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PruA Cosy (} SS NO FUNDO DO CANTO Odete Costa Semedo OINV) Od OGNNA ON PO Uae aL r09 ee) 2] 178) Tete e Dosys Heredes Mt Cabaeas ¢ Pano M Nandy lito Revisio Pinal dete Semodo coebeaaoiae Agradeco... Profundamente aos que contiibuiram para que a publica- gho deste Canto, no Brasil, se tornasse uma realidade: A Professora Iris Maria da Costa Amancio ¢ 4 Nandyala Editora por esta possibilidade de ver uma das minhas obras publicadas no Brasil, uma oportunidade muito singular para mim, A CAPES — CNPq pelaabolsa de estudos (Pés-Graduagio) ‘me ter proporcionado a vinda ao Brasil, Minas, e, em consequéncia, 0 encontro com pessoas ¢ instituig tornaram um sonho em realidade. Ao SIG/INEP, em especial ao Herculano Nhaga, pelo apoio na investigasio minuciosa sobre as localidades mais wu. A Fatima Aurora Mendes e a tio valiosas sobre as linhagens da Ao meu matido ¢ as minhas filhas, pelo apoio incondicional, pelo muito amor, disponibilidade € carinho que sempre meteci e venho merecendo deles O TEU MENSAGEIRO Nii te afas aproxima-te de mim traz.a tua esteisa e senta-te Vejo tremenda aflicio no teu rosto mostrando desespero das € 08 teus pasos sio incertos Aproxima-te de mim perguati-me e eu contar-te-ci pergunta-me onde mora o dissabor pede-me que te mostre © caminho do desassossego © canto do sofsimento porque sou cu o tcu mensageito Nao me subestim aproxima-te de niio olhes estas lagrimas descendo pelo meu rosto nem desdenhes as minhas palavras por esta minha voz trémula de velhice impertinente Aproxima-te de mim nao te afastes ver senta-te que a hist6ria nfo é curta 22 pL ee eae eee Bu TCHOLONADUR Ka bu lars pertu mi rasta stera bu sinta N odjau ku rostu fitidu ‘na mostra foronta buna ianda pes ka na iangasa tchon Pertu mi bu puntan n kontau Puntan pa moransa di kasabi pidin pa n mostrau kaminhu sin susegu kurba di suftimenti paki ami i bu tcholonadur Ka bu adjutin pertu mi ka bu djubi e larma ku na sian na rosta nin ka bu purfia nha kombersa pie nha fala tirmidu dibedjisa semprenti Pertu mi ka bu larsi bin... sinta, paki storia ka kurta 23 gtiivida de mentira A VELHA MUMOA MANDA A SUA FALA. substituisse mua e crua a nossa consteugio A velha Mum que das coi parecia saber com os olhos na pobreza uma orelha no siléncio das matas ¢ outta na high sociely quebrado pelo ruido babilénico do lugar comum € pelo zumbido do mundo... falou: —Venham até mim eu sou 0 caminho aberto as minhas portas cheirando a incenso ¢ alecrim estio franqueadas. .. E 0 passo certo para o mundo recto Nio dou nada sem que em troca receba algo Quem confiaz nas suas forcas eno seu jeito que se aproxime de mim e nada Ihe faltaré Os fidalgos da economia sio filhos meus A voz da velha seguiu-se uma geande ansiedade Movimentos corrida ‘A feira virou mercado omercado vitou mundo \guns perderam-se ‘a imensidio no calor da multidio A vor da velha continuow a chamar: — venham até mim. Eu sou a visio ‘ou a evasio? Eu sou 0 fututo ou um simples monturo? ‘Na sua nobre cadeira a velha mexeu-se e-voltou a mexer-se algo a perturbava acanseita a pobreza aescuridio os desvios de procedimentos A velha Mumoa calou-se quedou-se pensativa € como sempre nobre e altiva pediu siléncio a multidio: Um distinto cidadio aproxima-se Eram passos de alguém de muito peso um gigante talvez e vinha incisivo Escutemos 40 ei i ee > Por Isso... sILBNCTO! Siléncio! Vem ai o grande bandulho cabega de ago gigante das sete gargantas Desembarcou na terra prometida: ‘nos tentaculos pequenos obsticulos nos pés de barro botas de melago pata linguas de pelica De bandulho vazio quis encher a panca com poupanca Mis quilos arrecadar eta a esperanca engordar era 0 sonho do gigante das sete garpantas Noite vai dia vem cresceu a panca eas gargantas eram jf quantas? perdeu-se a conta e dos tenticulos também 41 O djuata mon da reconstrugio nacional E 0 vaticinio foi ganhando corpo © caminho de cada um cada vez mais longo ¢ penoso A noite cada vex mais e gentes SONS QUE SE FIZERAM OUVIR Pum-tua,.. ran-tun on... bum-bum... ffsssssss BUM. ..! Nio sio sons do pilio nem sons de tina ¢ cab espera de palmos pata responder As cantigas de mandjuandadi So sons 05 nossos filhos niio conhecem sons vibrantes de terror ecoando em cada sentido em cada coracio So sons macabros tenebrosos expulsando selviticas nuvens asfixiantes Sito sons do mensageiro da morte ‘ancia tambor do desconcerto 88 ‘Testemunhatio 0 acto 08 irans de Joao Landim de Bula e de Farim: Os de Geba Cacheu Wendu Leidi e Bruntuma nao faltario Os irmaos de Pecixe e de Jeta juntario os seus caminhos com os de Caié ¢ Calequisse Os de Canchungo e Batucar tomario a béngio em Bassatel Cé seri o ponto de encontro dos que sairio de Bula e Binar Hospedes de Bolor e de Bufa serio recebidos mas niio terio palavra nem os de Banta de Bessassema Cacine e de Cau has almas de Kansala e nem as ve E assim a lei no consilio dos irans Serf aceite por todos? A KONTRADA COMECARA O grande lugar de x6nia tronco de um velho poilio aguardava a ceriménia que abtirin 0 encontto Os fans chegaram 4 hora prevista cada um representando djorson cra a lei entendida por todas ¢ ninguém devia porfiar Bissau tomou a palavra cera a anfiteit Kumbu da mufunesa antro de desespero Fazia tempo no sabiam o que era uum pingo de cana derrumado manta ¢ esteira Fazia tempo nao sabiam o que era ser amado pelos filhos Fazia tempo ‘nao sabiam o que era puahado de arroz gua fria no chao 89 90 Que coisa atroz tio grande mufunesa filhos seus corriam de um lado para outro Bissau era culpada: coneluiam Ni ctiou bem os seus filhos latgou-os ao 1éu mal abencondos vagueando feito rastilhos debaixo de sol e serenu Eisses filhos desgracados porfiaram as suas raizes renegatam a verdade apostaram na mentira na calinia e lobo fez do seu manjat outro lobo QUANDO... De Saremorso a Oio de Mansoa a Corubal de Cotubal a Salanca passando por Geba dcixando atris de si testemunhos de Beafada que em trés se multiplicaram: Malobal, djorson das onc: Missene, djorson das jiboias Mabadje, djorson dos abutees reclamaram 0 diteito de participar do Consilio pois nfo foram convocados A otientagio do Consilio era dos Diagra, djosson das oncas ¢ dos Badjukumon de Orento djorson das hienas os lobos Os héspedes chegaram ao bantabé da kontrada eA volta do tronco ficaram a Onca de Gandembel, os Malobal a Jibéia, os Massenc, a © Obutre, os Mabadje Sob o poilio da reuniio a se contavam © Porco-formigueiro, os Bassuta a1 Carissimos BIssAU LEVANTA-SE Que pretendeis de mim afinal? Ver minhas botas ou ver-me pelas costas? Bissau escutou a sua irma Guiné Figa caahota toska matoska: vin os embrulhos abritem-se dagui no saio ante os seus olhos ) do meu trono ouviu o discurso proferido | ninguém me tita por um corpo sem cabeca futando contia a morte Bissau quis levantarse Soergueu-se pernas pesadas dormentes bragos descaides Sozinha nio eta capaz _ Derepente ) ‘outras miios / fizeram-na levitar Mios da Guiné? Sentiu-se leve leve | como li de polon ‘Teds Ongas de ar feroz 0 Potco-formigueiro... matuto aLebre... astuta © Macaco... égil o Abutre... persistente Cabra do mato... elegante e veloz o Lobo... matrciro ¢ tenaz Cayalo...ligeito e vistoso a Jibéia... serpenteante 158 © Hipopétamo... corpulento © Crocodilo... forte e pérfido 6 Pis-bus... vigoroso e potente 0 Sapo... satitio raga... muito ripida Ogubane com a sua destreza Ominga habilidosa Oracuma destemida Onoca coma sua luz Dabatchiat e Badingal experientes Bakapu felina Badapa atisca Bapusa altiva Baluk possante Babame e Bandika humildes Bamoio Bamedu atentas Batinatch rigorosa Todos... de fdalgos a servidores vviventes da terra do mar e do at beijaram o chio de brucos leyantaram os olhos a0 céa ‘nas guas do mar molharam as mios limparam os rostos Putificaram com agua doce e salgada ( Bissau e Guin enguanto sem cabega | ocorpo se debatia | a agonia De joclhos no'chio jutaram todos proteger Bissau e Guiné De costas ergueram Bissau e Guiné pateciam sumatima mais leves que uma pena Os irans das djorsons sentitam Guiné ¢ Bissau uma s6 erguendo-se com vigor reafirmando a sua forga ante 0 corpo finalmeate vencido O corpo sem cabega sucumbiu cremado As cinzas levadas pelo macaréu De maos juntas 08 irans pediram mais forca e mais vigor invocatam todas as energias do alto as profundezas do mar © 0 chao foi abencondo 159

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