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Livro Texto - Unidade II - Didática e Formação Docente
Livro Texto - Unidade II - Didática e Formação Docente
Unidade II
5 A ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA DA AULA: PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS
Segundo Lima e Moura (2015, p. 91), "Não cabe mais ensinar a todos os alunos como se estivéssemos
ensinando a um só".
Falar sobre formação de professores indica que temos que nos autoconhecer, além de explorar as
várias formas de ensinar para atender às necessidades individuais dos educandos. Em outras palavras,
ensinar a todos significa contemplar os sujeitos das aprendizagens como seres constituídos de
integralidade social, cultural, histórica e emocional.
O educador contemporâneo é aquele que ensina e, ao mesmo tempo, aprende, isto é, o processo
dialógico presente no processo de ensino e aprendizagem faz com que as alternâncias de ensinar e
aprender sejam frequentes durante todas as interações que emergem em sala de aula.
Guiados pela reflexão freiriana, é preciso que, ao ensinar, o profissional da educação esteja aberto a
novas aprendizagens, assim como assuma o papel de mediador do conhecimento, o qual se constrói a
partir da comunhão dos indivíduos.
Segundo Meirieu (2006), o espaço escolar não é apenas um local em que se passam anos, mas
consiste em um ambiente de alteridade. Sobre isso, o autor aponta que a escola é:
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
As reflexões de Meirieu nos levam a compreender que o aprender e o ensinar são construídos na
interação, no diálogo na ação coletiva, em que as experiências de cada indivíduo contribuem para
compreensões de si, do mundo e do próprio conhecimento que está sendo produzido.
Nesta perspectiva, podemos afirmar que o ensinar articula‑se diretamente com o aprender,
além disso, não se restringe às movimentações cognitivas, mas configura‑se no desenvolvimento de
múltiplas habilidades, pelas quais são geradas atitudes em relação à realidade e à convivência social
(SANTOS, 2004).
Ainda segundo Santos (2004, p. 92), “ensinar conteúdos ultrapassa os limites aparentes de nosso
discurso e das afirmações nele contidas”, isto é, ao entrar em contato com conteúdos de quaisquer
componentes curriculares, os aprendizes têm a oportunidade de dominar os conhecimentos específicos
de determinada área do saber, como também de, por meio do pensamento crítico, sistematizar, criar
hipóteses, refinar ideias e colocar em prática suas ações.
Lembrete
Figura 11
A imagem anterior reflete o pensamento de Zabala (1998, p. 37), segundo o qual para que os
estudantes aprendam, é importante ir além dos conteúdos:
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Unidade II
Em consonância com a proposta de Zabala, Fernandes (2008) salienta que as relações de ensinar
e aprender são organizadas pela comunicação multidimensional e pluriepistêmica, momento em que
as diferentes concepções e histórias articulam‑se, em encontros e desencontros, a fim de estabelecer
sentidos para construção do conhecimento.
Saiba mais
O QUE a escola deveria aprender antes de ensinar. 2017. 1 vídeo (49 min).
Publicado pelo canal Viviane Mosé Oficial. Disponível em: https://bit.ly/3ZnhvfR.
Acesso em: 27 fev. 2023.
Diante deste contexto, apresentamos, a seguir, um breve percurso do aprender e do ensinar segundo
as correntes pedagógicas.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Como podemos observar, as correntes pedagógicas são transversalizadas basicamente por duas
formas de ensinar e aprender, que ora se alternam na centralidade professor‑conteúdo a ser dado, ora
priorizam a interação entre professor e estudante, com ênfase no protagonismo do aprendiz.
Não estamos querendo dizer com isso que o processo e surgimento das tendências pedagógicas são
simples, nem desconsiderar o contexto histórico e social a que pertenceram. O que queremos apresentar
é que o ensinar e o aprender sempre oscilaram através dos tempos, para atender as ideologias de suas
respectivas épocas.
Esclarecidos possíveis simplificações e/ou equívocos, apresentamos, a seguir, dois grupos sobre as
tendências e posturas pedagógicas:
• Grupo 1: refere‑se às posturas pedagógicas que concebem o ensinar e o aprender como elementos
distintos, em que o ensinar cabe ao professor e o aprender, ao estudante.
• Grupo 2: refere‑se às posturas pedagógicas que associam o ensinar e o aprender, isto é, esses
elementos acontecem em comunhão durante todo o processo e alternam‑se entre professor e
estudante, ou seja, ao ensinar se pode aprender ou vice‑versa.
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Unidade II
1 2
- Tradicional - Libertadora
- Escolanovista - Histórico-crítica
- Tecnicista - Construtivista
- Reprodutista
É preciso que, durante a formação inicial e continuada, prevaleça a consciência de que todas nossas
ações sejam voltadas para o desenvolvimento de competências e habilidades que reconheçam a voz dos
estudantes e coloquem o professor em um constante movimento dialógico, isto é, ao mesmo tempo que
ensina, também aprende com seus alunos.
Exemplo de aplicação
Faça o seu próprio quadro com os grupos 1 e 2 com profissionais de seu cotidiano, depois pense nos
critérios que determinaram tal escolha.
Desse modo, iremos estudar como a sala de aula tem se apresentado nos últimos tempos, assim
como as ações que se desenvolvem nela.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Figura 13
Como podemos observar, a sala de aula transcende seu caráter estático e espacial, uma vez que, dentro
dela, estão sujeitos históricos e culturais que expressam suas ideias e buscam consolidar conhecimentos
e projetar suas expectativas frente à vida social.
Portanto, antes do percurso que pretendemos fazer, sobre as várias configurações da sala de aula,
concordamos que, acima de tudo, é um terreno fértil para debater ideias, interagir com temas relevantes,
conviver com opiniões antagônicas e aprender que o conhecimento é construído a partir das relações
dialógicas entre os sujeitos que nela estão.
Segundo Araújo (apud VEIGA, 2008), a aula consiste em um fenômeno cultural, que promove
sociabilidade em seu interior com objetivos de aprendizagem sistematizados, organizados e
formalizados para o desenvolvimento de habilidades e competências dos participantes do processo
de ensino e aprendizagem.
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Unidade II
À luz da citação, a sala de aula é definida como um espaço de heterogeneidade de ideias, de origens
diversas, em que o professor não se configura como detentor do saber, mas participa ativamente do
processo de construção de cidadania e autonomia dos membros constituintes deste espaço e tempo escolar.
Nesta perspectiva, podemos compreender a sala de aula como a dimensão física, local destinado
para a realização de ações pedagógicas; enquanto a aula possui uma dimensão de organização do
processo educativo, tempo e espaço da aprendizagem (VEIGA, 2008).
Em outras palavras, enquanto a sala de aula caracteriza‑se por um espaço específico para acolher
estudantes e profissionais da educação, a aula dinamiza o processo de desconstrução e construção
de conhecimentos, a partir de metodologias que propiciem a interação permanente entre estudantes
e professores.
Observação
Lembrete
Etimologicamente, o termo aula tem origem latina, cujo uso em língua portuguesa data de
1679 (HOUAISS, 2001), em um entendimento contemporâneo, a significação de aula está associada
diretamente à sala de aula, por isso, apresentaremos a seguir as várias concepções de aula e sala de aula
trazidas por Veiga (2008):
A Escola Europeia Medieval era voltada para o ofício sacerdotal dos jovens e velhos, assim, todos
eram admitidos, sem a preocupação com o atendimento por idade. Todavia, a definição de um local com
vistas à alfabetização das crianças em espaço específico – uma sala de aula – começava a ser vislumbrada,
embora os processos e métodos de ensino e aprendizagem não acompanhassem as mudanças.
Assim, a difusão do termo sala de aula, bem como a necessidade de configuração de um espaço
próprio para a infância, ocorreram à medida que os métodos pedagógicos foram divulgados, propondo
uma nova organização do ensino em grupos escolares, por idade ou nível de aprendizagem, sinalizando
a preocupação da sociedade com um tratamento especial para a criança, ser que adentra a escola com
necessidades diferentes (VEIGA, 2008, p. 21).
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Escola Primária
Ensino Simultâneo
A partir de meados do século XIX, a concepção do Ensino Simultâneo – criado e sistematizado por São
João Batista de La Salle, centrado na ação do professor e na atenção simultânea aos alunos – opunha‑se
aos métodos em voga no século XIX, que reuniam em uma mesma sala alunos de várias idades e de diversos
níveis de ensino, e sugeria uma nova organização de classes de alunos por nível de conhecimento e por
idade, sob a responsabilidade de um professor que conduzia a execução de atividades comuns a todos e
envolvia “interações pluridimensionais de ordem intelectual, comportamental, corporal, psíquica, social,
ética, pedagógica, metodológica etc.” (ARAUJO, 2006, p. 21). A implementação do Ensino Simultâneo
somente tornou‑se possível com a produção de materiais didático‑pedagógicos, como livros didáticos
adaptados às matérias do currículo, cadernos e quadros de giz. A aula foi invadida por materiais que a
reconfiguraram, e exigia do docente uma revisão de sua organização, superando a forma preponderante
na época (VEIGA, 2008).
Método Intuitivo
Criado nos Estados Unidos e na Inglaterra, no final da década de 1870, chegou ao nosso país nos
anos de 1880, por meio de alguns compêndios de lições de coisas, inspirados em similares franceses
leçons de choses. Ele foi adotado como reação ao ensino tradicional e consagrou‑se como símbolo de
renovação do ensino no período republicano brasileiro. Com o objetivo de “[...] fazer da intuição a base
de todo o método, de todo o ensino, de toda a educação humana” (apud SCHELBAUER, 2003, p. 92), o
método deu ênfase à intuição e observação como momentos de aprendizagem, bem como à necessidade
de observância dos ritmos de aprendizagem dos alunos, e colocou como centro desse movimento de
renovação pedagógica os professores e o método, levantando a discussão sobre a profissionalização
do magistério e o método como caminho orientador, com vistas ao alcance de objetivos baseados nos
princípios de racionalização dos sistemas educativos para atendimento à grande massa populacional.
Nesse intuito, as aulas assumiram outra organização, baseada nas lições de coisas – momentos em que
o professor criava condições para que os alunos pudessem ver, sentir e observar os objetos. Havia a
utilização de recursos didáticos diversificados do próprio ambiente do aluno e estratégias como visitas
e excursões (VEIGA, 2008, p. 34).
A Escola Nova
“transfere para a criança e para o respeito de sua personalidade o eixo da escola e o centro de gravidade do
problema da educação” (MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA, 1932, p. 53). A organização
da aula sofreu grandes modificações, a começar pela grande importância atribuída a métodos e
técnicas de ensino, pesquisas, projetos e atividades de grupo (VEIGA, 2008).
Aula Tecnicista
A incorporação das novas tecnologias à escola exige que professor e aluno saibam o que fazer com
elas, para que adquiram sentido nas práticas realizadas em aula e possam efetivamente contribuir para a
aprendizagem, isso porque a maioria das tecnologias educativas não garante a atividade do aluno. Assim, o
que poderia parecer novo, na verdade, representava um retorno ao método tradicional, condenado
por inúmeras razões, uma delas a passividade do aluno, tratado como "receptor" ou "tábula rasa".
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
É preciso que o professor reconheça o seu importante papel como agente promotor do processo
de aprendizagem do aluno, construtor do conhecimento, e crie condições para que esse se
sinta desafiado, motivado a explorar, refletir e rever ideias, conceitos e teorias, planejando suas
aulas com o auxílio das novas tecnologias ou não, com clareza em relação à maneira de articular
os componentes do processo de ensino – objetivos, conteúdos, métodos e avaliação –, de maneira a
construir uma unidade de sentido e significado que permita que a aula seja realmente um espaço/tempo
de ensinar/aprender e de transformar (VEIGA, 2008).
Como podemos perceber, a sala de aula e o ato de ensinar sempre serão influenciados pelo contexto
sociocultural e as tendências pedagógicas que o acompanham. Dessa forma, podemos entendê‑la como
local próprio para realização das ações pedagógicas, a aula.
Habitar a sala de aula significa formar esse espaço de acordo com gostos,
opções, margens de manobra; considerar alternativas, eleger algumas e
descartar outras. Habitar um espaço é, portanto, uma posição ativa.
A partir dessa reflexão, o professor deve utilizar aula e sala de aula como elementos inerentes à
construção de seu trabalho pedagógico, em um contexto colaborativo, planejado e com propostas de
avaliar o desenvolvimento de todo o processo vivido.
Ademais, é preciso vislumbrar a aula como momento de criação, interação, troca, confronto de ideias,
abordagem de temas relevantes, em que haja constituição da integralidade humana, com autonomia
consolidada e motivação para participação autônoma e cidadã em nossa sociedade.
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Unidade II
Um fator bastante importante que perpassa a sala de aula é a ética, Libâneo (2008, p. 47)
afirma que “o professor tem com o aluno um compromisso social e ético, no seu processo de
formação”, assim, continuaremos nossas discussões sobre o papel da aula e as práticas pedagógicas
no contexto da ética.
Figura 15
Não se pode perder de vista que a tarefa pedagógica é realizada em um espaço e tempo político, em
que se deslocam relações de poder, acordos, desacordos e negociações, daí a necessidade de articular
tais elementos com a ética.
Em consonância com esta concepção, Rios (2011) afirma que ética consiste em uma dimensão
estruturante do trabalho competente e coerente do professor. Segundo a autora, considera‑se um
bom trabalho aquele que é bem realizado nas perspectivas técnica, política e ética. Acrescenta, ainda,
que a prática pedagógica pautada pela ética é aquela que revela consciência de que os ensinamentos
convergem para o contexto social, a promoção e a construção da cidadania.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Portanto, a ética na sala de aula necessita que as práticas pedagógicas contemplem o desenvolvimento
e a humanização dos indivíduos, com o intuito de que eles estejam em harmonia a fim de aprender em
um contexto de justiça, equilíbrio e solidariedade para compreender o outro e para o autoconhecimento.
Segundo Rios (2011), a ética deve estar presente nas práticas pedagógicas por meio da reflexão
crítica que associe conteúdos aos aspectos morais do homem e conduza os estudantes à transformação
pessoal e social.
No entanto, é preciso muita atenção para o descompasso entre discurso e ação, isto é, criar situações
que realmente efetivem a presença da ética na sala de aula.
Vázquez (2005, p. 22) concebe que “a Ética depara com uma experiência histórico – social no terreno
da moral, ou seja, com uma série de práticas morais já em vigor e partindo delas, procura determinar a
essência da moral [...]”, assim, está intimamente articulada com a vida humana e suas interações sociais,
em um tempo e espaço histórico.
Exemplo de aplicação
Após esta breve conceituação de ética, ouça a música "Ideologia" de Cazuza e responda: Que
princípios éticos podem ser identificados? Como você abordaria esta temática em sala de aula?
Rios (2011) assevera que a dimensão ética do trabalho docente articula‑se em três, são elas:
Dimensão técnica
Domínio de conteúdos e técnicas
importantes para a intervenção pedagógica
no trabalho docente
Dimensão ética
Dimensão estética
Sensibilidade na relação pedagógica, com
orientação para uma perspectiva criadora
Dimensão política
Participação na construção coletiva da
sociedade, com vistas ao exercício dos
direitos e deveres cidadãos
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Unidade II
As três dimensões propostas pela autora indicam que a ética passa pela escolha dos conteúdos
e técnicas dos professores (dimensão técnica), pelo contexto de liberdade de criação e expressão
de professores e estudantes (dimensão estética) e, por fim, pelo respeito aos diferentes percursos
socioculturais e posicionamentos dos indivíduos na sociedade (dimensão política).
Exemplo de aplicação
Selecione uma unidade temática de um livro didático ou apostila e identifique se há presença das
três dimensões da ética para auxiliar o trabalho docente.
Esperamos que você tenha percebido que a sala de aula é um espaço de prática social, com interações
complexas, posicionamentos diversos, tomadas de decisões, cujas ações, tanto de alunos quanto de
professores, devem estar alicerçadas pela dimensão ética, por meio de um processo de parceria e
construção coletiva e colaborativa do conhecimento escolar.
Estudaremos agora a organização didática como processo dialógico, cuja centralidade está no
homem, que se transforma constantemente e transforma o mundo no qual está inserido.
Em conformidade com Freire (1985), no contexto da dialogia, os indivíduos trazem em sua trajetória
a consciência de inacabamento e vocação ontológica de intervir no contexto social, assumindo o papel
de sujeitos da história.
Na sala de aula é comum nos depararmos com dois elementos muito frequentes: a conversa e o
diálogo; no entanto, segundo Castilho e Muraro (2019), embora ambos façam parte do ato humano,
são compostos de características distintas. De acordo com eles, a conversa não demanda organização
sistematizada do pensamento reflexivo e estruturado, além de não estar comprometida com a resolução
de problema; caracterizando‑se, basicamente, como troca de informações cotidianas.
Por outro lado, afirmam que o diálogo consiste em um discurso mais elaborado, que requer
pensamento estruturado, criativo e argumentativo frente à articulação das ideias em torno de uma
questão problemática.
Assim, se queremos possuir uma organização didática que promova a dimensão colaborativa e
dialógica, precisamos um pouco mais das concepções, aproximações e distanciamentos entre os dois
construtos da comunicação, que transpassam as relações humanas durante a aula.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Lembrete
[...] o diálogo não é somente uma das formas pelas quais se pode exprimir
o discurso filosófico, mas a sua forma típica e privilegiada, isso porque não
se trata de discurso feito pelo filósofo para si mesmo, que o isole em si
mesmo, mas de uma conversa, uma discussão, um perguntar e responder
entre pessoas unidas pelo interesse comum da busca.
Diante desta definição, podemos entender que o diálogo em sala de aula não somente exterioriza
ideias, mas coloca o sujeito em contato com o outro, estabelecendo consensos e dissensos em relação
às várias temáticas que emergem do processo de ensino e aprendizagem.
Dito de outra forma, ao conceber o diálogo como cerne da organização didática, estamos
oportunizando espaço para que professores e alunos experimentem novas experiências, testem novas
formas de expressão e assumam o protagonismo de seus próprios processos de ensinar e aprender.
Figura 17
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Unidade II
Não podemos perder de vista que o diálogo nunca ocorre no vazio, pelo contrário, cria teias de
relações que envolvem o conhecimento em permanente construção, com força de intencionalidade
de um processo educativo que tinha sido pensado antes pelo professor através dos elementos que
constituem a organização didática (FREIRE, 1996).
Portanto, a organização didática como propulsora das interações colaborativas reconhece a prática
educativa:
Em consonância com esta ideia, de aulas e metodologias dinâmicas e colaborativas, Freire e Shor
(apud VEIGA, 2008, p. 177) afirmam que as conexões estabelecidas pela práxis educacional consolidam
“a dialética da aula libertadora. Lugar em que pensamos criticamente sobre as forças que interferem em nosso
pensamento crítico”. Isto é, a organização didática pautada no dialógico traz luz às interações em sala de
aula e cria condições para que os indivíduos conectem uns aos outros, a fim de ajudar e serem ajudados.
Neste contexto, ao organizar as ações didáticas, é preciso consciência do diálogo que deve ser
estabelecido entre dois mundos, o produzido no ambiente escolar e aquele que abarca a sociedade em geral.
Assim, a fim de viabilizar, cada vez mais, práticas educativas fundadas na conexão da realidade
escolar e da realidade social, Fernandes (apud VEIGA, 2008, p. 166‑167) sugere alguns procedimentos a
serem considerados no planejamento docente:
• Aplicação de formulários ou outros tipos de sondagem que envolvam identificação escolar, origem
histórica e geográfica, assim como perfil da trajetória acadêmica a partir do viés social e político;
pontuando, ainda, os modos de aprender e de planejar os estudos nas áreas do conhecimento que
compõem o currículo.
Como é possível observar, todas as sugestões de Fernandes (2008) estão embasadas na teoria
pedagógica freiriana, uma vez que ela traz, em suas premissas, a busca de ações libertadoras para os
seres humanos oprimidos com apoio da ética, a qual deve transitar nos seguintes aspectos:
• Humanização: centrada nas ações das pessoas, suas aspirações, subjetividades e pontos
de vista.
• Constituição política: processada nas ações socioculturais, tomadas de decisão, atuações autônomas
e cidadãs.
Como último ponto, não menos importante e relacionado ao diálogo, temos a comunicação, processo
inerente ao ser humano, elemento necessário para receber e transmitir ideias, informações, percepções,
sentimentos, hipóteses, conclusões e interpretações das experiências vividas.
[...] termo para designar o caráter específico das relações humanas que
são ou podem ser relações de participação recíproca ou de compreensão.
Portanto, esse termo vem a ser sinônimo de “coexistência” ou de “vida com
os outros” e indica o conjunto dos modos específicos que a coexistência
humana pode assumir, contanto que se trate de modos “humanos”, isto
é, nos quais reste certa possibilidade de participação e de compreensão.
À luz desta definição, é possível afirmar que os processos colaborativos e a dimensão dialógica
são mediatizados pela comunicação, que se estabelece nas múltiplas convivências e compreensões do
mundo, permitindo aos indivíduos expressarem‑se verbal e não verbalmente, compartilhando o mesmo
sistema de signos e códigos linguísticos, mas gerando amplitude de entendimentos.
Para Dewey (1979, p. 3), a comunicação proporciona, ainda, a transmissão da cultura, em que o
homem é capaz de pensar por meio da oralidade, registros escritos e artísticos (pintura, dança, música,
esculturas), aprimorando a vida social do sujeito. Acrescenta, também, que a comunicação retroalimenta
as gerações, seus hábitos, ideias, objetivos e opiniões.
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Unidade II
Saiba mais
Amplie seus conhecimentos lendo o seguinte artigo:
A partir das reflexões que relacionam organização didática, diálogo e dimensão colaborativa,
podemos concluir que os conteúdos abordados no processo de ensino e aprendizagem precisam estar
concatenados com metodologias que propiciem amplitude de ideias e, principalmente, de caminhos à
construção do conhecimento.
Se o aprender, segundo Paro (2007), é resultado do ato de vontade que somente o aluno pode
ter, precisamos cada vez mais oportunizar espaços de interações colaborativas e compartilhamento
de vivências, os quais cultivem a aprendizagem como processo histórico e cultural e que contribui
efetivamente para a vida de ações autônomas e cidadãs.
A formação de professores para o mundo contemporâneo está pautada nas palavras de Rajadell
(2012), isto é, uma educação que desperte a curiosidade, a imaginação e esteja associada a ambientes
digitais e que promovam a criatividade.
Figura 18
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
A imagem selecionada expressa a relação direta entre questionamentos e imprecisões com ideias e
soluções criativas; dito de outra forma, antecipamos nossas reflexões destacando que, independentemente
de conceituações, o processo criativo e inovador irá emergir de tensão, dúvidas e desafios impostos
pelos diversos contextos da vida em sociedade.
Suanno, Dittrich e Maura (2013) afirmam que, para que as mudanças ocorram, é necessário
interagir com os sujeitos e promover interações, uma vez que as práticas inovadoras e criativas
partem dessas ações, pois estão fundamentadas na dimensão ontológica, epistemológica e
metodológica do conhecimento.
Lembrete
Cunha (2006, p. 40‑41) propõe espaços renovadores para a educação a partir da associação inovação
e novas tecnologias, sugerindo que:
As reflexões da autora apresentam o conceito de inovação como principal elemento a fim de equalizar
as práticas pedagógicas às dimensões tecnológicas e criativas. Para isso, nos próximos parágrafos,
discutiremos as principais concepções dos termos inovação e criatividade.
De acordo com Rajadell (2012), embora tenham diferentes processos de criatividade, esses termos
estão relacionados à concretização de um produto; segundo a autora, temos a seguinte definição:
• Criatividade: presente em todos os sujeitos, já que eles podem gerar ideias, desde as mais simples
às mais complexas.
Complementando a associação dos conceitos anteriores, Suanno (2013, p. 31) afirma que a
“criatividade e capacidade crítica aliadas, no dia a dia, são grandes diferenciais para o surgimento de
ações inovadoras”.
Ou seja, para a chegada ao produto inovador, é necessário que os sujeitos passem pelo processo
de resolução de problemas, cujos alicerces são: percepção crítica do mundo, desejo de mudança e
pensamento criativo.
Olhar
Inovação crítico
Criatividade
Em uma proposta visual, podemos conceber a educação criativa e inovadora como um processo
cíclico, em que se parte do olhar crítico e autônomo, o qual gera situações problemas; essas, por sua
vez, acionam, por meio de ações colaborativas, estratégias criativas para a resolução de problemas, cuja
culminância é o produto inovador, isto é, a consolidação prática e concreta do conhecimento construído.
Saiba mais
De acordo com Cunha (apud SUANNO; DITTRICH; MAURA, 2013, p. 214), a inovação é:
70
DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
A partir das reflexões dos autores, o ato de inovar na educação não se restringe ao espaço
escolar, além de reverberar na alteração de políticas públicas e na reorganização da realidade
comunitária e social.
Nesta mesma linha, Zwierewicz (2013, p. 173) ressalta que as práticas pedagógicas devem estar
voltadas para a realidade e necessidades da atualidade, com vistas:
Na busca por articular criatividade e inovação a serviço de ambientes escolares cada vez mais
autônomos e engajados com as novas tecnologias e demandas da contemporaneidade, apresentamos,
a seguir, resultados de pesquisas de diferentes autores, publicados por Mitjjáns Martínez (2003, p. 193),
que apontam as seguintes ações como possíveis gatilhos para um contexto fértil à criação e inovação
em sala de aula:
Em consonância com a ideia de que a formação de professores deve contemplar práticas criativas
e inovadoras, Abrahão e Schmidt (2015) apontam a necessidade de considerar a criatividade como
eixo norteador do processo de ensinar e aprender, com o objetivo de estimular ações emancipatórias
dos sujeitos.
Em outras palavras, gerar condições para um espaço criativo nas escolas requer considerar nos
estudantes a capacidade de investigar, questionar, indagar, divergir, motivar, arriscar, vivenciar, construir
e transformar novas possibilidades de aprender e elaborar o conhecimento.
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Unidade II
Diante deste contexto, as instituições de Ensino Superior devem ser o primeiro local de formação
docente para a criatividade e inovação. A este respeito, Castro (2015) ressalta a necessidade de os
formadores serem orientadores do processo criativo, enfatizando que os professores devem atrelar à
sua formação específica aptidões para lidar com ações experimentadoras que favoreçam conhecimentos
inovadores; a partir disso, faz as seguintes recomendações, as quais devem permear a prática docente
como manifestação criativa:
• Planificar e integrar o currículo dos cursos de formação docente com base nas dimensões da
criatividade e inovação.
• Promover práticas criativas que consolidem o ato educativo inovador, cujas resoluções de
problemas sejam colaborativas, dialógicas e originais.
Diante disso, é preciso resgatar, nos cursos de formação de profissionais da educação e nas práticas
de sala de aula, o trabalho em equipe, além de momentos que oportunizem a discussão, o debate, o
planejamento e tomadas de decisões, a fim de contemplar a diversidade de opiniões, vivências e a
construção criativa e inovadora do conhecimento (RAJADELL, 2012).
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Exemplo de aplicação
Que tal propor uma prática que tenha como base criatividade e inovação? Procure elencar as etapas
e observe o que está coerente com a resolução de problemas e abertura ao novo.
Segundo Martínez,
A autora realizou pesquisas em Cuba, nos Ensinos Médio e Superior, na década de 1990, com o
objetivo de identificar ações sistêmicas sobre o uso qualitativo de criatividade em sala de aula.
Ao conjunto das referidas ações deu o nome de sistema didático integral (MARTÍNEZ, 1997), este
sistema propõe elementos fundamentais que podem contribuir para a mudança significativa da forma
tradicional e alcançar níveis elevados de criatividade em sala de aula, sendo eles:
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Unidade II
• Considerar a natureza das tarefas a serem realizadas dentro e fora da sala de aula, com
orientações claras e oportunidade de acatar questionamentos e encaminhamentos dos estudantes
durante o processo.
Tais elementos não devem ser considerados como prescrição para o trabalho criativo na sala de
aula, mas como pontos de partida para sensibilizar professores e estudantes no trabalho associado à
criatividade e inovação das práticas pedagógicas.
Segundo Baptista (apud VEIGA, 2008, p. 88), é “possível ensinar criatividade na medida em que se
estimula, motiva e/ou facilita o pensamento criativo do aprendiz”. No entanto, é preciso que o professor
seja o primeiro a experimentar as múltiplas oportunidades que permeiam o ser criativo, apropriando‑se
ora de vivências espontâneas, ora de técnicas para o desenvolvimento da criatividade.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Exemplo de aplicação
Pense em uma atividade que considere criativa, depois busque identificar as cinco fases do
processo criativo.
Por esta razão, a criatividade, como componente essencial do processo de ensino e aprendizagem,
pode alternar ou alterar o atual paradigma educacional, se considerarmos sua perspectiva formativa
como apontado por Petraglia e Vasconcelos (2017, p. 77):
A mudança de mentalidade pode estar relacionada à criatividade, pois ela propicia diversos olhares
sobre a realidade, assim como múltiplas concepções de compreender e agir sobre o mundo, em uma
integração entre saber e sociedade contemporânea.
Com isso, os cursos de licenciatura, cuja principal diretriz é formar professores, devem considerá‑la,
a fim de reconhecer o processo de ensino e aprendizagem como momento de interações ativas,
contextualizações de conteúdos, construção coletiva e colaborativa do conhecimento e articulação de
habilidades e competências que interfiram e transformem a vida social e cultural dos sujeitos (BAPTISTA
apud VEIGA, 2008).
Deste modo, contemplar a criatividade nos cursos de formação é estar de acordo com os
pressupostos de Nascimento (2013), que entende o ato de criar como propulsor da liberdade de pensar
e agir além dos padrões estabelecidos, apresentando, ainda, a característica de corresponsabilidade dos
sujeitos envolvidos.
Saiba mais
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Unidade II
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Como é possível perceber, a BNCC traz em seu bojo a criatividade como elemento primordial para as
práticas pedagógicas e desenvolvimento dos educandos desde sua introdução, perpassando por todas
as etapas da Educação Básica.
Neste contexto, o uso proposto recorrente da criatividade supõe uma concepção do processo de
ensino e aprendizagem cujos sujeitos estejam engajados na produção de sentidos em uma relação
indissolúvel entre as unidades cognitiva e afetiva.
Por fim, é preciso considerar, valorizar e incentivar experiências criativas e inovadoras, estimulando
professores e estudantes a seguirem direções de transformação e ressignificações da educação e das
demandas sociais e culturais, que emergem dos espaços escolares. Um elemento que pode contribuir
para a criatividade e inovação são as Tecnologias Digitais da Comunicação e Informação (TDCI), uma
vez que “A tecnologia tem de ser compreendida como resultado da inteligência humana e, portanto,
há que se colocar a serviço do sujeito aprendiz e da educação” (OLIVEIRA apud VEIGA, 2008, p. 124).
Figura 21
Ao contrário do que afirma o senso comum, a tecnologia precisa da ação humana, assim como
está a serviço dela. Em se tratando de educação, professores devem utilizar as novas tecnologias a
fim de tornar mais robusto e consistente o conhecimento, enquanto os estudantes precisam estar no
centro das movimentações tecnológicas para construção do conhecimento e inserção autônoma na
sociedade contemporânea.
77
Unidade II
Como a imagem que abre nossa seção de estudos sobre a relação tecnologias e prática docente, é
preciso compreender que o uso de TDCI não traz o contexto tecnicista, mas reivindica uma preparação
do formador que esteja aberta às diferentes maneiras de ler o mundo, interpretar e interagir com a
pluralidade que se entrecruza nos meios cibernéticos. Desse modo, é urgente descobrir novas maneiras
de ensinar as pessoas a partir de informações processadas pelas interações oportunizadas pelas
tecnologias digitais.
A partir dessas reflexões, fica evidente que as novas tecnologias na educação não desconsideram
o papel do professor, pelo contrário, enfatizam o protagonismo docente e sua função de mediar o
processo social e cultural da aprendizagem.
O autor ressalta, ainda, a necessidade de romper com velhas crenças que impedem a incorporação
das tecnologias digitais como aliadas ao trabalho docente. Em outras palavras, assim como o professor,
ferramentas digitais de comunicação propiciam aos alunos momentos em que possam criar, construir,
resolver problemas, pesquisar temas e caminhos que desenvolvam o pensamento crítico e autônomo.
Sobre tecnologia e educação, Bortolini et al. (2012, p. 142) apresentam uma importante contribuição,
ao afirmarem que:
A assertiva dos autores acentua o desafio de harmonizar, cada vez mais, as metodologias do
professor e a cultura digital, ou seja, incluir práticas pedagógicas que utilizem as tecnologias para o
enriquecimento curricular, apropriação do conhecimento e formação integral dos estudantes.
Exemplo de aplicação
Em consonância com esta ideia, Behrens e Carpim (2013) pontuam que o processo educacional
requer evolução e compreensão de aspectos culturais da humanidade, o que exige, de formadores
e professores, atenção às mudanças de paradigma da ciência e da educação, como também
adesão, no ato educativo, de técnicas e inovações tecnológicas que integrem a complexidade das
relações humanas.
Dito de outra forma, o espaço escolar não ficará de fora das mudanças deflagradas pelo advento das
tecnologias digitais, uma vez que se trata de um espaço que forma indivíduos, os quais transformam
e são transformados pelo contexto no qual estão inseridos. Nesta perspectiva, Oliveira e Pereira (2018,
p. 3) apontam que a presença da tecnologia no ambiente educacional proporciona:
A citação reitera a concepção de diversos saberes profissionais (TARDIF, 2014), como discutido
anteriormente, destacando a importância da inserção dos saberes digitais no processo de formação de
professores e nas práticas em sala de aula.
Segundo Faria (2004), o uso de novas tecnologias na atualidade atribui ao professor o papel de
inventor, no sentido de compartilhar com estudantes ideias e estratégias criativas durante o processo
de ensino e aprendizagem. Com isso, o seu papel consiste em:
79
Unidade II
À luz da citação, fica evidente a proposta de uma mudança de postura do professor, isto é, atuação
compartilhada de conhecimentos em que sejam considerados momentos de interação mediada pelas
novas tecnologias.
Dito de outra forma, a transformação que estamos propondo não é radical e de substituição de
metodologias já exitosas, mas contempla o equilíbrio entre as abordagens didáticas e a inserção das
novas tecnologias no contexto de sala de aula.
Saiba mais
Conheça cinco recursos digitais que podem ser integrados à prática de
sala de aula (Plickers, Sway, Mentimeter, Padlet e GoConqr) no link a seguir:
ROCHA, J. 5 recursos digitais poderosos para você integrar às suas
aulas. Geekie, 19 ago. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3KDX1ev. Acesso
em: 27 fev. 2023.
Em outras palavras, a proposta é que todas as áreas do conhecimento, a partir de contextos e práticas
culturais, oportunizem aos estudantes momentos de investigação e compreensão de ferramentas e
ambientes digitais, passando pelo momento de utilização e concretizando‑se em criações que gerem
resoluções de problemas e encaminhamentos autônomos e inovadores.
Como vimos, as habilidades podem ser compreendidas como estratégias metodológicas que fazem
a conexão entre conteúdos e aplicabilidade a situações que permeiam a sociedade atual.
Partindo da concepção de Mishra e Koehler (2006), as habilidades podem ser entendidas como
intersecção entre conteúdo, metodologia e tecnologia; os autores reforçam, ainda, que o uso de
tecnologias no processo de construção de conhecimento deve estar concatenado com objetivos
de aprendizagem. Nesta perspectiva, criam um modelo nomeado de TPACK.
Conhecimento
pedagógico
do conteúdo
C P
Conhecimento tecnológico
Conhecimento e pedagógico
T
tecnológico Conhecimento tecnológico e
do conteúdo pedagógico do conteúdo
81
Unidade II
Recomendam, ainda, o uso do TPACK como premissa para pensar a integração pedagogia, tecnologia
e conteúdos, a partir de um contexto de interdependência à prática metodológica dos professores.
Assim, durante o processo de interseção dos três diferentes tipos de conhecimento, temos os
seguintes grupos:
Diante deste contexto, é importante conhecer não só o conteúdo (C) a ser ensinado, mas quais
ferramentas (T) podem auxiliar na progressão da aprendizagem dele, e as estratégias (P = metodologia)
que podem viabilizar conteúdos e tecnologia (C+T).
Observação
Diante das reflexões, compactuamos com as ideias de Almeida (2005), que não vê o uso da tecnologia
isolada durante o processo de ensino e aprendizagem, mas como instrumento que integra estudantes
e professores, conteúdos e metodologias, informação e conhecimento, em uma trajetória de vivências,
experimentações, criações e sofisticação das aprendizagens.
Nesta perspectiva, avistamos o profissional de educação na concepção apontada por Gatti (apud
VIDAL; MIGUEL,2020), ou seja, inserido no contexto educacional, alternando suas práticas em local
e nacional, contemplando a inserção global dos indivíduos, suas condições geográficas, sociais e
culturais e atendendo a heterogeneidade dos sujeitos e suas expectativas em relação à construção
do conhecimento.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Exemplo de aplicação
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Unidade II
Resumo
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Rajadell (2012) alegou que as salas de aula devem ser espaços inovadores,
cuja busca de conhecimento desperte curiosidade, imaginação dos indivíduos.
Em outras palavras, ele precisa considerar a criatividade humana, ideias do
simples ao complexo; e inovação, capacidade de organizar e transformar
boas ideias em produtos do conhecimento.
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Unidade II
Exercícios
A) I, II e III.
B) I, apenas.
C) II, apenas.
D) III, apenas.
E) I e II, apenas.
86
DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Análise da questão
Veja, no quadro a seguir, uma adaptação do que é apresentado por Veiga (2008).
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Unidade II
Figura 23
Assis Ribeiro
Yves de La Taille, psicólogo especializado em desenvolvimento moral, fala sobre como, apesar
da crise por que passam, sobretudo na família e na escola, a moral e a ética continuam a ser pontos
fundamentais na educação e desenvolvimento das crianças. Educar. Palavra de apenas seis letras
que traz consigo um amplo leque de responsabilidades que deixa qualquer pai ou educador que
se proponha à árdua tarefa de ensinar uma criança a trilhar os caminhos do mundo inseguro.
A violência, a falta de respeito e o individualismo — algumas das marcas registradas dos dias
atuais — levantam questões sobre como andam e como transmitir dois conceitos fundamentais da
boa educação e do convívio social: a moral e a ética.
Para La Taille, a situação do mundo hoje é paradoxal. “De um lado, verificamos um avanço
da democracia e do respeito aos direitos humanos. Mas, de outro, tem‑se a impressão de que
as relações interpessoais estão mais violentas, instrumentais, pautadas num individualismo
primário, num hedonismo também primário, numa busca desesperada de emoções fortes,
mesmo que provenham da desgraça alheia”, afirma [...]. Segundo ele, a crise moral e ética atinge
tanto a escola quanto as famílias, e uma empurra a responsabilidade da educação das crianças
para a outra. “Muitos professores acusam os pais de não darem, por exemplo, limites a seus
filhos, e muitos pais acusam a escola de não ter autoridade e de não impor a disciplina”, diz.
Mas completa que tanto uma quanto a outra têm grande responsabilidade no desenvolvimento
moral e ético das crianças.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Em sua entrevista, coloca que a definição de moral e ética é muito discutida atualmente [...]
moral é o conjunto de deveres derivados da necessidade de respeitar as pessoas, nos seus direitos e
na sua dignidade. Logo, a moral pertence à dimensão da obrigatoriedade, da restrição de liberdade,
e a pergunta que a resume é: “Como devo agir?”. Ética é a reflexão sobre a felicidade e sua busca, a
procura de viver uma vida significativa, uma “boa vida”. Assim definida, a pergunta que a resume é:
“Que vida quero viver?”. É importante atentar para o fato de essa pergunta implicar outra: “Quem
eu quero ser?”. Do ponto de vista psicológico, moral e ética, assim definidas, são complementares.
É possível vivermos sem moral e ética? A situação parece‑me de certa forma paradoxal. De um
lado, pelo menos no mundo ocidental, verificamos um avanço da democracia e do respeito aos
direitos humanos. Logo, desse ponto de vista, saudosismo é perigoso. Assim, penso que, neste clima
pós‑moderno, há avanços e crise. É como se as dimensões política e jurídica estivessem cada vez
melhores, e a dimensão interpessoal, cada vez pior. Agora, como não podemos viver sem respostas
morais e éticas, urge nos debruçarmos sobre esses temas. De modo geral, penso que as pessoas
estão em crise ética (que vida vale a pena viver?), e essa crise tem reflexos nos comportamentos
morais. A imoralidade não deixa de ser tradução de falta de projetos, de desespero existencial ou
de mediocridade dos sentidos dados à vida [...].
I – Ao mostrar que os estudantes chegam à escola sem noções de ética e de moral, a charge opõe‑se
ao texto, que afirma que tanto pais quanto professores são responsáveis pela formação da criança.
porque
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Unidade II
I – Asserção falsa.
Justificativa: a charge não faz oposição à ideia desenvolvida no texto de que tanto pais quanto
professores sejam responsáveis pela formação da criança.
II – Asserção verdadeira.
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