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2ª FASE OAB | TRABALHO | 36º EXAME

Princípios e Competência
Prof.ª Ma. Cleize Kohls

SUMÁRIO
1. Princípios 3
2. Organização e Competência da Justiça do Trabalho 6
2.1 Órgãos que compõem a Justiça do Trabalho (art. 111 da CF) 6
2.2 Órgãos que compõem a Justiça do Trabalho (art. 111 da CF) 6
2.3 TRT 7
2.4 TST 8
2.5 TST 9
2.6 Competência Material 10
2.7 Conflitos de Competência 13

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 2ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em agosto de 2022.

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1. Princípios

Prof.ª Ma. Cleize Kohls


@prof.cleizekohls

O direito processual do trabalho possui princípios próprios que irão regular todas as regras
que tratam deste ramo do direito, ao qual citamos os seguintes:
a) Jus postulandi: Significa que, na Justiça do Trabalho, as partes (tanto reclamante como
reclamada) podem litigar pessoalmente, sem patrocínio de advogados. O art. 133 da CF/88 não
revogou a CLT. O TST já se pronunciou sobre o assunto, firmando esse entendimento. Localiza-
se na CLT, arts. 791, 839, a, 840 e 846.
Mas fique atento, pois de acordo com a Súmula n. 425 do TST, o Jus Postulandi se
restringe as Varas do Trabalho e Tribunais Regionais do Trabalho, não abrangendo as instâncias
extraordinárias:
Súmula n. 425 do TST. Jus Postulandi na Justiça do Trabalho. Alcance.
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do
Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação
cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do
Trabalho.

b) Ultrapetição da sentença OU Extrapetição: Esse princípio se relaciona ao fato de que,


em alguns casos, e exatamente porque admite o jus postulandi, a sentença trabalhista pode
conceder além do pedido. Um exemplo disso é o empregado que reclama verbas rescisórias que
decorrem de uma relação de emprego e que não é reconhecida pelo empregador. Nesse caso,
reconhecida por sentença a relação de emprego, o juiz pode condenar a empresa, de ofício, a
anotar a CTPS do empregado; ainda que não tenha sido pedida a dobra das verbas salariais
incontroversas, o juiz poderá determiná-la na sentença, ante o comando imperativo do art. 467
da CLT. Ver também os arts. 484 e 496 da CLT.
c) Oralidade: prevalência da palavra como meio de expressão. A oralidade pressupõe
outro princípio: imediação ou imediatidade, isto é, o contato direto do juiz com as partes e com
as provas. As impressões colhidas pelo juiz no contato direto com as partes, provas e fatos são
elementos decisivos no julgamento. Localiza-se na CLT, art. 840, § 2º, 846, 848 e 850.
d) Pagamento imediato das parcelas salariais incontroversas: Impõe pesados encargos
ao empregador que protela pagamento de verbas salariais incontroversas. O art. 467 da CLT
manda pagar acrescidas de cinquenta por cento as verbas salariais incontroversas.

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e) Irrecorribilidade das interlocutórias: visa impedir, tanto quanto possível, interrupções da
marcha processual; motivadas por recursos opostos pelas partes das decisões do juiz. A matéria
fica imune à preclusão, sendo apreciada depois, pelo Tribunal. Atende ao princípio da celeridade
processual. Localiza-se na CLT: arts. 799, § 2º e 893, § 1º.
f) Celeridade: Significa que todos os sujeitos processuais (partes, advogado, juízes,
auxiliares, perito, intérprete, testemunhas etc.) devem agir de modo a que se chegue
rapidamente ao deslinde da controvérsia com o menor dispêndio de atos, energia e custo e com
o maior grau de justiça e de segurança na entrega da prestação jurisdicional. Localiza-se na CLT,
arts. 765, 768 (nos casos de falência) e 843 a 852.
g) Igualdade ou Isonomia – todos são iguais perante a lei. Porém, o sistema estabelece
exceções, a exemplo das prerrogativas da Fazenda Pública e MP (prazos diferenciados), além
da dispensa de custas para carentes e do duplo grau obrigatório para as condenações de
pessoas jurídicas de direito público.
h) Contraditório e ampla defesa – art. 5º, LV CF. aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes;
i) Imparcialidade do juiz - ou seja, sem tendências que possam macular o processo.
Lembrar que imparcialidade não se confunde com neutralidade.
j) Motivação das decisões – princípio que serve como uma garantia contra o arbítrio dos
juízes, já que precisa justificar suas decisões.
k) Devido processo legal – trata-se de princípio base, pois nele se sustentam todos os
demais princípios do processo do trabalho. Dele extraem-se os princípios do Juiz e promotor
natural, proibição de tribunais de exceção, duplo grau de jurisdição, entre outros.
l) Princípio da razoável duração do processo - princípio que serve como uma garantia
contra o arbítrio dos juízes, já que precisa justificar suas decisões.
m) Princípio dispositivo/ inércia da jurisdição - livre iniciativa da parte que se sentir lesada.
n) Princípio Inquisitivo ou impulso oficial – o processo começa por iniciativa da parte, mas
se desenvolve por impulso oficial. Ex: Execução de ofício.
o) Princípio da instrumentalidade – O processo é instrumento para alcançar o direito
material.

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p) Princípio da impugnação específica – O réu/reclamada precisa se manifestar
precisamente sobre os fatos, caso contrário há presunção de veracidade dos fatos não
impugnados.
q) Princípio da eventualidade – as partes devem utilizar todas as matérias de defesa ou
interesse no momento próprio.
r) Princípio da preclusão – a nulidade deve ser alegada na primeira oportunidade, sob
pena de preclusão (art. 795 CLT).
s) Princípio da economia processual – busca evitar o dispêndio desnecessário de tempo
e de dinheiro. Aproveitamento dos atos processuais.
t) Princípio da proteção processual – busca-se compensar as desigualdades reais
existentes com uma desigualdade jurídica. Ex: depósito recursal só para reclamada.
u) Princípio da busca da verdade real - art. 765 CLT: Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do
Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das
causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.

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2. Organização e Competência da Justiça do Trabalho

2.1 Órgãos que compõem a Justiça do Trabalho (art. 111 da CF)


a) Tribunal Superior do Trabalho –TST (Brasília): 27 ministros, escolhidos entre brasileiros
com mais de 35 anos e menores de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República após
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal.
É composto pelo Tribunal Pleno, Órgão especial, Seção Especializadas em Dissídios
Coletivos, Seção Especializada em Dissídios Individuais e Turmas.
b) Tribunais Regionais do Trabalho – TRTs (região): no mínimo 7 juízes recrutados e
nomeados pelo Presidente da República, entre brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos.
c) Juízes do Trabalho (Varas do Trabalho);
d) Na CLT e nos Regimentos internos estão definidas as competências internas dos
Tribunais,
e) Juiz de Direito – localidades onde não haja vara do trabalho - art.112 da CF: A lei criará
varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-
la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

2.2 Órgãos que compõem a Justiça do Trabalho (art. 111 da CF)


A grande maioria das ações terá início nas Varas do Trabalho. Nelas temos a figura do
juiz do trabalho. São exemplos de ações que são ajuizadas na Vara do Trabalho: Reclamação
Trabalhista, Inquérito Judicial para apuração de falta grave, Ação de Consignação em
Pagamento.
Na CLT encontramos a competência da Vara do Trabalho:

Art. 652. Compete às Varas do Trabalho: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
a) conciliar e julgar:
I - os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de empregado;
II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão
do contrato individual de trabalho;
III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja
operário ou artífice;
IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho;

Art. 653 - Compete, ainda, às Juntas de Conciliação e Julgamento:

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a) requisitar às autoridades competentes a realização das diligências necessárias ao
esclarecimento dos feitos sob sua apreciação, representando contra aquelas que não
atenderem a tais requisições;
b) realizar as diligências e praticar os atos processuais ordenados pelos Tribunais
Regionais do Trabalho ou pelo Tribunal Superior do Trabalho;
c) julgar as suspeições arguidas contra os seus membros;
d) julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas;
e) expedir precatórias e cumprir as que lhes forem deprecadas;
f) exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, quaisquer outras atribuições que
decorram da sua jurisdição.

Art. 659 - Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das que lhes forem
conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes atribuições:
I - presidir às audiências das Juntas;
II - executar as suas próprias decisões, as proferidas pela Junta e aquelas cuja execução
lhes for deprecada;
III - dar posse aos vogais nomeados para a Junta, ao Secretário e aos demais funcionários
da Secretaria;
IV - convocar os suplentes dos vogais, no impedimento destes;
V - representar ao Presidente do Tribunal Regional da respectiva jurisdição, no caso de
falta de qualquer vogal a 3 (três) reuniões consecutivas, sem motivo justificado, para os
fins do art. 727;
VI - despachar os recursos interpostos pelas partes, fundamentando a decisão recorrida
antes da remessa ao Tribunal Regional, ou submetendo-os à decisão da Junta, no caso
do art. 894;
VII - assinar as folhas de pagamento dos membros e funcionários da Junta;
VlIl - apresentar ao Presidente do Tribunal Regional, até 15 de fevereiro de cada ano, o
relatório dos trabalhos do ano anterior;
IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas
que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469
desta Consolidação.
X - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas
que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo
empregador.

2.3 TRT
Os Tribunais Regionais serão competentes para processar e julgar as ações de
competência originárias, a exemplo da ação rescisória. E, também terá competência recursal.
São recursos que são direcionados para o TRT: recurso ordinário e agravo de petição.

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes,
recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da
República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
observado o disposto no art. 94;
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento,
alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização
de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

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§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente,
constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à
justiça em todas as fases do processo.

Art. 678 - Aos Tribunais Regionais, quando divididos em Turmas, compete:


I - ao Tribunal Pleno, especialmente:
a) processar, conciliar e julgar originariamente os dissídios coletivos;
b) processar e julgar originariamente:
1) as revisões de sentenças normativas;
2) a extensão das decisões proferidas em dissídios coletivos;
3) os mandados de segurança;
4) as impugnações à investidura de vogais e seus suplentes nas Juntas de Conciliação e
Julgamento;
c) processar e julgar em última instância:
1) os recursos das multas impostas pelas Turmas;
2) as ações rescisórias das decisões das Juntas de Conciliação e Julgamento, dos juízes
de direito investidos na jurisdição trabalhista, das Turmas e de seus próprios acórdãos;
3) os conflitos de jurisdição entre as suas Turmas, os juízes de direito investidos na
jurisdição trabalhista, as Juntas de Conciliação e Julgamento, ou entre aqueles e estas;
d) julgar em única ou última instâncias:
1) os processos e os recursos de natureza administrativa atinentes aos seus serviços
auxiliares e respectivos servidores;
2) as reclamações contra atos administrativos de seu presidente ou de qualquer de seus
membros, assim como dos juízes de primeira instância e de seus funcionários.

II - às Turmas:
a) julgar os recursos ordinários previstos no art. 895, alínea a;
b) julgar os agravos de petição e de instrumento, estes de decisões denegatórias de
recursos de sua alçada;
c) impor multas e demais penalidades relativas e atos de sua competência jurisdicional, e
julgar os recursos interpostos das decisões das Juntas dos juízes de direito que as
impuserem.
Parágrafo único. Das decisões das Turmas não caberá recurso para o Tribunal Pleno,
exceto no caso do item I, alínea "c", inciso 1, deste artigo.

2.4 TST
O TST também possui competência para processar e julgar ações de competência
originárias, a exemplo da ação rescisória. E, os recursos de revista e de embargos ao TST, são
por ele analisados.

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros,


escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco
anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da
República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
observado o disposto no art. 94;
II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura
da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:

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I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho,
cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e
promoção na carreira;
II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a
supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho
de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito
vinculante.
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originariamente, a
reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas
decisões.

2.5 TST
Designação de
Competência

Em razão da
PESSOA

Em razão da
MATÉRIA

Após saber como é composta a Justiça do Trabalho, necessário se faz analisar quais as
demandas que poderão ser apreciadas nessa justiça, e, para tanto, o art. 114 da CF nos dá as
diretrizes necessárias.

Definida em razão da lide descrita na


Em razão da petição inicial. Competência para julgar
Designação de
Competência

PESSOA ações oriundas das relações de


trabalho (gênero).

Em razão do Em regra, é o local da prestação de


TERRITÓRIO serviço ou da contratação.

Art. 114 da CF - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo
e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

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IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado
envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o
disposto no art. 102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de
trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos
órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

2.6 Competência Material


Inicialmente, atente que a Justiça do Trabalho é competente para dirimir as questões
relativa à relação de trabalho e não somente a relação de emprego.

ATENÇÃO:

Diferença entre relação de emprego e relação de trabalho. A primeira é espécie, enquanto


a segunda é gênero. A segunda inclui qualquer vínculo jurídico por meio do qual uma pessoa
executa obra ou serviço à outra (trabalho autônomo, eventual, avulso, estágio, etc).

ATENÇÃO:

Justiça do trabalho é incompetente para: ações acidentárias (previdenciárias) decorrentes


do acidente de trabalho; e ações envolvendo servidores públicos estatutários. E para processar
e julgar ações decorrentes de cobranças de honorários advocatícios (súmula 363 do STJ:
Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional
liberal contra cliente).

É competente para processar e julgar ações que envolvem exercício de direito de greve,
inclusive ações possessórias, a teor da Súmula Vinculante 23 do STF:

Súmula Vinculante 23 STF


A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em
decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

É competente também para processar e julgar ações sobre representação sindical. Nessa
situação enquadram-se disputas de base territorial de representação de categoria.

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Incluem-se ainda os Habeas Corpus, Habeas Datas e Mandado de Segurança, quando o
ato questionado envolver a matéria sujeita à sua jurisdição.
Ações de indenização por dano moral ou patrimonial também se incluem na competência
da Justiça do Trabalho.

Súmula nº 392 do TST


DANO MORAL E MATERIAL. RELAÇÃO DE TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
DO TRABALHO (redação alterada em sessão do Tribunal Pleno realizada em 27.10.2015)
- Res. 200/2015, DEJT divulgado em 29.10.2015 e 03 e 04.11.2015
Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do Trabalho é
competente para processar e julgar ações de indenização por dano moral e material,
decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e
doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do
trabalhador falecido.

Súmula Vinculante 22 do STF


A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por
danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de
mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

Súmula 368 do TST


DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA.
RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. FORMA DE CÁLCULO. FATO
GERADOR (aglutinada a parte final da Orientação Jurisprudencial nº 363 da SBDI-I à
redação do item II e incluídos os itens IV, V e VI em sessão do Tribunal Pleno realizada
em 26.06.2017) - Res. 219/2017, republicada em razão de erro material – DEJT divulgado
em 12, 13 e 14.07.2017
I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições
fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. (ex-OJ nº
141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998).
II - É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições
previdenciárias e fiscais, resultantes de crédito do empregado oriundo de condenação
judicial. A culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas remuneratórias, contudo,
não exime a responsabilidade do empregado pelos pagamentos do imposto de renda
devido e da contribuição previdenciária que recaia sobre sua quota-parte. (ex-OJ nº 363
da SBDI-1, parte final)
III – Os descontos previdenciários relativos à contribuição do empregado, no caso de
ações trabalhistas, devem ser calculados mês a mês, de conformidade com o art. 276, §
4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991, aplicando-se as
alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição (ex-
OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001).
IV - Considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias decorrentes de créditos
trabalhistas reconhecidos ou homologados em juízo, para os serviços prestados até
4.3.2009, inclusive, o efetivo pagamento das verbas, configurando-se a mora a partir do
dia dois do mês seguinte ao da liquidação (art. 276, “caput”, do Decreto nº 3.048/1999).
Eficácia não retroativa da alteração legislativa promovida pela Medida Provisória nº
449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, que deu nova redação ao art.
43 da Lei nº 8.212/91.
V - Para o labor realizado a partir de 5.3.2009, considera-se fato gerador das contribuições
previdenciárias decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados em
juízo a data da efetiva prestação dos serviços. Sobre as contribuições previdenciárias não

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recolhidas a partir da prestação dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados
os créditos previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de citação
para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61, §
2º, da Lei nº 9.430/96).
VI – O imposto de renda decorrente de crédito do empregado recebido acumuladamente
deve ser calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de
tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram
os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao
mês do recebimento ou crédito, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22/12/1988,
com a redação conferida pela Lei nº 13.149/2015, observado o procedimento previsto nas
Instruções Normativas da Receita Federal do Brasil.

Súmula nº 454 do TST


COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO DE OFÍCIO.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO
(SAT). ARTS. 114, VIII, E 195, I, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. (conversão
da Orientação Jurisprudencial nº 414 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21,
22 e 23.05.2014
Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro
de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social
(arts. 114, VIII, e 195, I, “a”, da CF), pois se destina ao financiamento de benefícios
relativos à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22
da Lei nº 8.212/1991).

OJ 376 SDI-I
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO APÓS O
TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O
VALOR HOMOLOGADO. (DEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) É devida a
contribuição previdenciária sobre o valor do acordo celebrado e homologado após o
trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a proporcionalidade de valores entre as
parcelas de natureza salarial e indenizatória deferidas na decisão condenatória e as
parcelas objeto do acordo.

OJ 398 SDI-I
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO SEM
RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.
RECOLHIMENTO DA ALÍQUOTA DE 20% A CARGO DO TOMADOR E 11% A CARGO
DO PRESTADOR DE SERVIÇOS. (DEJT divulgado em 02, 03 e 04.08.2010)
Nos acordos homologados em juízo em que não haja o reconhecimento de vínculo
empregatício, é devido o recolhimento da contribuição previdenciária, mediante a alíquota
de 20% a cargo do tomador de serviços e de 11% por parte do prestador de serviços, na
qualidade de contribuinte individual, sobre o valor total do acordo, respeitado o teto de
contribuição. Inteligência do § 4º do art. 30 e do inciso III do art. 22, todos da Lei n.º 8.212,
de 24.07.1991.

Súmula nº 401 do TST


AÇÃO RESCISÓRIA. DESCONTOS LEGAIS. FASE DE EXECUÇÃO. SENTENÇA
EXEQÜENDA OMISSA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À COISA JULGADA (conversão da
Orientação Jurisprudencial nº 81 da SBDI-2) - Res. 137/2005 – DJ 22, 23 e 24.08.2005
Os descontos previdenciários e fiscais devem ser efetuados pelo juízo executório, ainda
que a sentença exequenda tenha sido omissa sobre a questão, dado o caráter de ordem
pública ostentado pela norma que os disciplina. A ofensa à coisa julgada somente poderá
ser caracterizada na hipótese de o título exequendo, expressamente, afastar a dedução
dos valores a título de imposto de renda e de contribuição previdenciária. (ex-OJ nº 81 da
SBDI-2 - inserida exequendo, expressamente, afastar a dedução dos valores a título de
imposto de renda e de contribuição previdenciária.

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Ainda: A ação que tenha por finalidade a indenização pelo não fornecimento de guias para
encaminhar seguro-desemprego também é de competência da Justiça do Trabalho, conforme
Súmula 389, I, TST:

Súmula nº 389 do TST


SEGURO-DESEMPREGO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DIREITO À
INDENIZAÇÃO POR NÃO LIBERAÇÃO DE GUIAS (conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 210 e 211 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e
empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-
desemprego. (ex-OJ nº 210 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)
II - O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do
seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização. (ex-OJ nº 211 da SBDI-1 - inserida
em 08.11.2000)

E, assim também é para o caso de cadastramento no PIS, consoante Súmula 300 TST:

Súmula nº 300 do TST


COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CADASTRAMENTO NO PIS (mantida) -
Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por empregados em
face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social
(PIS).

Por fim, não esqueça que a justiça do trabalho não tem competência criminal.

Súmula 62 do STJ
Compete a justiça estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de
trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada.

2.7 Conflitos de Competência


O conflito de competência se dá quando houver dois tribunais ou juízes dizendo-se
competentes ou incompetentes para apreciar determinada demanda.
Para a análise deste tema é indispensável a análise dos seguintes dispositivos da
Constituição Federal e da CLT:

Art. 803 da CLT


Os conflitos de jurisdição podem ocorrer entre:
a) Juntas de Conciliação e Julgamento e Juízes de Direito investidos na administração da
Justiça do Trabalho.
b) Tribunais Regionais do Trabalho.
c) Juízos e Tribunais do Trabalho e órgãos da Justiça Ordinária.
d) Câmaras do Tribunal Superior do Trabalho.

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Assim, podemos ter conflitos de:

Vara do Trabalho Vara do Trabalho

TRT TRT

Vara do Trabalho TRT

TST STJ

Art. 808 da CLT


Os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos:
a) pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juntas e entre Juízos de Direito, ou entre
uma e outras, nas respectivas regiões;
b) pela Câmara de Justiça do Trabalho, os suscitados entre Tribunais Regionais, ou entre
Juntas e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais diferentes;
c) pelo Conselho Pleno, os suscitados entre as Câmaras de Justiça do Trabalho e de
Previdência Social;
d) pelo Supremo Tribunal Federal, os suscitados entre as autoridades da Justiça do
Trabalho e as da Justiça Ordinária.

Na Constituição Federal:

Art. 105 da CF
Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102,
I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a
tribunais diversos;

Também é importante observar que:


Art. 102 da CF
Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais,
entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

Súmula n. 420 do TST

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COMPETÊNCIA FUNCIONAL. CONFLITO NEGATIVO. TRT E VARA DO TRABALHO DE
IDÊNTICA REGIÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº
115 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005
Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do
Trabalho a ele vinculada. (ex-OJ nº 115 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003)

Assim, para a solução do conflito de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
devemos observar:

a) Os TRTs são competentes para resolver os casos de conflito de competência entre


Varas do Trabalho da mesma região.

VT (mesma região) VT (mesma região) TRT

b) O TST é competente nos casos de conflito de competência entre TRTs; entre Varas do
Trabalho de regiões diversas; e entre TRT e Vara do Trabalho a ele não vinculada.

TRT TRT TST

VT (região X) VT (outra região Y) TST

TRT VT (outra região) TST

c) o STJ resolverá os casos de conflito de competência entre TRT e TJ, TRT e TRF; entre
juiz do trabalho e juiz de direito não investido na jurisdição trabalhista (juiz estadual ou juiz
federal); entre juiz do trabalho e TJ OU TRF; entre juiz estadual ou federal e TRT.

TRT TJ STJ

TRT TRF STJ

VT TJ STJ

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d) o STF resolverá o conflito entre o TST e qualquer tribunal.

TST TJ STF

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