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SI motivo de profunda satisfagao para todos, porque levavam noticias do mundo la de fora. Aprenderam uma forma de ludibriar 0 controle e a vigilancia: orientaram as pessoas que os visitavam para levarem frutas, alimentos, bolachas, etc, sempre enroladas em jornais do dia ou que contivessem informacées importantes para eles. Assim, ficavam a par, embora precariamente, dos acontecimentos no pais. Havia ainda alguns, no corpo de guarda, que ligavam 0 radio com mais volume e assim, eventualmente, ouviam noticiarios. Um soldado (nunca souberam ‘© seu nome), devia ser simpatizante, porque sempre que encontrava-se de sentinela postava-se embaixo da janela com seu radinho e sintonizava em todos 0s noticiarios da hora, arriscando-se a ser descoberto e punido. Demonstragéo genuina de solidariedade ¢ companheirismo. ‘A maior ou menor opressdo dependia muito do humor do oficial do dia do comandante da guarda. Havia 0s duros e os mais camaradas. Destes, alguns conversavam por longo tempo com os detidos sobre os mais diversos assuntos. Havia até, poucos é claro, os que se aventuravam a falar sobre politica Era dezembro de 1970, Abruptamente, foram separados de cela. Alberi ficou por alguns dias sozinho em uma cela ao lado. Roberto De Fortini e Bruno, foram retirados. A VPR seqiiestrara o embaixador suigo Giovanni Bucher pelo qual exigia a libertago de 70 presos politicos. Souberam, depois, que os companheiros haviam sido levados a Porto Alegre e ap6s banidos para 0 Chile. O Bruno levando consigo a esposa Geni e as filhas Tatiana, Cétia e Bruna, Quebrada momentaneamente a rotina e passado o medo de represdlias, a0s poucos retomaram 4 normalidade -anormal- da cadeia Aguardavam o juigamento.

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