dentro da área isolada, antes do trabalho periciais;
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o) impedir que a posição dos objetos ou de coisas seja modificada. Tratando-se de locais
fechados, manter portas, janelas, mobiliários, eletrodomésticos, utensílios, tais como foram
encontrados. Deve-se evitar, por exemplo, abrir ou fechar, ligar ou desligar quaisquer objetos;
usar aparelhos de telefonia (fixa ou móvel), sanitários ou lavatórios, e demais recursos
disponíveis no local), salvo o estritamente necessário para conter riscos;
q) prosseguir com a vigilância, preservando os vestígios até a chegada dos peritos criminais;
u) avisar ao responsável pelo exame pericial sobre possíveis vestígios deixados por terceiros
que adentraram ao local de crime (por necessidade ou equivocadamente), para que os peritos
não percam tempo analisando vestígios ilusórios.
v) proibir que repórteres e fotógrafos acessem o local de crime, antes da realização dos
trabalhos periciais, explicando-lhes a necessidade de manter os vestígios preservados e que
será garantida a liberdade de imprensa após resguardada a prioridade do serviço pericial;
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x) caso a perícia não seja realizada, proceder à apreensão dos materiais encontrados, na
presença de testemunhas, relacionando-os no BO/REDS, para encaminhamento ao delegado
de polícia;
z) dar atenção especial aos familiares em casos de vítimas fatais, que poderão reagir de
forma agressiva ou tentar invadir o local de crime. Esta consideração decorre do estado
emocional provocado pela perda de uma pessoa querida. Os policiais militares deverão
assisti-los de forma profissional, entendendo o momento que estão passando.
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( - BEPM nº 11, de 06 de outubro de 2020 - ) Página: ( - 130 - )
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