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I

Mastigo e engulo com calma todo o desdm


Cerro os olhos e com a palma da mo
Sussuro bobagens e digo amm
Mas no peo mais po
Serradas as mos e a tampa dos joelhos
Sobrou somente a ironia
E seus olhos vermelhos
De toda ira maldita que sentira
Intolerncia, descaso
Militncia, acaso
Descobriu ento que no havia nada depois do porto dourado, alm de tostes e migalhas de
po
Sentou-se ento e jogou solitrio
Pacincia com seu imaginrio baralho
At que desaparecesse no ces aquele porto
II
Espalhou-se no ar pela brisa do mar
O que nunca mais iria olhar e sentir
No havia mais o que procrastinar
Nunca existira tudo aquilo do porvir
Na cova de lobo fez sua desventura
Sem mais crer naquilo que apura
Sobrou mais de seu prprio desdm
Tornaram-se palavras somente
Esquivou-se do dio e das pratas de Judas
Mas agarrou-se as cordas e fez mil vivas
No havia mais motivo a quem ser temente
Fizeram passeatas de velas brancas e mudas
Cnticos por vozes de crianas midas
No o levaro para alm do poente
III
O castelo de cartas veio a ruir
Sem monstros que dragam
Sem leo manso que se impe ao rugir
Sem feridas que pagam
No sobrou o que imaginara
Apenas as vias de adaga
Sobrou o caminhar que nunca para
Malvindo sois vs que tem a praga
Mudos, surdos e esquelticos
Mergulhou nas nuvens vagarosamente
Mas eram apenas pensamentos
Nas estrelas dos homens profticos
Seu firmamento indigesto me propunha a salvao respeitosamente
Mas provou-se que trava-se de terrenos momentos

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