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Universidade Federal da Paraíba

Departamento de Economia
Disciplina: Economia I
Profª Dra. Juliana Patrícia
E-mail: jupatrícia22@hotmail.com
Teoria da Produção e Custos
Teoria da Produção
Produção: o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de
produção adquiridos em produtos ou serviços para a venda no
mercado.
Insumos
• Mão-de-obra
Produtos
• Capital físico
Processo de Produção • Bens & serviços
• Área, terra finais
• Matérias-primas
•No processo de produção, diferentes insumos ou fatores de produção
são combinados, de forma a produzir bens ou serviços finais;

•As formas como esses insumos são combinados constituem os


chamados processos ou métodos de produção;

•Os processos ou métodos de produção podem ser intensivos em


capital, em terra, ou em mão-de-obra (utilizam mais mão-de-obra em
relação aos outros insumos);
Processo de produção simples: a partir da combinação de
fatores é possível produzir um único produto;
Processo de produção múltiplo: a partir da combinação de
fatores é possível produzir mais de um produto.
•A escolha do método de produção depende de sua eficiência (técnica
e econômica);

•Eficiência técnica: dados os diferentes processos de produção, é


aquele que produzirá uma mesma quantidade de produto porém, com
menor quantidade de insumo;

•Eficiência econômica: dados os diferentes processos de produção, é


aquele que permite produzir uma mesma quantidade de produto
porém, com o menor custo de produção.
•Função de produção: é a relação que mostra a quantidade física
obtida do produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores
em determinado período de tempo; é a relação é a relação técnica
entre a quantidade física de fatores de produção (N, K, M) e a
quantidade física do produto (q) em determinado período de tempo.
Onde:
q  f N, K, M 
q = quantidade produzida/tempo
N = mão-de-obra utilizada / tempo
K = capital físico (máquinas e equipamentos) / tempo
M = matéria-prima utilizada / tempo
•Fatores de produção:

Fatores fixos: são aqueles cujas quantidades produzidas


permanecem inalterados quando a produção varia;
Ex.: capital físico e as instalações da empresa.
Fatores variáveis: são aqueles cujas quantidade produzidas variam
de acordo com alteração no volume de produção.
Ex.: Matérias-primas utilizadas.

• A análise microeconômica considera dois tipos relações entre a


quantidade produzida e quantidade utilizada dos fatores de produção:
curto prazo e longo prazo.
Curto prazo: período de tempo em que pelo menos um fator de
produção se mantém fixo;

Longo prazo: período de tempo em que todos os fatores de


produção são considerados variáveis.
Análise de curto prazo
• O produto depende da utilização do fator variável: q = f(N);

• Produto total do fator variável: quantidade do produto que se


obtém pela utilização do fator variável, mantendo fixa a utilização
dos demais fatores;

• Produtividade média do fator: é o quociente entre a quantidade


total produzida e a quantidade utilizada do fator de produção:

 Produtividade média da mão-de-obra: PMeN=q/N

 Produtividade média do capital: PMeK=q/K (supondo o


capital fixo no curto prazo, não haverá PMe deste).
• Produtividade marginal: é a variação do produto, dada uma
variação de uma unidade na quantidade de fator de produção, em
determinado período de tempo.

 PMgN = ∆Q/∆N
 PMgK = ∆Q/∆K

• Lei dos rendimentos decrescentes: aumentando-se a utilização do


fator variável, mantendo constante a utilização dos demais fatores,
inicialmente a produção cresce a taxas crescentes; e continuando o
incremento do fator variável, a produção tende a crescer a taxas
decrescentes, cada vez menores; e, continuando a utilizar o fator
variável, a produção decrescerá.
 Essa lei descreve o comportamento o comportamento da taxa de
variação do produto quando pelo menos um dos insumos pode
variar, mantendo fixos os demais.

Obs.: Essa lei só é válida na análise de curto prazo.


Terra Mão-de-obra Produto total Produtividade Produtividade
(fator (fator do fator média do fator marginal do fator
fixo) variável) variável variável variável

10 1 6 6.0 6
10 2 14 7.0 8
10 3 24 8.0 10
10 4 32 8.0 8
10 5 38 7.6 6
10 6 42 7.0 4
10 7 44 6.3 2
10 8 44 5.5 0
10 9 42 4.7 -2
Graficamente:
Análise de longo prazo

•Existência unicamente de fatores variáveis;


•Admitindo a função de produção com dois fatores:
q=f(N,K)
Onde:
q = quantidade produzida;
N = mão-de-obra (fator variável);
K = capital (fator variável);

•Uma função de produção com essa característica pode ser


representada por uma isoquanta.
• Isoquantas: linha na qual
todos os pontos representam
combinação de fatores que
indicam a mesma quantidade
produzida;
• Mapa de produção: conjunto
de isoquanta; cada isoquanta
representa determinado nível
de produção.
• Propriedades das isoquantas:

 São decrescentes: para que se possa utilizar mais de um dos


insumos, terá que reduzir a utilização do outro insumo; inclinação
negativa.
 Taxa marginal de substituição técnica (TMST): é a
inclinação da isoquanta; informa qual deverá ser o acréscimo
na utilização de um fator, para compensar o decréscimo na
utilização de outro, mantendo constante a quantidade
produzida.
 São convexas em relação à origem dos eixos cartesianos, pois a
TMST será sempre decrescente;
 Não se cruzam nem se tangenciam.
• Rendimentos de escala:
 Rendimentos crescentes: variação no produto total é mais do
que proporcional à variação na quantidade utilizada dos
fatores;
 Rendimentos constantes: variação no produto total é
proporcional à variação na quantidade utilizada dos fatores;
 Rendimentos decrescentes: variação no produto total é
menos que proporcional à variação na quantidade utilizada dos
fatores.
Custos de Produção

•O objetivo básico de uma firma é a maximização de seus resultados


quando da realização de sua atividade produtiva;

•A empresa irá procurar obter a máxima produção possível tendo em


vista a utilização de certas quantidades dos fatores de produção;

•Otimização dos resultados:


 Maximizar a produção para um dados custo total;
 Minimizar o custo total para um dado nível de produção.

•Obs.: Em ambas situações a empresa estará maximizando ou


otimizando seus resultados (equilíbrio da firma).
Custos totais de produção (curto prazo)
Custo Fixo Total (CFT): mantém-se fixa, quando a produção varia.
Ex.: Aluguéis, depreciação, etc.

Custo Variável Total (CVT): varia com a produção, ou seja,


depende da quantidade produzida.
Ex.: gastos c/ folha de pagamento, despesas com matérias-primas, etc.

CVT  f  q 
Custo Total (CT): soma do custo variável total com o custo fixo
total.
CT  CVT  CFT
CFT
Custo Fixo Médio (CFMe): CFMe 
q

CVT
Custo Variável Médio (CVMe): CVMe 
q

CT
Custo Médio (CMe ou CTMe): CTMe 
q

CTMe = CVMe + CFMe


O formato de U das curvas
CTMe e CVMe “a curto
prazo” também se deve à
lei dos rendimentos
decrescentes, ou lei dos
custos crescentes.
Custo Marginal: custos marginais referem-se às variações de custo,
quando se altera a produção, ou seja, é o custo de se produzir uma
unidade extra de produto.
CT dCT
CMg  ou CMg 
q dq

OBS:
Os custos marginais não
são influenciados pelos
custos fixos (invariáveis
a curto prazo).
Quando o custo marginal supera o custo médio (total ou variável), significa que o
custo médio estará crescendo. Ao mesmo tempo, se o custo marginal for inferior
ao médio, o médio só poderá cair.
Conclusão: quando o custo marginal for igual ao custo médio (total ou variável), o
marginal estará cortando o médio no ponto de mínimo do custo médio.
Custos totais de produção (longo prazo)

•Todos os fatores de produção são variáveis:


q=f(N,K)
Onde:
q = quantidade produzida;
N = mão-de-obra (fator variável);
K = capital (fator variável);

•Custo total LP: CTLP = Pn*N + Pk*K


•Custo médio LP: CMeLP = CTLP/q
•Custo marginal LP: CMgLP = ∆CTLP/∆q
Curva de custo total de
longo prazo.

Curva de custo médio de


longo prazo.
• Isocusto: linha na qual todos os pontos indicadores das
combinações das quantidades utilizadas dos fatores de produção
representam sempre o mesmo custo total;
Quantidade Quantidade Custo total da
Preço do Preço do
utilizada de utilizada de produção
fator X1 fator X2
X1 X2 CT=P1X1+P2X2
6 4 20 0 120
6 4 18 3,0 120
6 4 14 9,0 120
6 4 10 15,0 120
6 4 6,6 20,1 120
6 4 3,2 25,2 120
6 4 0 30 120
K
Dados os preços dos Isocusto
fatores, se a empresa
aumenta a contratação
de um fator, deverá
reduzir a aquisição de
outro fator, se deseja
manter constante o
orçamento gasto 
Inclinação negativa.
N
Estruturas de Mercado: Concorrência Perfeita,
Monopólio, Concorrência Monopolística e
Oligopólio
Introdução:

As várias formas ou estruturas de mercado dependem


fundamentalmente de 3 características:

a) número de empresas que compõem esse mercado;

b) tipo do produto (se as firmas fabricam produtos;


idênticos ou diferenciados);

c) se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas


nesse mercado.
Concorrência Perfeita

Características:
Mercado atomizado: grande número de compradores e
vendedores (como “átomos”), de forma que nenhum deles têm
poder de modificar a situação de equilíbrio;

Os produtos transacionados são homogêneos;

O mercado é permeável, não havendo barreiras à entrada ou à


saída de novas empresas (mobilidade de firmas);

Inexistência de coalizão entre os produtores ou entre os


consumidores, de forma que todos atuam de maneira independente;
 O preço é estabelecido pelo mercado;

 Todos os vendedores e compradores se submetem ao preço


estabelecido. Nenhuma empresa, isoladamente, tem condições
para exercer formas de controle que impliquem em modificações
nos preços vigentes.

 Racionalidade: os empresários sempre maximizam lucro e os


consumidores maximizam satisfação ou utilidade derivada do
consumo de um bem, ou seja, os agentes agem racionalmente.
 Transparência do mercado: consumidores e vendedores têm
acesso a toda informação relevante, sem custos, isto é, conhecem
os preços, qualidade, os custos, as receitas e os lucros dos
concorrentes. Uma empresa qualquer, isoladamente, não consegue
vender seu produto por um preço superior ao de equilíbrio.

OBS: Uma característica do mercado em concorrência perfeita é


que, a longo prazo, não existem lucros extras ou extraordinários
(onde as receitas supram os custos), mas apenas os chamados lucros
normais, que representam a remuneração implícita do empresário
(seu custo de oportunidade), ou o que ele ganharia se aplicasse seu
capital em outra atividade.
Maximização dos Lucros

Empresas têm como objetivo maior a maximização


dos lucros (a curto ou a longo prazo)

LT = RT – CT

LT = Lucro total;
RT = Receita total de vendas;
CT = Custo total de produção.
 Para qualquer quantidade que a empresa produzir o preço de
mercado será o mesmo.

 Deverá escolher o nível de produção para qual a diferença positiva


entre RT e CT seja a maior possível (máxima).

 Definição:

• Receita Marginal (RMg): é o acréscimo da receita total pela


venda de uma unidade adicional do produto.
• Custo Marginal (CMg): é o acréscimo do custo total pela
produção de uma unidade adicional do produto.
 A maximização do lucro ocorre, em um nível de produção tal que
a receita marginal da última unidade produzida seja igual ao
custo marginal desta última unidade produzida.

RMg = CMg
Se:
• RMg > CMg  há interesse de aumentar a produção, pois cada
unidade adicional fabricada aumenta o lucro;
• RMg < CMg  há interesse de diminuir a produção, pois cada
unidade adicional que deixa de ser fabricada aumenta o lucro;
• RMg = CMg  há a maximização do lucro, sendo CMg
crescente.
RT = PxQ
No ponto de maximização do lucro: RMg = P = Rme = CMg
Monopólio

Características básicas:

• Uma única empresa produtora do bem ou serviço;


• Não há produtos substitutos próximos;
• Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes.

As barreiras de acesso podem ocorrer de várias formas:

•Monopólio puro ou natural: devido à alta escala de produção


requerida, exigindo um elevado montante de investimento. A
empresa monopolística já está estabelecida em grandes dimensões
e tem condições de operar com baixos custos. Torna-se muito
difícil alguma empresa conseguir oferecer a um preço equivalente à
firma monopolista;
• Patentes: direito único de produzir o bem;
• Monopólio estatal ou institucional: protegido pela legislação,
normalmente em setores estratégicos ou de infraestrutura.

Critérios para a configuração de um monopólio:


• Técnico: Patentes resultantes de pesquisa e desenvolvimento de
produtos; distribuição de energia elétrica. Garantem proteção
institucional.
• Estrutural: indústria de ponta; alta tecnologia; transportes
metroviários.
• Legal: monopólio do poder público, como reservas naturais
estratégicas.
 Diferentemente da concorrência perfeita, como existem barreiras à
entrada de novas empresas, os lucros extraordinários devem
persistir também a longo prazo em mercados monopolizados.
Porém, como em concorrência perfeita, o ponto de equilíbrio do
monopolista (ponto de maximização do lucro), ocorre onde:

RMg = CMg

 Maximização: RMg = CMg


RMg < CMg = reduz a quantidade produzida
RMg > CMg = aumenta a quantidade produzida
Outras características:
•Maior possibilidade de atender a interesses privados;
•Menos eficiente para atender interesses sociais;
•As ineficiências alocativas internas são repassadas para o
consumidor.

Políticas antimonopolistas impostas pelo governo:


•Controle sobre preço e quantidade;
•Discriminação de preços. Ex.: tarifas diferenciadas de energia
elétrica;
•Propriedade pública: estatização da empresa monopolista.
a) A empresa estatal não é orientada exclusivamente para
maximizar o lucro;
b) Por pertencer ao governo, pode interagir na definição de
políticas de interesse público.
Concorrência Monopolística

Características:
•Situa-se entre hipóteses referenciais da concorrência perfeita e do
monopólio;
•Elevado número de concorrentes, que dominam uma fatia pequena
do mercado; muitas empresas produzindo um dado bem ou serviço;
•Diferenciação dos produtos (mas, substitutos próximos);
•Há livre entrada e saída de empresas no mercado;
•Os vendedores têm alguma influência sobre os preços (menor que o
monopólio e maior que concorrência perfeita);
• Cada empresa define sua própria política de preços, que é
sustentada pela diferenciação de seus produtos;
• Quanto maior for o reconhecimento da empresa pela diferenciação
de seu produto, maior será o poder do produtor sobre o nível de
preços (preço-prêmio), e vice-versa;
• Possibilidade de obter altos lucros.

OBS.: Como não existem barreiras para a entrada de firmas, a longo


prazo há tendência apenas para lucros normais (RT=CT), como em
concorrência perfeita, ou seja, os lucros extraordinários a curto prazo
atraem novas firmas para o mercado, aumentando a oferta do
produto, até chegar-se a um ponto em que persistirão lucros normais,
quando então cessa a entrada de concorrentes.
Oligopólio

Características:

•Característica dominante: pequeno número de empresas de grande


porte, que dominam parcelas substantivas do mercado;
•Altos coeficientes de concentração;
•A dominação pode conduzir à formação de cartel;
•Estrutura de mercado que mais se adequa a realidade;
•Diferentes situações e condições diferenciais;
•Os oligopólios não se limitam a um tipo específico:
a) Oligopólio concentrado: ausência de diferenciação de
produtos; barreiras às entradas; alta concentração técnica; elevados
montantes de capitais exigidos; pequeno número de empresas no
setor. Ex.: Indústria aumobilística.
b) Oligopólio diferenciado: disputa no mercado através da
diferenciação de seus produtos; domínio de diferentes faixas de
consumidores.
c) Oligopólio diferenciado concentrado: diferenciação de
produtos; requisitos mínimos de escala para implantação de projetos
concorrentes.
d) Oligopólio competitivo: alta concentração de produção;
concorrência via preços para ampliar as fatias de mercado; menores
barreiras à entrada; pequeno número de empresas domina
determinado setor. Ex.: Mercado de Cervejas.
 Devido à existência de empresas dominantes, elas têm o poder de
fixar os preços de venda em seus termos, defrontando-se
normalmente com demandas relativamente inelásticas, em que os
consumidores têm baixo poder de reação a alterações de preços;
 No oligopólio, assim como no monopólio, há barreiras para a
entrada de novas empresas no setor.

Tipos de oligopólio:

• Com produto homogêneo (por exemplo, alumínio e cimento);


• Com produto diferenciado (por exemplo, automóveis).
OBS: A longo prazo os lucros extraordinários permanecem, pois as
barreiras à entrada de novas firmas persistirão.

Formas de atuação das empresas:


•Concorrem entre si: via guerra de preços ou de promoções
(forma de atuação pouco frequente);
•Formam cartéis (conluios, trustes): cartel é uma organização
(formal ou informal) de produtores dentro de um setor, que
determina a política para todas as empresas do cartel. O cartel fixa
preços e a repartição (cota) do mercado entre as empresas.
 Não existe um modelo geral de oligopólio, pois eles são muito
diferentes entre si. O modelo mais tradicional parte da
maximização dos lucros pelo empresário, e neste caso:

RMg = CMg.
Referências

Bibliografia básica:

VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Economia: micro e


macro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. Princípios de Micro


e Macroeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001.

Bibliografia complementar:

MOCHÓN, Francisco. Princípios de Economia. São Paulo: Pearson,


2007.

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 20.ed. São


Paulo: Atlas, 2006.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio S. de.
Manual de Economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; GARCIA, Manuel


E.. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, SP, 2008.

VICECONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Introdução à Economia.


5.ed. São Paulo: Frase, 2002.

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