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A Dimensão Pessoal e Social Da Ética
A Dimensão Pessoal e Social Da Ética
A DIMENSÃO
PESSOAL E SOCIAL
DA ÉTICA
O PROBLEMA DA NATUREZA DOS JUÍZOS MORAIS
• O problema da natureza dos juízos morais pode ser formulado conforme se segue:
“Qual é a natureza dos juízos morais?”.
• Um juízo é uma operação mental através da qual atribuímos uma certa propriedade,
P, a um certo sujeito, S (este sujeito pode ser qualquer coisa:
uma pessoa, uma criatura, um objeto, um lugar, uma situação ou um
acontecimento).
• Os juízos morais são juízos de valor que dizem respeito àquilo que
devemos ou não devemos fazer, ou seja, são juízos que envolvem
as noções de certo e errado, justo e injusto,
louvável e censurável, etc.
• o subjetivismo;
• o relativismo; e
• o objetivismo.
• De acordo com o subjetivismo, os juízos morais são crenças acerca das nossas
preferências pessoais e subjetivas.
• Assim, de acordo com o subjetivismo, os únicos factos morais que existem são factos
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• Neste sentido, podemos dizer que o subjetivismo se caracteriza por defender que:
(2) Se, além das nossas preferências pessoais e subjetivas, houvesse um domínio de
factos morais ao qual pudéssemos apelar, então tais desacordos não teriam lugar.
(3) Logo, não há um domínio de factos morais além das nossas preferências pessoais e
subjetivas. (De 1 e 2, por Modus Tollens)
• Para isso, podem começar por fazer notar que mesmo na matemática e nas ciências
empíricas, que são considerados domínios objetivos do saber, existem alguns
desacordos fundamentais entre os especialistas; no entanto, esses desacordos têm
pouco destaque nesses domínios.
• Por exemplo, duas pessoas podem chegar a soluções diferentes para o mesmo
problema matemático porque uma delas se enganou a raciocinar. Há vários fatores
que podem explicar esse erro e que não implicam que não existe uma verdade
objetiva no domínio da matemática: a falta de prática, a falta de atenção, a pressa de
• Assim, por exemplo, quando o João afirma “O aborto é errado” e o Simão afirma “O
aborto não é errado”, o desacordo entre ambos é apenas aparente, pois o que o João
está a dizer é que não aprova o aborto e o que o Simão está a dizer é que não reprova
o aborto, mas as proposições “O João não aprova o aborto” e “O Simão não reprova
o aborto” não se contradizem.
• De acordo com o subjetivismo, cada um dos nossos juízos morais refere-se às nossas
preferências subjetivas e, por conseguinte, sempre que formulamos um juízo moral
sincero, estamos a fazer uma afirmação verdadeira acerca dessas preferências.
• Isto significa que, por mais estranho que um dado juízo moral nos pareça (seja ele
“O genocídio de milhares de judeus é correto” ou “Não há nada de errado em torturar
inocentes por prazer”), ele não poderá ser falso.
• Ora, isso implicaria que somos moralmente infalíveis, ou seja, que nunca podemos
estar errados acerca do valor de verdade dos juízos morais. Mas isso é simplesmente
FILOSOFIA 10º ANO absurdo! Portanto, o subjetivismo moral está errado.
OBJEÇÕES AO SUBJETIVISMO
Nem sempre os nossos juízos morais correspondem às nossas preferências
subjetivas
• É possível que alguns dos nossos juízos morais não correspondam às nossas
preferências subjetivas, ao contrário do que defende o subjetivismo.
• Mas não podemos dizer que esse juízo corresponde às preferências do sujeito, pois
na verdade ele preferia que isso não acontecesse.
• Deste modo, para os relativistas, os juízos morais não se limitam a ser simplesmente
verdadeiros ou falsos, são sempre verdadeiros ou falsos relativamente a um
determinado grupo de indivíduos ou sociedade, ou, mais propriamente, ao conjunto
de normas sociais por eles acordado.
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• Assim, podemos considerar que, para um relativista:
(2) Se culturas diferentes têm códigos morais diferentes, então não há uma verdade
moral objetiva, pois a verdade dos juízos morais é sempre relativa à cultura ou ao
grupo social onde estes são formulados, mais propriamente, ao código moral (ou
conjunto de normas) adotado pelos seus respetivos membros.
(3) Logo, não há uma verdade moral objetiva, pois a verdade dos juízos morais é
sempre relativa à cultura ou ao grupo social onde estes são formulados, mais
propriamente, ao código moral (ou conjunto de normas) adotado pelos
seus respetivos membros. (De 1 e 2, por Modus Ponens)
• O facto de haver culturas com códigos morais diferentes não é uma condição
suficiente para que não haja uma verdade moral objetiva. Pode simplesmente dar-se
o caso de haver culturas com códigos morais errados.
• O facto de a maioria dos membros de uma sociedade estar disposta a aceitar uma
determinada opinião não nos permite concluir que ela é verdadeira.
• A maioria pode estar errada por ser ignorante acerca do assunto em questão.
Como vimos, concluir que uma opinião é verdadeira com base na sua popularidade é
incorrer na falácia ad populum.
• Mas, se o relativismo fosse verdadeiro, não poderíamos dizer que houve uma
melhoria (só uma mudança), pois, como as noções de certo e errado seriam sempre
relativas a cada padrão cultural, não haveria um padrão neutro em direção ao qual
pudéssemos progredir.
• Assim, alguém que afirmasse “A maioria das pessoas aprova o racismo, mas eu acho
que o racismo é errado” estaria a cair em contradição.
• Ora, isso parece conduzir a uma certa passividade perante os valores de uma cultura.
• Se todo o valor é relativo, então o próprio relativismo e o seu ideal de tolerância têm
um valor relativo e não podem impor-se como verdades absolutas.
Quando alguém afirma «algo é errado» está a afirmar «independentemente das nossas
preferências pessoais ou convenções coletivas, há boas razões para se reprovar algo» e
quando alguém afirma «algo é correto» está a afirmar «independentemente das nossas
preferências pessoais ou convenções coletivas, há boas razões para se aprovar algo».
(2) Se há juízos morais que são (não são) justificáveis de um ponto de vista imparcial,
então há juízos morais objetivamente verdadeiros (falsos).
O argumento da estranheza
• Outra objeção que o objetivismo enfrenta é o chamado «argumento da estranheza».
• Contudo, não parece existir nada no mundo com essas características. Logo, o
objetivismo é falso.
FILOSOFIA 10º ANO