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ANÁLISE DA NOVA LEI DE PREVENÇÃO E COMBATE AO BRANQUEAMENTO DE

CAPITAIS E FINANCIAMENTO DO TERRORISMO – LEI NÚMERO: 11/2022, DE 7 DE


JULHO.
CONTEXTUALIZAÇÃO

 No âmbito da melhoria do ambiente de prevenção e combate de branqueamento e


financiamento do terrorismo e com o objectivo de tornar mais eficazes às Resoluções das
Nações Unidas, nomeadamente, do seu Conselho de Segurança, mostrou-se necessário
revisitar e revisar a Lei número: 14/2013, de 12 Agosto;
 Esta revisão, também, teve como objectivo trazer para a Ordem Jurídica Nacional, as mais
recentes recomendações do GAFI, entre outras as que tem que ver com os chamados
activos virtuais.
 Outros aspectos que foram trazidos com enfase, tem que ver com o beneficiário efectivo e
a questão do ramo vida em matéria de seguros.
Objectivos

 Com esta apresentação pretendemos trazer ao debate e a consciência de todos, as


principais alterações efectuadas;
 De modo mais específico, pretendemos analisar: o impacto das alterações nas nossas
actividades;
 Verificar se as sociedades gestoras de fundo pensões estão abrangidas pela nova Lei;
 Verificar a categoria em que as sociedades gestoras e também os mediadores de seguro
estão classificados;
 Analisar os deveres a que estão adstritos, verificar as consequências da falta de
cumprimento dos deveres.
Estrutura da Lei

 O novo regime jurídico de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e do


financiamento do terrorismo foi aprovado pela Lei número: 11/2022, de 7 de Julho;
 A Lei contém 97 artigos, distribuídos em 9 capítulos;
 O capítulo I, referente as disposições gerais, abrange os artigos 1 a 5;
 O capítulo II, atinente as actividades criminosas, compreende os artigos 6 a 10;
 O capítulo III, referente aos deveres das instituições financeiras e das entidades não
financeiras, estende-se do artigo 11 a 59, contém, também, sete secções;
Estrutura da Lei

 O capitulo IV, respeitante às medidas provisórias, desdobra-se entre os artigos 60 a 63, e


tem uma secção;
 O capítulo V, inerente a perda de objecto, recompensas, bens, valores, vantagens ou
direitos, difunde-se entre os artigos 64 a 71;
 O capítulo VI, que versa sobre cooperação internacional, desenvolve-se entre os artigos
72 a 75;
 O Capítulo VII, que refere à investigação, estira-se entre os artigos 76 a 80;
 O capítulo VIII, referente ao regime sancionatório ocupa os artigos 81 a 94;
Estrutura da Lei

 O capitulo IX, que versa sobre as disposições transitórias e finais, compreende os artigos
95 a 97;
 A Lei contém um anexo, que tem um glossário, com definições sobre vários conceitos;
 Tendo sido publicada no dia 7 de Julho e com atenção ao plasmado no artigo 97, a mesma
entra em vigor no prazo de trinta dias contados a partir da publicação, isto é, entra em
vigor a 6 de Agosto de 2022;
Âmbito de Aplicação da Lei

 A lei em apreciação aplica-se às instituições financeiras e à entidades não financeiras com


sede no território nacional. O primeiro criterio usado pelo legislador é o de abranger
empresas com sede em Mocambique; - numero 1, do artigo 3;
 O âmbito de aplicação da Lei estende-se as sucursais, agencias, filiais ou quaisquer outras
formas de representação; número 1, do artigo 3;
 O segundo criterio para o âmbito da aplicação é o das entidades com sede no estrangeiro
mas, que tenham sucursais, agências, filiais ou qualquer outra forma de representação em
território nacional de instituições financeiras e entidades financeiras e, ainda à
representações de entidades nacionais situadas no estrangeiro. Número 2, do artigo 3.
Classificação da Sociedade Gestora e dos
Mediadores de Seguros
 Fixado que está o âmbito de aplicação nos termos do artigo 3, o legislador veio
estabelecer o que entende por instituições financeiras no artigo 4;
 Para o legislador e para efeitos de âmbito de aplicação, as sociedades gestoras de fundos
pensões complementares e os mediadores de, são instituições financeiras – confere o
plasmado no número 5, do artigo 4;
 Demonstrado que as sociedades gestoras e os mediadores de seguro estão abrangidos pela
Lei e considerando que são classificadas como instituições financeiras, elas estão adstritas
aos dez deveres gerais previstos no artigo 11.
Deveres das Instituições Financeiras

 Às instituições Financeiras estão adstritas aos seguintes deveres:


 Avaliação de risco – que é um dever novo, que não constava da lei anterior;
 Identificação, verificação e diligência;
 Recusa;
 Abstenção;
 Conservação de documentos;
 Comunicação de operações suspeitas;
 Exame;
Deveres das Instituições Financeiras

 Colaboração;
 Formação;
 Controlo.
Dever de Avaliação de Risco – artigos12,13 e
14

 Como foi referido, este dever é de todo novo e pode ser entendido em três dimensões:
 Uma dimensão supra – estrutural, em que as entidades de supervisão, o GIFIM e outras
entidades competentes devem realizar uma avaliação de âmbito nacional, com o objectivo
de identificar, avaliar e compreender os riscos associados ao branqueamento de capitais,
ao financiamento do terrorismo e ao financiamento da proliferação de armas de destruição
em massa – número 1, do artigo 12,
 Uma dimensão sectorial – as entidades de supervisão, entre outras, o ISSM, e outras
entidades competentes, devem realizar avaliações de risco sectorial, que devem ser
actualizadas numa base anual.
Dever de Avaliação de Risco – artigos 12, 13 e
14

 Quer a avaliação nacional, quer a avaliação sectorial, tem como objectivo, a identificação
dos riscos e as mitigação dos mesmos, quer por parte das próprias entidades entidades de
supervisão, quer ainda, por parte dos regulados,
 De um modo mais especfíco e nos termos do artigo 14, a sociedade gestora e o mediador
de seguro, como instituições financeiras nos termos da Lei, tem, de forma específica, tem
que realizar a avaliação de risco, para compreender os riscos de branqueamento de
capitais, financiamento do terrorismo e financiamento da proliferação de armas de
destruição em massa, a que está exposta ao nível do cliente, da transacção e da mesma;
 Na avaliação em causa, a sociedade gestora e o mediador de seguros, devem ter em conta,
os factores:
Dever de Avaliação de Risco – artigos 12, 13 e
14

 Natureza, dimensão e complexidade da actividade desenvolvida;


 Países ou áreas geográficas em que exerçam a actividade directamente ou através de
terceiros, pertencentes ou não ao mesmo grupo,
 Áreas de negócio desenvolvidas, bem como produtos, serviços e operações
disponibilizadas;
 Natureza e histórico do cliente, incluindo a actividade por ele desenvolvida;
 Localização geográfica do cliente da instituição financeira ou que se tenha domiciliado
ou de algum modo desenvolva a sua actividade;
 Canais de distribuição dos produtos e serviços disponibilizados, bem como dos meios de
comunicação utilizados nos contactos com os clientes.
Dever de Avaliação de Risco – artigos, 12, 13
e 14
 No âmbito da avaliação de risco, a sociedade gestora e o mediador de seguro devem:
 Definir e implementar meios e procedimentos de controlo, incluindo sistemas de
informação, que mostrem adequados à mitigação dos riscos específicos identificados e
avaliados;
 Implementar procedimentos especialmente reforçados quando se verifique a existências
de um risco acrescido de branqueamento de capitais, financiamento do terrorismo e
financiamento da proliferação de armas de destruição em massa;
 Rever e actualizar, com periodicidades adequada os riscos identificados, as praticas de
gestão de risco de modo a que reflictam, adequadamente, eventuais alterações registadas
na realidade operativa específica e riscos associados.
Dever de Avaliação de Risco – artigos 12, 13 e
14
 A avaliação dos riscos efectuada pela sociedade gestora e pelo mediador de seguro, deve
ser redigida em documento, juntamente com todas as informações de suporte e
disponibilizados às autoridades de supervisão e ao GIFIM;
 Os documentos acima identificados devem ser conservados por um período de 10 anos e
colocados à disposição do ISSM e do GIFIM;
 A sociedade gestora e o mediador de seguros, deve, ainda, avaliar os riscos de
branqueamento de capitais, financiamento do terrorismo e financiamento da proliferação
de armas de destruição em massa, que possam surgir em função, de:
 Oferta de produtos e serviços ou operações susceptíveis de favorecer o anonimato;
Dever de Avaliação de Risco – artigos 12, 13 e
14

 Desenvolvimento de novos produtos, serviços, mecanismos de distribuição, método de


pagamento e novas práticas comerciais;
 Utilização de novas tecnologias ou em fase de desenvolvimento, tanto para novos
produtos e serviços já existentes;
 Para efeito de cumprimento dos anteriores deveres, a sociedade gestora deve:
 Avaliar o risco antes do lançamento ou uso de tais produtos e serviços, práticas e
tecnologias;
 Tomar medidas convenientes para gerir e mitigar os riscos de branqueamento de capitais,
financiamento do terrorismo e financiamento da profileração de armas de destruição em
massa.
Deveres de Identificar, Verificar e Diligenciar
– artigos, 16, 17, 18, 19, 20 e 21

 A Sociedade gestora e o mediador de seguros, nos termos do artigo 16, tem o dever de
identificar, verificar e diligenciar, sempre que:
 Estabeleça uma relação de negócio;
 Ou que efectue transacções ocasionais:
 De montante igual ou superior a novecentos mil Meticais,
 Nos casos de transferência de fundos domésticos ou internacionais
 Independentemente do valor, haja suspeita de que as operações estejam relacionadas com
os crimes;
 Haja dúvidas quanto à veracidade ou adequação dos dados de identificação do cliente.
Deveres de Identificar, Verificar e Diligenciar
– 16, 17, 18, 19, 20 e 21.
 Modo de identificação, mantém-se os documentos já exigidos actualmente;
 A verificação da identificação da identidade dos clientes, seus representantes, é efectuada
no momento em que seja estabelecida a relação de negócio;
 Sendo clientes que constem das listas designadas pelas resoluções das Nações Unidas, a
sociedade gestora e a mediadora de seguros devem implementar medidas restritivas com
vista ao congelamento de todos os bens e recursos económicos detidos ou controlados por
aqueles clientes;
 Pessoas Politicamente Expostas – artigo 23
Beneficiários Efectivos – artigo 19

 A Nova Lei veio a dar maior enfase à questão do último beneficiário, o conhecido por
beneficiário efectivo, exigindo que as instituições financeiras tomem medidas efectivas
para verificar a identidade dos beneficiários efectivos, através de documentos
confirmativos da sua identidade;
 A lei exige, que antes do estabelecimento da relação de negócio ou da realização de uma
transacção ocasional, quer a sociedade gestora ou a mediadora de seguros, tome as
seguintes medidas:
 1. Aferir a qualidade de beneficiário efectivo;
 Obtenção de informação dos beneficiários efectivos do cliente;
Beneficiários Efectivos – artigo 19

 Adoptar medidas razoáveis para verificar a identidade dos beneficiários efectivos;


 Nas situações em que um cliente, pessoa singular, que actue através de um representante,
estas medidas devem ser tomadas em consideração;
 Nas situações em que estamos perante fundos fiduciários, os chamados trusts ou outros
centros de interesses colectivos sem personalidade jurídica de natureza analóga, em que
os beneficiários são definidos em função das características ou categorias específicas, há
que obter informações suficientes sobre esses beneficiários;
Elementos de identificação dos beneficiários
efectivos – artigo 20

 Para a identificação dos beneficiários efectivos, quer a sociedade gestora, quer a


mediadora de seguros, no processo de identificação devem ter em consideração o
plasmado no artigo 16, 17 e 18, da presente Lei;
 Todos os elementos de identificação dos beneficiários efectivos deve ser comprovada com
base em documentos dados ou informações de fonte independente e credível;
 Nas situações em que, comprovadamente, se verifique a existência de um risco baixo de
BC/FT e FPADM, o ISSM, poderá permitir, nos termos em vier a regulamentar, a
comprovação de elementos de identificação dos beneficiários efectivos com base em
declaração emitida pelo cliente ou por quem legalmente o represente.
Dever de identificação – Pessoas
Politicamente Expostas – artigo 23.

 No âmbito das suas actividades, quer a sociedade gestora, quer o mediador de seguros,
terão negócios, com pessoas politicamente expostas e quando assim acontecer, em relação
à sua identificação, devem ser capazes:
 De detectar a qualidade de PPE, adquirida em momento anterior ou posterior ao
estabelecimento da relação de negócio ou à realização da transacção ocasional;
 Se assim acontecer, o estabelecimento da relação de negócio, deve ser aprovada por
elemento da gestão do topo;
 A intervenção de elemento da gestão do topo, também, deve ser assegurada para a
aprovação da relação de negócio, quando a qualidade de PPE seja posterior ao
estabelecimento da relação de negócio;
Dever de Identificação – Pessoas
Politicamente Expostas – artigo 23.

 Há que adoptar as medidas necessárias para conhecer e comprovar a origem do património e


dos fundos envolvidos nas relações de negócio, nas transacções ocasionais ou operações em
geral;
 Monitorar de um modo permanente e de forma reforçada as relações de negócio, com o
objectivo de identificar eventuais operações que devem ser objecto de comunicação nos
termos do artigo 43;
 As medidas tomadas em relação aos PEP´s cessa, dois anos após, a perda da qualidade dessa
qualidade – esta é uma situação nova pois, a actual Lei era omissa, quanto a esse aspecto;
 Contudo, mesmo depois de cessar essa qualidade e o período de dois anos, se a pessoa
continuar a representar um risco para BC/FT, as medidas já identificadas devem continuar.
Dever de Identificação – Pessoas Politicamente
Expostas – Gestão de Riscos – artigo 24

 Associado, também, ao dever de identificação das PPE´s, foi estabelecido um dever de


criação de sistemas de gestão de riscos que devem permitir a determinação da qualidade
de PPE dos seus clientes ou beneficiários efectivos;
 Caso o sistema detecte que se está perante um PPE, quer a socieade gestora, quer o
mediador de seguros, são obrigados a:
 1. Obter autorização do respective gestor senior antes do estabelecimento de relações de
negócio com tais clients;
 2. Tomar medidas necessárias para determinar a origem do património e dos fundos
envolvidos nas relações de negócio ou nas transacções ocasionais;
Pessoas Politicamente Expostas – artigo 24

 Efectuar um acompanhamento contínuo da relação de negócio;


Dever de identificação – Contratos de Seguros
do Ramo Vida – artigo 27

 O legislador em relação as entidades financeiras que exercem actividade de seguro de


vida, reconhecendo o elevado risco de branqueamento de capitais, do financiamento do
terrorismo e do financiamento da proliferação das armas de destruição em massa,
estabeleceu, para efeitos de identificação, verificação e diligência, as seguintes medidas:
 A) Recolha do nome ou denominação social, quando expressamente identificados como
pessoas singulares ou colectivas ou como centros de interesses sem personalidade
jurídica;
 Obter informação suficiente que permite, no momento, da execução da apólice, conhecer
e identificar os beneficiários finais, quando forem indicados por classe, características ou
outros meios que não sejam nomes ou denominações;
Contratos de Seguros Ramo Vida –
continuação – artigo 27

 A verificação da identidade dos beneficiários que foi enunciada no slide anterior, tem que
ser efectuada até ao momento do pagamento de benefício;
 Em caso de cessão (transmissão), total ou parcial, a terceiros, do contrato de seguro do
Ramo Vida, o mediador de seguro, se tomar conhecimento, deve identificar e verificar a
identidade dos beneficiários efectivos, nos termos dos artigo 19 e 20 da noval Lei.
Dever de Identificação – Contratos de Seguros
do Ramo Vida – Medidas Reforçadas – artigo
28
 Pode acontecer que a apólice de seguro do Ramo Vida e outros produtos de investimento
relacionados com seguros, ter como beneficiário uma pessoa colectiva ou entidade sem
personalidade jurídica, o mediador de seguro, deve considerar o referido beneficiário
como um factor de risco acrescido e aplicar medidas de de diligência reforçadas;
 No que concerne aos contratos de seguros do Ramo Vida, para além das medidas
previstas no artigo 27 e nos demais procedimentos de identificação e verificação,
previstos na Lei, o mediador de seguro deve:
 1. Considerar o beneficiário de tais contratos como um factor de risco elevado a ter em
conta na análise dos riscos de branqueamento de capitais, financiamento do terrorismo ou
financiamento da proliferação de armas de destruição em massa e adoptar medidas
reforçadas no âmbito do dever de identificação e verificação;
Dever de Identificação – Contratos de Seguros
do Ramo Vida – Medidas Reforçadas – artigo
28
 Deve ainda, o mediador de seguro, aplicar medidas reforçadas sempre que seja detectado um
risco elevado de branqueamento de capitais, financiamento do terrorismo e financiamento da
proliferação de armas de destruição em massa, associado a um beneficiário de contratos de
seguro do Ramo de Vida, que seja uma pessoa colectiva ou um centro de interesses colectivos
sem personalidade jurídica;
 As medidas reforçadas enunciadas anteriormente, são, igualmente, aplicadas ao beneficiário
efectivo de tais seguros, até ao momento do pagamento do benefício, nos termos constantes dos
artigos 19 e 20;
 Deve, o mediador de seguro, adoptar, até ao momento do pagamento do benefício ou da cessão,
total ou parcial, dos contratos, medidas razoáveis para determinar se os beneficiários dos
seguros do Ramo Vida, e/ou, quando aplicável, o beneficiário efectivo dos seguros, tem a
qualidade de PPE, com base nos procedimentos ou sistemas previstos no artigo 23.
Dever de identificação – Contratos de Seguros
do Ramo Vida – Medidas Reforçadas – artigo
28.
 O mediador de seguro, ao constatar a qualidade de pessoa politicamente exposta e sejam
identificados riscos mais elevados, deve:
 1. Informar a direcção do topo antes de efetuar o pagamento do prémio de seguro;
 2. Realizar um escrutínio reforçado do conjunto da relação de negócio com o tomador de
seguro, com o objectivo de identificar eventuais operações que devam ser objecto de
comunicação nos termos do artigo 43.
Obrigações específicas de entidades sem
personalidade jurídica – artigo 33.

 Uma figura nova no âmbito da prevenção e combate ao BC/FT, são as entidades sem
personalidade jurídica, por exemplo, as sociedades comerciais em formação;
 Dado que ainda não tem reconhecimento legal, elas oferecem um risco elevado de
BC/FT. Por conseguinte, foram fixadas obrigações para as mesmas;
 Sempre que os administradores de tais entidades estabeleçam relações de negócio ou
efectuem operações ocasionais de valor igual ou superior a novecentos mil Meticais,
devem disponibilizar, sempre que solicitada, toda a informação referente à sua situação,
nomeadamente:
 Informações suficientes, exactas e actuais sobre os seus beneficiários efectivos;
Obrigações específicas das entidades sem
personalidade jurídica – artigo 33

 Dados detalhados sobre a natureza do controlo exercido pelo beneficiário efectivo e os


interesses económicos subjacentes;
 Os demais documentos, dados e informações necessários ao cumprimento, pelas
instituições financeiras e entidades não financeiras, do dever de identificação dos
beneficiários efectivos;
 Os bens detidos ou a ser detidos ou geridos no âmbito da relação de negócio ou processos
em curso.
Obrigações específicas das entidades sem
personalidade jurídica – artigo 34

 Considerando a situação das entidades em causa e o elevado risco de BC/FT, as


autoridades competente, incluindo o SERNIC, PGR, SENAMI, GIFIM, entre outras,
devem ter acesso útil, à informação na posse dos administradores e terceiros, em especial
a informação detida por instituições financeiras e não financeiras sobre:
 1. Beneficiários efectivos;
 O controlo do fundo fiduciário;
 A residência do administrador do fundo;
 Quaisquer bens detidos ou administrados pelas instituições financeiras ou entidades não
financeiras em relação a qualquer administrador com os quais mantenha uma relação de
negócio ou com o qual realize uma operação ocasional.
Medidas Reforçadas de Diligência Relativa à
Clientela – artigo 38.

 Para além das medidas reforçadas para os clientes da mediadora de seguros, no que tange aos
contratos de seguros do ramo vida, o legislador exige, para as demais situações, o reforço de
diligência relativa ao cliente:
 1. Em relação aos riscos associados ao cliente e às operações, atendendo à natureza,
complexidade, volume, carácter não habitual, ausência de justificação económica,
nomeadamente, actividade económica ou ocupação profissional e capacidade financeira
presumida do cliente, que não apresente uma causa económica lícita aparente;
 Monitorização e controlo especial a relações de negócio e transacções com pessoas
singulares, colectivas ou centros de interesse sem personalidade jurídica, provenientes de
países terceiros de elevado risco ou para outros países, que não aplicam ou aplicam de forma
deficiente os padrões internacionais relevantes para a prevenção e combate ao BC/F FPADM;
Medidas Reforçadas de Diligência Relativa ao
Cliente – artigo 38

 Medidas complementares de diligências às operações realizadas sem a presença física do


cliente, do seu representante ou do beneficiário efectivo, podendo a confirmação da
identidade ser completada com documentos adicionais ou com informações prestadas pelo
cliente e consideradas como suficientes para fins de confirmação ou verificação;
 Para efeitos do artigo 38, há que considerar:
 1. Verificar a origem dos fundos e a verdadeira natureza da operação e nunca mencionar
ao cliente que há suspeitas;
 Preparar um relatório confidencial com toda a informação relevante relativa a estas
transacções, sobre a identidade do representante e, quando aplicável, dos beneficiários
económicos últimos.
Medidas Reforçadas – artigo 38

 Quer a sociedade gestora, quer a mediadora de seguros, devem manter um registo da


informação específica respeitante as transacções referidas no artigo em análise e a
identidade de todas as partes envolvidas, que deve ser colocado à disposição do GIFiM,
do ISSM e outras autoridades competentes;
Medidas simplificadas de identificação e
verificação – artigo 39

 O legislador, para determinas situações em se justifique, permite que as instituições


financeiras, podem adoptar medidas simplificadas de identificação e verificação, quando
se verifique um risco comprovadamente baixo de BC/FT e FPADM, nas
TRANSACÇÕES OCASIONAIS, ou nas operações que efectuem;
 As medidas previstas no artigo 39, é apenas admissível na sequência de uma valiação
adequada dos riscos pelas próprias instituições financeiras ou pelo ISSM;
 Todavia, não poderá haver medidas de simplificadas de identificação e verificação nas
seguintes situações:
Medidas Simplificadas – artigo 39

 1. Quando existam suspeitas de branqueamento de capitais, de financiamento do


terrorismo e financiamento da proliferação de armas de destruição em massa;
 Quando devem ser adoptadas medidas reforçadas de identificação e verificação;
 Sempre que o ISSM determine que não haja medidas simplificadas de identificação e
verificação;
 Para além de outras medidas simplificadas que se mostrem mais adequadas aos riscos
concretos identificados, a sociedade gestora e a mediadora de seguros, devem:
Medidas simplificadas – artigo 39

 Verificar a identificação do cliente e do beneficiário efectivo após o estabelecimento da


relação de negócio;
 Redução da intensidade do acompanhamento contínuo e da profundidade da análise das
operações quando os montantes envolvidos nas mesmas são de valor baixo;
 Ausência de recolha de informações específicas e a não execução de medidas específicas
que permitam compreender o objecto e a natureza da relação de negócio, quando seja
razoável inferir o objecto e a natureza do tipo de transacção efectuada ou relação de
negócio estabelecida;
Medidas Simplificadas - artigo 39

 Na aplicação de medidas simplificadas de identificação e verificação, impele que as


instituições financeiras devem verificar a proporcionalidade das mesmas em relação aos
factores de risco reduzidos identificados;
 Pode acontecer, que o ISSM venha a determinar o conteúdo das medidas simplificadas
que se mostrem adequadas a fazer face a determinados riscos baixos de BC/FT e FPADM;
 Para rematar há que informar que a aplicação de medidas simplificadas não dispensa as
instituições financeiras de acompanhar as operações e relações de negócio de modo a
detectar operações não habituais ou suspeitas.
Dever de recusa – artigo 40

 Dever de recusa – sempre que haja incumprimento dos deveres de verificação, a


sociedade gestora deve:
 Recusar o estabelecimento da relação de negócio;
 Cessar a relação de negócio, quando esta já tenha sido estabelecida,
 Reduzir a escrito as conclusões que fundamentam o exercício do dever de recusa;
 Enviar a comunicação de operações suspeitas ao GIFIM – artigo 40
 Dever de abstenção – artigo 41
Conservação de documentos – artigo 42

 Diferentemente do que acontece com a Lei ainda em vigor, em que a conservação dos
documentos era por um período de 15 anos, na nova lei passa a ser de 10 anos;
 Os documentos a serem conservados são os que constam das alíneas a) a f), do número 1,
do artigo 42:
 Os elementos de identificação de clientes, representantes e beneficiários efectivos;
 Cópias dos documentos ou outros suportes tecnológicos comprovativos do cumprimento
da obrigação e identificação e de diligências;
 Registo de transacções;
Conservação de documentos – artigo 42

 Cópia de toda a correspondência comercial trocada com o cliente;


 Cópias das comunicações com o GIFIM;
 Registos dos resultados das análises internas, assim como da fundamentação da decisão
das entidades sujeitas no sentido de não comunicarem estes resultados ao GIFIM ou
outras autoridades competentes;
Dever de Comunicação – artigo 43

 A sociedade gestora e a mediadora de seguros, sendo uinstituições financeiras, para


efeitos da Lei em análise, devem comunicar ao GIFIM, nas seguintes condições:
 Suspeite ou tenha motivos justificados para suspeitar que fundos ou bens são produto de
actividade criminosa;
 Existam indícios de os referidos fundos serem utilizados para o financiamento ao
terrorismo e financiamento da proliferação de armas de destruição em massa;
 Tenha conhecimento de um facto ou de uma actividade que possa indiciar o crime de
branqueamento de capitais, financiamento de terrorismo e financiamento da proliferação
de armas de destruição em massa;
Dever de Comunicação artigo 43

 É importante referir que este dever de comunicação abarca, não só as situações


consumadas, bem como as situações de mera tentativa;
 A sociedade gestora e a mediadora de seguros, independentemente das transacções serem
realizadas de uma vez ou fraccionadas, devem comunicar ao GIFIM, sempre que:
 Ocorram transacções, em numerário, de valor igual ou superior a duzentos e cinquenta
mil Meticais;
 De valor igual ou superior a setecentos e cinquenta mil Meticais (acredito que seja
transacções electrónicas, tal como dispõe o artigo 18, da actual Lei)
Dever de exame – artigo 47

 A sociedade gestora e a mediadora de seguros, no desenvolvimento da sua actividade,


devem examinar, com cuidado especial e atenção, de acordo com a sua experiência
profissional, qualquer conduta, actividade ou operação cujos elementos caracterizadores
tornem, particularmente, a operação susceptivel de estar relacionada com o
branqueamento de capitais, com o financiamento do terrorismo ou com o financiamento
de proliferação de armas de destruição em massa;
 Em especial, há que verificar, a natureza, finalidade, complexidade, invulgaridade e
atipicidade da conduta, actividade ou operação;
 A aparente inexistência de um objectivo económico ou de um fim lícito associado à
conduta, actividade ou operação;
Dever de exame – artigo 47

 O montante, a origem e o destino dos fundos movimentados;


 O local de origem e de destino das operações;
 Os meios de pagamento utilizados;
 A natureza, a actividade, o padrão operativo e o perfil dos intervenientes;
 O tipo de transacção ou produto que possa favorecer especialmente o anonimato;
 O exame efectuado, deve ser reduzido a escrito e conservado por um período de cincos,
ficando à disposição dos auditores, quando existam e das entidades de supervisão (ISSM).
Dever de Controlo - artigo 48

 No âmbito do cumprimento do dever de controlo, a sociedade gestora, deve desenvolver e


aplicar programas para a prevenção e combate ao branqueamento de capitais,
financiamento do terrorismo e financiamento da proliferação de armas de destruição em
massa;
 Adpotar políticas, procedimentos de controlo interno, incluindo mecanismos apropriados
para verificar o seu cumprimento e procedimentos adequados para assegurar critérios
exigentes para a contratação de empregados;
 Regular a auditoria interna para verificar a conformidade e adequação às medidas
destinadas à aplicação da Lei;
 Adpotar procedimentos internos de comunicar transacções suspeitas, incluindo a
indicação de um OCOS para cada agência, Filial, balcão ou sucursal;
Dever de Formação – artigo 50

 A sociedade gestora e a mediadora de seguros devem garantir acções de formação


específicas, adequadas e regulares aos seus gestores e empregados;
 Os documentos relativos à formação devem ser conservados por um período de, pelo
menos, cinco anos;
Dever de colaboração – artigo 51

A sociedade gestora e a mediadora de seguros, sempre que solicitado devem colaborar com as
autoridades judiciárias competentes, a saber:
1. Tribunais;
2. Ministério Público;
3. SERNIC;
4. Gabinete de Combate à Droga;
A colaboração em causa, envolve o fornecimento de informações sobre as operações realizadas
pelos seus clients ou apresentando documentos relacionados com as respectivas operaçoes.
Dever de colaboração – artigo 51

 Para efeitos de cumprimento do dever de colaboração, a sociedade gestora e mediadora de


seguros devem possuir sistemas e instrumentos que permitam responder pronta e
integralmente aos pedidos de informação apresentados pelo GIFIM e pelas demais
entidades com competência na área;
 Na colaboração em sede de processos-crimes, há que ter em consideração os fundamentos
do processo penal;
Dever de sigilo profissional – artigo 52

 Em nenhuma circunstância a sociedade gestora e mediadora de seguros, os titulares dos


órgãos directivos da mesma, os gestores, os mandatários, ou qualquer outra pessoa que
exerça funções ao serviço da mesma, devem revelar ao cliente a terceiros a comunicação
de transacções suspeitas;
 Esta proibição abrange, também, a toda correspondência trocada entre as autoridades de
supervisão, no nosso caso o ISSM e a sociedade gestora;
Consequências da falta de cumprimento dos
deveres legais – artigo 90 e ss

 Em caso de falta de cumprimento dos deveres listados na Lei, a sociedade gestora e a


mediadora de seguros, responderão pelos actos cometidos pelos respectivos órgãos e pelos
titulares dos órgãos directivos, de chefia ou gerência;
 O artigo 90, enuncia uma série de contravenções decorrentes da falta de cumprimento dos
deveres, por parte da sociedade gestora;
 Estas contravenções terão como consequência a aplicação de multas, que variam de dois
milhões a dez milhões de Meticais;
 Uma multa para as pessoa singulares que varia de seiscentos mil a seis milhões de Meticais;
 Para além das multas enunciadas, a Lei revê a aplicação de medidas acessórias, no artigo 92,
que podem compreender:
Consequência da falta de cumprimento dos
deveres legais
 A revogação ou suspensão da autorização concedida pelo período de três anos, consoante
a gravidade para o exercício da actividade;
 A inibição, por um período de 10 anos, do exercício de cargo de direcção, chefia ou
gerência de pessoas colectivas, ou de actuar em representação legal ou voluntária, no caso
de responsabilidade de pessoas singulares;
 Impedimento de exercício de actividades empresariais directa ou indirectamente, por um
período de seis meses a três anos;
 Colocação sob supervisão reforçada da entidade competente;
 O encerramento das actividades que serviram para a prática do crime durante um período
de 10 anos;
Consequências da falta de cumprimento dos
deveres legais artigo 90 e ss

 Colocação em processo de dissolução;


 Publicação da sentença condenatória a expensas da sociedade gestora;
 Expulsão do país, depois do cumprimento da pena, tratando-se de um estrangeiro.
OBRIGADO.

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