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Temos a espessura de um vidro vulgar banhado a prata falsificada

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Sabes, gostava poder olhar-te e sentir que no estou frente a um espelho.


Temos a espessura de um vidro vulgar banhado a prata falsificada. Toco-te para saber se s real, e s. Olho-te para alm do reflexo que s, e s nada. Escondo-me no medo de encontrar essa sobra a cores que representas. Vejo-te repetir aquilo que j fiz; adivinho naquilo que fazes as coisas que um dia farei. Prefiro no ver. Temos a espessura de um vidro vulgar banhado a prata.

A bondade uma artimanha da iniquidade. A bondade o conforto do nosso desconforto, e nada mais.
A moeda que retiras do bolso tem o tamanho do incmodo que acertou nos teus olhos. Olhamos a misria ao nosso lado e incomodamo-nos. Olhamos a misria ao fundo da rua e incomodamo-nos menos. Olhamos a misria no horizonte e lanamos um suspiro. Para l do horizonte no sofre nem morre ningum (acredita). A bondade tem a espessura de um vidro vulgar banhado a prata falsificada.

A misria esperta.
A misria sabe que jamais ter direito comida que engorda o porco que se olha ao espelho enquanto palita os dentes.

A misria sabe que o peso da moeda de oferta tem o tamanho do incmodo colocado em frente ao espelho banhado a prata falsificada. A misria quer ser misria. A bondade quer ser bondade. A misria no quer morrer, desaparecer. A bondade no quer morrer, desaparecer.

Temos a espessura de um vidro vulgar banhado a prata falsificada.


Preferimos no ver; e no vemos. Palitamos os dentes e gastamos o tempo olhando a imagem reflectida no espelho (vejote). No sabemos que temos a espessura de um vidro. No sabemos que no vemos. No Sabemos.

A bondade e a misria sorriem; sorriem.

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