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Cruz Algema & Fuzil

A hóstia a bala a cela


É minha fé que o cristianismo encarcera
Que distâncias percorreriam as entrelinhas
do Destino, cruzando cabeças, moicanos,
latinhas amassadas pra fumá pedra, cascas de
banana, maricas resinadas?
Que narguilê borbulhante, redigirá o
caminho pérfido de nossas moradas?
Quantos esgotos desembocarão neste rio?
Quanta merda beberão pela torneira?
Quantas gotas de sangue tirarão do índio?
Quantos alcorões serão necessários para
exterminar a raça humana?
Cruz, Algema & Fuzil
Quando passaremos a esmaltar o cromossomo
da vergonha em negro sacrificando a virtude
do orgulho para vermos que não somos nada?
Baixe o sol aqui em meu ouvido, na lavanderia
é seguro, a lua é minha, patentearei esta ou
outra via láctea, deixa o punk e o squat, não
se desculpe, não durma demais
Quando levitaremos nossas estrelas?
Sussurre para a incompreensão
Volte pra vida
Para vermes que não somos nada
Ver-me agora seria impossível
Virei este vapor de chaleira
Chaminé de usina
viciado em nicotina
Não quero ver-me o que sou
O padre o soldado o político
Sou o ódio do guerrilheiro
Causa & Redenção
Quem articulará o desafio da paz?
O gol contra da razão pregado na parede, te
faz tremer, te traz alívio - mas você já está
ciente que a cruz é a castração dos instintos,
o fuzilamento do espírito, a vida encarcerada
Quem trará a luz para nossos dias? Há muito
deixei de ser faísca, para ser raio, tudo faz
parte de mim

Emerson Ehing, Aluga-se um Cérebro Revoltado, Livro 1, Amazônia Destruída

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