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A politica brasileira de estabilizaca 1963/68 * ANDRE Laga Resenne ** Este tratatho tem como objetiso principal wma anélise critce de Programa de Atdo Ecoudmica do Governo (PAEG) adotedo « partir de novembre de. 196. Este programa & comparado com tentativas anteriores de etablisagdo 0s wos 30, com expecial atensdo para 0 Plano Trienat (1963/65), elaborada em fins de 1962, © fora os efeitos de sun implementagan moe primsiros meses de 1963. 0 mieleo do trabaiho consiste na andlixe dos objetios € norma: bésicas que erienterem PABG, do pope! da poiltice solariat + das politicas monctévia ical, beim como do seu impacto sobre a producdo ¢ os fregos. O trabatho fat una tentative de avaliar 0: ewstos de establisagto © conclut com wma andlise do greu de ertodoxia do PAEG, notando que, aviow como em Lodas as oensises anteriores em que se tentou implementar no Brasil um programa desinflaconério, a restrigdo do ba: lanco de pugamentas teve papel decisivo ne opto pela ortodonia, Entretento, 2 tabatho nota que o PABG ndo deve ser considerado um programa erfeiemente ovtodoxo de estabilizagte 1 — Introdugio programa de estabilizagio implementado entze 1964 © 1968 logrou reduzir a taxa de inflagio anual de algo préximo de 100% no primeivo trimestre de 1964 para algo em torno de 20% em 1969, * 0 autor agradsce 2 colaboracto ce Amminio Frage Neto, Edward A. Swalen © Hlena Landau como assistentes de pesquisa, or comnentitios © sigestées de folegas do Departamento de Eeonomia da PUC/RJ © © trabatho do corpo cctoviat de PPE, Este trabalho, preparade part o goupo de trabalho sobre Poliicas le Notmalizaio mx América Latina”, conta com 0 apoio finanecio do CEBRAP, Do Departamento de Economia da. PUC/RY. eee PEELE Pesq. Plan, Foon. Rio de Jancivo, 12) Wat a B05 —dew 19RD Simultaneamente, 0 crescimento do produto, que em 1968 fora de apenas 1,5%, recuperou-se apos 1966, e ji em 1968 avi de 1.2%, © que foi 0 Programa de Aglo Feondmica do Governo © 0 que © diferencava das tentativas anteriores de estabilizagio? Quais as raves € 05 custos do seu éxito em termos de indicadores macroeco. nomicos tradicionais? A andlise critica do PAEG 6 0 objetivo deste trabalho, que esté dividide em sete secdes, além desta Introducio: a Secao 2 analisa as tentativas de estabilizagio da década de 50 ¢ do io dos anos 60 anteriores ao PAEG, com aiencio especial para 6 Plano Trienal; a Segio 3 descreve os objetivos do PAEG © as hormas bisicas que norteavam o programa; a Seco 4 trata do papel da politica salavial; a Segio 5 examina a conducio das politicas monetiria e fiscal; a Segio 6 ani acto sobre a produgio eos precos: a Segio 7 faz uma tentativa de avaliar os custos da estabilizagio; ¢ a Secio 8 condlui com uma andlise do grau de ortodoxia do PAEG. gia a taxa 2 — Tentativas prévias de estabilizagio Houve quatro tentativas de contencio da inflagio no Brasil antes de 1961, todas pressionadas, ou motivadas, pela necessidade de ganhar credibilidade externa, tanto de agentes financeitos privados como de organizagées oficiais, cm especial do Fundo Monetirio Internacional, diante das dificuldades enfrentadas pelo balanco de pagamentos. Muito provavelmente por este motivo, todas elas ti voram carter bastante ortodoxo, O primeiro programa antiinfla. ciondrio na década de 50 comecou na segunda metade de 1954, apés a morte de Getulio Vargas. Apesar dos altos precos do café em 1954, a reducio nas vendas dimninuiu substancialmente as re: ceitas de exportacio, © deficit na conta servigos © as despesas de juros ¢ amortizagées absorviam 0 superavit comercial, obrigando 0 Governo a recorrer a operagées de crédito de curto prazo com 0 Federal Reserve Bank ¢ com bangueiros privados americanos (ver as Tabelas 1 ¢ 2 para dados relevantes sobre 2 economia brasileira 18 esq, Plan. Econ 12(3) dex. 1982 de 1950 2 1970). © ministério econdmico, capar de negaciar tais empréstimos, foi composto de tés nomes conservadores (Gudin, Bulhdes € Matiani) © de idéias ortodoxas em relagko 20 combate 4 inflagio. Este primeiro programa de controle da inllacto ter minou em maio de 1955 com a rentineia do ministério econémico diante da falta de apoio do Governo ao programa, que enfientava critieas severas do empresariado industria A segunda tentativa de combater a inflacio deuse em 1958 com 0 Programa de Estabilizagio Monctiria. Os pesados deficit rho balango de pagamentos ocorridos em 1957 ¢ 1958 obrigavam a ‘contratagio de empréstimos com 0 FMI, que exigia o “saneamento as finangas imernas como precondi¢io para a concessio. Assim: como ocorreu na tentativa de estabilizagio ortodoxa da. primeira metade da década, as press6es contra 6 PEM tormaram-se um dnus politico muito alto para 0 Governo. Em meados de 1959, inter: romperamse as negociagdes com o Funda € © plano foi abandonade, Taweta 1 Brasil: precos e produto ~ taxas de crescimento Anse TGP eA atone Bisde, Peedute a? “alae oe om ove ice, Soak a e 28 4 Ha a 8 8 i 3 8 OF Se 2 og 8 Be : 3 es g a Q a 3 8 “8 ie u Es : ONT: Conjniura Pnutmir, Bot de Bence Coal Bratt (mods) Anwdria Be (aan a Bal A politica brasileira de estabiliacd: 1965/68 130 “ong oF rine oN op MPI © MTS SEHD "LENO Co art . rr Te ce ee os eae fot or aT eT 2 om pi ‘nt Fic toe oz Be ou aes ow ve ele ees a ca se ome oe ee ont oe 6 ce ee or we ee om ee rama PE OD) (Oa Soul ssn wa) one ie, sonausted ap o5urzoq my veya, esq. Plan, Brow, 12(3) dex, 1982 Os anos de 1958 e 1958, durante 0 Governo de Kubisschek, esta- beleceram um records de crescimento industrial, cuja taxa anual média no perfodo ficou em torno de 11%. A taxa de inflacio saltow dos seus niveis wbaixo de 20%, em anos anteriores para niveis scima de 40% a partir de 1959, A tentativa de mancer o ritmo de cres cimento industrial acelerado sem perder © controle da inflagio manteye 0 cimbio sobrevalorizade, Em particular, sistema de taxas miiltiplas para importacdes subsidiou as i de capital, wansferindo renda para a indhistria, enquanto se prati- cava © conlisco do lado das exportagées wadicionais. Diante de tal agravaramse as dificuldades de belanco de pagamentos, nse os deficits, enquanto as autoridades monetérias recor riam a operagdes de curto prazo, contratadas com bancos comerciais jonibilidade de divisas € evitar a desvalorizagio, O perfil da divida externa deteriorouse rapi damente, conforme atesta a Tabela 8 [ef. Wells (1977, p. 202) l ‘estrangeitos, para manter a di J& no Governo Quadros, em 1961, ferse a terceita tentativa de mplementar um programa de austericade monetiria para combater a inflagio. O programa do Ministro da Fazenda, Clemente Mariani = que fora 0 presidente do Banco do Brasil a epoca da primeita tentativa de estabilizagio na década de 50 —, além da oposi¢io do empresatiado, teve apoio hesitante do proprio Presidente Quadros, Foi, entretamto, suficiemte para garantir o sucesso das negociagées que visavam 2 contratar novos empréstimos externos, 0 que clevou em US$ 462.3 milhées a divida externa no ano, Estes empréstimos, somados a resultados favordy nem outras conta, fizeram com que 0 balango de pagamentos fosse superavitirio em 1961 — a tinica excecio no perioda 1957/63. Os créditos obtidos pelo Governo Quadros em 1961 afastaram as dificuldades imediatas no front externo durante 0 ano de 1962, O primeiro ano do Governo Goulart tanscorteu sem politica econd- ‘mica coordenada e com politica monetéria e crediticia folgada Durante o segundo semestre de 1962, no entanto, preparowse um programa econdmico, surgido em dezembro com o nome de “Plano ‘Trienal de Desenvolvimento Econémico ¢ Social", que, sob a lide. Tanga de Gelso Furtado, passow a ser implementado a partir de janeiro de 1963. Em seus objetivos basicos, o Plano Trienai pro- tamb 4 politica brasilcia de estabitizagio: 1963/68 701 Tawera 3 Brasil: perfil da divida externa — distribuigdo percentual dos juros & amortizacdes devidos ao final de cada ano hoon ee ey 1963 as ks Be ous ome toa meta m2 Ms 180 ar 1865 262843 TS mgt Me 1966 2 ak 38 ao 7a kbar L00T « depig 22.2162 228 ws S98 aor BL ‘Gresimente da divide (5) as 47 83 Sk TFONTE Wale (V7); dec oul do Bsain da SUNOG, vice wae punhase a: a) “assegurar uma taxa de crescimento da renda na- cional compativel com as expectativas de melhoria de vida que ‘motivam, na época presente, © povo brasileira” (c estimava essa taxa em 7% ao amo); € b) “reduzir progressivamente a pressto inflacionaria em 1963, que mio deveria ser superior 4 metade da taxa observada em 1962, enquanto em 1965 deveria aproximarse de 10% da taxa de 1962", A previsio, portato, era de atingir 5% a0 ano de inflacio no terceire ano de ay isio do Plano. Os instrumentos a serem utilizados para alcangar resultados to otimis. as eram, entretanto, os wadicionalmente encontrados nos planos ortodoxos de estabilizagio. O deficit do Tesouro foi identificado como “o principal fator de desequilibrio, gerador de pressio infla- ciondria”, O realismo cambial era proposto através de uma polities de cimbio orientada “'no sentido de assegurar ao setor exportador um nivel de renda capaz de estimulélo a manter um adequado esforco de vendas no exterior € de evitar que as importagbes sobre. passem a efetiva capacidade de importar”. © Plano propunha tam: bém uma politica de austeridade em relagio 4 expansio monetiria, a2 Peig. Plan. Boon. 12(3) dex, 1982 embora ressalvasse que “o crédito ao setor privado deveria erescer em miontamte correspondente 4 elevacio do nivel de precos adicio. nado 20 aumento do produto real”. Nao foi isto, entretanto, 0 que Em jancito de 1968, houve um aumento do silétio minimo de 56,250. Em fevereiro, as tarifas de wansportes urbanos foram. cor. rigidas entre 22 © 29%. Em marco, eliminowse © subsidio a0 tige importado, 0 que clevou seu prego em 100%, € a0 petrdleo inn portado, o que elevou seu prego doméstico em 70%. Em abril, 0 erweito foi desvalorizado cm 804%. © resultado destas € outras medidas do proceso de “inflagio cometiva", tomadas no primeiro timestre de 1963, repercutin imediatamente na taxa de inflagio, Somese 4 estas pressoes inflaciondrias 0 mau ano de agricultura, cujo crescimento foi de apenas 1% em 1965, fazendo com que o indice dos termos de troca agriculeura x inddstria (quinta coluna da ‘Tabela 4) estivesse em elevagio desde 0 2° trimestre de 1968 até 0 L® trimestre de 1964. Simultaneameme, 0 Governo embarcava politica de limitagio da expansio de crédito, Através das Instrugdes 234 ¢ 285, © crescimento dos empréstimes a0 setor privado, tanto do Banco do Brasil como dos bancos limitaclo em 859% em termos nominais durante © ano, enquanto a comerciais, foi twca de inflagio do primeiro wimestre ficava em torno de 60% em termos anuais. O compulsério dos bancos comerciais foi elevado de 24 para 28%, completando 0 pacote de medidas restritivas na fvea monetitia, A aceleracio da inflagio, por um lado, ¢ o controle do crédito, por outro, resultaram num severo aperto de liquidez real na eco: es da Tabela 5. A redugto na bilidade de nia, conforme atestam ox ind Jiquidez real da economia, especialmente na dispon crédito para o setor privado, em 1963, nfo foi igualada em toda a década de 60, ainda que considerando os primeiros anos do pro- grama de estabilizagio dos governos militares posteriores a 1964. Uma das possiveis causas que levaram um critica das politicas monetaristas de combate & inflagio, como Furtado, 2 reducir tio Drutalmente a Liquider real da economia parece ter sido a urgéncia que a situagio do balango de pagamemtos e da divida externa 4 politica brasileira de estabilizasdo: 1963 68 168 ‘Carns 4 Brasil: laxas de crescimento (12 meses) X 100 Pregos Pregor pa, Consimn Anos TPA -Mooda age indur 7S sax108) deenersin fla tals PE ‘lation 1969 1 o 8 6 rw 6 ° m8 % 3 vs % 0 1004 1 ca 1069 -9 bos nd a4 Mr ot oS a vo 8 "ino 8 1965 1 or oo =2 36 0 0 Tm 43 sb —4 vo ns 1906 1 0 2» z » nas re ie 2 i 39 6 ® a 20 ae) uoR s u 67 1 Be 9 -2 1 2 B a im m3 a 2 Ww aR w 7 1968 1 ne a 8 1 2 3 a is it 6B OS or 1B W wR 68 a TONS Conpaare Eeninica w Hatin do Banc Coal do Bros (aed impunha na obtengio dos resultados no front interno. Destes revul tados dependia a sorte das negociagaes com fontes privadas ¢ oficiais dos Estados Unides, assim como com 0 FMI, iniciadas em janeiro de 1968. A divida externa atingira ués bilhes de délares em 1962, da qual 19.6% dos juros e amortizagées deveriam ser pagos em 1963. A balanca comercial apresentou © pior deficit desde 1952. Os investimentos diretos, assim como os empréstimos ¢ financia. 761 Peag, Plan, Econ, 12(9) des. 1982 mentos, tinham-se reduzido em aproximadamente 40%, em relagio fos valores de 1961. A situacio nfo deixava alternativa No segundo wimestre de 1963, Furtado desligi-se do Minisé San Tiago Dantas assume e parte para negociagoes em Washington, mantendo a politica monetdcia restritiva do primeiro trimestre, ¢ Fetorna apis comseguit levantar 490 milhdes de délares. dios quais apenas pequena parcela seria liberada imediatamente, © restante ficaria condicionado & implementagio de uma série de medidas de politica econdmica, que incluiam controle de crédito, limitagio do aumento selarial do funcionalismo publica, redugio do deficit fiscal € outeas que deveriam “sanesr” as finangas do pats © aperto de Tiquider do. primeira trimestre comecou a ter efeitos perversos sobre a produgio no segundo trimestre de 1963, © consumo de energia elétzica estagnou no segundo timestre © a partir dat decresceu até o terceito trimestre de 1961 (ver Tabela 4). Na auséncia de dados trimestrais de produto, este & um indicador da ‘queda na produgio, Wells (1977) apresenta argumentos ¢ evidén. cias convincentes para afirmar que foi justamente no segundo tri mestre le 196% que ocorreu a quebra no ritmo de crescimento induswial. Wells sustenta que 1962 fora um ano recorde de vendas para a indistria e levanta a possibilidade de que a taxa de exes ‘mento industrial (em corno de 89%) medida para 1962 possa ter sidlo subestimada, Ainda segundo Wells, « crise no seior industrial fem timing e causa delinidos. A fase recessiva da economia brasi leira teria comecado no segundo trimestre de 1963, desencadeada pela politica de aperto de crédito do Plano ‘Trienal. Ainda que se possa questionar uma interpretacio da crise do comego da década dde 60, com hase dnica © exclusivamente na politica monetiria © tediticia do Plano ‘Trienal, parece ineyével, dado © grau de redugio na liquides real ocorrido em 1968, que tal polftica tenha no minimo precipitado 4 crise No segundo timestre ce 1968, © Plano Trienal tinka perdido qualquer vestigio de apoio do sctor privado, A Confederagio Na clonal da Indistria, em nota da diretoria, acusava o Plano de terse fornaco “um simples programa de establizagio", © ia adiante 20 afirmar que “o volume de crédito deveria cescer em linha com © nivel geral de pregos... Em todos os setores dla indistria obser. A politica brosteie de estabitiasio; 1963/68 165 Tame 5 Brasil: indices de liquide veal ~ taxas de crescimento real nos liltimos 12 meses utilizando-se 0 IPA como deflaior (Em %) fone rived H ‘ # 5 i i % 4 7 ® 3 TONTIN Bol do SUMOC, Psi de Bone Corde Bunt © Conjntre Rennie 06 esq. Plan, Econ. 12(3) des. 1982 Ojuawjdsaid ap Soxo} — (OpaowW) Z30INOI 30 ZOIGNI 1 enya 07 2 i A poltign brauteva se stabil 8961 2961 996196) po! ea6I 6! 1361 sasaw 2} SOW}|) SOU OJUawWiDSe10 ap SDXO} —(opoayid s0jas OD o4ps9) WAY ZAdINOI 30 JOIGNI 2 ony919 esq. Plan. Keon, 12(3) dex. 1982 496i 9961 sisi sa) e961 2081 ( opoayd 40188 oD oupoUDg owaIsIS Op O}'ps9 ) Z3GINOM 3d FOIGN) © ome A politica brasilena de estabilizegan: 1963/65 vase queda catastéfica nas vendas, aumento anormal de estaques, dréstica redueo das encomendas, inicio de desemprego, para no mencionar a completa paralisia das atividades de investimentos. © problema mais sério & frente & como promover a recuperacio da economia”. San ‘Tiago Dantas, enlraquecido pelo cariter comtin- gente dos créditos externos obtidos, deixou 0 Ministério, onde foi substituido por Carvalho Pinto, que ainda significava uma tenta de continuacio da potitica econdmica restritiva do Plano Trienal. Carvalho Pinto assumiu o Ministério da Fazenda com um discurso que prometia tenacidade no combate inflagio, “que corréi e avilta no sO a moedla, mas a prépria nage, que vé estarrecida 0 pere- nento de prineipios bisicos de convivéncia social de posse, em 226-1963) (Discurso. © seu programa de agio previa medidas muito ortodexas e uma “sadia politica salarial", através da convocagio de um Conselhio de Politica Salarial que deveria “apreseniar sugestées com vistas impedir pressdes inflacionirias naquele setor”. Sua passagem pelo Mi Ao final do_primeivo semestre, 0 Governo comegou a expandir a oferta monetiria © 0 crédito ao setor privado, Apesar da mudanga nna politica econdmica a partir do comeco do segundo semestre, 0 aperto de Tiquider 56 atingia sew ponto culminante no texceiro trimestre, conforme indicam os indices da Tabela 5. O siuno de crescimento dos pregos manteve os indices de liquider real negativos até 0 primeiro trimestre de 1964. A Tabela 6 compara as previsdes dlo Piano Trienal com os valores efetivamente observailos na expan. sio da moeda ¢ do crédito. Fica claro que o aperto do crédito nio apenas ultrapassa 0 previsto pelo Plano, como % foi cfetivamente revertido no ihtimo teimestre rio foi, entretanto, extremamente breve, A reviravolta na politica econdmica no agtadou as fontes de fimanciamento externo, diante do nfo cumprimento das exigencias de politcas econdmicas. Os Estados Unidos bloquearam os fundos compensatorios negociados por San Tiago Dantas. O Fundo Mone. tinio decidiu reduzir de 100 para 60 milhdes de délares o emprés timo concede, Apesar de uma melhora nas wansagBes corremtes, m0 ‘esq. Plan. Reon. 12(9) des. 1982 Taneta 6 Brasil: comparario das previs0es do Plano Trienal para a moeda e 0 ‘erédito com 0s seus valores obseruadas eni 1963 (Em Gr§ billes) Empttinins do Bano do Bri ower paved pee $88 Fos Hank Hae + umd tere fins +485 Fond Fort + om, enprtage ds nee one now ads aes 450 4 T0 $ m0 + so + oTA0 — eervado a7 Fue fins Hue + sip Mein de papumento — proriate 41 +7 FD fous + ams. coecrads 87H 43a Hoses f.omo ngONTE: Well 67, Tubs Ww 250) dadon vegan Go Pe Taenal «a Conntire Aevida sos controles de importagoes mais severos, a recess ¢ A alta nos pregos do café, o bukingo de pagamentos fechou com deficit de 241 millides de dlaves. Os 250 mithdes de délares conta de empréstimos ¢ financiamentos representaram @ nivel miais aixo nesta conta desie 1956. Os investimentos 103 milhies de dolares em 1961 para 30 milhbes de délares. O financiamento do deficit do balango de pagamentos foi parcial mente feito através da perda das reservas em ouro, que se reduzitan en 76 miles de dolares, mas foj necessivio recorrer também a fempréstimos de curto prazo mos hancos privads, que, contratados ‘em termos destavoriveis, deterioraram o perfil da divida, O mon. tante dos juros ¢ amortizagées devides em 1964 passou a ser de 728 mithes de délares, represemtando aproximadamente 50%, aa receita estimada das exportagies. No front interno, a situagéo nJo eta menos critica. A producio industrial tinha praticamente estagnado, A agvicultura. «x apenas 1% durante 0 ano — 0 pior resultado desde 1956 —, car mente contribuindo para que @ inflagio fechasse 0 ano a0 ni recorde de 76%, uo ano. A desvalorizagio do cruzciro em 93.3% os exitam de 4 politica Draileira de extabilicagdo: 1963168 m mo em fevereiro de 1964 clevaram esta taxa para mais de 100%, ao ano no primeiro trimestre de 1964, eo aumento de 100% no saldrio mi 3 — Os objetivos do PAEG © movimento militar de margo de 1964 destitui 0 Governo Goulart fe cleva & presidéncia da repiiblica o Marechal Castelo Branco. Em novembro, aparecia o Programa de Acio Econémica do Governo (PAEG), claborado pelo recémeriade Ministéxio do Plangja mento ¢ Goordenagio Econdmica. © ministério econdmico foi com. posto pela dupla Campos © Bulhdes, vespectivamente no Planeja- mento e na Fazenda. © PAEG listava entre os seus objetivos: a) acelerar o ritmo de desenvolvimento econdmico interrom pido no biénio 1962/68; 1b) conter, progressivamente, © proceso inflacionario, durante 1964 e 1965, objetivando um razodvel equilibrio de pregos a partir de 1966; 9) atenuar os desniveis econdmicos sevoriais ¢ regionais, assim ‘mediante me. como as tensbes criadas pelos desequilibrios soc Thoria das condigdes de vida: 8) assegurar, pela politiea de investimentos, oportunidades de emprego produtivo 4 maodeobra que continuamente aflvi 20 mercado de trabalho; ©) con pagamentos, que ameagam a continu vimento econdmico, pelo estrangulamento periddlico da capacidade de importar.” ir a tendéncia a deficits descontrolados do balango de lade do processo de desenvol- mm esq. Plan, Beon, 12(9) dee. 1982 Para consecucio de tais objetivos, seriam utilizados os seguintes instrumentos de aczo: “Politica Financeira, compreendend: a) politica de redugio do deficit de caixa governamental, de modo que aliviase progressivamente a presso inflaciondria dele resultamte © que fortalecese a capacidade de poupanca nacional através do disciplinamento do consumo ¢ das transferéncias do setor publica e na melhoria da composigio da despesa: b) politica tribucévia, destinada a fortalecer a arrecadaclo © a combater a inflagio, corrigind as distorcoes de incidéneia, estimu. Jando poupanga, melhorando a orientagio dos investimentos pri vados ¢ atenuiando as desigualdades econdmicas regionais e setoriais: ©) politica monctitia condizente com os objetivos de progres iva estabilizagio dos pregos, evitando, todavia, a retragio do nivel de atividade produtiva e a redugio da capacidl empresas; le de poupanga das d) politica banciria, destinada a fortalecer 0 nosso sistem: jo, ajustando-o is necessidades de combate & inflacio ¢ de estimulo 20 desenvolvimento; ©) politica de inyestimentos publicos, orientada de modo que fortaleeesse a infraestrutura econdmica e social do pals, que criasse as economias externas necessirias a0 desenvolvimento das inverses privadas e que arenuasse descquilibrios regionais ¢ setoriais Politica Econdmica Internacional, compreendendo: € de comércio exterior, visando a divers. ficagio das fontes de suprimento © ao incentivo das exportagées, a fim de facilitar a absorgio dos focos setoriais de capacidade ociosa € de estimular 0 desenvolvimento econdmivo, com relative equil brio de pagamentos a mais Tongo prazo; a) polities cam b) politica de consotidacio da divida externa ¢ dle restauracio do crédito do pais no exterior, de modo que aliviasse presses de curto prazo sobre o balango de pagamentos; A politica brasileia de exabiizagde: 1969/85 mm ©) politica de estimulos a0 ingresso de capitais estrangelvos © de ativa cooperagio técnica ¢ financeira com agéncias internacio- ais, com outros governos e, em particular, com o sistema mul lateral da Alianca para o Progresso, de modo que acelerasse a tax de desenvolvimento econdmico. Politica de Produtividade Social, compreendendo, notadamente: 8) politica salarial, que assegurasse a particépacio dos trabalha- dlores nos beneticios do desenvolvimento econdmico, mas que per mnitise @ sincronizagie do combate 2 inflasio, do lado da procura € dos custos, e que protegesse a capacidade de poupanca do. pais", E ainda politica ageiria. politica habitacional ¢ politica ew cacional [ver MPCE_ (1964, pp. 15-6) “Tratavase, portanto, de um programa que acentuava « importin- cia da manutengio, ou de recuperagio, das taxas de crescimenvo dda economia. O crescimento programado para os anos de 1965 ¢ 1966 era de 6% 20 ano. O combate & inflagio estava sempre qua ficado no sentido de nio ameacar o ritmo da atividade produtiva, [A restrigio do balango de pagamentas era diagnosticada como sér taglo ao erescimento. Para superi-la, 0 PAEG propuntia uma politica de ineentivos 2 exportacio, uma opcio pela internacionali- vagio da economia, abrinde-a a0 capital esuangeiro, promovendo a integragio com os centros fin: alinhamento como sistema norteamericane da Alianga para \ciros internacionais © 0 explicito, © Progresso. A manutencio, ou a promocio, da capacidade de poupanga da economia # asociada em codos os niveis 0 sucesso nia Iuta contra a inflagio, deixando transparccer um diagnéstico hheterodoxo que associa a it néstico fiea anais explici laglo & poupanca forcada, Tal diag- na descricle das bases do programa desinflacionario. A inflagio brasileira era diagnostieada como “re- sultado da inconsisiéncia da politica distributiva, concentrada em dois pontos principais a) no dispendio governamental superior & retirada de poder de compra do setor privado, sob a forma de impostas ou de emprés timos paiblicas; mm esq. Plow. Reon, 12(3) dex. 1982 1b} na incompatibilidade entre a propensio a consumir, decor: rente da politica salarial, e 2 propensto a investir, associada & politica de expansio de crédito as empresas” “Dentro desse quadro", prossegue 0 PAEG, encontramvse “as trés causas tradicionais da inilagio. brasileira: 0s deficits publicos, a ‘expansio do crédito as empresas © as majoragbes institucionais de salérios em proporcio superior & do aumento de produtividade. Estes caus conduzem inevitavelmente A expansio dos meios de pagamento, gerando, destarte, vefcule monetirie de propagagio da inflacio" [ver MPCE. (1964, p. 28)]. Um diagnéstico, portanto, que atribui & inconsisténcia na esfera distributiva da economia a causa da inflagie © que v8 ma expansie monetiria no um ator autonome de pressio inflacionitia, mas 0 velculo de ratilicagio, ou de propagagio, dessas presoes. Em fungio de tal diagndstico, «és “normas bisicas" norteavam 0 programa desinflacionsrio: a) contengio dos deficits governamemtais awravés do corte das despesas no prioritirias € racionalizagio do sistema wibutirio; b)crescimento dos salirias reais proporcional ao “aumento de produtividade ¢ & aceleragio do desenvolvimento"; & ©) politica de exédita as empresas “suficientemente controlada, para impedir os excessos da inflacdo de procura, mas suficientemente realista para adaptar-se 4 inflacio de custos’ 4 — Politica salarial: a distingio entre 0 Plano Trienal ¢ o PAEG Podese dizer, portanto, que o PAEG cra um programa com diag nndstico ¢ estratéyia de combate & inflagio bastante heterodoxos €, na realidade, muito semelhantes aos encontradlas no Plano ‘Trienal de Gelso Furtado, Assim como o Plino Trienal, 0 PAEG cra oti mista com relagio aos resultados da estratégia gradualista de com- A politica braves de estab fo: 196365 mm bate @ inflagio, As metas de expansio monetatia para 1964, 1965 ¢ 1966 eram de 70, 30 e 15%, respectivamente. Levando em consi deraclo o cresimento real programado de 6% ao ano ¢ supondo a velocidade-renda da moeda “rizoavelmence estivel, as taxas de inflagdo comespondences (deveriam) situarse na ordem de gran. deza de 25% em 1965 ¢ 10% em 1966” (conforme veremos adiante, tais metas nfo foram atingidas). Onde 0 PAEG se diferencava do Plano Trienal era na énfase dada & politica salarial, Enquanto este tiltimo limitarase a sugerit moderacio nos reajustes salariais dos ‘wabalhacores de renda mais elevada, 0 PAEG tinha uma politica salarial bem dofinida, que deveria hasear-se em trés pontos bisic a) manter a participagio dos assalariados no. produto nacional: b) impedir que reajustamentos salariais desordenados realimen. tem irreversivelmente © processo inflacionavio; © ©) comigir as distorgies salaviais, particularmente no. Servigo Pablico Federal, nas Autarquias © nas Sociedades de Economia Mista” [ver MPCE (1964, p. 88) } Até 1930, no havia no Brasil uma politica salarial oficial, vigo- rando a doutrina da “Iiberdade de trabalho", Em 19$1, foi eriado © Departamento Nacional do Trabalho ¢ feita a regulamentacto da sindicalizagio de tabalhadores € empregadores, Nove anos mais, tarde, em 1940, instituise o sakirio minimo, caja regulamentacio 6 foi feita em 1948. Durante 0 Governo Dutra, de 1946 a 1950, 0 salario minimo foi congelado, sofrendo uma deterioragio de 30%, do seu valor real. Entre 1951 1954, no segundo Governo Vargts, © salirio minimo foi reajustado duas vezes, ¢ em 1954 representava dluas veres © meia o salirio de 1946 em termos reais, De 1955. a 1950, durante © Governo Kubitscheck, apesar do rectudescimento da inflagio, houve um pequeno ganko no silitio minimo real, enquanto que no perfodo de 1961 a 1964, durante os Governos Quadros © Goulart, apesar dos reajustes: mais freqiientes, © salirio imo real caiu aproximadamente 200%, n 1965, a Circular n° 10, do Ministro Extriordindrio para Assuntos do Gabinete Civil, determinou a forma do reajuste sala- rial da Administragio Publica Federal, que se recomendava também 176 esq. Plan. Beon, 12) dee, 192 ‘0s governos estaduiais © municipais. As normas estabelecidas por festa civeular, que em 1966 foram estendidas aos casos de dissidio no setor privado € s6 em junho de 1968 vieram a ser modificadas, feram as seguimtes: a) deveria ser restabelecido 0 salitio médio real dos siltimos 24 meses anteriores ao més do reajustamento; b) sobre 0 saldrio real médio, deveria incidir a taxa de pro. dutividad ©) cumpria aerescentar a metade da inllagio programada pelo Governo para © ano seguinte (residuo inflacionsrio) ; € dd) Hicava estabelecido © principio da anuidade dos reajustes. Com as atividades sindicais severamente reprimidas ¢ as greves em tividades “essenciais" proibidas — € a0 Governo competia o julga: mento da “essencialidade” —, 9 poder de barganha dos sindicatos tornouse praticamente aulo, As negociagées diretas entre trabalha, dores ¢ empregacores foram substituidas pela formula de reajuste fornecida pelo Governo.? Como a firmula, ao invés de xecompor © pico de sakirio real alcangado a época do tiltime reajuste, corrigia os sulrios ma justa medida para recompor o salirio real médio nos silt mos 24 meses, 0 salivio real minimo, apés o reajuste de margo de 1965, foi reduzide em 189%, com relacio 20 seu valor em fevereiro de 1964, quando fora reajustado pela tiltima vex (ver ‘Tabela 7 com 05 indices do sakirio minimo real nos meses do reajuste). Como a previsio do “res{duo inflacionirio”, ou seja, da inflagio para o ano seguinte, que entrava na frmula de reajuste salarial, era a previsio oficial que foi consistentemente inferior a inflacio efeti vamente ocorrida, 0 sakirio minimo real médio era reduzide, O nivel de salirio minimo real restabelecido pelo reajuste, portanto, também era reduzido, conforme atesta a Tabela 7. Em fevereiro de 1464, 0 indice de salério minimo real era 126. Em marco de 1965, por ocisizo do primeiro reajuste pela formula, este indice baixou 1 Para a dewticio © anise da evolugdo da arcatouge ley do perio, vor Corrén do Lago, Almeida ¢ Lima (1940) da polities salaal A potion brasileie de etabilizagtos 1963/68 para 108. Em margo de 1966, foi reduzido para 91 ¢, em margo de 1967, sofreu nova reducio para 88. Em junho de 1968, a Lei no 5.451 alterou a fSrmula salarial de tal forma que, se o residuo inflacionirio tivesse sido subestimado nos tiltimos 12 meses, para efeita de cileulo da férmula, 0 saldrio real desses wtimos 12 meses io pelo seu nivel efetivo, mas pelo que teria inflaciondrio tivese sido corretamente esti seria computado. prevalecido se 0 resf mado de acordo com a alta do custo de vida. Desta forma, o salirio minimo ficwa menos vulnervel as subestimativas da inflagio & frente, Até 1974, quando a formula salarial foi novamente mo: ficada, 0 salitio minimo real no més do reajuste ainda sofrew pequenas quedas devido ao tipo de correcio feita quando havia subestimativa do resfduo inilaciondrio. A Lei no 6.147, de 1974, resolveu finalmente os problemas das disparidades entre o residue inflacionério ¢ © indice efetive de custo de vida, pondo fim 4 queda do sakirio minimo real iniciada em 1965. Os efeitos da politica salarial sobre 0 salavio mf anual pode ser observado a Tabela 9. O indice de salirio real médio solreu uma queda de sete pontos percentuais em 1965, quando foi introduida a formula sularial, e em 1966 foi novamente reduzide em outros sete pontos percentuais, Nos anos segu indices continuaram a cair, mas o ritmo da queda foi veduzido. Os 10 real médio cfeitos da politica salarial no se Timitaram, entretanto, a reduzir lio, © indice de salfrio anual real médio ia de transformagio também nimo real 6 salivio m do pessoal ligado & produgio na indi {foi reduzido em aproximadamente sete pontos percentuais em 1965, imo real médio. anual real médio acompanhiando, portanto, a queda do sakirio n Segundo os dates do DIESE, o indice de salir em 1967 estava aproximadamente nove pontos percentuais abaixo dg indice de 1969, sugerindo que, apesar da inexisténcia de dados para 1966, ea transformagio acompanhou a queda do salétio mi detlacionados pelos indices de custo de vida na cidade do Rio de nbém neste ano o salirio real médio na indisteia de mo. Os indices 2 Ver Ferreira da Silva (1977) para ware complete disenssto das tnnulas de politi salarial dos govesnos pés 1964 me Peag, Plon. Bron, 1203) des, 1982 Tame 7 Brasil: indices de satério minimo real na cidade do Rio de Janeiro no més do reajuste (deflator: indice de custo de vida — Rio de Janeiro) Meses Anu Indices Jansira 1959, 100 Tule 1954 ie Agosto 1958 15 aera 13059) 16 Ot 1986 138 Oataba 1961 13 ‘Janeira 3083 rd Fevereio 196 135 Maree 1985, 163 Margo 1066 3 Margi 1967 SS Margo 1985, st Maio 1969 x Main 1970 Taweta 8 Participagiio do salirio na indiistria de transformacio ‘Sil do pesant ‘Salévio do pessoal Anos Tigao A pendogs ‘upade Vilor da trnsformagio Valor da ransforagio industrial ind 1935, 2368 1965 184 1904 1st 1963, i 1986, 1967 m2 10s 183 1969 164 1970 2 We ua PONTE: Goma do Lage, A civic te Brant i «Lima (1980 dn cris Ge INGE, vate Br 4 politica brasiteica de estabilznsdo: 1963/68 Tama 9 Ussasil: indices de salério minimo real médio ¢ salévio real médio {pessoal ligado a producao) FOV S80 Poul DIBESE Atos = Mélio Minimo in Minimo Médio 196310301000 100.0 wer atta 1050 1065, eSB 28 1006, B20 ae I 1067 SY8 98 Sb so2 tes Sir MS RIT O16. 160 Sus wok 709 wer 20 Bae Sa ws FOV da tad fa ce do Cate de Vi no Ho Se Sony andste Go- ‘iis Pl = dle uz « Inne dC, de Vi om Sto Fela dott (DIESH, ele ld fv odor dy Cut dt Vi do Teaalbador om Sto Paso (De par be Se ee OE ios Siren Jancito, calculado pela FGV, © na cidade de S80 Paulo, especial mente o primeito, estimam que a queda do stlirio real médio na indastria de wansformagio, de 1965 para 1967, foi menor do que 4 caleulica pelo DIEESE. De qualquer forma, os trés indices acusam a queda do salirio real médio na indéstria de tanslormagio enue 1964 © 1967. 5 — Conducao das politicas monetaria e fiscal Das trés “normas bisicas” do programa desin{lacionirio do PAEG, a saber, contencio dos deficits governamentais, politica salarial politica de crédito &s empress, a primeira foi a mais bem-sucedida. (Os impostos diretos e indirctos foram imediatamente aumentados, © deficit do Governo, como proporgio do PIB, que era de 4.2%, 0 Pexg. Plan, Eeon, 12209) des, 1982 em 1968, jé em 1964 dectinava para 3,27, em 1955 era apenas 1,6% & em 1966, 1.19%, Também a forma de financiamento do deficit foi substancialmente alterada, conforme mostra a Tabsla 10, Desde 1960, © deficit era quase que integralmente financindo pelas emis. ses de papel-moeda. Em 1965, 558, do deficit foram financiados através da venda de ttulos da divida pablica e, em 1966, 0 deficit foi totalmente financiado pelos empréstimos junto ao publica, AAs politicas monetatia © de crédito a0 setor privado foram bem mais erritieas. A partir do segundo timestre de 194, tanto a moeda quanto o crédito expandiramse aproximadamente em linha com os preeos, havendo um primeiro aperto na liquider no diltimo trimestre dla ano, Em 1965, entretanto, as polfticas monetiria e crediticia ‘Tavera 10 Tesouro Nacional: 0 deficit ¢ seu financiamento OOF, a do etd Finanelamente (%} Anos “Govern!” Govern! a PIB “Antoridades ‘monetérins PMblieo PONTE: Gnjutee Hatton 4 pottica brasileira de extabitizacto: 1963/68 ma ‘Tapera U1 Sistema bancério: empréstimos ao setor privado em termos reats (GrS milhaes — 196567 = 100 — posicio de final de periodo Ave ean Total 151 4014 ane foram extremamente folgadas, elevando substancialmente ox indices dle liquider real, comforme se verifica na Tabela 5. As taxas de expansio da moeda em 1965 estiveram sempre acima de taxa de ‘erescimento dos precos. Apesar da queda acentuada da inflagio em 1965, a expansio monetéria foi praticamente igual & expansio obser yada cm 1964, atingindo 88.5%, A previsio do PAEG, de 30%, de rescimento dos meios de pagamento em 1965, foi, portanto, com pletamente estourada, A principal razZo pata este grau de descali- Dragem na politica monetéria patece ter sido o resultaclo do balanco dle pagamentos. A politica econdmica de Campos ¢ Bulhdes zeeebeu apoio das agéncias financsiras intermacionais. A ALD concedew im- portantes empréstimos ao Brasil, que, durante o perioda 1964/67, foi 0 quarto maior receptor mundial de ajuda liquide, atras apenas me esq, Plas, Beon, 12() des. 1982 da india, do Paquistio € do Vietna do Sul. Os empréstimos ¢ finan. ciamentos obtidos em 1965 aumentaram 65% em relaglo wo nivel do 1964, enquanto os investimentos diretos quase triplicaram. Simul- tuneanente, a redugio da taxa de crescimento, canto em 1964 quanto fem 1955, reduziu as importagées, Em 1965, 0 valor em délares das importagdes brasileiras foi igual ao observado em 1950, 0 mais baixo ocorrido nas deécadas de 50 ¢ 60. As exportagdes recuperaramse em 1964 © atingiram nivel recorde em 1965, cujo resultado foi o superavit de 381 milhdes de délares no balango de pagamentos no ano de 1965. As reservas dobraram, passando de 245 para 484 mi- Ihdes de dolares, A politica monetiria no foi suficientemente dgil para esterilizar este influxo de mocda gerado pelo superavit externo, © até 0 primeiro uimestre de 1956 a liquide veal da economia steve folgada. A partir do segundo trimestre de 1966, a politica monetiria foi invertida de pagamento em 191 tomandose apertada, A expansio dos meios foi de apenas 354%, enquanto os pregos continuavam crescendo a taxas superiores @ 50%. Conforme se ve tua Tabela 5, a liquider real medida pela expansio monetatia foi muito reduzida nos ués Gltimos trimestres de 1966. No entanto, a injbigio do aédito so setor privado foi sensivelmente menor do que © aperto monetirio. Este {aio devese & agio do Banco do Brasil, pois, como se pode observar na Tabela 11, 05 empréstimos totais ao setor privado em termos reais cairam, enquanto os emprés timos do Banco do Brasil ao setor privado em termos reais expandiramse, 6 — 0 impacto sobre a produgio © os precos Que impacto sobre os precos ¢ © produto tiveram as politicas mone. Liria e fiscal do PAEG? Os dados anuais da Tabela 1 mostram que em 1964 os precos clevaramse 90,0%, segundo o Indice Geral de Pregos, € 81,3%, medido pelo Indice de Pregos por Atacado. Estas laxas recordes verificaram.se nfo apenas no primeito trimestre de 1964, mas durante todo © ano, ¢ podem ser atribuidas aos virios aumentos das tarifas dos servicos piblicos, & liberagio dos aluguéis A polities brasileita de estabt congelados © a outros pregos, mum proceso na época ehamalo de inflacio carvetiva. Ainda dentro da politica cortetiva dos precos, © Governo atendeu as pressdes para elevar os salitios dos servidorey piblicos. © salirio minimo havia sito elevado em HN, em feve reito, ainda no Governo Goulart, enguanto 0s silkivios dos funcio 1 do servigo piblico eram congelados. Os salénios dos militares foram awwmentados em 120%, imediatamente apos a mudanca de Governo, e os empregados civis reeeberam aumento de 1006, em junho. A politica monetaria, em 1964, loi mais folgada do que en 1953, mas os indices de liquider real mantiveramse negatives durante todo 0 ano, com excegio do terceito wimestte, Devese notar, ainda, que 0 crédito 20 setor privado expandiuse a taxas menores do que-a mozda, O relative alivio na liquider permitin pequena recuperagio da produgio industrial, que ereseeu em 5% no ano, A agricultura voltow a ter um ano raim e evesceu apenas 1.9% © ano de 1955 assinala 0 inicio da queda da curva inflacionaria 0s Grdticos 4 ¢ § ilusteam com areca esta quebra na tendéncia dlos precos. Os dados anuais no Grifico 4 evidenciam que a queda tno titmo de crestimento industrial deuse em 1968, a queda na tendéncia intlaciondria em 1965 © a queda mas taxas de expansio monetiria em 1966, O tempo de tais quedas pode ser determinado mais precisumente pela observacio dos dados trimestrais da Ta dela 4. A inexisténcia de dados wimestrais de produto obtiganos 4 ttilizar 05 dados de consumo de energia elétrica como proxy para 4 produgio industrial, Estes dados indicam que a atividade indus teial entrou em recessio no segundo timestre de 1968. Os dados de moeda e pregos aparecem representados no Grifico 5. No pri ieiro wimestre de 1965, temse uma brusca quebra na tendéncia die crescimento dos pregos agricolas. No segundo trimeste, € a ver dlos precos industriais, que desaceleram 0 ritmo de crescimento. Apenas no primeiro trimestre de 1966 sobrevém a queda no ritmo de crescimento da moeds. A orem Gonologiea dos fendmenos sugere © sentido da causalidade. O aperto de mocda ¢ crédito em 1963 paralisa a atividade industrial, enquanto os pregos inalterados se aceleram. Em 1964, 0 alivio na liquider real até 0 terceiro tri sire permite um esbogo de recuperagio industrial, enquanto os va esq, Plan, Feon, 12(3) des. 1982 Ole 69 89 19 99 99 b9 69 2 119,09, 69, 80 116 96 96 65 85 | 25, 166) I 1] o 69 89 19 99 99 ¥9 9 4 IWIYLSNGNI OLNGOYd ‘Nd ‘VOSOW ‘Oday: { fem 27 Wisisnani Olnoud {o2wy1060; oj0083 ) W109)49V OLNGOYd id :02/7061 ‘TI1Sv4g % 00019 88 A politica brasleie de estabilisesio: 1963/68 9961 col | B86 BEL {82tuys060) 00253) (vdi) SOS3ud 3 VOIOW “TISVEs 4g o2yp19 2) dee, 1982 esq, Pn, Econ. 12 preqos continuam elevando-se em relacio as taxas de 1963. Em 1965, a politica fiscal restritiva, que aumentara os impostos em todos. 08 niveis ¢ reduzira a despesa do Governo desde o segundo scmestre de 1961, associada a novo aperto de crédito no iltimo trimestre de 1964, Jaz com que a atividade industrial entre definitivamente em colpso. Apés dois anos de safras ruins, a agriculeura tem um ano excepcional € cresce 13,8, em 1965, Com a recessio industrial, © impacto da safta agricola [ase sentir ainda no primeito mestre dle 1965, quindo os precos agricolas creseem a taxa anual de 50%, enquanto os precos industriais erescem ainda 4 taxa anual de 86%. No segundo trimeste de 1965, entra em vigor a férmula salarial do PALG, que reduz em 26%, 0 salitio minimo zeal resta- Delecido em relacio a fevereiro de 1964, Os pregos industrial presenta entio os primeitos simais de quebra de tendéncia: a taxa de crescimento anual do segundo wimesire cai para 69%. A taxa de crescimento dos precos agricolas continua a diminuir a cada times, reduzindo o prego relative agricultara-indistria. ‘Também os precos industrials apresentam taxas de ctescimento decrescentes até 0 tiltimo trimestre do ano. Enguanto os precos reduziam o ritmo de crescimento, a politica monetaria escapava a0 controle ¢ expancia mnocda e crédito a taxas muito superiores dos precos. Os indices de liquide real elevamse rapidamente ¢ atingem um pico no cltimo wimestre de 1965, A virada na liquidez real fazse sentir no primeiro trimestre de 1966, quando, apés um periodo de 10 trimestres em declinio (0 ultimo trimestre de 1964 foi a tinica excegio), 0 consumo de energia elétrica sofre uma clevagio de 20%, © mamtémse crescente a taxas elevadlas durante todo © ano. © crddito ficil durante 0 ano de 1965 ¢ a capacidade ociosa acumulada em és anos de estagnacio explicam 0 cresciznento industrial em 1966, que atingiu a taxa de 117%. A agricultura € que tem um mau desempenho em 1966, quando sofre uma queda de produgio de 3.29%. Desde 0 primeira uimestre de 1956, 08 precos agricolas passam a crescer mais do que os precos industeiais, © que mantém os termos de troca agricultura-indistria em elevacio du. rante oy quatro trimestres do ano, A formula salatial volta a reduzir © sakitio minimo real no més do reajuste e, conforme foi visto amteriormente, 0 salitio real médio anual na inchistria tambem A Politica brasileiva de estebilizagio: 1963/68 sr sofve nova queda, Com os salitios mais baixos, © apesar dos precos agricolas mais altos, a inflagio volta a baixar, mas a queda em 1966 € de apenas 19 pontos percentuais (de $6,8 para 38,9%), en quanto em 1965 a queda foi de 38 pontos (le 90,0 para 56.8%) A politica monetiria, entretanto, sofre uma brusca munca ainda no primeiro arimestre de 1965. Como que assustado com ® perdi do controle monetirio em 1965, 0 Governo inicia em 1966 1 primeira verdadeira experiéncia com a ortodoxia monecarista, O deficit do Tesouro fai reduzido 2 141% do PIB, quase um quarto da proporgio observada em 1963, Tal resultado foi obtido tanto através da elevagio dos impostos quanto do corte nas despesas. O financiamento do deficit foi feito através da colocacio de titulos junto 20 publico e pelo levantamento de emprésti AID concedeu um empréstimo 20 milhdes, 0 que representava 29° 10s externos. O ‘esoura no valor de Cr$ 170,7 de deficit. Pela primeira ves, 0 deficit da Unie foi financiado integralmente sem recurso & emissio, rigid controle das fontes de emissio monetiria manteve a taxa de crescimento da moeda em 354%, O indice de liquider real medido pela taxa de expansio monetiria tornase negativo a partir do terceiro trimestre, O indice de liquides real medido pela taxa de expansio do crédito 20 setor privado, entretanto, solre reducio bem menos severa, ¢ $6 no quarto trimestre tornase negativo, atingindo 2%, © indice para os empréstimos dos bancos comerciais ao setor privado atingin —3, —9 © —4 no terceiro e quarto timestres de 1966 e no primeiro trimestre de 1967, respectivamente, 0 que indica que a agio do Banco do Brasil, expancindo oy seus empréstimos mais do que 05 bancos comerciais, evitou que a politica monetiria res itiva atingise 0 crédito ao setor privado em toda sua extensio, Tal fato pode explicar o bom desempenho da industria durante 0 ano de 1966. Os indieios de recessio na indiistria sd comegaram aparecer no iiltimo trimestre de 1966. No primeiro wimestre de 1967, © quadro ja era nitidamente recessivo, O consumo de energia elétrica decrescia pds quatro trimestres de crescimento acelerado, A politica monetiria comecava a se fazer sentir Em 1967, mudase 0 Governo. Castelo Branco ¢ substituide por Costa ¢ Silva, ¢ com 0 Governo muda o ministério econdmico, Delfim Netto substitui Campos no comando da economia ¢ faz uma 188 Pesg. Plan. Bron. 12) des, 1982 guinada na politica econdmica, que se afasta definitivamente di ortodoxia. Delfim assumiu 0 Ministério declurando que o carter da inflagio brasileira era mais de custos do que de demanda, © abandona 0 objetivo anterior de veneer iotalmente a inflacio, anunciando publicamente que uma inflagie de 15%, no ano seri tolerivel, A politica monetiria quase que imediatamente sofre nov reviravolta e, jd mo segundo wimestre de 1967, a taxa de cresci mento da moeda supera a taxa de inflagio. A partir daf, moeda ¢ ‘crédito passam a ser expandidos de forma Tiberal, sempre acima do crescimento dos pregos. Termina, portanta, no segundo semestre de 1967, 2 primeira fase do programa de estabilizagio dos governos iilicares pés-1964. As despesas do Governo sfo clevadis @ a oferta dle moeda é Miberalizada. O crédito ao setor privado expandese a taxis ainda mais clevadas do que a moeda, conforme indicam os indices de Liquider real. A partir do tetceiro trimestre, a produgie industrial comega a recuperarse. A taxa de erescimento industrial no ano é de apenas 3,09. A agricultura recuperase, crescendo 5,7%, no ano, © preco relative agricultura-indiistria softe ligeita queda em face da_pequena diferenga de crescimento em favor da agricutuna, A politica salarial continua» reduzir o salavio minimo real no més do reajuste, embora, devido ao menor erro na estimativa do residuo inflacionério, a redusio seja menos acentuada do que nos dois anos ameriores, A inflagio anual buixa de 58 pata 28.8% em 1967. O ano seguinte marca o fim da fase de estabilizagio, Moeda ¢ crédito continuam a expandirse de forma fiberal, © produto industrial cresce 18,5% no ano € a inflagio softe mais um pequeno declinio, ficando um pouco acima dos 20% 20 ano, nivel em torno do qual se stabilizord até 1974. A férmula da politica salanial & modificada «, embora 0 declinio do salirio minime yea médio ndo seja completamente eliminado até 1974, sua queds tormase bem menos acentuada, Os aspectos ortodoxos da experiéncia brasileira de estabitizacio podem ser resumidos na politica monetiria e crediticia durante os Alois primeivos trimestres de 1968 ¢ 1965 e na politica fiscal de 1964 41966, que clevou os impostos ¢ vedusin as despesas do Governo 4 politica brasileira de estabiznsto: 396368 9 # nftida, ma experiéncia brasileira do periodo em questo, a relagio entre as paliticas fiscal, monetitia € crediticia restritivas, principalmente esta ultima, a desaceleragio da atividade indus A defasagem com que as politicas restritivas operam sobre 0 nivel de atividade ¢ de aproximadamente dois ou tés trimestres. Podese dliscatir as causas (ltimas) da quebra do ritmo de crescimento da cconomia brasileira em 1963 em termos de grandes ciclos, esgota mento do processo de importacdes ou subconsumo, 0 que, portm, escapa aos objetivos desie trabalho, Fica claro, entretamto, que 0 severo choque na liquider real aplicado & economia no primeiro semestre de 1963, durante os Ministérios de San Thiago Dantas de Carvalho Pinto, teve papel crucial na paralisagio da atividade ccondmica ocorrida naquele ano, A violencia da restrigio de moeda © exédito em 1963, se obter credibilidade junto as agéncias financeiras internacionais. provocada pela urgéncia da necesidade de A situagio do balango cle pagamentos tinha-se tornado insustentivel to da ritmo de ciescimento econdmnico acelerado verifieado desde a metade di década de 50. A politica fiscal restritiva de 1964 e 1965 complerou ‘© pacote ortodoxo, que terminow por acusar a queda da producto industrial de 4,7% em 1965. O PIB s6 nao decresceu porque a agricultura teve um ano excepsional, ea restrigio de divisss tornarase wm {ator impe 7 — Os custos da estabilizacio Quais os custos da experiéneia com a ortodoxia? A parada do cres. cimento durante 0 periodo 1958/67 criow um hiato entre o produto ial, medido pela linha de tendéncia do PIB baseada na taxa histériea de 7% a0 ano, que s6 foi eli ado em 1973 — portanto, 10 anos mais tarde, depois de sete mento acelerado no perlodo 1968/78. Os custos da quebta do ritmo de crescimento em termos de emprego nfo podem ser avaliados com preciso, pois no existem estatisticas de desem- ‘observado © o produto poten anos de crest a0 Peag. Plan. Econ, 12(3) des. 1982 pego para 0 periodo. Podese apenas, portanto, especular sobre © que € sem divida o mais grave aspecto das politicas monetarin € fiscal restitivas, Outro aspecto do impacto da politica monetéria restritiva du. rante @ ano de 1966 pode ser avaliado com base nos dados da ‘Tabela 12. © indice de passive médio real de uma firma insol vente quase tiplicou entre 1965 e 1966 para firmas indivi categoria que inclui quase na totalidade as firmas pequenas. O smesmno indie para as sociedades de responsailidade Wmitads, cate goria que inclui na maioria pequenas © médias empresas, mais clo que duplicou, Para as sociedades andnimas, onde estio a maior parte das grandes empresis, 0 indice passou de 82 para 128, nfo cheganclo a duplicar. Estes mimeros dio idéia do impacto. das politicas monetinia e erediticia sobre as empress de uma economia que em 1966 estava no seu terecizo ano de recessio. Podese ainda dieduzir que a politica monetiria resuitiva atingiu mais violenta mente as pequenas empresas que compiem a categoria de individuals, As sociedades de responsabilidade limitada vem a seguir, € as sociedades andnimas, categoria que inclui as malores empresas, foram as menos atingidas. O cariter regressive sobre a estrutura industrial da politica de 1966 fica mais uma ver evidenciado pelos ddados do mimero de faléncias © concordatas requeridas por ramos de atividade da Tabela 19. Os setores mais atingidos toram ves: ‘uatio, alimentos e construgio civil, nas quais o mimero de faléncias © concordatas requeridas mais do que eriplicon entre 1964 © 1966. Vestudrio © alimentos sio setores wadicionais, de estruturas menos ligopolizadas, onde predominam as pequenas © médias empresas. A indistria de construgio civil foi elsamente uma vivima da poll fica fiscal que reduriu substanciatmente as despesas com ob piiblicas no periodo, # importante lembrar que a construcio civil € um setor intensive em miodeobra nio-qualificada, caja para Tisagio tem, portanto, caréter socialmente regressivo, Este setor, como todos aqueles compostos na sua maioria por fitmas nacio nais, sofreu ainda m: iniciava.se 0 influxo de capitais externos que passaram a gerar superavits erescentes na conta capital, Este influxo de eapitais cons ituiase na sua maioria de empréstimos e financiamentos contra severamente o aperto de crédito, Em 1966, A politica brusieiva de exabitizosdas 1963/68 a tados no exterior. Conforme mostram os dados da Tabela 14, 44.2%, de ais empréstimos, em 1966, foram contratados por empresas de propriedade estrangeira € 46,1% por empresas pablicas, A_parti pagio das empresas nacionaiy privadas foi de apenas 6,5% doy cempréstimos, Devese notar ainda que, no mesmo ano, 69,1% dos empréstimos foram concedidas por corporacies mio-financeiras pri- vadas no exterior, Tratava-se, portanto, de empréstimos contratados pelas filiais brasileiras de empresas multinacionais junto as ma. wives. Isto € confirmado pelo fato de que 32% dos empréstimos ¢ financiamentos contratados om 1966 foram feitos através da Ins. trugdo 289, que possibilitava a contratagie de empréstimos em moeda estrangeira diretamente entre empresas do exterior ¢ do pais, prevalecenda as transagies entre empresas associadas. Para se ter uma idéia da importincia desses empréstimos externos, devese embrar que os empréstimos e financiamentos somaram Gr§ 1,12 bilhdo & taxa de cimbio da época, representando uma quantia equivalente a 14,0% do total dos empréstimos a0 setor privado naquele ano. A vantagem das empresas estrangeiras representada pelo acesso ao crédito externo era tio importante que em maio de Taneta 12 Passivo médio de uma firma insolvente (Rio de Janeiro © Sao Paulo) (Em CxS milhdes) Indise de Socieda- fodie de indie de Fimas vision desde variacio Socie- —_varingio Aus ndis)—eal'do” sespona- real to” des read do vides "valor “bilidade "valor wufninas "valor Gem) itera TD ave) 1861 wo woo 1621100 982 MRS 116 Jou 1083, nope Ws 1984 aa yest Toes % gO 30 1968, a0 Bear a8 1670 ons VONTR: Cone Fone i Prag. Plan. Bron, 123) de, 1982 ‘Tapers 13. Faléncias ¢ concordatas requeridas por rama de atividade (Rio de Janeiro ¢ So Paulo) 162 8318641905196, Vestndrio oes Gener. alimenticio % 30 Tmporaiorspoagio = BBL 6 Moveis e decoraghen am ON Protos quimiene fe Farmarsilicn 2 om on us Mevalucgis Boh cd Materiabde comtrogto 133 a Apurellios domésieor b OB B® = Velelos © peeas Hi ceeeeengaaiaeog eee w rificas hat tetre ec “ Constragdo civ B 8 ow a FONTE: Corte Komi 1967 © Governo baixou um dispositive exigindo que todas as insti tuigdes financeivas do pats destinassem 50%; dos seus empréstimos a empresas nacionais. Em agosto de 1967, a Resolugio 63 do Banco Central passou a permitir a contratagio de empréstimos externos pelos bncos comerciais, buncos privacos de investimento © BNDE, ara serem repassatos a empresas no pais. As empresas passaram entio, principalmente devido & agio do BNDE, a ter acesso a0 erédlito externo. Ainda assim, em 1968 a purticipagao das empresas nacionais privadas no total dos empréstimos em anoeda estrangeira cra muito reduzida, Embora a avaliagio de como a 1/67 — mais especificamente dos anos de 1965 © 1M — afetow a composicia das despesas pi Dlicas exija uma anilise mais dotalhada das finangas priblicas no politica fiscal resteitiva do periode 1 perioco, é possivel tirar uigumas conclusdes baseadas nos cados da ‘Tabela 15, que mostra como evoluiu a purticipago dos diversos ministérios na despesa da Unio de 1960 2 1968, Em 1965, a maior queda na participagio da despesa foi a do Ministério dos “Trans Portes, entiio Ministério da Viacto © Obras Publicas, Como estes A politice brasileira de estebitice 196368 193 ‘Taweta M4 Brasil: Amosiva Industvial — valor dos vegistros de empréstimos € financiamentos 1 Seren a propiedde does evader acres 3. Nacht pista 12 SMe HE ~ ease 0 obec da orto Ba a an Ba 13 = GEMS Ae" + capita ao 33 PET Ber de ntl BS 2:5 Bone db apna Fens intonation on a ot m0 11 — ogee enc i By 88 FONTE: Guralbe Perire (1P4 p10 So certamente os gastos pllblicos de maior impacto sobre a ativi dade econdmica em geval & sobre © setor de consirucio civil em particular, temse a indieagio do carater recessive dos cortes ma despesa ¢ entendese por que o setor de construgio civil foi Go curamente atingido (ver 0s dados da Tabela 16 sobre as taxas de erescimento na indlistria por sctores). Em contrapartida, o minis- ‘euja participugio na despesa teve maior elevacio (quaxe do. im esq. Plan. Keon. 12(3) des. 1982 eo we ve ee ro zie see___ sour sma (ona wp soyspispugen ope “iowa op Same MINN “ADT ENO ne sadsap vp poso1 op %) tae opsun vp vsadsap :ssoast 91 vem rt we eg erent © nt emmoay 195 A politica Dravileita de esuabiliesto: 1963/68 Tasers 16 Brasil: taxas de crescimento do produto real na indistria Mines oettoe Monier ~“s Pape eae 8 ZTID da instr de amet a = 03 at ot a 8 Silas eta 1a ab ‘Tamera 17 Brasil: participacio das despesas da previdéncia social na despesa (consumo e formagao de capital fixo) do sevor priblico Anos Anos 130 1964 1960) 1965 1861 1886 1062 1667 1965, 1968 brow) foi 0 do Exército, entio Ministério da Guerra, passande de 5.8%, em 1964 para 10.49%, em 1965. Dos ministérios enjos gastos tém cariter mais social, a saber, Educagio ¢ Cultura, Saide, Tra: batho ¢ Previdéncia Social, o primeiro teve sua participacto el ada, 196 Peag, Plan, Econ. 12(3) des, 1982 (© segundo praticamemte inaherada ¢ apenas o terceiro teve sua participagio redurida, caindo de 2.9% em 1964 para 1,9°% em 1965, Os demais ministérios militares, Acrondutica ¢ Marinha, também tiveram suas participagdes elevadas. © quadre nose modifiea muito de 1965 para 1966. Novamente cai a participagio de Mini ério dos Transportes, que passa agora 2 representar apenas 14,8% da despesa, Também 0 Ministério do Trabalho ¢ Previdéncia Social continua tendo reduzida x participagio na despesa, caindo de 1,9 para 10%. A queda nos gastos com a previdéncia social aparece também nos dados da Tabela 17, onde se encontra a participacio ral das despesas da previdéncia social na despesa do setor publico, Esta participagdo, que se mantivera acima de 7% até 1965, cai pare 5.4% em 1966 e 5.59% em 1967, 8 — A ortodoxia e o PAEG Até que pomto 0 PAEG foi ortodoxo? ¥ preciso de inicio tentar caracterizar mais precisamente 0 que é um programa de estabil rage ortodoxo. A ortodoxia comeca no diagndstico da situagio inflacionéria, A inflagio € percebida como conseqiiéncia imediata da excessiva expansio monetitia, A causalidade 6 direta e nesta ordem: excesiva expansio de mocda e crédito causam inflago. Gs mecinismos de transmissio através dos quais a expansio exces siva de moeda ¢ cédito transfor. se em inflagio nfo so bem precios. E sabese apenas que a mediagio é ieita por presses generalizadas cle demanda associadas 2 excessiva expansio mone tiria, Entendese por expansio monetiria excessiva aquela que & superior & demanda real de moeda por parte dos agentes econdmicos. A demande de moeda, por sua ver, é baseda na Teoria Quantivativa, ou alguma variante préxima, A moeda necessitia na economia & proporcional ao produto, Na versio mais elementat, € mais utili zada na pritica, 0 coeficiente de proporeionalidade € constante © igual a 1. Em versdes mais sofisticadas, este cocticiente € fungao estivel de variiveis conhecidas, em particular da propria taxa de inflasio, Tal solisticagio analitica exige que se faga algum tipo A foliticn brasileira de estabitiardos 1962j68 07 de corregio para variagSes na yelocidade, Como estas sariagies sio previsiveis, 0 uso prético da cquacio quantitativa no é aletado. O onto importante é que o nivel de produto ou sua taxa de cresci- mento sto considerados independentes «la taxa de expansio da moeda. Esta neutralidade da moeda retira da inflagio qualquer funcionalidade. Inllagio & apenas moeda car excesso. Por que entio moeda em excesso? O diagnéstico ortodoxo aponia és causos, gerimente asociadas: incompeténcia, desonestidade dlemagégica € exeessiva imtervengio governamental_na_ economia “Todas as trés materializamse no excesso da despesa do Governo sobre a receita € no financiamento deste deficit orgamentirio aura. vés da emissio, A inflagio, distorcendo o sistema de precos zelativos fe aumentando © grau de incerteza do sistema, & assim, mais uma forma através ds qual a intervencio do Governo na economia pet= turba © bom funcionamento do sistema de mercado e impede a alocagio eficiente de recursos. A partir deste diagndstico, a ortodoxia aponta a receita para 0 controle dla inllagio. Politieas monetivia © crediticia vestritivas, de forma que “ennugue” o excesso de moeda no sistema € que ponla fim a0 estado generalizado de excesso ce demanda, Como a prin- cipal fonte da expansio monetinia excessiva, segundo o diagndstico ortodoxo, € 0 deficit orgamentirio do Tesouro, & necessirio fazer rambém uma politica fiscal restritiva. A redugio nas despesas do Governo, além de instrumental na consecugio da politica moneciria, é em si mesma positiva, pois atu também no sentido de redusir as presses de demands no sistema, quando covta justamente os gastos que cevem ser cortados, pois as despesas do Governo sio vistas como essenciskmente ineficiemtes © cimsadoras de listesgBes sia economia, © carter mdodintervencionista © liberal da ortodoxia continua nna interpretacio das dificuldades enfremtadlas no bakanco de paga- mentos e nas sugestées de medidas para superdlas. Tais diticwl- dades so entendidas como decorrentes de uma politica taifivia protecionista © uma polit destas_politicas, desenvolve ene incapaz de compet -2 eambial intervencionista. Sob 0 escudo se uma inddstria ineficiente, simultane. ir no mervado extero e dependente dle iedifrios e de capital. O deficit comercial 788 esq, Plan. Econ, 1203) des. 1982 fem termos de produtos manufanwades nio pode ser compensato pela exportagio de produtos primétios tradicionais, pois a politica cambial, na tentativa de subsidiar a inddstria, mantém a taxa de cimbio sobrevalorizada € penaliza « ativitlade primévio-exportadora. No front externo, portanto, a ottodoxia opta também pelo liber lismo, sugerindo cimbio “realista” e redugio da protegio tariféria & indistria ineficiente Eno mercado de trabalho, © em relagko aos salétios, que 0 libe- ralismo econdinico da ortodoxia tornase contuso € incocrente. A logica de mercado do raciocinio ortodoxo estendese naturalmente para 0 mercado de trabalho. O excesso de moeda gera um estado generalizado de exceso de demanda, que se reflete também no mercado de trabalho, O superaquecimento da economia pressiona ‘o mercado de trabalho e reduz a taxa de desemprego a niveis abaixo da taxa “natural”. Os sakivios nominais comegam, em conseqiiéncia, a elevar-se mais rapidamente do que 0 nivel geral de precos e trans formamse em fonie auténoma de pressdes inflacionsirias, Ao con- tririo, no emtamto, de como a visio ortodoxa percebe todos os de- mais mercados — competitivos, sem friegio e-em permanente equi- brio —, 0 mercaclo de trabalho aparece como fonte de todas as diticuldades enfrentadas no combate 4 inflagio, Sindicatos pode: 10%05 © expe astamento das forges ide mereaclo © mantém as pressdes inflacionérias por parte dos sa- livios, apesar do fim das presses de demanda, quando a politica monetiria & correiamente conduzids, Explica-se, assim, a resistencia tivas rigidas interferem no da inflagdo apés a adogio das medidas restritivas de politica mone- tari € fiscal, quando o estado recessive da economia jé no permite insisti no diagnéstico do excesso generalizado de demanda, Por- igio de pregos dos sindicados em particular sio apontados como a fonte das dificul- tanto, 0 mereado de wabalho e o poder de ddades do. programa de establizacio. Explicase, assim, por que 0 combate & inflagio causa recessio e desemprego. Ao se cottigirem os excesos das politcas monetiria e fiscal, tolos os mercados 4justam se instantancamente as novas condigies, © mercado de ua. balho € a excegto. © poiler dle mercado dos sindicatos € a tigides clas expectativas mantém os salatios reais acima do nivel compativel A politica brasiteie de estabitizagio: 1969/68 708 com 0 cquilibrio nio.inflacionério, ® preciso sujeitar os trabalha- dores & decepgio do meveado, para que suas expectativas € pre tensses salariais sejam revistas Explicase, assim, a ocorréncia de perfodos com inflagio € recessio, simulianeamente. Qualquer perfodo de tempo em que 2 politica ortodoxa falhe na tentativa de reduzir a inflagio © gere 2 queda no nivel de atividade ¢ desemprego 6 explicado pela resistencia dos salitios 2 entrar em linha com os pregos. Mais longas e mais graves crises le establizagio sio explicidas por maiores poderes distorcivos por parte dos sindicatos e maiores sesisncias por parte das ex- pectativas, Aqui devese fazer mengio a tendéncia recente do. monetarisine nortewmericano associada aS expectativas racionais © & macroeco- rnomia dos mercados em equilibrio (equilibrium ow market-clearing macroeconomics). Esta vertente da ortodoxia econdmica — atu mente com grande momentum nos meios académicos norteameri canos — assume uma postura mais radical e mais coerente. Também ‘6 mercado de trabalho é encarado como em permanente equilibtio. |As politicas monetitia e fiscal sio impotentes para afetar qualquer variavel real na economia, seja 0 nivel de atividade, seja 0 nivel de emprego. A dniea medida a ser seguida para obter estabilidade de precos é evitar o excesto de oferta monetitia através da adogio de tama regra para a expansio da moeda c do crédito, As flutuagdes cobservadas no emprego refletem apenas variagBes. na. preferéncia pelo lazer por parte dos trabalhadores, tratandose, portanto, de desemprego voluntixio, Os custos do programa desinflacionsvio ficam, assim, muito reduzides, A redugie da liquider causa desem- prego, que, sendo no caso vohintario, mio deve ser visto como custo, As quebras so arbitradas pelo mercado; quebram, portant, as empresas menos eficientes, enquanto sobrevivem as mais capazes. A aise de estabilizagio acaba sendo vista como teraptutiea, ow seja, uum peviodo de purgagio, em que as empresas ineficientes, que pros- peraram & sombra da doenga inflacioniria, sio expurgadas ¢ a economia € saneada, Dentro desta perspectiva, 0 PAEG no foi um programa perfeita. ‘mente ortodoxo. Suas intengées demonstram demasiada preocupag com a manutengio das taxas de crescimemto ¢, portanto, alguna 00 ‘Peig. Plan. Econ, 12(3) des. 1982 tolerancia com a inflagfo, que deve ser combatida através de estra tégia gradualista, Seu diagndstico aponta para a incompatibilidade entre as parcelas reivindicadas pelo Governo, pelas empresas para a p pelas empresas pa investimento ¢ pelos tabalhadores para consumo, como causa da « inflagao decorrente de tal “inconsisténcia da politica distributiva’. reconhecimento de que existem pressies reais na economia que si inflacionzitias ¢ que podem ser resolvidas pela contengio violenta da taxa de expansio dos meios de pagamento fica explicito na politica crediticia do PAEG, que a pretende “sulicientemente con- trolada para impedir os excessos da inflaclo de procura, mas sufi cientemente realista para adaptarse A inflagio de custos”. A politica econdmica do primeiro governo pés.1964 foi bem além do receituirio ortodexo que prega politica monetiria fiscal rigorosas ¢ hands-off. Duas areas foram alve de importantes refor- mas institucionais, refletinda (a nosso ver acertadamente) a percep- glo do Governo a respeito dos pontos dle estrangulamento da eco- nomia brasileira. A primeira foi o mercado de capitais e a inter- cdo financeira, No esforco de estimular a poupanca privada volunciria ¢ forcada, foi reformulade todo o sistema financeiro. Procurowse ativar a bolst de valores € foram criados os bancos de investimento, com a finalidade de suprir as empresas de fontes de fundos de longo pravo. Criowse © Banco Nacional da Habitacko, ‘que, integrado 205 programas de seguro social (PIS ¢ PASEP), passou a ser um poderoso agente de capiacio de poupanga privada forcada, Num primeiro momento, esses fundos foram utilizados pari absorver os titulos da divida publica, financiando assim os deficits do Tesouro, A instituigdo da correcio monetiria, um mecanisino de indexasio, permitiu a captagio de poupanca privada voluntitia ¢ a reativacio do sistema financeiro. ¥ importante notar que a propria instituigio de mecanismos de indexagéo é uma concessio A inflagdo © um reconhecimento claro de que nfo se espera que a estabilidade de pregos seja aleangada a médio prazo. A segunda area de concen lwagio das reformas institucionais foi 0 setor externo, Criaram-se reformularamse instituigGes piblicas ligadas a0 comércio exterior, com 0 objetivo de dinamizélas. Insts se um conjumto de est mulos fiscais & exportagio, que culminariam, em agosto de 1968, A poltion brasleiea de etabitiapbo; 1965368 so com a indexagio da taxa de cimbio, sob o nome de minidesvalo- vizagio, na tentativa de manter a paridade do poder de compra entre o cruveito © 9 délar americano. 0 pontochave do PAEG e da politica desinflacionaia dos gover- ros pJs-1964 foi, no entanto, a politica salarial. Dentro do espirito da ortodoxia, que s6 no mercado de trabalho percebe inconveni mncigg na livre determinagio dos precos, © program desinflacionario do PAEG substitui a negociagio dos sakivios pela férmula oficial de reajuste.? A aplicagio desta férmuls, conforme ada ano, de 1965 até 1974, enquanto 0 salitio real médio industrial caiw entre 10 © 15%, dependendo do deflator usado, entre 1965 © 1967. Desta forma, usando o poder de repressio, sobre 2 sociedade em geral e os sindi- catos em particular, de que dispde o governo autoritivio, foi pos sivel fazer diretamente aquilo que a ortedoxia pretende conseguir se viu, reduziu 0 salério minimo a através da recessio ¢ do desemprego: solucionar 0 impasse distri butivo através da reducio da parcela salarial. A d fato de que 4 ortodoxia utilizase da restrigio de Ii aparentemente neutra de distribuir os custos «la estabilizacao, pois deixa a0 mercado © encargo de selecionar os mais fracos, enquanto regimes autoritvios dispensamse de tal détour. Na verdade, 0 pro. grama desinflacionério do PAEG nio € ortodoxo justamente nos Pontos em que o contexte politico permite a intervencio direta sobre as reivindicagSes incompativeis, Fnue 0 Plano Trienal © 6 PAKG, a principal diferenga esti na distinta configuragio de forgas politicas existentes em seus momentos, Podese dizer que o Plano Trienal, sob certos aspectos, & mais ortodoxo do que 0 PAEG. 2 A exe respite, o seguinte comentirio de Simonsen, ator dx froma salsial do PAEG, & excmplar: "Hi considerivel vantagem de se cviar uma regra de arbitcamento pata as nogociagden salarinis coletives, O grande probleina destas iegociagie no mundo moderne, inclusive no que diz respeito a Fixagio de salée Hos no nivel de deciso govermamental, € que cli sio agressivamente afetadar pelo poder politizo dos sindiates..., por crtésos cleitrais © por entrs tants bem afantados de qualquer teorema de ebiiéadia egondmica. Uma Hininala dese tipo tem a vantagem de substiquir win infindével jogo de greses © prosdes por lua simples ello aviemetio ne esq. Plan, From, 12(3) des, 1982 Seo PAEG diagnostica 2 causa da inflagio corretamente no conilito distributive € se tem o poder politico de solucions-lo pela via autoritivia da intervengio dirett na determinacdo dos sakitios, perguntase entio por que se insistiu na pritica de politicas fiscal monetéria restritivas de cariter ottodoxo. ‘Val pritica, além dos custos sociais da compressio salarial, provoca crise de estabilizagio € todos os custos da ortodoxia. Quanto aos custos da politica de compresio salarial, a Tabela 18 di a indicagio de como evoluitt a distribuigio de renda na década de 60, As causas dit deterioragio, da distribuigio de renda — que no periodo reduaiu de 17,7 para 14.9% e de 27.9 para 22.8% as participagSes respectivas dos 500%, mais pobres e dos 50%, seguintes — sto muitas, mas a politica ida [ator importante.+ Os eustos da ortodoxia salarial foi sem jf foram mencionados, Sob a aparéncia de neutralidade, as politicas monetiria c fiscal restritivas so ma yealidade regvessivas, Seus custos reeaem primordialmente sobre os desempregados, constituides em sui maioria de trabalhadores de baixa qualificacio e ronda, e sobre pequenas © médias empresas, ineapazes de ter acesso a0 erédivo mado, enguanto as grandes empresas utilizamse do poder de monopélio para sustentar pregos e, devido ’ condi¢io dle clientes previlegiados, mantém acesso a0 crédito, No caso brasileiro, a pos ingeira teve efeitos particularmente regressivos, pois dew is empresas estran- geitas ¢ as grandes empresas estatais acesso x uma linha de erédico vedlada a5 pequenas ¢ médias empresas nacionais. A resposta pode sev encontrada na limitacio imposta pelo balanco de pagamentes, Por um lado, era impossivel manter economia crescendo jis taxas sibilidade de recorrer a empréstimos externos em moeda esh da segunda metade dos anos 50 sem conseguir gerar novo influxo Ue capitais, seja na forma de investimento direto, seja na forma de empréstimos. As importagdes ji exam aquela alcura relativamente incomprimiveis © 2 dinamizagio das exportagdes mio poderia ser feita a curto praro, Por outro licla, no se podleria gerar este influxo de capitais sem conseguir 2 confianga das agéncias financeiras inter. 4 Ver Hacha © Taylor (1880) para uma resenba 4 ciwstbnicie de venda no perio € © impacto da politics ssn as da contronérin sobie A politica bresiteire dle etahilcecéo: 1963/68 03 Tamera 18 Comparasio da distribuigao da renda no Brasil — 1960, 1970 ¢ 1976 Em %) ——— Bestieipagie na vend Popuilagto econninieamente alive 1060 1070) 1876 50% mais pobres a1 us 80% sepuintes muss 212 15% soguintes 8 5% mai vis Bis6 39 ‘Totad 100% 106 ron 100 Coeficiente de Gin 650 030 6.90 Bee FONTS, Para sy aro oe 1000 « 1OFD, Lang! (TS). Dndon teeter sce Ces ental de He Wb. Par a de 7; cles vm aus nog dads da Pog. Neonl na de ora Fcatamen parton de ody ene Series “OBS. Dade lina eatin de eta de prquia de Rona ¢ Vie da Cab, pbc ata ea Dale Btoy pp AS) hacionais, A confianga das agéncias financeiras e dos grandes inves tidores internacionais x poderia ser conquistada através de demons: teag6es inequivocas da opgio pela ortodoxia. Assim como em todas fs ocasies anteriores, exa que se tentou implementar no Brasil um programa desinflacionério, a restrigio do balango de pagamentos teve papel decisivo na opgio pela ortodoxia. Assim como nas ‘ocasides anteriores, esta opcio teve impacto imediato sobre a ativi dade econdmica, € 0 que distingue 0 PAEG das tentativas ante riores & 0 contexto politico radicalmente diferente, que permitiu intervengio autorititia ¢ diveta sobre a determinacio dos salérios Asociados a um ano de excelentes resultados ma agricultura, os salitios permitiram a redugio da inflagio em 1965, justamente quando a politica monetéria escapava a0 controle do Governo e era folgada, 20 Peag. Plan, Reon. 12(3) des. 1982 Bibliografia Bach, E. 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