E esse - interveio sentenciosamente o Diretor - o segredo da felicidade e da
virtude: amar o que se obrigado a fazer. Tal a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social a que no podem escapar. No exatamente como gotas de gua, conquanto esta, na verdade, seja capaz de cavar buracos no granito mais duro; mas, antes, como gotas de lacre derretido, gotas que aderem e se incorporam quilo sobre que caem, at que, finalmente, a rocha no seja mais que uma s massa escarlate.
A fonte jorra bem alto; o jato impetuoso e branco de espuma. O impulso no tem mais que uma sada. No de admirar que esses pobres pr-modernos fossem loucos, perversos e desgraados. Seu mundo no lhes permitia aceitar as coisas naturalmente, no os deixava ser sos de esprito, virtuosos, felizes. Com suas mes e seus amantes; com suas proibies, para os quais no estavam condicionados; com suas tentaes e seus remorsos solitrios; com todas as suas doenas e interminveis dores que os isolavam; com suas incertezas e sua pobreza eram forados a sentir as coisas intensamente. E, sentindo-as intensamente (intensamente e, alm disso, em solido, no isolamento irremediavelmente individual), como poderiam ter estabilidade? de simpatia e compreenso. - Mas preciso fazer o esforo necessrio - disse em tom sentencioso. precisoportar-se convenientemente. Afinal, cada um pertence a todos. - Felizes jovens! - disse o Administrador. - Nenhum trabalho foi poupado para lhes tornar a vida emocionalmente fcil, para os preservar, tanto quanto possvel, at mesmo de ter emoes. A liberdade de ser ineficiente e infeliz. A liberdade de ser uma cavilha redonda num buraco quadrado.