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Lumenb Juris\ditora ‘www Jumenjuris.com.br Eprronss Foto de Almeida Joo Leda Siva Almeida lp ang ht ctr Rekacefarcndy Meum Vee ime Sarees ade Anas Sr camise [Sebi mtn Fo ne ‘Sas ee JelteSomeConae he Rosie nase [Kisame ee Sdedecuntbe Fi Ges aenoue | Sieyeoe Aone a Coen Cnr ohne ‘RaloeBlem Sebel ie ‘iar ‘itehieie ons Rite arma Gan Feat coceGatehiriasieme GnisChian Simeone ge Ronemo Kar 9 Lae ENSAIOS DE ANTROPOLOGIA E DE DIREITO Acesso A Jusmiga & PROCESSOS INnsTITUCIONAIS DE ADMINISTRAGAO DE Conrtrros & PRODUGAO DA VERDADE Junipica EM UMA PERSPECTIVA COMPARADA. Colegéo Conflitos, Direitos e Culturas Goordenadores ‘Roberto Kant de Lima e Michel Misse 2atiragem Borrora Lona Jonas io de Janeiro indice dos Textos Apresentasio. ‘capitate 1~Por uma Antopologa do iit, no Bras (capitate 2 Cuara Juridica © Pitias Policia: A Tra- digg Inquistoia (Capito - Saber Juriico« Dirito& Diferenga no Bea a: Quortos do Toora Método om ua Perspect va Comparada CCapitata 4~ Taito Inquisitor no Basi da Clbaia "as Repiice: da Devaces eo Inguite Pelcal. ‘Capitulo Policia, Justiga © Sociedad no Bras: Uma "Abordegem Comparativa dos Modalae de Admins trepio do Contitos ne Bepage Pibtce ‘capitulo 6 - Uros Contaxsulizados da Mentira na Ta ‘iggo Bras: O Diem da Stca nos Proceso do ‘Construpio da Verdade em uma Penepectiva Com” prada Capitulo 7 - Estado Minimo, desde que com Ropres- so Maxans? Capitao 8~ Discos Give, Estado de Direo 6 “Cultura Policia: A Formagso Policia om Questo ‘Capitulo 9 Provencéo e Responsabiidade ou Punicto "eCulps? Uma Discuss sobre Alguns Reflesoe da ‘Ambigaidade de noaios Models de Contole Socal ‘¢Progugio de Verdado na Burocracia Ofcin Brest Tata 2 29 Apresentagéo Zeta coletines sugiu de una insistente sugestéo do Professor Michol Misso, meu cologa na organizagéo desta cologdo quo comeca a ser editada pela Lumon Juris. le Afirmava quo era muito aborrecido © dill discutir mous ‘textos om suas aulas porque eles se encontravam disper 208 @ roun-loe, a cada somestr, era, sompre, uma trola ‘ecaustiva. A esta insistincia,juntowee a generosa media- (eo de meu colaga Geraldo Prado, que mul oportunamente oe aprosantou a0 Editar desta colegso. or laso, eta coletdnes reine textos publicados durante mais de duas décadas, em diferentes velculs, uns fcadémicos, outros nem tanto, a maior para vingwlada aoe ‘campos do Dist o da Antropologia, visando finalidades ‘rocipuamente didaticas. Como sugereo tu, a sel dos textos nfo seguit ‘enum criséro particulay, ano ser aquele de uma sensi- Diidade estétice meio noonsciente e de uma meméria ale ‘iva bastante explicta. Bvitou-e epublica vextosjé veied- Jados em colatineas exgantzadse por outiom. por razbes ptéticag relacionadas a posciveis projuzas de dcitos autora. As indicapbes da publicagéo original foram man- ‘das, para explichar 0 contexto e a época em que foram produzidas, procedendo-s0 a moras indicapSes o/oa exc fecimentos editorials complementares, qvando necessério, (Os textos foram gubmetdos a uma letra prévia, lade por Solange Aziz Cretton,visando evita repetigier, ‘Ala, deode f,agradego as miltiplas eugestbee editorials © as comogées oportunss. No entant, vals ropetigses 880 ‘nevitdveis, muitas vezes, pois o aryumento que venho ecenvolvendo nesses mais de vinta anos no mdoa mul to: trata-so de contrastar das sansiblidades juridicas con- tempordneasoocidentais,reprosontadas nos sistemas fre ficos brasileiro © dos Estados Unidos da América Eniretanto,relende alguns dos textos, vojo que argu: ‘mentagio eo padrio interpretative soferam inlexbes, des lecando-se, pouco a pouco, de propostas de trabalho para 8 descrgio de modelos empivcon clo sistemas juridicos ‘concretos (modelos de), para @ construgdo de modelos ‘desis para o espago piblico (modelos para), enftizadoe ‘em momentos distntos, pelos sistemas Jurdices cancretoe ‘que server do baso para sue elaboragio, ‘Além dos agradecimentos j registrados, quero ‘expressar minha divida emocional, profissionale intalec- tual para com o8 pesquisadoros do Nucleo Fluminense de Bstudos © Pesquisas (NUFEP) da Universidade Federal Fluminense, ¢ aquclos que conosco colaboram, pote sem ‘esse ambiente de trabalho seria impoesivel lover adlante tminhas atividades de Pesquisa, Sem mais delongas,coloco & deposi do publion a coletanea,experando que de sus leita faga bom proveit. Eafe, [Niterd, margo de 2005 Roberto Kant de Lima Capiruio 1 Por uma Antropologia do Direito, no Brasilt Introdugio ‘Antropologia se constitu com disciplina centifca nos quadioe do pensamento social europeu do século XIX om tomo, dentie outras, das probleméticas obrigatériss do “progresso" e da “ovolugso social”. Competia & disciptina assim constinuida a tarefa de explicar as diferengas entre as diversas sociedados e suas incttuigbos, om eapecial aque. Jas pertencontos acs "potos exétices" encontrados edomi- nnados no mundo todo, pela Bupa. Para cumprir sua arefa Sesonvolveu motedologia propria, calcadainicalmente nay ‘comparagio de relatos elaborados por vishantes, missions os, militares, adminietradores colonise ete. « posterior Orman pc um san Po rg) Pua Cuno ‘inn Ree, ane tnsangen 0, pr 6 Rep at ‘ago ein, ora gua Uns uay aa 2a {uh pana opm de un aorap, Sur naan npn ras eae ee writer» sees wee mapas 9 ae mente naquoles obtidos através de observagios diet, em trabalho de campo, de protesonas espcilizados. ‘Aquesto central da comparagao, em torn da ql 0 cxgaiza 0 saber antropoligien, envolve ina +60 de xo blemas delicadose suis. Na tjotéra de sua consti de muitas maneiras fram respondidas as quortoa do © ‘ave, como e porque compara Easasrerposta ve sistema ‘iearam em corpostobrices hoje fazer part do pat. no da discipline. © que thes 6 comm, no entanto, 6 ‘mbora drgia paraoconbocimenta de outa soctedades, do “Outro".aAntopologiaé uma ciénca europa oiden- tal basiamente comprometida com os ponton de vista do seciedade onde se tormou nooessiria ava consti, ‘A patie sistomica da comparago vant desde Jogo problema das catoerias do dacurso antopaligio, ‘omprometidas com as aguas e nsiuigoesocdentale © por iso alvo de pormanente suspoigo de inoapaciade do ‘porarconvenientments a tadugso do “Outro Da de ‘ussio surg uma permanente consciénca etica da dis. iplina sobre seus préprioe produtos intalctuaia qu ‘soaba por caractersae potato papel da male cle: ‘incia metodolgca no solo das lcias Stale, ‘As vicissitudes e avangos do métedo comparativo aca- baram por permit que a Antropelogie seroma integral: | mente sou papel: utilzando-ce do conhcimento das dife- _rengas entre as sociodades humanas, “errata Pes J pra sociedade, descobrndo nla specie inuitadae | seutos por ume famiiardade embotadora da imaginagéo | sociligiea, Ao compreender que odiscureo comparativo 6 tum discurso fundamental vloraivo,enunciago por um ‘eto peso aum sistema de valores (oanropéogo) ebro ‘um sto tabs enodado em um stoma do valores (0 “eto" de cota) a Antopoogia pode afimar wana raza cruciamenteintorpretativa, separando-se Gefitivo Anna Dato das ciéncias Neri, pecewpudas em descobric ls qoe ‘crotiquen rgtlerdadesclwervade. ‘moet divide Se coveroe encmcaos tt runs irecdgucten paren 8 Antopeia o emt a too da conroga desea objeto tedrico. A aitraredace toe fto cultural ert a reflsto antopalgicn do la tne do" Naturocapercobdn eoscontadaem ho cver seo formas © defiaitvrente clssifiada come invenggo dx Cultura, © dominio do “natural fen reatto apenas ts inceovonbiclgioe cons sinned os tin umena. pens eae coum gon nov peri 4 uvadin dl tontarentonder to fortes ditngoe 9 and Ins compreensieis © comparsvein Os enbmence de q¥0 te onan as Chena Soca eo do uta ondem, eles cts nica o, portato, aqunlas qu dizer romp & ida hana em ostedade, undada se etrogeneldade © 1s opoignd@in, 6 poeivelsproender aus « "Zoo. Inu tom owe oto extooag, “Haig” nade 8 {or como opis a Police" nada aver com o Eat, © “Pureuerco” nada er com inion ner, elagSoe™ de sango" cu comin © Divito, nada a vor com Coagos cu tiiunal, ‘A ermadiha, no entanto, eth porta: como pensar cxtron ocedaes on tere compere seo et tor denn conpestinenealagseinventada por née pare puusar avea vn eval divide neseedectnioe Gxt doe? Fin dara s iporbidage de orover oor do ‘Amopologia en aousformoe Go noseas ctoporia, mar dee nolhoreutendornoeas catego enonen soc Endo no peroober como olay ao oucusves orisian a0 tm wos do “geri oataia Cures a vcagho pe ture de Antopoiogie sua por tanto tempo em eran Gisignioe eplistador do contenant do “Oxo, Com a Pacmnlioe edicena la aac nes do coahcet toque re sein en unwed Eon ern cos Opa tas trajetérias: A Poicandlise procurando 0 conhecimento {do "Bu" para entender 0 “Outro”, a Antropologia buscando © conhocimento do “Outro” para entender asi mesma, ‘Tats roflexses tomam-2e postiveis condiionadas por {ator muitas vezes independentes das corrantesteireas contrais da discipline. “A formagdo de quadros de ‘Antropélogos profissionais nas sociodades perléricas aos nicleos de produgo do saber cientifico impbe taretas das mais difcels a esses profiscionais, pois a Antropologia ei dentemente no consoguiu produair nenhum estudo etn (réfico de peso sobre a propria Europa ou os Estados Unidos. Isso faz com quo a medida © padrio ocultor da comparagio, tio “natural” pare as sociedades contais, soja inexistente para quam tem sua origem cultural nas ‘Soctedades perifricas. Hé que constitur um eepago tode- ‘que viahlize a conjungto do saber antropologico oom © ‘saber nativo através de seu produtor, ole mesmo antropélo- o-nativo. A relagdo sujelto-objeto. do conhecimento, {4 Complicada na Antropelogia porque seu objeto 6 também lum sujeto de valores, complicaee ainda mais quando ‘ujeto-antropélogo pertence ao sistema nativo e sua tare- {a6 produsir um aiscutso por todos oompreensive, Os problemas que so colocam para aisciplin antro pologica continuam extremamente exctantes e tragar th Uajtéria futura 6 sempre ariscaroinoégnitoe a surprosa A tarefa se poo, no entanto, ainda mais devido 20 papel tuitica desempentnando por asee saber frente as outras dis Ciplinas das Ciéncias Socials. A Tradigao Antropolégica @ o Estudo do Direito Como jé foi apontado, 0 estudo doe “compartimen- tos"(Beonomia, Religizo, Parentesco, Politica, iri, etc) foi estondido & investigacio de ostras eociedades onde sempre se procurou identiear instituigdes © priticas aise acpi de Das somolnantes is nossas. Bsse processo, mais ou menos Yelado, mala 04 menos etnootintrice, oculta sltemation ‘manto um dos pélos da comparacéo: a sociedado do obser- vvedor, seus valores ¢ instituigoes. ‘no 50 trata do ‘um sforgo de conhecimento, mas de re-conhecimento, de ‘bservagio de possvelstolexos do abservador no obser ‘vedo. AYeagéo ao ndo encontrar 0 "mesmo" & sompro vale: Tativo-negativa: ou contra a eccledade do cbservade, apon- ‘ada como “parvortida" e"impura” diante de supostasino- ‘écias © "naturalidade * perdidas (O tecepitular da traetéria antropoligica no eetudo do Direito passa por extonsa emumeracio ¢ critica de traba- thos de variada tradicso intelectual em especial aqusles realizados na Franca, Alemanha, Inglaterra © Bstados Unidos. Ndo 6 meu objetivo aqui enumeré-oe,catalogé-los @ criticéios exaustivamente. Aquoles que por essa tarela, fe Interessem dover congultar algumaa resenhas disponi- eis (Nader, 1965; Moore, 1878). Mou objetivo serd fazor luma reflexio metodoléyice, a “posterior, sabre algumas das tendéncias quo s0 verifcaram na especialidade, no Intlto de obter material que possibilite« formulagdo de ssugestées para sou possivel desdobramonto, (inicio dos relexos antropolégicos sobee o Direito ve rilica-so nos quadros do evelucionismo social do século XOX (Maine, 1861; Bachofes 186i; Maclennam, 1865; Durkheim, 1889). Tal porspoctiva toérica, mais ou menos nitida de acordo com tendénciasinteloctuais individuals caractoriza-s0 por atribuir a0 tompo a rosponsabiidade por tansformagses necessériae vistas como “estégios” de ‘evolugdo social. Mais ou menos oculto nessa perspectiva, ‘dependendo do autor, eat ofato de que no topo da escs: la ovolutiva situam-so sempre formas “suporiores" @ "com: plexas" do organizagio social encontradicas na sociedade {do obeervador Exemplo quase caricatural dossa tondincia toérica pode ser encontrado no texto de Morgan sobre a “Socie- ade Primitiva", vulgarizado por Engels om sou trabalho ‘sobre as origens da familia, da propriodade privada o do Estado (Morgan, 1877; Engels, 1884, Leacok, 1978) ‘Morgan imagina a Humanidade evoluindo em uma tnice linha evolutiva que pode sar dividida am estégios denon. nados de “oslvageria, -barbire" ¢ “civilzagio", cada um ‘doles dividido om inferior, médio ¢ superior de acordo com Cceracteristica teenolégicas distineas, escolhides, obvia: ‘mente, por Morgan, No ope do esquema evelutivo, a “iv lizagio superior, estava “naturalmonte" a socidade vito- riana do séeulo XIX, monoteista, parlamentar, menogém- a, capitalista, contratual 0, claro, conhecedora e preci dora das toorias do autor. No estagio mais “balxo” ostava ‘2 “celvagara inferior’, que era exatamente 0 oposto disso, caracterizando-se por “promlsculdede sexuel”;"comunis. ‘mo primitivo","anarqula” patie e jurdic, “supertigses", Incoerentes ote. evidente que nunca nenhuma evidéncia ‘empiric fi encontrada da existincia deaeas formas desor. ‘ganizadas de vida bumana em sociedad (© esquema se revelow absolutamento fantasioso na ‘modida om quo foram ficando disponiveis mais © mais informagées sobre as sociedados ditas “primitivas”, em ‘que fioos patente a necessidade de, no minim, procedes- ‘0 A criagdo do vice esquemas evolutives para dar conta dda diveraidade do desenvolvimento das cultures aocieda {dos humanas. A utllzagdo do entério tecaolégico como =: ‘duter das demals esforas das rlagées socials, admitindo. 120, de inilo, que simplicdade tecolégica corespondem ‘simplicidades polticas, jurdicas, religiosas, de parentes o, ete, também no mastentou, Som entrar na discursso ‘de que a técnica se mede por sua efcicia © adequacio @ ‘contextos dados © ndo por sua sofisticagio, encontraram ‘0 sictomas culturais de oxtroma complexidae o sofistice unit de Angad te ‘980 (como o parentoscoaustraliano, por exemple) allados @ ‘cconomias de tecnologia considerada nio sofisticada e ‘primitiva” (mas eficaz..) como 6 a dos aborigines austra- \Wanoa. O quo ficou desta parspectva,algumas vezes rot- Jada de “evolucionieme uniinear do eéoulo XIX" ou de “also evolucioniamo" (Lévi-Strauss, 1860), fo a cortza das diiculdades em a tentar estabelacer inhas gerais que dom conta da evolugéo supostamente uniforme de todas ‘as sociedados, ou da “Humanidade", como foi possivel fmabolocor no campo da. Biologia em relagdo & eapéelo ‘humana. Na mesma medida em que 6e acentuow a unidade plquica do homem, considerando-o genericamente apto @ ‘lng 08 diferentes “ostagios” evolutivos, acentuow-#e © vincule entre as diferentes instinugdes e dominios das rela- fea socials, embora considerando-as errmmoamente como Interigadas de maneira necesséria e cucessiva ‘A questio fundamental na Antropologia do Direito ‘esse quatro tedrico era como deacrever ¢ clasciicar a3 iferentes formas de controle social bom como dascaba a ‘origem @ lis de set desenvolvimento. O modelo do fo velucionismo quando emprogado nesta taefa opera duas redugées arbirénias: a primeira, de ordem especial, cole ‘cando o espaco etropau no espago dos outros continentos; 12 sogunda, temporal, ao torna civilizagdes © sociodados ‘contempordneas no passado ewopeu, nogando-hes, desta Ianeira, a Hetéria. Os costumes, cultures, reqras de con- ‘uta, diferentes da sociedade européia sé0 0 “Outo", © “Exético", 0 “Estranho",« quam nao ae reconhece 0 diel- to do exstc diversamente. Toda a diferenga 6 reduzida ‘temporal ¢ expacialmento em um processo de reconhec- ‘mento de rflexor do uma mesma seciodade, identiicada ‘como dotentora da tnica Humanidade possivl rontes grupos ou tipos de sociedades. A par da insistancia ‘a redugao tecnologica para defini a evolugio, casas pars. pectivas eetdo em geral arsociada® intimamente as eate- (Goras¢ institu de nossa sociedad . As coisas, afinal, ‘Sempre evoluem do simples para 0 complexo, sondo sim ples 0 que é“indlerenciedo”, “homogéneo", “descent ‘zado", “nio-especilizado", et. ‘Assim ado eistometicamente construldas as tipologias ‘que apontam para o crescents “progtesso” das sociedadas ‘no sentido da especializago de suas fungbes juices, co- ‘mo 60 caso daquelas em que podem ser encontrados me- adores, debits, juizes, tribunals, cédiges, etc Diamond, 1035, 1961, 1966; Hosbel, 1954; iliver, 1963; Bohannan, 1987, 1965, 1967). Como aponta Castres sobre a discussio 4a origem do Estado na Antropologa Politica, continua-se fa ldar das “austncias” para as “prosencas” no préprio fdioma da discipline (Clases, 1974). O pensamento social e stegoriae a fala do etooen- ‘wana, A'somelhanga de nodsos descobridores, que veer ‘noseos "indios" apenas "sem lei nem rei" apesar de seus vinte mil anos de civiizagio, qualiicem-se sampre as primitvas” por det nigfo e obrigagio, imputando.ihes as ausdnclas: socieds ‘doe sem Estado, "som esorta”, “sem soritsigbesjuidieas ‘eepecializadas" otc ‘O método anttopoligico traz suas wurpresas, no enten: 1. Bie que a principio a maria das informagoes disponi- vela sobre scciedades "néo européias” eram eatalogadas ‘por nio especialstas, em geral envolvidos de alguma forma com a sociedade descrita em virtude de suas coups ‘es come missionéics, militares, viajatos, administeado- tos colonia, ete. A consttuigdo da Antropologia como um campo legitimado do saber social vat tomar possivel @ ‘ransferéncia desta taro para antiopéiogos profisionai. om de Aatpaaito eto O catélogo dessas “auséncias” vai onto ser preenchi- o por sbsorvagao deta, "in loco", quaso sempre longa, ‘participante © envelvente, quo tem fundamentalmonts a onsoqténcia genérica do transformar esse “Outro” exit- ‘oem algo cotidiano e familar. Teericamente, 2 consoqién- la €aincorporagdo das tooras sociais natvas ao discurso fantropalégice, até mesmo como pano de fundo para consi- dderagdes de crdem mais gorel que envolvem a sociedad (0 observed. ‘A marca dessa rellexso 6 a compreonsto da interrela- ‘io dos fendmenos socisis, qve nso podem ser explicados Separadamont, stomizadamente, mas dever sempre Set referidos a seu contexto © signficagio expoccos. Sem Aabandonar as catogorias om que compartimontalizamos ‘nossa sociodado, pas foncionalidado © @ intordependéncia dos fatos 0 dieito aparece’ ‘como um ease privilogiade de controle social, nao 36 para reprimir comportamentes indesejavela maa também como ‘rodutar da una ordem social definida. A inetancia judd 2 ao 96 reprime, mae produz (Malinowsld, 1022, 1926, 1942; Radeif- Brown 1952). 'A percepgio da dilerenca, entrctante, lava fequente- monte ate tipo de reflexso a dilemasingotvels: Um doles, ‘8 constratagSo teoricamonte init de que es coisas om ‘uma sociedade “funciona” de uma determinada mancira, ‘emboradiferentemente om cada uma delas, o quo apenas ‘os garante que as sociedad tém estrategiaspréprias de reprodupao, A garantia da especifcidade 6, no entanto in Didora da generalizagao, Descamba-ce muita voz am um relativism radical que implica admitir a imposcibiidade do saber antropolégico pela inviabilidede da comparacio fentre heterogencidades srredutivels (abannan, 1967, ‘Giuckman, 1965). This posturas algumas vezes até mesmo ‘parecem ignorar o fato de que nas raizes do saber antropo Tego esta a dominagio politica dessas sociedadies, que & preciso melhor conhocer para melhor controlar, Acoberta foe na taaio instrumental, prtioa, em que tido & “itl” ‘quando “funciona”, confandam-ce os objotos do andlise, ‘nas Ciéncias Socials voltades para a intorpretacio de sig nifcados somente poasvels na dilerenga © néo para a des ‘oberta de regulardades e semelnangas organizadas om ‘ipologiae, infnitamente ameacadas por subcatogorias da ‘diversidade, como em imensa o boxbeletas. 0 “outro” reegata min identidade plist de uma aiforon- ‘ge redutivel quo mada nos pode ensinar. Na esteira dessas fellexéoe etnoointricas e colonialistar estso as tentativas o “preservacio dos objetes do "pesquisa" em eeu “esta- fo natura", «aber, ab sociedades 9 costumes “primit vos" e “tradicionala", camo ao o proprio reconhecimento & fnstituigso de sia existénclanéo fossam jé sua incerpora ‘io @ uiizagio, Como se a “invengéo" dessas sociedades ‘Como objeto de poder-saberjé nto fosso a antocipagio do ‘8 dominagio, fundamento metodolégico da questdo da com ‘pardgio leva a outros caminhos o problema da divereidado. ‘Apés tomar “exético”, semelhante, mas “primitvo”, para ‘depois torné-io familiar, mas “diferente”, hi que toraar © familar, exétio, e nalmente resizar em sus plenitude @ roposta do saber antropoligico ce contemplar-se com os ‘thos do out, implodindo, definitivamonte, a "Natureza" [ina "Culture". A dforenca é um arefato heurstico vivido fom fendmenoe eepecificos © experimentado de mancira fntensa nossa operageo da experisncia parao conhocimen- to, O proceso de produto do saber é uma eterna sogmen- tagio do um “Sujeto™, que toma sempre possivel mais tutta divisdo, produtora de diferenca e de oposigecs signif passives de novas intarpretacdea. A "Humanida ‘A propria sofsticacio da téenica antopolégica na cconstrugdo de seus abjetivos concebidos come manlfesta- (goes que se atualizam de maneira particular em certos ugares, de onde as sociedades se oferocom melhor & com- Dreensio, permite a discussso mais rca om termos da ‘queatio da generlizagdo socilégiea. Embora esvadando ‘um lugar om que o método o leva atrabalhar em “Pequena ‘scala’, néo ¢ ose o seu “objeto” ambora como tal mutas ‘vere fonse tomado, Néo esta al estudando "um sistema 4 parontesco", "um sistema juridico", "uma comunida- ais omunciaré um discurso limitado pela ‘sua "pouce" capacidade de goneralzar A passagem da ‘Guantidade & qualidade nto é empirica, mas tesica. por ‘com exparidncias eepeciicas e concretas, estabelecondo relagSes que 2° podem exprmir om “casos e a parte delos, 6 que 8 expe: ridncia qualtativa da Antropologia 6 goral e desvendadora da capacidade das generalizagbes ocas 0 das especifcida os ractoiras asim que a Antropologia volta sous clhos para for- ‘mas de Diseito das *sociedades complezas", munida de toda essa tajetria crtica Incrementa-oe 0 exorccio da dlfornga danto da propria Sociedade, reftunda-se as cles ‘Seacoes sompre etnoctnsricas a que esté submatida om sociedades modems, urhanas ¢ industiis,divididas on ‘nao om classes social. Rafiternae ov adjetivos de “tradi- CGonais, “primitives”, “embriondsoe”, para rorlar as for ‘mae dominadas de saber existontas nas "sociedades oom: plexas"; mostra-se dinimica da complomentaridado © & Jogiea paradaxal da construgso daa idonsidades om socie: dades ivididas, Questions se 9 mito da centralizagso rogreseiva racionalizagao das prdticas do poder. que cul ta sua capacidade de inscrigeo e hamogenclzagéo de under dos soca, sibita o surproundentementoidontifcadas com Boece a mi oF paradoxns encerrados na percepsio do etado como “organizagdea” ¢ sua imagem do todo homo- (én00 e contralizador: quanto mals complexa a sociedade, tanto mals centralizada, mas tanto mals camadas de regres, mais adjacentes, umerosas e diversas as juriedigbes, na tnclas e campos auténomes. A aparéncia de contalizacéo « contzole raconel correspond uma ofetiva delegagdo no {ovemo ena administragso,constituindo-se mate areas de ‘iocigto e eem-autonomis mae assim conatituldas aubpar- te da sociedade, solam formalizadas ou informais, ‘Acima de tudo, enetanto,oolhar antropalogico & cr- ‘coe impiadoso com seus proprio produtos intelectuais © ‘aqueles das suas companhelras Ciénciaa Sociale. A poma: ‘Bente etografia de seu prdprio conhecimento,o decvenda- ‘manto das cetegoriaa que organizam seu saber o sua sist smética imploeso sto os objetives definlivos da Antropelo- ia, enquanto aiseplina cientiica ‘A Contribuigéo da Antropologia para a Pesquisa Juridica no Brasil A tadigio antropoléaie prin, como se wi, por incor porar aspectos do fou objeto de estudo a suse reflexes J tesrices. Tal tarofa se realiza no plano peltico pela utiliza [ so do métod stnogrsico, cujo pontocontral a descricso |S intenotetagio dos fenémencs cbaervadoe com alndiepen sobre qualsquer produtos cltuals de uma dada socieds- do, o que ictal tanto discuss orais como escritos. A con Vivdnela e participagio na vida dos grupos costums-se asl api Di donominar do “observagéo parcipante”.O fato de que a ‘Antropologia tenha privilgiado socidades de tradiga0 orl ("sem eserta™..) ex com que esse arpecto do método etnografico focee privilogiado, em especial as tradigoes Tnglosa Americana do Nore, Mas a rolexdo emogréica sobre textos tom também seu lugar no saber antropolégice, 0 dasvendar de mua 6g 61 das catogoriascentrais que o orgaizam, acompanhe- ‘mento ou nao de cbservagio participant, tendo sido obe. to de especial atengdo pot parte, por exemple, de Marcel Mauss © seus discipulos. Bm amas as situagdes, entetan-) 1, boa técnica & @ mesma: ullizaseo familiar para esta Delover diforengas# dele descobri significados insuspeita: dos, que aparecem por contraste onde haviam sido conn ‘dos pelo oar opaco da familiar idade cotidiana ‘A contrbuigdo que He pode esperar da Antropologla* para a pesquisa jusidica no Fag sera ovidentemente vin Calada aus tradigdo de Desde logon arte peo setanhamento do familiar é um process dolorsa 9 caqulzolidnico que cortamente nio estio habituadas a= ‘ssoas que se movem no terreno das certezas e cos valo- {os absoits. A prpea wad do saber urdico no Baa, dogmatic, normativo, formal. codiioado © apoiad nme concepcio profindamente hiorarqizada © elitist da soc dade reetda numa hierarquia rida de valores astodo ‘monetréves, aponta para ocaréterextremamente etnocén ‘wico de sua produ, distbulgdo, reparigao o consumo, onsite, mesmo, 0 "mundo do Dueito" em dominio sfrmado como esters & paste das rlagtos socials, onde 96 ‘enotram aqules fats que, de acordo com critécos form laos internamente, si considerados come juriicos. Essa ‘dentdade formal do objoto a que devo drgit minha rete 2io tem conseatacias imedistas. £evidente oft de que seus contoraos nities apontam par facades empircas ‘a dofnigio preliminar de meu campo de andlse, como represontado polo “nativos": 0 Dirito 6 ensinado em Par Ccldades do Dirsito, quo wsam tratados didaticossistomsti- os em que se inscreve seu sabor e formam profssionais (que praticario atividades classifcadas de juridioa, om gazes tambiin determinades e eepeciscoe, como tibt nale, delegacias,cartéros, etc. A ease sparente faclidado ‘20 ope, de mediate, a questo de que essa nitia definicso ‘delimiter no pode ner tomada ao pé da letra se quero exer ‘er coerentomonto a obeorvagio antropolégic: se as agin as ecpeciicas tratam do Dirito, elas néo tratam, certa- ‘mente, s6 do Direto.# ébvio quo os preissionais do Direto ‘estabelocem uma tela de relagdes entre sie com os grupes ‘que 08 atcundam, que as Foculdades se ligam a ministé- os, que of Gartérioe ¢ Delogacias ngo 980 apenas instan- ‘iar “muiares” do “Poder Judicisto”, ete, Impbe-ee tam ‘bém racocinio inverso. A experiéncia antropolgca ensina ‘quo o Dirito 6 parte do controle social, quo reprime mas ‘também pedagogicamente produz uma ordem social defini- da, embora freqentomonte dosarménicae canfituosa. S00 festudo dos Mibunais © demais agdncias especialzadas no 6 960 estado do Dicito,o estado do Dueito também nso so Daseia no estudo deseas agéacias eapecilizadas. Mais: & diferent codifeagoer mubstantivan © proceswuais, deco: Dortas atris do uma aparente homogentidade: os print pios que informam o Direto Fiscal, Tibutio, rabahista, Penal, Comercial, néo séo os mesmos, nom se aplicam nos ‘mesmoe contextoe, Tribunals casoe concretos, Cada ‘ond Antpso Dito dominio destes aglutina diferentes saberes eventualmente incompativeis. O mito da cooréncia e sistematicdade do Direito serve a sua instituigéo como saber dogmatico © font de poder O problema de que o diet de ume sociodade capita lista tom caracterstcas comune a todos os Diretos de todas socedades capitalistas, om ospocial aquolas que spresentam configuragéesjurdicas semothantes, néo fus- ‘a mou impeto antropol6gice. Polo contréro,odiscurso da antropologia 6 sompre ancorado em uma expargneia ospo- ‘ica, onde se descobrem aspectos inusitados dos signi cados socials quo ge quer intepretar S20 fato de por ema. ‘mos estudando em uma sociedade capitlista © dependen: te.um Dieta sdequado a oases condigSee gerne n80 pods ‘ser ignorado, no s0 deve recusar 0 conhocimento de suas ‘especificidades para melhor exeritar nossa tarefa socicle: ‘ica (Da Matta, 1979, especialmente Introdugso). ‘Minha reflexio passaré a se deadobrar om tomo do ‘uBe eixes, procurando apontat pare as perplexidades que ros esperam no decorter de uma ethografia: 0 primeiro doles, questo do eaber jurdice, como se const: reproduz no Brasil, a sogunda, a questae da aplicapio esse através de instiuigéos © prticas especializadas: a torceira, a questo da rlagio onto esse saber Juridico © ‘gua aplicagdo @ os outios saberesjurdicos eventuelmente ‘xistontor na sociedade e por elas dominados, onde s6 caloca basicamente opreblema do acesso ao Divito. ‘Os dado uullzados provdm de minha experiéncia ‘como aluno ¢ bacharel em Direito (1964 ~ 1968), de uma ceurta experiéncia de campo no Par (1877) ede dados r2co- Iidos em pesquisa do campo quo realizo atualmento no Estado do Rio de Janeiro deede setembo de 1981. Como ‘pano de fondo atua certamente mina recente permann- ia nos Estados Unidos, que me serve de padrio de con swacto (1970-1981) Quanto A questdo do saber jroo, 6 procs primelro efile nto como saber restito © especializado a ocupar ‘espaco Kimitado dentro da sociedade brasileira, mas como saber que so difunde © porvaguo todas suas esferas © camadas sociais, enquanto sistema do represontagses tobre a sociedad, sou fundamentos seu mado de exis ‘encia e operagio, Nesse sentido constitui-ee em represen- tapio consensual, em tormos formais, dos formats que ‘organizagées om geral dever incorperer, por exomplo, dosde times de futebol a empresas publicas. A manipula ‘glo téenica desse saber pertonce a uma hierarquia de ‘cepocialistas que com maior ou menor efciéncia “expli ‘cam" o arcahougo juridico em que estamos envolvdos em ‘noseas atividades cotdianas, ‘Conseqténcia mediata dessa situagio 0 sentimento comum de que a ordenagéo de nossas atividades nio ¢ ‘algo paseivel de sure de um coasenso imediato entre os Airetamente interessados, que contratuslmente estabele ‘gam rogras para sua convivéncia, mas deverd sempre ser fruto de uma “adequagio" descothecidas férmulas Jogas para que possa ter oficicia. Por isso esso saber 6 umn poder difso mas nom por isso menos eficaz om produit, Contetidase oientacboe formals para a agdo social do uma ‘maneicageral. Sou axercicio 6 instrumontal formal om sua capacidade de agregar contaddos aparentemente conta ‘itérios em torno de eixoe de signticagio especiicos, des tinsdos a “resolver paradoxos observados em casos part cular. Incorpora factmente outros saberes, atualizando- ‘som perder fas propriedadies fundamentals, que nio recidem exclisivamente om sou contoido mas naa formar de sua uilzagéo como poder Sua impregnapio na sociedade brasileira, quo 20 70pro- ‘senta logalista ¢ formal, evidencis-se em nossa pritica social deneamente poveada de normas, segulamentae, art ‘906 © pardgrafos que pairam em existéncia ainda mais anon nepali de Dito ameagadoras a nossos designiosimediatos porque contra: teri, dfusoe, desordenados « implicitos. Ha sempre a possiblidade de quo desconhecam normas (em geral, do formal e “obrigatério" conhocimento de todos) que possa ser subitamento invocada para nos imped ot favorecer ) uma atvidade muites vezos coriqueira © diaturamenta repetida, Nossa tinica possiblidade de suoaeeo, entio, ‘oixa do repousar em nossa tniea possbilidede individual «© colotiva, para deslocar-se sstomaticamenta para a hab ade e prestigio de nossos patronos de mamente, capazes do sempre e sistomaticamente "controlar" a situagko, mat Glificmente de fazor valet noseos ditetos. ssa prtica gerl, que poderiamos rotular de client Uistia ehiorarquizante em nosso coidisno, pode ser abser- vada om sua produgéo ¢ roprodugio nas instinuigoes "jul icas” do mancira gorl e, om eepocal, nas Faculdades de Diseito. Esse 6 o lugar por encoléncia da instauragao constitulgso expliita desse saber ede euas formas de ope. 1agto. Por eaeas instinugdes » por eeu processo socialize: ‘dor passam, no Brasil, no 66 os profissionis do Dizeito, ‘como juizes, advogados, prometorea e jurist, mas tam: ‘bém delegados, escrivie, poiciais,funcionéros pablics, ddonas de casa, empreséries, politicos, enfim membros 0° ‘mais divorsos das camadas dominantes e dominadas da ‘sociedade, que ai vio em busca do "starus" e reconhecl- ‘mento soclal em sous seepectivos grupos de referéncia, ‘Mas, se 0 obtém. soré sempro & custa da inciagdo neseas préticas dogmitic-formais do reprosentar a sociedade ‘deal como um conjunto de logioos am hermonia com raza, ‘que detém, om principio, um conecimento definitive sobre! as origem © © conteude das formas de vida bumana er Sociedade. ‘Na prtics, es socializagio so complomenta tecnica ‘monte no cotidlane do exeficio profesional, mais ou menos bem-sucedido de acordo com as posigtes que ‘consiga ooupar em uma estrutura hisrarquzada e corpora tiva ays) como so ropresentam organizadas as profissoc juréicbe”h Faculdade, sompre “acusada” de ineficez para © ensino da “prética do disito", campye eficazmonte sou ‘papel de socializay, inicie. consagrar e ampliar para além a esforapropriamante juridica as representagses consen- uals ali apresentadas como parte de uma “Cidncia do Ditto" (© sabor assim produzido serd_ a base na qual se fan amentardo lis, regulamontos, sentangas e acérdéos judi- ais, pareceres e projetos politicos, inclusive aqusles de fordom conetitucional, assim como a chamada doutrina — princpios basicos que oriemam a prética supostamente ‘bonico-urliea. Mas também aerd a base em que sete ‘xercidas ativdades “exraluidicas”, como as polcials, de servigos pices e particulares, de associagSea « rganizs 60s partioulares, consciente ou incosciontoment ‘A forma do insttuigio desse saber implica aparente istanciamanto formal da ralidado socal, quo tom que aot _atingida por sucecsvas operacées de reduc logica a suas ‘configurapies normativan, Ea ralidade que oo deve adap ‘tar, em cada caso, a0 Dieto.O que nos colaca dante da leg DLs ds roosso de consi desta oprenta ges. Cabo a nbs antopélogos explicit o¢ mecanismes que ‘nformam as regras de operacio desse saber Para demonstrar como percebo operando a relagio ‘ntze 0 contaido desse saber © a legitimacio de prtics ociais om nosea sociedad, deverei exsmpliicar com duas situagées em que o saber jurdice, través de principios outindrioe, se inscrove om instiulgbesjudicdrias rece #300 que expitctamente se propée, regular “juridicamente™ © comportamento social através de regras gerala todos apliciveic,fondameatadas em principios expicitos. Ao dar ‘ais exemplos protendendo contrbuir para uma explicita- (0 do tipo de contrbuigio que a Antropologia pode dar & use Aetna pescuise juridice, tomando consciontes processos que 82 ‘cultam ats do formalismes que aponas podem servi ao reforgo do arbitio © da explorardo em nossa sociedade. ‘Autores o situagées citedas, portant, séo aqul considera: ‘doe como representatives de uma situagto geral nenhara props havendo além do interesse académico na into. prstagdo de nossa sociedad, na exposigio e discussio ‘nesse deloroso proceaso de eatranhamonto. (© primero exomplo dirt respoito dread parentosco, or guardar intima relagio com a tradicao de estudos de ‘minha disciplina, Na Antropologia Social se estabelecou ‘om dofinitvo a convicgdo do quo 0 parentesco é um fend- ‘meno socal, quo diz respaito &argantzacae de grupos den- tuo da sociedado, om termes de direitos, obrigagées, tit es, residéncias, alancas, inchuséo e exchuséo de mom: bros, Nada tem a ver, portanto, com “instintosindividuais™ fu com “leis naturals" (Lévi Strauss, 1958, onto vasta Bi Diogratia. ‘Mas em consagrado texto co Fosofia do Dseit, lar gamente utizado nas cadeiras de “Intodugto & Cléncia o Direito”,obrigatéia no curicalo das feculdades, como comprova sua 26% edigto de 1980, encontra-se exposigio sobre a “origem da familia”. © autor faz referéncia, som contextualizagdo cultural algume, » casos de “promiscui ade" entze melanéeios para exempliicar supostas diver tgéncias entre antropsiogos 0 socislogos quanto ao “estat to srigindslo das relagdos somvais na espécie humana", (Cima, 1980:17. Sogundo elo, alguns admitem a existéncia 4e tm alogado estado de "promiscuidade” e “comuniemo sexual” anterior & constitugéo da famila, como Gunther (astor que nfo merece nenhuma indieagio bibliogriicn faseim como todos oa demale, impossibllitando quslaver ‘tentativa de conferénca, contextualizagio e discursdo aca émica de suas afirmagses, tomadas dogmaticamente portant), enquanto outros (Gem indicasio) afimariam 0 "patriarcado" como mais antiga forma do familia. Beta for- nnecida o estabelocida a férmula evolucioista de pensar @ ‘nstituigho familiar em termes de organizacéo de cuss regras. Apée dissertar sob formas de casamento poligiml- 0g, o autor volta a fazer ctagbes. E 0s autores escolhidos ‘0 Wostermarck e Briffault, primoi afmando a exis: téncia do um “instituto monogimico” enraizado na nature: 2 humana ¢ segundo, quo estabolece em relagbes tran: sitérias © "promiscuas” os aspectos predominantes das relagées entre os sexes no "estégioe inforiores da cultura" (ima, 1980), ‘Ouzo tratadista, especalista em Direito de Familia, fensina que o parentesco “natural” dacorre apenas da cot ‘angiinidade, sendo pale fio, por exemple, ~parentos na tural"; sou parenteaco fot eviado pela prépsia natureza, através do sangue (Montero, 1964 242).Os vinculos sociais, ‘os direitos e obrigagées juridicas que decorrem da relacéo do parentesco estritamonte socials, parecom tor ua logit ‘magéo na Netureza. Numa suposta natureza humana fencontram também justifcagéo os estabelecimentos arbi ‘wérios das varias dades em que se adquire aresponsebil- dade civil ¢hablltagde para plena capacidadejuraien Wa pritica, 0 que esse sabor faz 6 veicular certan roprosentagbes,orkndas de concepgies arias dos fond: ‘menos sociais, de maneira dogmética. Como ¢ ess0 saber ‘quo val ser invocado na confoctdo das lei, o proancharé as justiicatives quo sordo apresentadae om juizo, ale tenders ‘2roproduairconcoprées etnocéntricas eultrapassadas das Insttuigées cocais. Male quo sso lo 6 onsinado hoje, nas Feculdades, como atual e bese para a realzaréo da final: ‘dade do Dito como habitualmente definde: campo de fettabelecimento do dever social Entretanto, a operacto dessas promisaas de contetdo ‘iscutivel nio 60 constitui nom ao menos om rogra geral ‘pola qual podemos orientar nosso comportamento, sto ‘moe 04 no de acordo com ele, Pos, se um pat ajuiea ma ‘causa para livrarse do pagamento de pensao ao fho, por ‘ste er atingido « maiordade o fiho, embora parte socio- logica e crucialinente envolvida no processo, dele néo & parte logitis, formalmenta falando, pols o pacto que ets belooes ponsio foi frmado eat mulher e maride, na mino- ‘dade do filo, Embora se comprovando a necessidede da ‘pensio a daspeita da malordado, o argumento formal pre- ‘aloceu, sendo decidida favoravelmonte 20 pai a causa, realmente ajuizada no Estado do Rio do Janeiro om 1882 (nde, entao, buscar a logitimidade das regrae cap: zee de assogurar onentagio segura para este dominio Supostamente “natural” do parentesco, que em no Sociedade ee apresenta, por lsso mesmo, come de dominio o Direito Publica, regi por normas rigidas © no contra ‘oie? Poie a caracteritica deseo sabor 6 também ser Impormevel ao exame concreto © empirico das conutas, ‘a pretexo de dirigilas. Assim, unigee que nao so roalzam. segundo as “formalidades legais" também néo to adimiti- das a0 Direito em suas condigées paticuares, pois estas fazem parte de um elonco linstado, de enunciagao restta *Contzatos de casamento” que pude manusear no Pars, ex «que estipulam condigdes para uma vivéncia tomporéria de tum casal com explicitagio de devereso dieitos mituos & comproensiveis para amboe of contraantos, inclusive 00 (que diz espeito a servos semusis, condmicos © sociais a Setem prestadoe por ambos os obnjages, ao elaborados © “registrados” emt caltérioe ou eecritrios de advogados. Servem para fundarrelaées duradouras e explictamonte controladas polar partes, ume ver que renovam ou nto Deriodicamente 0 acto, aiterando-o ou nfo. A garantia da Vigéncia, entretant, é de ordem puramente socal, consti tuindo-so om geral em impodimonto de contrair nove pacto ‘na comunidade om virtude do porda da eredibilidade da porte inadimplente, His aqui um novo significado contra: tual de que nso a6 A realidade soclal mas também a sua ‘supostafnaldade roguladora. Na prétia, os contratoe #80 ‘ncorporados sempre de maneia implicita esub-repticia is iscussées o conftes quo originam. Ndo podem, no entan- to, aparecer explictamente como prova ou indlcio no ro cesso. Rca, de novo, inteiramente no afbitrio dos agentes rocessusis sua consideragio ou nso © formalismo prosessual, portant, #6 contibui para prolongar © arbitio © o clima de permanente ilogaidade ‘que se respira om toda a sosiedade brasileira, oriundo lon- (inguae provavelmente de um eaplsito facalista do Império portagués, mais recentemente atuaizado em ta ros de nossa triste tradigho de regimes republicanos de ‘exocugio. Mou sogundo exomplo refore-so mais explictamento ‘20 tabalho que atualmente desenvolvo sobre © jim no Brasil ‘Aa representagées sobre a instituigto do irl desta ‘cam sempre sua caracterstca do “Insstuigso democrat ‘ea, em que 0 "povo" participa das decisbesjudiciais, "hu ‘manizando" a loi As suas decisées dover, por isco mes: ‘mo, ser obtidas através do compromisso dos juradcs, como {ora reconhecida de exericio democritica ede lagitizna ‘eto de instimigdes © normas juidices. Néo seria muita fusadiaafrmar que o jit no Brasil rflte, conscientamen- te, em sua organizagio, nossa idéia de democracia. Tal hipétoso 6 reforgada polo acirramonto das polémicas que tom suscitado, dosdo sua origom, a insttuigdo © suas ped ‘ioas, inclusive aquelas criginadas em sua omisséo da Constituigdo de 1937 (Franco, 1956) (que damonstaral ¢ que o jst braille se organiza fe toma suse decietes de acordo com normas e priticas associadas a certo saber juridico, fundado em detormina as concopgbes do século passado, que se atualizam at 6s da logislagdo © préticas judicial, Para oe propéeitos asin de Anroplgi D deose trabalho tomarei aponas normas e prticas rlacio: ‘das & incomunicabilidade dos jurados © & consttuicso uma lista anual peo juz, de onde so sorvoados aque Js quo vio assim sori. "Nas disposiosas dos artigos 458, parigrafo 180 476, ‘do Cédigo de Processo Penal Brasileiro, encontvam-se a8 sposigses sobre ab (ommulas prosentas para tomada do {decisdo dos jurados, quo incluem o institato da incomuni- ‘cabildade. No art, 429 do mesmo Cédigo encontra-ee & ogra para a claboracéo das lists de jurados, No art. 458, pardgrafo 1, l-se que ojuiz avertira os juredos de que, uma vez sorteados, nio poderdo comun! care com outrem, nem manestar sus opiniso sobre o pro ‘29800, sob pona de excluséo de Conselho © mult, de qua- ‘rocentos a mil eruzazoe. Informantes socitades a esclare, cer 0 significado desse artigo, ligados as taefas do ji foram undnimes om amar que esta 6a maneira de preser- var os jurado de eventuaie infuénolas que possam iterfo- rirem sou julgamento. Resula, na prética, em seu confina- ‘mento ao reente do buna do Jiri pelo periodo que durar 0 julgamento, muitas vezes prolongado por dias seguidos. ‘Um comentarista consagrado faz referéncia & "soveridado” {desea modida om relagio a outras legislagbes, como a tran ‘esa ¢ algunas norte-americanas que permitem intervalos zo julgamento, podondo o jurado retirarse & sua cas, ujoto, entso a infutnolas as mals diversas" (Noronha, 1970: 265). O mesmo tratadista argumenta que nio seria demais que essa incomuniceblldade so estendesee aos juredos entre si, "do modo que 0 voto fosto exchusivamen- tw resultado de sua conviogso", mas a lei pétra, com as ‘ceutelas tomedas, cuda para quo a comunicagio entre os jurados no chegue 20 ponto de um infur sobre © outo. Tale cautelas s40 a8 do art. 476 do CPR, que estipula que © fi deve estar presonte & sala accreta onde se roaliza votagdo dos roquisito rferentes ao julgamento pare “evi- tara infudneia do une sobre os outros" ‘A chamada quobra da incomnicabildade, quando provada por quem a aloe, é motivo de anulagto do julge- mento a realzagéo de um outo,o que tem side sstoma 'Neamenteraificado pelo saber juidico expresso nas deci s0es jurisprudencials, inclusive do Supremo Tribunal Fedorl (Jesus, 1982: 270-272 0279) (ra, tal caracteristicafogeintelramento As representa: {es que os brasilcires leigos tém sobre o fir, inclusive éus, @ maior delas oriundas do que se vé em Ses, 20 ‘cinema oa na telovisdo, quando todo o encanto eforga dos longos ¢ acalorados debates entre os juradoa vio const tuirsse em expressio doe valoror do uma determinada sociedad, Tais debates também veiculam a iia de quo a eciséo final 6 fruto do um compromisso entre juradoe, apes veiculagée explicit de suas diferengas Ojiri mesmo “bloquear-se", no conseguindo chegar a’ um veredit, ‘caso om que o julgamonto é repetide (Jacob, 1972). Ease ‘caractoritica do debate permeia as virias formas ue © Jirl toma nos Betados Unidos, enauanto processe pedage ‘io entre pessoas escolhidas a dedo, por indiongso pessoal {Go juiz ou de pessoas de sua cantlanca, como dispe a lagi lagio (at. 499 CPP), quo oo constituem om grupos de visto um, dos quais se sortlamn em cada julgamento sete que supostamente ropresentam a idoneidade média da socioda 4e, desaparoce quando se vb qe o motivo da medida no resi om dascanfianga pessoal mae na eventual possibil dade de infuéneia que possam oxarcer une sobre os outros. ‘bem verdade que a categoria infuénci, no Dicionério de ‘Auréio Buarque de Hollanda éaesemelhada & "sugestio" 6 também a0 exercicio de ascendéncia de une sabre os as api ‘outros. Ta visio parece donunciar certa desconfianga com a prética da discussio entre pessoas iguais, onde néo se nflnonci’, mas se convanoe através de argumentagio, ‘A decconfianga com a influéncia, ou sugestéo, nao é ‘ova, entretant Desde o século passado faz parte do tec ‘ia de chamada “peicologia coletiva", quo entendia Sociedade nao a partir de sua constituicso em grupos ‘socials mae como composta de agregados de individuos, ‘tos ae verdadoas unidadessocias, Tis concepgbes n80 azom seni radicalzar a invengio deotogica do individuo como sueito do dititose obrigagdes, quo aparece na ideo- logia osidontal como parte do processo de compartimenta- lizagdo e autonomizacéo com que representa (Dumont, 1960; 1967; 1977, Expllcave-se 0 comportamnento social clativo como ‘comportamento do “multidio" tondendo a ver quaisquet rmovimentos de masse como formas de “loucura” coletivs, "anormalidades" psiquicas, © nio como resultado de con Atos sociais emergentes, ‘ra, as vinculagées sobre o saber-podr do Direito 0 os a Peiqulatria © da Pecologia tim sido objeto do rolexao ‘metodolégica sstomética (Foucault, 1963; 1972; 1975, 1977, ‘Tendom essas associagsea especiaimente em diteito crim. nal &transformacdo de conflites socias e polis em font ‘monoe relacionados ao "homem”, a sua “personalidade” 08 ‘seu "meio". Criss com isto a Sgura do “erminaeo” do "dolingiont, do “louco", que vem substituir a nego clas sca do "crime", individuatizando, no eampo juridice, 08 pro- codimentos esconciais a sou controle. Passa-o, assim, do uma estratégia reprectiva © exemplar a verdadetra "produ io" de carta tipo da individues title ao sistema. Reflexo este movimento ¢ o conceit de periclosidade, utlizado pa constr um discurso, médico-pelquidtricouriico ‘eapaz de justiicar 0 controle indeterminado de dosviantos ju dissidentes (Thompsom, 1983) Pois 6 nessa dizegio da individualizagio de confitos © os procedimentos teéricos da chamada criminologia por: tiva que encontramos 6 campo intelectual onde se const tui como saber a "psiologia das multidées". Nao foi neces- ‘sino procures muito para encontrar no mesmo tratadista antoriormonte mencionado, agora na parte do Direto Penal (om 1982 om sua 40% edigéo),referdnci, em seu pardgrafo 141, aoe “erimes do muitido” (Noronha, 1982). Nao 6 tamh- ‘bem surpresa encontrar al reforéncia (como & de habito nnesse saber dogmtico sem indicagio de obra ou pina) ‘08 autores "especialistas" da matéria: Le Bom, Sighele © ‘Tarde. O autor repete thes oconceito de mulkidso:"E a ml ‘dio um agrogado, uma reuniao do individuos, informe © Inorganica, surgido espontaneamente deaaperecendo (oronha, 1962), Trmam-se "espontineos” caos do porda dae faculdadoa mental, abjeto portanto de estudes psico- 1égioos para detoctar as origens dessa anormalidado das ‘consciéncias individuais sadias, mementaneamente en- ‘sendocidas ‘A rolagio desta discusséo sobre multdses com a fs sma de julgamento pelo jirt popular & conchuséo expressa do um dos autores citados polo tratadista ¢ dtado ante ‘nés em 1954 sem nenhuma introduedo exits, passando portant, trangilamente, sou conhecimento por contom ‘pordneo, Sighele,referinde-se a eupostos ers de Julge ‘mento cometide pelo fir firma: "todos estes fat.) to. ‘vam simplosmonte isto: que doze homens de bom senso ¢ Inteligentoe podem dar um sentena estipida e absurd ‘uma rounio do indviduoe pode (si) dar ume resultante ‘posta que teria dado cada um delee” (Sighele, 1954: 16). Prossoguo 0 autor dizondo que. tnico caso om que caractores do agragedo ¢ das unidades que o compe se correspondem ¢ quando existe semelhanga, “homogene dade, entre suas unidades" (Siglo, 1954: 21, “Uma rouniéo cosmopolita néo pode evident ‘mente refletir om seu conjunto os diversos caractres doe individuos que compo, com a mesma exatido que uma rounlio de individue todos italianos, ou fodoe alemes,reetiia no seu conjunto os carecteres particulates dosses walisnos ou desses alomaes. O rmosmo 40 poder dizer de um jl, no ual © ecaso ‘090 coldeat 0 tendeio junto de um homem decors, fom comparacio com uma Assembléia de peritos (Gigolo, 195422, grifo nosso) Vo-so bom por quo a tondincia da homogencizagio fm termos de classe social, profisséo, etc, quo se constata ‘as listas de jarados, muitas vezes consciontomente dese- fda no Bras nooo constitu em preacupacio de obter ‘malorrepresentatividade social. ostimulando-Ibe a compo- figdo diferenciada, como nos procedimentos até mesmo lestios de escolha nos EUA (lacab, 1972:124). [No to menos eraigadas no tempo. nos ooncttos da psicologia coltiva a normas e prticas que tendem a for ‘ar um permanente corpo de jurados, para que melhor 8 ‘juste as suas finalidadesjulgadoras, Néo ¢ portant o jal ‘Tamente do “homem comm” 03:40 “homem médio” qie se procura, mas 0 julgamento do um jrado peofissonal: ‘Mas néo basta que as unidados sojam muito ‘somethantes entre s, para estabelocaranalogia entre sous caractaos @ os do agregado que os compe; ¢ ecesséro ainda quo ossas unidades estojam unidas enue el par uma rolagée permanente © orgénica” (Sighelo, 195422). F maie “as reunides adventiciaa © Inorgénicas de individuos, como ae que teres num jut, num teato, numa multidéa ~ no podem reprod irnas suas manifstagées oa earacteres das unidades ‘que as compée, do mesmo mode que o ajuntamento ‘confuso # desordenado do wma determinada quanti- {ade de tiolos no pode reproduzira forma retangular {do um 56 desses tiolos. Por conseguinte neste iltimo caso 6 necessiria adsposipo regular de tos os tj Jos, para construr uma parede do mesmo modo, no ‘primaire caso, para que um agregado dé ae qualidadee dos individuos que compte, & necessirio que estes ‘A seguir citando Bentham a propésito das As somblélas politicas e do jin inglés, diz quo ele i “azia hotar a grande diorence que hé entre as manifestagses ‘dos corpos politicos que vém uma existéncia permanente, ‘¢as manifestagbes dos corps politicos que tém uma exis- ‘ncia na ocasido © pascagoia edizia quo 0: rimoiros dao ‘mais facilmente que os segundos resultados que corres- ‘pondem aoe verdadeir interesoes @ a2 verdadetas ten- ‘éncias do seus membros” (Sighele, 195425, nota 19, gx- fos do aura Para eases autores, como se v8, a sociologia nfo tam um objeto que the seja préprio, como jé desde 1888 estabe- lecera Durkhein (1888; 1896). © comportamento socal nao 6 fruo de represontagées coltivas diferentemente apro- Driadas pelos grupos, © existontes aposar dos individuos ‘quo 0s compéom, mas fruto de contato ante os indviduos, u de imitagdo. A grande preocupagéo de Sighoe,aliés, & rtirar da scologia spenceriana, que estabelocia que of ‘agregadoe cram resultado do comportamento doe indiv- uoe, 0 estudo dessas “multiddee", segundo ole rogidas pela lel da imitagdo © pelo mecanismo da sugestée. Pela Imitagio se veriica © "comtagio moral", responsével, por asl Amoco de Do ‘exemple, palas euforias © dopresstes oconbmicas ¢ polti- eas (Sighele, 1954: 36) A imitagao 6 atualizada om compor tamento atravée da sugestio, pela qual os homens se In fuenciam reclprocamente. No\caso da multidéo, entro lato, essa sigestio atu sempre negativamente, perden- ‘dos melhores influéncias para as més. Ito porque: “amé ‘ia do muitos nimoros no podo eer igual ao mais elevado desses miimeros, do mesmo modo que um agregado de hhomons nao pode rofletir nas suas manifostagbes as facul ‘dades mais clevadas, proprias de alguns dosses homens; refletrdo apenas as faculdades que se encontram em todos fu no malor nlmoro de indviduos. As ultimas e melhores tetratfoagées do carder, dira Sagi, as que a civlizacdo e ‘8 educagio conseguiram formar alguns indvidues priv Giados estao ecipsadas pelas estratiicagtes médias que ‘io pasriménio de todos: na soma total estas provalecam ¢ fs outras desaparecem (.: cede, na multidio, do ponto de vista incalecrual A companhia enfaquece - em relagio ‘9 reaultado total - tanto a forga do talento como os senti- ‘mentoe catativos (Sighele, 1954: 58-50). Tortifcada esta facalizagdo permanente dos urados, para que nio se “ifluenciem” epesar de selecionados com todo 0 rigor. Nao dependendo de sua vontade mas de sim ples fto de sua runito a decadéncia morale decadéncia {intelectual a que esto submetides. E claro que o ato de ‘8 tratarom de braslors, ono de amaricanos frances, faz com que essa fisclizagdo certamente se exerga com ‘maior “rigor © eatela” fechando-oe portanto no recinto do ‘Tibunal enquanto dura o uigamante, “Tie idéies opdom-se evidentemente & idéia liberal ‘léssica de que individu livres e iguais entre ai deverto tingir um compromiago tzavés de discusedo de que par ‘doipem argumentando onntra-argumentando explicta- ‘mente. O compromisso surge dessa discussio e a decisio ‘fo se constitu om manifestapio, através de suas cons- cldncla indvidale, do um consenso anterlormente impos: to pola socalizagio precxistonto © do cujo contoido sio recapticulos supestamente passives, criticos erepetides. A diferonea é um mal a ser evitado, a homogeneidade 6 un ‘bem em ai Male que ie00, a diferengs tmplioa una hierar ‘quia “natural” onto 08 individuos, classficados de acordo com uma tabela do valor defnidos, evidentemente, por ‘camadas dominantes na sociedade. S40 esses valores aqueles que cumprem reproduzir através de engenhoeos fesquemas de poder-saber. pedagogicamente destinados a veiculélos efcazmente inclusive través do mune insti (hee mate democriticas. evidente que o dominio do Jus singular esta osguardado, pois juizos, por formagéo © pro fissG0, s80 “homogénoos" ¢ “permanentes". Mas no é necessério para quo so tonha uma justia oltista © ant emocrética, reprodutora de um mesmo saber comprometl «que o outros nas lstas de jarados, ao abitrio do juz role- ‘te quo esbe processo de socalizagdo tem mesmo um fiscal do sua incomunicablidade e eugestionsbildade. De ostz0 lado, esaa2 vides individualizadorae do crime e de “multi: aos” sfo frequentemente lovadas & tibuna por advogs- dos e promotores, que feqientemente citam idéias, num ‘rocesso de convencimento ¢ insorigéo sobre um grupo social do saber-poder de que estéo dotadce, ‘Tal socializapio, que se estende ao “aprendizado” na reeposta a quesiis ena ctcunsténcia de que a maloria dos jurados, em cidades grandes, ¢"bacharel", mostra que © sentido pedagégico deste Julgamento esté perfetamente {do acordo com aquilo que sous ardoroses dofensores pro- esl de aegis de ‘pugnam, Elo 6 realmente oespelb de nossa “democracia’ ‘utelada ehierarquizade Conclusio ‘A etnografia do judicéri passa pola compreenséo de ‘que suas instituigber, préticase epresentagées esto inse Tidaa na eociedade brasileira e com ela mantém uma res ‘gio de inlosncia e interdependéncia. Também passa pelo paradoxo de venficar as casas de quo essa "inficiéncia” ecularmente atrbulda as intituigbesjudicéras se alia a f20u imenso potencial roprodutor @ disor, para todas a reas da sociedad, desse saber poder. necessiio fazer a ctnografin dos mecenismos que presidem a formagio dessas docisées milagrosamente {acionais @ imparcisis num mundo do "jeitinhos"e privé: Gios, enumerando culdadosamente suas circunsténcias © eur agenter, formal ¢informalmonte admitidos ao proces- 0, Problemas © discusses familiares & Antropologia no ‘etude das inattuiges juriicas em geral eno seo das cha- ‘madae sociedades mediterrincaa em particular, com sua ‘laborada processualstica o seu caracterstco sentimento Ge honra que, afimal, so abualiza em qualquer litgio @ entre ‘seus agentes, bem como com sua infindével mulipicagso Ge instinciae mediadoras asvociadas com froquéncia ero ‘neamonte @ sociedades "simples" ¢“itracionas" Certamente deveremos analiar as consequSacias que ‘uma ordem jurdioa Hbera, supostamento fundada na igualdade de individuoe diferentes 6 na isonomia das par- ‘the, aprosenta quando apicada # sociedade quo 6 repro fsentam hierarquizadamonte. Individuaidade associada epresentagoes igualiéras da sociodade constita-so em ‘iscurao eustontador de lberdades indviduais e respeito a fdierengas. Individvalidade asscciada a representacces Ieréquicas da sociedade significam sempre distorgées atsbuidas a ordens da efetividade, “goismo" ou da isa ida (genaidade foucra,renstando quase sempre om “nectssdade" d imposigo do ordens autora, fe Sentemente ascoclada& explora aelvagem oe mais feacoe, a qiem nfo 26 ¢& nem a protacio da casta 6 & Garantin do una poigdo o identidede socials qulaquer (Dabata, 1979; 1982; Faldo, 196), staromos tambm problematizando as defnigses © lates dos dominios do publica edo privedo,tadcional tents operados om uma cia personalsante no slo da ‘Baglevatue basa (Schwert, 1979) Seré precio, pols, rager os vous do poder «implode suas fens categrias @ que sempre careepandem prt ae camisticns e abies, mas eficazes em mia man ten eoprodug.E preciso tora todas as prticas ur lon, subetanivasoprocesruas,coshecdaa © exists para que regasdefinias oa todos aceoivesgovernem as Iivdades fails. A democtacia do Judictro passa polas concepgoes da democraciaaraigadas a soredade ‘portant por ense poder saber difioa que so inscreve om Sous objtos «cada natant. Sera precio abandonar concopgées lagaistas de que crete e leis a a melhor forma de governay, prog: das vias do ranformagéo social om ves de concaber esse proceso inverdo de produgio legal como um abdica de {Uetioe, ado sun express. precio beta-nos de on ‘cxpgies postivas e naturales na representa doe ‘endmenose aaberes que ce produzem socamente, que result sistematicamente em milos com ox de outa dlade de partes e agentes de dacs, ndviauliaagsox do ito sian crminosos, process © prisdoa Fr set sree dota, Samet din fo fatnaratenta de que o judo 6 um gat de “resoh Ren oti to indivicuos © dos grupos sciiseapazes de exprimi, rar | ‘extngu dlrengare sameTsangsefdamertais a on ( Vivo toual areseree da direncaedahotoogenele:) {Ge (ade. 1965) ) preciso fazera etnografia das instivvigdes judiciée f cian, € prelo perce sus Enpags, a clan 605 coe lowe, asset eudiénia opaar em quer la comparce, omo se vesteo comporta. £ necessrio contar as presen: fares auntacls, dovcreverdbes signiadeseuiiragi. Sepeis¢ precio tender seu tempo, seu prazosinfinds- ttm suse alencasfrmalmenteninarraptas, eeu hie- {arquizantessituis do espera e poder Ty mperiowo contains o ervidorso serventutios, descrver buns prtloas, obervar suse wansfornagSee m0 Contato conagiant do poder Porcober arede de sas ela Gees pessoaiso sua expressdo na melor ou menor fac» Sete de acoso as infrmagber oh decison proceso. ‘precio fscinar ge oot ogo do formal e do formal, con- {inaree com ele, vestirea como um dele © com elas #2 onfund Portar-e dierentomeno edaes 69 diferoncias i precio ial: saber quem vai ao tibunas e por, qd, Contar nes os nimores 08 motivo 08 valre8 moras (O nancelosenvolidoe, por que val © por que no vale a ‘ena tiga jodiialmentef precio is vara ves ocr nai, Fama ede Faocas, &Deonscia Palin as Promotatas Depo € preciso leon oarcores. As Repar Uoves Pons etal na ver percorer todo como pal {al como advogedo, coma antropélago o come cidado © Glesinaar cosa magica trnsformagio doe wervgue da ‘ilatagao om Poder Adminitrative. noowos caso abeervar somo o Poder so organiza sitio, coornte,Wente a casos conetton que ves, rganiza © slencia. # pteciao ouvir or slencios deste Seberpodero quo nolo est implicho naqueles posed fenton sempre ido sitalizados, aber formas, do ‘quem nada tom porque nada dove, exprossio maxima de seu arbitrio defintivamente impune e esponsével Pundamentalmento, 6 prociso néo deixar nada de lado, nem um recanto © nem um escaninho, no para que se repreduza a realidade no ansoio de tus traneparéncia positivista, nem para que surja renovada de uma quimeira fcional. Aponas para finalmonte perceber que io esta: ‘mos diante de nenhum “judicério", mas diante de uma Janola de onde ¢ poesivel constituire interpretar alguns dos aspectos de nosea sociedada, aprofundanda seu conhecimento ¢ ccupando,afinal, um oxpago vago. Depois de nos ver pelos Tribunals, é preciso nio os- quocer a sociedade. E prociso perconer Ihe as formas wbs nas ¢ rurais do legisla judicar o exocutar a lei no sléncio fembrutecide de um Dieta eltieta,E prize aprender com sua variedado, colaborando em sua distingéo @ nunca temende sua diversdade «autonomia que afirma “a prio! ‘308 capacidade para 0 exericio do Poder & preciso apren- Gr com esas formas jriicas, softer com elas, dlvar-2e feducar por seu conhecimente que antzopalogicamente se ‘eevenda, Colabora-se assim na destrulgto das estate 560s injustas © na construgso de hierarquias expressivas {a realidado social. B prociso tomar desses saberes domi- nnados a imploeéo dessa razdo instrumental, oportnista 6 impiedosa sistomaticamonto utiizada para dominar © explorer 1s qe conhecer-s0 com os oihos do “Oxtro” ‘Numa outra perspectiva 6 urgente e imprescindivel fencetar © encorajar estudos comparativos nossas dreas © ‘nosso espirte, pansando antrepelogicamente em outtos sistemas de sociedades aparentomente semelhantes ot ‘muito dstintos da noses. A perspectiva comparada prec ‘80 do exercicio de convivéncla com a dlerenga para a seus instrumontos. $6 assim sera possivel produsir um aber a partir de nossas especificidades culturais © a elas adequado. ‘Se queremos lvar a siio a proposta de pensar demo- craticamente a dferenga em nossa sociedade, ibertando- nos dos pismas do colonialism econdmicoe cultural, inter no ¢externo, bam como explicita as tendéncias etnocéntr ‘eas « homogonsizantos pr elo suscitadas, ha que aprender ‘com a perspectiva antropoligica a valorizagio heuristice das diferengas. Comecar por descobri-lase po-as a nu om nosso cotidiana, estanbando o “natural” o famiiarizando- nos com © exético, eis © longo camino domocritico a per- corer Na dea do direlto, como spante,o perewso é tanto mais drduo porte implice a tansformagao das préprias bases onde se ancore um sabar-poder que se difunde muito ald do “juridico" em nossa socalizagéo. ‘No h oléra ou fama nessa lute, nom objetivo a sor lleangado. Km noses melhor tradi¢ao, “porfa-se porquan- to bom porta. Bibliografia BACHOFFEN, J. J. Das Mattrecht. Suttgart,Krais and Hofimam, 1961, BOHANNAN, Pasi. A Categoria Injé na sociodade TW. In: ‘SHELTON, Davis (org). Antropologia do Dirsit, Rio de ‘Janeiro, Zaha, pp. 87-69, 1957-1972, ‘African homicide and suicide. Now jersey, Princoton University Press, 1960. ‘9 antropologia e Lei. In: Panorama da “Anwropologia, Sol Tax ed, Rio do Jansiro, Ha, Fundo de Cutura, pp. 165-173, 1964 (1966), CLASTRES, Pierro. A Sociedade contra o Eetado. 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A investigacio compreendeu trabalho de feumpo e pesquisa bibiogratica.O trabalho de campo utl- ‘you as técnicas consagradas pela tradicio antopolégica» tomo entrevista estruturadas o nao-estrturadas, conver tas informais © observacdo paricipante; As informapbos stim obtidas juntaram-se aquelas oriundas da identific- (go inverpretagio das categorias presentes em textos Consagrados elas cultwras juridicas brasileira © norte ‘A porspoctiva adotada aqui é uma perspectiva compa: da. A forma da comparagéo, entetanto, fre daquola doe toxtos juriicos, Pois a comparagio que so intonta aqui 6 \ ite nn Pi i ria Sins ‘cua sata nettles en I aoangs ae PGS

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