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=> ‘seccdo de Folhas INsTITUTO SUPERIOR TECNICO MECANICA DOS FLUIDOS | Mestrado Integrado em Engenharia Aeroespacial Escoamento de Fluidos Perfeitos Antonio F. 0. Falcdo 2006 nn MEFLI.E INDICE 1. Introdugao .. 2. Equagies gerais do escoamento de fluidos perfeitos 2.1. Diferenciagao segundo o escoamento. Aceleragio . 2.2. Equago da continuidade . 2.3, Equagiio do movimento. . . 2.4. Circulagio, Teorema de Kelvin, Persisténcia do escoamento irrotacional 2.5, Significado fisico do vector rot V 2.6. Equacio diferencial da fungio potencial num escoamento irrotacional incompressivel 12 3, Escoamento potencial incompressivel a duas dimensGes . 213 3.1. Introdugao . 13 3.2. Fungo de corrente -13 3.3. Fungo potencial da velocidade . 15 3.4, Potencial complexo. 16 3.5. Exemplos de aplicaco do potencial complexo 18 3.6. Principais tipos de singularidades. 224 3.7. Método de Rankine. . .29 3.8. Pontos de estagnacdo. Linha de corrente de separagdo. 32 3.9, Método das imagens .. -32 3.10. Transformagio conforme 234 3.11. Aplicagao da transformacao conforme aos escoamentos irrotacionais planos 39 3.12. Circulagao e fluxo relativos a um contomo . 243 3.13. Transformago conforme duma fonte, dum vértice e dum dipolo . 245 4. Forca exercida por um escoamento plano em torno dum solido . 46 4.1. Escoamento em torno dum cilindro circular com circulagao. 46 4.2. Teorema de Blasius. ... 49 4.3. Teorema de Kutta-Joukowski . -50 5. Teoria elementar dos perfis alares +52 5.1. Introdugdo.. .. 252 5.2, Condigdo de Kutt 253 5.3. Nomenclatura . 22+ 56 5.4. Transformacao de Joukowski -.58 5.5. Outros perfis . 65 5.6. Alguns perfis ut 67 Bibliografia .... 71 Exercicios .. .72 1. INTRODUCAO No ambiente que nos rodeia, ha dois fluidos que, pela sua abundancia, dominam todos os outros: 0 ar e a agua. De facto, so de longe os dois fluidos que mais frequentemente e com maior importancia surgem tanto na engenharia como na geofisica. Sendo a viscosidade destes dois fluidos relativamente pequena, os fisicos do século XIX foram levados a adoptar para estes escoamentos um modelo baseado num fluido “ideal” sem viscosidade. De facto, muitos dos mais distintos fisicos do século XIX contribuiram para o estabelecimento duma elegante e extensa teoria baseada na hipétese de fluido inviscido, que tinha analogias do ponto de vista mateméatico com a teoria do campo electroestatico e do campo electromagnético. E, no entanto, verificou- se que, na maior parte dos casos, os escoamentos reais diferiam fortemente das previsdes do modelo teérico. Esta situag&o contrastava, por exemplo, com a da lubificagaio de chumaceiras envolvendo liquidos de grande viscosidade, para a qual, ainda antes do fim do século XIX, existia jé uma teoria satisfatéria, O insucesso da teoria do fluido inviscido foi particularmente patente na previsto errénea de que é nula a forca resultante sobre um corpo que se desloca em movimento de translagdo uniforme — o chamado paradoxo de d'Alembert. De facto, a solugao resultante da teoria de fluido inviscido para o escoamento em torno dum cilindro circular (que iremos derivar mais frente) é claramente diferente do que se pode observar na realidade (fig. 1.1). Além de assimétrico, 0 escoamento real € nao estaciondrio com a formagAo de turbilhées na esteira. 1.1. Escoamento em tomo dum cilindro circular. Contraste entre a solugdo tedrica de fluido perfeito (& esquerda) ¢ a visualizago do escoamento de fluido real. Em ambos 0s casos, 0 escoamento de aproximagdo é permanente, mas 0 escoamento do fluido real na esteira é altamente nao permanente. Foi a teoria da camada limite, criada em 1904 pelo alem&o Ludwig Prandtl (1875- 1953), que permitiu resolver estas contradig6es. Prandtl introduziu as formas aerodinamicamente perfiladas (streamlined): corpos fuselados, como a asa de avidio, que, se adequadamente posicionados, se caracterizam por pequenas forgas de resisténcia, ¢ em relago aos quais 0 escoamento se afasta pouco da teoria do fluido inviscido, Da combinagao das novas ideias de Ludwig Prandtl ¢ da sua escola de Gottingen (de onde provieram Albert Betz, Theodore von Karman, Hermann Schlichting) com as de outros —‘em especial do russo Nikolay Jukovski (1847-1921) ~ surgiram as teorias da camada limite e das forgas aerodinamicas de sustentagdo e resisténcia, que foram fundamentais para o desenvolvimento da aerondutica, das turbomaquinas e de outras areas tecnolégicas associadas a Mecanica dos Fluidos. A-C | = Fig. 1.2. Escoamento em torno dum perfil alar (perfil de Jukovski) com pequeno angulo de ataque. Fora da camada limite, o escoamento & pouco diferente da solugdo tedrica para fluido perfeito. Em baixo véem-se ampliagdes dos dois pequenos circulos junto a0 perfil, representado a camada limite, Na Fig. 1.2a esto representadas as linhas de corrente do escoamento teorico de fluido inviscido em tomo dum perfil alar. E apenas na vizinhanga imediata da superficie do corpo que este escoamento teérico difere significativamente do escoamento real. Na Fig. 1.2b vé-se uma ampliagao das duas pequenas regides circulares da Fig. 1.2a. E na vizinhanga imediata do corpo — na camada limite — que se dé a transigao entre, dum lado, 0 escoamento exterior e, do outro lado, a parede onde a viscosidade impée a condigdo de velocidade nula (nfo escorregamento). No caso da Fig. 1.2, a camada limite mantém-se ligada ao corpo, ¢ os efeitos de fluido real (viscoso) ficam confinados praticamente a uma estreita camada limite na vizinhanga do corpo — e também a uma esteira estreita. Se porém a direcgio do escoamento de aproximagio ao corpo fuselado da Fig. 1.2 diferisse fortemente da direcedo longitudinal (direcgao da corda) do perfil (ou seja se 0 Gngulo de ataque ou dngulo de incidéncia fosse grande), a camada limite nfo se manteria ligada ao corpo (iria ocorrer separago) e haveria enti uma regio muito mais extensa (incluindo a esteira) em que os efeitos de fluido real se fariam sentir fortemente. ta O mesmo se passa na generalidade dos escoamentos em torno de corpos nao fuselados (como € 0 caso do cilindro circular da Fig. 1.1). © mimero de Reynolds do escoamento em tomo dum corpo pode definir-se como sendo 2 pe= 2D ev? Bo yk D em que p © 11 sto a massa especifica e a viscosidade do fluido, D é uma dimensio caracteristica do corpo, V é um valor representativo da velocidade do escoamento. ‘A quantidade pV? é 0 fluxo da quantidade de movimento ao longo dum tubo de corrente em que a drea da secedo recta ¢ igual a unidade, e dé uma indicagio da forga da inércia por unidade de area. De facto, se, num ponto de velocidade nula, ou ponto de estagnagéio, a quantidade de movimento for totalmente ‘transformada” em pressio, 0 acréscimo de presséo (para um escoamento incompressivel) ¢ pV?/2. Quanto ao quociente V/D, ele da uma indicagao da grandeza do gradiente de velocidade no escoamento. Por conseguinte, a quantidade uV/D da a’ordem de grandeza das forgas tangenciais devidas a acgo da viscosidade. O nimero de Reynolds é pois uma medida da relagao entre as ordens de grandeza das forgas de inércia e das forgas devidas & viscosidade. ‘Quando o nlimero de Reynolds toma valores elevados e se néo verifica separagio da camada limite, os resultados tedricos baseados em fluido inviscido constituem uma boa aproximagdo para 0 do escoamento real fora da camada limite. A espessura da camada limite (regio em que os efeitos da viscosidade sto importantes) € tanto menor (em relagdo & dimensdo caracteristica D do corpo) quanto maior for o nimero de Reynolds Re. Se a viscosidade do fluido puder ser desprezada, temos 0 escoamento de fluido perfeito ou inviscido, para o qual andlise tedrica é muito mais simples do que para 0 escoamento dum fluido real. Por esta razdo, quando se analisa um escoamento, € importante ser capaz de prever, por simples inspecgaio e 0 uso de regras gerais, se ha ou no separagao da camada limite. E de notar que o comportamento da camada limite (em particular no que respeita & separagdo ou nfo separag&io) pode ser estudado como interacgdo entre o escoamento de fluido real na camada da limite e o escoamento no exterior (essencialmente de fluido perfeito). Mesmo quando ocorre separagdo da camada limite (por exemplo para corpos néio fuselados ou para corpos fuselados a Angulo de ataque grande), hé grandes partes do escoamento onde ele pode considerar-se de fluido perfeito. No entanto a fronteira entre esta regido ¢ a zona onde os efeitos de fluido real sto importantes, é instavel e de dificil previsdo por via tedrica. A aplicagao da teoria de fluido perfeito é entdo de interesse muito mais limitado, Nos capftulos seguintes iremos fazer o estudo, a duas ¢ irés dimensbes, do escoamento de fluidos perfeitos, dedicando especial atengaiv ao caso particular dos escoamentos planos (a duas dimensdes) incompressiveis em regime permanente, para os quais é possivel encontrar uma larga gama de solug6es exactas. 1b 2. EQUACOES GERAIS DO ESCOAMENTO DE FLUIDOS PERFEITOS 2.1. Diferenciagao segundo o escoamento. Aceleragio Consideremos um escoamento e um sistema de coordenadas cartesianas (x, y, z).No caso geral, qualquer quantidade associada ao fluido € fungao das coordenadas (x, y, z) do ponto considerado, e também do instante ¢. Particularmente para a velocidade teremos V(x, y, 2, 1). Consideremos uma particula de fluido P que, num dado instante 1, ocupa a posig&io (x, », 2). A sua velocidade seré, pois, V(x, y, z, 9. No instante 1+ é, a particula ocuparé a posigao (x + ék,y +5),2 +) ea sua aceleracdo sera lim Af v(x+de,y+ 6,24 6,t +4)-V(x,9.2,0), a0 ot DY quantidade que designaremos por “>, para indicar que DV € a variagao da velocidade da particula (e nao a variagao da ae do escoamento num determinado ponto fixo no espago). Se tivermos em conta que as coordenadas da particula x(0), y(t), z(0) so dy sb, a fungoes do tempo e que > =Vz, So =Vy. S=Vz (VesVy,Vz so as componentes de V segundo os trés eincs), viré DV_N Nk Nd Nd NNW BR iy Ny Ny Dr a ata tga E fécil ver que esta equagdo se pode escrever sob a forma mais condensada Q.1) (i, j, k sto os vectores unitérios paralelos aos eixos Ox, Oy, Oz). Identicamente, para qualquer outra quantidade escalar ou vectorial, terfamos D2 =—=fivev. 2.2) Dr ee (2.2) A este operador diferencial d4-se o nome de derivada segundo 0 escoamento. 2.2. Equagio da continuidade Consideremos um paralelepipedo elementar de arestas dx, dy, dz (Fig. 2.2.1). A equacao da continuidade ira ser estabelecida a partir da condigdo de igualdade do fluxo resultante de massa através da superficie do paralelepipedo e da variacio por unidade de tempo da massa de fluido contido no paralelepipedo. 74 PCxy, 2) Fig. 2.2.1. Admitindo que o paralelepipedo est4 fixo no espago, a massa de fluido nele contido é p(x,y,2,t) de dy dz, e a variagio de massa por unidade de tempo seré 2p axdydz. . 2.3) ee (2.3) A quantidade de massa resultante que, por unidade de tempo, atravessa as duas faces dydz é dada por a -[Zbov.)ax dy dz. Adicionando os termos correspondentes as restantes quatro faces, obtemos, para o fluxo de massa total, -|20v)+2(or,)+Z ov, facara ou, entrando com o operador divergéncia a A,+3A, +24, ate divA = V-A teremos ~div(pV)dxdydz. (2.4) Finalmente, igualando (2.3) e (2.4), obtemos a expressio geral da equacio da continuidade 2%. aiv(pv) =0. (2.5) Esta equaco pode escrever-se sob outra forma. Do calculo vectorial, sabe-se que 0 segundo termo, div(pV), é identicamente igual a V-Vp+pdivV. Substituindo em (2.5), obtém-se 2. v.vp+ pay =0, ou, tendo em conta (2.2), PP. ndivv =0 (2.6) Dr PON = ” Note-se que estas equagdes so validas para quaisquer escoamentos, quer sejam viscosos quer nao, desde que se admita que o fluido é um meio continuo. Se 0 escoamento se realiza em regime permanente (quer seja compressivel ou nao), o sera a = 0, ea equagio da continuidade (2.5) toma a forma div(pV) =0. (2.7) Se o escoamento for incompressivel (em regime permanente ou nao), € p=const, ” D 7 a 2 = 0, a equagfo da continuidade reduz-se a div V=0. (2.8) 2.3. Equacio do movimento A equagao do movimento aplicada a uma particula de fluido traduz a igualdade: massa x aceleragdo = resultante das forgas exercidas sobre a particula. Consideremos uma particula de fluido que, no instante t, ocupa o paralelepipedo de arestas dy, dy, dz, representado na Fig. 2.2.1. Na auséncia de forgas tangenciais devidas & viscosidade, as forgas que se exercem sobre a particula so as que resultam da pressio e as forcas massicas (por exemplo, a forga da gravidade). A componente, segundo o eixo Ox, da forca resultante da pressfio (devida a pressiio sobre as duas.faces dy dz) ox } ” ea forga resultante para as seis faces sera hes de dy = (ard pa dy de (2.9) Se designarmos por F a forca massica por unidade de massa de fluido, a correspondente forga exercida sobre a particula é pF dxdy dz. (2.10) Finalmente, tendo em conta que a aceleragao é DV/Dr, viré DV pp Pat dy de = (grad p)dx dy dz + pF dx dy dz. Dividindo por p dx dy dz e tendo em conta (2.1), teremos DV_W nae as +(V-V)V =- ~5 rad p+ (2.11) Esta é a chamada equagdo de Euler do escoamento dum fluido perfeito. No caso mais corrente, F é a forca da gravidade F=~gk =-grad(gz), (2.12) em que se supde que 0 eixo Oz € vertical, com o sentido positivo de baixo para cima ‘A equacdo (2.11) pode escrever-se sob outra forma se utilizarmos a identidade v2 (V-V)V= ana] -Vx(rot V), em que ijk aaa tVeVxVae oS ro ve So lV. WV, Sc F for dado por (2.12), viré entéo nv ve 1 Fv vent [+e] 4 grad p =0. (2.13) Consideremos agora o caso em que a condutibilidade térmica do fluido é suficientemente pequena para que se possa desprezar a quantidade de calor que a particula de fluido troca com o exterior. O escoamento seré, neste caso, adiabitico. Como, além disso, se supde que o fluido nao é viscoso, 0 escoamento é reversfvel e, portanto, a entropia por unidade de massa de qualquer particula mantém-se constante a0 longo do tempo. A um fluido com viscosidade e condutibilidade térmica nulas, ou desprezdveis, chamamos fluido ideal. A condig&o de que a entropia por unidade de massa se mantém constante ao longo do tempo para qualquer particula pode escrever-se Ds/Dt=0 ou, entrando com (2.2), BABY. grads=0, (2.14) Um escoamento que obedega a esta condigao diz-se isentrépico. Note-se que isto nao implica necessariamente que a entropia tenha 0 mesmo valor em todos os pontos do escoamento. Vainos seguidamente restringit-nos ao caso em que o regime € permanente. Neste caso 2/ dt =0 e, portanto, V-grad s=0, 0 que indica que V é perpendicular a grads e, portanto, a entropia € constante ao longo de cada linha de corrente , como seria de esperar. Fig. 2.3.1. Consideremos uma linha de corrente num escoamento em regime permanente (Fig. 2.3.1) e seja dr=idx-+jdy+kdz o vector representando um elemento de linha de corrente na vizinhanga do ponto P. Se for d( ) a variagéo de qualquer propriedade escalar do escoamento, por exémplo a variagio de presso dp, correspondente ao deslocamento dr, € op a op dp =>- dx +>- dy +> dz= (grad p)-dr. 2.15) = ae ay ee (grad p) (2.15) Facamos agora, na equa¢ao do movimento (2.13), 0 produto interno por dr. Tendo em conta que JV/dt = 0 (escoamento permanente), viré v? 1 —(Vxrot V)-dr+ grad (+e) aet (grad p)-dr = 0 O primeiro termo € nulo pois € um produto misto com dois vectores paralelos (V € paralelo a dr), Tendo em conta (2.15), viré pois v2 dp (Gre}soo, (2.16) em que d( ) designa variagdes ao longo da linha de corrente. Da Termodinamica, sabe-se que dh—Tds=dp/p, em que h é a entalpia por unidade de massa. Se 0 escoamento é isentr6pico, € ds=0, e entéo dp/ p = dh. Conclui-se que ou 2 h+—>-+ gz= constante ao longo duma linha de corrente . (2.17) Esta é a expresso do teorema de Bernoulli para o escoamento isentrépico e permanente dum fluido (em geral compressivel) em regime permanente. Note-se que a constante da expresso anterior ndo é necessariamente a mesma para todas as linhas de corrente do escoamento. No caso particular dum fluido incompressfvel, tem-se p=constante, e obtemos directamente a partir de (2.16) v? ; pty Tate constants 80 Jongo duma linha de corrente, (2.17a) que € a expresso do teorema de Bemoulli para o escoamento incompressivel e permanente dum fluido perfeito. Note-se que, no caso dum fluido perfeito, se o escoamento for incompressivel nado é necessdrio introduzir a condigao adicional de escoamento adiabitico. De facto, pela propria definigéio de escoamento incompressivel, a massa especifica é constante e por isso 0 campo de velocidades é independente do campo de temperaturas. Consideremos agora que, além do escoamento ser isentrépico (a entropia de cada particula mantém-se constante e, portanto, em regime permanente é também constante ao longo de cada linha de corrente), a entropia tem 0 mesmo valorem todo o campo do escoamento. A um tal escoamento chamamos homentrdpico (homogéneo em relagaio & entropia). Sera grad s = 0 emi todo o campo do escoamento, donde se conclui que grad p rad Terads= gradh ee? evn. p Substituindo este resultado na equagio (2.13) e tomando dV/at=0 (escoamento permanente) obtemos (2.17) v2 ua (n+ Pree Vero, (2.18) No caso particular dum escoamento permanente incompresstvel, a partir da equagéo (2.13) obtém-se directamente pv? grad | +p tae |= Vx V (2.18a) Se se verificar a condiga0 VxrotV=0, (2.19) a equagio (2.18) mostra que é v2 h4—-+ gz= constante em todo 0 escoamento. (2.20) Se 0 escoamento for incompressivel, a condigo (2.19), juntamente com (2.18a), implica que piv? 2+ g2= constante em tod o escoamento (2.208) Um escoamento em que se verifica a condicdo (2.20) é denominado homenergético (homogéneo em relacdo a “energia”), significando que € uniforme em todo o escoamento 2 a entalpia total h-+->-+ gz. A equagio (2.18) mostra que um escoamento homentrépico em regime permanente que obedega a equagiio (2.19) € homenergético. ‘A equacio (2.19) € satisfeita por dois tipos de escoamento: (i) aquele em que rotV0 e rotV € paralelo a V, ¢ que se designa por escoamento de Beltrami, nome do matemitico italiano que primeiro estabeleceu a condigo (2.19) em 1889; (ii) escomento em que rot V = 0, denominado irrotacional ou potencial. A designago de potencial deve-se ao facto de que rotV=0 € condigao necessaria e suficiente para que V se possa escrever como o gradiante duma fungdo escalar (V=gradg), denominada potencial da velocidade ou simplesmente potencial. Que a condigéio é necessdria vé-se imediatamente, tendo em conta a identidade rot grad = Conclui-se, pois, que um escoamento irrotacional ou potencial permanente goza da propriedade (2.20) (ou (2.20a) se for incompressivel). Note-se que um escoamento potencial nado é necessariamente permanente. Os escoamentos potenciais tém uma importincia fundamental na mecdnica dos fluidos aplicada e deles nos ocuparemos demoradamente mais adiante. 2.4. Circulagaio. Teorema de Kelvin. Persisténcia do escoamento irrotacional. Denomina-se circulagdo da velocidade ao longo dum circuito fechado o integral r=§v-& (2.21) em que dr € um elemento do contorno (Fig. 2.4.1). Utilizamos aqui o simbolo 5 para indicar diferenciagao em ordem &s coordenadas espaciais (num determinado instante 1). Vamos agora considerar que 0 circuito é formado por particulas de fluido, ou seja, desloca-se (¢ deforma-se) juntamente com o fluido em escoamento. Tomemos 0 caso mais geral de regime no permanente e vejamos como varia ao longo do tempo a . Dv cireulagdo Tou seja, calculemos a derivada ao longo do escoamento >. Vird Dr D DV D om & = $5 or +$V po) at <+ Fig. 2.4.1. D Dr VV Vi Vp (or =v (Z\-v w= %¥)-f 4], Dr pois a ordem de diferenciagéo € intermutével ¢ >= V. Viré pois, atendendo a que ye 4) éuma diferencial exacta D $V (or) =0, fi enas Deu or (2.22) e ficaremos apenas com pet pee : Se 0 escoamento for homentrépico (grad s=0), das equagSes (2.11) e (2.17b) obtém-se grad p — grad (gz) =— grad (h+gz) (2.23) e, portanto, oso 6r =~} grad (h+ gz)-dr = -f5(h+ gz)=0. (2.24) Chegdmos assim 4 conclusao de que a circulagdo da velocidade ao longo dum contorno fechado que se desloca com 0 fluido se mantém constante ao longo do tempo no caso de um escoamento homentrépico. Facilmente se demonstra que o mesmo resultado é valido para qualquer escoamento incompressivel dum fluido perfeito (basta fazer p=constante em (2.11) e substituir em (2.22). Este importante resultado constitui 0 teorema de Kelvin ou lei da conservacgao da circulagdo. Note-se que ele é valido mesmo para escoamentos nao permanentes. A partir do teorema de Kelvin podemos deduzir facilmente um resultado de importancia fundamental para os escoamentos irrotacionais. Consideremos um escoamento homentrépico (ou um escoamento incompressivel dum fluido perfeito) em regime permanente e suponhamos que na vizinhanca dum ponto P duma linha de corrente 6 rot V=0 (Fig. 2.4.2). Imaginemos um contorno infinitamente pequeno em tomo da linha de corrente em P. A correspondente circulagio seré V-dr. Mas, pelo teorema de Stokes, este integral pode escrever-se como um integral de superficie §V-or= f, rotV-ndS = rot V-ndS em que S (ou dS) é a area duma superficie que se apoia sobre 0 contomo e n é a normal unitéria a superficie. Como rot V=0, sera §V-dr =0. Se imaginarmos que 0 contorno € constituido por particulas de fluido, o teorema de Kelvin.permite concluir que esta condigio se mantém e, portanto, sera rot V = 0 para qualquer outro ponto da mesma linha de corrente. Fig. 2.4.2. Se o regime nao for permanente, o resultado € ainda valido desde que se considere a traject6ria de uma particula ao longo do tempo. O escoamento potencial assume, pois, uma grande importancia, pois qualquer escoamento irrotacional permanecerd irrotacional (a menos que atravesse uma regido onde se fagam sentir efeitos de viscosidade). Como exemplos, podemos citar: a) O escoamento inicialmente em repouso. b) O escoamento em torno de um corpo. Se o escoamento a uma grande distancia for uniforme, seré rot V=0 para todos as linhas de corrente, e todo 0 campo do escoamento serd irrotacional. 2.5. Significado fisico do vector rot V Consideremos, para simplificar, que 0 escoamento € plano e que em cada instante as condigées do escoamento dependem apenas das coordenadas (x, y) de cada ponto. Sejam OA © OB dois segmentos elementares de comprimentos dx e dy constitufdos por 10 particulas de fluido e tais que OA € perpendicular a OB no instante considerado (Fig. 2.5.1). O movimento de cada um destes segmentos pode ser decomposto numa translagao e numa rotacdo. Consideremos primeiro 0 segmento OA. E evidente que sé haverd rotagdo no instante considerado se V, for diferente em O e em A. Como para estudar 0 movimento de rotag%o apenas nos interessam variagdes espaciais de velocidade, vamos supor que o sistema de eixos (x, y) tem um movimento de translago com velocidade igual do ponto O (V, =V, =0 em O). Neste caso, a componente V, da velocidade em Oo, A seré —*d. Ao fim dum intervalo de tempo dt 0 segmento OA tera rodado dum ox Wy av, Angulo >a e a correspondente velocidade angular € >”. Do mesmo modo, a W, velocidade angular do segmento OB € dada por -“>™. seja, a velocidade angular da bissectriz. de OA e OB é, pois, wv, ay, 34) ow. ‘ Mas Q= rot V= (Ze oe 24s) ¢, portanto, Q € 0 dobro da velocidade angular média de dois segmentos elementares perpendiculares entre si Conclui-se assim que, num escoamento potencial, as particulas de fluido podem sofrer uma deformagéo mas a sua velocidade angular média permanece nula ao longo do tempo (em termos pouco rigorosos, podemos dizer que particula “ndo roda”). Esta conclusio pode facilmente ser generalizada para trés dimensées. 2.6. Equagao diferencial da fungio potencial num escoamento irrotacional incompressivel Vimos que, para um escoamento incompressfvel, a equagao da continuidade (2.8) se escreve div V=0. Se o escoamento for potencial, sera V=grad @, em que @ é a fungio potencial da velocidade. Conclui-se pois que div grad ¢=0 ou Lap = V7 =0. (2.25) Em coordenadas cartesianas, esta equacdo tem a forma ao ao ao aa at Wote-se que, no caso de regime nao permanente, é 9=9(x, y, z, £).) Isto significa que a Solugdo dum escoamento irrotacional incompresstvel satisfaz a equagio de Laplace, juntamente com as condi¢des aos limites nas superficies em que o fluido esta em contacto com um corpo s6lido. No caso de paredes fixas, a componente da velocidade normal & =0. (2.26) parede deve ser nula, 2 =0 (0 que equivale & condi¢ao de a velocidade ser tangente & parede)’. No caso de paredes méveis, deverd ser = =, sendo %, a componente normal da velocidade da parede (que sc supde conhecida vm cada instante). " Note-se que, se 0 fluido for viscoso, tera que ser V=0 na parede, como é bem sabido da teoria da camada limite. 3. ESCOAMENTO POTENCIAL INCOMPRESSI{VEL A DUAS DIMENSOES 3.1. Introdugéo De todas as classes de escoamentos estudados na teoria da MecAnica dos Fluidos, é para os escoamentos potenciais incompressiveis a duas dimensoes que se conhece maior niimero de solugées analfticas e métodos de solugo aproximados ou numéricos. Isto deve-se ao facto de a equagio de Laplace ser linear. A aplicagao da teoria das fungdes de variével complexa a este caso permite obter solugdes duma maneira relativamente simples para um grande nimero de problemas, como veremos adiante. O° tratamento dos escoamentos compressiveis (mesmo sendo potenciais ¢ bi- dimensionais) constitui um problema consideravelmente mais dificil, pois conduz, no caso geral, & resolugo de equagées diferenciais nao lineares ¢ nao permite a utilizagéo das fungSes de variével complexa. O problema é mais facilmente soltivel quando sao permitidas certas simplificagGes (que em geral envolvem linearizagdo das equagdes), mas 6 sempre dificil para os escoamentos transénicos, em que a linearizago das equagtes é menos aceitavel. Existe, nas aplicages em engenharia, uma gama considerdvel de escoamentos que se podem considerar como bidimensionais planos, ou seja, em que (num sistema de coordenadas cartesianas x, y, z) uma das componentes da velocidade — por exemplo V, — é pequena comparada com V, e V, e em que so pequenos os gradiantes, segundo a direcgao Oz, das propriedades do escoamento (pressio, etc.). Como exemplos, podemos citar 0 escoamento em torno de corpos cilindricos (nao necessariamente de revolugio) em que as geratrizes so perpendiculares as linhas de corrente (ou seja, ao plano do escoamento). E o caso duma asa de aviao de perfil constante, numa secgiio afastada da extremidade da asa. Ou ainda o caso do escoamento em torno das pas das turbomdquinas axiais em que as pds esto compreendidas entre paredes cilindricas de revolugdo cujos raios de curvatura s4o grandes comparados com as dimensées das p4s. Um outro exemplo serd o de um canal de 4gua cujo fundo é horizontal e cujas paredes laterais sio verticais. 3.2. Fungao de corrente Consideremos um escoamento bidimensional incompressivel. A equagio da continuidade toma a forma div V=0 ou Hm 9 3.1 x a GB.) em que V=uit+vj. A equagio (3.1) € a condigao para que udy—vdx seja uma diferencial exacta, ou seja que exista uma fungio y(x, y) tal que dy = udy—vdr. (3.2) Dagui se tira (3) Como as derivadas cruzadas sio iguais, tem-se 2) ee).. 2(2) ax ay) yar J” de que resulta uma relago idéntica a (3.1). A equagao diferencial das linhas de corrente é ae ou -vdx+udy=0. uy Entrando com (3.3), tem-se oy , oy sdk +s—dy= =0, REG =O on dy ou ainda WC, y)= constante ao longo duma linha de corrente. (3.4) A fungiio y(x, y) dé-se o nome de fungdo de corrente. veay Fig. 3.1. E fécil obter o significado fisico da fungdio de corrente. Para isso consideremos um escoamento plano incompressivel limitado por duas paredes planas a distancia unitéria uma da outra. Sejam ye ydy duas linhas de corrente vizinhas (Fig. 3.1). O caudal que se escoa entre as duas linhas de corrente é dado por dQ =udy —vde, ou seja, atendendo a (3.2), dQ=dy, G5) € portanto y=Q+constante. Se tomarmos y=0 na parede, viré wo, sendo Q 0 caudal escoado entre a parede e a linha de corrente y. Note-se que todos os resultados obtidos nesta seceo 3.2 foram deduzidos a partir da equagio da continuidade e, portanto, sao validos para qualquer escoamento incompressivel plano. 3.3. Fungio potencial da velocidade Consideremos agora que o escoamento, além de incompressivel, € também irrotacional. Neste caso, rot V=0 ou ov ou x yn” (3.6) Esta é a condigio para que udx+vdy seja uma diferencial exacta, ou seja, exista uma fungo (x, y) tal que do=u detv dy. (7) Daqui se tira (8) Accondig&o de que as derivadas cruzadas sejam iguais 2{% -2(2) &\ ay)” la € idéntica a (3.6). A fungiio ¢{x, y) dé-se o nome de potencial da velocidade, como jé tinhamos referido atrés. De (3.8) tira-se que V=grad @. (3.9) E fécil concluir que, num escoamento incompressivel irrotacional, tanto yw como @ satisfazem a equacio de Laplace: V7yw=0, V2¢=0. De facto, combinando as equagées (3.6) ¢ (3.3), resulta vy arte (3.10) ¢, combinando (3.1) com (3.8), obtém-se ao # Srtgr se: .11) Como gradg=uitvj e grady=-vi+uj, conclui-se que gradp e grady sio perpendiculares entre si. Isto significa que as duas familias de curvas ¢=constante (linhas equipotenciais) e y=constante (linhas de corrente) so ortogonais (veja-se, por exemplo, a Fig. 3.5). 3.4. Potencial complexo Se o(x, y) © YC.x, y) séio fungGes reais das varidveis reais xe y, a quantidade complexa waglx, +7 Wy) (3.12) tomaré um ou varios valores bem determinados para cada par de valores (x, y). Podemos, pois, considerar w como uma fungio da varidvel complexa z=x+iy e escrever w(z). A derivada de w(z) define-se como sendo lim w(z+ Az) — wz) A290 a . Se este limite existe ¢ é independente da maneira como Az tende para zero, a fungdo w(z) € analitica. Procuremos exprimir duma forma mais precisa as condigdes desta independéncia. Consideremos um acréscimo Az de z, ao qual corresponde, para w(z) um acréscimo Aw. Podemos escrever Aw _ Ag+idy Az Ax+iAy” No limite, esta relacdo seré igual a 8, iv dy (44% ae +[ Bas EY dz dk+idy Para que este limite seja independente da maneira como Az tende para zero, € necessério que esta relagio seja independente de dy/dr, ou seja, que % +i ov ate 1 i . Daqui se tiram imediatamente as seguintes condigdes, ditas de Riemann-Cauchy, vy @.13) Estas sio as condigdes necessérias e suficientes para que a fungio w(z) = (x,y) +iw(x, y) seja analitica. Um critério simples para verificar se uma fungdo de variével complexa € analitica € que ela se possa exprimir em fungo somente de z=x+iy. Escrevamos x=z-iy e suponhamos que w é fungo de ze de y. Se tomarmos a derivada parcial 3w/dy, obtemos =.) 2% ay +(% #) aw art ay x Se a fungdo w for analitica, este resultado € identicamente nulo e, portanto, w depende apenas de z. Podemos, pois, concluir que, se considerarmos uma fungio f{t) da varidvel real t, a fungdo f(z) = f(x+iy) € analitica. Assim z? = x? - y? +2ixy é uma fungdo analitica, mas x +2iy nao oé. Consideremos agora um escoamento incompressivel irrotacional e sejam (x,y) a fungao potencial da velocidade e w(x, y) a fungdo de corrente. As equagées (3.3) e (3.8) mostram que oy by a” by a” ou seja, a fungio w(z)=@(x,y)+iw(x,y) € uma fungdo analitica. Inversamente, podemos concluir que as partes real e imagindria de qualquer fungo analitica podem ser consideradas como a fungio potencial da velocidade ¢ a fungao de corrente dum escoamento incompressfvel imotacional plano. A fungio w(z) = (x,y) +iw(x,y) chamamos potencial complexo. Seja entéo w(z) 0 potencial complexo dum escoamento e calculemos a derivada w"(z) = dw/ dz. Vité ty = ae Mey = (B1 (2.2 = (u-iv)de + (v + iu)dy = (u—iv)(dx + idy), ou (3.14) Fig. 3.2. em que 7=u-iv € 0 complexo conjugado da velocidade V=u-+iv, tal que, se Vel le, 6 7=Wle (veja-se a Fig. 3.2). Podemos imediatamente concluir que, em médulo, é Ey nl 3.5. Exemplos de aplicac4o do potencial complexo (a). 3.15) S31. w=az (3.16) Se a é real, seri @=ax, y=ay. As linhas de corrente y=constante so portanto paralelas ao eixo Ox e as linhas equipotenciais so paralelas ao cixo Oy. O vector conjugado da velocidade € dado por =w(z)= ou seja u=a, v=0. Temos pois um escoamento uniforme paralelo ao eixo Ox, com velocidade u=a (Fig. 3.3). iv, yf i , I Fig. 3.3. Escoamento rectilineo uniforme: potencial complexo w= az (a real). Se a é complexo, a = a, +ia,, teremos. w(z) = (ay + fag )(x-+ iy) = (ax —azy) + Hayy + ay) e sera V=w'(2) =a; tia, =u-iv ou usa, v=—ay. ‘Teremos pois um escoamento rectilineo em que a velocidade € |= Vu? +v? =lal, ¢ as linhas de corrente formam com 0 eixo Ox um angulo -@ dado por (ver Fig. 3.4) 18 Todas as fungGes lineares de z correspondem, pois, a escoamentos rectilineos. Nos exemplos seguintes suporemos que a constante a € real. Isto ndo implica uma perda de generalidade, pois tomar a complexo apenas introduz uma rotago de todo 0 escoamento dum determinado Angulo. 3.5.2. wa5e =3(? -y?)+iaxy G.17) Fig. 3.6 - Escoamento bidimensional incidindo perpendicularmente sobre uma Fig. 3.5 - Escoamento bidimensional: Parede plana. potencial complexo w=az2/2 (a real). As linhas de corrente y=axy=constante séo uma famflia de hipérboles rectangulares cujas assimptotas coincidem com os eixos Ox e Oy. As linhas equipotenciais o= como assimptotas as linhasy=xey=—x. As duas familias de curvas estio representadas na Fig.-3.5. Partes deste diagrama tém um significado prético: metade representa 0 escoamento incidindo perpendicularmente a uma parede plana (Fig. 3.6), € um quarto do diagrama representa 0 escoamento no interior dum canto (angulo de 90°). Para obter a velocidade, tomamos V =w’(z)=az e portanto u=ax, v=-ay.A velocidade |V| € pois proporcional a |z|, ou seja, se tivermos circunferéncias com centro na origem, a velocidade em qualquer ponto é proporcional ao raio da circunferéncia correspondente. (x? - y?)=constante constituem uma familia de hipérboles rectangulares, tendo 2 333. w=—2" (3.18) n Neste caso é mais cémodo utilizarmos coordenadas polares z= re! . Obtemos a ning 4 w=—r"eit® =—+"(cosnO+ i sinn6), n n ‘ou seja n A ar’ = cosné, == sinno. 9 n W n As linhas de corrente so curvas definidas pela equago ar” = y=" sind =constante, que, para cada valor da constante, representa uma relagdo entre re @. Por exemplo, para y=0, viré sinn@ =0 (excluindo o ponto r=0) ou seja @=kn/n (k=0, 1, 2, ...). Portanto, as rectas passando pela origem e definidas pelos angulos @=constante= ka/n so linhas de corrente. Iremos obter varias configuragdes de escoamentos conforme o valor que atribuirmos a n. Fig. 3.7a,b. Escoamento bidimensional: potencial complexo w = $e (zreal). Para n>2, obtemos um escoamento do tipo do que esté representado na Fig. 3.7a ow 3.7. Para n=2, obtemos 0 caso ja tratado acima, no §3.5.2 (Figs 3.5 e 3.6). Para 11, WI finito se n=1, Wl=0 se n<1. ou seja Este tiltimo resultado — velocidade infinita junto & aresta dum diedro convexo — tem uum significado especial. Na realidade, as forgas de viscosidade (que se manifestam nesta zona em que 0 gradiante da velocidade tem valores elevados) impedem que a velocidade se tome infinita, dando origem & separaco da camada limite e & formagdo duma zona de recirculagao (Fig. 3.11). i Fig. 3.11. Escoamento separado junto a um diedro convexo. 3.5.4. Escoamento em tomo dum cilindro de sec¢do circular Consideremos a funcio 8 2 (oso —isin®). 3.19) zor r As linhas de corrente sao dadas por a. y =—-—sin@ = constante . r Fazendo a constante igual a —a/C , obtemos r=Csin@. Esta equacio representa uma familia de circunferéncias de diametro C, tangentes a0 eixo real na origem (Fig. 3.12). A velocidade € dada por Fig. 3.12 - Escoamento > bidimensional: potencial com- Fig. 3.13 - Escoamento em tomo plexo w=a/z (dipolo). dum cilindro circular. € portanto Se sobrepusermos a este um escoamento paralelo w, = az, obtemos wne{eed)e(re2Jocoror(r-!asms. © aan r Consideremos a equaco yeconstante que d4 as linhas de corrente. Se yH0, temos ou 1 sind =0 ou r—~=0. No primeiro caso, 60 ou 1, o que significa que as partes positiva € negativa do eixo real so linhas de corrente. No segundo caso é r=1, o que representa uma circunferéncia de raio igual 4 unidade ¢ centro na origem. Dando a y diferentes valores, obtemos relagdes entre r ¢ @ que definem uma famflia de linhas de corrente (Fig, 3.13). A equagao (3.20) define, pois, 0 escoamento em torno dum cilindro de secgio circular ¢ raio igual A unidade. Se 0 raio fosse R, o potencial complexo seria 2 weet 21 z 3.5.5. Consideremos agora o caso duma fungao inversa zZ=acoshw, (3.22) sendo a uma constante real ¢ positiva, Neste caso z € uma fungio analitica de w ¢, portanto, w seré uma funcao analitica de z. Se escrevermos z=x+iye w=o+iy, obtemos x+iy =acosh¢cosy +iasinh¢siny ou x=acoshgcosy, y=asinhgsiny. Eliminado 9, obtemos YW? A iti Aw Fig. 3.14. ou seja, as linhas de corrente yconstante so hipérboles confocais.cujos focos esto nos Pontos z=ta (Fig. 3.14). Se considerarmos como parede um cilindro cuja secgo é uma das hipérboles, obtemos o escoamento através de uma abertura (Fig. 3.14). No limite, se tomarmos como directriz da parede a curva y=0 (ou 7), teremos 0 escoamento através de uma abertura de largura 2a numa placa plana sem espessura. Neste caso a velocidade seria infinita junto aos bordos da abertura (o que é fisicamente impossivel). ‘Da mesma maneira se concluiria que z= acosw representa 0 escoamento em tomo de um cilindro de secgo elfptica. 3.6. Principais tipos de singularidades Os exemplos do §3.5 mostraram como, dada uma fungdo analitica, se pode obter o escoamento que ela representa. Consideremos agora o problema inverso: dado um determinado tipo de escoamento, vamos procurar qual o potencial complexo correspondente. Iremos primeiramente considerar dois tipos simples de escoamento. 3.6.1. Fonte e pogo Chamamos fonte a qualquer ponto dum escoamento no qual se cria ou origina fluido. O tipo mais simples de escoamento em toro duma fonte é 0 escoamento entre dois 24 planos paralelos (por simplicidade & distincia unitéria um do outro), emitido radialmente por uma fonte rectilinea perpendicular ao plano do escoamento (Figs. 3.15 ¢ 3.16). { ietort ‘ | Figs. 3.15 e 3.16. Fonte em escoamento bidimensional. ‘Vamos designar por q a intensidade ou caudal emitido pela fonte. (Como estamos a considerar um escoamento plano, g é um caudal por unidade de comprimento, e tem as dimensées L’T"'). Se g for negativo teremos um pogo. Dado que o escoamento é puramente radial e simétrico, a velocidade é radial e s6 fungo do raio (Fig. 3.17) e tem 0 valor 0@ / dr. A condigao da continuidade impde que Fig. 3.17. Linhas de corrente e equipotenciais no escoamento devido a uma fonte. 6 | 2m = 4. (3.23) Como a componente tangencial da velocidade é zero, deve ser = 0, ou seja $=¢(r). 00 Integrando (3.23), obtemos @ fur, 25 Substituindo nas equagdes de Riemann-Cauchy (em coordenadas polares) 109 __ aw 30’ rd or’ viré y = q8/ 2m, eo potencial complexo sera w= (q/2m)(Inr +i8) ou = w=s7nz, (3.24) emque z=re®. Um exemplo dum escoamento real que se aproxima do escoamento em torno dum pogo est representado na Fig. 3.18 (escoamento através duma fenda numa placa plana). Fig. 3.18. Escoamento através duma pequena fenda numa placa plana (escoamento tipo ogo). A equagao (3.24) é valida se a fonte estiver situada na origem z=0. No caso geral duma fonte situada num ponto z, = x +#y; do plano, o potencial complexo seré dado por 4 2x In(z—z;). (3.24) Duma maneira geral, substituir, na expresso do potencial complexo, z por z—z, corresponde a introduzir, na rede de linhas de corrente e equipotenciais, uma translago igual ao vector z, (veja-se a secgfo 3.10 sobre transformag&o conforme). 3.6.2. Doblete ou dipolo Consideremos uma fonte de intensidade q situada no ponto z= ae! e um poco de intensidade —q no ponto —z, =ae***) (Fig. 3.19). O potencial complexo devido & combinago da fonte e do pogo € dado por (ver a equagao (3.24a)) fl ae*) g ael® Amji-— |-2 in} F an e an ( * 2 } Se admitirmos que a/z € pequeno e usarmos o desenvolvimento em série q wesrln (@-4)-Zin (+y Fig. 3.19. Dipolo. qae® gases obtemos az 3nz° Seja qa/ m= [1 © facamos a—+0, q—reo de tal modo que 1 se mantenha constante. No limite, teremos (3.25) A esta combinaco duma fonte e dum pogo de intensidade infinita a uma disténcia infinitesimal chamamos doblete ou dipolo de intensidade 1. Note-se que, para definir completamente um dipolo, & necessério indicar a direcgdo do seu eixo, além da intensidade e da localizagao. Sobre 0 eixo, o sentido do dipolo é 0 do pogo para a fonte. Fazendo z= re'®, a equago (3.25) toma a forma w= —"[eos(@ - a) —i sin (0-a)} ou seja Nao € dificil concluir que as linhas de corrente y=constante so circunferéncias tangentes ao eixo do dipolo (Fig. 3.20). Uma imagem dum dipolo pode ser dada por um tubo muito curto (cujo eixo coincide com o do dipolo) numa extremidade do qual entra o fluido que é expelido pela outra. 27 Fig. 3.20. Linhas de corrente e equipotenciais dum escoamento devido a um dipolo situado na origem. 3.6.3. Vértice Consideremos um escoamento em que as linhas de corrente sio circunferéncias conc€ntricas — por simplicidade, neste caso, tomamos a origem como centro comum — de tal modo que a velocidade é constante ao longo de cada circunferéncia. Suponhamos que a circulagdo da velocidade é constante e igual a K ao longo de cada circunferéncia (0 sentido positivo € contrério ao do movimento dos ponteiros do rel6gio). 1 A velocidade, que apenas tem componente tangencial, é dada por 1%, e acirculacio serd 109 %» OO = 2 55 = K. Integrando (e tendo em conta que % =0), obtemos K o=759- A fungo de corrente pode ser obtida com 0 auxilio das condigdes de Cauchy-Riemann e € dada por __«, ve-z, nr. Combinando ¢ com y, obtemos a expresso do potencial complexo ik On Inz. (3.26) Este tipo de escoamento est4 representado na Fig. 3.21. Dizemos que é devido a um vortice (neste caso situado na origem). Fig. 3.21. Linhas de corrente e equipotenciais do escoamento devido a um vortice situado na origem. 3.7. Método de Rankine Combinando uma ou varias singularidades com um escoamento uniforme, podemos obter diversos tipos de escoamento em torno dum sélido cuja superficie é materializada por uma das linhas de corrente do escoamento resultante. Assim, combinando um escoamento uniforme w=Uz com uma fonte, um pogo e um dipolo, iremos obter os seguintes tipos de escoamento. Combinacio de escoamentos; Potencial complexo Diagrama das linhas escoamento fisico de corrente (1) Fonte num escoamento w=Uz+—LInz = uniforme; escoamento em Qn tomo dum corpo semi- infinito. Fig. 3.22 (2) Fonte e pogo de intensidades w=U2+—Lin(z+a) ee iguais num escoamento uniforme: 2n —SS__R_ ‘escoamento em torno dum corpo de —<— forma oval. Ea ~ziine-a) G) Dipolo num escoamento wUz uniforme; z Fig. 3.24 As linhas de corrente resultantes podem ser obtidas por um método atribuido a Rankine. Se a fungao de corrente for y = y; + W2, 0 plano do escoamento ird ser coberto por uma rede de curvas (que serdo linhas de corrente de cada um dos dois escoamentos basicos) y; =ra (r=0, 1, 2, ...) © W, =sa@ (s=0, 1, 2, ...), sendo @ uma constante pequena. E facil de ver que as curvas yconstante se obtém unindo os pontos para os quais € (r+s)=constante. Quanto menor for a, mais fina ser a rede e maior a precisio com que serio definidas as linhas de corrente. A Fig. 3.25 representa um caso genérico de aplicagao deste método. Por vezes é conveniente exprimir a fungdo de corrente como a soma de trés ou mais fungées y = y, + 2 +Y3+.... Neste caso, as linhas de corrente resultantes obtém-se por aplicagdes sucessivas do método de Rankine. Nas Figs. 3.26 e 3.27 esta representado como se podem obter as linhas de corrente do escoamento atrés referido (Fig. 3.23) resultante da sobreposico dum escoamento paralelo uniforme, duma fonte e dum pogo. Fonte Poco =22,5° Fig. 3.26 - Fonte + pogo. Fonte + pogo: 61-62 Escoamento ui Fig. 3.27 - Fonte + pogo + escoamento uniforme. 3 3.8. Pontos de estagnagao. Linha de corrente de separagio Por definigao de linha de corrente, qualquer destas linhas pode ser substitufda, total ou parcialmente, por uma parede sélida. Nos exemplos apresentados atrés, uma parte da linha de corrente, chamada de estagnagio, € tomada como directriz da superficie cilindrica do sélido. Trata-se da linha de corrente que passa pelo ponto A (ou pontos Ae B) de estagnagao, ou seja, ponto ou pontos em que é nula a velocidade do fluido. Para obter as coordenadas x=a, y=b desses pontos, basta encontrar as raizes da equacdo pois dw/dz=V =u—iv. Se substituirmos os valores destas coordenadas (a, b) na equagdo da famflia das linhas de corrente y(x, y)=constante, obtemos o valor da constante correspondente & linha de corrente de estagnacao, cuja equagdo serd Wx, y= Wla, b), (3.27) equagdo esta que nos dé portanto a forma do sélido. Tomando como exemplo o escoamento da Fig. 3.22, teremos we Ut inz=U(e+y)+ Lin? +y? +i arctan 2] =Ur(cos@ +i sin 8) +n r+i0), dw q _ 4 . q de TOTU+z 7 ou z=-57, ouainda a=-37, b=0. q E . : im coordenadas polares, tem-se R=>7—, a= A equacio das linhas de corrente € v=Ur sind +39 = constante.. Para a linha de corrente de estagnaco, viré _ 4(x-6) G54 Ur ~o=5, \de = Ir sin@ + on 2 donde se obtem =r 2aU sind (0<@<2z). 3.9. Método das imagens Consideremos um escoamento plano devido a uma distribuigéo de singularidades (fontes, pocos, vortices ¢ dipolos), e seja C uma linha de corrente que divide o plano em duas partes. Dizemos que, em relago a linha de corrente C, 0 sistema 5’, constituido pelas singularidades situadas numa das partes do plano, € a imagem do sistema S das singularidades situadas na outra parte. 32 Suponhamos ent&o que temos um sistema S de fontes, pogos, vortices e dipolos num escoamento limitado por uma ou mais paredes C. Se colocarmos um: sistema S’ de singularidades dos mesmos tipos na zona do plano do outro lado de C, e se, eliminando as paredes, o sistema S’ for tal que a curva C coincide com uma linha de corrente do escoamento resultante, entéo o sistema S’ de singularidades seré a imagem de S em relaco & curva ou curvas C. O método das imagens é facilmente aplic4vel quando a curva C for uma recta. Consideremos, por simplicidade, a recta x=0 e uma fonte de intensidade q no ponto P(a,0) (Fig. 3.28). E evidente que a imagem ser4 uma fonte com igual intensidade, situada no ponto Q(—a,0) que € a imagem éptica do ponto P em relaco a recta. O potencial complexo resultante sera Fig. 3.28. Fonte e sua imagem numa parede x = 0. oa eyed 4 2 52 wae in(e-a)+ n(e+a)=30 in (c?-0?) e, portanto, Para x=0, viré donde se conclui ny? +a?) ” A linha x=0 é uma linha de corrente, como seria de esperar. E facil verificar que as imagens, em relagaio a uma parede plana, dum dipolo e dum Vértice so as que estdo representadas na Fig. 3.29. Fig. 3.29. Imagens dum dipolo e dum vértice numa parede plana. Note-se que, se for a 0 angulo que define a direcgo e sentido do dipolo, o angulo correspondente para a imagem € 7~a (supondo que a imagem se refere a uma parede x=constante). 3.10. Transformagao conforme Designamos por transformacao conforme a transformagio que permite passar dum campo geométrico 1, caracterizado por um conjunto de pontos e linhas, para um outro campo geométrico 2, ponto por ponto e linha por linha, de tal modo que um elemento de 4rea infinitamente pequeno em | se transforma, em 2, num elemento com a mesma forma geométrica e proporcdes. No seu conjunto, porém, as figuras geométricas do campo 1 podem ser consideravelmente diferentes, em forma e dimensées, das correspondentes figuras no campo 2. A Fig. 3.30 representa um exemplo simples de transformagao conforme. No plano a, 0 elemento é um pequeno rectfingulo, a que corresponde, no plano b, uma figura com 4 lados. Se a subdivis&io fosse levada até ao limite, os elementos correspondentes seriam recténgulos em ambos os diagramas, com as mesmas proporgGes. No entanto, no seu conjunto, as figuras geométricas so consideravelmente diferentes num diagrama e no outro. A propriedade fundamental da transformacao conforme € a conservagao dos angulos. ‘Vamos ver seguidamente como se podem facilmente obter transformagdes conformes com a aplicago das fungdes de varidvel complexa. | TERE i etotetetetstete Fig. 3.30. Transformagdo conforme. Zz 1 1 1 1 1 | 1 zs & Ow xt x a b Fig. 3.31. Consideremos um plano 1 com um sistema de eixos ortogonais (x,y). Seja P um ponto definido pelo vector de componentes x ¢ y que designamos por z=x+iy (Fig.3.312). Consideremos seguidamente um outro plano 2 em que cada ponto é definido por um vector de coordenadas Xe ¥, ou seja Z=X +i¥ (Fig. 3.31b). Suponhamos que existe, entre os vectores que definem pontos correspondentes em cada um dos dois planos, uma relagdo da forma Z=f@, (3.28) sendo f(z) uma fungao analftica arbitraria da varidvel complexa z=x+iy. Se entiio tivermos um conjunto de pontos no plano 1, com os respectivos vectores z, € sujeitarmos cada um destes vectores & transformagao definida por f(z), obteremos uma nova série de vectores que nos dardo, no plano 2, 0 conjunto de pontos correspondentes aos do plano 1. Em particular, se o conjunto de pontos no plano 1 constituir uma curva desse plano, entdo 0 conjunto de pontos do plano 2 representa a curva correspondente no ano 2. , Vejamos quais as consequéncias que derivam deste tipo de relagdo. Diferenciando (3.28), obtemos aZ= f"(z)dz. 3.29) Fig. 3.32. Consideremos, no plano 1, uma linha qualquer AB (Fig. 3.32). Sejam P e Q dois pontos vizinhos pertencentes 4 curva AB, e€ z € zp OS respectivos vectores. Serd entio z) ~z; = PQ. No limite, teremos dz= PQ, ou seja, um elemento infinitesimal da linha AB. Do mesmo modo, dZ serd correspondente elemento infinitesimal no plano 2 dos vectores Z. A equaco (3.29) exprime a relagdo entre estes dois elementos, ou seja, mostra que dZ se obtém multiplicando dz por f’(z). Como se trata de complexos, a multiplicagio de dz por f(z) obtém-se fazendo rodar o vector dz dum angulo igual ao do vector f’(z) € multiplicando o seu médulo por |f“(z)|. Usando a representacio exponencial, podemos escrever f‘(z)=re"®. Portanto, o elemento dZ no plano 2 obtém- se fazendo rodar o elemento dz dum Angulo @ multiplicando-o por r. Note-se que, deste modo, apenas obtemos a direcgao e comprimento do elemento da linha no plano 2. A sua localizagao seré evidentemente dada pela equago Z = f(z). Fig. 3.33. Consideremos agora duas linhas AB ¢ CD no plano 1, que se intersectam em P (Fig. 3.33) e consideremos dois elementos infinitesimais, um em cada uma das linhas, na vizinhanga do ponto P. Suponhamos que ambas as linhas véo sofrer a mesma transformagio definida por Z= f(z). No limite, ambos os elementos irio rodar do mesmo Angulo 8 € os seus comprimentos irdo ser multiplicados pelo mesmo factor’ r, sendo f’(z)=re no ponto P. Isto significa que, no plano 2, os dois elementos correspondentes continuarao a formar entre si o-mesmo angulo ae a relagdo entre as seus comprimentos teré o mesmo valor que no plano 1. Facilmente se conclui que os angulos entre curvas correspondentes se mantém e que qualquer Area infinitesimal do plano 2 é geometricamente semelhante a rea original do plano 1. ‘Vemos pois que as condigdes requeridas para uma transformagao conforme sio satisfeitas por qualquer transformago definida pela relagio Z = f(z); desde que f“(z) tenha, em todos os pontos z, um valor definido nao nulo nem infinito. Vejamos algumas formas simples de fiz): a) Z=z+(a+ib). Corresponde a uma translagdo dada pelo vector a+ib. b) Z=(a+ib)z= Rez. O vector z roda de um Angulo a@ =arctan(b/a) e 0 seu comprimento é multiplicado por R= Va? +b? . Veja-se o exemplo da Fig. 3.34. oO xO x 37 1 2 c) Z=~. Consideremos linhas rectas y=k paralelas ao eixo Ox no plano 1. As curvas z correspondentes no plano 2 sero dadas pelo sistema de 3 equagdes x ox +y?? peony. xt +y?? yak, 1~ _(1y 2 a x +(r+t) -(Z) : ou seja, a equacio duma circunferéncia de raio 1/2k e centro no ponto de coordenadas (0, -12k), Utilizando um mesmo sistema de eixos para os dois planos, obtemos assim a transformago sofrida pela recta AB (Fig. 3.35). que se reduz a Fig. 3.35. A transformagio definida por Z = f(z) ndo é, em geral, conforme nos pontos em que (2) =0 ou». Consideremos a equagao Z=(2-4)'f@.- (3.30) Teremos za) ¢@)+(e-2)" FO) oi a =|nf(e)+(e-4)F'@](e-a1)” ae G31) Suponhamos que uma linha AC do plano z é sujeita a esta transformago (Fig. 3.36). Seja Po ponto em que z=z, e Q um ponto vizinho da mesma linha. Ser, entio, z-z, = PQ, e, no limite, quando Q-»P, sera z-z; =dz. Do mesmo modo, quando QP, no limite a expresso entre paréntesis rectos em (3.31) reduz-se a nf(z1) (admitindo que f(z) se mantém finito). Sejam re oo médulo € o Angulo deste vector: nf(z,)=re™. Na vizinhanga do ponto P, sera z—z, = dz, e a equago (3.31) toma a forma dZ=nf(u4)(@-%)". (3.32) Fig. 3.36. Mas z~z, €0 vector PQ com o Angulo 6, e, portanto, (2—z,)" seré um vector com um Angulo n6;. A equagao (3.32) mostra que dZ é o produto de dois vectores, um com o Angulo oe outro com o angulo n6,. No plano Z, ao ponto P corresponde a origem (vér equaco (3.30)) e, A medida que QP, 0 ponto que no plano Z corresponde a Q aproxima-se da origem segundo um angulo (a +n6,). Portanto, se uma linha passa no ponto P do plano z segundo um Angulo 6,, a correspondente linha passaré, no plano Z, pela origem segundo um angulo (o:+n6,).. Se escolhermos outra linha RP que passa em P segundo 0 angulo 62, a correspondente linha, no plano Z, passaré na origem segundo um Angulo (@+n@,). O Angulo entre as duas linhas do plano z 6 8, —6, e no plano Zé (0, -@,) ou seja, foi multiplicado pelo factor n, ¢ a transformagao nao seré portanto conforme no ponto P (excepto se n=1). Pontos, tais como P, em que a transformaco deixa de ser conforme, so chamados pontos singulares. Os restantes pontos sdo regulares. 3.11. Aplicagdo da transformago conforme aos escoamentos irrotacionais planos Consideremos, num plano com coordenadas (x,y,), 0 escoamento definido pelo potencial complexo w= $+iy = F(z), em que F(z) € uma fungo analitica da varidvel complexa z=x+iy. Vimos j4 que as linhas de corrente séo curvas yeconstante € que dw/dz= F"(z) =u-iv. Consideremos agora a transformagao conforme definida pela relagio {= f(z) do plano z=x+y para o plano {= €+in (ler: (=zeta, E=ksi, 1 =eta). Isto significa que, a 39 cada ponto do plano z, definido pelas coordenadas (x,y), corresponde um ponto plano ¢ definido pelas coordenadas (£,7) , de tal modo que ¢ = f(z). Do mesmo mc a cada linha do plano z corresponde uma linha do plano ¢. Consideremos novamente o potencial complexo w = F(z). Se escrevermos z= g (fungdo inversa de = f(z)), virdé w= F(e(£))=G(¢) em que G(C) é uma fun analitica de £. O potencial complexo w=@+iw=G(C) representa, portanto, escoamento irrotacional no plano ¢, de tal modo que as linhas de corrente y=consta sfio as transformadas das linhas de corrente y=constante do plano z. Evidentemente, pontos correspondentes dos dois planos, o potencial complexo w, e suas partes rea imaginéria, $e y ,tomardo os mesmos valores . A velocidade complexa ser4, no plano ¢, dwn, ; ag 7 Fa G33 dw ¢ pode facilmente ser relacionada com a velocidade 3 = F'(z) =u, -iv, no plano z pe ou u,~iv, = (ug -ivg)F'@), (34) Em pontos correspondentes dos dois planos tem-se entio bel bell a5 Fig. 3.37. Note-se que as linhas de corrente correspondentes so definidas pelos mesmos valores de y nos dois planos, o mesmo sucedendo com as linhas equipotenciais e @ . No entanto, $e nao séo, como é evidente, dadas pelas mesmas relages funcionais de (x,y) ¢ de (E.m), ou seja, se 9=aKx,y), w=Blx,y), serd 9 = (En), y=e(E,n). Em pontos correspondentes serd a(x,y)=7(E.n), B(x,y) = e(6.n)- 3.11.1. Consideremos, como exemplo, a transformago que permite passar do escoamento em toro dum cilindro de secgdo circular para o escoamento em torno duma placa plana colocada perpendicularmente ao escoamento. Para isso, vamos tomar a tansformagao conforme definida pela relago gae-%, (3.36) com z=x+iye ¢=&+in, e vamos aplicé-la a um cfrculo com centro na origem do plano ze raio a. Para maior clareza, vamos sobrepor os dois planos ze ¢ , de modo que os eixos Ox e Oy coincidam com O& e On respectivamente (Fig. 3.38). Sobre o circulo, seré e® . Substituindo em (3.36), obtemos z ou seja ¢ = 2iasin@. Isto significa que ¢ apenas tem parte imagindria e que, enquanto z percorre 0 circulo 6=0 até 27, 0 ponto correspondente no plano ¢ percorre duas vezes 0 segmento de recta AB: OAOBO (Fig. 3.38), sendo o comprimento do segmento igual a 4a. Graficamente, vemos que 41 z=ae® =OP, =ae’ =009, 00, & z- OP +0Q, = OR. z Zz z Consideremos agora o escoamento em torno do circulo, tal como est4 representado na Fig. 3.24. O potencial complexo é (ver equagao (3.21)) w=ofer Eliminando z entre (3.36) e (3.37), obtemos w=UyC? +407. 3.38) Se substituirmos z=x-+iy em (3.36) e (3.37), teremos =o+iy. (3.37) 2 2 s=(1-5}, 39) o=vi-45); 41) 2 : 2 n= {1}. (3.40) y= w1-5}, (3.42) em que r? =x? +7. Consideremos uma linha de corrente y = yj. Se escolhermos, no plano z, um ponto dessa linha com ordenada y, a equagdo (3.42) dé-nos 0 correspondente valor de r, donde se pode obter a ordenada x= fr? — y? . Substituindo estes valores em (3.39) € (3.40), obtemos as coordenadas (E,7) do ponto correspondente no plano ¢. Procedendo analogamente para outros pontos da linha de corrente y = yj; no plano z, iremos obter a correspondente linha de corrente no plano ¢. Nao é facil, neste caso, obter 9 e y explicitamente em fungao de & e 7. Podemos, porém, eliminar x e y (e r= x” + y” ) entre as equagées (3.39), (3.40) € (3.41) e obter uma equagio que nos relaciona ¢ com & ¢ 7) (u7e? 9? u?n? +9?) =—4a7U9". (3.43) Procedendo do mesmo modo com (3.39), (3.40) ¢ (3.42) iremos obter uma equag&o que relaciona yeom & € 7 (U2n? -y2)(u2e? +y?) = 4020 2y?. (3.44) {As linhas de corrente do escoamento esto representadas na Fig. 3.39. Note-se que em ambos os planos, 0 escoamento no infinito é uniforme ¢ paralelo ao eixo real, com velocidade U, como se pode verificar facilmente. Este escoamento tem um interesse prético limitado, pois na realidade ira haver separago do fluido na parte posterior da placa, e por isso o escoamento deixar de ser simétrico em relago ao plano da placa. Fig. 3.39. Escoamento perpendicular a uma placa plana. 3.12. Circulagao e fluxo relatives a um contorno Consideremos um escoamento em que ¢ ¢ y so a fung&o potencial e a fungdo de corrente respectivamente, e seja C uma curva fechada no plano do escoamento (Fig. 3.40). A cireulagdo da velocidade ao longo do cireuito serd dada por T= V-ds, sendo ds=idx+jdy um elemento do circuito. Se for V=ui+vk, vir, Fig. 3.40. Pafpconaf tanie ou seja r=$.a. (3.45) Do mesmo modo, 0 caudal Q que atravessa a superficie cilindrica de que C é a directriz, limitada por dois planos & distncia unitéria um do outro, seré dado por, O=f,V assina =f, udy—vdsy=§ (Sys a) 43 ou seja o=|.ay. (3.46) De (3.45) e (3.46) conclui-se que I e Q so a parte real e a parte imaginéria do integral §, dw=§ (do-+idy) =T+i0. (3.47) Para que seja $. dw #0, w terd que ser uma fungao multiforme de z, ou seja, teré mais do que um valor no mesmo ponto do circuito C. Com efeito (ver Fig. 3.40), serd & dw = wg — W4,em que Ae B (A=B) sio os pontos inicial e final do contomno C. ‘Vejamos agora como podemos relacionar § dw comas fontes e vértices existentes na superficie interior ao contomno C. Suponhamos ento que o potencial complexo é w=aln (z~z)+F(2), em que (F(z) é uma fungo analitica em toda a 4rea limitada por C e uniforme sobre 0 contomo C. O termo aln(z—zp) representa o potencial complexo devido a uma singularidade no ponto z: serd uma fonte de intensidade q se for a=q/2n, e seré um vortice de circulagdo K se for a = -iK / 2m (ver equagdes (3.24a) e (3.26)). Vird entdo (Fig. 3.41) Fig. 3.41 - _ pb ap _ {2mtia se zg for interior a C, Saw = wy wa =alin(z—zo)]) = alin r+ iol, -{f se zp for exterior a C. Se na érea limitada por C houver varios vértices de circulagdo K, e varias fontes de intensidade g, (r,s = 1,2,...) viré, portanto fov=r+igm may (-i5e rane = 3x, +13a,. (3.48) r an 5 2a r s ou seja r=DK,, Q=D4,. (3.49) como seria de esperar. 3.13. Transformacio conforme duma fonte, dum yértice e dum dipolo Consideremos uma fonte de intensidade q no ponto zp do plano z. Se tragarmos um circuito C em toro do ponto za, vird § dy =q. Se considerarmos uma transformagio conforme ¢= f(z), a0 ponto zp corresponderé o ponto fj = f (zg), € a0 contomno C correspondera 0 contorno & (Fig. 3.42). Como y toma os mesmos valores em pontos correspondentes dos dois planos, seré, evidentemente fdy=§ dy =q. Como as curvas C e E se podem contrair indefinidamente em torno dos pontos ze 9, conclui-se que hd uma fonte de intensidade q no ponto ¢). Plano @ Plano ¥ y 7 ot x OO E Fig. 3.42. Do mesmo modo se pode provar que, se no ponto zp existe um vértice de circulagéo K, no ponto = f(z9) do plano ¢ existiré um vortice com igual circulagao. Também nao é€ dificil concluir que, se no ponto 2q existe um dipolo definido pela intensidade 4 ¢ Angulo @, entéo no ponto f = f (zo) existiré um dipolo de intensidade u’=ulf’(zo)| © Angulo B=o-+arg(s"(zo)). A demonstragdo € facil e pode ser feita como exercicio. 45 4, FORCA EXERCIDA POR UM ESCOAMENTO PLANO EM TORNO DUM SOLIDO 4.1, Escoamento em torno dum cilindro circular com circulacao Vimos atrés (§§3.5.4 e 3.7) que se pode obter 0 escoamento em torno dum cilindro de seceao circular, com raio a e centro na origem, sobrepondo um escoamento uniforme com velocidade u=U, v=0 (potencial complexo w;=Uz) e um dipolo na origem, com intensidade Ua? e direccio definida pelo angulo @=7 (potencial complexo Ww, =U a? /z). O potencial complexo do escoamento resultante a wy tu, =U] 2+]. (4.1) No infinito, o escoamento € uniforme e paralelo ao eixo Ox, com velocidade U. E facil concluir que as linhas de corrente e a distribuigao da velocidade sao simétricas em relagdo aos eixos Ox e Oy (ver Figs. 3.13 ¢ 4.1a). Se 0 escoamento for permanente, a presso em T<érav © @ Fig. 4.1. Escoamento com circulagao em torno dum cilindro circular. v2 a (po = constante = presso de estagnaco; despreza-se a qualquer ponto € p= po variagdo de energia geopotencial ou supde-se que o termo pgz esti incluido em p, veja- se a equagao (2.20a)). Conclui-se que a distribuicao da pressio é também simétrica em 46 relagdo aos eixos Ox e Oy, e que, & superficie do cilindro, as forgas de pressdo em pontos diametralmente opostos se anulam duas a duas. A forga resultante exercida pelo escoamento sobre o cilindro é, portanto, nula. Vejamos agora o que sucede se a este escoamento sobrepusermos um vértice de r . circulago I” situado na origem (potencial complexo ws = >In z). Como as linhas de corrente do escoamento devido a um vértice so circunferéncias concéntricas, conclui-se que a circunferéncia de raio a continuar a ser uma linha de corrente do escoamento resultante, cujo potencial complexo é er 4.2) F ag MZ (4: Este escoamento esta representado na Fig. 4.1, para varius valores da relago A 4naU” Fig. 4.2 mostra como 0 escoamento (14243) se pode obter, pelo método de Rankine, sobrepondo (142) 3 Fig. 4.2. Aplicagiio do método de Rankine para obter as linhas de corrente do escuamento em torno dum cilindro circular com circulagao. Para localizar os pontos de estagnagdo, escrevemos donde se tira -y/ (rye 43 <= GnU | as 43) Podemos agora considerar 3 casos: 47 Caso I: I< 4maU . Fagamos = sin B. A equacio (4.3) toma a forma r 4naU z=a(-i sin B + cos). As duas solugdes so z,=ae7® e z, =-ae'®, correspondendo a dois pontos situados sobre a circunferéncia de raio a, abaixo do eixo Ox, equidistantes do eixo Oy (Fig. 4.3). y Ce ep Caso I: P=4aU . Neste caso B = 1/2, e os dois pontos de estagnagao coincidem com o ponto de intersec¢ao da circunferéncia com a parte negativa do eixo Oy. iE Caso II: P >4maU . Fagamos —— =coshyy . Vird, entéo, z= ia(—coshy + sinh) 4naU a e, jae’. & fécil ver que |z; zo| portanto, ambos os pontos existem no eixo imagindrio, estando um no exterior e outro no interior do efrculo de raio a. Isto significa que a linha de corrente de estagnago se cruza e que hé uma parte do fluido que circula em torno do cilindro sem ser arrastado pelo escoamento principal. Estes trés casos de escoamento estdo representados na Fig, 4.1. Conclui-se da figura que, se T'#0, 0 escoamento deixa de ser simétrico em relagdo ao eixo Ox, embora se mantenha a simetria em relagdo ao eixo Oy. Sera, pois, de esperar que ele exerga sobre 0 cilindro uma forga paralela ao eixo Oy. Vamos seguidamente calcular essa forga. Teremos dw A a? oy eof!) Na superficie do cilindro, vird, substituindo z= ae", dw a e as duas solugdes serio z=-iae’ € z= =e2#), iD oie _ ie(ay sind + 2na 2; r a jaw|* ( ry Zz = i — Vv =e =|2U sind+>—] . A pressio sobre o cilindro sera 48 2 2 pv meas P= po = Po 22 sin +5 As componentes X e ¥ da forga resultante (por unidade de comprimento do cilindro) sero dadas por - ff" v sino ade). Substituindo a expresso obtida para p e tendo em conta que o termo constante py néo pode contribuir para a forga resultante, obtemos, apés ter efectuado a integragao, xX=0, (4.4) Y=pTu. (4.5) Este importante resultado mostra que a existéncia duma forga resultante ndo nula exercida pelo escoamento sobre um corpo cilindrico esta associada a existéncia de circulacao. A ocorréncia duma forga de sustentagio no caso que estamos a tratar — cilindro de see¢dio circular — pode-se explicar facilmente. Quando sobrepomos, ao escoamento sem circulagao da Fig. 4.1a, um escoamento circulat6rio do tipo vértice, com 0 sentido do movimento dos ponteiros do relégio (circulago negativa —T’), provocamos um ‘aumento da velocidade na parte superior do cilindro e uma redugdo de velocidade na parte inferior, 7 ‘ De acordo com a relagaio um = constante , a pressio iré diminuir na parte superior e aumentar na parte inferior, dando origem a uma forga de sustentagio dirigida de baixo para cima. Em escoamentos reais, este tipo de efeito ocorre no caso de cilindros circulares esferas em rotagdio (chamado efeito Magnus) e explica a variaco da traject6ria quando se imprime a uma bola de ténis ou de ping-pong um movimento de rotagao. 4.2. Teorema de Blasius Deixemos 0 caso do cilindro de revolugio e Passemos ao caso mais geral do escoamento em torno dum cilindro de secgao arbitréria (Fig. 4.4). Vamos considerar que 0 escoamento 6 permanente e que F (com componentes Xe ¥) é a forca exercida pelo fluido sobre o corpo (por unidade de com- primento medido perpendi- cularmente ao plano do esco- amento). 49 Seja C um contorno que envolve o cilindro e vamos supor que nao hé quaisquer fontes ou vortices entre C e a superficie do s6lido. Vamos aplicar ao fluido, limitado interiormente pelo sélido e exteriormente pelo contorno C, 0 teorema da quantidade de movimento, ou seja: Forca exercida sobre o fluido = fluxo, por unidade de tempo, da quantidade de movimento através de C. Considerando, primeiro, componentes paralelas a Ox, teremos x -§ pay = I pu(udy-vdx), pois p V(udy-vdx) € a quantidade de movimento que atravessa ds por unidade de tempo. Teremos, portanto x -fpay ~ pf, ulu dy -v dr). Vv 2 Como o escoamento é potencial, e supondo que é permanente, tem-se p= Py ~ P->-»em que se desprezou o termo de energia geopotencial pgz (z = cota vertical). O termo constante pp nao ir contribuir para a forga resultante. Teremos, pois x =f v2dy— pf, uiudy—vde), 46) e do mesmo modo viré a2 y2, v=-ffv ds ~ ph v(udy —vdx). (4.7) Estas expressdes tomam uma forma consideravelmente mais simples se forem dw expressas em fungio de dz e de == u—iv. Se combinarmos as componentes X € y, iz iremos obter xX -i¥ pg (dw) og ( ) de (4.8) Este resultado é conhecido como equagao de Blasius. 4.3. Teorema de Kutta-Joukowski —_— Consideremos agora o caso mais particular em que o escoamento em torno do cilindro é uniforme no infinito. F sabido que qualquer fungaio f(z) se pode desenvolver em série de Laurent em torno do ponto z) =0: F(2)= YiAyz” = Ag + Aye t Age? +t 50 (sendo A, constantes) para |z|>a, admitindo-se que a fungdo f(z) néo tem singularidades fora do circulo |z| =a. dw Se aplicarmos este desenvolvimento & fungdo [=u ~iv, iremos obter dw 2, Ar, Ag Geo Ot Alc Age A Suponhamos agora que, no infinito z=, o escoamento € uniforme, com velocidade u.=U € v.=0 (ou seja, € paralelo a Ox). Ter4, portanto, que ser Ao=U e A,=0 (21). Vejamos agora qual o significado do coeficiente A... Sabemos que f. dw =T'+iQ=T (ver § 3.12, (4.9) equagao (3.47) com Q=0, pois se admitiu que no hé fontes na érea compreendida entre 0 s6lido e a curva C). Entrando com a expresso (4.9), teremos dh A, f.dwag Sete=§ (4p +A em que se supde que a origem das coordenadas z=0 esta no interior do sélido. Aa t.,.]dz= Ay d(In z)= Ay 21, Aa |dee Af. Imediatamente se conclui que P= 27iA_ ou Ay =-— d Podemos agora substituir os dado por (4.9) na equagdo de Blasius. Vird (2) -( emque By= Ag, By =249A4, By X=0, (4.10) Y=-pur. (4.11) Este importante resultado constitui 0 chamado teorema de Kutta-Joukowski, obtido separadamente pelo alemao Kutta em 1902 ¢ pelo russo Joukowski em 1906, ¢ mostra que: (i) @ forga exercida por um escoamento (uniforme no infinito) sobre um corpo cilindrico € perpendicular a direcgéo do escoamento, sendo portanto nula a forca de resisténcia (recorde-se que estamos a considerar escoamento de fluido perfeito, sem viscosidade); (ii) a forga € independente da forma do cilindro e depende apenas da circulacio I; (iii) a direc¢o e sentido da forca obtm-se rodando no sentido contrdrio ao da circulagdo T' 0 vector que representa a velocidade do escoamento no infinito em relagao ao corpo. (Note-se que ¥ € uma forga por unidade de comprimento do cilindro.) 51 5, TEORIA ELEMENTAR DOS PERFIS ALARES 5.1. Introdugao Consideremos, num plano z= x+y, um escoamento, uniforme no infinito, em torno dum circulo de raio R (Fig. 5.1) e centro na origem. Consideremos agora a transformagiio conforme 2 ¢ gan (6.1) Plano & Plano = Fig. 5.1. Escoamento em torno dum circulo e duma elipse. (chamada transformagao de Joukowski ¢ de que falaremos mais adiante), sendo c e R tais atb que R=——, c? =a? —b?. Esta transformagao permite passar do circulo no plano z para uma elipse no plano ¢ = € +in, de semi-eixos ae b e focos nos pontos £ = +c (Fig, 5.1). Uma importante propriedade da transformago (5.1) € que, quando z—yee, (se, g da fare So, ou seja, a uma grande distancia do circulo (no plano z) 0 escoamento € idéntico ao escoamento a uma grande distancia da elipse (no plano 0). Além disso, é facil de ver que, aos pontos A e B, no circulo, correspondem os pontos A’ e BY, na elipse. Consideremos agora, no plano z, um escoamento em torno do cfrculo; 0 escoamento no infinito € uniforme e paralelo ao eixo Ox. No plano ¢, o escoamento correspondente, em torno da elipse, é uniforme no infinito ¢ paralelo ao eixo O€. B evidente que, por razGes de simetria, os pontos de estagnagio, na elipse, serio os pontos A’ e B’, e os pontos de estagnacéio do escoamento correspondente no circulo sao A e B. Nao haver4, portanto, circulagdo (serd 0 caso correspondente a Fig. 4.1.a). Suponhamos agora que 0 escoamento no infinito faz um Angulo a #0 com 0 eixo Ox (e com 0 eixo 08). Neste caso nfo podemos facilmente determinar onde iro ficar 52 situados os pontos de estagnago da elipse (plano £), pois nenhum dos seus dois eixos € paralelo ao escoamento. Por outro lado, o escoamento no plano z nao permite também resolver © problema, pois existe uma infinidade de pares de pontos de estagnacio possiveis, correspondentes a uma infinidade de valores possiveis da circulagéo T em torno do cfrculo (ver $4.1). A cada valor de no plano z corresponde igual valor da circulagao em torno da elipse (ver §§3.12 € 3.13), e também um par de pontos de estagnagio no circulo e um par de pontos de estagnagdo na elipse. Como nao ha nenhum critério que permita determinar I’, nio é possivel resolver o problema Este exemplo mostra que a teoria dos escoamentos potenciais no permite em geral resolver o problema do escoamento em torno de um sélido a nao ser em casos como o do escoamento uniforme em torno de um corpo com um eixo de simetria paralelo a direccao do escoamento (caso da elipse com um dos eixos paralelo ao escoamento). 5.2. Condicao de Kutta Existe, no entanto, um outro caso em que € possivel prever a localizacéio de um dos pontos de estagnago e, a partir daf, determinar o valor da circulacio., Trata-se do escoamento em toro de um corpo, a que chamamos asa, cuja secgiio, perfil alar, tem uma forma alongada, sendo muito pequeno o raio de curvatura na extremidade posterior do perfil (chamada bordo de fuga). No caso em que o perfil esta orientado aproximadamente segundo a direcgiio do escoamento (0 dngulo de ataque € pequeno), verifica-se experimentalmente que nao ha separagdo e que 0 escoamento € dividido, pelo perfil, em duas partes que se encontram junto a0 bordo de fuga, de tal modo que este se pode considerar como um ponto de estagnagdo, Este tipo de escoamento € o que esté representado na Fig. 5.2.b. Fig. 5.2. Condigdo de Kutta no bordo de fuga dum perfil alar. A condigdo é satisfeita no caso (b). Em termos de teoria dos escoamentos potenciais o problema pode ser analisado da seguinte maneira. Consideremos, no plano ¢ = § +i7, um escoamento em toro do cfrculo, representa pelo potencial complexo w = w(6). Dagn T Plane & Fig. 5.3 Seja 2(C) uma transformagiio conforme que permite passar do circulo, no plano ¢, pa um perfil alar, no plano z (Fig. 5.3), € seja z=zp 0 bordo de fuga e ¢p o pon correspondente no circulo (sera zr = z(¢) ). Consideremos os elementos dz, e dzz sob © perfil, na vizinhanga do bordo de fuga, séjam dé, e dé, os elementos correspondent sobre 0 circulo. © angulo a, formado por dz, edz) € a, >, pois estamos a admi' que o perfil é pontiagudo no bordo de fuga. (Ao Angulo t = 2m — or, chamamos dngu do bordo de fuga.) O angulo correspondente no circulo € oy = 7, 0 que mostra que transformagio nfo € conforme no ponto ¢7, que ~serd, necessariamente, um pon singular da transformagéo z=z(¢). Esta relagdo seré da forma (ver §3.10 particularmente, a equacio (3.30)) z=(-¢7)"£(¢)+constante, (5.2) sendo f’(¢p) #0, € 0 expoente n é dado por a, 2n-Tt a= = ——. (5.3) ane 6.3) A transformagGo em geral tem varios pontos singulares, que sdo as solugdes ¢ dz equagdo 777 = 0. Um destes pontos deverd, pois, existir sobre 0 circulo e os restantes 1 interior do cfrculo, a fim de que a transformagao da regitio do escoamento exterior @ cfrculo seja conforme em todos os pontos . -iv, no plano dw a A velocidade seré dada por —>=uy —ivg no plano ¢ e — Por Ge = uz ive no pl g ad sendo 54 Deste modo, para a velocidade no bordo de fuga, teremos (2)... “(Z),, [-] Seng, dz . dw aw . Como 7e=0 para £= Cy, sera =o, a menos que seja ae = 0 Terk pois que ser dw) | =0, (5.4) (2), © que significa que o ponto ¢, deverd ser um Ponto de estagnacao do escoamento em torno do circulo. Este importante resultado € conhecido na literatura como condigao de Joukowski, condi¢do de Kutta, condigéo de Kutta-Joukowski ou de Joukowski-Tchapliguine. 5.3. Nomenclatura Chamamos superficie sustentadora (aerofoil na literatura inglesa, airfoil na literatura americana) @ um corpo com uma forma aproximadamente plana ou ligeiramente encurvada, cujo movimento, em relagio ao fluido, dé origem a uma forga sustentadora perpendicular & direc¢o do movimento. O exemplo mais conhecido € a asa de aviio. Particularmente importante em engenharia mecdnica € 0 caso das pas das turbomdéquinas Lhe Fig. 5.4. Asas. A maior dimensdo medida perpendicularmente a direcg¢Z0 do movimento chamamos envergadura b (span em inglés) (Fig. 5.4). A secgao recta chamamos perfil (profile), que 55 pode ser constante (Fig. 5.4a) ou variar ao longo da envergadura (Fig. 5.4b,c). Alongamento (aspect ratio) define-se como sendo a relagio A= b? /S, em que S$ € a drea projectada da superficie sustentadora (Fig. 5.4d) Fig. 5.5. Corda dum perfil. Consideremos agora a nomenclatura para o perfil. Dé-se o nome de corda (chord) & recta tangente em dois pontos & linha que limita inferiormente o perfil. Esta definigdo nao € geral e por vezes toma-se como corda outra linha definida duma maneira mais ou menos arbitréria. Se o perfil € simétrico, toma-se como corda o eixo de simetria (Fig. 5.5). As partes anterior e posterior do perfil chamamos respectivamente bordo de ataque L (leading edge) e bordo de fuga T (trailing edge). Valor da corda ou simplesmente corda ¢ (chord) € 0 comprimento medido paralelamente & corda, limitado por duas normais & corda que tocam os bordos de ataque e de fuga. Esqueleto (camber line, skeleton) € 0 lugar geométrico dos centros dos cfrculos inscritos no perfil (Fig. 5.6). Espessura mdxima d€0 diametro do circulo maximo. Espessura relativa é a relagao d/c. Flecha maxima f € a distancia maxima entre o esqueleto e a recta que une as extremidades do esqueleto (Fig. 5.7). Angulo de ataque o € 0 Angulo entre a corda e a direcg’o do escoamento, no infinito, do fluido em relagao a superficie sustentadora (Fig.5.8). C= Ge Fig. 5.7. Flecha. Veo —s = Us — a Fig. 5.8. Angulo de ataque. Fig. 5.9. Forgas de sustentagao e resistencia A forga exercida pelo escoamento sobre a superficie sustentadora pode decompor-se em duas componentes (Fig. 5.9): sustentagdo L (lift) perpendicular a direcgao do escoamento no infinito, e resisténcia D (drag) paralela & direc¢do do escoamento no infinito. Definimos os seguintes dois coeficientes adimensionais: —e ypu?s’ D coeficiente de resistencia Cp ==—z~ zpurs coeficiente de sustentagdo C, = sendo Sa drea projectada da superficie sustentadora e U a velocidade do escoamento no infinito. escoamento em torno de uma asa de envergadura finita é sempre tridimensional, ainda que o perfil seja constante ao longo da envergadura. Efectivamente, devido & diferenga de pressGes nas faces inferior e superior da asa (responsdvel pela existéncia de sustentacio), forma-se nas extremidades da asa uma corrente de fluido ascendente que dé origem a um sistema de turbilhdes que se desprendem da asa (Fig. 5.10), e que por sua vez iré afectar todo 0 escoamento na proximidade da asa. SS _N Xb y US ys & ‘a car Fig. 5.10. Asa com vortices de extremidade. O escoamento sera aproximadamente bidimensional para secgdes suficientemente afastadas das extremidades no caso de asas de perfil constante e grande alongamento. Serd a este caso que nos iremos referir seguidamente, deixando a andlise dos efeitos tridimensionais para um estudo mais aprofundado do problema. No caso do escoamento bidimensional, os coeficientes de sustentagio e resisténcia tero a forma a= (3.5) YT pure’ ° 2 5.6 “p= A 2 Toph 6.6) sendo c a corda do perfil, e L e D a sustentagdo e a resisténcia por unidade de envergadura. Vimos que, no caso de um escoamento potencial plano, a forga é puramente de sustentacdo, ou seja, D=0 (teorema de Kutta-Joukowski, §4.3). A existéncia de uma 57 forga de resisténcia D>0 deve-se, pois, & viscosidade e aos efeitos tridimensionais (alongamento finito, perfil varidvel ao longo da envergadura). No caso de escoamento de fluido real, em geral os coeficientes c, © cp so quase independentes da velocidade U, ou seja, variam pouco com o ntimero de Reynolds, mas variam fortemente com o Angulo de ataque, como seria de esperar. O coeficiente cy aumenta com @ até um valor m4ximo, correspondente ao Angulo de ataque critico, que marca o aparecimento de separagao do escoamento no extradorso do perfil. A partir deste valor, cz passa a diminuir e cp aumenta rapidamente. Para valores de @ inferiores ao valor critico, ¢, é uma fungdo aproximadamente linear de a, anulando-se para um valor de a@ chamado Gngulo de sustentagéo nula. O coeficiente cp € sempre positivo em escoamento real e em geral muito menor do que c,, ¢ € normalmente minimo para um valor de a proximo do Angulo de sustentagao nula. Os valores de cz € cp, € por vezes a relagdo cz / Cp , obtidos experimentalmente para um dado perfil, so muitas vezes apresentados sob a forma de gréficos em fungdo do Angulo de ataque a (Fig. 5.11). Entre as séries de perfis mais conhecidos citamos os perfis Géttingen (alemaes) e os perfis americanos NACA (veja-se a seco 5.6, & frente). wissy SoS SS TS RS Ct ! : OEP POLE OLD Ew IE Fig. 5.11. Valores de c,, cp e L/D em fungdo do Angulo de ataque para um perfil Gottingen 387. 5.4. Transformacio de Joukowski Vamos seguidamente considerar a mais simples das transformagdes conformes que permitem passar do circulo, no plano ¢, para um perfil alar, no plano z: 6.7) 58 2 -%» (f-b que se pode esorever também = -(=) : (5.7.a) z+2b \C+b) 2 2 ow ainda Eo ay Cos, (5.7.6) dz b Para obter os pontos singulares, fazemos > = 0 = 1- Frou sei ag Sab. (5.8) Substituindo estes dois valores na equacdo (5.7), obtemos, para os pontos correspondentes no plano z, z=i2b (5.8.a) O circulo a que iré corresponder o perfil — chamado circulo gerador — deveré, pois, passar pelo ponto = +b, ficando o outro ponto singular, ¢ =-b, no interior do circulo (b supde-se real e positivo). Comparando a equacio (5.7.b) com (5.2), € facil verificar que o expoente é n=2, donde resulta que 0 angulo do bordo de fuga do perfil iré ser T=0, ou seja, as linhas que Jimitam superior e inferiormente o perfil serdo tangentes entre si no bordo de fuga (ver equagao (5.3). Se fizermos tender ¢->», a equiago (5.7) mostra que ze € que dz/df — 1, ou seja dw/dz— dw/dg. Isto mostra que, a uma grande distincia do circulo e do perfil correspondente, a velocidade dos dois escoamentos € igual em médulo e em direcgao (em relagdo aos sistemas de eixos OEn e Oxy). Vamos entéo considerar 0 circulo gerador no plano £, com raio a e passando pelo ponto C=+b. Seja fio angulo que o raio do circulo, correspondente a ¢=+, faz com o eixo real O& (Fig. 5.12). Vamos supor que o escoamento no infinito tem velocidade U, e que as suas linhas de corrente formam um Angulo o com o eixo real O& (este Angulo ird ser o Angulo de ataque do escoamento em torno do perfil). A circulagéo T em toro do cfrculo deveré ser tal que 0 ponto ¢=+b seja um ponto de estagnagio (condigao de Joukowski, §5.2). Para isso deverd ser ~T=4naU siny = 4zav sin(a + B) (5.9) (ver §4.1, caso I), Aplicando o teorema de Kutta-Joukowski, obtém-se L=—pUT =4zpa” sin(o +), (5.10) sendo L a forga de sustentagao por unidade de comprimento do cilindro. L sera também a forga de sustentagio do perfil por unidade de envergadura, pois a transformacao conforme nao altera U (no infinito) nem a circulag&o I" (ver §§3.12 e 3.13) A sustentagao sera nula quando for @=~B, ou seja, quando a velocidade no infinito for paralela a CT. O coeficiente de sustentagao sera 59 Fig. 5.12 a =T7, = 84—sinla+ B). 5.11 = Tyga = 8 cine +B) (6.11) Teremos agora que relacionar as grandezas ae B com a forma geométrica do perfil. 5.4.1. Primeiro caso particular: centro do circulo sobre On). Perfil sem espessura, Vamos considerar primeiramente 0 caso em que o centro do circulo gerador esté situado sobre 0 eixo imaginério On. O circulo passaré, pois, pelos dois pontos singulares da transformagao ¢ = tb (pontos Te L na Fig. 5.13), Por uma questo de conveniéncia da construgao geométrica, vamos sobrepor os planos £e z, de tai modo que os eixos O&e On coincidam com Ox e Oy respectivamente (Fig. 5.13). Aos pontos T e L (¢ = 4b) iro corresponder os pontos 7’ e L’ (z = +2b) (ver equagies (5.8) ¢ (5.8.a)). Seja P um ponto genérico do plano ¢ sobre o cfrculo gerador e 6 =4ngulo(TPL), e seja«’087653to correspondente no plano ze 6’ =4ngulo(7"P'L’). Vamos mostrar que é 6” = 20. Sejam entao o% e a os angulos dos vectores TP=—b e LP=C+b,e ae 0% os Angulos dos vectores correspondentes no plano z: T’P’=z—2beL’P’=2+2b (Fig. 5.14). Lv L ° T T Bob eb eb eb Fig. 5.14 & i “ b - - , 4 E evidemte que @=0;~a3 seri o angulo do vector Fp 8’ =af—a seré 0 anes Angulo do vector ———-. De facto, se z; = ne", zy =re'% , serd = Agila) z+2b Qt gus) é fécil ver que o Angulo do vector (3) £20 Gos exer, od gt ore, Da equacdo (5.7.a) conclui-se imediatamente que 6’ = 2. Como o ponto P existe sobre 0 circulo, seré @=constante e, portanto @’=2@=constante, pelo que se conclui que, enquanto 0 ponto P descreve o arco de citculo TPL acima do eixo O€, 0 ponto P' descreve um arco de circulo de raio maior, passando pelos pontos 7" e L’ (Fig. 5.13). E facil mostrar que, a parte inferior do circulo do plano ¢, corresponde, no plano z, um arco de circulo coincidente com o primeiro. Portanto, ao circulo gerador corresponde um perfil sem espessura com a forma dum arco de circulo e cordac = 4b. 61 b é Da Fig. 5.13 tira-se a= . Substituindo este valor nas equagdes (5.10) e cosB 4cos (5.11), iremos obter = 2 sin(oc+ B) 2 7 L= mpeg = mec (a+), (5.12) sin(o + B) . =2n——= 13) cy, =20 cos = 2n(a+B) (5.13) Fig. 5.15. Primeiro caso particular: perfil sem espessura. E, por vezes, mais conveniente utilizar a flecha f ou o raio de curvatura R em vez do Angulo B. Utilizando relagdes geométricas simples (Fig. 5.15), é facil verificar que o Angulo(O7'A)=P=angulo(OTC). O raio do arco de circulo é R= Sinzp? © f=2btan B. Substituindo em (5.13), obtemos 2. 2. cr =2a{sina+7Lcosa)=a(a+2), (5.14) . c ¢ cy =2n sina-+ Fe pp eos = dnote (5.15) 62 5.4.2. Segundo caso particular: centro do efreulo sobre O€; perfil simétrico Vamos agora considerar 0 caso em que o centro do circulo gerador fica na parte negativa do eixo real, num ponto £ = —be, sendo e< = 1-a-+ 07? — a+...) e substituindo e = cos6 + isind , obtemos z= 2bcos6 + be(cos26 — 1) + ibe(2sin@ — sin 26)+..., (5.18) em que se desprezam as poténcias de ¢ de expoente igual ou superior a 2 O perfil obtido no plano z € simétrico. Com efeito, se, na equagao (5.17), separamos z na parte real e parte imagindria, verifica-se facilmente que x(0)=x(-@) e 9(8) =—y(-8). Vejamos qual o valor da corda. Sera c=2b-z(@=-m) (em que —2(0 =z) € a distdncia da origem ao bordo de ataque). Utilizando a equagdo (5.18), obtemos (5.19) Para obter o valor da espessura maxima d, recorremos novamente & equac&o (5.18). Vird d a . , © © valor de correspondente seri a solugio de > (2sin8~sin26) =0 ow seja = Ynax = be(2sinO — sin 26) max » cos@=cos2@ ou ainda @=2n/3. Com este valor obtemos yma, =(3V3/2)bE e, portanto, a espessura relativa sera ae 38, =1,299e. (5.20) c "a _ Dd(l+e) d i fio (5. oil = Soon | obt Se substituirmos, na expressdo (5.11), b=0.e © =F" = 2 1+ Tagg |» abtemos 0 coeficiente de sustentacio do perfil d d cL= 2a +0,77 sine = aa{ +0775 a (5.21) O efeito da espessura é, pois, aumentar ligeiramente o coeficiente de sustentagdo. Note-se que, na realidade, este aumento teérico é, pelo menos em parte, compensado pelo aumento dos efeitos devidos A viscosidade. 5.4.3. Caso geral: perfil assimétrico Para obtermos um perfil assimétrico, o centro do cfrculo gerador deverd ficar situado fora do eixo real O€ © a esquerda do eixo imaginatio On, de modo a que 0 ponto singular = -b fique no seu interior. dy Fig. 5.17. Caso geral: perfil assimétrico. Vamos entdo colocar 0 centro C num ponto A distancia be do eixo On, e seja Bo Angulo(OTC). Como apenas nos interessam perfis em que a curvatura do esqueleto e a espessura relativa sejam pequenas, os parametros € e deverio ter valores pequenos. Poderemos entdo dizer que f determina a curvatura do esqueleto e que € determina a espessura relativa d/c do perfil. Em primeira aproximagao, o esqueleto do perfil serd, pois, 0 arco de circulo de raio R=2b/sin2B passando por z=+2b (resultante da transformagio do cfrculo centrado no ponto C,). A espessura relativa do perfil sera d_3V3 Tag & (em que transformagao do circulo de centro em C. O coeficiente de sustentago obtém-se combinando as equagées (5.13) e (5.21) e é =4b), que € a espessura relativa do perfil obtido por (5.21) 2. ea , sendo c e fa corda e a flecha do perfil (ver §5.4.1). one pd A Fig. 5.18 mostra valores experimentais da distribuigo de presso em torno dum perfil de Joukowski assimétrico, comparados com valores obtidos teoricamente aplicando a transformagio de Joukowski ao escoamento, potencial em torno dum circulo. As diferengas entre os resultados experimentais e os tedricos so devidas aos efeitos da viscosidade, que foram desprezados na andlise tedrica. Na Fig. 5.19 esto representados os resultados experimentais € tedricos obtidos para 0 coeficiente de sustentagéo c, em fungao do Angulo de ataque @. Tal como na Fig. 5.18, a concordancia é relativamente satisfatria, particularmente na regiao de Angulos de ataque pequenos. Os valores medidos para c, sdo menores do que 0s tedricos, 0 que se deve ao efeito da viscosidade. 5.5. Outros tipos de perfis A transformagio de Joukowski apenas permite dois graus de liberdade (€ e B) na escolha da forma do perfil. Além disso, nos perfis de Joukowski, o angulo do bordo de fuga € sempre nulo, T=0, 0 que evidentemente tora dificil a sua realizagao pratica. Para evitar estas limitagdes e inconvenientes, foram estudadas e aplicadas outras transformagdes, em geral com mais do que dois pontos singulares, ficando um deles situado sobre o circulo e os restantes no interior. Entre as mais conhecidas, citamos as transformagées de von Mises e de Kérman-Trefftz. © problema é mais complicado quando se pretende estudar teoricamente o comportamento de um perfil cuja forma é dada, pois a transformacdo conforme que o transforma num cfrculo nao é geralmente conhecida. O método cldssico é devido a Theodorsen e consiste em aplicar uma primeira transformacdo, do tipo de Joukowski ou outro, de modo a transformar o perfil numa curva tZo préxima quanto possivel dum circulo e, depois, por transformagées sucessivas, transformar a curva obtida num cfrculo. Na Fig. 5.20 esto comparados os resultados obtidos deste modo (curva a cheio) para a distribuigdo de pressdo sobre um perfil NACA 4412, com os valores experimentais. As curvas a traco interrompido representam os valores te6ricos depois de corrigidos por um factor correctivo obtido por comparagio dos valores teérico e experimental da sustentagaéo L. A concordancia da curva corri; perfeita. ida com os valores experimentais € quase 14 12 ‘s 10 tte é 08 & V “eWay os & 0 = OO Fig. 5.19 - Comparagao entre resultados teéricos € v experimentais para 0 coeficiente de sustentagéo dum perfil de Joukowski. Y ' li I ! ! y / I J i J y Fig. 5.18 - Comparagdo entre resultados tedricos experimentais para a distribuigo de pressao sobre um perfil de Joukowski. —— Theoretical 1 -20 Theoretical modified | BY ] © Experimental -15 F234 r Pore 1 10 T : aes ! Upper surface $pu? ~05;}-— ns j | ] 1 oe I ti 1 Pe O T T eae ee ee DR f ‘Lower surface | | | an64? 10-5 r TS = Upper surface] | 9s SET | P=Pw 4 ! | je Pe an aga ee ee you Lower surface ° a 12° vol | L | = “05 -04 -03 -02 -01 p 01 02 03 04 05 ale a. Je Fig. 5.20. Comparagdo das distribuigdes de pressio em torno dum perfil NACA 4412 obtidas teoricamente (método de Theodorsen) e experimentalmente. 5.6. Alguns tipos de perfis utilizados na pritica As primeiras investigagées sistemdticas de perfis foram efectuadas no Instituto de Investigagao Acrodinamica de Gottingen (Alemanha) de 1923 a 1927, em cerca de 40 perfis de Joukowski, Como vimos, os perfis de Joukowski constituem uma familia com dois pardmetros (espessura relativa d/c e flecha relativa f /c). A linha de esqueleto é um arco de circulo, sendo nulo o Angulo do bordo de fuga. As séries de perfis mais importantes foram desenvolvidas, a partir de 1933, na NACA (National Advisory Committee for Aeronautics, posteriormente NASA: National Aeronautics and Space Administration), nos BUA. Apresentamos seguidamente algumas das séries NACA mais frequentemente usadas. Para uma descrigao pormenorizada das caracteristicas geométricas ¢ acrodindmicas destas ¢ doutras séries NACA, consultar 0 livro de Ira H. Abbott e Albert E. von Doenhoff, Theory of Wing Sections, Dover, New York, 1959. 67 5.6.1, Perfis NACA com 4 digitas (a primeira série NACA, 1933) A distribuigao da espessura é baseada em perfis mais antigos. A titulo informativo, apresentamos a equagao que dé a ordenada y em fungdo de x (bordo de ataque x=0, bordo de fuga x=1) e da espessura méxima d (para um perfil simétrico): H ye Glo2ss0z —0,12600x~0,35160x? + 0,28430x? - 0,10150x*) A linha de esqueleto (para perfis nao simétricos) é constitufda por dois arcos de parabola concordantes no ponto de flecha méxima, cuja abcissa € x». A designagao de cada perfil desta série é baseada na geometria do perfil e constituida por um mimero de 4 algarismos (por exemplo NACA 2415). O primeiro algarismo dé o valor de f /¢ em percentagem. O segundo algarismo indica o valor de 10x_,/c. Os dois tiltimos algarismos dio a espessura relativa (em percentagem da corda). No caso do perfil NACA 2415, tem-se f1C= 2%, X,/c=04 ¢ d/c=15%. 5.6.2. Perfis NACA com 5 digitos A distribuicgao de espessura é idéntica & da série anterior. A linha de esqueleto tem curvatura decrescente desde 0 bordo de ataque até ao bordo de fuga, sendo rectilinea (curvatura nula) a partir de um ponto situado ligeiramente a jusante do ponto de flecha maxima, Cada perfil € designado por um ntimero de 5 algarismos. O primeiro algarismo 2 44 0 valor aproximado de $x 10c, (c= coeficiente de sustentago de projecto). Os segundo e terceiro algarismos dio 0 valor de 2x», X100/c. Os tiltimos dois algarismos tém o mesmo significado que na série anterior (d/c em %). Por exemplo, o perfil NACA 23012 tem um valor de projecto ¢, =0,3,e f/c=15%, d/c=12%. 5.6.3. Perfis NACA da série 6 Trata-se de uma série de perfis mais recentes, que foram estabelecidos de modo a obterem-se melhores caracteristicas no que respeita a resisténcia aerodinamica, mimero de Mach critico e coeficiente de sustentagao maximo. A distribuigéo de espessura (y= y(x) para o correspondente perfil simétrico) é ligeiramente diferente da que referimos para a primeira série, sendo agora y/d_funcio, nfo s6 de x, mas também de d/c. A linha de esqueleto € escolhida de modo a que a carga (diferenga de presséo entre as superficies inferior e superior, ou intradorso e extradorso) seja aproximadamente constante desde 0 bordo de ataque até ao ponto x/e=a, decrescendo linearmente até zero desde esse ponto até ao bordo de fuga. A designago de cada perfil € constitufda por um conjunto de 6 algarismos, sendo o Primeiro 0 algarismo 6, seguido da indicagao do tipo de linha do esqueleto. O seu significado pode ser compreendido a partir do seguinte exemplo: 68 NACA 65,3-218, 6 - indicagao da série; 5=x,/10c, sendo x, a abcissa do ponto de pressio m{nima para o correspondente perfil simétrico com Angulo de ataque nulo (trata-se duma indicago da distribuicao de espessura); = gama de valores de ¢, (multiplicado por 10) acima e abaixo do valor de c, de projecto, em que existem gradiantes de pressdo favordveis no intradorso e no extradorso (baixo coeficiente de resisténcia); 10c,, sendo c, 0 coeficiente de sustentagdo de projecto; 18=d/100c; a=05 (ver acima) define 0 tipo de linha de esqueleto (quando esta especificagao nao € fornecida, admite-se que a = 1,0, ie. carga uniforme). A partir dum perfil da série 6 basica, € possivel criar outros com distribuigdes de espessuras (relativas) modificadas apenas por um factor de escala. Por exemplo, a partir do perfil NACA 65,3-217 a=0.5 (com d/c=17%), € possivel obter a forma do perfil NACA 65(318)-217 a=0.5, em que d/c=18% (e que ndo é exactamente idéntico a0 perfil NACA 65,3-218 a=0.5, embora tenha a mesma espessura relativa méxima: 18%). Outra série mais recente, obtida por modificagao da série 6, distingue-se por, na sua designacdo, ter 0 algarismo que precede a virgula (ou os trés algarismos entre paréntesis) em posigao de indice inferior. Por exemplo NACA 653-218 a=0.5, ou NACA 65,318-217 a=0.5. Para perfis com d/c< 12% , em geral, a gama de valores de c, (acima e abaixo do cz de projecto) em que cp se mantém baixo é inferior a 0,1, omitindo-se entio o correspondente algarismo (o terceiro). Por exemplo: NACA 65-211 ou NACA 65;107211. O segundo destes dois perfis foi obtido a partir do primeiro multiplicando a distribuigéo de espessura pelo factor constante 10/11. Algumas modificagdes da série 6 da NACA sio designadas substituindo 0 hifen por uma letra maitiscula, como por exemplo NACA 64)A212. Neste caso, a letra A indica a io de espessura modificada e também o tipo de linha de esqueleto utilizados neste perfil. Perfis designados pela letra A so aproximadamente rectilineos no intradorso eno extradorso desde cerca de x/c=0,8 até ao bordo de fuga. A Fig. 5.21 mostra valores experimentais dos coeficientes de sustentagdo cz, ¢ de resisténcia cp para um perfil NACA 65-410 (veja-se LH. Abbott, A.E. von Doenhoff, Theory of Wing Sections, Dover, New York, 1959). 79 oedeyua\sns ap o]Ua191¥909 ot. ey e ¢ o yy 8 8 s ssouyBno1 prepwess J01x0'9 9 501x0'6 O 01X09 D. 0X0 O ou oe $ 8 920 eco’ 8 29 eIOUgISISEI Op B]UOTOIJ209 o7 a a e a 2. i “sapepisosns sowualayip 9 spjouXay ap orauNU Op Sa10TBA SOLPA ered steiuampadxe sopeynsey “OTp-S9 VOWN [ied umn ered Jp wrougisisax ap 9 79 ovSeiuaIsns ap SaluataIya0o sop ORS A “[7'S “Su (snei8) 20 onbeye op ojnsug bz ot 8 ao ae = x 97 ]UI]SNS Bp BUSIOTZ909 79 opde: 70 Exercicios 1. Verifique, num sistema de coordenadas cartesianas, a identidade vectorial ye (V-V)V= ox(S)- VxrotV. 2. Considere o escoamento de um fluido perfeito incompressfvel definido pelo seguinte - campo de velocidade num sistema de coordenadas cartesianas com a coordenada z vertical positiva no sentido de baixo para cima: Vz =ay, Vy=V,=0, -0 (com areal positive) ou 53 73. donde resulta z= +a. Conclui-se que existem dois pontos de estagngao na parede: x= #0,» =0, No mbito do caso A, podemos considerar duas situagGes distintas: Caso Ar 2 u>22, donde se conclui a a. CasoB @ 28-0, ou = 22, donde se conclui z= 0. Existe um tinico ponto de estagnacao, situado na parede em x = 0. Caso C 20 o2 224-6230 (comPreal positive) ou 0a), havendo uma recirculago total de agua. Este caso € idéntido ao da Fig, 3.24(2) do texto de apoio (com a diferenga de que as posigdes da fonte e do pogo esto trocadas). Tem interesse calcular, no caso C, qual a parte de caudal que recircula, ou seja, qual a parte do caudal devolvido ao rio que volta a entrar na tomada de 4gua. Sabemos que 0 caudal que passa entre duas linhas de corrente y= Wye Y= V2 €dado por Y2 — Wi. Sendo assim, 0 caudal devolvido ao rio que no recircula (ou seja que € arrastado pelo rio para juzante) € Q’= y, — 1, emque y= Wy €a linha de corrente coincidente com a margem que fica a direita da saida de agua (ou seja, y=0,x >a) ¢ Y= We éalinha de corrente que une 0 ponto de saida de agua (fonte) x=a,y=0 ao ponto de estagnagio x= 0, y=. Comecemos por obter a expressio de y. Podemos escrever 74 Q w=Uz+ (z— a-2ine+a) =0e+ n= ]-02+2lm Re al 24a aL Re 22+ 2in 8 4 25, - aes a tet &), em que RaVe-aP+y, R=Ve+aP+y’, 6-2, 8=—. Obtemos entao grue+ On, v=Uy+2(5,-&), Para a parede (y = 0) obtemos entio @ x>a, &=0, 6=0, Q) -a. Nota - Se imaginar que a fonte é, por exemplo, uma saida de esgoto, e ignorar a difusdo turbulenta e molecular, pode admitir (para efeitos de significado fisico deste escoamento) que a linha de corrente de estagnago separa a zona de dgua limpa da zona de égua contaminada. @ 15. (Exame de 3.7.1996) O escoamento produzido por uma ventoinha a uma distancia suficientemente grande desta pode ser descrito por um dipolo de intensidade orientado segundo o eixo de rotagao da ventoinha. Admita por simplicidade que o escoamento se pode considerar bidimensional. a) Escreva a equagao do potencial complexo do escoamento w(z) (em que z=x-+iy=re é a varidvel complexa) produzido por um dipolo isolado situado na origem, sabendo que a distincia r= 1 da origem a velocidade tem em médulo o valor U. b) Considere, agora, a sobreposicao dos escoamentos produzidos por dois dipolos de intensidades j1 e Bu orientados segundo os angulos a e a2 coma direcedo positiva do eixo Ox e Colocados nos pontos a € ap, respectivamente. b1) Se os dipolos se encontrarem na origem (a=a)=0), tiverem a mesma intensidade (B=1) e os seus vectores intensidade forem perpendiculares (por 79 exemplo @=U € Q@)=2/2), mostre que o modulo da velocidade sobre uma circunferéncia de raio r=1 € V2. Esboce as linhas de corrente do escoamento, indicando qual a sua forma. b2) Considere 0 caso em que @=2, O2=0,e a =a, a,=-a coma real. Determine a localizaco dos pontos de estagna¢ao, considerando separadamente os casos B=1e fh #1. Esboce as linhas de corrente dos escoamentos para os casos B=1¢ B=2. 16. (Exame de 19.7.1996) Pretende-se estudar as caracteristicas aerodinamicas dum perfil de Joukowski em escoamento bidimensional (plano) de fluido perfeito incompressfvel, partindo da solugdo do escoamento em torno dum cilindro circular e aplicando a transformacao de Joukowski. O perfil de Joukowski € simétrico ¢ com espessura finita. A corda do perfil € igual a c e a espessura méxima é d. O plano do perfil € z= x-+iy eo plano do circuloé (= E+in. a) Escreva a equago da transformagiio de Joukowski a utilizar, e defina o circulo (raio e coordenadas do centro), tendo em consideragao que sio dados os valores da corda c e da espessura maxima d do perfil. : b) Considere a sitag&o em que o Angulo de ataque € 4° (0,0698rad), e c=4m, d/c=0,13. Defina as coordenadas do ponto de estagna¢io (distinto do bordo de fuga ou do correspondente ponto no circulo): by) no plano £ do cfrculo; bz) no plano z do perfil. c) Suponha que pretende obter a curva representativa do coeficiente adimensional de pressio PrP $0U' (do tipo das curvas representadas na, Fig. 5.20 do texto de apoio) para valores conhecidos do Angulo de ataque a, da corda c e da espessura relativa d/c. Na expressio acima, U representa a velocidade do escoamento no infinito, p € a pressio (estética) sobre o perfil Po = Poo + 4pU*é a pressao total do escoamento ( p,.=pressao estatica no infinito). Indique como poderia obter teoricamente os valores pedidos, justificando sumariamente, numa sequéncia Idgica e clara. Apresente as expressdes e indicagGes para o cAlculo que possam ser entregues a um programador (nao familiarizado com a teoria do escoamento potencial ou a teoria dos perfis) para efeitos de computagio. Cp= 17. (Exame de 18.6.1997) Considere 0 escoamento em torno de um diedro convexo formado por duas paredes rectilineas semi-infinitas, formando entre si um angulo 7, como se mostra na figura. Admite-se que o fluido é perfeito e que o escoamento é potencial plano. A velocidade do escoamento sobre a parede a distancia a do vértice é U com o sentido indicado na figura. 80 Escoamento U a Escreva uma expressio para o potencial complexo do escoamento em funco de U , a ¢ 7. Indique claramente a orientagao dos eixos do plano complexo z= x-+iy que adoptou. b) Determine a equacdo das linhas de corrente do escoamento em coordenadas polares. ©) Calcule 0 médulo da velocidade sobre a parede nos seguintes pontos: cl) a distancia a/2 do vértice; c2) no vértice. d) Suponha que pretende substituir as paredes rectilineas por uma parede curva coincidente com a linha de corrente y = const =y,. Sabendo que sobre a linha de corrente a velocidade maxima nao deve exceder 1,51 , determine para y =15°, a=1 a) meU=l ms": d1) a localizagio do ponto de velocidade maxima d2) a equago da linha de corrente | Sugestio: Utilize coordenadas polares ¢ note que 0 médulo da velocidade depende apenas da distancia ao vértice, pelo que atinge o valor maximo no ponto da linha de corrente que se encontra mais préximo do vértice. 18. (Exame de 2.7.1997) Considere 0 escoamento junto a margem dum rio. A margem é uma parede vertical plana. O fundo é plano e horizontal, e o escoamento supde-se bidimensional. Para efeitos de resolugao desta questo, pode supor-se que a outra margem do rio esté infinitamente distante. O escoamento do rio tem velocidade uniforme U. Na margem, existem, nos pontos A e B (distantes entre si de a), saidas para o rio de efluentes poluidos, com caudais Q, © Qp respectivamente (por unidade de profundidade de 4gua). Suponha que so desprez4veis os efeitos de difuséo molecular e de difusao turbulenta, de modo que (em representacao bidimensional) a zona de agua poluida proveniente de A, a zona de 4gua poluida proveniente de B, e a zona de gua “limpa” do rio esto separadas por linhas bem definidas. Admita que a questo pode ser resolvida com base na teoria do escoamento irrotacional plano, e utilize singularidades para representar as safdas de agua em A e B. Identifique claramente as coordenadas que utiliza. a) Considere a situagao em que QO, >0, Q, =0. Determine a localizagao do ponto (distancia L ao ponto A), na margem do rio e a montante de A, onde fica a separago entre dgua “limpa” ¢ agua poluida proveniente de A (note que L € funcdio de Ue Q4). Represente aproximadamente a forma das linhas de corrente, indicando a localizag&o do ponto ou pontos de estagnacdo e da linha ou linhas de corrente de estagnacao (0 modo como faz esta representacao ser4 contado para efeitos de classificagao). 80.0 b) Considere a situagdo em que Q,>0, Og >0. Mostre que, se Op -Q, =1Ua/2, existe um ponto de estagnacao, na margem, entre A e Be equidistante de A e B. c) Considere a situagaio em que Q, =z =O >0. c.) Determine a localizacdo do ponto ou pontos de estagnagio do escoamento. Represente aproximadamente a forma das linhas de corrente, incluindo em especial a linha ou linhas de corrente de estagnacio (0 modo como faz esta representaco sera contado para efeitos de classificac&o), c)Considere 0 escoamento a uma grande distincia a juzante dos pontos A e B. Determine a distancia, a margem, da linha que separa a 4gua polufda proveniente de A da agua poluida proveniente de B; idem para a linha que separa a égua “limpa” da gua poluida proveniente de A. 19. (Exame de 21.7.1997) Considere o escoamento bidimensional incompressivel dum fluido perfeito em tomo dum perfil sem espessura e sem curvatura (placa plana). O escoamento de aproximacdo € uniforme, com velocidade U, fazendo um Angulo de alaque @ com 0 perfil. A corda do perfil € c. Admita que € satisfeita a condigao de Kutta no bordo de fuga. a) Defina a transformac&o conforme que permite estudar 0 escoamento em torno do perfil a partir do escoamento em toro dum cfrculo. Utilize as seguintes variaveis complexas: z=x+iy no plano do perfile ¢ =&+in no plano do cfrculo. Defina ainda a posig&o do perfil e do circulo nos respectivos planos. b) Admita que U =50m/s, c=1m, & =8° ¢ p =1,2kg/m* (massa especifica do ar). b,) Determine a localizagao do ponto de estagnago sobre o perfil. (Nota: este ponto nao coincide com o bordo de fuga.) b,) Determine a localizagao do ponto de velocidade maxima sobre o circulo e a localizagio do ponto de velocidade maxima sobre o perfil. (Nota: se nao utilizar cAlculos, justifique devidamente a resposta.) b;) Calcule a diferenga de pressdo entre as duas faces.da placa a meio do comprimento da corda (ou seja num ponto equidistante entre os bordos de ataque ede fuga). 20. (Exame de 18.9.1997) Considere um aviio em véo rectilfneo horizontal com uma. velocidade U, em ar a 20°C (massa especffica p=1,205kg/m? e viscosidade cinematica v =1,50x107> m/s). O peso do avido é de 35 200 N e € suportado por duas asas de forma rectangular em planta com corda c=1m e envergadura b=4m cada uma. Os perfis alares que constituem as seccdes das asas possuem 0 mesmo Angulo de ataque em relago ao escoamento de aproximagdo e tém todos a forma de um perfil de Joukowski com espessura méxima relativa d/c=0,10 e flecha maxima relativa f /¢=0,02. Admita escoamento bidimensional em tomo dos perfis da asa e despreze 0s efeitos da viscosidade. a) Determine o angulo de ataque dos perfis da asa que se verifica para uma velocidade do avido U =120 m/s. b) Determine a circulagdo do vector velocidade em tomo do perfil da asa nas condigées da alinea a). Como interpreta fisicamente a sustentagdo gerada no perfil em termos da circulagao do vector velocidade ? 80.b c) Se o avitio se mantiver em véo rectilineo horizontal e se a sua velocidade de voo aumentar a circulacao em tomo do perfil aumenta, diminui ou mantém-se constante? Justifique. Indique como calcularia 0 coeficiente de pressio Cp =(p- Pux)/(1/2pU*)no bordo de ataque do perfil recorrendo a transformagao de Joukowski do escoamento em torno de um cilindro circular com circulagio ( p,. é a pressio do escoamento de aproximagao). Considere que o bordo de ataque do perfil se encontra no eixo real do plano do perfil sendo, assim, o transformado do ponto interseceao da circunferéncia com o eixo real no plano do cilindro. Apresente as expresses e indicagdes necessérias para 0 célculo numa sequéncia Idgica e clara, mas nao é necessério proceder a quaisquer substituicdes numéricas. d) 21. (Exame de 8.7.1998) Considere 0 escoamento irrotacional incompressfvel bidimensional plano dum fluido perfeito numa conduta convergente, formada por duas paredes circulares pertencentes a duas circunferéncias de raio R tangentes entre si no ponto P (ver figura anexa). Verifique que pode modelar este escoamento utilizando um dipolo. Indique onde deveria ficar localizado 0 dipolo e qual a sua direcgdo. Suponha que, sobre o eixo da conduta e a distancia R/2 do ponto P, a velocidade é (em médulo) igual a U. Calcule a intensidade do dipolo. Escreva a equagio do potencial complexo do escoamento. Defina claramente 0 sistema de eixos que escolhe. Indique qual a forma das linhas de igual velocidade. Estas linhas coincidem ou nado com linhas equipotenciais? Justifique. 4) Mostre que o caudal voltimico (por unidade de comprimento medido perpendicularmente ao plano da figura) que atravessa a conduta é igual a RUA. a) b) © 22. (Exame de 24.7.1998) Considere o escoamento bidimensional (plano) irrotacional, incompressfvel, permanente em toro duma placa plana sem espessura. Admita que € satisfeita a condic&o de Kutta no bordo de fuga (ver figura ). a) Caleule a velocidade U do escoamento de aproximagio (escoamento néo perturbado), sabendo que o Angulo de ataque € de 15°, que a circulago da velocidade em tomno dé perfil € 65m?/s e que a corda do perfil € igual a 4 m. b) Para angulo de ataque de 15° e corda 4 m, calcule a distancia do bordo de ataque a que fica situado 0 ponto de estagnaco E. c) Com base nos resultados das alineas (a) e (b), calcule a diferenca de pressio entre as duas faces da placa junto ao ponto de estagnacio E. 80c d) Considere um avido (massa 500 kg) com duas asas cuja forma (em planta) € rectangular, com 4rea total de 15m? (7,5m? cada asa). Admita, em primeira aproximago, que a asa é uma placa plana (sem espessura e sem curvatura), que 0 escoamento é bidimensional, com Angulo de ataque constante ao longo de toda a envergadura. Admita ainda que a forga de sustentagdo do avido é assegurada exclusivamente pelas duas asas. Calcule 0 angulo de ataque para uma velocidade do avido de 120 knv/h. Massa especffica do ar: 1,2kg/m*. 23. (Exame de 15.9.1998) Considere, no plano (x,y), 0 escoamento irrotacional incompressivel bidimensional dum fluido perfeito produzido por dois vértices: um v6rtice situado no ponto z=a com circulagéo K e um vortice situado no ponto z=~a com circulagéo — K (sendo ae K reais e positivos). As linhas de corrente estao representadas na figura anexa. . 80d a) Escreva a expresso do potencial complexd do escoamento. b) Calcule a velocidade do escoamento no eixo imaginario (x = 0) em fungdo de y € mostre que o eixo imagindrio é uma linha de corrente do escoamento. ©) Considere as duas linhas de corrente que passam pelos pontos (endo b real e positivo..com b ) com uma velocidade U=15m/s. Admita escoamento irrotacional de fluido perfeito. 2) Determine a corda do perfil requerida para se obter uma sustentago por unidade de envergadura de 35 N/m, sabendo que 0 Angulo de ataque do escoamento uniforme com a corda do perfil é de a ») Suponha que pretende obter a mesma sustentagao por unidade de envergadura da alinea a) com um perfil sem espessura com a forma de um arco de circulo ao Angulo de ataque ideal (escoamento de aproximagao alinhado com a corda do perfil). Determine o valor minimo de corda necessdrio para que a flecha maxima relativa ndo exceda 0,05. 2 , b =) Considere a transformagdo de Joukowski = =¢+—— que transforma 0 escoamento em tomo de um cilindro circular no plano ¢=£+in no plano do perfil z=x+iy no caso do perfil de Joukowski com a flecha maxima relativa f /c = 0.02 e a espessura maxima relativa d/c=0.10. 80f cc) Determine em fungao da corda c as coordenadas do centro do circulo gerador no plano ¢ ¢ 0 seu raio. 2) Calcule a localizagdo do ponto de estagnagao sobre o perfil para um angulo de ataque a = ¢;) Determine 0 valor do médulo da velocidade no bordo de ataque do perfil para um angulo de ataque a =5° ¢ U=15mis.. (Nota: 0 bordo de ataque encontra-se na parte negativa do eixo real x no plano do perfil z) 26. (Exame de 15.9.1999) Considere 0 escoamento bidimensional incompressivel dum fluido perfeito em torno dum cilindro de secco circular de raio a. O escoamento de aproximacao (escoamento nao perturbado) € uniforme com velocidade U. Supde-se que ¢ nula a circulagao em torno do cilindro. Tome um sistema de coordenadas cartesianas (x,y) com a origem O no centro da secgao circular do cilindro. A direcgao € 0 sentido do eixo Ox coincidem com os do escoamento de aproximaco. Considere também um sistema de coordenadas polares (r,8), com x=rcos@. yersin® o a) Escreva a expresso do potencial complexo w(=), em.que == x+iy=re" b) Determine o ponto da superficie do cilindro. ou seja calcule 0 valor de @ (no sector /2<0 <7), em quea velocidade do escoamento (em médulo) V = 0,4U . ¢) Pretende-se agora estudar a perturbagao produzida pela presenga do cilindro no campo do escoamento. Mais precisamente, pretende-se determinar a distanciar (r 2a) ao centro do cilindro dos pontos para os quais |Y - U|=0,05U (a perturbacao na velocidade ¢ igual a 5% da velocidade do escnamento de aproximacfo), senda V o maédulo da velocidade do escoamento exterior a0 cilindro (note que Ve U sao escalares, com U>0, V 20) ¢1) Considere apenas pontos em @ = 7/2,- r>a ¢)) Considere apenas pontosem @=7, r2a. ¢;) Considere apenas pontos em @=32/4, r2>a. (Nota: em c}, ¢9, ¢3, 0 valor pedido de r vem expresso em fungao do raio do cilindro a.) 4) Verifica-se experimentalmente que a solugdo acima referida (escoamento de fluido perfeito sem circulagao) representa com razoavel aproximagao o escoamento de fluido real em torno do cilindro, a nimeros de Reynolds Re =10°, na regiao de escoamento nao separado compreendida em x/3<@<5z/3. Admita ainda que, na zona de escoamento separado (2/3 <@ < 2/3), a distribuigdo de pressio sobre o cilindro é uniforme, e igual 4 presto da solugao de fluido perfeito nos pontos limites (@ = 2/3, @ =52/3). Com, base nesta distribuigao mista de pressao. calcule 0 coeficiente de resisténcia cp do cilindro. definido como sendo

pau? em que X é a forga de resisténcia por unidade de comprimento do cilindro, ep € a massa especifica do fluido. (Nota: admita que o plano (x,y) do escoamento é horizontal.) Se necessario, pode utilizar os seguintes resultados tirados duma tabela de integrais definidos: Jsin?xcosxdx="2*, feos 2x eos xdx = 2% 3 2 80g 27. (Teste de 23 de Maio de 2000) Considere um escoamento potencial plano e incompresstvel, conforme representado na figura, que pode ser representativo do escoamento de um fluido para 0 orificio de drenagem no eixo dum reservatério cilindrico de revolucio, em que as linhas de corrente tém a forma de espirais. Hste escoamento pode-se considerar como sendo produzido pela sobreposigao: (i) de um v6rtice situado na origem (em z=0) com circulagio K >0, e (ii) de um pogo situado na origem com caudal Q (por unidade de comprimento na direcgdo perpendicular ao plano do escoamento). a) Escreva a expressio do potencial complexo do escoamento w(z), com zextiy=re®. b) Mostre que as linhas de corrente sio espirais logaritmicas, isto é sio linhas que formam com a direccGo radial um Angulo @ constante. Mostre que esse Angulo (Angulo da direcgo do vector velocidade com a direcgo radial) é a = arctg(K/Q). ©) As linhas equipotenciais so ou nao também espirais logaritmicas? Justifique. d) Admita que o plano do escoamento é horizontal. Mostre que a pressio ps6 depende da coordenada radial r (e nig da coordenada circunferencial 6 ). Mostre ainda que a B 5 pressdo é dada por p= ASS em que A e B-sdo constantes. Relacione essas r constantes A e B com a circulagdo K, o caudal Q, a massa especifica p ea pressio de estagnagdo (ou pressio total) po. 28. (Teste de 23 de Maio de 2000) A figura 3.24, na pégina 30 do texto de apoio, representa as linhas de corrente dum escoamento irrotacional plano incompressfvel de fluido perfeito, caracterizado por ter uma linha de corrente fechada com forma circular. A parte do escoamento interior a linha de corrente circular pode simular a situagio que a seguir se expe. Tem-se uma sala circular de grandes dimensées cujo pé direito é muito menor do que o raio a da sala, Para assegurar ventilagao, no centro da sala existe uma ventoinha (de eixo horizontal) cuja presenga pode ser simulada (excepto na vizinhanga da ventoinha) por um dipalo (cujo eixo coincide com o eixo da ventoinha). Admite-se que o movimento do ar na sala € representado com suficiente aproximagio por um escoamento potencial plano. 80h ¥ Utilize um sistema de coordenadas z= x + iy = re”, com a origem no centro da s 0 eixo real coincidente com 0 eixo do dipolo (e da ventoinha) (ver figura anexa). a) Sabe-se que (em médulo) a velocidade no ponto r =a, 6 =2/2 da parede das V. Escreva a equacao do potencial complexo do escoamento. b) Considere os pontos a distancia r = a/2 do centro da sala. Quais os pontos em q velocidade ¢ maxima, e quais os pontos em que a velocidade é minima? Calet velocidade nesses pontos. ¢) Calcule 0 caudal de ar (por unidade de altura da sala) que atravessa a linha 6 a/2Srsa. 4) Suponha que a sala esté hermeticamente fechada, havendo apenas uma pequ janela aberta para o exterior, onde a atmosfera esta em repouso (auséncia de ven Mostre que a presso (em qualquer ponto) da sala depende da localizaco da jar aberta (r=a, 0S6<2n). €) Indique se as seguintes afirmagées sfio ou nfio verdadeiras. Justifique. €1) Ao longo do raio 00, a>0); © Vortice de intensidade + K situado no ponto (x= 0, =-a). a) Escreva a expressio do potencial complexo do escoamento resultante, em fungao da 6 e, varidvel complexa z= x+y = b) Estude a simetria do escoamento. Para isso, considere as componentes u e v do vector velocidade V. Mostre que: u(x, y) = u(x, y) =u(a,-y) =u(-x-y), vy) = c) Mostre que a equacao das linhas de corrente do escoamento é dada por V(—x, y) = -v(x,-y) = v(-x,-y). =constante. d) Estabelega a relagio entre U, K e a para que existam pontos de estagnacio sobre 0 eixo real. e) No caso de ser satisfeita a condigao da alfnea anterior, é possfvel verificar que se trata do escoamento em torno dum corpo fechado, que tem no seu interior os dois vortices, e que é simétrico em relagdo aos eixos real e imaginario (ver figura anexa). . K 5 ok - No caso particular em que —"— = 4, mostre que os semi-eixos do corpo so 2a « A=avy3 para o semi-eixo paralelo ao eixo real, ° B=2,087a para o semi-eixo paralelo ao eixo imagindrio, em que 2,087 é a solugio real da equagiio gaan . 31. (Exame de 24 de Julho de 2000) Considere o escoamento bi-dimensional irrotacional incompressivel permanente em torno dum cilindro circular (fixo) de raio a. A solugao deste escoamento é bem conhecida e pode ser obtida pela sobreposigao dum escoamento uniforme com velocidade U e do escoamento devido a um dipolo. Tome um sistema de eixos Oxy, com 0 eixo Ox paralelo ao vector velocidade U e 0 origem coincidente com 0 centro da secgao circular do cilindro (Fig. 1). A velocidade resultante € V(x, y),com componentes u(x, y) € v(x,y). a) Escreva a equagio do potencial complexo do escoamento w(z), com zextiy=re®, b) Considere pontos sobre a recta y = 2a. by) Calcule a velocidade V(0,2a)no ponto x=0, y=2a. b,) Calcule (p.. — p,)/. sendo p.. a velocidade do escoamento nao perturbado (a uma grande distdncia do cilindro) e p, a pressio no ponto considerado na alfnea (b,). (Admita que se trata dum plano horizontal.) b3) Para o ponto x=~2a, y=2a, calcule o Angulo @ formado pelo vector velocidade V com 0 eixo real. ©) Por simples mudanga de referencial, pode-se agora estudar a situagio (de escoamento no permanente) correspondente a um cilindro de raio @ que se desloca com velocidade ~U ¢ perturba um fluido suposto em repouso a uma grande distncia do corpo (Fig. 2). c1) Mostre que a velocidade de perturbagio instanténea num ponto exterior, produzida pela deslocagio do corpo, é inversamente proporcional ao quadrado da distancia do ponto ao centro da secgio circular do cilindro. Mostre, para os trés pontos A, B, C indicados na Fig. 3, que a velocidade (em médulo, direccio e sentido) é a que est4 representada. 2) Indique se 0 seguinte resultado esta ou nfo correcto. Justifique. Po-Pp _1(UYy p24)" y a= SS OF Fig. 1. Escoamento em torno dum cilindro Fig. 2. Cilindro circular que se desloca circular fixo. da direita para a esquerda. 80k 32, (Exame de 13 de Setembro de 2000) Numa das margens dum rio muito largo existe (em planta) um desalinhamento igual a L. Pretendem-se comparar duas situagdes: (1) desalinhamento brusco (em degrau), representado na figura 2.1; (2) desalinhamento gradual (figura 2.2). Em primeira aproximagdo pode-se admitir que 0 fundo € horizontal, a margem é vertical, e que 0 escoamento se pode considerar irrotacional e bidimensional (plano horizontal). a) Considere a situagio (1) (figura 2.1). Em que ponto ou pontos da margem é que a velocidade € maxima? Em que ponto ou pontos da margem é que a velocidade é minima? Justifique. Para simular 0 escoamento na proximidade da margem do rio na situago (2), recorre-se 4 sobreposi¢o dum escoamento uniforme, com velocidade U paralela ao eixo Ox, e do escoamento produzido por uma fonte de caudal Q (por unidade de profundidade) situada na origem das coordenadas (figura 2.2). Admite-se que a margem do rio é uma das linhas de corrente do escoamento (a trago mais forte na figura) situada acima da linha’ de corrente de estagnaciio, ¢ cuja equacio é y=Y¥ (a). O desalinhamento da margem é dado por L = ¥(+e0) — ¥(-2») . b) b;) Mostre que, para |x| suficientemente grande, a linha de corrente simula uma margem rectilfnea paralela a Ox. : by) Mostre que o caudal da fonte, Q, esté relacionado com U e com L por Q=2LU , independentemente da linha de corrente escolhida (desde que esteja situada acima da linha de corrente de estagnagio). hy) Fscreva a expresso geral do potencial complexo w(z) e da fungio de corrente y para o escoamento (utilize a variével complexa z=x+iy=re"), Mostre que a equagao da linha de corrente que representa a margem (a trago forte na figura 2.2) 6: LU wb-r- Lee ow op-r-my)-Z ea), b,) Calcule, em médulo, a velocidade no ponto da margem em que é x=0. Tome U =1m/s, L=20m, ¥(-«) =10m. bs) Indique, qualitativamente, como varia (em médulo) a velocidade ao longo da margem, desde x= 20 até x= +e. Justifique. (Sugestdo: tenha em consideracdo 0 modo como a velocidade produzida por uma (fonte varia com a distancia a fonte.) U, => Figura 2.1. Figura 2(ii) 33. (Teste dé 22 de Maio de 2001) Considere um rio e uma ponte com um pilar cilindrico, com secgo circular de raio a. Longe do pilar, a velocidade do escoamento no tio € U.,. Despreze os efeitos da presenca das margens e dos outros pilares. Admita que 0 fundo do rio é horizontal plano e que o escoamento se pode considerar aproximadamente como irrotacional incompressivel plano. Use um sistema de eixos (2 y), com origem no centro da secgéio do pilar, e 0 eixo Ox paralelo a velocidade U. Considere um pequeno objecto flutuante (por exemplo um barco pncumitico) que desce 0 rio arrastado pela corrente, de tal modo que a sua traject6ria coincide com uma linha de corrente do escoamento. Suponha que, a uma grande disténcia a montante, 0 barco passa pelo ponto de coordenadas (x, <<-a, y; =a). a) Calcule a distancia a que o barco passa do pilar quando passa por baixo do eixo da ponte (ou seja em x=0). (Sugestio: escreva a equacdo da linha de corrente que passa por x, =-e, y; =a.) 80m b) Calcule a velocidade do barco quando passa por baixo do eixo da ponte (em x=0). Calcule 0 caudal, por unidade de profundidade, que passa por baixo da ponte (em.x=0) entre o pilar e 0 ponto y=2a. ¢ qd) Indique como varia, qualitativamente, a componente u (paralela ao eixo Ox) da velocidade do barco & medida que vai sendo arrastado pela corrente desde x<Q. Em particular indique se ha ou nao pontos de estagnagio, e, se os houver, localize-os. (Nota: faga célculos apenas se necessitar para a resposta.) e) Nota 1 - Se, nalguma das alineas (a) a (4), tiver que calcular a expresstio da fungio de corrente, sugere-se que faga: z—a=nel, zta=ne™. dy 1 z Nota 2~ A expresso seguinte pode ser wil: [ arctg> . a a ya 36. (Teste de 2 de Julho de 2001) Pretende-se estudar 0 escoamento plano incom- pressivel de fluido perfeito numa tubeira convergente-divergente do tipo Venturi. Para isso, sobrepdem-se os seguintes escoamentos (ver figura): * Escoamento uniforme com velocidade U paralela ao eixo Ox © Vértice de intensidade K (K >0) no ponto (x=0, y=a) (a>0) © Vértice de intensidade —- K no ponto (x=0, y=-a) a) Escreva a equacao do potencial complexo do escoamento resultante. valor de K deve ser tal que a velocidade na origem O das coordcnadas scja igual a 2U. b) Calcule esse valor de K (em fungio de Ue a). ‘As paredes da tubeira coincidem com duas linhas de corente (simétricas) do escoamento em consideragao, tais que a largura da garganta (secgdio minima) ¢ igual aa (ver figura). c) Mostre que a largura b (valor assimptético) da conduta a uma grande distancia da garganta (ver figura) € b= a(1 + In3) = 2,099a. 80p 4) Suponha que pretende utilizar a tubeira Como um Venturi para medigio de caudal em escoamento permianente: Para isso mede a diferenca de pressio Ap entre um Ponto na parede a uma grande distancia a montante da garganta e um ponto na parede da garganta, Indique qual das seguintes relagdes est4 correcta. Justifique. (Sugestdo: tenha em consideragdo a forma do perfil de velocidade na garganta.) = 2 Ap aoe Q=0 2, g>oie, Qy). 2a a-y (@>y) 37, Exame de 14 de Setembro’ de 2001) A figura anexa representa linhas de corrente (a cheio) linhas equipotenciais (a traco interrompido) dum escoamento irrotational incompressivel plano. a) Como varia a velocidade (em médulo) ao longo da linha de corrente junto ao ponto A, isto 6, a velocidade em A é maior, igual ou menor do que em B? Justifique. b) Como varia a velocidade (em médulo) ao longo da linha equipotencial junto a0 Ponto A, isto é, a velocidade em A é maior, igual ou menor do que em C? Justifique. c) Trace aproximadamente a forma das linhas de igual velocidade (em médulo) na zona do escoamento representado (utilize a folha do enunciado com a figura). i [ | 7 \ | I i t ie / 1 4 | i ‘ Vo | 1 / \ \ i «ff \ \ 1 80q 38. (Exame de 14 de Setembro de 2001) Em meteorologia atmosférica, um tornado pode ser aproximadamente representado por um escoamento incompressivel plano de fluido perfeito, simétrico em relag’o a um eixo vertical (eixo do tornado), com a seguinte distribuigao de velocidade (em coordenadas polares (r,9) no plano horizontal): © Componente radial v,=0 : Va(r)=V(r)=or (0 a), © escoamento ¢ irrotacional. : a) Mostre que, no_miicleo do tomado (0a em que o escoamento é irrotacional.) b) Na vizinhanga dum tomado, num determinado instante, foram medidas as seguintes presses num mesmo plano horizontal: P(©)= Pay Admitindo que o modelo acima referido € valido, determine o raio a do micleo do tornado (em particular verifique se a >50m ou a <50m), e a velocidade em r=a. Tome p=1,2kgm™. 39. (Teste de 19 de Maio de 2003) Considere, num plano (x,), 0 escoamento irrotacional incompressivel resultante da sobreposigao: (i) do escoamento uniforme de velocidade U paralela ao eixo Ox, e (ii) do escoamento produzido por uma fonte de intensidade q situada na origem das coordenadas. Em particular considere a linha de corrente de estagnagéio desse escoamento (ver Fig. 3.22 do texto de apoio). Admita que este escoamento representa adequadamente 0 escoamento em torno do pilar duma ponte, num rio cujo fundo é horizontal (ver Fig. 1). A seco do pilar é definida pela linha ABCDEFA, cuja parte ABCDE coincide com a linha de corrente de estagnagao do escoamento acima referido. O escoamento na parte posterior do pilar (atras da linha EFA) é completamente separado, havendo uma zona de recirculagao (escoamento rotacional) limitada pelas linhas a trago interrompido AG e EH. Pode admitir que as linhas AG e EH (tal como a linha ABCDE) coincidem aproximadamente com a linha de corrente de estagnagiio do escoamento acima considerado (escoamento uniforme + fonte na origem). a) Relacione a intensidade da fonte, g, com U e com a (a = distancia da fonte ao ponto de estagnag&o, Fig. 1). b) Escreva a equagdo da linha de corrente de estagnagao. ©) Caleule as relagdes c/a e b/a (b ec esto representados na Fig. 1). e : 4) Considere uma linha recta (nfio confundir com uma linha de cérrente) paralela ao @) eixo Ox, por exemplo a recta y=4a. Indique qualitativamente como varia, a0 longo dessa linha, a componente u (paralela a Ox) da velocidade do escoamento V=wit jk desde x=—o até x= 400, Admita que, na face posterior EFA do pilar (onde 0 escoamento é separado), a presto é uniforme e igual pressfio nos pontos E e A (podendo esta iltima ser calculada com base no escoamento irrotacional exterior). Na Fig. 2 estd representado 0 coeficiente adimensional de pressio C,, sobre a superficie do pilar em fungao do angulo 8 (0<@<-z) (note que 9=0, 2/2 € x nos pontos F, Be C respectivamente), sendo C, = i out perturbado, onde a velocidade é U). Das trés curvas, 1, 2, 3, representadas na Fig. 2, indica qual a que esta correcta. Justifique a resposta. (Px =Pressio no escoamento nao og os a7 O68 0s 0.4 03 02 ane O41 02 03 04 05 06 Fig. 2 80s ©) Considere a linha de corrente de estagnagdio CDAEF que passa pelo por estagnagtio A e que esta representada aproximadamente na figura abaixo linha pode considerar-se como representando um corpo semi-infinito, com forma semelhante a da sec¢So longitudinal dum “cacete” de cabeca arredot e com um “cabo” de comprimento infinito, Pode também considerar-se « um pontio no meio dum rio e com o eixo alinhado com a direcgdo da correr 1) Escreva a equagao da referida linha de corrente CDAEF (use coorde1 cartesianas ou coordenadas polares ou ambos os tipos de coorden conforme achar mais conveniente). 2) Determine o valor assimptético (quando x—»+co) da distdncia B(x) os dois ramos da linha de corrente de estagnag&o considerada (ou determine a largura do “cabo” do “cacete”). Faga um esbogo representando, de forma qualitativa mas esclarecedora, a fe das linhas de corrente do escoamento no interior da linha de corrente estagnagio CDAEF. Tenha em consideragao a existéncia dos pontos estagnagiio Ae B. e) Suponha agora que substitui a fonte por um pogo (situado também na orig com intensidade (caudal) igual a —U. Represente qualitativamente escoamento resultante (forma das linhas de corrente mais significativ indicando as eventuais diferengas e semelhangas em relago ao escoame originalmente considerado. d) 42. (Teste de 25 de Junho de 2003) Considere 0 escoamento irrotacion incompressivel plano em torno dum diedro com 4ngulo 2f, conforme indicado r figura em baixo. A velocidade sobre a parede do diedro ¢ V(r), sendo r a distncia a vértice do diedro, No grafico anexo podem ver-se duas curvas, A, B, que representar arelagio V(r)/V(L) em fungdo da relagdo r/L para dois valores diferentes de ce 8 40. (Teste de 19 de Maio de 2003) Sabe-se que o escoamento com circulagio em torno dum cilindro circular (escoamento irrotacional de fluido perfeito, Fig. 4.1.b do texto de apoio) representa com razodvel aproximagiio o escoamento real em torno dum cilindro rotativo num escoamento de aproximagio uniforme. Considere agora a situagéo do escoamento irrotacional de fluido perfeito em toro dum cilindro de raio a, em que 0 escoamento de aproximagéo é uniforme com velocidade U (ver figura). Sabe-se que as velocidades V, ¢ Vz nos pontos A e B sobre o cilindro (figura) satisfazem a relagdio V/V, =2. a) Escreva a equago do potencial complexo do escoamento w(z), com z=x+iy =re’® , erelacione a circulagao com a velocidade Ue o raio a. b) Determine a localizagio do(s) ponto(s) de estagnagao. ©) Determine a localizagéo dos pontos sobre 0 cilindro onde a velocidade (em médulo) é igual a U. d) Calcule 0 coeficiente adimensional F 4 pU?2a em que F é a forga sobre o cilindro (por unidade de comprimento do cilindro). Indique a direcgo e sentido da forga F. Cr 41. (Teste de 25 de Junho de 2003) Considere, no plano (x,), 0 escoamento irrotacional incompressivel resultante da sobreposi¢0 dos seguintes trés escoamentos: © escoamento uniforme, com velocidade, u =U >0,v=0,paralela ao eixo Or; © escoamento devido a um dipolo, de intensidade =U e angulo a=7, situado na origem das coordenadas; * escoamento devido a uma fonte de intensidade (caudal) U situada na origem das coordenadas. a) Escreva a equagao do potencial complexo resultante w(z), em que z=x+iy é a varidvel complexa. b) O escoamento tem dois pontos de estagnaciio, um A sobre a parte negativa do eixo real, com coordenada x4 <0, e outro B na parte positiva do eixo real com coordenada xp >0. Determine x, ¢ xp. got a) Indique qual das curvas (4 ou B) corresponde a =F rad = 30°. Justifique devidamente. 'b) Determine (com a aproximagio que conseguir) 0 valor do angulo correspondente 4 outra curva. T |] ATE VvoviLy cose eea00 RoR GOO ® wo Ss ° 0 01 02 03 04 05 06 07 08 09 1 wh. 43. (Teste de 25 de Junho de 2003) Em meteorologia atmosférica, um tomado pode ser aproximadamente representado por um escoamento incompressivel plano de fluido perfeito, axissimétrico em relago a um eixo vertical (eixo do tornado), com a seguinte distribuigaio do vector velocidade V (em coordenadas polares (r,@) no plano horizontal): © Componente radial v,=0 2 Ve(r) =V(r) = Van - =| (Os0) dos pontos da sala sobre o diémetro y=0 (diametro que une a fonte e 0 pogo) nos quais a velocidade do escoamento é (em médulo) igual a trés vezes a velocidade no centro da sala. a3) Suponha que (por razdes de conforto relacionadas com correntes de ar) pretende evitar que haja clientes sentados em pontos da sala onde a velocidade exceda o valor referido na alinea anterior (3 vezes a velocidade no centro da sala). Por isso o gerente do restaurante propde excluir (para efeito de localizagao de mesas) duas éreas circulares de raio a ~b , centradas nos pontos de entrada e saida de ar (Fig. 1). (i) Indique se esses duas circunferéncias de raio a—b s&o ou nao linhas de igual velocidade (em médulo). (ii) Na parte Testante da sala ha ou ndo pontos onde a velocidade excede o valor fixado como limite?; se os houver, localize-os. Justifique adequadamente_as respostas. (Sugestéo: tenha em conta o modo como a velocidade induzida por uma fonte ou um pogo varia com a distancia.) c) E facil verificar que, por simples sobreposig&o de solugdes, & possivel simular o escoamento numa sala circular em que hé diversas entradas e saidas de ar (na parede), desde que o caudal global de entrada seja igual ao caudal global de saida, Considere o caso simples em que hé duas entradas de ar nas extremidades dum didmetro (eixo Ox), cada uma com o caudal Q, e duas saidas de ar, com igual caudal, nas extremidades do didmetro perpendicular ao primeiro (eixo Oy), conforme indicado na Fig. 2. Represente qualitativamente (de modo tio esclarecedor quanto possivel) a forma das linhas de corrente no interior da sala Indique a localizagdo do ponto ou pontos onde a velocidade ¢ minima: (i) na sala (ou seja em r A relagao flecha/corda do perfil é f/c = 0,05. A curva A (a trago continuo) da figura da pagina seguinte representa a distribuig&o do coeficiente de pressao P(*)= Po C,@)= ? tpuz em fung&o da coordenada x medida ao longo da corda, para um angulo de ataque a tal que 0 coeficiente de sustentagdo ¢ c, =1. O grafico de baixo ¢ uma “ampliag&o” da mesma figura na zona proxima do bordo de ataque. a) Determine o dngulo de ataque a. b) Determine analiticamente a coordenada x do ponto de estagnagiio, indicando ‘em qual dos lados do perfil o ponto fica situado (intradorso ou extradorso). A curva B a tracejado e a curva C a trago-ponto, nas mesmas figuras, representam a distribuigio de C,,(x) para, dois perfis sem espessura, com a mesma corda € 0 ¢) mesmo coeficiente de sustentago cz =1 que o perfil acima considerado. Uma das curvas corresponde a um. perfil If com a forma duma placa plana (sem curvatura) enquanto que a outra curva corresponde a um perfil III em forma de arco de circulo com relagao flecha/corda f/c = 0,1. cy) Estabelega a correspondéncia entre, por um lado, as curvas B e C e, por outro lado, perfis I e III. Justifique a resposta. ©) No caso do perfil III (perfil curvo), 0 ponto de estagnagéo esté situado no intradorso (face céncava virada para baixo) ou no extradorso? Justifique a resposta. 80aa ----- CuvaB —-— Curva C -19 1.85 -1.95 80ab 48. (Exame de Aerodindmica de 12 de Setembro de 2003) Considere 0 escoamento bidimensional incompressivel irrotational de fluido perfeito em tomo dum perfil sem espessura, nas trés seguintes situagdes: + Perfil 1: sem curvatura (placa plana) com Angulo de ataque a = * Perfil 2: arco de circulo com relag&o flecha/corda Ff /¢ =0,03, concavidade virada para baixo, e angulo de ataque a (a determinar). * Perfil 3: arco de circulo com relagao flecha/corda f/c = 0,03, concavidade virada para cima, e angulo de ataque @; (a determinar). Perfil Us ay Perfil2 Us ae eS oy) Us —— ee ass Perfil 3 a) Determine o coeficiente de sustentagao do perfil 1. b) Determine os valores de a> (perfil 2) e a3 (perfil 3), de modo que o coeficiente de sustentagao (forga de sustentagio de baixo para cima) seja, em ambos os casos, igual ao do perfil 1. Determine analiticamente a coordenada x do ponto de estagnaciia (préximo do bordo de ataque) no perfil 1, com x medido ao longo da corda, e x=-0,5 no bordo de ataque e x =0,5 no bordo de fuga. °) qd) A figura 4.2 representa a distribuigao do coeficiente de pressio em fungiio da coordenada x (a parte da baixo da figura é uma “ampliagao” na zona proxima do bordo de ataque). A curva a trago continuo refere-se ao perfil 1. As outras duas curvas referem-se aos perfis 2 e 3 nas condigdes da alinea (b). d,) Indique qual a correspondéncia entre, por um lado, as curvas Be C, e, por outro lado, os perfis 2 e 3. Justifique adequadamente. d,) Para o perfil 2, indique se 0 ponto de estagnagao (situado proximo do bordo de ataque) esté na face de baixo ou na face de cima. Idem para o perfil 3. Justifique adequadamente. 80ac -0.4 ae -0.42 0.44 0.46 -04 -0.48 “a5 APENDICE TEORIA DAS FUNCOES DE VARIAVEL COMPLEXA O texto que se segue € reproduzido da parte inicial do capitulo Mathematical Aids do 1° volume da obra Aerodynamic Theory, W. F. Durand (editor), Dover, New York, 1963, ¢ contém, de forma condensada e relativamente elementar, a teoria das fungées de varidvel complexa, juntamente com algum formulério. Espera-se que este apéndice possa ser wtil aos alunos no estudo dos escoamentos itrotacionais incompressiveis planos. A teoria das fungSes de varidvel complexa é uma ferramente matemitica eficaz que permite obter, de forma relativamente simples, solugées analiticas para o campo de velocidades. THE COMPLEX VARIABLE (x+iy) 1. Introductory. In the present section we are concerned primarily with the symbol ¢ as the equivalent of Y—I and with the mathematical results which follow from the use of the complex form (z+ iy) con- sidered as a single variable 2, and as such, made the subject of various functional operations. Thus, we put z= 2+ 4y, and then write (1.1) w= fe) (1.2) 81 This means that the complex variable (2+ iy) is to be made the subject of » development in functional form and thus subject to, exami- nation in the same manner as any simple function f(z). ‘Thus as an illustration let w= 2 = (2+ iy), Expanding we have w= (22@—y3) + 2iny The developed form is thus seen to consist of two parts, one real, (zt — y®) and the other, 2i xy, containing the imaginary i. This form of the development of » function of (x-+ iy) is typical and general. The development will consist of a real part (scalar) and of a part affected by the factor i and these two parts may be viewed analytically simply as the real and imaginary parts of the development. To designate these we adopt the notation p= scalar or real part p = imeginary part We then have w=otip (1.3) It will be noted that the two functions y and y cannot arise sepa- rately. They always appear together, one as the correlative or comple- ment of the other, and the peculiar properties and relations of these two functions will be found to have important applications in the study of the problems of fluid mechanics. 2, Properties of the Funetions y and wp, From the equation z= 2+ iy we have bz oz wea} wa} de _ oy f @.1) tym t= Then taking w=f(2)=f(z+iy)=p+ip (2.2) a bw 8 a. ; 2 we have "ee" ete dw _ dw dy ___—, 2p , by 23) de = Oy 02 ~~ oy t+ By Then from (2.1) and (2.3) 280 dw dz = de z de Oa “de dw _ dw oz _ , dw | 4) Wy ~ ae ty ae ‘Whence by comparison of these two equations: bw . ow ow ; ow be hay ay =I oe (2.5) 82 Again in (2.3) equating real to real and imaginary to imaginary: ay _ oy G2 ty ip ies (2.6) Cy oe These relations are of great importance and lie at the foundation of the special significance of the functions p and y in the problems of fluid mechanics. Again from (2.3) and (2.6) $2 Ba iay a | te _ : tn ayti Attention may be called to (2.7) as ee a applications in the later development of the subject of fluid mechanics. Again from the pair of derivatives dg/9x and dg/dy we have: a op\_ Bp ty (32) Gyda a [a ap te (3 \= Gaty But if g is a function expressible in terms of z and y, we know that Bp ap @zby Oyo That is, the order in which the partial derivatives are taken is in- different. This is furthermore readily verified by taking the partial derivatives of any function of x and y, first with reference to z and then y and then in the inverse order. Hence, (2.7) (2.8) S)-eg)-2 an And similarly, oy (2) -% (H) =0 (2.10) Now going back to (2.6), take partial derivatives in the first with respect to z and in the second with respect to y. ap _ _ ay Oat Oyoz ep _ ay Oy = — Teey But as above, the expressions on the right are equal, and with opposite a signs. Hence, +H (2.11) In e similar manner by taking partial derivatives in the inverse order, we have FE +Gr=0 (2.12) 83 . ar aw [az\?_ & Again from (2.1) Se = Gr (3) == Bw ow (oz \* ew cy OF (3) ae or satya (2.18) This result might have been foreseen as a consequence of the relation w=ot+ity. As an operator, the expression on the left in (2.11), (2.12), (2.13) is sometimes called the Laplacian of the function (g, y, or w) and is indicated by the symbol v2. Thus Vo =0, Vp =0, Viw=0 The physical meaning of this symbol will appear in VII 3. wm It thus appears in general that. the % development of the complex variable, % 2=(2-+4y), as a function, w = f(z), will g, always lead to the two correlative functions g and y with mutual relations as expressed ® in (2.6) and each with the characteristic property as expressed in (2.11) and (2.12). It will be noted that the property expressed in (2.8) is common to any and all functions expressed in terms of x and y while the property expressed in (2.11) or (2.12) is not general, but is peculiar as a distinguishing characteristic of the two functions, y and y, which result from the expanded form of a function of the complex variable (x + ‘y). Next, suppose, as in Fig.1 a series of curves determined by the equation 9 = $1, Px» Ys ete. and a second series determined by the equations y = 1, Ys Ys, etc. and assume any one of one series to intersect any one of the other. Then at the point of intersection, apply (2.6) and divide one of these by the other. This will give a dz . a. (2.14) But dyldz is the tangent of the angle of slope to the axis of X and this equation shows that one such tangent is the negative reciprocal of the other and hence that the curves are at right angles to each other at the point of intersection. This will be true for every such intersection and the two sets of such curves will therefore always have their mutual intersections at 90°. One set of curves is therefore orthogonal to the other. We thus reach the interesting result that if (x + iy) be expanded into any form of algebraic function, giving the two correlative functions p % Fig.1. 84 and y as above, and if then p = 94, gy, g,ete. and y= yy, yp, py, ote. be taken as equations to two sets or families of curves, such curves will form an orthogonal system. Illustration: w = 2? = (x4 iy)? = at + Lizy—y Hence zy? paltry The series of curves for p = gy, ga, ete. will be o series of hyper- bolas symmetrical about X and Y as shown in Fig. 2 while the series Y= Ya etc. will be a series Fhe 92 of rectangular hyperbolas lying \I in the first and third quadrants le as shown. These two sets will then always intersect at an angle of 90°, 3. The Inverse Relationz=F(w). a If w is a function of z, it follows ¥! inversely that z will be a function of w; and it is sometimes advan- tageous to make use of this inverse relation, Similar to 2 we shall then Tt have Fig. 2. 2=F(u)=F(p+iy)=atiy éw é ey ow ty dz (3.1) dw dz xe and e ez oR Then parallel to (2.6) (3.2) (3.3) 85 In the same manner as for w= f(z) we may show also that the two sets of curves, derived from putting @ = conat. and y = const, will intersect always at right angles and will, therefore, form an orthogonal field. By way of illustration, assume cos w = ccos (p + iy). Whence (see 11) 2% = 008 @ cosh y y=—ceing sink y. Whence 2 yo Seosty + Sanity = 1 a a Feostg — Saintye = 1 (see 10) The curves for y = const. are ellipses and those for YP = const. aré hyperbols. These conics will have common foci at + (c, 0) and inter- y 7 sect always at right angles as shown in Division B ig. 52. 4 4, The Complex x + iy as the Location of a Point ? in a Plane. Anticipating in some small degree the oy application of the complex variable to the treatment ‘ Fig. 3. of vectors and to the subject of vector algebra, we next proceed with the development of certain important relations growing out of the use of the complex z-+ iy as the designation of a point in plane. Thus in Fig. 3 we take z as the abscissa and y as the ordinate and thus locate a point P in the plane XY. In terms of polar coordinates, the point might also be located by the length r laid off at the angle @ where Pama yy? =tan2 6 = tan = If then we take the equation 2 = z+ iy and substitute for x and y in terms of r and @ as in Fig, 3 we shall have z= 1 (cos @ + i sin 0) (4.1) Now the application of Maclaurin’s theorem to the expansion of @ gives: m1 O+ Rt SO FL If instead of 9 we put i0, we may write the result in the form: eo, # : *, @ ea f-F4+ i +i—ata But the expression within the first bracket is known to be the expansion of cos 0, and similarly that in the second bracket is the expansion of sin 8, both in ascending powers of @. Hence as an algebraic identity ‘we may write: ef = cos 0 + ising (4.2) 86 This is to be understood simply as a statement of the equivalence of these two algebraic forms, or of their identity when expanded in terms of 6. Comparing (4.1) and (4.2) it is clear that we may write the complex variable z= x + iy in the form z= rele (4.3) and in whatever way z= (z+ iy) may be used as the representation of @ point in a plane, or as s vector or otherwise, we may equally well employ the expression re, It should be clearly noted that at this point we are only concerned with the establishment of the analytical equality of the three expressions: z=a+tiy=r(cosb + isind) = all under the conventions expressed in Fig. 3. 5. Results Growing Out of the Expression of the Complex Variable in the Exponential and Circular Function Forms. The series of equalities z=(z + ty) =r (cos 6 + i sin 0) = re* leads to many interesting and important relations. Among these few are selected as of major im- portance for our present purpose. Most of these are self evident, or follow directly from the preceding sections. (cos 6 + i sin 6)™ = (em — eime whence (cos 0 + i sin 0)" = cosm@ + isinm@ © This is the well known de Moivre’s theorem. fe (4.4) = = cos 8 + ising = ef (b) = = cos 6 —i sind =e (c) Putting — 6 for @ in (b) gives the last two expressions in (c). But e~*¥ is the reciprocal of e*. Hence the first term must be the reci- procal of z/r or r/z. Then from (b) and (c) 2cos8 = =4+ 5 =e + eH (@ (e) Whence cos = te ® ae zof 2isind => t= isin 9 = @) Again from (b) and (c) (cos @ + é sin 6) (cos 8 — isin 8) =1 (h) This is readily verified by direct multiplication. = 1 (cos 6 isin 6) = Lee @ 87 6. The Integration of Functions of a Complex Variable. The complex variable z may appear in integral expressions the same as a real ‘variable. Thus we may be concerned with integrals of the general form: Sf@dz (6.1) If f (2) is expanded, it will take the form u + iv where u and » are real functions of z and y. The expanded integral will thus take the form: Jf (w+ iv) (dz + idy) = f(ude—vdy) +if(vdz+udy) (6.2) The integral is thus reduced to the form of four integrals, each in- volving real functions u and v. It now becomes a matter of interest to inquire under what conditions the values of the two integrals in (6.2), when the path of integration is carried around a closed contour, will become zero. Assume the existence of a function p of z and y and put P Then we shall have forcz+oav -{(# Rade 4 Se Zeay) = (6.4) a where 4 and B denote the two points between which the integration is carried. Now if the function g is real, single valued and without singularities (the effect of which will be considered later), it is clear that if the integration is carried around a closed path, the point B comes to A, the two values of g become the same and the value of the integral becomes zero. The condition that an integral of the form (6.4) shall vanish when the integration is carried around a closed path is therefore (6.3) the existence of a function of the character indicated. But for any such function it is known that we must have ap __ ep ozdy Oyor And from (6.8) this is equivalent to a gra on ae (6.5) If we then consider the two integrals of (6.2) respectively parallel to (64) and apply to them the eondition of (6.5), we shall have the ov Ov _ ou conditions Fs Byte (6.6) These are sometimes known as the Cauchy-Riemann equations and are fulfilled when u and » are the two conjugate parts of f(z) as assumed above; that. is where we have {@)=ut+iv See also 1, 2. 88

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