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Engenharia de Minas, Metaldrgica Geolégica e Civil ESCOLA DE MINAS em Ouro Preto, MG. ‘Ano 53 - Volume 42 -N? 0 (Quarto timeste / 1989) 1SS.0370- 4467 a TTT Ilo RERRaADa0> sz | RESUMO Com 0 crescimento desordenado fe ocupacao de éreas inadequadas nas cidades brasileiras, s80 cada ver mais freilentes os acidentes em oncostas, igeralmente, por ocasigo de chuvas for~ tes ou prolongadas. Ouro Proto insere~ se bem nesse contexto pelas suas a- racteristicas geoldgicas, geomorfol6gi- ces © climaticas, mas, especialmente, pela forma como ver se dando @ ex- pansao da cidade. © presente trabalho alerta pera as condigées critioas e situagoes de risco existentes © descreve, brevemente, al- guns tipos de problemas, propondo & viabilizagao de estudos geolégico-geo- téenicos mais detalhados nos pontos mais eriticos da cidade. ABSTRACT The desorderod growth and the ‘accupation of insuitable areas in Brazilian cities have been responsable for accidents at slopes during the rainny season and storms. Ouro Preto has become a typical example due to its geological, geomorphological and climatic condictions and specially to the made of occupation. The present work describes the ‘existing critical condictions and risk situations. It also briefly shows some kinds of problems. Detailed geotechnical studies are proposed. INTRODUGAO ‘A acelerada urbanizagéo de po- pulagdo brasileira causada, entre outros fatores, pelo grave problema fundiario © mé qualidade de vida no meio rural, vem provocando, nos iltimos quinze ‘anos, uma saturagao tanto dos grandes ‘centros como em médias e até em Pe- ‘quenes cidades. ‘A esses fatores conjuntureis, S0- mam-se 0 descaso e 2 falta de planeja- mento a médio ¢ longo prazo por parte das administragées no que se refere 20 setor habitacional ¢ & expanséo de nos- sas cidades. Como conseaiiéncia, a populacac de meis baixa renda, a principal vitims, procura por seus proprios meios @ re 2 A Ocupagiio Desordenada de Encostas em Ouro Preto, MG | solugo de seus problemas mais pre- mentes, A ocupacso _ desordenada, muitas vezes, por invasao de terrenos desvalorizados ou relegados @ um se gundo plano, tanto pelo poder econd- mico como pelas administragses publi ‘ces, tornou-se pratica comum em toda parte, devido & falta de infra-estrutura urbana. Em decorréncia, uma série de problemas comeca @ surgir, como a oluiggo ambiental causeda pelo des- pejo aleatério de lixo, pela falte de es- ‘gotes, além do impacto visual provoce- do por essas mé ocupagdes de terrenos, pela falta de planejamento das constru- ‘Gées e pela utilizarao de terrenos inade~ ‘quados ( areas zlagadicas, mergens de rios e canais © encostas ingremes J. Es- ses locais so geralmente os mais atin- ‘gidos quando da ocorréncia de chuvas mais fortes, fenémeno comum num pais tropical. ‘As conseqiiénelas ficam eviden- ciadas pelo crescente niimero de catés- trofes que vém ocorrendo, nos tltimos ‘anos, em todo Pais, envolvendo inunda- {gBes € movimentos de massa em en- Costas. Somente em 1989, foram regis: tradas tragédias dessa natureza no Rio de Janeiro, Maceié, Salvador © Joao Pessoa, entre outras menos cotadas, mostrando a grave situagao em que se fencontram nossas cidades e 0 alto risco de vida existente. ‘(0 PROBLEMA EM OURO PRETO Dentro deste contexto, como nao poderia deixar de ser, # cidade de Ouro Preto mostra uma situagso que se 2gra~ va ainda mais por suas caracteristicas morfolégicas, climaticas e geolégicas. O relevo forte, com vertentes ingromes & Vales profundos, 0 alto indice pluvio- métrico, mormente no verdo, © 2 pré- ria natureza das formagées rochosss fem que se instalou a cidade so fatores prodisponentes a movimentos de masse processos erosivos, fenémenos natu- ais na evolucio geomorfolégica, mas ‘que se tornam — inimigos do. homem, ‘quando atingem éreas por ele ocupa- das. A despeito da_engenhosidade das suas construgdes histéricas, muros de conteneéo e sistemas de drenagem, Rovieta Escola de Minas, 42(4 ):12-0, 1989 Frederico Garcia Sobreira * 180 bem edificados e em uma épocs em que conhecimento das propriedades naturais dos terrenos podia ser consi~ derado nulo, a expanséo da cidade hoje ‘vem sendo feita de maneira irresponsé- vel e perigosa. Encostas, muitas vezes instéveis, vo sendo ocupadas gradati- vamente por casebres de soguranga du- ‘vidosa; cortes @ aterros vao sendo exe utados sem a minima orientacao, @ mesmo nos locais onde hé a participa {G0 da administracdo piblica, mostra-se 6 total falta de planejamento ¢ estudos que pudessem orientar a ocupacao. A escassez de reas mais suaves para 2 ‘ocupecdo nao deve ser usada como er~ Gumento para tals alitudes, uma vez que, com a devida orientagao, encostas podem ser ocupadas de maneira racio~ hal e segura, desde que as condicées ‘geoldgicas @ geotScnicas do terreno 35- sim 0 permitam. Esses fatos se tornam ainda mais graves quando se toma conhecimento da existéncia de uma carta geolégica da cidade, elaborada em detalhe ( escala 4.2000 } e que aponta classes de terre- nos quanto @ adequagao 20 uso, levan- do em conta a natureza geolégica © 88 declividades ( Carvalho, 1982). ‘Apesar do conhecimento da ‘existéncie dese documento, 0 mesmo indo ver sendo utilizado © suas reco mendagdes sto desrespeitadas cons- tantemente, A elaboracao dessa carta foi conseqiléncia dos acidentes ¢ prejul- os causedos pelas fortes chuvas no fi- nal da década passada. Sé0 bem conhe- ‘idos 0s problemas registrados ne Senta Casa, Morro da Queimada e Igreja Séo José ( Carvalho, 1985 }. Essas focorréncias mostram o alto risco que hoje corre a cidade, caso o fenémeno se repita, principalmente se considerarmos '@ evolugao do problema com 0 passar dos diltimos anos. ALGUNS EXEMPLOS MAIS CRITICOS A cidade de Ouro Preto apre: senta hoje varios problemas em conse ‘uéncia da expansso desordenada. En + prolesarAsiene do Denon sola de Mas UFO aero Tinestet ‘alguns pontos, 2 ocupacéo se deu de tal forma que podem ser provisiveis pro- blemas futuros, em outros, embora a cocupagdo esteja em ostagio inicial, 5 caracteristicas morfoldgicas ou geotée- nicas podem comprometer 0 uso. Por. outro lado, dreas com potencial para 2 ‘ocupa¢so permanecem abandonadas ou ja vao sendo ocupadas sem sincl d planejamento. Alguns exemplos mai tlaros podem ser citados para ilustrar 0 estado critico em que a cidade se en~ contra. AE. Rages Folo2 ~ Movinentayda de meter teraso em ea nstvel no bao Piedade. Fevksafscede tas Folo 1 - Ocupaydo desordenadae em risco geol6ico no bao Veloso. Préximo & rodoviéria, dois vales xistentes mostram, a montante da tua "2. Rolim, nitidos sinais de movimente- 40 de material pelo homem, porém, a despeito disto, vem sendo ocupados gradativamente. Pelas caracteristicas peotécnicas, estes locais sao potencial- vente instéveis, podendo apresentar /srios problemas com 0 crescimento da pcupaio ( Foto 3 ). oO Devem ser citadas, ainda, as indimeras feie6es erosivas e cicatrizes de escorregamento perceptiveis em toda a serra de Ouro Preto, atestando o grau de instabilidade de suas encostes ¢ 2 necessidade de culdados especials, quando se pensa ne sua ocupacéo. Outra area duramente castigada com a ocupacéo inadeauada 6 a do Alto {a Cruz. Quase todas suas encostas es- to afetadas ¢ a expanséo continuo. Em alguns pontos, a falta de urbanizacéo 2 degradaeio da encosta provocam condigdes mais erftcas. € 0 caso de lo- cal préximo a0 topo do morro , com acesso pela loreja Santa Efigénia, onde 2 ecupacao vem se dando da pior forma possivel. Cortes e aterros para a eriago de platds vo sendo executados de qualquer maneira, apresentando na maioria dos casos péssimas condiedes de estabilidade. Apesar dos. terrenos apresentarem aparentemente boas con- digdes geotéenicas, o local possui altas declividades e a vegetacdo inexiste ‘Além dosses fatores, a5 moradias 80 construidas, precariamente, sem funda~ es, vigas ou pilares, mas todas com Iaje ( Foto 4 J. Este local & 0 que talvez presente 2s piores condigdes de segu- renga na cidade, merecendo atencao es- pecial. Mais a jusante, em vertente vol- tade para a serra de Ouro Preto, em- bora a ocupagéo venha se dando de melhor forma, muitos pontos criticos podem ser registrados, com destaque pare uma grande cicatriz, com taludes ingremes com mais de 4m de altura. Neste local ¢ em suas proximidades ‘existem vérias habitagées ¢ outras estio sendo construfdas {Foto 5 ). B (0 taitnotomed sem car ta <> Foln 2 ~ Ocupaco em expenso em dea instvela montant da rua Pare Rol (primo & estar rodo- vii) Folo 4 ~ Ooupagdo em encosta com forte decide prximo lia Santa Ege. Ainda no mesmo morro, a0 sul, ‘em prolongamento do bairro Pe. Faria, muitas casas esto sendo construidas fem um loteamento. € comum a execu- ‘Gao de cortes verticais com mais de 4 m, envolvendo grande quantidade de ma- terial coluvial, que & jogado aleatoria- mente encosta abaixo ( Fotos 6, 7, 8 ). Linhas de drenagem vao sendo obstrul- das por construgdes e a jusante nota-se ‘0 estado avangado de erosao por ravi- nas @ vocorocas. As russ abertas por cortes ¢ aterros esto erodidas em vé- 4 ios pontos, geralmente a jusante, A falta de orientagao @ planejamento no local é nitida, e @ forma como vem s dando 2 ocupacio & 0 principal condi. ionante para © estado critico apresen- tado. Outro ponto onde se notam o inicio da ocupagao @ a falta de orienta- {ga0 @ planejamento é a regiéo do Poci- hho { Foto 9 }. Esse aroa apresenta uma tendancia natural 3 expanséo do cidade, principalmente por suas caracteristicas morfolégicas, condigées geol6gicas fa- de isco de utilizagio do meio, vodendo © local tornar-se problemético e longc prezo. CONCLUSGES E RECOMENDAGOES Os locais ¢ problemas acima des critos, ainda que rapidamente, mostran © estado eritico em que @ cidade se en contra. © alto risco apresentado em al ‘guns pontos é motivo de alerta para to dos nés, principalmente quando se pen 88 no que pode vir 2 ocorrer, caso chu ‘vas mais fortes venhamn a atingir a cida de. Alam desse aspecto, pode ser consi derado relevante 0 fato de Ouro Pret ‘ser ume cidade histérica, patriménio d humanidade, e devendo como tal te reservados no s6 suas construcde toricas, mas também suas caracteris ticas paisagistices e ambientais. Em vista disto, urge que certe medidas sejam tomadas para que ¢ lerros e problemas existentes nao cont uem @ ocorrer. Dontre essas medid podem ser citadas a methoria ¢ red mensionamento dos equipamentos u anos existentes e a normalizacao orientag3o da expansio através do u plano diretor, aliés, uma exigénc ‘constitucional para cidades oom mais 20 mil habitantes. A carta geolégica ‘ Ouro Preto serviré como elemento bi: 0 ha elaboracio desse plano, uma v que, neste documento, so bem avali das’ as condigoes dos terrenos quan ‘a0 uso e as recomendades medidas serem tomads. No entanto, a real avaliaga0 situagio atual também 6 considera prioritaria, Levantamentos mais de Ihados ¢ quantificados s80 necesssri reas do risca e pontos criticos precis ser definidos para que sejam tomac medidas cabiveis em casos de emergé Estudos que considerem a na reza geoldgica e morfolégica dos ter nos ocupados @ avaliem os danos | cos causados pelo tipo de ocupa) subsidiardo medidas saneadores pos riores, como 0 reassentamento 01 reorganizacdo desses locais. Tais es dos representariam um detalheme da carta geotécnica de Ouro Preto, ¢ direcionamento para 0 uso do solo « @ ocupagao urbana. Locais com potencial para f ra expansio da cidade como 0 P tnho, imediag6es de Bauxita e Taqu devem ser avaliados geotecnicam de forma a sorem ocupados mais : quadamente, respeitando as earact ticas do meio. Esses estudos tam| podem subsidiar o plano diretor. uso Times Jo isso se torne pos vel, no entanto, é preciso que 2 discus- séo do problema aqui apresentado seja aprofundada, inclusive com a particip Go da Administraeao Publica, Universi dade e Patriménio Hist6rico, de forma a que se tomem medidas no sentido da resolucao da questo. Caso contrario, 0s eros atuais continuardo a se repetir os problemas se agravaréo cada vez mais, tornando maiores as possibilida- des de acidentes e transtornos na cida- ae. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS CARVALHO, E. T. Carta geotécnica de Ouro Preto. Portugal, Universidade Nova de Lisboa, 1982. 95 p. ( Dis- sertacdo de Mestrado. } Geologia em éreas urbanas— uma experiéncia em Ouro Preto. In: SIMPOSIO. DE GEOLOGIA DE MINAS GERAIS, 3, Belo Horizonte, 1985. Anais... Bolo Horizonte, So- ciedade Brasileira de Geologia. vol. 5, p.291-97. GUSMAO FILHO, T. A. Estudos de en- ‘costas om areas urbanas. In: CON- GRESSO BRASILEIRO DE GEO- LOGIA DE ENGENHARIA, 4, Belo Horizonte, MG, 1984. Anais... S30 Paulo, Associagao Brasileira de Geologia de Engenharia, 1984. v.2, 88-107. SOBREIRA, F. G. Estudos de enoostas ‘ocupadas desordenadamente na ‘dade do Rio de Janeiro — A favela do Vidigal. Rio de Janeiro, Instituto de Geociéncias ~ UFRJ, 1989. 120 p. (Tese de Mestrado. ) Foto 7 ~ Degradacdo da encosta pela ooupard inadequads. Folo 8 ~ Oostrupo dena de crenagem. Foto ~ Area com poencial para v ae & Wis es xpansio(Pociaho) founo mnETO—PROBLEMAS \19A008 A OGHPAGRO EM ENCORTAS Foto 10 ~ Area de rsco potencil na rua Pate Rolin. Nota 2s construes emandamento. > + fen ce msc0| Qari Tires! OBRAS DE CONTENGAO EM OURO PRETO: O ABANDONO E OPERIGO INTRODUCAO A cidade de Ouro Preto tem como caracteristicas 0 relevo forte e a geologia favoravel a processos de instabilizagio de encostas, que em conjunto com as condigdes climaticas locais, predispoem a regido 4 ocorréncia de movimentos gravitacionais de massa, que se manifesta nas ocasibes chuvosas através de escorregamentos, processos de rastejo (Sobreira, 1990), No ano de 1979, “Chuvas provavelmente as mais copiasas dos tltimos 100 anos” (Carvalho, 1982), atingiram a cidade afetando gravemente varios locais e alguns’ monumentos histéricos, ‘Como conseqiiéncia, foram realizados virios estudos © executadas obras de contengio (TECNOSOLO, 1979) de diversos tipos, assim como a instrumentagio por inclinémetros para acompanhamento de movimentagées em alguns pontos. Estas obras, no entanto, nunca passaram por trabalhos de manutengao sistemitica e, com © passar dos anos, algumas foram totalmente abandonadas. O mesmo pode se dizer das instalagoes para acompanhamento, por instrumentagao, de pontes mais etiticos Desta forma, © estado atual de vérias obras é precio ¢ rio. se sabe se suas condigées so suficientes para cumprir 0 ‘objetivo a que foram projetadas. PRINCIPAIS OBRAS DE CONTENGAO EM OURO PRETO Varias obras de contengio ji foram executadas em Ouro Preto, sendo que a6 prinipais foram decorcentes das chivas de 79. Dente estas, as de maior porte foram execitadas na encosta aos fundos da Santa Casa de Misericdrdia e na Vila Si0 Jose, sendo realizados ‘desmontes, retaludamento, drenagem Superficial ¢ contengdes por gabioes. ‘Obra menor, mas também de grande importincia & a contina ancorada exceuteta aos fndos da Tereja Sao Franco de Assis, que foi altamente ameagada pelas chuvas de 79, ¢ | tinda presenta problemas ‘As obras digna de mengio sio os virios muros de contengio em pedra scea, comins pela eidade, uma grelha fmcorada que reforga a base do. Cenitério da Igreja de ‘Nossa Senhora das Meret, e alguns muros de contengao tipo gabiao. Em todas as" obras verificarse 0 abandono ea fala. de manutengao, sendo que algumas se mostram guase sem funcionamento ot mesmo rompidas PROBLEMAS EXISTENTES SANTA CASA DE MISERICORDIA - Em virtude de grandes movimentagoes que chegaram a sbalar 0 prédio prin- | cipal, forma executados servigos de terraplenagem para alterar a geometria da encosta aos fundos da Santa Casa. Foi removida grande quantidade de material (Carvalho, 1985), com a instalagao de bermas ¢ taludes mais suaves em 6 niveis, complementados por drenagem superficial e sistema de captagao e dissipagao de energia de aguas pluviais, além de B= REM:A, Exe Minas, Ouro Preto, 45(1©2):210-212,an jon 1992 Frederico Garcia Sobreira* cconstrugio de muros tipo gabiao nas drenagens naturais, para cconter material transportado pelas dguas. ‘A encosta € composta pelo Xisto Nova Lima, alterado e muito fraturado, Ao longo dos anos, varios. escorregamentos ‘ocorreram, sendo que na porgao central do talude foi destruida parcialmente canaleta de drenagem. Varias trincas podem ser ‘observadas, demonstrando 2 movimentagao em alguns pontos. A formagao de sulcos e ravinas, pela desproteio do terreno, pode levar ao surgimento de processes erosivos mais agudos: A falta de limpeza fez com que a vegetagio e material ‘tansportado obstruissem parcial ou totalmente as canaletas © caixas de passagem, anulando sua agao. Os muros gabioes tem trabalhado bem até o momento, mas dois jé se encontram deformados pela energia das aguas e recalque das fundagdes. Como se nao bastasse, terrenos a montante vem sendo ocupados desordenadamente, com escavacées © movimentagao de material contribuindo com a desestabilizagio da encosta (Foto 1), VILA SAO JOSE - Um grande movimento de massa, que chegou a afeiar 33 casas (TECNOSOLO, 1979) nas runs Orlando Ramos e Albino Sartori, levou 4 execugao cle grande obra de desmonte ¢ retaludamento cujo material servi para aterro de antigo depdsito de rejeito da Al Lama). Foram construidas bermas e taludes em 5 niv complementados por drenazem superficial, sistema de eaptagao © dissipagao de aguas pluviais e protegao superficial por vegetagao, © local € composto pelo Xisto da Formagao Sabari, superposto ao Quartzito Tabooes, muito alterado e erodivel, que corre na base do talude. Escorregamentos superficiais ecorreram posteriormente, sendo que um deles, em dezembro de 1989, destruiu: parte do sistema ce drenagem. As canaletas estao obstruidas em alguns pontos por stato ¢ material rolado, deixando de trabalhar satisfatoriamente. As caixas de passagem também encontram-se entulhadas. Porém, 0 mais grave no local ¢ a ccupagao indiseriminada do talude inferior e acima da canaleta de base da obra, Tal ocupagao se di por hortas © gquintais, sendo que em alguns pontos ji existem consirugoes, Existem ainda escavagses no talude inferior para a construgio de casas ¢ até para retirada de material de construgao. A utilizagao indevida do local pode agravar os problemas de estabilidade existentes (Foto 2). IGREJAS SAO FRANCISCO DE ASSIS E NOSSA. SENHORA DAS MERCES - Movimentagoes proximas a estes monumentos colocaram em risco sua integridade. Na Igreja das Mercés foi executada uma grelha ancorada para reforgar © muro de pedra seca que sustenta 0 Cemitério anexo 4 Ipreja. No caso da Igreja de Sto Francisco de Assis, foi instalada uma cortina ancorada nos fundos da mesma, para conter movimentagao de aterro que colocava em risco a construgao, Em ambos locais no houve posteriormente nenhum trabalho de manutengao, sendo que hoje tais locais se encontram *Protessor Assistente- DEGEO-EMOP/UFOP 205 Foto 1. Ocupagio inadequada a montante da Santa Casa de Misericérdia, Passagem de Mariana. tomados pelo mato, com instalagdes complementares, como sistema de drenagem, obstruidas ou depredadas. Embora nao existam sinais de movimentago ¢ © aspecto das estruturas seja razoavel, o tempo decorrido da execugao da obra sugere que se faga uma avaliagio do comportamento dos tirantes. Como ‘estas obras envolvem diretamente o Patriménio Histérico, toda atengao deve ser dada a estes locais, MUROS TIPO GABIAO - Obra muito comum na cidade, estando as principais localizadas na entrada da cidade (Roa Pe. Rolim), na estrada que liga Ouro Preto a Passagem de Mariana e na Vila Sio José. Todos os locais sofrem problemas distintos. Os muros da Rua Pe. Rolim se encontram em bom estado, porém os terrenos contidos vem sofrendo alteragées antrépicas nos iltimos anos. Este mau uso de locais instiveis pode trazer consequéncias para as obras ‘No caso da Vila Séo José, os muros existentes (final da Rua Albino Sartori e Rua Orlando Ramos), servem para contengao e retengao de material arenoso existente montante (quartzito alterado da Formagio Taboses). Os locais, no entanto, Ja estio totalmente saturados, sendo que em ocasices chuvosas, as areias provenientes de montante atingem 0s logradouros, apés passarem sobre os muros e causam transtomos constantes ‘0s moradores proximos. ‘Mais grave ¢ a situagio de muro na estrada Ouro Preto- Passagem, onde um movimento de rastejo, que 6 ativado nos ppetiodos chuvosos, fez com que 2 massa deformasse e rompesse parcialmente 0 muro, que invadiu parte da pista. Embora_ varios ‘muros deste tipo jé se romperam ou estio deformados (Foto 4), colocando em tisco logradouros ¢ casas. Mesmo sendo 208, Foto 2. Ocupagao inadequada em talude de obra de ra Vila So José. Foto 4, Muro de pedra seca na Rua Vitorino Dias. problemas localizados, este pontos merecem Principalmente por se situarem na parte historiea da cide. INSTRUMENTOS DE CONTROLE - Em dc movimentos em 79 foram instalados inclinémettos == ios pontos eritcos. Entre os quais - Santa Casa, Igreja d Francisco, Igreja de St0 José e Igreja de Nossa Senhors <= Mercés. Nao existe em acompanhamento sistemético movimentagoes através destes aparatos salvo em situ especificas como na Igreja de Séo Francisco de Assis em (TECNOSOLO, 1988), Estes equipamentos so um excelente instruments monitoramento da estabilidade dos locais e nao se justifies <= desuso, uma vez. que seu custo de instalagao e utilizagao ns baixo. Além disto, em alguns locais como na Izreja de Sto Jo== ‘0s movimentos continuaram ¢ ainda colocando em risco ‘monumento. RISCOS E CONSEQUENCIAS © estado de abandono das obras citadas ¢ preocupa: pelos riscos envolvidos, nao sé em relagio a monument= histéricos, mas também pela populagao, Nao se sabe até onto tais obras suportariam novos eventos como os de 1979 = 1989, principalmente naquelas de mais dificil avaliag3c preliminar, como obras ancoradas. Na Santa Casa de Misericérdia, embora aparentement= nao grave, 0 aciimulo dos problemas localizados e a degrada REM: A. Ese. Minas, Ouro Preto, 45(1 @2):208-207, jan. jun. 1992 continua poderd trazer consequéncias desagradiveis, uma vez ue 0 local ¢ historicamente problemitico. A ocupagio de locais & montante na encosta, certamente contribui para a piora das condigécs. Pela importincia da Santa Casa para a cidade, medidas urgentes devem ser tomadas no sentido de restaurar as obras (drenagens e gabides), reforgé-las, reflorestar a encosta © remover as moradias & montante. 'Na Vila Sio José a situago € mais grave. A ocupagio indiscriminada da obra pode levar a repetigao do fendmeno’ de 79 pois a base do talude € instivel (Quartzito Tabodes) © a propria obra se encontra em estado precario em alguns pontes. As escavagdes também Ievarn a ocorréncia de instabilidades © 8 ceupagao na base do talude pode comprometer o sistema de drenagem obra consequentemente. Reeomenda-se a restauragio e limpeza da obra (drenagem) ca remigio total das ‘moradias ¢ quintais.clandestinos. As obras com ancoragem (Igrejas Sao Francisco, Mereés e outras), devem. ser vistoriadas por firma especializada, para verificar sua trabalhabilidade © seguranga, uma vez que sempre envolvem monumentos historieos © caso haja ruptura de alguma delas, os prejuizos serio incaleukiveis. Quanto aos muros tipo baigo, deve ser disciplinado © uso dos locais na Rua Pe. Rofim, pois o mal uso pode levar a sua desestabilizagao. Na Vila Sao José, deve ser verificada a possibilidade de alteamento dos muros, pois estes j& nao cumprem a fungao de reter material erodido, trazendo sempre transtoros para a populagao local. Na estrada Ouro Preto ~ Passagem de Mariana, 0 muro deformado deve ser reconsiruido, pois além da situagio atual provocar grande periculosidade naquele trecho da pista, sua ruptura pode interromper totalmente © trafego, pois a massa a se movimentar € muito grande, No caso dos muros de pedra seca, como sto muitos, justifica-se um programa de avaliagio de seguranga € riscos para se tomar medidas a curto e a médio prazo, no sentido de st tecuperagio, Deve ser lembrado que, embora poucos sejam de srrande porte (Rua Parané, Rua Getitio Vargas, Ponte Seca), @ grande maioria contém prédios e ruas historicas, sendo sua ruptura altamente prejudicial 4 cidade © & populasao. Os instrumentos de acompanhamento de movimentos devem ser avaliados quanto a sua utilizagio atual e se isto se fizer possivel, 0 acompanhamento sistemstico deve ser 8, Ouro Preto, A5(1 € 2}:205-207, jan. jun, 1992 reiniciado, pois os locais de instalagio sio os mais eriticos e a utilizagao deste aparato pode ser de grande valia na previsio solugao de riseos que ameagem os prédios ¢ Igrejas histéricas. CONCLUSOES A cidade de Ouro Preto vem sendo vitima do total abandono em quase todos 0s aspectos. Dentre estes, a seeuranca de monumentos ¢ logradouros, obtida por obras de contengao & um dos mais preocupantes. O abandono, mau uso de éreas adjacentes ou mesmo a ocupagdo destes loeais vem contribuindo para o aceleramento da degradagao das obras, podendo trazer como consequéncia sua ruptura ou inoperabilidade, com prejuizos materiais, culturais ¢ mesmo perda de vidas. Medidas emergenciais devem ser tomadas no sentido de recuperar as obras, disciplinar © uso de locais instaveis e remover moradores sob fisco. A manutengao ¢ vistoria das obras deve ser sistemitiea, assim como'o monitoramento do comportamento desias © dos locais eriticos onde se instalou instrumentagéo. As ‘obras de contengto, embora geralmente resolvam os problemas. de instabilidade, nao sao etemas e © seu abandono leva sempre 4 sua degradasio © inoperincia, trazendo de volta os riscos anteriores. & sta execugao. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS CARVALHO, E.T, - Geologia em dreas urbanas - uma experiéneia em Ouro Preto. In: Simpésio de Geologia de Minas Gerais, 3, Belo Horizonte, 1985. Anais... Belo Horizonte, Sociedade Brasileira de Geologia - Vol. 5, p.291 97 SOBREIRA, F.G. - Levantamento das areas de risco geolozice rno espago urbano de Ouro Preto. Fscola de Minas. Convéni UFOPIMinC. Relatorio Final de Projeto. Ouro Preto’ 1990 90 SOBREIRA, F.G., ARAUJO, L.G., BONUCELLI, Levantamento de solugoes estruturais para a contengao de encostas em Ouro Preto. Quro Preto. 1990 - 99p. TECNOSOLO - Relatérios diversos - 79-80. TECNOSOLO ~ Leituras de inclindmetro, Relatérie no, 1869) 88 (10.21). Ipreja Sao Francisco de Assis. UFOP/SFHAN/PMOP = Relatorios Parciais - Convénio UFOP/ SFHANIPMOP - Diversos 1982. - 1985 207 PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA oO ENFRENTAMENTO DO PROBLEMA DAS ENCOSTAS EM OURO PRETO. INTRODUCAO, A cidade de Ouro Preto tem sido paleo de ocorréncia de acidentes de origem geol6gica desde sua fundagao, inicialmente Cnineragoes e garimpos, até nas ultimas décadas em sua Ea urbana’ O crescimento desordenado e acclerado da cidade, S mat uso do meio fisico © ocupagao de areas inadequadas imenta exeepeionalmente os riscos e a possibilidade de SSrsineias de escorregamentos. O principal trabalho realizado Str o assunto foi a "Carta Geotécnica de Ouro Preto” Conatho, 1982), que zoncava os terrenos da cidade: quando a0 co (3 classes) © propunha medidas preventivas. Mais entemente, a UFOP, em convénio com o extinto Ministério Caltura realizou estudas apontando as areas de risco gcolégico tspago urhano © propondo solugoes estruturais para os locais js entices (Sobreira, 1990 © Sobreira, et al., 1990). Tais ‘altos alem de fornecerem um diagndstico geral da situagao idade, possibilitaram a proposigao de diversas medidas para S‘enfrentamento do problema, as quais sao apresentadas neste artigo. © PROBLEMA DA OCUPACAO DAS ENCOSTAS Os problemas decorrentes da ocupagao das encostas as cidades brasileiras ganham, com frequéneia, destaque nos news de comunicagao de massa, especialmente nos periodes Thuvosos. Entre estas cidades, sao mais destacadas Rio de Seneiro (Rd), VitSria (BS, Santos (SP), Olinda (PE) ¢ Salvador (BA). ‘A engenharia de eneostas tem sido objeto de estudos em vvirios renomados centras de pesquisa. Os problemas de Olinda Yim sido estudados por um grupo de profissionais de Geotcenis tir Universidade Federal de Pemambuco (Gusmio Filho, 1984) Na eidade do Rio de Janeiro, a Prefeitura Municipal criow, ha varios anos, o Instituto de Geotéenien e varias pesquisas Score o tema foram desenvolvidas em universidades como, por exemplo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a PUC {Barroso ct al, 1987, Sobreira, 1989). Problenias de instabifidade na Serra do Mar (SP) foram investigados pelo monstro sagrado da Meciniea dos Solos, 0 professor Terzaghi, e pelo Instituto de Pesquisas ‘Teenologieas Te Sao Paulo (IPT/SP), que desenvolve pesquisas até hoje (Ceri, 1990, Cerri et al, 1990). Até © presente, ninguém apresentou uma solu definitiva para'o problema da ocupagao ¢ uso inadequade, das encostas, sugerindo ser o tems de extraordinaria complexidade. Esta questao transcende a area técnica ¢ se entrelaga com problemas sociais, econdmicos, de transportes, ceologicos, paisagisticos, etc. ‘A catabilizagao das encostas de Ouro Preto, como, um todo, nao é possivel, no presente, pelas complexidades técnicas, pele inviabilidade econdmica, cte. Portanto, hi que se conviver Pom o problema, tentando minimizar os riscos de eatéstrofes, pois @ mancira segura de se evilat o perigo serie promover Femosao da populagao dos morros, © que parece inviavel no momento por motives sociais ¢ econdmices. Me et eve aer procediga umn clasificagao das cencostas quanto 20s riscos e viabilidade tenico-econdmica de Sha estabilizagao. Tal classificagao podera definir as diretrizes de um plano de agio. Assim sendo, este plano de agao deve ser Sbrangente (levando em conta aspectos téenicos, sociais, 208 ¢ Fredefico Garcia Sobreira” Luiz Gonzaga de Araiijo™* econdmicos, etc), havendo que conscientizar a popvlagio, os politicos e 0s govemantes. ‘Em Joeais onde os riscos sio eminentes, deveria ser proibida 2 construgio, usando até mesmo a forga se necessirio Fosse, porque “um dia'a easa cai” mesmo. Permiir ou incentivas, mesino na melhor das intengdes, as populagdes, @ ocupar Uesordenadamente 5 encostas da cidade, colocando em isco vida de familias inteiras € pelo menos um ato criminoso, PROPOSTA DE METODOLOGIA Cadastramento Detalhado das Areas de Riseo Este cadastzo deverd conter os seguintes elementos, dasicos: local tipo de problema deserigio dos riscos ‘medidas indicadas para estabilizagio sugestao de ago prioridade técnica ste elenco de informagdes constituir-se-i numa base valiosa para as decisdes da Prefeitura Municipal, perm um ttatamento global do problema 19 objetiva das agoes tomada de agoes emergenciais Conscientizagao da populagao © das comunidades em riseo da jnecessidade de agao da Prefeitura Municipal, inclusive dz interdigdo parcial ou total de algumas areas. Criagao de um setor de Geotecnia com elementos sabidamente capazitados para decidir sobre os problemas Geotéenicos. Este setor, além de participar do sistema de defesa civil, durante os periodos emergenciais, com vistorias de avaliagio Gos riscos e poder de interdigao dos locais eriticos teria outras atividades rotineiras de forma que todos os projetos de contengao f estabilizagao de encostas fossem analisados pelo sctor bem como todos os projetos de novas construgdes ¢ de manutengae Gas obras ja executadas. Os profissionais de engenharia civil € os arquitetos, antes da exceugio dos projetos, seriam orientados Sobre as melhores formas de ocupar um lote ou uma area, tendo fem vista os condieionantes. geologico-geotécnicos. Sistema de Defesa Civil Instalagéo de um sistema de defesa civil eficaz, que possa se organizar rapidamente nas situagoes de emergéncis, Po caso das encostas os periados chuvosos. Tal sistema contaria, lem do. poder piblico © corpo de bombeiros, com profissionais © voluntarios que, com a devida orientagio agilizariam as providéneias a serem tomadas. Neste sentido é importante 2 Elaboragao de um plano preventivo de defesa civil que leve em —_— SDEGEO-EMOPIUFOP. “DECIV-EMOPIUFOP. AEM: R.Ese, Minas, Ouro Preto, 45(1 ©2):208-209, nn iT - conta as condigoes de cada local ¢ sua correlagio com os indices phiviométricos, a exemplo do que vem senda feito na Serra do Mar € no litoral no Estado de Sao Paulo (Certi, 1990), Investigagées Geotécnicas Desenvolvimento de um programa de investigagio do ‘comportamento geotécnico das litologins das encastas de Ouro Preto, para a melhoria e 0 desenvolvimento de téenicas ma eficazes a serem empregadas nas obras de protegto e contengao dessas encostas. Deve ser realgado que esta atividede seria tipica de ser desenvolvida na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) mediante acordo celebrado com a Prefeitura Municipal Definisio do Modelo de Crescimento de Ouro Preto. Como se verifica, a solugio dos problemas das encostas da cidade & uma questio dificil tanto pelos aspectos téenicos como pela sua inter-relaga0 com aspectos politicos, sociais, de transporte, ecoldgicos, culturais de planejamento global, paisagisticos, econémicos, ete Mesmo se, por um passe de migiea, os problemas atuais fossem resolvidos, em seguida cles voltariam a aparecer em outres encostas vizinhas, talvez com maiores intensidades. Nestas condigves, possivelmente a populagio adjecente seria bem maior em relagio & de hoje. Os problemas, dai decorrentes, como estacionamento, transito, hospitals, ete., tomariam, entio, uma dimensio extraordiniria, Destas reflexdes resulta que hi nccessidade de se estabelecer um planejamento global, envolvendo pelo. menos a regido de Ouro Preto. Em fungio das diretrizes estabelecidas, poderia haver um reversio ‘do sistema de presses por consirugao na cidade, com reflexos positives na problemitica das encostas © na preservagio do Monumento Histérico Cul- tural Dentro deste contexto, um plano diretor municipal bem elaborado com rigida legislaggo cortelata, desempenharia um importante papel no sentido de minimizar a situagso ata CONCLUSOES/RECOMENDACOES A solugio definitiva dos problemas originados da instabitidade de encestas nos baios perifricos de Ouro Preto Darece ser a remogao das familias sob riscos, em alguns casos com a interdigéo parcial dos locais ¢, noutros, com a interdigao total, tendo em vista 0 alto risco envolvido ou a inviabilidade téenico-econdmica da implantagao de extensas estruturas de contengio ¢ da onerosa infra-estrutura necessira, j “Todavia, esta alterativa encontra restrigoes de ordem prtica tanto pelos cursos politicos, quanto pelo fato das pessons em tela no estarem diante do problema concreto da perda de sue moradia, seu bem mais caro, e da perda e entes querids. Porém, esta’ medida deve ser posta em pritica nos casos de extrema e comprovada gravidade Nao sendo aplicivel, no caso geral, a interdigdo, entao haverd que se tomar medidas preventivas © paliativas © conviver com os incémodos do problema, minimizando-se os riscos. ~ Os orgios responsiveis (IBPC c PMOP) pela agao fiscalizadora e normalizadora devem assumir seu ‘papel no controle da expansio perféren da cidade, sob o risco de serom -—responsabilizados pelo agravamento exponencisl do. problema Novos baitros estao surgindo como relimpagos, em | Iocais menos segures que aqueles de ocupagao mais antiga, E de se esperar um niimero crescente e mais frequente de problemas pelo grand> aumento da popilagao perferica, cije ago degradadora acelera os processos instabilizadores. ~ Recomenda-se & cFiagio de um setor de geoteenia na Prefeitura Municipal formado’ por profssionnis de reconhecida Ese. Minas, Ouro Preto, 45(1 € 2):208-208, jan, jun. 1982 competéncia que déem o necessirio suportes is decisoes politics na orbita do governo municipal (aprovagio de projetos, manutengio de obras, loteamentos, etc.) ~E absolutamente necessinis modelar 0 Futuro de Ouro Preto. A viabilidade de preservagio deste patriménio histérico- cultural & uma fungao deste modelo. A persisténcia do “status que” fatalmente agravari as condigées de estabilidade das encostas urbanas, a demanda da infra-estrutura, © trinsito, ete. ~ Consta nos relatérios da TECNOSOLO execulora de obras ¢ estudos em 1979, arquivados no IBPC, que varios instrumentos de campo foram instalados em vérios monumentos da cidade, para monitorar 0 comportamento dos macigos de fundagao. Portanto, recomenda-se que scjam providenciadas a leitura dos indicadores e a confeesao dos relatsrios pertinentes, Estes relatérios dario um valioso panorama das condigoes de seguranga e evolugao dos problemas de monumentos importantes da cidade. ~ A construgio, na cidade, em fungio da topografia reinante e do habito construtivo (escavagio) produz um grande volume de entulhos que é langado caoticamente pelos morros, Iargens de ruas ¢ de rodovias. Durante © periodo chuvoso, estes materiais sio carreados para as vias piblicas, fhixos de figua a jusante, etc., causando degradagao ambiental © toda sorte dé problemas. Portanto, recomenda-se a definigao de areas de bota fora por parte da Prefeitura Municipal e os construtores, a serem compelidos a langar nestas reas © material proveniente dos cortes e restos de construsio, BIBLIOGRAFIA BARROSO, J.A. et al. - Problemas de mapesmento geolSgico- geotéenico em encostas com favela de alta densidade opulacional. 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Ouro Preto. 1990. 99p, 200 igrasio das construsses ¢ a presenci da ante = "na parabélica Sobreira: perigo esti nas encostas Encostas tecem o drama social Q problema humano e social de Qu - ro Preto € ainda mais grave e urgente do que a questao cultural, vitima ora da ‘omissio ora da mé gestio dos podezes \iblicas. O aspecto mais perigoso the ~ Seupagao indiseriminada do exspago ur ano esta incidenté nos morros e enc: tas, onde antigamente funcionavam as tminas, Sao terras jamexidase sem esta: bilidade, sujetas a constantes desliz ‘mentos, ou aterros igualmente instéveis, feitos de entulhose mais terra revolvida, ‘As chuvas de fim de ano costumain provocar danos a estes novos bairros € comunidades. Segundo 0 professor de Ceologia da UFOP, Frederico Sobreira> a-chuva de 1979, que durou 40 di destruiu até na area do centro hist 0, que & mais estabilizada, e inclusive nas regides mais "ngbres” do municipio plangs e,de menor ris, Ja em deze 0 de 1989, choveu durante 10 dias se- guidos e as consequéncias foram eala mitosas, com centenas de desabrigados, desabamentos, deslizamentos de terras € até trés mortes por soterramento. Frederico Sobreira faz parte de um grupo de estudos da. Universidade que ‘mapeou Ouro Preto em suas areas de ris. 0, localizando pelo menos 20 de alto risco. Sao todas dreas habitadas pela po- Pulacdo pobre, que nao ha como despe- Jar nem para onde levar. Ha ainda mui- tas construgdes sobre bocas de min: 195 técnicos divergem sobre os 1sc0s qe oferecem aos moradores. De qualquer maneira, 6 preciso desenvolver umm & balho de informagao, conscientizayao e fiscalizacdo para disciplinar 0 uso do solo. ‘Uma consequéneia da mé utilizags: do espao ¢ a deterioracao ambien ‘que ameaca Ouro Preto como um todo. A grande remogao de material e 0 des ppejo de entulhovem lugares i podem provocar, a qualquer momento, O entupimento de canais e em seguida © alagamento de comunidades inteiras por gua e esgoto. Todos estes riscos fo~ ram avaliados pela comissio de trés pro fessores e quatro alunos da UFOP, que inicia agora um estudo das possiveis so-

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