Você está na página 1de 72

Sociedade, educação e

emancipação

Marx e o pensamento sociológico


Marx e o pensamento
sociológico
 O que existe por trás das aparências
da realidade parida pela moderna
ordem industrial capitalista?
 Quais os mecanismos de
enquadramento sobre o individuo e a
que interesses eles de fato servem?
 Que forças sociais emergentes neste
novo momento histórico são capazes
de controlar as consciências dos
homens?
 Como transformar essa realidade que
acumula mazelas sociais desde o
berço da sociedade capitalista?
 Como impedir que os muitos que estão por
baixo sejam esmagados pelos poucos que
estão por cima?
E a educação?

 Será possível educar o homem para que ele


se liberte, se emancipe de toda a opressão
que o esmaga?
Seu objeto de pesquisa
fundamental?

 A sociedade capitalista de seu


tempo.

1818- 1883
Marx provoca profunda ruptura no
pensamento ocidental do século XIX
 Os sinais aparentes de miséria e sofrimento
das classes trabalhadoras revelavam um
processo histórico que levava a burguesia à
condição de classe dominante

na medida em que
 expropriava os trabalhadores, arrancando
deles seus instrumentos de produção, seus
saberes transmitidos de geração a geração
MARX combina duas perspectivas
diferentes de encarar a realidade
 Pensamento analítico
 Pensamento normativo

Pretende ver como a realidade


deveria ser, construindo uma
pretende ver a realidade utopia em nome da qual seria
como ela é, dissecando-a e necessário agir para
transformar a realidade.
reconstruindo-a
conceitualmente para Nesse sentido, ele fazia filosofia.
Era um militante político e
entendê-la acreditava que a sociedade
humana deveria eliminar a
exploração. E isso como uma
possibilidade da realidade
atual.
 Para chegar ao entendimento da
sociedade capitalista, Marx achou
necessário descobrir como a história
humana funciona. Desenvolve um
enunciado da lei da história :

“O que move a história e a luta


entre as classes sociais”
As Leis da História

 A historia humana é a história da relação dos


homens com a natureza e dos homens entre
si

 Quem faz a intermediação entre esses dois


elementos?

O trabalho humano!
Trabalho humano

 Para Marx, trabalho manual e reflexão


intelectual jamais se separam

 Enquanto trabalha, o homem desenvolve


ferramentas, técnicas, tecnologias, ou seja,

AS FORÇAS PRODUTIVAS
TRABALHO HUMANO E FORÇAS
PRODUTIVAS

 Responsáveis pelo incremento da


produtividade e pelo aumento do domínio do
homem sobre a natureza, pelo conforto e
riqueza material da humanidade
TRABALHO HUMANO E AS
RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO

 O Trabalho também é intermediário da


relação dos homens uns com os outros - os
homens organizam a produção distribui
tarefas e os benefícios entre os membros da
sociedade.

 Ou seja, organiza a divisão do trabalho


Divisão do trabalho entre:

 Homens e mulheres
 Agricultura e criação de animais

 Campo e cidade

 Produção agrícola e industrial

 Produção industrial e comércio


Para Marx, a divisão do trabalho

 Não é simples divisão de tarefas,

Mas,

 Expressão da existência de diferentes formas


de propriedade no seio de uma dada
sociedade num dado tempo histórico
 Implicam numa separação entre os instrumentos e
meios utilizados para o trabalho e o próprio trabalho
 As relações de propriedade são a base das
desigualdades sociais, na medida em que a divisão
do trabalho possibilitou a existência de homens que
trabalham para os outros, porque o fazem com os
meios de outros, e de homens que não trabalham
porque tem meios e podem fazer com que outros
trabalhem para si.
Modos de produção

 Cada época histórica possui um conjunto de


forças produtivas desenvolvidas, sob o
controle dos homens que nesta época vivem
e, ao mesmo tempo, um conjunto instituído
de relações sociais de produção, que são o
modo pelo qual os homens assumem o
controle sobre as forças produtivas, isto é, as
relações de propriedade.
A história da humanidade se faz pela passagem
de uma modo de produção a outro.
 Modo de produção escravista escravidão
 Modo de produção feudal – servidão
 Modo de produção capitalista – assalariamento

 A cada um desses modos produção correspondem


diferentes estágios de desenvolvimento das forças
produtivas materiais e diferentes formas de
organização da propriedade (ou relações de
produção).
Classes sociais

Das diferentes formas de propriedade, da


posição dos homens com relação às formas
de propriedade vigente num dado modo de
produção é que surgem as classes sociais.
 A passagem de um modo de produção a
outro se dá pelos conflitos abertos por causa
da luta entre a classe dominada e a classe
dominante em cada época.
 Chega um momento em que as forças
produtivas não mais conseguem se
desenvolver sob a vigência daquelas
relações de propriedade. Abre-se o período
de convulsão social, no qual as relações de
produção vigentes são contestadas.
 “A história de todas as sociedades que existiram até
nossos dias tem sido a história das lutas da classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e
servo, mestre de corporação e oficial, numa
palavra, opressores e oprimidos, em constante
oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ore
franca, ora disfarçada, uma guerra que termino
sempre, ou por uma transformação evolucionária da
sociedade inteira, ou pela destruição das suar
classes em luta.” (MARX e ENGELS,
Manifesto do Partido Comunista)
AS FORMAS DE CONSCIÊNCIA
 Marx quer entender de que modo o mundo das
ideias, do conhecimento, das crenças e das
opiniões se relaciona com o mundo material – o
mundo das estruturas sociais – ou seja, a forma
pela qual se organiza a vida social.
 Como explicar a consciência que os homens tem ou
não a respeito de seu próprio modo de vida, da
produção de sua sociedade e das relações de
classe?
 A consciência está ligada às condições
materiais de vida – ao intercambio
econômico entre os homens.

Mas

 Será que ela coincide com as relações reais


que de fato os homens vivem?
 As ideias, as concepções sobre como
funciona o mundo são representações que
os homens fazer a respeito de sua vida, do
modo como as relações aparecem na sua
experiência cotidiana.

 SÃO APARÊNCIAS
 FALSA CONSCIÊNCIA
AS FORMAS DE CONSCIÊNCIA

 Quando uma determinada forma de divisão


do trabalho se instala na historia e se torna
dominante e se generaliza, ela estabelece o
lugar de cada um dentro do processo
produtivo.

 ....
 As relações de propriedade vigentes, o poder
político de certos grupos sobre outros e as
formas de exploração do trabalho que uma
determinada classe social consegue
implantar numa determinada época histórica,
estabelecem e determinam o que cada
indivíduo está obrigado a fazer, o modo
como está obrigado a trabalhar e viver.
No capitalismo a divisão em classes se
dá da seguinte maneira:
 Burgueses – proprietários dos meios de
produção (fábricas, as máquinas e a própria
força de trabalho)

 Trabalhadores (operários, proletários) aqueles a


quem não resta outra alternativa a não ser
vender o único bem de que dispõem: sua força
de trabalho, em troca do pagamento de um
salário
No entanto,

Na cabeça dos homens que vivem sob esse


sistema, isso é percebido, no plano das
ideias, como algo normal, natural.

Ao trabalhador lhe parece natural que certas


pessoas tenham que trabalhar em troca de
um salário para viver, como se isso sempre
houvesse existido para sempre.
 Esse individuo não vê a sociedade capitalista
como um processo que vem sendo
construído historicamente pela luta entre
uma classe com intenção de ser a classe
dominante e outras classes que vem sendo
submetidas a esta classe dominante.
 Na medida em que a classe dominante se
instala como classe dominante ela vai
sendo percebida pelas pessoas, na vida
cotidiana, como a única sociedade
possível.
Diferenças entre Marx e Durkheim
 DURKHEIM  MARX
A coerção parte de uma classe
Consciência coletiva pesa e que assume o papel de
modela os indivíduos. dominante sobre as outras que
se tornaram dominadas.
Os indivíduos não pensam com
sua cabeça, mas reproduzem Essa situação não é assim desde
as ideias da consciência sempre, mas foi criada pela
coletiva. Coerção da luta histórica sobre as classes.
sociedade é mais forte do que Foram construídas
a possibilidade de se pensar socialmente, portanto:: não
com nossa própria cabeça. precisam existir para sempre.
Durkheim fala numa Os homens podem construir
consciência coletiva genérica outros tipos de relações, sem
a dominação de uma classe
sobre a outra.
Historicamente isso se deu....

Passagem do feudalismo para o capitalismo...


 Produção artesanal:

 Mestre de Oficio
Com o desenvolvimento do comércio

 Comerciantes começam a contratar


fabricantes de sapatos e reuni-los em
galpões onde pudessem trabalhar sob sua
vigilância para cobrarem agilidade
necessária.

 Manufaturas predominam entre séculos VV e


XVIII
Estagio seguinte

 Parcelar as etapas da fabricação (ex. apenas


cortar o couro, outro apenas costurar
repetidas vezes)

 Invenção das maquinas (Revolução


Industrial) – começam a ditar o ritmo do
trabalhador e não mais o trabalhador o da
produção
Para Marx os trabalhadores foram DUPLAMENTE
EXPROPRIADOS pelos capitalistas.

Os capitalistas arrancaram deles

 Os meios de produção (ferramentas, casas, oficinas,


economias – endividamento, impossibilidade de
concorrer com os baixos preços das mercadorias
produzidas pela novas fabricas....)

 O saber do qual dependia a fabricação de um produto e


a própria posição social do artesão (Não saberiam mais
como produzir por conta própria já que sua capacidade
de trabalho foi reduzia a tarefas simples e parciais)
 O saber dos trabalhadores foi apropriado e
controlado pelo capitalista, que o
desenvolveu e racionalizou.

 O trabalhador foi reduzido a executor de


tarefas muito simplificadas, parciais e
repetitivas na linha de produção da fábrica.
 O que acontece a eles? Dependência em
relação aos capitalistas Pag. 45
 FORÇAS PRODUTIVAS FORAM
ENORMEMENTE DESENVOLVIDAS

MAS

 ATRAVÉS DE UM PROCESSO SOCIAL DE


EXPROPRIAÇÃO DE BENS MATERIAIS E
SABERES
 As classes trabalhadoras vão perdendo
consciência da forma como o capitalismo foi
se constituindo.

 Tudo o que resta só lhe permite perceber


que deve trabalhar para receber o salário e
viver, pois esta é a percepção da realidade
na vida cotidiana.
 O trabalho que antes era entendido como a maneira
de o homem se relacionar com outros homens e
com a natureza

 E sobre o qual se tinha controle

 Passa a ser visto como algo sobre o que os homens


não tem mais controle. O trabalhador foi separado
desse controle sobre o seu trabalho e sobre o fruto
do seu trabalho.
ALIENAÇÃO

O trabalho é percebido pelo


trabalhador como algo fora de si,
que pertence a outros. Por causa
da alienação o trabalhador só
consegue ver as aparências e
não capta o processo histórico
Ideologia
 Sistema ordenado de ideias, concepções,
normas e regras que obriga os homens a
comportarem-se a segundo a vontade do
sistema, mas como se estivessem se
comportando segundo sua própria vontade.

 É a forma da coerção do sistema sobre o


indivíduo.
 “A ideologia dominante de uma dada época é a
ideologia da classe dominante numa dada época”.

 Se nas épocas anteriores o trabalhador sabia que


era dominado,

 no capitalismo o trabalhador acha que é justo que


ele seja separado do fruto do seu trabalho mediante
o pagamento do salário. O máximo de injustiça
contra a qual o trabalhador se revolta diz respeito
aos salários e às condições ruins de trabalho.
 A suprema ironia = o trabalhador pensa com
a cabeça do dominador e

Essa é a forma mais


profunda da dominação
 Mas, Marx trabalha analisa o significado do
salário

O salário remunera apenas uma parte do


trabalho. A outra é apropriada – roubada –
pelo capitalista e se transforma em lucro.

 E redefine a noção da MAIS VALIA


Mais valia

 a miséria se perpetuava no mundo capitalista


mediante os baixos salários oferecidos aos
operários como um todo.

Mais do que uma simples opção, o baixo


salário era parte integrante dos instrumentos
que garantiam os lucros almejados pela
empresa.
Mais valia
Marx indicou que o salário destinado a um trabalhador
poderia ser pago com as riquezas que ele produz,
por exemplo, ao longo de dez dias de um mês.

Contudo, segundo o contrato de trabalho, o operário


seria obrigado a cumprir os demais vinte dias
restantes para receber o seu salário de forma
integral.
Dessa forma, o dono da empresa pagaria o valor
equivalente a dez dias trabalhados e receberia
gratuitamente a riqueza produzida nos vinte dias
restantes.
 Essa modalidade de “mais-valia” era
reconhecida pelo pensamento econômico
marxista como a “mais-valia absoluta”.
Mais-valia relativa
Paralelo a esse tipo de exploração, ocorria “mais-valia relativa”
instalada pelo processo de modernização tecnológico do
ambiente fabril. Nesse caso, o trabalhador adequava o exercício
de suas funções ao uso de um novo maquinário capaz de
produzir mais riquezas em um período de tempo cada vez
menor. Nesse caso, o trabalhador recebia o mesmo salário para
desempenhar uma função análoga ou, em alguns casos, ainda
mais simples.

Graças à nova máquina ou técnica de produção utilizada, o dono


da empresa necessitava de um número de dias ainda menor
para cobrir o custo com o salário do trabalhador. Assim, ficava
sendo necessários, por exemplo, apenas cinco dias
trabalhados para que ele pudesse pagar pelo mesmo salário
mensal que devia ao seu empregado.
 A exposição dessa teoria foi um dos meios
pelos quais Karl Marx provou que as
relações de trabalho no mundo capitalista
tinham caráter exploratório.
Educar na sociedade
industrial

Como Marx pensava a educação?


 Marx acreditava que

 a educação era parte da superestrutura de


controle usada pelas classes dominantes.

 Por isso, ao aceitar as idéias passadas pela escola


à classe dos trabalhadores cria uma falsa
consciência, que a impede de perceber os
interesses de sua classe. Assim, Marx concebia
uma educação socializada e igualitária a todos os
cidadãos.
 Educação é uma das formas mais
importantes de perpetuação da exploração
de uma classe sobre a outra.

 Classe capitalista a usa como


instrumento para disseminar sua
ideologia
Por outro lado,

 Vê na educação uma importante arma a ser


usada na emancipação humana.

 Não existe uma educação em geral,

 Conforme o conteúdo pode ser uma


educação para a alienação ou para a
emancipação
Objetivos da educação marxista

 Promover a mudança por meio do


estabelecimento de uma consciência
igualitaria.

 Construir uma sociedade igualitária.


Princípios da pedagogia marxista
 Atribuição da força educativa aos princípios ambientais e
metodológicos.
 Educação no seio do grupo e no meio do grupo.
 Prioridade da formação prática do aluno, sobre a sua formação
teórica.
 Sistema educativo baseado na «escola do trabalho».
 Integração do trabalho produtivo no currículo escolar.
 Formação polivalente do indivíduo, capacitando-o para diversas
atividades profissionais.
 Especial atenção à educação física e à educação estética dos alunos.
 Inculcação sistemática e indiscutida da ideologia marxista e educação
para a defesa e expansão do comunismo.
 Papel relevante do Estado (comunista) na
educação.
 Sistema de escola única e igual para todos,
sujeita a critérios “sociais” de seletividade.
 Educação com um fim social. (socialização
do indivíduo realizada a partir das instituições
sociais e tendo em pouca consideração a
subjetividade pessoal).
Paulo Freire (1921-1997):

Visão da educação baseada na liberdade e no diálogo,


refutando a educação tradicional (concepção “bancária”
da educação).
 Propõe um método de problematização.
Conscientização.
 Pedagogia crítico-libertadora.
 Proposta político-pedagógica: educador + educando
como sujeitos do conhecimento, tendo em vista a
transformação social e a construção de uma sociedade
justa, democrática e igualitária.
Métodos e curriculos
 MarxMétodos

não e currículo
aceitava a educação promovida
pelo Estado burguês e capitalista, pelo fato
de os currículos e os métodos de ensino
representarem os interesses da burguesia.
 Organização curricular: educação mental,
educação física e educação tecnológica.
 Ligação entre a teoria e a prática; evitar
diferenciações entre trabalho intelectual e
trabalho manual.
Henry Giroux

Em Ideology, Culture and the Process


of Schooling (1981), defende a ideia de que o
currículo corporifica algumas formas
dominantes de cultura, assim como reproduz
os modos de saber, a aprendizagem, a
linguagem, o estilo e as maneiras das
classes sociais dominantes, apesar de
elaborado sob princípios de objetividade,
imparcialidade e mérito.

Você também pode gostar