Vrias vezes j me peguei pensando sobre a alegria de ser neta, quando tantos no chegaram a conhecer seus avs.

Lembro da minha infncia, das frias escolares na casa dos meus avs: das broncas por subir nas rvores e pegar frutinhos verdes, quando j se tinham esgotados os caroos de mamona; de ir no stio vizinho trazer (roubar) peras e cidras, para minha av fazer doces e compotas; de pescar os peixes do tanque que tnhamos no stio, junto com meu av e meu pai; de no entender quase nada do que falavam, mas saber que no fundo estavam me ensinando muito com seu exemplo de vida, com seu carinho e seu amor, mesmo no sabendo demonstrar isso direito. Quando perguntam, respondo com alegria e orgulho: sou neta do Seu Iloz e da Dona Rosa, neta do Seu Ozrio e da Dona Anna. O tempo foi passando, trazendo as tristezas de ser neta: meu av Ozrio foi o primeiro a partir, depois de algum tempo foi a v Rosa, no incio deste ano a av Anna nos deixou, hoje, estou deixando de ser neta, meu av Iloz est morrendo. Com ele vai o carinho e fica a saudade que s quem tem ou teve avs sabe o que . o curso natural da vida, mas me vejo um pouco egosta: queria poder ficar com eles mais um pouco, queria ouvir mais uma vez as histrias dantes tempo, queria comer aquele bolinho (o pirogue), o po quentinho que minhas avs faziam sempre que eu ia visit-las, queria continuar a ouvi-los falar numa lngua que j no mais to desconhecida. No sei se um dia cheguei a dizer a eles quanto os amo e respeito, mas sei que cada um sempre soube disso. Uma coisa eu queria ter dito e sei no disse, por isso digo agora: Obrigada pela oportunidade de ser sua neta.

Angela Nov/2006