Você está na página 1de 6

MAE0211 - Probabilidade I

Fernando Henrique Ferraz Pereira da Rosa


9 de março de 2003

Lista 1 e 21

5. (Lista 1) De quantas maneiras 8 pessoas podem sentar em um banco se:


(a) sem restrições
Elas podem sentar-se de 8 × 7 × 6 × ... × 1 = 8! = 40320 maneiras
diferentes.
(b) as pessoas A e B devem sentar juntas
Considerando A e B como uma pessoa só, temos que podemos or-
ganizar as pessoas de 7! maneiras diferentes. Podemos ainda trocar
A e B de lugar, retornando 2! maneiras diferentes. Temos portanto
7!2! = 10080 possibilidades.
(c) existem 4 homens, 4 mulheres, nenhum homem e nenhuma mulher
podem sentar juntos
Consideramos dois blocos, um de homens e outro de mulheres. Po-
demos organizá-los de 2! maneiras diferentes. Entre eles, podemos
organizá-los de 4! e 4! maneiras. Temos portanto 4!4!2! = 1152 pos-
sibilidades.
(d) existem 5 homens e eles devem sentar juntos
Consideramos os 5 homens como um bloco. Sobram então 3 mulheres
mais uma pessoa, que podem ser organizadas de 4! maneiras. Pode-
mos entre os homens, organizá-los de 5! maneiras possı́veis, tendo
portanto 4!5! = 2880 possibilidades.
(e) existem 4 casais e eles devem sentar juntos
Consideramos cada casal como um bloco. Temos 4 blocos que podem
ser organizados entre si de 4! maneiras diferentes. Para cada casal,
podemos organizá-los de 2 maneiras diferentes. Temos então 4!24 =
384 maneiras diferentes de organizá-los.
8. (Lista 1) O jogador A lança 6 dados e ganha se conseguir pelo menos um
6. O jogador B lança 12 dados e ganha se conseguir pelo menos dois 6.
Qual dos dois jogadores tem maior probabilidade de ganhar?
Sejam os eventos:

A : O jogador A ganha.
B : O jogador B ganha.
1 Powered by LATEX 2ε , R and Slackware 8.1 - because it works

1
Calculemos P (A). O evento A é o mesmo que o complementar do evento
“o jogador não consegue nenhum 6”. Basta então calcularmos a proba-
bilidade do complementar e tirarmos 1. O jogador não obtem um 6 no
primeiro lançamento com probabilidade 56 , que é a mesma probabilidade
de não se obter um 6 no segundo lançamento e assim por diante até o
sexto. Temos então que:
 6
5
P (A) = 1 − = 0.6651
6

Calculemos agora P (B). O evento B é o mesmo que o complementar do


evento “o jogador obtem nenhum 6 em 12 lançamentos ou o jogador obtem
um 6 em 12 lançamento”, ou seja:

P (B) = 1−(P (zero 6 em 12 lançamentos)+P (um 6 em 12 lançamentos))

A probabilidade de zero 6 em 12 lançamentos é calculada de modo análogo


12
ao usado acima, ou seja P (zero 6) = 56 . Já para o segundo evento,
fixamos um dos lançamentos para ter um 6 como resultado. Isso ocorre
11
com probabilidade 16 65 . Como podemos fixar um lançamento de 12
11
maneiras diferentes temos: P (um 6) = 12 61 56 . Por fim:

 12  11 !
5 1 5
P (B) = 1 − + 12 = 0.6187.
6 6 6

Como P (A) > P (B) concluı́mos que o jogador A tem maior probabilidade
de ganhar.
13. (Lista 1) Um elevador parte do andar térreo com 8 pessoas (o operador
não está incluso) as quais saem do elevador através dos andares 1,2,...,6
(último andar). Se as pessoas são indistingüı́veis de quantas maneiras o
operador pode observar suas saı́das? De quantas maneiras se entre as 8
pessoas, 3 são mulheres e 5 são homens?
Como no primeiro caso as pessoas são indistingüı́veis, podemos considerar
o problema como o número de soluções inteiras não-negativas da seguinte
equação:
x1 + x 2 + x 3 + x 4 + x 5 + x 6 = 8
O número de soluções é dado por:
 
8+6−1
= 1287.
5

No segundo caso podemos separar o experimento em duas etapas e utilizar


o princı́pio multiplicativo. Consideremos em primeiro lugar, o número de
maneiras que o operador pode ver os homens saindo. Isso é dado pelo
número de soluções inteiras não-negativas da equação:

x1 + x 2 + x 3 + x 4 + x 5 + x 6 = 5

2
Que é dado por:    
5+6−1 10
= = 252.
5 5

Utilizando racicı́onio análogo, temos que o número de maneiras que as


mulheres podem ser vistas é dado pelo número de soluções inteiras não-
negativas da equação:

x1 + x 2 + x 3 + x 4 + x 5 + x 6 = 3

Que é dado por sua vez por:


   
3+6−1 8
= = 56.
5 5

Por fim, sabendo que os homens podem ser vistos saindo de 252 maneiras
diferentes, e as mulheres de 56 maneiras diferentes, temos que os homens e
as mulheres juntos podem ser vistos saindo de 252 × 56 = 14112 maneiras
diferentes.
2. (Lista 2) Há dez pares de sapatos em um armário e quatro sapatos são
escolhidos ao acaso. Qual a probabilidade de que formem pelo menos um
par?
Podemos reformular o problema da seguinte maneira:

P (formem pelo menos um par) = 1 − P (não se forme nenhum par)

Calculemos então P (não se forme nenhum par). Seja A = não se forme


nenhum par. Temos que:

#(A)
P (A) =
#(Ω)

Facilmente temos que #(Ω) = 20



4 , que são o número de maneiras que
podemos escolher 4 sapatos dentre 20, não importando a ordem.
Em #(A) dividimos o experimento em duas partes. Em primeiro lugar, es-
colhemos 4 sapatos entre 10, ou seja 10

4 . Dessa forma estamos escolhendo
4 sapatos entre 10 pares diferentes, ou seja, pegando sempre sapatos não
pareados. Devemos agora considerar que podemos pegar diferentes sapa-
tos entre os 10 pares. Do primeiro par, podemos pegar um ou outro (2
possibilidades), do segundo par também podemos pegar um ou outro (2
possibilidades), até o quarto par. Temos então:
10 4

4 2 224
P (A) = 20 = .
4
323

Como queremos 1 − P (A), basta fazermos:


224 99
1− = = 0.3065
323 323

3
5. (Lista 2) Uma moeda é lançada até que pela primeira vez o mesmo resul-
tado aparece por duas vezes consecutivas. A cada possı́vel resultado de n
lançamentos atribua probabilidade 2−n . Qual a probabilidade de que seja
necessário um número par de lançamentos para terminar o experimento?
Utilizando-nos novamente do princı́pio do evento comeplementar, vamos
determinar a probabilidade de que o experimento não acabe até o enésimo
lançamento. Para que o experimento não acabe, precisamos ter necessa-
riamente um dos seguintes casos (onde K detona cara e C coroa):

CKCKCKCK...CK ou KCKCKCKC...KC

A probabilidade de cada um desses casos é dada por 2−n . Como os eventos


são mutuamente exclusivos, a probabilidade de que o experimento não
acabe até o enésimo lançamento é dada por:

2−n + 2−n = 2 × 2−n = 2−n+1 .

Do enunciamos, queremos saber qual a probabilidade que o experimento


termine antes do sexto lançamento. Isso é equivalente ao evento com-
plementar do experimento não acabar até o quinto lançamento. Ou seja
P (experimento termine antes do sexto lançamento) =1 − P (experimento
não acabar até o quinto lançamento) =
1 15
1 − 2−5+1 = 1 − 2−4 = 1 − = .
16 16

No segundo item queremos a probabilidade de que seja necessário um


número par de lançamentos para acabar o experimento. Isso se reduz
ao cálculo da probabilidade em que o evento acaba num lançamento par.
Temos que o experimento acaba no enésimo lançamento com probabilidade
2−n+1 . Calculando isso para n = 2, n = 4, n = 8 etc.:

2−2+1 + 2−4+1 + 2−6+1 ... + 2−k+1

Observando essa seqüência (1/2, 1/8, 1/32, ...) notemos que podemos tratá-
la como uma PG infinita com o primeiro termo igual a 1/2 e razão 1/4.
Através da fórmula da soma de PG infinita temos:
a1
S=
1−q
Onde a1 é o primeiro termo e q é a razão, −1 < q < 1. Utilizando os
dados que nós temos:

1/2 1/2 2
P (o experimento acabe num lançamento par) = = = .
1 − 1/4 3/4 3

9. (Lista 2) Se n homens, entre os quais A e B, estão numa fila, qual é a


probabilidade de que existam exatemente r homens entre A e B? Se eles
permanecerem em pé em um cı́rculo ao invés de numa fila, mostre que a
probabilidade é independente de r e igual a (n − 1)−1 .

4
Queremos dispor n homens em fila, temos então que a cardinalidade do
espaço amostral é dada por n!. Sendo o evento A : existem exatamente r
homens entre os homens A e B, temos:

#(A) #(A)
P (A) = = .
#(Ω) n!

Resta-nos calcular a cardinalidade de A. Em primeiro lugar notemos que


podemos dispor A e B de 2! maneiras. Em seguida, fixadas as posições de
A e B, vamos colocar r homens entre eles. Isso pode ser feito de (n − 2)r
maneiras. Por fim, temos ainda que ordenar os homens restantes. Tirando
A e B, e os r homens entre eles, restam n−r−2 homens para dispormos na
fila. Considerando todos os homens de A até B como um bloco, há então
(n − r − 2 + 1)! = (n − r − 1)! maneiras de dispor esses homens. Temos
então a cardinalidade de A dada por 2!(n − 2)r (n − r − 1)! e portanto:

2!(n − 2)r (n − r − 1)!


P (A) = .
n!

Vamos agora supor que os homens permanecam em pé em um cı́rculo ao


invés de numa fila. Temos que a cardinalidade do espaço amostral é dada
por (n − 1)!. Resta-nos encontrar a cardinalidade do evento procurado.
Em primeiro lugar fixemos os dois homens A e B. Não precisamos multi-
plicar por 2! pois como eles estão num circulo, rotacionando-se as posições
temos que AB e BA são a mesma configuração. Fixados os dois homens,
vamos tomar r homens que ficarão entre eles. Novamente isso pode ser
feito de (n − 2)r maneiras. Consideramos que os r homens que ficam entre
A e B não estão numa permutação circular e sim numa fila entre A e B,
por isso o resultado anterior.
Por fim, fixados os dois homens A e B, escolhidos os r homens entre eles,
nos restam n − 2 − r homens para dispormos em cı́rculo. Se considerarmos
todos os homens entre A e B (A e B inclusos) como um bloco, temos
então n − 2 − r + 1 homens para permutar em um cı́rculo. Da fórmula
para permutação circular, temos que isso pode ser realizado de (n − 2 −
r + 1 − 1)! = (n − 2 − r)! maneiras. Temos então:

(n−2)!
(n − 2)r (n − 2 − r)! (n−2−r)! (n − 2 − r)! 1
P (A) = = = = (n−1)−1
(n − 1)! (n − 1)(n − 2)! (n − 1)

Chegando no resultado proposto no enunciado.

Sobre
A versão eletrônica desse arquivo pode ser obtida em http://www.feferraz.
net

Copyright (c) 1999-2005 Fernando Henrique Ferraz Pereira da Rosa.


É dada permiss~
ao para copiar, distribuir e/ou modificar este documento

5
sob os termos da Licença de Documentaç~ao Livre GNU (GFDL), vers~
ao 1.2,
publicada pela Free Software Foundation;
Uma cópia da licença em está inclusa na seç~
ao intitulada
"Sobre / Licença de Uso".

Você também pode gostar