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Em tempos de Copa de Futebol,

para conhecer e entender:

HINO NACIONAL
BRASILEIRO
e o Artigo 5º da
Constituição Federal
Versão oficial
O Hino Nacional é composto da música de Francisco Manoel da Silva e do poema de
Joaquim Osório Duque Estrada, de acordo com o que dispõem os Decretos n. 171,
de 20 de janeiro de 1890, e n. 15.671, de 6 de setembro de 1922

I
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De um povo heróico o brado retumbante, De amor e de esperança à terra desce,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte, Gigante pela própria natureza,
Em teu seio, ó Liberdade, És belo, és forte, impávido colosso,
Desafia o nosso peito a própria morte! E o teu futuro espelha essa grandeza.
Ó Pátria amada, Terra adorada,
Idolatrada, Entre outras mil,
Salve! Salve! És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
II
Deitado eternamente em berço esplêndido, Brasil, de amor eterno seja símbolo
Ao som do mar e à luz do céu profundo, O lábaro que ostentas estrelado,
Fulguras, ó Brasil, florão da América, E diga o verde-louro desta flâmula
Iluminado ao sol do Novo Mundo! - Paz no futuro e glória no passado.
Do que a terra mais garrida Mas, se ergues da Justiça a clava forte,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Nossos bosques têm mais vida,
Terra adorada,
Nossa vida, no teu seio, mais amores.
Entre outras mil,
Ó Pátria amada, És tu, Brasil,
Idolatrada, Ó Pátria amada!
Salve! Salve!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
Versão em ordem direta

I
As margens plácidas do Ipiranga Brasil , um raio vívido, um sonho intenso
ouviram O brado retumbante de um de amor e de esperança desce à terra,
povo heróico, E o sol da liberdade Se a imagem do Cruzeiro resplandece
brilhou Em raios fúgidos, no céu da em teu céu formoso, risonho e límpido.
Pátria, nesse instante.
És belo, és forte , impávido colosso,
Se conseguimos conquistar o penhor Gigante pela própria natureza,
dessa igualdade E o teu futuro espelha esta grandeza .
com braço forte,
Ó Pátria amada!
Ó liberdade ,
Tu és, Brasil, terra adorada
nosso peito desafia a própria morte em
Entre outras mil .
teu seio!
És mãe gentil dos filhos deste solo ,
Salve! Salve!
Brasil, Patria amada !
Ó Pátria amada,
Idolatrada.
II
Ó Brasil, florão da América, Brasil, o lábaro estrelado que ostentas
Fulguras, iluminado ao sol do Novo Mundo, seja símbolo de amor eterno,
Deitado eternamente em berço esplêndido, E o verde-louro desta flâmula diga
Ao som do mar e à luz do céu profundo. - Paz no futuro e glória no passado.
Teus campos risonhos e lindos têm mais Mas, se ergues a clava forte da Justiça,
flores Verás que um filho teu não foge à luta.
Do que a terra mais garrida; Quem te adora nem teme a própria morte.
Nossos bosques têm mais vida,
Ó Pátria amada!
Nossa vida mais amores no teu seio.
Tu és, Brasil, terra adorada
Salve! Salve! Entre outras mil.
Ó Pátria amada,
És mãe gentil dos filhos deste solo ,
Idolatrada.
Brasil, Pátria amada!
Versão simplificada

I
Nas margens tranqüilas do riacho Ipiranga Brasil, um sonho forte, como um raio muito
se ouviu luminoso,
Um grito muito forte de um povo heróico , De amor e de esperança, desce à terra,
E, nesse instante, Se a imagem das estrelas do Cruzeiro do
O sol da liberdade brilhou no céu do Brasil, Sul,
Com seus raios muito cintilantes. Brilha em teu céu bonito, risonho e claro.
Nós conseguimos conquistar, com muitas Pela sua própria natureza és um gigante,
lutas, Gigante corajoso, és belo, és forte,
A garantia de sermos iguais aos outros. E o teu futuro vai ser grande como tu.
Ó Liberdade, Brasil , Pátria querida,
Desafiamos a própria morte Entre tantas outras nações,
Quando estamos junto a ti. Tu és a mais adorada.
Viva! Viva! Brasil, Pátria amada,
País amado e adorado. És a mãe querida dos filhos
Que nasceram aqui!
II
Localizado para sempre em terras Brasil, que a tua bandeira estrelada
magníficas, Seja um símbolo de amor eterno!
Banhado por um oceano e pela luz de um E que o verde-amarelo desta bandeira diga:
céu imenso, "Nós temos glórias no passado e no futuro
Brilhas, Brasil, jóia das Américas, teremos paz".
Iluminado com o sol deste Continente.
Mas se levantares a arma forte da justiça,
Teus campos, risonhos e lindos, Verás que um brasileiro não foge de uma
Têm mais flores do que a terra mais luta!
enfeitada. E quem te adora não tem medo nem da
Nossas florestas têm mais vida. morte.
Nossa vida mais amores,
Brasil , Pátria querida,
Quando estamos junto de ti.
Entre tantas outras nações,
Viva! Viva! Tu és a mais adorada.
País amado e adorado.
Brasil, Pátria amada,
És a mãe querida dos filhos
Que nasceram aqui!
Por que gostamos de futebol?
Trecho de artigo do antropólogo Roberto DaMatta
publicado no O Globo de 21/06/06

Gostamos do futebol porque o seu narcótico nos obriga ao


confronto com nossas possibilidades positivas, essas, sim,
totalmente alienadas de nós mesmos. Gostamos do futebol
porque no seu campo as pessoas perdem mas não morrem;
ganham mas não se eternizam no poder. Gostamos do
futebol porque, ao contrário do mundo social onde vivemos,
os faltosos recebem cartões vermelhos e são expulsos de
campo. Nele, as infrações são visíveis e a punição chega
com apito imediato. O faltoso não tem habeas-corpus para
mentir porque no futebol não há Supremo Tribunal Federal.
Seus juízes usam o mesmo uniforme dos jogadores e a
torcida os confronta democraticamente.
Gostamos do futebol porque entre a lei e a sua
aplicação existe apenas o espaço de um apito. Todo
mundo sabe o que é certo e errado no futebol que
dispensa – daí o nosso amor – interpretações e
disquisições jurídicas, pomposas e ininteligíveis. No
futebol, a impunidade é exceção.
Interpretação livre

Em nosso Hino Nacional, podemos perceber claramente dispostos


alguns dos valores fundamentais descritos no Artigo 5º de nossa
Constituição Federal de 1988, a chamada Constituição Cidadã,
como os direitos à vida, justiça, liberdade e propriedade.

Vida – “Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida, no teu


seio, “mais amores”.

- Justiça / Honra – “... mas se ergues da justiça a clava forte...”

- Liberdade – “... o sol da liberdade em raios fúlgidos brilhou


no céu da pátria...”

- Propriedade – “Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil,


Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria
amada, Brasil!”
Apesar disso, quem dera soubéssemos cantar
mais forte e em uníssono a letra completa do
nosso hino nacional.

Quem dera, assim, nossos representantes lá de


cima do planalto central do país, no lugar das
margens plácidas do Ipiranga, parassem para
nos ouvir!

Quem dera tivessem, enfim, ouvidos para o


brado retumbante de um povo heróico.
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido... Brasil, ó pátria
amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada
Brasil!

Pois que seja sonho, ninguém duvida! Já que o signo do


cruzeiro, que no seu céu resplandece, seja o signo da
ressurreição, disso ninguém está certo, não! O que é
certo mesmo é que o Brasil é, mais que gentil, a mãe
gentia! Pois de pai somos órfãos de cidadania, como de
fato somos a maioria dos brasileiros. Desprovidos da
provisão de viver, é certo, mas também da lei que nos
ensina a conviver!
Se do “deitado eternamente em berço esplêndido”
muito já se comentou de nosso caráter indolente, não
creio que sobre o berço nos tenhamos visto como um
país-criança, regredido e preso a essa possessiva e
sufocante figura da terra-mãe que não quer nos ver
autônomos, cidadãos crescidos e forjados pela
relação com os outros.

E, sobretudo, indignação quanto a desigualdade,


onde perpetuamos sempre este perverso
contrato social em que, se um ladrão qualquer
rouba a propriedade privada das elites, é o que
de menor exemplo têm das mesmas que
assaltam impunes o indefeso e generoso
patrimônio público.
Brasil, de amor eterno seja símbolo...Paz no futuro e
glória no passado... Mas se ergues da Justiça a clava
forte, verás que um filho teu não foge à luta. Nem teme,
quem te adora, a própria morte, terra adorada!
Pois diante de um pai não presente, só nos resta
mesmo paz no futuro e glória no passado. Já que não
ergues a clava forte da Justiça omissa, que é a mãe
perversa de todas as violências, do vício da violação
legal à violência nossa de cada dia, de cada um por si,
da própria barbárie de uma elite que não lidera nem
delibera.
Pois no presente mesmo, tempo em que urge
realizar a vida, a despeito do romantismo de nosso
hino, vai se levando, se dá um jeito, deixa pra lá,
que na falta da provisão paterna, nos resta sempre,
ou a ingênua credulidade na providência divina, ou
o cinismo do assalto a um Estado enfraquecido de
lei, ou da sanção que caracteriza a lei, um poder
público impotente e estéril na sua função de
garantir direitos e exigir deveres de cidadania a
todos os seus filhos.
A nossa marca nos símbolos da nacionalidade
A bandeira: ordem & progresso?

D ESO R D EM E R EG R E
SSO

O desprovimento (falta) da cidadania é como uma


orfandade coletiva, que começa com o desprovimento
da autoria (responsabilidade civil), passa pelo
desprovimento da autoridade (responsabilidade
política) e acaba com o desprovimento da autonomia
(responsabilidade social).
Mas vale mais uma vez tentar. Mais um grito
soltar. Mais uma taça empunhar. Talvez
desistamos definitivamente que os governantes
nos ouçam, comecemos a cantar para nós
mesmos e venhamos, enfim, a ouvir de nós
mesmos o coro das vozes de todos os
cidadãos!

Versões do Hino:
http://intervox.nce.ufrj.br/~edpaes/hinonac.htm
Interpretação e diagramação: www.avozdocidadao.com.br

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