Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Rosa Paracelso
A Rosa Paracelso
- J que nada tenho feito, peo-te, em nome dos muitos anos que estudarei
tua sombra, que me deixes ver a cinza, e depois a Rosa. No te pedirei mais
nada. Acreditarei no testemunho dos meus olhos.
Tomou com brusquido a rosa encarnada que Paracelso havia deixado sobre
a cadeira e a atirou s chamas. A cor se perdeu e s ficou um pouco de cinza.
Durante um instante infinito, esperou as palavras e o milagre.
Paracelso no havia se alterado. Falou com curiosa clareza:
- Todos os mdicos e todos os boticrios de Basilia afirmam que sou um
farsante. Talvez eles estejam certos. A est a cinza que foi a rosa e que no o
ser.
O jovem sentiu vergonha. Paracelso era um charlato ou um mero visionrio
e ele, um intruso que havia franqueado a sua porta e o obrigava agora a
confessar que as suas famosas artes mgicas eram vs.
Ajoelhou-se, e falou:
- Tenho agido de maneira imperdovel. Tem-me faltado a F que exiges dos
crentes. Deixa-me continuar a ver as cinzas. Voltarei quando for mais forte e
serei teu discpulo e no final do Caminho, verei a Rosa.
Falava com genuna paixo, mas essa paixo era a piedade que lhe inspirava
o velho mestre, to venerado, to agredido, to insigne e portanto to oco. Quem
era ele, Johannes Grisebach, para descobrir com mo sacrlega que detrs da
mscara no havia ningum? Deixar-lhe as moedas de ouro seria esmola.
Retomou-as ao sair.
Paracelso acompanhou-o at ao p da escada e disse-lhe que em sua casa
seria sempre bem-vindo. Ambos sabiam que no voltariam a ver-se. Paracelso
ficou s. Antes de apagar a lmpada e de se recostar na velha cadeira de braos,
derramou o tnue punhado de cinza na mo cncava e pronunciou uma palavra
em voz baixa. A Rosa ressurgiu.