Jornal do Curso de Direito da Universidade Federal do Piauí

Nº 02 - Ano 01 da reinauguração / setembro de 2008

NESTA EDIÇÃO...
Entrevista (...) A humanidade, assim como as instituições
marcham para frente. Se em um Município um
povoado cresce bastante, vai chegar a hora em
com o prof.
que ele deve virar Município também. Penso que
Nelson Nery
esta é a situação do DCJ em relação ao CCHL.
Durante o último pleito eleitoral na UFPI houve a
informação que este centro era maior do que sete
universidades federais. Ora, isto significa que
está no momento do CCHL se (...)
pp. 4 e 5

(...) duas bases de dados que podem

subsidiar as nossas consciências
no exercício do voto (...)
p. 3
(...) a urgência na constituição de um
estatuto para o CACC. Através dele serão
finalmente destronados o “compadrismo”
e as arbitrariedades que regulam as
relações da instituição com os estudantes (...)
p. 6

(...) enquanto acharem que o que passa nos

nobres salões dos parlamentos não tem a ver
com seus próprios umbigos, haverá público
aplaudindo a ilógica conclusão de que o povo
não tem o governante que merece (...)
p. 7

Mais: como foi a calourada promovida pelo CACC

O Libertas - edição n° 02 - setembro/2008
Editorial
“I have a dream today”
Nós nos recusamos a acreditar que o certo era o conformismo
Nosso curso está passando, hoje, pela
transformação que tanto lutamos para alcançar.
Temos, enquanto estudantes, espaço aberto para
um diálogo franco com a Coordenação do Curso e
com o Departamento; vemos a melhoria no
quadro de professores; temos horários e salas de
aula organizados e em conformidade com a
quantidade de alunos.
E aqui vale uma explicação aos que estão
chegando agora. Nas gestões passadas do C.A. –
Centro Acadêmico – tínhamos uma luta
politizada, não podíamos nos focar nas questões
práticas do curso, como a grade curricular, a
pesquisa e a extensão. Era necessário que se
acabasse com o modelo antigo de gestão em que o
estudante era mero espectador das decisões
tomadas – muitas vezes em prol de interesses
particulares. O que é básico para qualquer curso
que se preze – como ter professores em todas as
disciplinas – para nós era utopia.
Garantir as condições básicas para um estudante
se desenvolver academicamente era o sonho das
gestões antigas. Esse sonho está se concretizando!
E para encerrar essa fase estritamente política do
C.A. faço alusão ao famoso discurso de Martin
Luther King. Eu tenho um sonho (I have a dream).
Um sonho em que nosso curso transpareça o
brilhantismo dos nossos estudantes e professores.
Um sonho em que haja de fato pesquisa e extensão.
Um sonho em que tenhamos orgulho de dizer
onde estudamos e que isso reflita em quem nós
somos.
O sonho de liberdade de Luther King ainda era
distante, estava (e está) sendo construído a duras
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penas. Nosso sonho é mais palpável, depende
apenas de nosso esforço, de nossa dedicação.
Refletindo isso na prática, devemos nos unir em
forma de Conselhos, cada um com um assunto
definido – eventos, grupos de pesquisa, extensão e
tantos outros quanto forem necessários –, que
coincida com nossos interesses, de forma tal a
criar um clima de fomento a discussões,
produções científicas e vivência acadêmica. Pois,
a finalidade ímpar do ensino universitário é a
produção de conhecimento e não a sua mera
reprodução.
É óbvio que capacidade intelectual não nos falta.
Mas o engajamento é crucial para que finalmente
ampliemos nossas possibilidades de
conhecimento e desenvolvimento cognitivo,
pessoal e social. Afinal, não basta alguns
estudantes se reunirem em torno do C.A e
tentarem resolver todos os problemas do curso. É
preciso que todos deixem para trás esse
comodismo de terem tudo na mão. É hora de
fazermos nossa parte, de sermos os responsáveis
pela melhoria do nosso curso.
O primeiro Conselho já foi criado, o grupo de
editores do Libertas, que ainda precisa de mais
voluntários. Assim que terminarem de ler essa
edição do jornal, marquem reuniões para criação
dos outros Conselhos, divulguem-nas. Garanto:
os interessados aparecerão. Cada um fazendo sua
revolução, a La Foucault, poderemos finalmente
dizer que nosso sonho não foi em vão.
Boa leitura!
Mirelle Monte Soares
Expediente
Jornal do Curso de Direito da UFPI
Impressão: Gráfica da UFPI
Editores:
Mirelle Soares
Emídio Borges
Rodrigo Chaves
Tainá Valentim
Dênio Cardoso
Ricardo Alves
Tiragem: 500 exemplares
O Libertas - edição n° 02 - setembro/2008
Eleições locais
4 anos é muito tempo, principalmente quando
as coisas não vão bem – vote consciente!
O título acima é o tema da campanha publicitária
das Eleições 2008 veiculada nos canais de
comunicação país afora, conclamando os eleitores
a votarem consciente, ou seja, a escolherem seus
candidatos com base no mérito, compromisso e
espírito público. Sem polemizar, acredito,
particularmente, que parcela dos políticos pode
apresentar essas características.
Mas, creio que, para lapidar essa consciência,
necessário se faz investigar a vida pregressa dos
candidatos que comandarão as Prefeituras e
Câmaras Municipais na próxima legislatura. O
atual Presidente do Tribunal Superior Eleitoral,
Carlos Ayres Britto, em entrevista concedida à
Revista Veja, edição nº 2068, de 16/07/2008, ao ser
indagado “Como é possível motivar a população a
se interessar pelo processo eleitoral num momento
de extremo desencanto com a política?”,
respondeu:
“Hoje, muitos tratam a eleição como um velório.
Precisamos mudar isso. O período eleitoral é uma
festa, uma celebração da democracia. Nossa idéia é
transmitir aos eleitores uma mensagem leve,
ressaltando a votação como um direito – e não como
um fardo. O eleitor precisa perceber que essa
depuração ética está nas mãos dele. Para ajudá-lo,
vamos facilitar o acesso à biografia dos candidatos.
Não conseguimos divulgar a lista dos "fichas-sujas",
mas há alternativas. É fundamental, por exemplo,
que os eleitores conheçam a relação dos
administradores que tiveram suas contas rejeitadas
em decisão definitiva dos tribunais de contas. Essa
lista está no site do Tribunal de Contas da União e
deve entrar em breve no site do TSE e dos Tribunais
Regionais Eleitorais. Queremos assegurar que os
eleitores tenham acesso ao máximo de informações
sobre os candidatos”. (grifei)
Pois bem, gostaria de alertar aos nobres colegas
acadêmicos, professores e servidores, que o
Renato Santos Chaves*
Tribunal de Contas da União, órgão incumbido
constitucionalmente de julgar as contas dos
responsáveis por gerirem recursos públicos federais,
disponibiliza em sua página, na internet, duas bases
de dados que podem subsidiar as nossas
consciências no exercício do voto: uma é o cadastro
de irregularidades (Cadirreg), podendo ser
consultado através de CPF, nome ou parte do nome
do candidato e, a outra base, é a lista de
responsáveis com contas julgadas irregulares,
encaminhada à Justiça Eleitoral, conforme
preceitua a Lei Complementar nº 64/1990 (casos
de inelegibilidade). O caminho é simples:
www.tcu.gov.br (produtos e serviços/sistemas
/Cadirreg). Conforme anunciado pelo Presidente
do TSE, a lista de inelegíveis também está
disponibilizada no site da Corte Eleitoral:
www.tse.gov.br (visite também/lista do TCU).
Quanto à lista de responsáveis com contas julgadas
irregulares, esta é atualizada diariamente, tendo em
vista as várias ações impetradas no âmbito do Poder
Judiciário, com esteio no art. 5º, inciso XXXV, da
Constituição Federal de 1988, sob alegação de lesão
ao princípio da legalidade, ampla defesa,
contraditório, prescrição qüinqüenal, etc., por parte
do TCU. Ao ser atendido o pleito, liminarmente ou
no mérito, o nome do responsável deverá desfalcar
a mencionada lista.
Caberá a nós fortalecermos nossas consciências e
aler tamos nossos conhecidos, enquanto
formadores de opinião, acerca do perigo da demora
de quatro longos anos, talvez infrutíferos. A
educação, em qualquer nível, clareia nossas mentes,
sendo a maneira segura de banirmos a prática da
corrupção, responsável pelas mazelas da nação.
*Analista do TCU, Especialista em Auditoria e
Controladoria, Bacharel em Ciências Contábeis,
Acadêmico do Curso de Direito da UFPI – 2º Semestre).
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O Libertas - edição n° 02 - setembro/2008
Entrevista
Munido de um teclado de computador conectado,
O Libertas entrevistou o faz-tudo-ao-mesmo-tempo
mais se-vira-nos-30 do DCJ.
1) COMENTE SOBRE SUA TRAJETÓRIA
ACADÊMICA, DESDE A GRADUAÇÃO ATÉ HOJE:
Durante a graduação, já pensava em seguir a carreira
acadêmica, quando eu estudava na Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Tanto que logo após eu me formar, no
ano seguinte, comecei a fazer o mestrado em direito
constitucional, na Pontifícia Universidade Católica
(PUC) do Rio de Janeiro. Neste período, em 1983, como
eu tinha participado da eleição de Governador de Leonel
Brizola, comecei a trabalhar na assessoria jurídica do
IASERJ, o instituto de previdência dos servidores
públicos carioca, mas preferi renunciar ao cargo, para me
dedicar exclusivamente à pós-graduação. Com isto, em
dois anos já estava com minha dissertação defendida,
sobre a desobediência civil e a greve do ABC de 1978.
Depois disto, voltei a Teresina, após dez anos de ausência,
e no ano seguinte participei do projeto de construção da
Universidade Estadual do Piauí, então FADEP, sendo um
dos vinte professores fundadores. Inclusive, por um golpe
de sorte, fui o primeiro docente a ministrar aulas no
Campus do Pirajá, em meados de 1986. Anos depois, dei
a aula inaugural do Curso de Direito da Estadual.
No ano seguinte, participei de concurso para professor de
ciência política, do Departamento de Ciências Sociais.
Minha inscrição foi rejeitada e entrei com mandado de
segurança para fazer o concurso, sendo que acabei
passando na única vaga. Foi um tempo difícil, pois havia
muita hostilidade da maioria dos alunos. Com o passar
dos dias, porém, acabei conquistando o alunado e fiquei
por lá cinco anos. Inclusive, vários dos professores atuais,
inclusive o Washington Bonfim, hoje Secretário de
Educação de Teresina, foram meus alunos.
Em 1992, fiz novo concurso para professor de direito
público, do DCJ, sendo aprovado e iniciando minha
trajetória no Curso de Direito. Agora, em 2002, entrei no
Curso de Doutorado da Universidade Lusíada, em Lisboa,
já tendo depositado minha tese, sobre limites à taxa de
juros no direito brasileiro, esperando ser chamado para
fazer sua defesa, que espero ocorra este ano.
Nestes anos todos de UFPI, acabei publicando vários
livros, pela Editora Forense: Teoria e Realidade da
Desobediência Civil, na 2ª ed., Processo Administrativos
e suas Espécies, na 4ª ed., Ciência Política, na 2ª ed.,
Direito Municipal Brasileiro, na 3ª ed., Monografia
Jurídica Brasileira e Direito Civil Constitucional, este em
2008, além de livros em co-autoria, como Constituição
Federal Anotada e Explicada, na 4ª ed., e Comentários à
Lei de Imprensa, na 2ª ed. Acho que foram publicados
mais de vinte mil exemplares, no total. Tenho, ainda,
nessa editora, participação em Comentários à
Constituição Federal, organizado pelo Paulo Bonavides e
Jorge Miranda, que deve sair em 2009. Publiquei, ainda,
este ano, Direito Bancário e Consumidor, pela Editora
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Prof. Nelson Nery Costa
Lawbook, já esgotada a edição, e O Começo do Piauí: do
primórdios ao século XVII, pelo CIVITAS. Foram
editados, ainda, mais uns quinze livros aqui no Piauí, pela
Editora da UFPI, Academia Piauiense de Letras e
Academia Piauiense de Letras Jurídicas, além de outras.
2) COMO O SENHOR ANALISA A ATUAL
SITUAÇAO DE NOSSO CURSO?
A melhor forma de analisar algo do que se faz parte é
tentar realizá-lo da maneira mais objetiva possível. Os
resultados externos do Curso de Direito da UFPI são
muito positivos. Na época do provão, a média das
avaliações era “A”. Já recebeu, em todas as avaliações, o
OAB RECOMENDA. Recentemente, também, a OAB
incluiu o curso entre os 32 que tinha tido média superior a
6,0 no exame de ordem. Agora, contínua tendo excelente
desempenho nas avaliações do MEC. Para mim, é um
bom curso a nível nacional. Em relação ao Piauí, então,
nem se fala, como o desempenho no exame de ordem
atesta, isto sem fazer preparação especializada, como a
maioria dos cursos particulares está realizando. Tem uma
excelente base de alunos e a melhor relação de professores
com doutorado e mestrado. Fora isto, tem vários autores
com publicações nacionais, como o Robertônio Pessoa, o
Edílson Farias, o Meton Marques, o Nelson Juliano e
outros que estou esquecendo agora.
Por outro lado, o curso tem problemas ainda, como a
ausência de professores em sala de aula, ainda que tenha
diminuído bastante neste semestre. Faltam mais
disciplinas optativas e uma biblioteca especializada mais
ampla e com maior atualização. No entanto, os melhores
cursos brasileiros, como os da USP, UERJ e UFMG
também possuem problemas estruturais. Dou nota 8,0
(oito), o que para mim é uma avaliação muito digna e
positiva.
3) O QUE O SENHOR ACREDITA QUE DEVE
SER MELHORADO, NUM PRIMEIRO MOMENTO?
Bem, estava bem angustiado com a ausência de
professores efetivos. Não obstante, na última reunião do
Conselho Departamental, houve a informação de que
além dos dois concursos que estão sendo realizados,
preparam-se mais três para este semestre e seis para o
outro semestre. São números pujantes e que vão trazer
sangue novo, com professores experientes e com, no
mínimo, mestrado. Acho que a nova chefia do DCJ, em
parceria com a Reitoria, está no caminho certo, com frutos
positivos em breve. É necessária, ainda, a criação do
mestrado próprio em direito da UFPI. Os atuais
professores possuem mestrado, ainda, da época do
convênio daqui com a UFPE e a ESAPI, na época em que
eu era Presidente da OAB. Então, é urgente a
materialização da pós-graduação estrito senso. Faltam
salas também, assim como uma maior área para o curso
de direito, no CCHL.
O Libertas - edição n° 02 - setembro/2008
Entrevista
4) DIANTE DESTA SITUAÇÃO, COMO DEVE SER
ENCARADA A CRIAÇÃO DO CCJ?
A humanidade, assim como as instituições, marcham para frente.
Se em um Município um povoado cresce bastante, vai chegar a
hora em que ele deve virar Município também. Penso que esta é
a situação do DCJ em relação ao CCHL. Durante o último
pleito eleitoral na UFPI houve a informação que este centro era
maior do que sete universidades federais. Ora, isto significa que
está no momento do CCHL se dividir. Penso que, nele, existem
três áreas bem divididas pelo número de alunos que se formam:
os formados de letras, do direito e dos demais cursos. Assim, está
clara a divisão em novos três centros. Não sei se o curso de letras
tem esta pretensão, mas se o Curso de Direito quer crescer, então,
está na hora dele virar um novo centro. É como um jovem que se
forma, começa a trabalhar e, um dia, saí de casa para ter seu
próprio apartamento. Tudo tem sua hora e sua vez. Acredito que
o próprio gigantismo do CCHL é uma indicação clara que
precisa ser dividido, bem como as carências do curso de direito,
mesmo com a boa vontade da chefia do centro, indiquem a
necessidade de tornar um centro autônomo. Não se trata de uma
ruptura com o CCHL, mas da maturidade de um filho, que gera
um terço dos formandos do centro.
5) HAVERÁ EFEITOS NEGATIVOS, CASO O
PROJETO SEJA CONCRETIZADO?
Bem, infelizmente já existe um preconceito contra o Curso de
Direito, no âmbito do CCHL. Em primeiro lugar, pela questão
social, de um modo geral o estudante do DCJ é da classe média
ou classe alta, enquanto os demais cursos são da baixa classe
média ou mesmo oriundo da classe trabalhadora, em geral. Este
perfil também se repete entre os professores, pois os professores
de direito tem outras atividades profissionais, inclusive cargos
públicos, com renda bem maior do que os professores dos outros
cursos, em sua imensa maioria de dedicação exclusiva. Em
segundo lugar, existe também uma concepção filosófica do
exercício da docência, pois os demais cursos do CCHL entendem
que o professor deve ser DE, para dedicar apenas ao magistério
superior, enquanto no DCJ existe a noção de que a prática é
muito importante, daí a necessidade dos professores terem outras
atividades profissionais, com as quais possam melhor preparar os
alunos. Isto é visível no colegiado do CCHL, onde existe uma
permanente má vontade contra os pleitos do DCJ, em especial
para os pleitos individuais, como mudança de regime ou
progressão. Como eu já narrei acima, eu vim do DCS, onde fiz
grandes amigos e ajudei a formar vários dos atuais professores,
de modo que não tenho preconceito, nem sinto que sofra este
preconceito. Inclusive, apesar de defender uma política
diametralmente oposta ao CCHL, dou-me muito bem com seu
chefe, o Prof. Fonseca, que eu considero meu amigo. Não
obstante, eu acho que existe preconceito dos outros cursos contra
o DCJ, de modo que em uma transição, o curso de direito já está
preparando para enfrentar eventuais dificuldades, porque elas
existem atualmente.
6) QUAIS SÃO OS TRÂMITES
NECESSÁRIOS PARA O PROJETO
SER APROVADO?
Inicialmente, deve ter a anuência do corpo
d i s c e n t e, d o c e n t e e d o p e s s o a l
administrativo, tríade das decisões
universitárias. É preciso muita consciência
do problema, para que se possa revolvê-lo.
Depois, discute-se a matéria na assembléia
do DCJ para saber se é esta à vontade do
Curso de Direito. Em seguida,
encaminha-se para o Reitor. Com muita
probabilidade, este deve retornar ao
Conselho do CCHL, que deve ser muito
hostil ao projeto. Todavia, vinda da
Reitoria, já se marca um ponto, pois o
processo não vai ser engavetado. Depois,
retorna ao Reitor, com aprovação ou não,
para caminhar para o Conselho Superior.
7) QUAL O PAPEL DOS ALUNOS
E PROFESSORES DE DIREITO
DIANTE DA PERSPECTIVA DA
CRIAÇÃO DESSE NOVO CENTRO?
O principal papel é ter consciência do
caminho que o Curso de Direito deve
seguir. A autonomia e a independência,
apesar de aparentemente fácil, mostra-se
sempre um caminho de difícil, pois as
responsabilidades são maiores, assim
como os desafios. Necessita-se de mais
funcionários e de uma estr utura
administrativa maior, problemas que no
início do processo vão aparentar
intransponíveis, mas com paciência e
perseverança se consegue ultrapassá-los.
Como dizia Guimarães Rosa, viver é bicho
difícil. Por outro lado, como se diz, só se
consegue o possível, sonhando-se com o
impossível.
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 O Libertas - edição n° 02 - setembro/2008
Representação
A importância de um estatuto para o CACC
Leandro Ferraz Damasceno Ribeiro*
Qual a forma de participação dos estudantes e o
peso destes na tomada de decisões pela Diretoria do
CACC? Essa e outras questões prementes relativas
à entidade estudantil de Direito da UFPI precisam
ser resolvidas de forma clara, objetiva e
principalmente legítima. É necessário que haja uma
maneira de consagrar princípios como os
esculpidos nos incisos II, XXII e XXIII do art. 5° da
Constituição pátria, quais sejam, o da segurança
jurídica (legalidade) e da vedação do abuso de
direito, grandes conquistas históricas.
Como registro destas conquistas, foi a Carta Magna
de 1215 o primeiro instrumento legal que foi
imposto a um governante a fim de tolher seu poder
arbitrário. Não obstante, somente após a Revolução
Francesa, já em meados do século XIX na Idade
Moderna, a lei passou a cumprir com mais força
perante a ocidentalidade o papel de legitimar,
organizar e limitar o arbítrio do governante,
constituindo o Estado de Direito. Consagrando
esse processo, ressurge na modernidade a
democracia que tem entre suas principais bases o
princípio da legalidade. Com relação a este, em que
pese as atuais críticas de cunho autopoiético
(“existe certeza de que haverá Direito, porém
incerteza quanto ao seu conteúdo”), é flagrante a
sua importância para a manutenção da segurança
nas relações sociais.
Diante deste sucinto aparato histórico-legal e das
suas implicações percebe-se a importância dos
ordenamentos jurídicos atuais, o que justifica, em
sentido amplo, a urgência na constituição de um
estatuto para o CACC. Através dele serão
finalmente destronados o “compadrismo” e as
arbitrariedades que regulam as relações da
instituição com os estudantes. Desse modo,
também será possível estabelecer, por exemplo, um
número de assembléias gerais, as suas funções, os
modos de execução das deliberações, assim como
outras formas de participação efetiva de todos nos
rumos tomados pela gestão.
Outra mácula da irregularidade é o abuso de
Direito, prática comum entre os gestores do
representativo estudantil, transformando
Participe da assembléia de votação do estatuto. Dia 10 de outubro, às 16h, no auditório do CCHL
6
decisões que deveriam ser discricionárias em
arbitrárias. Não destoa mais uma vez da história,
pois como afirmou Montesquieu, no século XVIII,
quem tem o poder tende a abusar dele. A melhor
forma de repelir tais acintes à democracia é a
previsão estatutária da possibilidade de criação de
partidos acadêmicos bem como de órgãos de
fiscalização compostos por membros da gestão do
Centro Acadêmico e de estudantes, ambos com
efetivo poder de intervenção. Sendo assim, seriam
trazidas luzes às obscuras gestões que passam pelo
C.A., sendo possível deslindar mistérios como o
das contas do ERED de 2001. É igualmente
importante frisar que sem um CNPJ não é possível
a constituição de uma conta bancária,
depreendendo-se daí que as finanças do Centro
Acadêmico estão sempre sujeitas ao alvedrio de um
particular, o que, afora todos os inconvenientes,
ainda dificulta as prestações de contas.
Percebe-se, portanto, que prestigiosa, mas também
árdua é a luta para que o CACC tenha regras claras
e objetivas de atuação, possibilitando a intervenção
estudantil não apenas nas eleições ou através da boa
vontade do gestor, mas como direito a todos
conferido. Assim, com este estatuto constituído
democraticamente e válido na órbita jurídica será
possível criar o Centro Acadêmico Cromwell de
Carvalho, ao contrário do que existe hoje, nada
mais do que gestões que se sucedem em períodos
irregulares demonstrando pouco compromisso
com os estudantes. Em que pese tudo isso, ainda
existe um ponto crucial que fere a mais apaziguada
auto-estima estudantil: é um contra-senso um C.A.
de Direito sem estatuto válido legitima e
juridicamente. Se Bertrand Russell está certo
quando diz que a democracia em Atenas tornou-se
inviável somente quando o povo já não mais podia
se reunir para discutir suas questões, ainda há uma
chance de construção coletiva de um estatuto para o
CACC.
*Ex-estudante de Direito da UFPI,
texto redigido em Janeiro de 2006.
O Libertas - edição n° 02 - setembro/2008
Mais eleições
Por que os parlamentares nos representam bem
Eleições locais, alianças partidárias, influência
política, recesso branco no Congresso Nacional.
Ainda se ousa chamar de jornalismo ousado a
estúpida abordagem de um previsível fenômeno da
natureza: os ninhos menores estão para mudar de
chefe e quase todos os espécimes de um certo
ecossistema – o grande ninho – migram para seus
habitaos originários, sem interromper o gozo do
néctar que provém do Planalto Central.
O conteúdo da insossa indignação é o mesmo. A
forma só mudou na medida em que a televisão está
cada vez mais poluída.
Enquanto os brasileiros não pararem de ver seus
tropeços históricos como se não fizessem parte
deles; enquanto acharem que o que passa nos
nobres salões dos parlamentos não tem a ver com
seus próprios umbigos, haverá público aplaudindo
a ilógica conclusão de que o povo não tem o
governante que merece. Um demagógico
desserviço.
Coitadinhos, sim. Mas não porque merecemos
coisa melhor, mas por não enxergarmos que eles, os
políticos – esses mesmos que continuam recebendo
salário enquanto dão uma escapadinha
de Brasília pra ajudar o amigo candidato a prefeito
– são uma excelente representação de nós.
Uma trupe selecionadíssima que materializa um
comportamento impraticável para os Zé Ninguém.
Se bem que, pensando melhor, só na forma é que os
hábitos são diferentes. Aqui a gente coloca um
amigo na nossa frente na fila, sem se importar
muito com a desconhecida coletividade que fica pra
trás. Lá eles desenham uma nova ordem de
prioridades para o concurso de credores na falência
e colocam as dívidas com bancos (dos seus amigos)
na frente das dívidas com a Fazenda Pública (isso
mesmo, o famoso cofre meu-e-seu).
Aqui a gente se ajeita numa assembleiazinha de
condomínio, num caixa de supermercado. Com
eles, as coisas acontecem sob painéis eletrônicos de
votação de leis, ao microfone de palanques e Mesas
(assim em maiúsculo mesmo, pois é nome de
órgão). Alguém há de dizer que o conteúdo não é o
mesmo? Alguém suspenderia seus próprios salários,
ou melhor, subsídios?
Rodrigo Chaves
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 O Libertas - edição n° 02 - setembro/2008

Escuridão

I JORNADA DE ESTUDOS DE 'A escuridão

DIREITO CONSTITUCIONAL DA UFPI amiga fiel
Companheira
Mostra
Nos dias 30 e 31 de outubro, haverá um evento
em comemoração aos 20 anos da Constituição, Cruel
com duas grandes conferências e apresentação Amostra
de painéis de professores e alunos da UFPI. Das tristezas
Do meu balançar trôpego
Dessa forma, alunos interessados em apresentar Decifra
pesquisas, projetos ou trabalhos sobre Direito Excita
Constitucional devem entrar em contato Faz
conosco (haverá possibilidade de publicação). A
Relembra
entrega deve ser feita até o dia 10 de outubro.
E
Contato: riamm@hotmail.com Pondera
Os Causus
Da Vida.

Tainá Valentim
Espaço do CACC
A receita para tal feito? Um gringo tocando Funk,
6 de Setembro. Nesta data, em 394, Teodósio I
Dr. Bean prescrevendo pop rock, e Só Sacana...
derrota o usurpador Eugénio na Batalha do Rio
Bem, essa não precisa comentar.
Frigidus. Em 1947, o Vasco da Gama aplica sua
Em nome da Diretoria do CA, parabenizo todos
maior goleada – 14X1 - e, em 2008, 880 pessoas
os calouros por todo o esforço e colaboração.
lotam a boate Super 8, na melhor calourada de
Vocês foram os indispensáveis para o sucesso da
Direito da história do Piauí.
festa.
Ricardo Alves

Confiram mais fotos em:

www.youtube.com/caccufpi