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A PANTERA Varando a grade, a nada mais se agarra o olhar tomado de um torpor profundo: para ela como se houvesse mil

l barras e, atrs dessas mil barras, nenhum mundo. Seu firme andar de passos grceis, dentro dum crculo talvez muito apertado, uma dana de fora em cujo centro ergue-se um grande anseio atordoado. De raro em raro, s, o vu das pupilas abre-se sem rudo e deixa entrar a imagem, que sobe, pelas tranquilas patas, ao corao, para a ficar. Rainer Maria Rilke (traduo de Geir Campos) A Pantera De tanto olhar as grades seu olhar esmoreceu e nada mais aferra. Como se houvesse s grades na terra: grades, apenas grades para olhar. A onda andante e flexvel do seu vulto em crculos concntricos decresce, dana de fora em torno a um ponto oculto no qual um grande impulso se arrefece. De vez em quando o fecho da pupila se abre em silncio. Uma imagem, ento, na tensa paz dos msculos se instila para morrer no corao. Rainer Maria Rilke (traduo de Augusto de Campos)

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