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5s LAS. Boom, JJ. Man & M.F. Caso? ‘© Child Behavior Checklist (CBCL) 6 um questionério que avalia ‘competéncia social e problemas de comportamento em individuos de quatro a 18 anos, a partir de informagses fomecidas pelos pais ‘A presente pesquisa uilizou a avalia¢io psiquidiica como padrio para determinar a validade da versto brasileira do CBCL. Com o cconsentimento dos pais, pediatras da Escola Paulista de Medicina cenceminheram aleatoriamente pacientes ambulatoriis para parti- cipar do estudo, Um total de 49 eriangas de ambos os sexos, com Jdade entre quatro ¢ 12 anos completaram todas 2s etapas da pes- (© CBCL fei aplicado a pais por pessoa leiga previamente trcinada na administeagzo do questionsrio cas crangas foram ava- Jiadas pos psiquiatra infantil, sem conhecimento prévio dos resul- tados do CBCL. Criangas com um ou mais diagndsticos psiquitri- ‘cos segundo os eritérios da 10*edigo da Classificapio Internacio nal de Doengas (CID-10) foram consideradas “casos”, sendo re- sistrados os niveis de gravidade dos distirbios. Criangas com pelo ‘menos um dos perfis do CBCL (social e/ou comportamental) em nivel clinico foram classificadas como “casos”. Os pontos de corte fem escores T utilizados para a elasificagio ds amesira em cate- orias clinica e nfo elfnica correspondem ao percentil 90 para Total de Prablemas de Comportamento c 20 percent 10 para Compe- ‘éncia Social Total, ambos percents obtides em amostras de crisn- «25 da populagto geral americana. A versio brasileira do CBCL. alcancou boa sensibilidade (87%), idemtificando corretamente 75% das casos leves, 95% dos moderados ¢ 100% dos casos graves. O cestudo examina variagdes nos fadices de validade do CBCL em funglo de alteragSes no cfitério de teste-positividade do instru- mento ¢ de modificagies no critério de morbidade uiitizado pela avaliagio psiguidirica.O trabalho também desereve 0 processo de adaptagio cultural do CBCL em nosso meio, visando sua aplica lidade em populagdes de nivel socioecondmico baixo, Validation of the Brazilian version of the Child Behavior Check- fist (CBCL) The Child Behavior Checklisi (CBCL) is @ standardized parent report questionnaire designed fo assess social competencies and behavior problems in children 4 to 18 years of age. The Brazilian version of the CBCL was validated by comparison with a child psychiatrist's elinical evaluation. Pediatricians from Escola Pauli. ‘a de Medicina randomly asked parents of outpatients to partici- 1. Psiquatra infantil do Departamento de Priquiatra e Psicologia MéGica ‘6a Escola Paulista de Medicina (EPM). 2. Profesor adjunto do Departamento de Psiguiatriae Peicologia Médica (2 EPA: pesquicador CNPQIC. 13. Asistente de Pesquisa no Departamento de Priguiatia ¢ Picologia ME tice da BPM, Validagao da versio brasileira do “Child Behavior Checklist” (CBCL) (nventario de Comportamentos da Infancia e Adolescéncia): dados preliminares pate in the stay. Complete information was gathered on 49 pedia- tric patients, boys and girls aged-4-12 years. The CBCL was ap- plied by a trained interviewer, and children were evaluated by a child psychiatrist blind to the questionnaire results. Children with ‘one or more psychiatric diagnases according 10 the International Classification of Diseases (ICD-10) were considered “eases”, and severity of disorders was determined by clinical judgement. Chil- dren with total behavior problem T-scores or total social comipe~ tence T-scores in the clinical range were classified as “cases” by the CBCL. The 90th percentile of total behavior problem T-scores and the 10th percentile of total social competence Tscores in the American normative sample were used as cut-off points to demar- ‘cate the clinical range. The Brazilian version ofthe CBCL achieved high sensitivity (87%), correctly identifying 75% ofthe mild cases, 95% of the moderate cases, and 100% of the severe ones. Validity varied according to different definitions of normal and clinical categories of the CBCL, and changes in the psychiatric morbidity criteria. In addition, the study describes the process of adapting the CBCL tothe social and cultural context of low income Brazilian Families. Palavras-ctaves: Epidemiolopiapsiguiderica; Pscopatotgie nfl: Pi- quiaria infant Key words: Prychiari epidemiology: Child psychopathology: Child pxy- ehiarrs. INTRODUGAO OCBCL € um questionécio que avalia competéncia social © problemas de comportamento em criangas ¢ adolescentes de quatro a 18 anos, a partir de informagbes fornecidas pelos pais (ACHENBACH, 19918) O CBCL destaca-se entre os inventérios de comportamen- tos mais eitados na literatura americana, pelo rigor metodo- Tégico com que foi elaborado, por seu valor em pesquisa ¢ utilidade na prética clinica. As escalas do CBCL fornecem cobertura ampla dos sintomas psicopatol6gicos comumente encontrados na infancia ¢ adolescEacia, sio melhor desen- volvidas e padronizadas que as demais escalas moltfatoriais, existentes eapresentam boa validade ¢ confiabilidade (BARK- LEY, 1988), © CBCL jf foi traduzido em mais de 30 idiomas ¢ tem sido empregado internacionalmente em pesquisas que envol- vem epidemiologia, diagndstico, taxonomia, etiologia, com- paragGies entre culturas ¢ avaliaglo da eficécia de procedi- mentos terapéuticos. Além de sua utilidade em pesquisa, res- saltamos as aplicagdes préticas do CBCL nos servigos de satide mental, elfaicas peditricas ¢ escolas, como instrumento de rastreamento capaz de discriminar individuos com patologia ¢ individuos normais (COSTELLO c EDELDROCK, 1985; ‘COSTELLO e col. 1988 e ACHENBACH, 1991). DESCRICAO DO CBCL OCBCL é composto de 138 itens: 20 destinados’ avaliago a competéncia social da crianga ou adolescente ¢ 118 rela- tivos & avaliagdo de seus problemas de comportamento, ‘Competéncia social s 20 itens relatives & competéncia social referem-se 30 cenvolvimento da crianca ou jovem em diversas atividades (sports, brincadeiras, jogos, passatempos,trabathos ¢ tare fas), participagio em organizagGes grupais (clubes ¢ times), rolacionamento com pessoas (familiares, amigos ¢ outras criangas ou jovens), independéncia no brincar ou trabalhar © desempenho escolar (aproveitamento nas diverses matérias, repeténcia e necessidade de classe ou escola especial). | A maioria dos itens sociais exige que os pais comparem os omportamentos do filho com 0s de outras eriangas da mesma idade, identificando-os como abaixo, acima ou dentro da mé= dia. As comparagSes sfo efetuadas em relagdo a0 tempo de- ames << <8 aes <= <4] Problemas de comportement: Esealasindivieuais 7 © 267 2oessi 363 200 1a ABP-APAL 17 (2), 1895 peténcia Social Total com escore Tem nfvel clinica, Da mesma forma, os individuos podem sex considerados elfnicos nas escalas comportamentaisindividuais, em apresentar Total de Problemas de Comportamento com escore T em nfvel clf- Desenvolvimento do CBCL Tniclalmente, (oi criado um inventétio de comportamentos para ser preenchido com dados de prontuérios (ACHENBACH, 1966). No decorrer do tempo, este inventério foi adaptado para ser aplicado a pais (ACHENDACK, 1978) ¢ utilizado em estudos epidemiol6gicos para a construgio dos perfis social «© comporiamental (ACHENBACH ¢ EDELBROCK, 1983). (Os perfis do CBCL foram constraidos a partir da aplicagzo do instrumento em dois grupos populacionais na faixa etd de quatro a 16 anos: grupo I (2.300 eriancas © adolescentes encaminhados 2 42 ambulatérios de sade mental) e grupo TI (1.442 individuos da comunidade, sem atendimento psicol6. ico ov psiquistrico havia pelo menos um ano) (ACHENBACH eBDELBROCK, 195). Devido & baixa feeqliéncia de problemas de comportamento ta populagio geral, foi necessério avaliar uma amostra de pacientes elinicos (grupo 1) para que sindromes clinicamente significativas fossem detectadas. No entanto, como toda crian- 8 apresenta algum problema de comportamento sem que isso implique psicopatologia, foi necessério estabelecer pa- timetros de normalidade (padres de comportamento encon- trados no grupo II), que servissem de comparagio 20s com- portamentos observados em determinado individuo, para a ‘onstatagdo ou nao de desv Em 1983, foi publicado 0 “Manual for the Child Behavior Checklisd4-16" (ACHENBACH ¢ EDELBROCK. 1983), contendo a versio do CBCL para a faixa etiria de quatro a 16 anos. Em 1991, esta versio foi revisada, passando a abranger a faixa etdria de quatro a 18 anos. Apenas detalhes do questio- nirio foram modificados, porém as escalas sofreram altera- 8es bastante signficativas (ACHENBACH, 1912). Foi estabe- lecida a categoria limitrofe para os peris social ¢ comporta- mentale criadas as chamadas “cross-informant syndromes” Estas so consttuidas de itens presestes nas sindromes de mesmo nome, de pelo menos dois destes trés instrumentos: CBCL. TRF (Teacher's Report Form: ACHENBACH, 191) € YSR (Youth Self-Report; ACHENBACK, 191) (ACHENBACH 13918) Yalidade do CBCL Validade de conteido —ACHENBACK comparou dois grupos demograficamente equivalentes de criangas e jovens: enca- minkados e no encaminhados a servigas de sade mental. O aur observou que os encaminhados ofxveram escores signi- ficantemente (p < 0,01) menores para os itens sociais (reve- lando desajuste social significantemente (p <0,01) maio- res para os itens comportamentais (revelando problemas de comportamento) A validade de conteido do CBCL ficou de- \Velidagdo do “Child Behavior Checklist” a smonstrada & medida que seus itens foram capazes de detectar desajuste social e problemas de comportamento significativos do ponto de vista clinico (ACHENDACH e EDELBROCK, 1983) Validade de construo ~ A validade de construto reflete a extensio com que um istrumento mede uma construgio te6- rica como, por exemplo, sindrome psiquidtrica. A validade de consteuto foi confirmada pelas correlagdesestatisticamente significantes (p < 0,000!) encontradas entre escalas compor- tamentais do CBCL eescalas comportamentais de outros ins- trumentos, como 0 Questionétio para Pais de Conners (CON- NERS, 1973) € 0 Inventrio de Problemas de Comportamento Revisado de Quay-Poterson (QUAY e PETERSON, 1983). As Cor- relagbes de Pearson obtidas para as escalas do CBCI. varia- ram de 0,56 a 0,86 em relagio as escalas de Conners ¢ de (0,52 a 0,88 em relagio as escalas de Quay-Peterson (ACHEN- BACH. 19918). Validade de crtério ~ ACHENBACH utilizou 0 eritério de morbidade encaminkamento para servicos de saiide mental como parmetro para determinar o grau com que cada escala do perfil social e comportamental era capaz de identificar corretamente casos (individuos encaminhados a servigos de sade mental) ¢ nfo casos (individuos nio encaminhados servigos de satide mental). Quando ACHENBACH considerou teste-positives os individuos com perfil comportamental cli- nico e teste-negativos aqueles com perfil comportamental no elinico, enconizou sensibilidade de 68% e especificidade de 82% para 0 CBCL. No entanto, 20 considerar teste- positivos os individuos com pelo mends um dos perfs (social c/ou comportamental) clinic, ¢teste-negativos aqueles com ambos os perfisnio clinices, notou aumento de sensibilidade (82%) ¢ diminuigdo da especificidade (70%) (ACKENBACH, Validade entre culturas — As sindromes derivadas empi camente de estudos populacionais americanos através de ané- lise multifatorial encontram equivalentes em outros paises, apesar das diferengas culturais e idiométicas. Para meninos emeninas de seis a 1! anos, cinco entre oito s{ndromes des- critas por ACHENBACHe EDELBROCK (1983) apresentaram 55% ‘80% de’itens em comum com as sindromes obtidas no Chile (MONTENEGRO, 1983). Para meninas de 12.2 16 anos, todas as ito sfndcomes descrtas por ACHENBACK € EDELBROCK (1983) cencontraram equivalentes na Holanda (ACHENBACH ecol. 1987 ¢ VERHULST e col 1988). Para meninos de seis a 11 anos, seis entre nove sindromes descritas por ACHENBACH © EDELBROCK (1983) encontraram equivalentes entre norte-americanos, ho- landeses ¢ israclenses (AUERBACH € LERNER, 1990). E possfvel inferir destes resultados que a validade entre culturas do CBCL garante a comparabilidade dos trabalhos realizados por diferentes pafses (VERHULST KOOT, 1992). Confiabilidade do CBCL. 0 termo confiabilidade (reliability) refere-se & reproduti- bilidade de resultados. ou seja, a concordancia existente entre 58 Volidagio de “Chi repetidas abordagens de um fendmeno, quando o fendmeno permanece constante (ACHENBACH, 1912). Quando instrumen- {os slo administrados por entrevistadores, € importante saber com que grau de similaridade os dados sio obtidos por dife- rentes entrevistadores (confiabilidade entre entrevistadores). Quando um instrumento € auto-administrado, é importante saber com que grau de similaridade os escores sio obtidos a partir do mesmo informante no decorrer de um tempo, du- rante o qual mudancas de comportamento ndo sto esperadas (confiabilidade teste-reteste). Considerando os escores obtidos em cada um dos itens sociais e comportamentais do CBCL, a confiabili entrevistadores ¢ a confiabilidade teste-reteste com de uma semana foram confirmadas por coeficientes de cor- relagio intraclasse maiores que 0.92. (p < 0,001). Levando em conta os escores das escalas sociais e comportamentais do CBCL, aconfiabilidade teste-reteste com intervalo de uma semana foi confirmada por média da correlagio de Pearson igual a 0,87 para Competéncia Social Total ¢ de 0.89 para Total de Problemas de Comportamento. ‘O estudo aqui apresentado tem os seguintes objetivos: 1) vetificar a validade do CBCL em relagio aos critérios diag- nésticos da CID-10 e niveis de gravidade dos distirbios psi 4quidtricos; 2) avaliar a sensibilidade e especificidade do CBCL segundo diferentes critérios de teste-positividade; 3) apontar as modificacbes introduzidas no questionério durante © processo de traducio ¢ adaptagio cultural do CBCL em nosso meio; ¢ 4) esclarecer diividas freqlentemente encon- ‘radas na aplicagao do instrumento. METODO. A presente pesquisa utilizou a avaliagio psiquistrica como padrdo para determinar a validade da versio brasileira do CBCL, avaliando sua sensibilidade (capacidade para identi- ficar 0s casos como teste-positivos) e especificidade (capa- cidade para identificar os ndo casos como teste-negativos), Pacientes pedidtricos (N = 49) de ambos os sexos, com ‘dade entre quatro e 12 anos foram avaliados através de d procedimentos: aplica¢ao do CBCL por entrevistadora leiga ec avaliacio psiquistrica realizada por psiquiatra infantil, sem conhecimento prévio dos resultados do questiondrio, Durante dez meses consecutivos, pacientes pedistricos foram encaminhados aleatoriamente a0 Ambulat6rio de Psi uiatria Infantil do Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da EPM. ito pediatras participaram da pesquisa: cinco do Servigo de Pronto Atendimento do Departamento de Pediatria da EPM e trés do Centro de Saside do Departa- ‘mento de Medicina Preventiva da EPM. Os encaminhamentos foram realizados com 0 consentimento dos responsive, pre~ viamente esclarecidos a respeito dos propésitos da pesquisa (conhecer os comportamentos e as caracteristicas familiares de eriangas atendidas naquele servigo). Behavior Checklist” Revista ABP-APAL 17 (21,1995 (0s pediatras foram orientados a encaminhar aleatoriamen- {c, tanto criangas normais como eriancas com distrbios leves, J moderados ¢ graves, de acordo com a definigao de distirbi psiquidtrico proposta por RUTTER e col (1970): “anormalidade. do comportamento, cmogSes ou relacionamentos, presente até 0 momento da avaliagao e suficientemente acentuada ¢ duradoura para causar limitagdes 8 vida didtia da crianga ou adolescente e/ou sofrimento ou perturbagio & familia ou cos munidade” s encaminhamentos levaram em conta os seguintes eri- térios de exclusto: 1) idade menor que quatro anos; 2) mé ‘condigio clinica do paciente; 3) acompanhamento deste por alguém que nfo os pais ou adultos respons&veis por sua eria- ‘¢40;¢ 4) impossibilidade de ser mantido o mesmo informante’ Procedimentos Coleta de dadas sociodemogréficos — Os dados sociode- mogréficos foram coletados por entrevistadora leiga antes a aplicagio do CBCL. Foram registrados os seguintes dados: sexo, cor de pele, idade, escolaridade, naturalidade, condigées de habitagdo, classe social, renda familiar e escolaridade dos pais, Para favorecer a comparabilidade de nosso resultados com: trabalhos realizados em outros paises, determinamos a classe! social da amostra de acordo com 2 classificagao do trabalho] dos pais pela escala ocupacional de HOLLINGSHEAD (1973). ¢ A renda familiar mensal per capita foi caleulada com base} no valor do d6lar-turismo do dia da coleta de dados, excluis do-se as pessoas da moradia do paciente, com recursos pré- prios, que nfo contribufam com o sustento da familia. ‘Aplicagtio do CBCL— O CBCL foi aplicado & mic, responsével pela crianga através de entrevista indi pessoa leiga previamente treinada na administragao do uestionério. Apenas os comportamentos ocorridos nos tht ‘mos seis meses foram registrados. fj ‘Com a.uilizagdo de programa de computador desenvolvids} pela equipe de ACHENBACH na Universidade de Vermont, as respostas registradas manualmente nos questionétios foram convertidas na mais recente versio dos perfis social e com- portamental do CBCL (ACHENBACK. 19912) Estes perfis apre* sentam escores crus ¢ escores T celculados pelo computador. De acordo com pontos de corte em escores T (tabela 1), a8 criangas foram classificadas come clinicas € no clinicas nas, escalas sociais ¢ comportamentais do CBCL (esealas indivi‘ duais © somas de escalas), sendo os casas limes inclutdos na categoria clinica Foram utilizados dois eritérios de teste-positividade para ‘© CBCL. Segundo o critério I, s89 teste-positivos os indivi duos com pelo menos um dos pects (social e/ou comporta mental) clinicocteste-negativs aqueles com ambos os perf no clinicos. Segundo 0 eritéro I, so teste-positivos os i 12 ABP-APAL17 (2), 1995 dividuos com perfil eomportamental clinica ¢ teste-negativos aqueles com perfil comportamental nZo clfnico. Os pontos de corte em escoresT utilizados para a classificagzo da amos- ‘ra.em categorias clfnica e ndo clinica, segundo os dois crits ios de teste-positividade, encontram-se na tabela 2. Estes pontos de carte em escores T correspondem ao percentil 90 para Total de Problemas de Comportamento e ao percentil 10 para Competéncia Social Total, ambos os percentis obtidos em amostra de criangas da populagdo geral americana. Avaliagdo psiquidirica ~ As criangas da amostra foram avaliadas por psiquiatra infantil do Depaitamento de Psi Psicologia Médica da BPM, com dez anos de experigncia profissional nessa drea. Ressaltamos que as avaliagoes foram, realizadas sem que a psiquiatra tivesse conhecimento dos, resultados do CBCL. ‘A avaliagZo psiquiditrica compreendeu duas etapas: entre- vista com a mie, pai ou responsavel pelo paciente (cerca de uma semana ap6s a aplicagao do CBCL) e observagao dircta da crianga (cerca de uma semana apés a entrevista com a me ou responsdvel). Os atendimentos encerraram-se com breve entrevista com os responsévcis, na presenga da crianga, para esclarecimentos, orientagdes, encaminhamentos ¢ toma- dda das condutas necessdrias em cada caso. Em entrevista individual ndo estruturada com 0 responsavel pela crianga, com duragao aproximada de 90 minutos, foram registradas as queixas elfnicas, investigada a histGria de vida da crianga e pesquisados os antecedentes pessoais ¢ familia- res, (© exame da crianga, com duragdo aproximada de 60 mi- nutos, foi realizado sem a presenga de acompanhantes, em sala de observacao Idica, onde material grifico ¢ caixa de brinquedos encontravam-se disponiveis. A observagao direta, ‘fo dirigida, incluiu contato verbal ¢ solicitagdo de desenhos livres e histérias. As condigées emocionais da crianga foram avaliadas do ponto de vista psiquidtrico e psicodinamico, sendo recalhidas informagées bésicas para a formulacio de TABELADefinigSo des categorias clinica en clinica do CECL segundo dois rites de teste-pastvidade, inscando as potas de care em esco rest aegis do cect cries de texte pi lini otis Peo mesos un pei clvico Anbos as ps eo lucas Criétio (sci efu conporianetall (socal eov cnporunestal CSTs @ebaTre ze) CST>Me TPC Peri eee Pri saeco Cito (comportement (congertanenta Tez a0] Teel} Validagso do “Child Behavior Checklict” 53 hipéteses diagndsticas. Quando insuficicntes as informagSes ‘obtidas, uma segunda observagio era realizada. Os distirbios psiquisiticos presentes nos tltimos seis meses foram classificados segundo a CID-10 (WORLD HEALTHORGA- NIZATION, 1992), utilizando-se o sistema multiaxial de classi- ficagio dos distdrbios psiquidtricos da infin: RUTTER e col. (1975): Sindrome Psiquistrica Clinica (eixo 1), ‘Atsasos Especfficos do Deseavolvimento (eixo 11), Nivel In- {electual (eixo IMI), Condiges Médicas (cixo IV) e Situa- Ges Psicossociais Anormais Associadas (eixo V). O quinto cixo foi utilizado com base em critérios diagnésticos elabo- rados especificamente para criangas e adolescentes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1988). ‘Aaavaliagio psiquisirica considerou os individuos com um ou mais diagnésticos pelos eixos I, II ou IIT da CID-10 como ‘casos e aqueles com nenhum diagnéstico nestes eixes como ro casos. Os casos foram classificados em leves, moderados ce graves, de acordo com a definigao de distirbio psiquidtrico [proposta por RUTTER e col (1810) escrita acima, RESULTADOS Dos pacientes escothidas aleatoriamente pelos pediatras, 200 aceitaram participar do estado e foram encaminhados 20 “Ambulat6rio de Psiquiatra Infantil do Departamento de Psi- {uiatia e Psicologia Médice da EPM. Porém, apenas os pais de 60 criangas compareceram primeira entrevista (aplicagio do CBCL, ¢ somente 51 pacientes completaram todas as eta- pas da pesquisa. Excluindo-se da amostrairmdos de pacientes para evitar a duplicagso de antecedentes familiares, obteve se uma amostra final de 49 criangas, Dados sociodemogrificas ‘A amostra estudada constiuiu-se de 27 meninos (55,1%) © 22 meninas (44,9%). Quanto & cor de pele, 29 (59.2%) cram pardas, 17 (34.7%) brancas ¢ trés (6,1%) negras. No tocante & faixa etéria, dez (20,4%) tinham quatro a cinco anos © 39 (79,696), seis a doze anos. Das criangas com idade entre quatro € cinco anos, wés (30%) freqilentavam pré-es- cola e sete (710%) ficavam em casa. Entre aquelas com seis @ doze anos, 37 (94,8%) estavam na escola, uma (2.6%) fre- qientava pré-escola e uma (2.6%) ficava em casa. ‘A quase totalidade da amostra (92%) estava sendo criada por easais (76% pelos pais biol6gicos, 8% por um dos pais biolégicos acompanhado do cénjuge e 8% por pais substitu- (0s), enquanto 0 restante (8%) estava sendo criado por um adullo apenas. Todas as farstias foram classificadas como pertencentes 8 classe social haixa, pois os tipos de trabalho remunerado dos pais reeeberam escores de 1 a 4 nas escalas de HOLLINGSHEAD (1975). 0 zabalho das mies obteve média de escores igual a 2€ 0 dos ras, igual 23 Ainda com referéncia 8 sisuagio sacioeconémica, encon- tramos como média da renéz familiar mensal per capita 0 valor de 95,5 délares. No ex:anto, quanto mais grave o dis 0 \Validaeso do “Child Behavior Checklist” ‘irbio psiquistrico das criangas, menor a média da renda fa miliar mensal per capita: 138 délares para criangas norma 96 délares para os casos leves, 82 délares para os moderados © 66 délares para os graves. Lembramos que a renda familiar ‘mensal per capita foi superestimada, pois o délar estava sub- valorizado pelo “Plano Collor” na ocasiio da coleta de dados. Investigando-se 2 escolaridade dos pais ou responsdveis, cencontramos 86% de individuos com nivel de'instrugio menor ‘ou igual a curso primério completo ¢ 14% com nivel de ins- trugio maior que curso primério completo, sendo a freqiién- cia de analfabetos igual a 18% entre as mies e 13% entre os pais. Avaliagao do CBCL © tempo médio decorrido entre a aplicagao do CBCL ¢ a entrevista psiquistrica com o responsével pela crianga foi de 11 dias, entre a entrevista psiquistrica com o responsdvel € a observagio direta da crianga foi de sete dias e entre 2aplicagio do CBCL e a observagao direta da crianga, de 18 dias. (© CBCL teve como informantes 49 adultos: 45 mies bio- l6gicas, duas mies adotivas, um pai biol6gico e wma irma biol6gica. O tempo necessério para o preenchimento do in- yentério de comportamentos variou de 35 a 105 minutos, com a média de tempo igual a 56 minutos. ‘Segundo.o CBCL, 24 (49,0%) criancas apresentaram perfil social clinico, 38 (77,6%) perfil comportamental clinico, 21 (42.9%) ambos 0s perfis elinicos e 41 (83.7%) pelo menos tum dos perfis elinico. De acordo com as escalas do CBCL, nossa amostra apresentou 59,0% de baixo rendimento escolar, 15.5% de comportamentos de Introversio e 53,1% de com- portamentos de Extroversfo. ‘As médias de escores T obtidas pelas eriancas nas escalas do CBCL, segundo niveis de gravidade dos distirbios psi- quistricos, podem ser observadas na tabela 3. Constatamos {que 19 médias alcangaram nivel elinico: sete para os casos ‘graves, sete para os moderados, quatro para os leves © uma pparaas criangas normais. Os maiores escores foram alcanga- dos pelos casos moderadas e graves nas escalas: Retraimento, Problemas com a Atencio, Escalas de Introversio ¢ Total de Problemas de Comportamento (tabela 3). Avaliagao psi Levando-se em conta os cinco eixos diagn6sticos da CID- 10, notamos que 45 (91,8%) criangas apresentaram sfadromes psiquidtricas (cixo 1); quatro (8.2%), atrasos especificos do desenvolvimento (eixo II}; cinco (10,296), rebsixamento de vel intelectual (cixo IM); 35 (71.4%), problemas orgainicos (eixo IV); © 46 (93,9%), situagdes psicossocisis anormais associadas (cixo V). Ressaltamos que 49 (100%) criangas receberam diagnésticos em pelo menos um dos cinco eixos, 46 (93.9%) tiveram pelo menos um diagnéstico nos eixos I, I ou Ill e 31 (63,3%), diagndsticos nos eixos I, IV e V, si- multaneamente, Revista ABP-APAL 17 (21,1995. ‘As sindromes psiquistricas mais presentes entre as criangas foram as seguintes: F4 (distirbios neurdticos, relacionados a estresse ¢ somatoformes) (71,4%); F9 (disturbios comporta- mentais e emocionais, com infcio geralmente na inféncia ou axloleseéncia) (57,1%) e FS (sindromes comportamentais as- sociadas a perturbagbes fisiol6gicase fatores fisicos) (46.9%). Registraram-se atrasos especificos do desenvolvimento em 8.2% das eriangas, sendo 4,1% a freqincia de distirbios espectficos da articulagSo da fala (F80.0), 21% a de outros. distirbios especfficos do desenvolvimento da fala e da lin- guagem (F80.8) © 2% a de distirbios espectficos da leitura (F81.0), Quanto ao ntvel intelectual, grande maioria (89,8%) das criangas foi considerada normal, porém houve quatro (8,2%) casos de retardo mental leve ¢ um (2,0%) de retardo mental moderado. Entre as condigdes médicas presentes, foram mais frequen- tes as doengas do sistema nervoso (28,6%), as do sistema respicatério (16,3%), as da pele tecido subcutaneo (16,3%) «eas dos olhos (12,3%). Entre as doengas do sistema nervoso, salientamos a cefaléia tensional (14,3%). No tocante is situagSes psicossociais anormais associadas, notames que apenas 6,1% das criangas ndo receberam ne- TABELA 3 Média do escores T(*) nas escalas individuals e somas de es clas do pect socal o compertamental do CBCL, segundo niveis de grav fade dos disticios psiquistricos ‘orete tere Maderado Tosthtae WW=3)We20)(We22) ert sociot ‘tvs (6) = anes ca Suciaidade (+ Se et a Escolaridade (4) = 1s. Canpettci Soci! Tt 4) Sr eh Patil conportameota Feainento o oo Ousias somitias 2 3 @ ‘Aesidadeldepressd0 e «tH Frotlemas com o cotta saa! so 6 Featlenas com opetsamento Co Frotlemes com a steng80 a Gonpotomertodefagierte sou @ omprtamerto agessivo Ss on 8 Problems secs (+4) s os 8 sal de inoversio fo Ba als 6 aorta fol) Total de Problenas de Comportameno 528) evista ABP-APAL 17 (21, 1995, hum diagnéstico neste eixo. As categorias do eixo V mais presentes foram as seguintes: distrbio mental, comporta- mento anormal ou limitagio fisico-mental em membro da famflia nuclear (46,9%); telacionamentos intrafamiliares anormais (44,9%); condig6es anormais do meio ambiente imediato (44,9%); modo de eriar a crianga qualitativamente anormal (34,7%); e ocorténcia de fatos contundentes na vida da crianca (26,5%). E Na populagio avaliads, encontramos trés (6,1%) eriangas normais, 20 (40,8%) com distirbios leves, 22 (44,9%) com moderados e quatro (8,2%) com graves. Pesquisando-se 0 timero de diagndsticos da CID-10 no eixo I, de acordo com os nfveis de gravidade dos distirbios, egistramos médias de ndmeros de diagnéticos iguais a ero entre as eriangas nor- ‘TABELAS-Crisngae otste-poitvidado uidas por eategorias do CBCL segundo eritrios "Je nivie de gravdade dos dstrbioe peiguista Aurente (W=3) Categorias do Cock ar) NG ‘ribo Clin oer) 1 al No clinica 6 tao) 2 (6 ca: Clinica a en 1 (ay Nie clinica 9038) 2 (667) Volidagio do “Child Bel a ‘mais; 2,5 entre os casos leves; 32 entre os moderados; € 4,7 entre 0s graves. Investigando-se 0 niimero de diagnésticos da CID-10 no eixo V segundo niveis de gravidade dos distir- bios, observamos as seguintes médias: 0,6 para as criangas normais, 2.9 para os casos leves, 3,1 para os moderados € 3,3 para os graves. Validagio do CBCL Segundo a avaliagao psiquitica, 46 (93,9%) criangas fo- ram consideradas casos por terem recebido pelo menos um diagndstico nos eixos I, II ou HII da CID-10 e trés (6,1%), ‘no casos por apresentarem auséncia de distrbios nestes trés cixos. Os casos foram subdivididos em leves (N = 20), mo- derados (N = 22) ¢ graves (N= 4). ‘© CBCL classificou a amostra em categorias clinica e nfo clinica, de acordo com dois critérios de teste-positividade. elo critério I, o CBCL considerou 40 (87,0%) casos como teste-positivos (pelo menos um perfil elinico) e dois (66,7%) nio casos como teste-negativos (ambos os perfis nio clini- cos) (labela 4), Pelo critério 1,0 CBCL eonsiderou 37 (80.4%) ‘cas0s como teste-positivos (perfil compoctamental clinico) € dois (66,7%) nao casos como teste-negativos (perfil com- pportamental ndo clfnico) (bela 4). Pelo critétio I, o CBCL considerou teste-positivs: 75,0% dos casos leves, 95,4% dos moderados e 100% dos graves. Pelo critério Il, 0 CBCL considerou teste-positivos: 70,0% dos casos leves, 86,4% dos moderados ¢ 100% dos graves. Portanto, quanto mais graves os casos, maior a percentagem, de individuos classificados como teste-positivos. Na presenga do critério de morbidade nfvel de gravidade leve-moderado-grave, 0 critério I mostrou-se superior a0 Tl poraumentara sensibilidade e diminuir a taxa de classificagio ‘ertdnea total (CET) do CBCL (abela 5). TADELA 5~ indices de velidade do CBCL (%) segundo dilerenes citéios de morbidade e de teste-psivigs- aatry Cetrios de morbidade Leve-Moderado-Grave Moderado-( Lave Moderado-Grave (W=25) (= 46) 1 ' r f rodilicados Indices de vatidade do CBC mm mm om Sensibiidede mo ma s2 aes 7 4 Especiiidade oo7 687 me Ma wan 67 Falsos-negativos Bo 136 38S Ma 228 Falsos-positvas ma m3 sos oo aay Glassitieagao ecrOnes total Ma 74 mI 387 si ma a \Velidagd0 do “Child Behavior Checklist” Alterando-se o critério de morbidade utlizado pela avalia- 0 psiquidtrica, de forma a considerar casos somente 0s in- dividuos com niveis de gravidade moderado e grave, obscr- ‘vamos aumento da sensibilidade, porém As custas de di ‘glo da especificidade © aumento da taxa de CET (tabela 5). A incluséo de casos leves no critério de morbidade, aliado ‘0 eritério I do CBCL, proporcionou menor taxa de CET sem preju(ao da sensibilidade e especificidade (tabels 5). Convéim ressaltar que 0 crtério de morbidade baseado no julgamento clinico ndo superestimou a necessidade de assis- téncia psicolégica ou psiquistrica da amostra, pols, 20 per- {guntarmos aos informantes se queriam ajuda psicolgica para seus filhos, egistramos respostas positivas para quatro (100%) casos praves, 19 (86,4%) casos moderados, dez (50,0%) ca- s0s leves ¢ para uma (33,3%) crianga normal, ‘A modifcagio do crtétio de teste-positividade I do CBCL, de modo a considerar teste-positives apenas os individvos ‘com ambos os perfis elnicas, aumentau a especificidade do instrumento de 66,1% para 100%, porém as custas de diminui- fo da sensibilidade © aumento da taxa de CET (labela 5). [No entanto, a modificagao do critério Il, de modo a incluit 0 limitrofes na categoria nfo clinica, nfo alterou a especifi cidade do CBCL (tabela 5), DISCUSSAO Criangas e jovens de nfvel socioecondmico baixo apre- sentam maior frequéncia de problemas de comportamento, desajuste social e baixo rendimento escolar que as de nivel médioc alto (OFFORDe col. 1987: RAE-ORANT eco. 1989: OFFORD col 1990, 0FFORD eco. 1992; HINSHAW, 1952 e ERHULSTe KOOT, 1992). De fato, segundo © CBCL, nossa amostra (100% per- tencentes Aclasse social baixa) apresentou freqiiéncia clevada de problemas de comportamento (77,6%), desajuste social (49.0%) € baixo rendimento escolar (59,0%). Obscrvamos, também, que quanto mais grave 0 distirdio psiquistrico, menor a média de renda familiar mensal per capita. -ACHENBACK (EUA, 1978) e MONTENEGRO (CHILE, 1953) avalis ram meninos de seis @ 11 anos encaminhados a ser satide mental, investigando desajuste social e problemas de comportamento de acordo com tr8s niveis socioccondmicos, Comparando-se 0s escores do CBCL obtidos pelos meninos de seis a 11 anos de nossa amostra com os de americanos de nivel socioecon6mico baixo, notamos que os brasileiros apre- sentaramm a mesma média de escores T para Atividades (43,3), maior média de escores T para Sociabilidade (43,0 versus 40.0) e menor média de escores T para Escolacidade (34,0 versws'38,2).Além disso, de acordo com as médiss de excores ‘crus para Tolal de Problemas de Comportamento, nossa amos- tra apresentou menos problemas que americanios e chienos de classe social baixa (61,0 versus 65,6 € 71.5, respectiva mente). Roviete ABP-APAL 17 (2), 1998 Dois fatores contribufram para a freqiiéncia elevada de distirbios psiquistricos em nossa populacao (93,9% da amos- tra com diagnésticos nos eixos I, II ou III da CID-10): 1) maior prevaléncia de problemas de sade mental entre crian- ‘gas alendidas pela rede priméria de sade, em comparagio coma poputlagio geral (GARRALDAc BAILEY, 1986, 1986, 1988); @ 2) amostra constitulda de cerca de um quarto dos 200 pa- cientes pedidtricos originalmente encaminhados, provavel- ‘mente incluindo predominantemente aqueles que realmente necessitavam de encaminhamento 2 ambulatérios de psiqui tia infantil, Supbe-se que esta peréa amostral de 140 crian- gas entre & pediatria © a psiquiatria tenha sido seletiva. No entanto, no foi possivel confirmar a hipétese de que estas criangas ausentes seriam exatamente 2s normais, pois os pais ‘flo compareceram nem para a aplicaggo do CBCL. Yalidagao do CBCL A sensibilidade € a especificidade de um teste variam de acordo com os eritérios de teste-positividade © os critérios de morbidade empregados (VERHULST e KOOT, 1952). Porém, a escolha do melhor crtério de morbidade para a validagao do CBCL nao € simples. A op¢a0 pelo critério de morbidade encaminhamento para servicos de saiide mental tem incon- venientes, como a presenga de criangzs normais no grupo «dos encaminhados e de criangas com distérbios psiquidtricos tno grupo dos nao encaminhados. O crtério de morbidade julgamento clinico, por sua ver, quando nao aliado a critéri- (0s diggndsticos internacionais como a CID e © DSM, pode subestimar ou superestimar 0 nimero de casos por depender exclusivamente de crtérios subjetivos individusis. Para comparar os indices de validade do CBCL obtidos «em nosso estudo com aqueles citados na literatura, sele amos quatro trabalhos que empregaram critérios de teste~ positividade equivalentes (I¢ Ill) ¢ 0 mesmo critério de mor- bidade (encaminhamento para servigos de satide. mental) Apesar de nossa amostra ter sido bem menor (N = 49) ¢ ter ‘contado com apenas trés criangas normais, constatamos seme- Thangas entre nossa especificidade e a de ACHENBACH (9918) e entre nossos valores de sensibilidade, falsos negativos ¢ CET ¢ 0s de ACHENBACH © EDELBROCK (198i) (tabela 6). Os valores de CET encontrados na tabela 6 demonstrarn (que 0s critérios de teste-positividade I-Ie I-IV sio equiva- lentes, De fato, ACHENBACH EDELBROCK (1981) € VERHULST al (1985s) afirmaram que nao ha vaniagens na substituigo dos eritérios obtidos a partir de pontos de corte nos perfis do BCL, por outros mais trabalhosos, coro aqueles relaciona- dos a0 emprego de andlise discriminance, pois nfo alieram as taxas de CET de modo sigificante, A literatura revela que as taxas de CET aleangadas com os critéios L-II sio menores que as consegtidas com os eritérios TAY, fata também observado em nosso estudo (tabela 6) Apesar de nossa taxa de falsos positivos nao ser muito precisa pelo pequeno mimero de criangas normais na amostra (N = | | i i i i i i 3 i Sina) stein tinestatiltet an vista ABP-APAL 17 (2), 1995 4), nossa menor taxa de CET (14,3%) aproximou-se das me- nores taxas de ACHENBACH € EDELBROCK (1981) (15.4' 15.5%), enquanto nossa maior taxa (20,4%) assemelhou-se 4s maiores taxas de VERHULST e eo. (1985:) (19,9%; 20,1%) (abela 6). Em nosso estudo, notamos aumento na especificidade do CBCL de 66,7% para 100% ao modificarmos 0 critério de tcste-positividade I do CBCL, considerando teste-positivos apenas 05 individuos com ambos os perfis (Social e/ou com- jportamental)clinicos e teste-negativos aqueles com um perfil clinica ou ambos os perfis nfo clinicos. ¥ importante notar {que esta modificagao no critério de teste-positividade aumen- tov a especificidade do CBCL de 85,0% para 98,0% na pes- quisa de ACHENBACH € EDELBROCK (1981) ¢ de 70,0% para 95,8% no trabalho de ACHENBACH (1993). Porém, 0 aumento da especificidade ocorreu as custas de diminuigao da sensibilidade. Utilizando © eritério II do CBCL, VERHULST e ea. (19853, 1985 testaram a validade do CBCL mediante dois eritétios de morbidade: 1) encaminhamento a servigos de satde me! tal ¢ 2) julgamento clinico (distirbios psiquistricos classi ceados de acordo com niveis de gravidade com base na defi- igo de RUTTER e col (1970). Com 0 primeiro critério de mor- \Validagdo'do “Child Behavior Checklist” 6 bidede, os autores referiram taxa de CET igual a 19,9% (VERHULST e col, 19853). Com 0 critério de morbidade nivel de gravidade moderado-grave, foram encontradas taxes de CET de 25% para criangas de 11 anos e de 27% para criangas, de-cito anos (VERHULST c col, 19858). Na pesquisa aqui apresentada, também testamos a validade do CBCL mediante a utilizagdo do critério I ¢ encontremos. taxa de CET igual a 20,4% com o critério de morbidade nivel de gravidade leve-moderado-grave, ¢ igual a 36,7% com 0 critério de morbidade nivel de gravidade moderado-grave. A incluso de casos leves no critério de morbidade julga- ‘mento elfnico resultou em menor taxa de CET (20,4%), se: melhante & taxa de 19,9% obtida por VERMULST c eal. (1985) com o eritério de morbidade encaminhamento a servigas de saiide mental. Utilizando 0 critério de morbidade julgamento clfaico © 0 critério II do CBCL, VERHULST e col (19856) referiram sensibi- lidade de 59,1% no grupo moderado-grave de oito anos (N 22), ¢ de 63,2% no grupo moderado-grave de 11 anos (N = 19). Abaixa sensibilidade alcangada pode ser explicada pelo fato de os autores terem superestimado © niimero de casos moderados e graves, pois apenas 9,8% destes precisavam de ajuda psicol6gica, segundo a opinigo dos pais. J& em nosso TABELA G— Indices de valdade do CBCL () segundo diferentes ertérios de teste-posividade":revisto da ura eestudo atu Bordine col, Achenbach Achenbach e Edelbrock Verhulsto col. (1982) (19a) (381) (1986) Brasil UA EUA Holanda indices de validade do c8Cl cc) co) 0 7) Sensibiiade Citerot aa eo uo 198 = Z = ti 2 182 co mp ssa a8 - Ceti tt - - - = mo Falsos-negativos Crt 130 180 169 24 - Critero t - = 5 - m8 Falsos-postivas rte sa mp 150 18s - . z = 130 Classiicagte exrines total Critéiot M3 : 188 189 ~ Crit e = 184 = 182 Ciro 204 - m8 138 - Crit = = mA m1 - Caracterstioas da anosta N ry a0 2600 3.463 62 laage an a0 “6 416 sit ies de Cpe Sl oe Tel e Penske Camporaneni go C8CL ramet ce Garner oa acl estudo, obtivemos sensibilidade de 88,5% para 0 grupo mo- derado-grave com a utilizagio do critério I, embrando que ‘05 casos nfo foram superestimados, pois 88,5% destes ne~ cessitavam de ajuda psicol6gics, segundo a opinigo dos pais. 'VERHULST e col.(198Sb) verificaram que quanto maior a gra- vidade dos easos, maior a sensibilidade do CBCL, fato tam- bbém observado em nosso estuda (75,0% para 0s casos eves, 95.4% para os moderados € 100% para os graves, scgundo 0 critério I) Tais resultados so concordantes com as observs- {es de ROBINS (1985) de que quanto maior a gravidade do ‘caso, mais prontamente este seré considerado teste-positivo;, pportanto, quanto maior a proporsso de casos graves na amos- tra, maior seré a sensibilidade éos testes © questionétios uti- lizados em psiquiatria. BIRD e col. (1988) afirmam que casos mais graves obtém maiores escores no CBCL para Total de Problemas de Com- portamento por apresentar alterages de comportamento em virias areas. Em nosso trabalho, observamos que quanto maiora gravidade dos distirbios psiquistricos, maiora média de escores T para Total de Problemas de Comportamento (tabela 3) € maior a média do ntimero de diagnésticos no eixo I da CID-10 (zero entre as criangas normais, 2,5 entre (0s casos leves, 3,2 entre os moderados e 4,7 entre os graves). Nossos dados preliminares ée validago da versio brasi- Ieira do CBCL indicaram boa sensibilidade do instrumento, rnfo somente entre os casos maderados € graves, mas tam- bbém entre os casos leves. Os melhores indices de validade foram alcangados com a presenza simultanea de trés fatores: critério de teste-positividade pzra o CBCL,critériode morbi- dade para aavaliagéo psiquidtrica baseado na CID-10e inelu- ‘fo dos individuos com distértios leves entre os casos. No fentanto, para confirmar a valitade da versio brasileira do CBCL de forma definitiva, sio necessérios novos estudos envolvendo maior ntimero de criangas. Se nestes estudos 0 CBCL for capaz de identificar corretamente casos (principal- mente os leves) ¢ no casos (criangas normals), estaré com- provada sua utilidade como instrumento de rastreamento na populago gral. ‘Tradugio ¢ adaptagdo cultural do CBCL ‘A tradugio e a adaptagsio cultural do CBCL contaram com sugestées do préprio autor do jnstrumento. ACHENBACH re- comenda a elaboragdo de apenss uma versio do CBCL para cada idioma, porém as diferengas socioculturais existentes entre as populagies de Portugal e do Brasil exigicam dife- rentes adaptagbes do CBCL para o portugués. Foi necessério utilizar um vocabulrio simples, incluindo expressées popu lares, para que os itens da verséo brasileira do CBCL. fossem facilmente compreendidos peles informantes deste estudo, representantes da populagto é= nivel sociocultural baixo, predominante no Brasil. ‘versio de Portugal (BAPTISTA. 1969), ainda néo validada, € tradugdo do CBCL/4-16 (ACHENDACH ¢ EDELBROCK. 198), \Vatidagao do “Child Behavior Checklist” Revists ABP-APAL 17 (2), 1995 ‘enquanto a versio aqui apresentada refere-se ao CBCL4-18 4 (ACHENBACH, 19918). A presente tradugo para o portugués foi revisada por pessoa bilingée, cujo primeiro idioma € 0 inglés. Salientamos que a adaptagio cultural do CBCL exigi cer- tas modificagdes nos itens de Competéncia Social do CBCL. para que estes fizessem sentido junto a populacdo brasileira 4 de nfvel socioeconémico baixo. Futebol ou simplesmente jogar bola foram considerados esportes (item I) e turma de amigos (fora do horério escolar) ou turma da rua foram co derados grupos sociais aos quais a crianga pertence (item IID. Quanto ao item IV, office boy, ajudante em feira e empa- cotador em supermercado foram inclufdos entre os exem- plos de trabalhos da erianga ou jovem. Dessa forma, os itens I, [Le IV nfo ficaram resiritos a determinados esportes (ex. natago, beisebol), grupos sociais (ex.:clubes, organizagbes) € wabalhos (cx.: babysitting), pr6prios da cultura americana ou de populagoes de classe média e alta. Observamos que os individuos de nivel cultural baixo tém (endéncia a responder ao questionério de forma bastante con- creta. Exemplos de pensamento concreto s80 trazidos pelos itens 17 ¢ 32, sobre devancios e perfeccionismo. A tradugio inicial dos itens 17 (Sonha acordado on fica perdido nos pré- prios pensamentos) ¢ 32 (Acha que tem que ser uma pessoa perfeita), permitia respostas como: “Nao sonha acordado, s6 sonha dormindo” ou “Meu filho € perfeito, nfo tem nenbum defeito fisico”. Portanto, a0 final da coleta de dados, tais, itens tiveram que softer modificagGes em sua tradugio, in- corporando express6es populares, como “mundo da lua” no item 17 (Fica no “mundo da lus", perdido nos pr6prios pen- samentos) ¢ “mania de perfeigSo" no item 32 (Tem “mania de perfeicao”) ‘Com base na experiéncia adquitida em nosso estudo, re- comendamos que o entrevistador estejatreinado na aplicacio 460 CBCL, pois muitas situagses podem trazer-Ihe vidas, ‘ais como: um mesmo problema de comportamento gerando respostas positivas para miltplos itens do questionSrio; ques- tes que dio margem a respostas positivas ¢ negativas mulianeamente (ex.: desobedigncia freqiente & mae corres- pondente a escore 2 € obediéncia 20 pai equivalente a escore zero); € incoeréncia de certos informantes, que ora afirmam, ora negam a presenga de determinado comportamento. ACHENBACH (comunicagio pessoal) esclareceu que apenas um item do CBCL deve ser assinalado para cada problema «de comportamento investigado; portanto, quando um mesmo problema resulta em positividade para vérios itens, conserva se como positivo apenas aquele mais especifico para 0 refe- rido problema, deixando-se os demais com escore zero, Quai {o As respostas simultaneas positivas e negativas, consider se a média dos escores como resposta final. J& diante da i coeréncia dos informantes, registra-se a primeira resposta dada para evitar resposta ainda mais alterada, decorrente da F Reviets ABP-APAL 17 (2), 1985 presslo sobre os pais pela insisténcia em repetic a pergunta. No entanto, hi situagdes extremadas, om que 0 informante deve ser excluido da pesquisa. ‘Apontamos também a dificuldade des pais em compreender algumas perguntas do CBCL, referentes a comportamentos pouco observados entre criangas ¢ jovens. O item 66 (Repete certos atos vérias vezes seguidas)ilustra bem este ponto, pois, diante-do desconhecimento dos pais sobre atos compulsivos,, © entrevistador vé-se obrigado a dar exemplos, como o da lavagem das mfos com frequgncia, Tal procedimento pode. resultarem resposta negativa para lavagem das mos, mesmo {que a crianga apresente outros comportamentos compulsivos.. Portanto, exemplos devem ser evitados sempre que possivel, pata que 0 informante ndo résponda aquele exemplo espe- cifico, a0 invés de responder & questo global. BARKLEY (1988) considera a aplicagio répida ¢ econdmica das escalas de avaliago de comportamento como uma das, vantagens sobre outros métodos de investigacao utilizados em pesquisas que avaliam psicopatologia em criangas ¢ ado- lescentes. No entanto, a média do tempo necessério para 0 preenchimento do CBCL no presente estudo (56 minutos) foi superior A média de 15-30 minutos relatada na Fiteratura (O'LEARY, 1981; ACHENBACH e EDELBROCK, 1983 « MONTENE- ‘GRO, 1983) Tal diferenga poderia estar relacionada 20 nivel, educacional baixo de nossos informantes (20% de analfabe- tos € 86% de individuos com nivel de instrgio menor ou igual a curso primério completo). Porém, 20 separarmos nos- sos informantes por nivel de instrugio, observamos que as ‘médias de tempo obtidas para cada grupo nao diferiram sig- nificantemente da média de 56 minutos. ‘Qualidades e limitagdes do presente esttdo presente estudo fo elaborado com rigor metodolégico, conduzido com cuidado para favorecer a preciso dos resul- tados, ¢ analisado com base em extensa revisio da literatura, atual. 0 CBCL foi traduzido para o portugués ¢ adaptado & cultura brasileira, mantendo equivaléncia semintica e de contesido com o questionério original. O treinamento prévio a entrevistadora na aplicagiio do CBCL preveniu a distorgio de resultados por uso incorreto do instrumento. A utilizagio de programa computadorizado especifico para a elaboragio dos perfis do CBCL garantiu 0 céleulo correto dos escores. ‘A avaliagdo psiquidtrica realizada sem conhecimento prévio dos resultados do CBCL evitou a falsa concordancia entre psiquiatra e entrevistadora. A identificagio dos casos com base em critérios diagndsticos psiquidtricos internacionais (CID-10) favoreceu a qualidade do padrio empregado na validacio do CBCL. Finalmente, o estudo informa como uti Tizar 0s escores do CBCL de modo a maximizar a eapacide- de do insteumento para identificar corretamente casos leves, moderados e graves na populagdo infantil, No entanto, algumas limitages da pesquisa devem ser apontadas. O no comparecimento de quase 75% dos pacien- Volideco do “Child Behavior Checkist” 65 tes pedistricos originalmente encaminhados reduziu o tama- nho da amostraestudada e impediu que esta fosse represe tativa da popolagio total de pacientes. Como conseqiiéncia, ro pudemos verificar a prevaléncia dos diversos distirbios psiquitricos nesta populaglo, nem identificar os fatores de isco mais relevantes. Além disso, o némero reduzido de in- dividuos normais tomou imprecisa a avaliacio da especifici dade do CBCL. Finalmente, a confiabilidade do instrumento nfo foi examinada durante 0 estudo. Instrumentos epidemiol6gicos internacionalmente utiliza- dos em psiquiatria infantil precisam ser validados ¢ adaptados as diferentes culturas para garantir a comparabilidade dos resultados obtidos pelos diversos patscs. Portanto. a divulga- io dos dados preliminares de validagio da versio brasileira do CBCL vem atender a uma necessidade de pesquisadores nna érea de satde mental infantil em nosso ps AGRADECIMENTOS + Fundaglo de Amparo & Pesquisa do Estado de Sio Paulo (FA- PESP), pelo custeio das entrevistas de aplicacio do CBCL. + Pediatras do Centro de Satide do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina: Denizi de Oliveira Reis, Flévia Regina Maladosso Kerr ¢ Maria Aparecida Gadiani Fesrari- ni; e pediatras e pds-graduandos do Departamento de Pediatria da Escola Pavlista de Medicina: Daisy Maria Machado Neves, Iara Femandes Pinhal, Mary Anne Olm, Ricardo Sukiennik e Silvana Delli Paoli; pela colaboracio e encaminhamento de pacientes. + Thomas M. Achenbach, pela supervisto ¢ esclarecimentos em relagdo A aplicacEo, tadugso e adaptacio cultural do CBCL no Brasil. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. ACHENBACH.TM. 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