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PARNASIANISMO

Prof. Me. Edilma Bezerra Cavalcante


◦ Fim do séc. XIX carência de novidades poéticas após as 3 gerações românticas;
◦ Período mais marcado pela prosa do que pela poesia
◦ Movimento franco-brasileiro; ganha bastante atenção no Brasil
◦ No tempo que a arte era visionário o Parnasianismo era conservador
◦ Arte pele arte(precisava cuidar de si; falar sobre seu próprio feitio artístico)
◦ Purista/rebuscado/formalista (soneto)
◦ Parâmetros clássicos
◦ Retoma perspectivas mitológicas greco-romanas (e das artes plásticas)
◦ Parnaso: lugar mitológico dos poetas que vivem pela e para a poesia
◦ Preciosismo linguístico/inversões sintáticas
◦ Busca romper com a vulgaridade romântica
◦ Menos inspiração e mais trabalho estético
◦ A poesia deve ser séria, bela, perfeita, impecável
◦ Alienação (não se preocupava com causas sociais)
◦ Tríade parnasiana: Olavo Bilac (príncipe dos poetas); Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.
◦ A imagem é mais importante que a ideia
◦ Som, ritmo,rima (aspectos formais em detrimento do conteúdo)
◦ O Texto é um pretexto
◦ Nacionalismo pela valorização da língua portuguesa
Tríade parnasiana

Tríade parnasiana: Alberto de Oliveira, Raimundo Corrêa e


Olavo Bilac (da esquerda para a direita)
◦ O Parnasianismo é uma escola literária – ou movimento literário – que surgiu em oposição ao
Realismo e Naturalismo, representando a valorização do positivismo e da ciência.

◦ Surgiu na França durante o século XIX, com o objetivo na criação de “poesias perfeitas” em oposição
aos movimentos literários Realismo e Naturalismo, contrariando totalmente à prosa, já que o movimento
foi essencialmente poético.
◦ Os parnasianos valorizavam o positivismo e a ciência acima de qualquer sentimento humano, sendo fatos
históricos, objetos e paisagens, temas preferidos desse movimento. Utilizavam também um vocabulário
culto e construções textuais complexas, sendo que a descrição visual é o forte da poesia parnasiana,
assim como para os autores românticos são a sonoridade das palavras e dos versos.
Contexto histórico
◦ A segunda metade do século XIX foi um período em que a literatura europeia buscou novas formas de
expressão, as quais estavam em sintonia com as mudanças que ocorriam em diferentes esferas da
sociedade e em diferentes áreas do conhecimento. Nesse contexto, por exemplo, teses científicas e
sociológicas eram desenvolvidas e difundidas, como o determinismo social.
◦ O parnasianismo, então, surgiu como um movimento concomitante ao realismo e ao naturalismo, porém
tendo o gênero lírico como sua principal manifestação. Parnasianismo advém da palavra “Parnaso”, que,
segundo a mitologia grega, refere-se a um lugar, um monte, consagrado a Apolo e às musas, em que os
poetas, inspirados pela aura do lugar, compunham.
1. Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
2. Casualmente, uma vez, de um perfumado
3. Contador sobre o mármor luzidio,
4. Entre um leque e o começo de um bordado.

5. Fino artista chinês, enamorado,


6. Nele pusera o coração doentio
7. Em rubras flores de um sutil lavrado,
8. Na tinta ardente, de um calor sombrio.

9. Mas, talvez por contraste à desventura,


10. Quem o sabe?... de um velho mandarim
11. Também lá estava a singular figura;

12. Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,


13. Sentia um não sei quê com aquele chim
14. De olhos cortados à feição de amêndoa.
ALBERTO DE OLIVEIRA
Esbraseia o Ocidente na agonia O sol...
Aves em bandos destacados,
Por céus de ouro e púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...

Delineiam-se além da serrania


Os vértices de chamas aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia.

Um mundo de vapores no ar flutua...


Como uma informe nódoa avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua.

A natureza apática esmaece...


Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula... Anoitece.

CORRÊA, R. Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 13 ago. 2017.

Composição de formato fixo, o soneto tornou-se um modelo particularmente ajustado à poesia parnasiana.
No poema de Raimundo Corrêa, remete(m) a essa estética

A) as metáforas inspiradas na visão da natureza.


B) a ausência de emotividade pelo eu lírico.
C) a retórica ornamental desvinculada da realidade.
D) o uso da descrição como meio de expressividade.
E) o vínculo a temas comuns à Antiguidade Clássica.
ENEM (2014) Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o Brasil seja Brasil!
Queremos conservar a nossa raça, a nossa história, e, principalmente,
a nossa língua, que é toda a nossa vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião.

BILAC, O. Últimas conferências e discursos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927

Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu engajamento na constituição da identidade nacional e
linguística, ressaltando a

A) transformação da cultura brasileira.

B) religiosidade do povo brasileiro.

C) abertura do Brasil para a democracia.

D) importância comercial do Brasil.


E
E) autorreferência do povo como brasileiro.
Mal secreto

      Se a cólera que espuma, a dor que mora


     N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
     Tudo o que punge, tudo o que devora
     O coração, no rosto se estampasse;
     Se se pudesse, o espírito que chora,
     Ver através da máscara da face,
     Quanta gente, talvez, que inveja agora
     Nos causa, então piedade nos causasse!
     Quanta gente que ri, talvez, consigo
     Guarda um atroz, recôndito inimigo,
     Como invisível chaga cancerosa!
     Quanta gente que ri, talvez existe,
     Cuja ventura única consiste
     Em parecer aos outros venturosa!

CORREIA. R In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasilia: AFhambra, 1995.

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia
reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela
que

A) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.


B) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
C) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
D) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
E) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.

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