Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Criminologia No Estado Democrático de Direito - Sistemas de Prevenção Do Delito
Criminologia No Estado Democrático de Direito - Sistemas de Prevenção Do Delito
CRIMINOLOGIA
NO ESTADO
DEMOCRÁTICO
DE DIREITO
@prof.diegopureza
/profdiegopureza
Página 1 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
Sumário
SISTEMAS DE PREVENÇÃO DO DELITO ............................................................................ 3
Prevenção Primária ..................................................................................................................3
Prevenção Secundária ..............................................................................................................4
Prevenção Terciária ..................................................................................................................4
Prevenção Situacional ..............................................................................................................5
MODELOS DE REAÇÃO AO DELITO................................................................................... 6
Modelo Clássico, Retributivo ou Dissuasório ...........................................................................6
Modelo Ressocializador ...........................................................................................................7
Modelo Integrador, Restaurador, Consensual de Justiça Penal, Justiça Negociada,
Consensual de Justiça Penal ou Justiça Restaurativa ...............................................................7
CRIMINALIDADE DE MASSA, MODERNA E ORGANIZADA ........................................................ 8
Criminalidade de massa ...........................................................................................................8
Criminalidade organizada .........................................................................................................8
Como os pontos se conectam? ................................................................................................9
TEORIAS LEGITIMADORAS DA PENA................................................................................ 9
Teorias Absolutas ou Retributivas ............................................................................................9
Teorias Relativas, Preventivas ou Utilitaristas ........................................................................10
CIFRAS/CORES CRIMINAIS E ESTATÍSTICA CRIMINAL ............................................................ 11
Cifra negra (cifra oculta) .........................................................................................................12
Cifra dourada .........................................................................................................................12
Cifra cinza ...............................................................................................................................13
Cifra amarela ..........................................................................................................................13
Cifra verde ..............................................................................................................................13
Cifra azul (Crimes de colarinho azul) ......................................................................................14
Cifra rosa ................................................................................................................................14
Cifra branca ............................................................................................................................14
Cifra vermelha ........................................................................................................................14
Página 2 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
Prevenção Primária
É considerado por muitos como a prevenção genuína, por excelência, já que se propõe em
atuar sobre as causas do delito.
É importante destacar que fatores externos ao criminoso podem influenciar ou criar o
ambiente propício para a criminalidade. Não como fatores decisivos, mas é inegável a influência
de tais fatores.
Estamos falando de diversos valores que em um Estado Democrático de Direito representam
direitos e garantias fundamentais de todo cidadão (que, na prática, sabemos que apenas parcela
minoritária acaba por receber do Estado boa parte do provimento desses direitos), tais como o
direito à vida, a educação, ao lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, etc.
É justamente por esse motivo que é correto afirmarmos que a prevenção primária incide
sobre as causas do delito, pois a sua finalidade é a concretização de direitos fundamentais de
todos.
A ideia é que quanto menor for a desigualdade social, mais eficiente será a prevenção da
criminalidade.
Página 3 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
Com isso, podemos destacar como principais características das Prevenção Primária:
➢ Possui como destinatário toda a população: demandando investimentos de alto
custo e exigindo paciência para a percepção dos resultados positivos;
➢ São responsáveis pela concretização os administradores públicos: Presidente da
República, Governadores e Prefeitos são exemplos de responsáveis incumbidos pela
concretização da Prevenção Primária, devendo incidir sobre as raízes do problema;
➢ Visa garantir a concretização de direitos fundamentais como forma de diminuir a
desigualdade social;
➢ Exige o protagonismo do Estado, com exceção do Sistema Criminal de Justiça;
➢ Trata-se de instrumento preventivo de médio a longo prazo.
Prevenção Secundária
É a forma de prevenção mais presente nas ações estatais, especialmente pelas forças de
segurança pública.
Caracteriza-se pela incidência na iminência do crime ou em momento logo posterior,
conduzindo a atenção e forças para o momento e local em que o crime é praticado.
Importante destacar que o foco da Prevenção Secundária recai sobre setores sociais que mais
podem sofrer com a criminalidade, e não sobre o criminoso propriamente dito, relacionando-se
com ações policiais, programas de apoio e controle das comunicações, dentre outros
instrumentos seletivos de curso a médio prazo.
Vale destacar as principais características da Prevenção Secundária:
➢ Possui como foco regiões e grupos sociais considerados vulneráveis e com maior
probabilidade para a criminalidade;
➢ Se traduz em prevenção e combate à criminalidade: a mera presença de uma viatura
policial poderá ter a força de inibir a prática de crimes e, em se tratando da prática de
crimes, as forças policiais poderão combate-los evitando um mal maior – a partir desta
noção, se conclui que o aumento do efetivo policial, reaparelhamento das polícias,
políticas públicas dirigidas a grupos de risco ou vulneráveis (alcoólatras, usuários de
drogas, vítimas de violência doméstica e familiar, dentre outros), são exemplos de
fortalecimento de políticas de Prevenção Secundária;
➢ Visa prevenir a prática de crimes em sua iminência ou diante de sua prática;
➢ Exige protagonismo do Estado, especialmente com enfoque nas forças de segurança
pública e Sistema de Justiça Criminal;
➢ Trata-se de instrumento de curto a médio prazo.
Prevenção Terciária
Página 4 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
Exemplos: condenado que cumpre pena privativa de liberdade (reclusão); Condenado que
cumpre o pagamento de prestação de serviços comunitários e pagamento de cestas básicas
como pena alternativa, etc.
Em síntese:
Prevenção Situacional
Página 5 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
enquanto para a Prevenção Situacional o crime é enxergado como uma escolha puramente
racional e instrumental.
Essa relação custo-benefício considera a conjugação de três elementos:
• Criminoso ou ofensor motivado (vontade de praticar crime);
• Alvo alcançável (vítima e/ou bem jurídico expostos);
• Ausência de vigilância (inexistência de fatores de inibição de crimes, a exemplo de
falta de policiamento ou câmeras de monitoramento).
Dessa forma, para L. E. Cohen e M. Felson, a prática de crimes pode ser evitada com a
implementação de mudanças nos padrões de atividades cotidianas das pessoas. O objetivo será
atacar ao menos um dos elementos acima, reduzindo, na medida do possível, as oportunidades
e vantagens de se praticar delitos.
São, portanto, exemplos de medidas de prevenção de crimes para a Prevenção Situacional:
aumento do policiamento nas ruas; fortalecimento das relações de controle social informal
(coesão social das comunidades, estreitamento dos laços comunitários, etc.); educação e
difusão da informação sobre a importância da aplicação da lei, dentre outros.
Fruto da Escola Clássica, possui como base a punição do delinquente que, por sua vez, deve
ser intimidatória e proporcional ao dano causado. Paga-se o mal causado pelo criminoso com o
mal da punição estatal (retribuição).
A ideia é que com a retribuição, a pena passaria a ostentar caráter dissuasório, intimidando
psicologicamente os demais membros da sociedade a não delinquirem com base no medo pelo
castigo.
São protagonistas desse modelo: o Estado e o delinquente (a sociedade e a vítima são
alocadas em posições secundárias, por vezes esquecidas).
Cumpre destacar que o Modelo Retributivo não se preocupa com a ressocialização do
delinquente ou mesmo com a possibilidade de reparação dos danos suportados pela vítima,
limitando-se no caráter punitivo.
Atenção! Apesar de aparentemente severo, as sanções penais em tal modelo são aplicadas
somente aos imputáveis1 e semi-imputáveis2, sendo que os inimputáveis3 são submetidos a
tratamento psiquiátrico.
Página 6 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
Modelo Ressocializador
Modelo que segue em caminho diametralmente oposto ao anterior, apresenta a pena com
caráter utilitário, visando a reinserção social do condenado (prevenção especial positiva),
afastando o caráter retributivo-castigador da pena.
Justamente por intervir na pessoa do delinquente positivamente, é considerado pela
doutrina como o modelo humanista de reação ao delito.
Segundo o presente modelo, a participação da sociedade no processo de ressocialização é
fundamental, especialmente visando afastar estigmas e preconceitos (que, para alguns, é fator
criminógeno).
Página 7 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
Criminalidade de massa
Em síntese, perceba que a criminalidade de massa traduz o conceito dos crimes de colarinho
azul, reportando aos delitos cometidos por indivíduos desfavorecidos social, intelectual e
economicamente.
Criminalidade organizada
Página 8 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
de infrações consideradas graves. Essas características estão presentes na maioria dos conceitos
existentes de organização criminosas.
O grande desafio do Estado versa sobre as investigações e como identificar os membros
das organizações criminosas. Na prática, a criminalidade organizada se reinventa, fere de forma
intensa bens jurídicos difusos e coletivos, e só depois, com bastante atraso o Estado entende o
modus operandi e como evitar outros possíveis delitos, posteriormente, a criminalidade
organizada se reinventa e cria novos meios para continuarem delinquindo.
Fruto da Escola Clássica e fortemente influenciada pelas filosofias de Kant e Hegel, as Teorias
Retributivas buscam retribuir o mal causado pelo delinquente com base em sua culpa moral.
Parte do pressuposto de que, uma vez que o sujeito utilizou o livre-arbítrio para praticar o
mal, deverá receber também o mal como resposta estatal.
A pena passa a se justificar como quia peccatum est (“pune-se porque pecou”).
A essência desse pensamento encontra-se na vingança, na retribuição do mal causado pelo
delito que antes era promovida pela vítima ou familiares desta (Era da vingança privada), e agora
passa a ser exercida pelo Estado.
Vale destacar que a Constituição Federal Brasileira de 1988 apresenta reflexos das teorias
retributivas (assim como o Código Penal Brasileiro, conforme destacaremos adiante), como
medida de justiça na correta aplicação da pena. Cite-se:
Página 9 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
Prevenção Geral
Falamos em negativa pois o recado para os demais membros da sociedade é para NÃO
delinquirem.
Com isso, a pena precisa ostentar característica intimidatória, na busca de desestimular os
cidadãos a praticarem crimes.
Não há a preocupação em educar o cidadão com base em valores morais, limitando-se em
desestimulá-lo por meio do medo, intimidação, demonstração de que o crime não compensará
diante da pena sendo aplicada à um semelhante que delinquiu.
Considerando o fato de que o Estado, em regra, detém o monopólio do poder de punir, bem
como é o responsável por garantir a segurança e ordem social, a pena passa a servir também
como o meio de manutenção dessa ordem.
Logo, a pena deverá ser aplicada visando o reestabelecimento da credibilidade estatal – já
que o Estado fracassou em prevenir o crime, deverá reconquistar a confiança do corpo social ao
aplicar a pena sobre o transgressor.
Prevenção Especial
Página 10 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
Cediço que mais cedo ou mais tarde o condenado alcançará a liberdade e retornará ao
convívio social. Voltando a sociedade, apenas a ideia de não delinquir mais é insuficiente, pois
será necessário retomar (ou criar) laços afetivos, ocupações lícitas como o trabalho, etc.
Daí surge a prevenção especial positiva com a ideia de ressocialização do condenado,
visando torna-lo apto ao convívio social.
A ideia da ressocialização é reforçada especialmente com o correto cumprimento da
Prevenção Geral Positiva, já que o corpo social cumpre importante papel no processo de
ressocialização, recebendo os ressocializandos sem preconceitos e estigmas.
Página 11 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
É também chamada de Zona Escura, Dark Number, Ciffre Noir ou Criminalidade oculta.
Conforme já destacado, trata-se da diferença entre a criminalidade real e a efetivamente
registrada.
Em outras palavras, são os crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades públicas.
Isso pode acontecer por diversos motivos, valendo mencionar alguns exemplos:
➢ Crimes contra a honra: ao exemplo de discussões entre parentes ou vizinhos em que há
comumente ofensas (crime de injúria) e que não chegam ao conhecimento da polícia
por se tratar de algo pouco relevante e costumeiro para os personagens do conflito;
➢ Crimes contra a dignidade sexual: pela própria natureza dos crimes contra a dignidade
sexual, ao exemplo do estupro, muitas vítimas constrangidas e envergonhadas preferem
não contar à ninguém sobre o fato que a vitimou;
➢ Crimes de “colarinho branco”: crimes praticados pela elite empresarial ou por parte da
casta política dificilmente se tornam conhecidos. Muitos não chegam nem ao menos a
serem investigados.
Cuidado: os crimes de cifra negra, que é gênero, podem ser conjugados com outras cifras. É perfeitamente
possível, por exemplo, a prática do crime de corrupção por um político ou por um empresário (cifra
dourada) e que não chega a ser registrado, tampouco chega ao conhecimento das autoridades públicas
(cifra negra). Logo, para fins de concurso público, é importante observar sobre qual detalhe o examinador
concentrará o enfoque.
Cifra dourada
Página 12 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
Exemplos: Crime de lavagem de capitais (Lei 9.613/98); crimes contra o Sistema Financeiro
Nacional (Lei 7.492/86), crimes contra a ordem tributária, contra a ordem econômica e relações
de consumo (Lei 8.137/90), etc.
Cifra cinza
Frutos de ocorrências que até são registradas porém não se chega ao processo ou ação penal
por serem solucionadas na própria Delegacia de Polícia, seja por existir a possibilidade de
conciliação das partes, evitando assim uma futura denúncia, processo ou condenação
elucidando ou solucionando o fato, seja por desistência da própria vítima em não querer mais
fazer a representação do B.O. registrado por alguma razão não chegando aos tribunais.
Temos alguns exemplos em nosso ordenamento jurídico:
Exemplos: retratação da vítima retirando a representação em crimes de ação penal pública
condicionada (art. 5º, §4º c/c art. 24, ambos do Código de Processo Penal); hipóteses de perdão
do ofendido, renúncia ou perempção nos crimes de ação penal privada; aplicação de medias
despenalizadores previstas na Lei 9.099/95 como a Composição Civil dos Danos, Transação Penal
ou Suspensão Condicional do Processo, etc.
Podemos citar também como exemplo, porém com ressalvas, casos relacionados à violência
doméstica e familiar contra a mulher, pois, atualmente, em crimes perseguidos mediante ação
penal pública condicionada à representação da vítima, a retratação só é permitida quando
realizada em audiência especialmente designada para tanto, perante o juiz, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Após a conjugação de todos os
requisitos, teremos a extinção da punibilidade do agressor e estaremos diante de um crime de
cifra cinza (crime foi registrado, todavia, finalizado antes do início da ação penal).
Cifra amarela
Cifra verde
Consiste nos crimes que não chegam ao conhecimento policial e que a vítima diretamente
destes é o meio ambiente.
Exemplos: maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domesticados, pichações de paredes,
monumentos históricos, prédios públicos; poluição em níveis excessivos, etc.
Página 13 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
São fatos que representam grandes dificuldades de se identificar a autoria delitiva por não se
encontrar mais o criminoso no local dos fatos, estando assim isento da punição (pena) pelo
crime praticado.
Trata-se do oposto dos crimes de cifra dourada. Crimes de cifra azul (ou blue colar crime) são
aqueles praticados pelos mais pobres, pertencentes às classes menos favorecidas
economicamente.
Tem origem na revolução industrial, nos EUA, em que os operários utilizavam uniformes
característicos, que os distinguiam dos patrões (utilizavam macacões com colarinho azul). Eram
trabalhadores que pertenciam às classes econômicas inferiores.
Tal expressão já foi, inclusive, utilizada pelo Supremo Tribunal Federal, valendo citar o
respectivo trecho proferido no caso da Ação Penal 470 (“Mensalão”), pelo Ministro Luiz Fux:
“O desafio na seara dos crimes do colarinho branco é alcançar a plena efetividade da tutela
pena dos bens jurídicos não individuais. Tendo em conta que se trata de delitos cometidos
sem violência, incruentos, não atraem para si a mesma repulsa social dos crimes do colarinho
azul”.
Exemplos: a doutrina menciona diversos crimes contra o patrimônio praticado pelos mais
pobres, como furto, roubo, estelionato, dano ao patrimônio, etc.
Cifra rosa
Cifra branca
Cifra vermelha
Página 14 de 15
Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Criminologia no Estado Democrático de
Direito
com as mesmas características, armas, modo de execução, etc., de modo a deixar a própria
marca.
Exemplo: assassino em série que mata vítimas com características físicas semelhantes (ruivas,
morenas, loiras, etc.); sujeito que passa a assassinar todas as pessoas que conhecem os crimes
de colarinho branco por ele praticados como forma de alcançar a impunidade.
Advogado.
Página 15 de 15