Você está na página 1de 2

O T DOIS TRS

O Antnio Torrado
escreveu e a Cristina Malaquias ilustrou

O astronauta, l de cima, olhou para a Terra, c em baixo, e exclamou: - Ai que me esqueci de deitar alpista ao canrio. E agora? A casa fechada e sem ningum, ele com a chave no bolso e o coitado do canrio to longe, to inacessvel... E sem alpista. Um canarinho novo, ainda nem nome tinha. - H algum azar? - perguntaram do controle, na Terra. - No. Nada - disfarou o astronauta. - Estava s a conversar com os meus botes. Resposta mesmo descabida, porque o fato do astronauta no tinha botes, mas apenas um fecho clair de cima a baixo. - Confere o motor T2.3., com problemas - disseram-lhe da Terra... - Reconfere. O astronauta reconferiu. - Continua com problemas - insistiram da Terra. 1
APENA - APDD Cofinanciado pelo POSI e pela Presidncia do Conselho de Ministros

Eles, na sala de controle, diante dos ecrs, sabiam mais do motor T2.3. do que o prprio astronauta. - Misso cancelada. Regressar base - ordenaram da Terra. Com esta informao de que a viagem tinha sido interrompida, o astronauta devia ficar triste, mas no ficou. E ns sabemos porqu. Desceu. Aterrou. Saiu do aparelho, onde, no meio de tanta perfeio tcnica, um motor T2.3., por qualquer berbicacho incompreensvel, se tinha avariado. Grande era o desnimo de todos os que trabalhavam naquele centro de astronutica. Todos, menos um. Mal correu o fecho clair do seu fato acolchoado, o astronauta nem quis ouvir as palavras de consolo dos seus colegas. Foi direito a casa, de chave na mo. Ainda hoje os colegas do astronauta no percebem porque que ele chama ao canrio amarelo e esperto, que saltita na gaiola, o T Dois Trs. Com tantos nomes engraados, dar ao canrio o nome de um motor, ainda por cima um motor sujeito a avarias, sinal de falta de sensatez. Ser?

2
APENA - APDD Cofinanciado pelo POSI e pela Presidncia do Conselho de Ministros

Você também pode gostar