Ricardo Arajo Pereira Quinta feira, 22 de Novembro de 2012
Permitam-me que comece por esclarecer que, quando digo "meus caros", meo bem as palavras. De facto, vocs so cada vez mais meus, e continuam a ser bastante caros. Est em curso um processo destinado a tornar-vos mais baratuchos, mas permanecem demasiado dispendiosos para o meu gosto. Creio no estar a ser sexista quando digo que todas as senhoras apreciam um bom saldo, e por isso defendo que as redues de salrio que a austeridade vos est a impor podem e devem ir um pouco mais longe. A Europa precisa de portugueses com 70% de desconto. Duas palavras: liquidao total. Quero dizer-vos que recebi com muito agrado as vossas vrias cartas abertas. Confesso que achei a maior parte delas pouco macias e absorventes. Sem desprimor para as que tiveram a gentileza de me enviar, prefiro cartas impressas em folha dupla aromatizada. Fica a sugesto, para a nossa correspondncia futura. Tambm assisti, com muito interesse, ao vdeo que prepararam para ns. Estava muito bem feito e constitui mais um motivo de orgulho para os portugueses porque, na Alemanha, so raros os alunos do 8. ano que conseguem fazer trabalhos de grupo to bons. Fiquei surpreendida com as informaes contidas no filme. No sabia que os portugueses trabalhavam mais horas, tinham menos frias e se reformavam mais tarde do que os alemes. Qual a vossa desculpa, ento, para viverem muito pior do que ns? Tenho a certeza de que o problema no est nos vossos dirigentes. Todos os que conheo levam muito a srio a misso de servir. A minha visita ao vosso pas foi muito agradvel. Vi um povo orgulhoso e bonito. Tanto que propus a Pedro Passos Coelho, simpatiqussimo capataz, que eu passasse a ter direito de primae noctis uma prtica habitual em relaes de suserania, como a nossa. tempo de retomarmos as belas tradies de outrora. Fico espera de notcias acerca de jovens casadoiros. Enviem fotos, por favor. Em relao crise, gostaria de vos lembrar que a poltica econmica 50% psicologia. O problema que os portugueses sofrem de muitas perturbaes mentais. A prpria fome psicolgica. Portugal precisa, sobretudo, de um antidepressivo. Posso recomendar-vos dois ou trs, produzidos por excelentes farmacuticas alems. Se quiserem, enviamos. Contra pagamento prvio, que j basta o que basta. Um beijo austero da vossa Angela Merkel