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O surgimento da Legislação

Prof Thiago Ferraz Barcelos


O que um determinado profissional pode,
precisa ou deve fazer?

Quem, ou o que, determina o campo de


atuação, de estudo ou de intervenção de uma
profissão?
Poder Legislativo
• O Poder Legislativo cumpre papel imprescindível perante a
sociedade do País, visto que desempenha três funções
primordiais para a consolidação da democracia:
– representar o povo brasileiro,
– legislar sobre os assuntos de interesse nacional e
– fiscalizar a aplicação dos recursos públicos.

• Integram o Poder Legislativo:


– Câmara dos Deputados (representantes do povo),
– Senado Federal (representantes dos Estados e do Distrito Federal)
– Tribunal de Contas da União (órgão de fiscalização do Poder
Executivo).
Como nascem as Leis
• A iniciativa das leis pode ser dos Parlamentares, do Presidente
da República, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais
Superiores, do Procurador Geral da República e de grupos
organizados da sociedade.

• Em ambas as Casas do Congresso Nacional, as proposições


passam por diversas etapas de análise e votação.

• Após a votação do Congresso Nacional, há ainda a deliberação


executiva. Isto é, o Presidente da República pode sancionar
(aprovar) ou vetar (recusar) a proposição, no todo ou em
parte dela. 
O que a legislação define?
• Para que exista uma evolução na profissão, é necessário regulamentação;

• Os documentos legais publicados oficialmente e que tratam da


regulamentação da fisioterapia no Brasil são:

– Parecer n.° 388/63, 10 de dezembro de 1963;


– Decreto-lei n.° 938, de 13 de outubro de 1969;
– Lei n.° 6,316 de 17 de dezembro de 1975;
– Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, de
03 de Julho de 1978;
Parecer n.° 388/63
• Elaborado pelo Conselho Federal de Educação (CFE);
• É definido como “auxiliar médico”;
• Compete realizar tarefas de “caráter terapêutico”;
• Restringe a execução das tarefas sob “orientação e responsabilidade do
médico”;
• Cabe executar técnicas, aprendizagem e exercícios quando recomendadas
pelos médicos;
• Não lhe compete o diagnóstico de doença ou de deficiência a serem
corrigidas;
• O profissional é um Técnico em Fisioterapia, mas deve ter uma formação de
nível superior;

Após essa publicação, no ano seguinte, é publicada a Portaria Ministerial de n.º 511/64 que
estabelece o currículo mínimo do curso superior de Fisioterapia numa versão tecnicista;
Decreto-lei n.° 938/69
• Decretado pela junta militar que governava o país (os ministros da
Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar) em 13 de
outubro de 1969. Foi um salto excepcional no reconhecimento
profissional do fisioterapeuta.;

• É assegurado o exercício da profissão de fisioterapeuta;


• O fisioterapeuta é reconhecido como profissional de nível superior;
• O objeto de trabalho do fisioterapeuta é executar métodos e técnicas
fisioterápicos com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a
capacidade física do paciente.;
• Uma das limitações impostas nesta documentação oficial é quanto ao
objeto de trabalho do fisioterapeuta, que descreve como um profissional
que está habilitado apenas para executar técnicas reabilitadoras, ou seja,
deveria ocupar-se apenas com indivíduos que já estão doentes ou que já
possuem alguma deformidade;
Decreto-lei n.° 938/69
• O fisioterapeuta pode exercer cargo de direção em estabelecimentos
públicos ou particulares ou acessorá-los tecnicamente;

• Exercer o magistério nas disciplinas de formação básica ou profissional, de


nível superior ou médio;

• Supervisionar profissionais e alunos em trabalhos técnicos e práticos;

Ainda em 1969, a OMS e a WCPT (World Confederation of Physical


Therapy) promovem no México o primeiro curso de Mestrado em
Fisioterapia;
Lei nº 6.316/75
• Decretada em 17 de dezembro de 1975 pelo Congresso Nacional e
sancionada pelo Presidente da República, constitui um outro documento
que se refere às atividades do fisioterapeuta;

• Criou o Conselho Federal (COFFITO) e os Conselhos Regionais de


Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO’s);

• Explicita que o fisioterapeuta necessariamente deverá ser identificado, por


meio de sua Carteira profissional de Fisioterapeuta, para exercer suas
atividades em hospitais, clínicas, ambulatórios , creches e asilos. Essa
mesma forma de identificação será exigida em caso de exercicios de cargo,
função ou emprego de assessoramento, chefia ou direção;
Lei nº 6.316/75
• A limitação que se encontra na lei é quanto locais onde os profissionais da
fisioterapia poderão atuar, essa lei cita lugares que considerando a
“política de assistência à saúde” no País, são locais que fornecem um tipo
de assistência basicamente remediadora, curativa, recuperadora ou
reabilitadora;

• Esse fato cria um grau de limitação para atuação profissional, pois reduz
os objetivos de trabalho da profissão a um universo limitado pelos tipos
de atividade que seriam a recuperação e reabilitação;
Código de Ética/1978
• O Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional, estabelecido pela resolução nº 10 do Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional refere-se:

– ao objeto de trabalho do fisioterapeuta: o fisioterapeuta


presta assistência ao homem, participando da promoção,
tratamento e recuperação de sua saúde.
– Deve utilizar todos os conhecimentos técnicos e científicos
a seu alcance para prevenir ou minorar o sofrimento do
ser humano e evitar o seu extermínio
– Participar de programas de assistência à comunidade em
âmbito nacional e internacional.
• A Resolução n.º 4 do Conselho Federal de Educação, em 28 de fevereiro de
1983, fixou os cursos de Fisioterapia para, no mínimo, 4 anos de duração;

• O Supremo Tribunal Federal à mesma época rerratifica a


constitucionalidade dos artigos 3º e 4º do Decreto-lei 938 (privatividade
do exercício profissional do fisioterapeuta) e do parágrafo único do artigo
12 da Lei 6.316 (obrigatoriedade do registro das prestadoras de serviços
de Fisioterapia nos CREFITOS), contra representação de
inconstitucionalidade movida pela Sociedade Brasileira de Medicina Física
e Reabilitação – SBMFR, a entidade que representa os médicos fisiatras;

• O fisioterapeuta tem sua maioridade reafirmada pela justiça e os órgãos


formadores referendam-na, nos currículos;
As limitações que a legislação
impõe ao Fisioterapeuta

• Limitações relativas à concepção do objeto de trabalho:

– O profissional fisioterapeuta é definido como um


“conhecedor e executor de tarefas de caráter
exclusivamente terapêutico e reabilitador; (Parecer n.
388/69)

• Com isso sua atuação baseia-se principalmente em


indivíduos que já possuem algum tipo de disfunção;
– “É atividade privativa do profissional de Fisioterapia
executar métodos e técnicas fisioterápicas com a
finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a
capacidade física do paciente”; (Decreto-lei n. 938/69)

• Continua descrevendo uma atividade em indivíduos


que já apresentam disfunções.
• Neste mesmo decreto outorga o direito de exercer
funções de direção e acessoria e magistério ,
entretanto se estiverem no campo de atividades
específicas do fisioterapeuta (muito limitado a
reabilitação);
– Um documento que vai além da concepção de assistência
em nível curativo ou reabilitativo é o Código de Ética
Profissional do fisioterapeuta;

• Nesse documento descreve além de tratamento e


recuperação, a promoção e manutenção da saúde
assim como a prevenção de doenças e assistência à
comunidade;
• Elaborado pelo Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional;
• Limitações relativas à concepção do nível profissional do
fisioterapeuta:

– Os profissionais inicialmente foram definidos como


“auxiliares médicos” (Parecer n.388/63);
– Definição de técnicos em fisioterapia;
– Ausência de autonomia da profissão;
RESOLUÇÃO COFFITO-80 (1987)
• A Resolução COFFITO 80 define como objeto de estudo do

fisioterapeuta o movimento humano em todas as suas formas

de expressão e como objetivos:


• preservar, manter, desenvolver ou restaurar funções,

fazendo uso de avaliações físico-funcionais,


• prescrever o uso de técnicas de acordo com o tratamento

adequado
• fazer uso de técnicas e tecnologias
Evolução da Profissão
• É necessário transparecer à sociedade a reciclagem e aperfeiçoamento
contínuos dos fisioterapeutas.

• Se uma profissão de saúde não reúne seus melhores quadros em


periodicidade regular, em algum lugar do país por algum tempo, e não
possuir revistas especializadas, dificilmente conseguirá trocar experiências
e criar uma cultura própria, embasada em fundamentos científicos.

• Para tanto, as conferências e congressos profissionais tiveram e têm o seu


lugar, mesmo que se acredite que estiveram aquém do que poderiam
realizar.
Símbolo da Fisioterapia
• A RESOLUÇÃO nº 232, DE 27 DE FEVEREIRO DE
2002 dispõe sobre o símbolo da fisioterapia
Projetos de Leis
• PL 2006/2009
– “Dispõe sobre a obrigatoriedade de inserção do
fisioterapeuta nas equipes da Estratégia Saúde da Família”
(antigo Programa Saúde da Família).
• PL 5979/2009
– “Acrescenta dispositivo à Lei nº 8.856, de 1º de março de
1.994, a fim de dispor sobre o piso salarial dos
profissionais fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais”
(Fixa em R$ 4.650,00 (quatro mil, seiscentos e cinqüenta
reais) o piso salarial dos profissionais fisioterapeutas e
terapeutas ocupacionais).
• PL 780/2007
– “Dispõe sobre a prática de drenagem linfática
manual nas unidades de assistência de saúde do
País”. (inclui como beneficiário de drenagem
linfática realizada por fisioterapeutas, pacientes
com quadro de linfoedemas oriundos de
mastectomia).
• PL 4261/200
– “Inclui os profissionais Fisioterapeuta e Terapeuta
Ocupacional no Programa Saúde da Família - PSF.”
• PL 1549/200
– “Disciplina o exercício profissional de Acupuntura
e determina outras providências”
• PLC 121/2011 (PL 5464/09)
– “Institui o Dia Nacional do Fisioterapeuta e do
Terapeuta Ocupacional” (a ser comemorado no
dia 13 de outubro).
“Somos profissionais que trabalhamos diretamente com o ser humano e
com nossas mãos podemos evitar ou minimizar suas dores, dar-lhes um
relaxamento através de um toque e fazer com que se sintam melhores.
Sejamos profissionais humanistas e entregues àquilo que nos dispomos,
sermos profissionais capacitados.”

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