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at (2) (2) | a Tdpicos Basicos 1 Teoria e Circuitos Magnéticos ‘A compreensio do eletromagnetismo é essencial para o estudo da engenharia elétrica pois ele é a chave para a operaco de uma grande parte dos mecanismos encontrados nas indlistrias e nas residénci- as. Todos os motores e geradores elétricos — abrangendo unidades com poténcias de fragdes de cavalo- vapor, como os encontrados em aplicagdes domésticas, até gigantes de 25.000 HP empregados em algu- mas indiistrias — dependem do campo eletromagnético como elemento de acoplamento, que permite a transformacio da energia de um sistema elétrico para um sistema mecfinico e vice-versa. Da mesma forma, transformadores estéticos proporcionam o meio de se converter energia de um sistema elétrico em outro, por meio de um campo magnético. Transformadores so encontrados em aplicagées tio vari- adas como receptores de radio ¢ televisio e circuitos de distribuigao de energia elétrica, Outros disposi- tivos importantes — por exemplo, disjuntores, chaves automiticas, relés e amplificadores magnéticos —necessitam da presenga de um campo magnético confinado para sua correta operacio. Este capitulo fomece ao estudante o conhecimento basico, de forma que ele ow cla possa identificar um campo mag- nético e suas caracteristicas mais importantes e entender mais rapidamente o papel do campo magnético nos equipamentos elétricos. ‘A ciéncia da engenharia elétrica se encontra fundamentada em algumas leis basicas, deduzidas de experiéncias priticas. Na drea de eletromagnetismo, a lei de Ampere & a que mais nos interessa e, na realidade, serve de ponto de partida para nosso estudo.’ Baseado nos resultados obtidos por Ampere em 1820, com suas experiéncias com as forgas que existem entre dois condutores que conduzem corrente, grandezas como densidade de fluxo magnético, intensidade do campo magnético, permeabilidade e flu- Xo magnético so facilmente definidas. Uma vez que essa base fique estabelecida, nossa atengao seri entio dirigida para uma discussio das propriedades magnéticas de certos materiais titeis na engenharia, assim como para a idéia de um “circuito magnético’ anélise de dispositivos magnéticos. car os cilculos envolvidos na. para ajudar a simplifi No sedeve deducirque esse nico pont de prtida par o desenvolvimento de ma sora quantativa do crcuto magnéten. lei de Faraday ‘ing €izanment valida como ponto de pari ¢€ mesmo peferida quando o objetivo eo desenvolvimento de una tora de ondas eet Inaghctcas op inves de un tora que cond 4 cscussbo da conversa eleromenicn dene 2. Teoria e Ctcuitos Magnéticos Capitulo 1 1-1 LEI DE AMPERE — DEFINICAO DE GRANDEZAS MAGNETICAS Na Fig. 1-1 estd ilustrada uma variante simplificada da experiéncia de Ampire. O arranjo consiste em um condutor longo, 1, conduzindo uma corrente com médulo constante, /,, eum condutor elementar de comprimento 1, conduzindo uma corrente com médulo constante f,,em sentido oposto a /,. Conside- rados em conjunto, o condutor elementar e a corrente J, constituem um elemento de corrente, LO condutor elementar é, na realidade, parte ce um circuito fechado na qual /, circula, mas, por simplicida- de © conveniéncia, os detalhes do circuito foram omitidos, exceto pelo comprimento /, Além disso, su- Oe-se que os condutores I 2 estiio no mesmo plano horizontal e sto paralelos entre si, De acordo com a lei de Ampére, observa-se que, com este arranjo, existe uma forga no condutor elementar, dirigida para a direita. Outrossim, 0 mdulo da forca resulta sendo diretamente proporcional a J, I, 1¢ ao meio ambiente que envolve os condutores, ¢ inversamente proporcional a distiincia entre os mesmos. Em unidades mks,’ 0 médulo desta forea pode ser demonstrado como sendo dado por newtons (N) a-b stn em ampares, /e rem metros e p. 6 uma propriedade do meio. Uma obscrvagae a interessante sobre essa experiéncia é que, se o condutor elementar 2 for usado como um corpo de prova ara buscar os pontos no espago onde a forga tem médulo constante e é dirigida para fora, o lugar geo- métrico resultante é um effculo de raio r, centrado no eixo do condutor 1. Em outras palavras, € possivel se identificar um campo com linhas de forca constantes. Neste contexto, é titil, neste momento, reescre- ver a Eq. (1-1) como segue: F=IB (1-2) onde al, Boo 1-3 ar | Aqui, por razHes que se tornam agora claras, B é definido’ como 0 campo magnético ou, ainda melhor, como a densidade de fluxo magnético existente na regio onde esté o condutor elementar 2 e é expresso | a Condutor | | Fig. 1.1 Ilustrago da forea existente entre o elemento de corrente /,¢ um condutor Tongo que conduz a corrente 1, como descrito pela lei de Ampere. Sistema de unidades metro-quilograma-segundo "Essa definigdo de Bestécoreta para o arranjo da Fig. 1-1. Para ouras configuragdes, a forma ser similar, mas ab constants seo geralmente diferes SEE] Segdo 1-1 Lei de Ampére— Definigdo de Grandezas Magnéticas 3 em unidades webers/metro? ou testas (T). Como a Eq, (1-2) indica, a densidade de fluxo magnético € definida como uma forea medida, F, por elemento de corrente [,1. A equacdo (1-3) é simplesmente um meio de identficar a forma pela qual a corrente /, influencia 0 campo de forga ao redor do elemento de corrente. E importante se notar que, se Z,nio for zero, 0 campo de forga ¢ 0 campo magnético tém as ‘mesmas caracter — ambos tém um lugar geométrico circular e ambos so grandezas vetoriais, Possuindo médulo ¢ sentido. Contudo, devido 20 modo como B é definido, o campo magnético existe se {ni for zero, independentemente do valor de /,..A densidade de fluxo magnético representa devia Forma, os efeitos das cargas em movimento que produzem I, Em nosso estudo de méquinas elétricas, que vird a seguir, o condutor I seri refetido como oenro- lamento de campo, porque ele produz.0 campo magnético de trabalho, a0 passo que o citeuito ‘completo do qual o condutor elementar é uma parte, € chamado de enrolamento de armadura, © sentido do campo magnético ¢ rapidamente determinado pela regra da mao diretta, que estabe- lece que, se © condutor do enrolamento de campo (1, neste caso) é seguro com a mao direita, com 0 Polegar apontando no sentido da circulacio da corrente, as linhas de fluxo (ou densidade de fluxo) serio no sentido em que os dedos envolvem o condutor, Permeabilidade © exame da Eq. (1-1) nos mostra que todos os fatores nessa equacio so conhecidos, com exce- Go do fator de proporeionalidade 4, que é uma caracterstica do meio. Repetindo-se n experiencia da Rig. 1-1 em ferro ao invés de ar, encontra-se que a forga é muitas vezes maior, para os meamos valores de, 1, ter Portanto, segue-se que 1 pode ser definido da Eq. (1-1) para varios meios diferentes, pois Ga tinica grandeza desconhecida. Além disso, devido a forma como a densidade de flixo magnétice fol definida, Eq. (1-3) indica que o efeito do meio pode ser representado em fungdo da taxa com a qual ele Sumenta ou diminui a densidade de fluxo magnético para uma corrente especificada /,, Desta forma, quando 0 meio for ferro ao invés de vécuo, pode ser dito que o ferro proporciona umamior penetraeao do campo magnético numa dada regio! isto é, existe umia maior densidade de fluxo. Essa propriedade do meio em que os condutores estio colocados & chamada permeabilidade. ‘Quando os condutores da Fig. 1-1 forem hipoteticamente colocados no vacuo e a forca for medida para valores especificados de 1,1, 1 r, 0 valor para a permeabilidade do véeuo obtida da Eq, (1-1) ¢ expresso em unidades mks sera 42X10 (4) A unidade de permeabilidade também sai da Eg. (1-1). Desta forma newtons ampere” onde a significa “é proporeional a”, Mas Rewton-metro = joule = volt X ampere x segundo ou volt X ampere X segundo __yolt x segundo Hy * a ampere? X metro ampere x metro Contudo, volt X segundos / ampire éa unidade de indutfncia, expressa cm henrys. Conseqlentemente a permeabilidade é expressa em unidades henrys/metro (H/m). 4 Teoria e Circuitos Magnéti ‘os Capitulo 1 Nagqueles casos, onde o meio for diferente do vacuo, a permeabilidade absoluta é novamente, e de forma facil, calculada da Eq, (1-1). Uma comparaedo com o resultado obtido para o vacuo conduz.a uma grandeza chamada permeabilidade relativa, w,. Sua expressio matemtica é AEgq, ([-5) indica claramente que a permeabilidade relativa ¢ simplesmente um ntimero que expressa a taxa na qual a densidade do fluxo magnético aumenta ou diminui, em relagdo do vacuo. Para alguns materiais, como o Deltamax, 0 valor de 12, pode exceder a 100.000. A maioria dos materiais ferromag- néticos, contudo, tem valores de 44, na casa de centenas ou milhares. Fluxo Magnético ® Antes de considerar o modo pelo qual essa grandeza é definida, vamos investigar primeiramente de forma mais detalhada as dimensGes da densidade de fluxo magnético B, como descrito na sua expres- so de definigao, Eq, (1-2). Desta forma newtons [eee amperes X metro volts x segundos X am _ volts X segundos: z (1-6) ampéres X metro metro” Oexame desta expressiio revela que B 6, na realidade, uma densidade, pois envolve metros ao quadrado no denominador. Conseqilentemente, € razoavel esperar-se que, visto que B € definida como uma den- sidade de fluxo magnético, entio seu produto pela drea efetiva que B penetra deve resultar no fluo magnético total. Para ilustrar esse ponto, vamos nos referir 2 Fig. 1-2, que mostra uma bobina de érea ab, colocada no mesmo plano horizontal que contém o condutor 1, Jé sabemos que, quando uma corren- Condutor 1 Oa (2) Vista superior (b) Vista frontal Fig. 1.2 Associando uma firea com um campo magnético B para identificar um fluxo magn Secdo 1-1 Lei de Ampére — Defini¢do de Grandezas Magnéticas 5 or 2 Condor 60° Fig, 1.3 ldéntica & Fig. 1-2(b), exceto que a bobina est B inclinada 60° com relagao ao plano horizontal. te J, cireula através desse condutor, um campo magnético ¢ gerado no espago ¢ € deserito pela Eq. (1- 3), Para calcular o fluxo total que penetra a bobina € necessdrio simplesmente efetuar uma integragio de B ao longo da area superficial considerada. Evidentemente, se B fosse uma constante ao longo da Area considerada, o fluxo seria simplesmente o produto de B pela firea ab. A seguir, considere que 0 plano da bobina se incline em relacZo ao platio do condutor | por 60°, como representado na Fig. 1-3. Evidentemente, agora o fluxo total que penetra a bobina é reduzido por um fator igual a ¥5. Se a bobi na for orientada para a posi¢zo de 90° em relacdo ao plano horizontal, nenhum fluxo atravessard a bobina. Baseado nestas observagdes, temos enti que o fluxo magnético através de alguma superficie é definido de forma mais rigorosa como a integral de superficie da componente normal do vetor campo magnético, B. Em forma matemética, temos =f, By dA (at) eee onde s representa a integral de superficie, A representa a drea da bobina ¢ Bn é a componente normal de B A superficie da bobina. Da expressio (1-6), sabemos que o fluxo magnético deve ter dimens6es de volt-segundo. Contudo, é mais freqiientemente chamado de webers. abreviado por Wb. A unidade volt-segundo do fluxo é de mais facil entendimento em termos da lei de Faraday da inducio [ver Eq, (2-8)]. Intensidade do Campo Magnético H FE freqiientemente titi, em célculos de circuitos magnéticos, trabalhar-se com uma grandeza re- presentando 0 campo magnético que seja independente do meio no qual o fluxo magnético esté imerso. Isso € especialmente verdadeiro em situagdes tais como as que siio encontradas nas maquinas elétricas, onde um fluxo comum penetra diversos materiais diferentes, inclusive ar. O exame da Eq, (1-3) revela que a divisfo de B por» caracteriza tal grandeza. Conseqiientemente, a intensidade do campo magnéti- co é definida como B ae (1-8) # e tem unidades newtons amperes metro _ amperes _ A. me wioDs metro m. ampere” 6 Teoria eCircuitos Magnésicos Capitulo 1 Desta forma, Hé dependente da corrente que a produz.¢ também da geometria da configuracio, mas niio do meio. Para o sistema da Fig. 1-1, o valor da intensidade do campo magnético segue imediatamente da Eq. (1-3) e é dado por Devido a H ser independente do meio, é freqtientemente vista como a intensidade que é responsével pela geracdo da densidade de fluxo através do meio, Na realidade, contudo, H é um valor deduzido. No caso geral, a unidade de H & ampére-espiras/metro e ndo ampére/metro. Com um pouco de atengdo, isso se torna evidente, sempre que 0 enrolamento de campo for formado por mais do que um condutor. Lei de Ampére de Circuito Agora que a intensidade de campo magnético foi definida e demonstrada como tendo unidade de ampere-espiras/metro, podemos deduzir uma expresso muito itil. Relembre que H é um yetor que tem ‘© mesmo sentido que o campo magnético B. Para a configuragao da Fig. 1-1, H tem o mesmo lugar geométrico circular que B. Uma integragao de linha de £7 ao longo de algum percurso circular dado re- sulta importante. Evidentemente, a integral de linha € usada porque H tem dimensio por unidade de comprimento. Desta forma, fu ee xa (De novo, lembre-se que a unidade seria ampére-espiras se mais do que um condutor fosse envolvido na Fig. 1-1.) A Eq, (1-9) mostra que a integral de linha fechada da intensidade do campo magnético € igual as correntes envolvidas (ou ampére-espiras) que produzem as linhas de campo magnético. Esta relaco chamada de let de Ampere de circuito © € expressa como amperes a9) fu d= F (1-10) onde # designa os ampéte-espiras envolvidos pelo percurso fechado assumido das linhas de fluxo. A grande- za ¥ € também comhecida como forga magnetomotriz ¢ é freqiientemente abreviada como fmm, Essa relagdo € iitil no estudo dos dispositivos eletromagnéticos e sera estudada nos capitulos subseqiientes. Relagées Deduzidas Nas paginas anteriores, as grandezas magnéticas fundamentais — densidade de fluxo, fluxo, in- tensidade de campo e permeabilidade — foram definidas a partir da experiéncia elementar de Ampere com dois condutores conduzindo corrente. Pela manipulagao correta destas grandezas, outras férmulas uiteis podem ser obtidas. ‘A Eg, (1-8) é uma equago vetorial que descreve a intensidade do campo magnético para uma dada geometria e corrente. Se 0 comprimento total do percurso de uma linha de fluxo for suposto como sendo /, entdo a forca magnetomotriz. (fmm) associada a linha de fluxo especificada & F= al & (eb u Segio 1-1. Lei de Ampare — Definicao de Grandezas Magnéticas 7 ‘Agora, nas situagdes onde B é uma constante e penetra uma drea fixa e conhecida, A, 0 fluxo magnético correspondente pode ser escrito da Eq. (1-7) como ©=BA (1-12) Introduzindo a Eq, (1-12) na Eg, (1-11), obtém-se F=HI of) (13) © termo entre parénteses nesta tiltima expressiio € importante porque mostra uma grande semelhan ‘com a definic&o de resisténcia‘ em um circuito elétrico. Relembre que a resist&ncia em um circuito elétrico representa um impedimento & passagem da corrente criada por uma fonte de tenstio. Um exa- me da Eq, (1-13) fornece uma interpretacao similar para o circuito magnético. Ja estamos cientes que F & a fmm que gerao fluxo ®, que penetra a rea de segio transversal especificada A, Contudo, esse fluxo é limitado em médulo pelo que & chamado a relutdncia do circuito magnético, que € definida como (-14) Nenhum nome especffico é atribuido a dimenso de relutneia, sendo referida como tantas unidades de relutincia, ‘A Eg. (1-14) indica que a resistencia irculagao do fluxo que um circuito magnético apresenta & diretamente proporcional ao comprimento e inversamente proporcional & permeabilidade ¢ & érea da secio transversal — resultado que é totalmente consistente com o raciocinio fisico. Introduzindo a Eq. (1-14) na Eq. (1-13), resulta OR (1-15) que ¢ freqiientemente referida como a lei de Ohm do circuito magnético. E importante lembrar-se, con- tudo, que estas manipulagdes so vélidas somente se B e A so quantidades fixas. ‘Na maioria dos materiais ferromagnéticos reais, a relacao entre F e ¢ (ou as grandezas corres- pondentes H = Gill e B= IA) é ndo-linear, o que indica que a relutncia & varia com a fmm aplicada, O exame da Fig. 1-10 indica isso claramente, Em algumas aplicagdes, & a variagdio da relutancia em relagdo a um ponto de operagio que € importante, ¢ nao 0 valor total da relutincia, Isso conduz natural- mente 0 coneeito de relutdncia diferencial, que € definida como dF _ aH) _Idt _ 1 === od 1H ab (BA) AdB UjA be Ra Aqui, 1, & a permeabilidade diferencial e € representada graficamente como a declividade de uma tan- gente tragada na curva de B versus H. +4 resistencia de um fo de cobre de comprimento Le dre de sogo transversal A € data por R= 1A, onde 6 a resistencia do cobe, 8B Teoria e Circuitos Magnéticos Capitulo 1 Lei de Ampére para Varias Orientagdes do Elemento de Corrente Na Fig. 1-1 formulou-se a hipétese de que 0 elemento de corrente estava colocado paralelo ao condutor 1 e no mesmo plano, Devido ao fato de que essa orientagio é suficiente para o propésito em sta — definir as grandezas magnéticas fundamentais — foi usada por uma questo de conveniéncia, Contudo, no interesse de fornecer uma visdo mais completa da experiéncia, vamos agora considerar 0 efeito na forea 20 se colocar o elemento de corrente /, em duas orientagdes diferentes adicionais. Con- sidere, primeiramente, que 0 elemento de corrente nao esteja mais colocado em paralelo ao condutor 1, mas continue a ser colocado no mesmo plano horizontal. Refira-se & Fig, 1-4. Os pontos nesta figura indicam que 0 campo magnético tem sentido para fora no lado esquerdo do condutor 1 e para dentro (com relago a0 plano do papel) no lado direito do condutor, como indica a regra da mio direita. Os resultados desta experiéncia mostram que 0 médulo da forea é 0 mesmo que foi encontrado usando-se a configuracdo da Fig, 1-1.° Essa conclusdo nao surpreende porque o valor da densidade de fluxo magné- {ico assim como /,¢ [permanecem fixos, de forma que a Eq. (1-2) 6 ainda valida para descrever a forca. A tinica mudanga & no sentido da forga. Contudo, como a Fig. 1-4 indica, a forga continua a ser normal a0 elemento de corrente. E importante ndo esquecer este aspecto. Logo sera descrita uma regra geral para determinar o sentido para todas as configuragdes. A seguir, vamos considerar a orientacio do elemento de corrente que o coloca paralelo ao condu: tor 1 mas inclinado de um Angulo de @ = 30° com relagdo a vertical, Uma vista lateral da configuragio esta representada na Fig. 1-5. Note-se que 0 campo magnético esta direcionado para baixo, na vertical, Para esta vista, Na realidade, o lugar geométrico de B é circular, mas na Fig. 1-5- estamos examinando apenas a pequena parte do campo B préxima do plano que contém o condutor 1. Com esta configura: a forca no elemento de corrente tem o mesmo sentido, mas metade do médulo daquela obtida com a orientagdo da Fig. 1-1. Segue-se, entio, F=11Bsen 0 N (17) A Eq, (1-17) exprime somente informagio a respeito do médulo da forea e nao de seu sentido. E Possivel, contudo, pelo emprego de notacao da andilise vetorial, reescrever a Eq. (1-17) de forma a in- Cluir nao s6 informacdo sobre o médulo, mas também sobre o sentido da forga. Esse resultado é obtido Campo 8 direcionado Campo B direcionado para dentto do pape! ara fora do pape! ° ape! " si Blemento de Fig. 1.4 Mostrando 0 sentido da forga corsa quando o elemento de corrente nao é mais + + + colocado em paralelo ao condutor 1 mas Petmanece no mesmo plano. Condutor 1 ft | “Devido & natureza infinitesimal do elemento de corrente,o valor de foi asumido convo constane em relse0 a, independentemente de sua oxeatigio, ae ee | Secio 1-2. Teoria do Magnetismo 9 Condutor 1 Fig. 1.5 Projecdo da vista lateral da Fig. 1-1 mas como elemento de corrente inelinado em relagio a0 plano ho- rizontal. A forga esté direcionada para fora do papel. elo uso do produto vetorial entre dois vetores, produzindo um terceiro vetor que tem médulo e sentido Desta forma, a Eq. (1-17) pode ser escrita de forma mais completa como F=rixB|N (1-18) Q produto vetorial deve ser sempre entendido como envolvendo 0 seno do Angulo entre os dois vetores Bel (ou o sentido de /,, que determinado pela orientagao de J). Além disso, sempre que © produto {etorial for usado, o sentido do vetor resultante sera sempre normal ao plano que contém os vetwres Be 4, no sentido determinado pela diregio do avanco de um parafuso de rosca para a direita, quando [ é girado sobre B através do menor dos ngulos entre esses dois vetores. Conseqlientemente, na configura- ‘go da Fig. 1-5, 0 sentido da forga é dado girando /,/ sobre B e entio observando que isso faz um para- fuso de rosea para a direita avangar para fora do plano do Papel. Por isso, a forea esta dirigida para fora € isso corresponde a resultados obtidos experimentalmente. E também possivel determinar-se 0 sentido da forga por meio de outra regra da mao direita, que Fequer que o dedo indicador seja colocado no sentido da corrente ¢ 0 dedo médio no sentido de B, com os dois supostos no mesmo plano. O polegar da mao direita entdo aponta o sentido da forga, quando colocado perpendicularmente aos dois outros dedos, 1-2 TEORIA DO MAGNETISMO Para se entender 0 comportamento magnético dos materiais, 6 necessdrio um exame microsedpi- coda matéria. Um bom ponto de partida é a composicio do étomo, que Bohr descreveu como constitu do por um niicleo pesado e varios elétrons se movendo a0 redor do nicleo em érbitas especificas, Uma investigaeo mais apurada revela que o étomo de qualquer substincia experimenta vm torque quando colocado num campo magnético; isso é chamado de momento magnético. O momento magnético resul- {ante de um dtomo depende de trés fatores — a carga positiva do nicleo girando no seu eixo, a carga negativa do elétron girando no seu eixo € 0 efeito dos elétrons se movendo em suas 6tbitas, O memento magnético'dos movimentos de rotagio e translacao do elétron excecem, em muito, o da rotagie do pré- ton. Contudo, esse momento magnético pode ser afetado pela presenga de um étomo adjacente, Conse. Aentemente, se dois étomos de hidrogénio se combinam para formar uma molécula de hidrogénio, deeorre due arotagio do elétron, a rotagdo do proton e os movimentos de translacdo dos elétrons de cadla étomo Se opdem entre si cle forma que um momento magnético resultante igual a zero deveria ser obtido. Embora Oresultado esteja proximo disso, experiéncias revelam que a permeabilidade relativa do hidrogénio na igual a 1, mas¢ ligeiramente inferior a unidade. Em outras palavras, a teagao molecular é tal que, quando o hidrogénio ¢ 0 meio, corre uma pequena reducdo no campo magnético, em comparagdiocom o rican, Este comportamento ocorre porque hi um movimento que altera todas 2s cargas rotativas em telagao & 10 Teoria e Circuits Magnéticos. Capitulo 1 dliregio do campo eo efeito desta mudanea € o aparecimento de um campo oposto ao campo aplicado, independentemente da direcdio do movimento de rotagio ou translagao. Materiais nos quais esse efeito ‘se manifesta sfio chamados diamagneéticos, por razies Sbvias. Além do hidrogénio, outros materiais que posstiem essa caracterfstica sio a prata e 0 cobre ‘Continuando com a molécula de hidrogénio, vamos supor que a seguir se retira um elétron da mesma, criando-se, entio, um fon de hidrogénio. Evidentemente, deixa de existir a completa neutraliza- ao dos movimentos de rotagao e translacdo dos elétrons. Na realidade, quando um campo magnético € {plicado, o fon fica orientado de tal forma que seu momento magnético total se alinha com 0 campo, desta forma provocando um pequeno aumento na densidade do fluxo. Este comportamento € deserito como paramagnetismo e é caracteristico de materiais como o alumfnio ¢ a platina. Materiais paramag- néticos tém permeabilidade relativa ligeiramente superior & unidade. 'Até este ponto, estudamos os elementos cujas propriedades magnéticas diferem apenas ligeira- mente da do vacuo, Na realidade, a grande maioria dos materiais se situa nesta categoria, Contudo, exis- te uma categoria de materiais — prineipalmente ferro e suas ligas com niquel, cobalto e alumfnio — para os quais a permeabilidade relativa é muitas vezes maior que a do vacuo, Estes materials sio chama- dos ferromagnéticos®e sio de grande importincia na engenharia elétrica. Podemos perguntar, nesse Ponto, por que o ferro (e suas ligas) é tio mais magnético do que os outros elementos, Essencialmente, a res- posta é fornecida pela teoria do dominio do magnetismo. Como todos os materia, o ferro tem estrutura eristalina, com os dtomos dispostos numa estrutura espacial. Contudo, os dominios so particulas sub- tristalinas de tamanhos e formatos variados, contendo cerca de 10" stomos num volume de aproxima- damente 10? centimetros ciibicos. O fator caracteristico do dominio é que os momentos magnéticos dos diomos qute 0 constitue esto todos alinhados no mesmo sentido. Desta forma, num material fer- romagnético, nao apenas deve existir um momento magnético devido a uma rotagio nao neutralizada de tum elétron em uma érbita interna, mas também a rotago resultante de todos os dtomos vizinhos no dominio deve ser paralela. Poderia parecer, pela explicagio dada até este ponto que, se o ferro for composto de dominios completamente magnetizados, entio ele deveria estar no estado de completa magnetizagz0 ao longo do corpo do material mesmo sem aplicagdo de uma forga magnetizante. Na realidade, esse nao € © caso, bi tlafe|sl= > | || + || +/}]-l+l-|t —> ||} | |] SS PMS Neeeleleele 1S ee tH EEL| EEEEEE eee ee rasan — || | se | | fa) (b) Fig 1.6 Representagio de um cristal ferromagnético: (a) nio-magnetizado e (b) completamente magnetizado pelo campo H. "em da pls latins para fer: frum: secio 1-3 Camas de Mogneizag3o de MateraisFertomagncticos 14 porque os dominios atuam independentemente, ¢, para uma amostra de ferro ndlo-magnetizado, estes po nioe ado alinhados aleatoriamente em todas as diregbes, de forma gut © momento magnético total Cyeronaamostra, A Fig. 1-6 ilustra a situagio por meio de um diagrams, de modo simplificado. Devido estratura cristalina do ferro, a diregio “mais fécil” de alinhamento do dominio pode acontecer em qualquer das seis possibilidades — esquerda, diets, para cima, para baixo, para fora ou para dentro — dependendo do sentido da forga magnetizante aplicada. A Fig, 1-6(a) indica a configuragdo niio-magne- tinda. A Fig, 1-6(b) mostra o resultado obtido com a aplicagao de ume forga da esquerda para a direita dle tal amplitude que alinka todos os dominios. Quando este estado Eobtido, o ferro € dito como satura sto ne hié mais aumento na densidade de fluxo acima daquela do v éeuo para qualquer aumento adi- ional na forga magnetizante. Grandes elevagdes de temperatura numa amostra de ferro ‘magnetizado trazem uma redugdo na sua capacidade de magnetizagio. © aumento da temperatura reforga a agitagdo existente entre dtomos até que, na temperatura de 750°C, a agitagio é tio intensa que destr6i o paralelismo existente entre os an mbontos magnéticos dos dtomos vizinhos do dominio e, desta forma faz. com que ele perca sua pro- priedade magnétiea. A temperatura na qual isso corre € ‘chamada o ponto de “curie”. 1-3 CURVAS DE MAGNETIZACAO DE MATERIAIS FERROMAGNETICOS Se aexperiéncia da Fig. 1-1 for repetida com ferro ot. ago como meio, para valores crescentes da corente do enrolamento de campo /,,€0s valores correspondentes de jt forem computados, verifica-se Gque a permeabilidade relativa varia consideravelmente com a forca magnetizante que determina a den- sade de fluxo de operagiio. Uma variagao tipica de y, para ferro fundido esté mostrada na Fig. 1-7. Aqui, 1, esté plotada contra a densidade de fluxo ao invés de forca magnetizante porque ¢ 0 inicio do realinhamento de mais e mais dominios que gera a mudanga na permeabilidade. Infelizmente, 0 estégio “ie desenvolvimento da teoria do magnetismo nao est t20 desenvo'y ido a ponto de permitir a previsio das propriedades magnéticas de um material em bases purantene teéricas, mesmo se a composicao exata ddo material for conhecida. Por exemplo, com a teoria atual no € possivel dizer-se exatamente o que ocorrerd com a densidade de fluxo numa dada amostra de ferro para uit valor especificado da forga magne- tizante, Ao contro, essa informagao é usualmente obtida pela ‘consulta de catilogos técnicos e deseritivos ‘onde ax propriedades magnéticas medidas de uma amostra represenict¥t do material estio publicadas. Estes catlogos so fornecidos 20s usuérios pelos fabricantes de agos ‘magnéticos, ¢ incluem informagdes sobre formas e perfis diversos como folhas, fos, barras ¢ mesmos Tundidos de até centenas de toneladas. Em geral, a caracteristicas magnéticas publicadas das virias am st de ferro e ago sao apresen- tadas como erfificos da densidade de fluxo B como fungio da intensidade do campo magnético H. No varoosee de apresentar uma representagio gréfica completa da relacho funcional existente entre estas uae varidveis, assim como definir termos adieionais usados ness relagio, refira-se a Fig. 1-8. Assuma 1-400 T "i 1.200 4.000 4 08 J —J5 Fig 1.7 Grifico da permeabilidade relativa contra densids- Biteslas) de de fluo. 12. Teoria e Circuits Magnaicos Capitulo 1 OD ‘Seed transversal ®) Lm Fig, 1.8 Obtengao da curva de magne- Amostra de aco tizagdo de uma amostra de ago. que a amostra de 4 inicialmente niio-magnetizada e tem a forma de um anel toroidal, com uma tobina de N voltas enrolada sobre ela. Assuma também que a bobina pode scr energizada por uma fonte re euneto varisvel capaz de fornecer corrente nas duas diregoes da bobina. Quand a corrente /aumenta a partir de zero, no sentido positivo (corrente circulando para dentro do terminal superior da bobina), aaeifluxo magnético @ crescente aparece no corpo do tordide, no sentido dos ponteiros do relégio. Para aia valor fixo de 7, existe um valor especifico de fluxo. Entao, pela Ea. 12), a densidade de fluxo orresponente & determinada, visto que a fea da seqao transversal do tordide & conhecida. Além disso, a forga magnetomotrz. NI pode ser substituida por H/,, de acordo com aleicircuital de Ampere [Eq. (1-10)], onde 1, € 0 comprimento médio do percurso do tordide (como indicado pelo cfrculo em linhas traceja- das, na'Fig. 1-8). As duas grandezas fundamentais envolvidas nesse arran}> S00, entao, B, em webers! cnctrox eH, em ampere-espiras por metro, H’éa grandeza com a qual desejamos t abalhar em lugar da orga magnetomotiz. porque, para a mesma densidade de fluxo, 20 56 dobrar 6 comprimento médio do percurso magnético nfo se altera H, mas seria necessario dobrar-se a forca magnetomotriz. A conclustio peer tirada € que um grafico de B versus H € um grafico universal para umn dado material porque pode ae rotendido 2 qualquer geometria de érea de segio reta e comprimento, Em contraste, Yet Brifico de ® orsus NZé limitado a uma configuragio geométrica espectfica, Por conseguinte wim ‘gréifico das earac~ terfsticas magnéticas de um material envolve sempre uma plotagao de B versus H, Para a amostra Vi trem da Fig, 1-8, 0 grifico de B versus H segue a curva Oa da Fig 1-9, para intensidades de campo até H,, Note a relagio nao-linear existente entee essas duas grande7as ‘Dutra caracterfstica importante dos materiais ferromagnéticos aparece quando intensidade do campo, tendo aumentado até um certo valor, digamos H,, € ‘subseqilentemente reduzida. Encontra-se que 0 material se opde & desmagnetizagao e, conseaiientemente, niio retorna exatamente sobre a curva i mas sobre uma curva localizada acima de Oa. Veja curva ab, na Fig. 1-9- Outrossim, nota-se que, {quando a intensidade do campo volta a zero, a densidade do fluxo nie € mais zero, como foi o caso da mostra virgem. Isso ocorre porque alguns dos dominios permanecem orientados na diregao do fluxo sriginalmente aplicado. O valor de B que permanece ap6s a remogio da intensidade do campo H é cha- seen de densidade residual de fluxo. Além disso, seu valot varia com o pont até onde o material foi magnetizado, O valor maximo possivel da densidade de fluxo residual é chamado retentividade e ocorre independentemente do valor de H usado para causar a completa sajuragt® Fregiientemente, em aplicacdes de engenharia de materials ferromagnéticos, o ago € submetido a valores de H variaveis ciclicamente, tendo os mesmos limites positivo ¢ negative. Quando H varia entre viios vielos idénticos, o grfico de B versus H se aproxima gradualmente de uma curv fixa fechada, wane indieado na Fig, 1-9, O ciclo sempre percorrido na diregdo indicada pelas seis Visto que 0 tempo é a varidvel implicita para esses ciclos, observe que B est sempre atrasado em relagio a H. Desta forma, quando H é zer0, B éfinito e positivo, como no ponto b, € quando Bé zero, como no ponto ¢, H {finite negativo, e assim por diante. Essa tendncia da densidade de fluxo de atrasar-se om relagZo | Segdo 1-4 O Circuito Magnético: Conceito e Analogias 13 wabers (F Cocrsividade —>} Tae Roteniviade —-__] Donsidade de fluxo residual Curva de magnetizagdo normal Ciclo de histeres ¢ correspondonto ‘aum valor de H suficintomente grande para ‘salurar completamente a amosira de ferro Forga coersive Fig. 1.9 Cielos de histerese tipicos ¢ curva de magnetizacao normal. intensidade do campo quando o material ferromagnético esté numa condigtio de magnetizagao ciclica- mente simétrica, é chamada histerese” ea curva fechada abedea é chamada um ciclo de histerese. Além disso, quando o material esti nesta condigao eiclica, a quantidade de intensidade de campo magnético necessaria para reduzir a densidade de fluxo residual a zero é chamada de forca coerciva. Normalmente, quanto maior a densidade de fluxo residual, maior deve ser a forga coerciva. O valor maximo da forga coerciva é chamado de coercividade. ‘O exame dos ciclos de histerese da Fig. 1-9 torna evidente que a densidade de fuxo correspondente ‘a.uma intensidade de campo em particular nao tem um tinico valor. Seu valor se situa entre certos limites, dependendo da histéria prévia do material ferromagnético. Contudo, visto que em muitas situagdes envol- vendo dispositivos magnéticos essa histéria prévia é desconhecida, um procedimento de compromisso & utilizado para se fazer cfleulos magnéticos, fazendo-se uso de uma curva com valores tinicos, chamada de curva de magnerizacdo normal. Essa curva é obtida passando-se uma curva pelas extremidades de um gru- po de ciclos de histerese obtidos enquanto numa condicio efclica. Tal curva é Oafg na Fig. 1-9. Curvas lipicas de magnetizago normais de materiais ferromagnéticos usuais esto representadas na Fig. 1-10. ‘Uma ultima observacao é necessiria neste ponto. Pela Eq. (1-8), a permeabilidade de um material pode ser expressa como a relago de B para #7. Relacionando essa afirmativa com a variagio niio-linear que existe entre Be H (veja a Fig. 1-9), confirma a variagao da permeabilidade com a densidade do fluxo como j mencionado em relagdo & Fig. 1-7. Na realidade, para um material numa condigao cielica, a permeabilidade nao é mais que a relago entre B e H para os varios pontos ao longo do ciclo de histerese 1-4 O CIRCUITO MAGNETICO: CONCEITO E ANALOGIAS Em geral, os problemas envolvendo dispositivos magnéticos sio fundamentalmente problemas de campo, porque dizem respeito a grandezas como ® e B, que ocupam 0 espaco tridimensional. Por sorte, contudo, na maior parte das vezes, 0 grosso do espaco de interesse do engenheiro estara preenchi- do por materiais ferromagnéticos, exceto por pequenos entreferros, que esto presentes por que assim se Derivado do grepo hieedy, signiicando “estar atés de” "ara AA ‘soaidn $024 uSeuraiay syeyiaiwur ap oxSuznaumeus ap SPAIN) OTT “BT onewysesidse-eiedwe ‘conjguBew oduieo op epepisuelut 00°01 000"9 00's 0007 — 000F_~—009-—0F ODE _—00Z ooLog 09 or 06 02 o zo 80 f v'0 fe Zs S B : A a ‘ : e g es zt 5 Ss 6 4 ch Z vt 14 Seca 14 © Circuito Magnético: Conceito eAnalogias 15 Ferre O} tre a, Fig. 1.11 Circuito magnético tipico, envolvendo ferro ear. #0 Fig. 1.12 Circuito unifilar equivalente da Fig. 1.11 cdeseja ou por alguma necessidade. Por exemplo, em dispositivos eletromecdnicos de conversio de ener- sia, o fluxo magnético deve penetrar uma massa de material ferromagnético estacionéria assim como outra em rotagdo, exigindo, desta forma, um entreferro. Por outro lado, em outros dispositivos, um en. treferro pode ser introduzido intencionalmente para disfargar a relacdo ndo-linear existente entre B & H Mas, apesar da presenga de entreferros, acontece que o espaco ocupado pelo campo magnéticoe o espa- $0 orupado pelo material ferromagnético no praticamente os mesmos. Normalmente isso ocorre por. gue os entreferros so construfdos to pequenos quanto permitem os espacamentos entre as partes fixas © rolativas dos dispositivos ¢ também porque o ferro, em virtude de sua elevada permeabilidade, confina © fluxo dentro de si, da mesma forma que um fio de cobre confina a corrente elétrica ou uma tubulagao estringe a dgua. Desta forma, o problema do campo tridimensional toma-se um problema de circuito unidimensional e, de acordo com a Eq. (1-5), conduz a idéia de um circuito magnético. Desta forma, Podemos considerar o circuito magnético como constituido predominantemente de cuminhos em ferro, de geometria especificada, que servem para confinar o fluxo; entreferros podem ser inclufdos., A Fig {11 mostra um circuit magnético tipico, constitufdo principalmente de ferro. Note-se que a finm da bobina produz um fluxo que esté confinado ao ferro e aquela parte do ar que tem efetivamente a mesma area de seco transversal que o ferro. lém disso, um raciocfnio simples mostra que esse circuito mag- Rético pode ser substituido por um circuito unifilar equivalente, como mostrado na Fig. 1-12. Como sugerido pelas Eqs. (1-14) ¢ (1-15), 0 citeuito equivalente consiste na forga magnetomotriz produzindo tum fluxo através de duas relutaneias em série — 2, a relutancia do ferro, e RR, a relutinein do ar Exemplo Elétrico Exemplo Magnético O anel de cobre toroidal é ‘suposto aberto O anel de ferro toroidal é suposto como em um espaco infinitesimal, com os envolvido por N espiras de fio, de forma terminais ligados a uma bateria; uma corrente que com uma corrente / circulando atray de J ampéres circula através do anel do fio, a fmm eria o fluxo ©. 16 Teoria eCircuitos Magnéticos Capitulo 1 Essa analogia do circuito magnético com o circuito elétrico leva a muitas outras observagdes. Para cobrir 0 assunto, esses detalhes estdo apresentados a seguir para o caso de um anel de cobre toroidal & uum anel de ferro toroidal, com 0 mesmo raio médio re mesma drea de sega transversal A. Forga de Excitagao tensio aplicada pela bateria = E ampére-espiras aplicado = F Resposta tac ¢ a conrente = £082 de exctagio fauxo = fora de excitacson resisténcia elétrica relutiincia magnética . ou g o=— (1-19) R j Impedancia Impedancia é um termo genérico usado para indicar a re: gerar uma resposta resisténe pla relutineia= R= —— (1-20) H onde /=2 1 r, €0 comprimento onde [ = 24, € 0 comprimento médio médio do tordide eA é a drea da do tordide e A € a area da seco secio transversal do toréide. transversal do tordide. | Circuito equivalente 1 j a E F (21) | E=R F = OR Intensidade do Campo Elétrico Intensidade do Campo Magnético Com a aplicagao da tensio E a0 tordide Quando uma forga magnetomotriz. é i de cobre homogéneo, é produzido dentro aplicada ao tordide de ferro homogéneo, do material um gradiente de potencial 6 produzido dentro do material um elétrico dado por gradiente de potencial magnético dado por Aim (1-22) Seco 1-4 © Circuito Magnético: Conceito e Analogias Esse campo elétrico deve ocorrer num percurso fechado, se for permanecer, Segue-se, entio, que a integral curvilinea fechada de e 6 igual a tensao da bateria, E, Desta forma, fedize Diferenca de Potencial Elétrico Se se deseja calcular a queda de tensio que ocorre entre dois pontos a ¢ b do tordide de cobre, podemos escrever isto € onde R,, é a resisténcia do tordide de cobre, entre 08 pontos a e b. Densidade de Corrente Por definigao, densidade de corrente é 0 niimero de amperes por unidade de rea. Desta forma, ou Essa iiltima expresso ¢ freqiientemente chamada de forma microsedpica da lei de Ohm. 17 ‘Como ja apresentado com a lei circuital de Ampere, a integral curvilfnea fechada de H é igual a fmm envolvida, Desta forma, fu ai= (1-23) Diferenca de Potencial Magnético Essa 6 a queda de fmm que aparece entre dois pontos, quando o fluxo circula. Desta forma, a parte da fmm total aplicada. {que aparece entre os pontos ae bé encontrada de forma similar Uy faa ee Tua Uap = PR (1-24) onde £,,€ a relutincia do tordide de ferro entre os pontos ae b. Densidade de Fluxo A densidade de fluxo ¢ expressa como webers por unidade de frea. Desta forma, HI AdpAy ce A ou Ho (1-25) u Nao se deve deduzir do precedente que os citcuitos elétricos e magnéticos sao andlogos em todos ‘0s aspectos. Por exemplo, ni existem isoladores magnéticos andlogos aos conhecidos para os cireuitos elétricos. Também, quando uma corrente continua é gerada e mantida num citcuito elétrico, é necessé- rio que alguma energia seja sempre fornecida. Uma situaciio andloga no ocorre no caso magnético, onde um fluxo € gerado e mantido estével. 18 Teoria e Circuitos Magnéticos Capitulo 1 4-5 UNIDADES PARA CALCULOS DE CIRCUITOS MAGNETICOS Os caleulos de circuitos magnéticos podem ser efetuados com o uso de qualquer dos varios ¢ di- ferentes sistemas de unidades. Estes vérios sistemas surgiram inicialmente porque se acreditava que os fendmenos da eletricidade e do magnetismo niio eram relacionados — 0 que levou ao desenvolvimento de um sistema de unidades separado para cada — e, em segundo lugar, porque havia uma necessidade de-se lidar com valores praticos das unidades, quando a relagio foi descoberta, Até agora, tem sido dada atengio exclusivamente ao sistema mks (metro-quilograma-segundo) de unidades, como criado por Giorgi, por volta da virada do século XX. Essa politica foi confirmada pela aceitacao, em 1960, do sis- tema mks de unidades como padrao para os trabalhos cientificos, sendo atualmente chamado de sistema $I (Sistema Intemacional de Unidades). Contudo, uma boa parte da literatura existente foi eserita nas ‘inidades do sistema cgs (centimetro-grama-segundo). Outrossim, muitos dos céleulos atuais sao feitos num sistema misro de unidades, empregando unidades como ampére-espiras/polegada, maxwells/pole~ ada? e ampere-espiras, por causa da conveniéncia que oferecem ao se lidar com dimensdes que so expressas em polegadas. Por estas razbes, as unidades dos trés sistemas esto mostradas no Quadro 1-1 (O weber, queé a unidade de fluxo no sistema mks, ¢ igual a 10* maxwvels (ou finhas), onde o maxwell 6a unidade de fluxo no sistema cgs. O gilbert a unidade do sistema cgs para a fmm. é igual a 0,4 7 vezes omimero de ampére-espiras. A unidade cgs para a intensidade do campo magnético, H, 60 gersted (ou gilbert/em) c a unidade egs para a densidade de fluxo, B, 6 0 gauss (ou linhas/em). As relagdes existen- tes para a mesma varidvel entre os varios sistemas de unidades sio dadas na tiltima coluna da tabela. 1-6 CALCULOS DE CIRCUITOS MAGNETICOS Fundamentalmente, os calculos de circuitos magnéticos envolyendo materiais ferromagnéticos so de duas categorias. Na primeira, 0 valor do fluxo é conhecido e € solicitado 0 cilculo da fmm que © produz. Essa € a situagio tipica de projeto de conversores eletromeciinicos de energia de ca ¢ cc. Base fdo no valor da tensiio nominal desejado de um gerador elétrico ou do torque nominal de um motor elé- trico, a informago necesséiia a respeito do fluxo magnético € prontamente obtida. Entiio, com esse ‘conhecimento e com a configuragao do cicuito magnético, a fmm total necesséria para criar 0 fluxo magnético 6 obtida diretamente. No segundo caso, devemos resolver 0 problema para o fluxo, conhe- ‘cendo a geometria do circuito magnético e a fmm aplicada. Uma aplicagao de engenharia desta situagio €o amplificador magnético, onde € freqtientemente necessério calcular o fluxo magnético resultante gerado por um ou mais enrolamentos de controle. Porque a relutancia (ou permeabilidade) dos materiais ferromagnéticos nao é constante, a solugdo desse problema é consideravelmente mais complicada que @ do primeiro caso, como ilustrado nos exemplos que se seguem. Exemplo 1-1 Um tordide & composto de ts materiais ferromagnéticos eé envolvido por uma bobina de 100 espiras, como indicado na Fig. 1-13. O material aé uma liga de ferro-nfquel, com o comprimento de arco médio de 0.3 m. O material b é aco-silicio médio e tem comprimento de arco.médio f, de 0.2 m. O material ¢ é ago fundido, com comprimento de arco médio igual a 0,1 m. Cada material tem dea de seqdo transversal de 0,001 my {a) Caleule a forga magnetomotriz necessétia para gerar um fluxo magnético ® = 6 X 10-* Wb = 60.000 Jinhas. (b) Que corrente deve circular pela bobina? (©) Calcule a permeabilidade relativa e a reluta ica de cada material ferromagnético Solucgio (a) Para se obter a fmm total da bobina, tudo que se necessita fazer € aplicar a lei cireuital de Am- pere, Desta forma, F =U, +U,tU, = Hgly + Hgly = Hele onau ‘wfsar | = sassned y= i oo0'0t = i. oneur = Upesajodsoqur “p= Boe eee ee eaanit ostour i sossmet oxny 9p sovaofod/sequy sy’ = sae | | HrMgI'e= a whil=g 4, SeqoW wta=q = swo/sequy || epeptsac OT _ ePrTRIOT sparsoonxd 207 fi wT ov f° _ epetaod passno $¢p'0 = = row ee sporsizo opt = parse | ‘ 1 wom | sparse xia op onw/a'y 9'6L = parsie0 uae ae =H swings HDI) 18'V 916. = parsieo | wrk = a a icra azars al " pep ¥,01y') vin sey] 01 = 1298 1 = spomceur ee cor sogan ft ag = syiomxeur sey iw war soya |] gp oxy va ia =e 6 epuRInEY 7 “supaajod oss1 = conew | apap a ena we |v Tay sapeiojod gg = anew ‘onow 1079 = enuI89 | spejod w onaut uo |} 7} ewaumpauoy “ae ‘gig = ‘oly = ‘athe a aijosay eie=t corey a) ot nae, aprpmngeatiiog wads ‘SUAQIS OT = suaquinsd IN= 6 wy IN=€ a dure IN2v0=8 swage £ be 5 ‘fsoAuoo op sao oI pep ordre sows apepNA | oRBeI spepmun || erequss | apePHER ‘rsa S9/Buy waS IS SpePIUA $99) INOW save 20 Teoria e Circuitos Magnéticos Capitulo 1 ls Fig. 1.13 Tordide composto de és materiais diferentes. As incégnitas sio H,, H, ¢ H. Estas podem ser facilmente calculadas do conhecimento da densidade do flu- XO, que, neste caso, & a mesma para todas as sedes, porque o fluxo é comum e as dees de segao transversal so as mesmas. Portanto, © 0,0006 oT A 0,001 Agora, H, é determinada entrando-se na curva B-H da liga de ferro-niquel da Fig. 1-10, correspondendo a B, 0.6. Temos, portanto, De modo similar Conseqiientemente, a fmm total necessiria & F = Hylg + Hyly + Hol = 10(0, 3) + 77(0,2) + 320(0,1) =3415,4+32,0=50,4Ac Note-se que, embora o percurso no aco fundido seja 0 menor, nem por isso deixa de requerer a maior parte da fmm para forgar o fluxo especificado através dele. Isso acontece devido a sua permeabilidade muito me- nor, como seré mostrado na parte (€). (b) No sistema SI, a fmm é igual ao nuimero de ampére-espiras. Por isso, 50,4 — = 0,504 4 100 (©) Da Eq, (1-8) 0.6 — = 0,06 Him 10 ‘Também Erba = Hy Hy 0,06 My = Ht = —— = 47.746 My 4nx107 eeeeeEEE———— Segio 1-6 Céleulos de Circuitos Magnéticos 21 Outrossim, da Eq, (1-13), a relutneia é caleulada como 000 unidades mks racionalizadas de relutancia 6x10 Procedendo de modo similar para os materiais b € c, obtemos os seguintes resultados: Hyp = 6.207 ey, = 25.667 Hye =1.492 R, = 53.333 A seguir, vamos estudar 0 problema mais diffcil: 0 de calcular o fluxo num circuito magnético dado, correspondendo a uma fmm especificada. A solugao nao pode ser encontrada diretamente porque, como resultado da relaco ndo-linear entre B e H, existem muitas inc6gnitas. © modo mais fécil de cal- cular a resposta é aplicar um processo de tentativas, a partir do conhecimento das caracteristieas da per meabilidade dos materiais, como a que existe na sua curva de magnetizagao. O exemplo a seguir ilustra a técnica envolvida. Exemplo 1-2 Para o tordide do Exemplo 1-1, indicado na Fig. 1-13, calcule o fluxo magnético produzido por uma forca magnetomotriz aplicada de F = 35 Ae. A solugdo ndo pode ser encontrada diretamente pois, para tal, devemos conhecer a relutineia de cada segiio do circuito magnético, 0 que pode ser obtido somente se a densidade do fluxo for conhecida —o que significa que ® deve ser conhecida desde o infcio. Isso é visivelmente impossfvel. Para se obter a solucdo pelo procedimento de tentativas, comegamos assumindo primeiramente que toda afm aplicada aparece através do material que tenha a maior relutancia. [ss0 leva a um valor aproxima- do de que pode ser posterionmente refinado. O exame da Fig. 1-10 mostra que 0 material magnético mais fracamente “condutor” é 0 aco fundido. Portanto, assumindo que a fmm total aparece no material ¢, podemos calcular #7, do qual obtemos B, que, por sua vez, nos di. Desta forma, u, 35 Da Fig. 1-10 B, = 0,65 T ®, = B.A, = 0,65(0,001) = 0,00065 Wb se valor representa uma primeira aproximago para o fTuxo, como indicado pelo subindice Também, visto que a drea da segdo transversal é a mesma para cada material, segue-se que B, = B, = B. =0,65T Recorrendo a curva de magnetizaeao do ferro-niquel, vemos que o valor de H, correspondente a B, & despre- ‘ivel, em comparagio com H, . Portanto, para todas 2s finalidades praticas, scu efeito pode ser desprezado. Contacto, observe que para 0 ago silicio médio, o valor de H, € prximo de 8] ampére-espira/metto. Isso, em cconjunto com o fato que f, = 2/, indiea que o material b toma cerca da metade da fmm que o material ¢ toma para manter a eirculagao do fluxo. Em outras palavras, neste ponto da nossa analise podemos fazer um refi- hamento na nossa hipétese inicial de atribuir toda a fmm ao material c. Agora vemos que cerca de 50% do valor atribufdo a c deve ser atribuido a b. Desta forma u,+U, (suposto) 22 Teoria ¢ Circuitos Magnéticos Capitulo 1 mas, (suposto) Portanto, 3,3 Ae Conseqientemente, uma segunda aproximactio para a solugéio pode ser obtida. Portanto, = 233 Acim que, por sua ver, da B, 04T de forma que 0 valor do tluxo agora torna-se ®, = B.A, = 0,0004 Wb Para se determinar se esta € ou nao a resposta correta, devemos, neste ponto, caleular as quedas de fmm para cada material e somé-las, para ver se obtemos ou nao um valor igual & fmm aplicada. Se niio, © processo deve ser repetido até que a lei circuital de Ampére seja atendida. Fazendo essa verificagio para a segunda aproximacio, temos H, =62Aefm —comrespondendo a B, = 0.4 T. H, [,=5,7 Aelm para B, = Conseqiientemente, fnm = H,l, + yl, + Hel, 5,7(0,3) + 62(0,2) + 2: (0,1) =1,7 + 12,4 +23,3 = 37,4 Ae Obviamente. este valor é muito elevado, em cerca de 7%. Por isso, como uma ferceira tentativa, va~ ‘mos reduzir a contribuigdo do maior elemento por um fator de 5%. Ou seja, assumimos agora que U,=22 Ae Entio, H, =220 Acin © B, =0,375T 2, = 0,000375 Wb Secd0 1-6 Caleulos de Circuitos Magnéticos. 23 Correspondendo a esse fluxo, obtemos Hy, Portanto, fmm = 5(0,3) + 59(0,2) +22 5,3 Ac Histo due esse somatériode fmm concord coma fmm aplicada de 35 ampére-espras, a solugdo correta para o fluxo é © = 0,000375 Wb = 37.500 linhas Quando efetuamos eflculos de circuitos magnésticos do tipo ilustrado por esse exemplo, € usual aceitar-se como valida qualquer solugdo na faixa de + 5% da solugio exata. A raza é que estamos Ii- dando com curvas de magnetizagio normais, que desprezam a histerese e que icas do material sendo realmente usado no ci existem de fato, Como exempto final para ilustrar eleulos de circuitos magnéticos, vamos resolver um problema ae cyolve percursos magnéticos paralelos, assim como a presenca de im entreferro, Além disso, vi mos Considerar apenas o primeiro tipo de problemas, onde a fmm necesséria para gerar um fluxo espe- cificado serd calculada. Isso & justficével, ndo apenas porque a solugio & direta, mas também porque & Fruito mais representativa da espécie de problema de circuito magnético que o engenheiro devert ca, frentar, do sobretudo apenas ti- especificado, Erros podem existire freqtientemente Exemplo 1-3 Um circuito magnético, tendo a configuracio ¢ as dimensbes indicadas ne Fig. 1-14, 6 constitutdo de 20 fundido com espessura de 0.05 m e um entrefero de 0,002 m entre os pontos ¢ ch O problema é ealealers finm a ser prodizida pela bobina, de forma a gerar um fluxo de 4% 10"* Wb (ou 40.000 linhas) no enttcten O método de solugdo pode ser descoberto prontamentefazendo referencia ao circuito equivalente deve Fram aerangenético, como indicado na Fig. 1-15. O conhecimento de ® , nos permite o céleulo da queda de fim através deb ec. A partir dessa informagdo, 0 flaxo na perma bc pods ser determinade e, soneands ne ®, Podemos calcular o fluxo na perma cab, Por outro lado, a fmm necesséria para manter o flaxe total na pema cab pode ver calculada, e, quando a somamos a queda da fmm a0 longo de be, obtemos a fmm resultene Os ealeulos envolvidos nas varias segbes do circuito magnético sto: Secao gh. Este 60 entreferro para o qual o fluxo & especificado como 4 10~ Wb, A drea da segio transversal do enireerro € 0,05(0,05) = 0,0025 mr. Normalmente, contudo, essa dren é ligeiramente maon Fig. 1.14 Circuito magnético para o Exemplo 1-3, Todas as dimensGes estio em metros. 24 Teoria e Circuitos Magnéticos Capttulo 1 Fig. 1.15 Circuito equivalente & ¢ Fig. 1-14. por causa da tendéncia do fluxo de se abrirnas extremidades do entreferro — o que é freqiientemente chama- do de espraiamento, Por conyeniéncia, esse efeito € desprezado, Entio, a densidade do fluxo no entreferro & determinada como sendo ®, 4x10" 0,025 = 0,16 T Visto que a permeabilidade do ar & praticamente igual & do vacuo, temos 4 =f = 2110 8g 42x10 27.300 Aeim 5 Ae Hal = 127.300(0,002) 4 Secdes bg ¢ hc. O comprimento de material ferromagnético envolvido aqui é = 2(0,025 + 0,1 + 0,025 + 0,1) — 0,002 Além disso, correspondendo a uma densidade de fluxo no ago fundido de 0,16 T, a intensidade do campo H € obtida como sendo 125 A.e/m. Por isso, u =I by + he 25(0,498) = 62, Ae Seco be. Porque o percurso bfke esti em paralelo com o percurso be, a fmm total através do percurso bfkc também aparece no percurso be, Portanto, Uje = 255 + 62,2 = 317,2 Ac Também, ye = O41 + 0,075 = 0,175 m 317,2 —= = 1810 Agim 0,175 Secao 1-7 © Pardmetro Indutancia 25 E, da Fig. 1-10, para ago fundido, a densidade de fluxo comrespondente é obtida como Bye = 1,38 T Portanto, ©, = 1,38(0, 0025) = 0,00345 Wo Segdo cab. Conseqiientemente, o fluxo total existente na perna cab é © ch = Pye +P, = 0,00345 + 0,0004 = 0, 00: Oconhecimento desse fluxo ent conduz.a determinagio da fmm necesséria na pena cab para sustenté- lo, Desta forma, Donde, Hay = 690 Azim Portanto, U, J cab = Heapleap = 90(0,5) = 345 Ae Por conseguinte, a fmm total necesséria para produzir o fluxo necessério no entreferro é F = Ung, + Ue = 345 + 317.2 = 662.2 Av 1-7 O PARAMETRO INDUTANCIA A indutancia é uma caracteristica dos campos magnéticos e foi descoberta primeiramente por Faraday, em suas célebres experiéncias de 1831, De um modo geral, indurdncia pode ser caracterizada como aquela propriedade de um elemento do circuito pela qual a energia pode ser armazenada num campo de fluxo magnético. Um fator importante e diferenciador da indutancia, contudo, é que ela aparece num circuito apenas quando hé uma corrente varidvel ou fluxo. Desta forma, embora um elemento do cireui- to possa ter indutincia, em virtude de suas propriedades geométricas e magnéticas, sua presenga no cir cuito no é sentida a menos que haja uma variacao da corrente no tempo. Este aspecto da induténeia é particularmente salientado quando a consideramos sob 0 ponto de vista de circuito. Contudo, para co- brir o assunto completamente, a indutincia é também considerada sob uma ica de energiae de aspecto fisico, Ponto de Vista de Circuito A relagao corrente-tensdo relacionada ao pardimetro indutancia é expressa como di dt (1-26) 26 Teoria e Circuitos Magnéticos Capitulo 1 Em geral, tanto v, como i so fungies do tempo. A Fig, 1-16 mostra a diferenga de potencial v, que aparece nos terminais do parimetro indutdncia, quando uma corrente varidvel circula para o terminal c. Note-se que a ponta da seta na varidvel v, est mostrada no terminal c, indicando que esse terminal neste instante, positive com relag%o ao terminal d. Por outro lado, isso significa que a corrente esta au- ‘mentando no sentido positivo, isto 6, a declividade di/di na Bq, (1-26) € positiva. Qualquer elemento do circuito que apresente a propriedade de indutdncia é chamado de um indutor e é designado pelo simbolo mostrado na Fig. 1-16. Como elemento ideal, 0 indutor € considerado como nao tendo resisténcia, em- bora, na pritica, deve ter a resisténeia do fio que constitu a bobina Segue-se da Eq. (1-26) que uma equagao de definicao apropriada para a indutdincia é volt.s/ampere ou henrys (H) (1-27) Desta forma, registrando a diferenga de potencial num dado instante de tempo entre os terminais de um indutor e dividindo pela derivada correspondente da fungo corrente-tempo, determinamos o parametro indutancia. Observe-se que a unidade de indutancia é volt.-segundos por ampére. Por simplicidade, esse valor € freqilentemente denominado henry. Um indutor linear é aquele para o qual o pardmetro indutdncia € independent da corrente. Quan- doa corrente circula através de um indutor, cria um fluxo no espago. Quando esse fluxo se difunde pelo ar, uma proporcionalidade rigorosa entre corrente fluxo predomina, de forma que o parfimetro indu- tancia permanece constante para todos os valores de corrente. Uma plotagem da diferenga de potencial na bobina em fungiio da derivada da corrente entdo é como indicado na Fig. 1-17, que é a plotagem da Eq. (1-27). Quando se faz. 0 fluxo passar através do ferro, contudo, € possivel, para grandes correntes, contrariar a relagaio de proporcionalidade entre a corrente ¢ o fluxo que ela produz. Neste caso, 0 indutor 6 chamado de ndo-linear e uma plotagem da Eq. (1-27) nfo ser mais uma linha reta. Para o pardimetro resisténcia, a lei de Ohm pode ser escrita para exprimir tanto a tenszio em termos da corrente como a corrente em termos da tens. O mesmo procedimento pode ser seguido para 0 pa- metro indutancia. A Eq. (1-26) jé expressou a tensio em funcdo da corrente. Contudo, para se expres- sar a corrente em termos da diferenca de potencial através do indutor, a Eq. (1-26) deve ser reescrita, na forma 1 di=—v, dt (1-28) Em forma de integral, torna-se (1-29) ou (1-30) Fig. 1.16 Circuito com parimetro indutdncia ideal, Segio 1-7 © Parametroindutincia 27 Fig. 1.17 Represemtagdo grafica do parametro indutaneia L, do ponto de vista de cireuito. A Eq, (1-30) nesta forma mostra que a corrente em um indutor é dependente da integral da tensdo atra- ‘yés de seus terminais, assim como da corrente na bobina no inicio da integragao. ‘Um exame das Eqs. (1-26) e (1-30) mostra uma propriedade importante da indutdneia: a corrente num indutor nio pode mudar abruptamente, nun tempo nulo. Isso pode ser visto na Eq. (1-26), obser- vyando-se que uma alteracdo finita na corrente num tempo nulo requer que uma tensio infinita aparega no indutor, o que ¢ fisicamente impossivel. Por outro lado, a Eq. (1-30) indica que, num tempo nulo, a contribuigo para a corrente no indutor do termo com a integral é zero, de forma que a corrente imedi- ‘atamente antes e depois da aplicaciio da tensio no indutor € a mesma, Neste sentido, podemos conside- rar a indutancia como tendo a propriedade da inércia. Exemplo 1-4 Um indutor é percorrido por uma corrente que varia em Fungo do tempo da forma indicada na Fig. 1-18(a). Calcule a variagio no tempo correspondente da queda de tenso nos terminais do indutor, se for suposto que a indutncia da bobina seja 0,1 H. {A solugao esti indicada na Fig. 1-18(b). Observe-se que, no intervalo entre 0 € 0,1 s, ifdt= 100 Als. Portanto, a tensio na bobina é, entdo, uma constante dada por di ar vy, 0,1(100) = 10 V para 0 <1< 0,1 No intervalo de tempo de 0,1 a 0,3 s, a declividade da curva da comrente é —50. Portanto, a tensdo na bobina —5 V. Finalmente, no intervalo de 0,3 a 0,6 s, a forma de onda da corrente ¢ senoidal, de forma que a onda jamp Famecis Fig. 1.18 (a) Forma de onda da corrente no indutor; (b) Variagto da tensdo cor- respondente nos terminais do indutor. ay 28 Teoria e Circuitos Magnéticos Capitulo 1 de tenstio correspondente € um co-seno. Ao se desenbiar a onda em co-seno, é suposto que a declividade méxima da onda em seno excede 100 A/s, interessante observar na Fig. 1-18 que, ao contrério da corrente num indutor, a tenso num indutor pode mudar de forma descontinua. Ponto de Vista de Energia ‘Suponha que um indutor tenha corrente inicial nula, Ento, se uma corrente i circula na bobina, na qual existe uma diferenga de potencial v,, a energia total recebida no intervalo de tempo de 0 até We j, Pride joules (J) (1-31) Introduzindo a Eq. (1-26), conduz a ou Continuando com a hipétese que o indutor nao tenha resisténcia no enrolamento, a Eq. (1-33) estabelece que o indutor absorve uma quantidade de energia que é proporcional ao pardmetro indutancia, L, assim como ao quadrado do valor instantaneo da corrente. Desta forma, a energia é armazenada pelo indutor num campo magnético. E de valor finito e recuperdvel. Quando a corrente é aumentada, a energia mag- nética armazenada aumenta também. Observe, contudo, que a energia ¢ zero sempre que a corrente for zero. Devido ao fato de que a energia associada com o parametro induténcia aumenta e diminui com a corrente, pocemos concluir acertadamente que o indutor tem a propriedade de ser capaz de retornar energia 8 fonte da qual a recebe. O exame da Eq. (1-33) indica que uma forma alternativa de identificar o parametro indutincia € em termos da quantidade de energia armazenada no seu campo magnético, correspondente a sua corren- te instantnea, Desta forma, podemos escrever matematicamente H (1-34) Essa é a representagdo, em termos de energia, do pardmetro indutancia. HA um ponto importante final a ser observado. Jé foi demonstrado que, para uma diferenga de potencial existir nos terminais de um indutor, a corrente deve variar. Uma corrente constante resulta em uma queda de tensto nula nos terminais do indutor ideal. Isso nao é verdadeiro, contudo com relagio a energia absorvida e armazenada no campo magnético do indutor. A Eq, (1-33) confirma imediatamente esse fato. Uma corrente constante resulta numa energia armazenada fixa. Qualquer tentativa de se alte- rar esse estado de energia encontra uma resisténcia firme dos efeitos do armazenamento inicial de ener- gia. Isso novamente reflete o aspecto inercial da indutancia, Ponto de Vista Fisico A tensio nos terminais de um indutor pode ser expressa, sob o ponto de vista de circuito, pela Eq. (1-26). Contudo, essa mesma tensio pode ser descrita pela lei de Faraday em termos do fluxo produ- Segio 1-7 © Pardmetro Indutancia 29 Zido pela corrente ¢ pelo mimero de espiras NV da bobina do indutor. Conseqiientemente, podemos es- crever (1-35) Segue-se, entiio, que do Dan 1-36) di (1-36) Nesses casos, onde o fluxo $ 6 diretamente proporcional & corrente i para todos os valores (isto é, Para sesistores lineares), essa diltima expresso se torna Nb Wot ouH 37) i Aqui, o pardmetro inducincia tem uma representacao hibrida, porque & em parte expresso ef fungao da par fvel do eircuito 1, eem parte, em fungi da varidvel do campo, ®, Para evitar isso, substituimos 0 fluxo por seu equivalente, isto & rs fmm Ni = 1-38 relutaneia magnéti le onde finm é a forga magnetomotriz, que produz.o fluxo ® no circuito magnétice que tent relutancia NaFig, 1-19 estd indicado um indutor formado por N espiras enroladas num nucleo circular de ferro. Se oniicleo & suposto como tendo um comprimento médio de J metros e uma érea de seco transversal de A, metros quadrados, entao a relutancia magnética pode ser eserta como l oe HA, (1-39) onde p.é a permeabilidade, uma propriedade fisica do material magnético. ‘Substituindo as Eqs. (1-38) e (1-39) na (1-37), resulta a expresso para o pardimetro indutincia do circuito da Fig. 1-19. Desta forma, (1-40) © estudo da Faq, (1-40) revela alguns fatos interessantes tte sobre o pardmetro indutncia ave nil estio facilmente disponiveis quando essa varidvel é definida tanto do ponto de vista de circuito como de energia. © que mais impressiona & o fato de a indutdncia, como a resistencia, ser dependents da ge- cenelria das dimensdes fisicas e da propriedade magnética do meio. Isso € importante porque nos diz-0 {que pode ser feito para se alterar 0 valor de L. Desta forma, para o indutor ilustrado na Fig. 1-19, 0 pa- aoe iro indutfneta pode ser aurmentado por quatro modos: aumentando o niimero ce espiras, usando un aaentan de ferro de maior permeabilidade, reduzindo o comprimento do nécleo de ferro ou aumentando a drea da segdo transversal do niicleo de ferro. 30 Teoria e Circuitos Magnéticos Capitulo 1 Fig, 1.19 Indutor linear, com micleo de ferro. B interessante notar que nem do ponto de vista de circuito nem do ponto de vista de energia foi possfvel observar esses fatos, porque eles lidam essencialmente com os efeitos associados com uma dada geometria do indutor. E enfatizado que todos os trés pontos de vista so necessérios para completar a visio deste elemento de circuito. 1-8 PERDAS POR HISTERESE E CORRENTES PARASITAS EM MATERIAIS FERROMAGNETICOS O proceso de magnetizacdo e desmagnetizaga ciclica e simétrica envolve um armazer o de um material ferromagnético numa condigao mento uma liberagio de energia que nao é totalmente rever- siyel. Quando o material & magnetizado durante cada meio ciclo, tem-se que a quantidade de energia armazenada no campo magnético excede a que € liberada na desmagnetizacio. O conhecimento para se entender este comportamento foi adquirido na Seg. 1-3. Li, a ciclo de histerese foi definido como a variago da densidade do fluxo em fungao da intensidade do campo magnético para um material ferro- magnético numa condigao cfelica, O fator preponderante do ciclo de histerese é a reorientacdo lenta dos dominios em resposta a uma forga magnetizante que varia ciclicamente. Um ciclo de histerese isolado estd indicado na Fig, 1-20. A diregtio das setas nessa curva indicam 0 modo pelo qual B varia quando H varia de zero a um valor positive maximo, passando por zero, a um valor negativo maximo e, de volta, a zet0, completando, desta forma, um ciclo completo. Para se avaliar o significado das varias éreas som- breadas mostradas na Fig. 1-20, vamos estudar as unidades associadas com o produto de B e H. Desta forma, amperes ,_newtons___newtons __N metro ampére-metro metro” lades de HB A ates abda representa a tenergia armazenada no campo ‘magnetic durante o meio ciclo positive de H. ‘Area bdc representa a energia liberada pelo campo magnetico durante 0 meio ciclo positive Area abea representa 2s perdas por histerese or meio cicio| Fig. 1.20 Ciclo de histerese e relagbes de energia por meio ciclo. EEE _ segio 1-8 Perdas por Hsteresee Corentes Parastas em Materiais Ferromagnéticos 31 Mas, newton - metro = joule Portanto, les unidades de HB= 2S metro que é, evidentemente, uma densidade de energia, Por conseguintelidando-se com areas qs 07 olven ye F conjuntamente com um ciclo de histerese, estamos He ealidade lidando com densidades de ener- n base por-ciclo, porque o ciclo de histerese $@ rePe%" © cada variagio cfelica de H. jente & des Mderando-se a energia como a integral Desta forma, ia expressas ‘A afirmativa preced da poténcia em relacdo ao tempo. .scrita mais precisamente consi em J) fir at Weenergi Mas, de forma que w aan Também, Ht. g=BA para A constante NN tnserindo essas titimas expresses na Eq. (I-41), 4. (Hl , w=[ (2 1 [nal 42 ji (B)aas arf dB (-42) Portanto, a densidade de energia é a3) ariagio cfcliea de H, quando au- ante a parte dav estado cfclico), & campo magnético dur ido-se que o material jéesta num A energia armazenada no 0 (assumin smenta de zero a0 seu valor miximo positiv dada, em particular, por Bp w= J, 4 Sim? «a44) = 32. TeosineCircultos Magnéticos Capitulo 1 quando unidades mks so empregadas, isto é, H deve ser expressoem ampére-espira/metro e B em webers Hor metro quadrado, Note-se que os eixos da Fig. 1-20 estio em tais unidades. Além disso, doranie » parte de sua variacd0 cfelica, quando H diminui de seu valor positive méximo até zero (quando vars 0 fongo da curva be do ciclo de histerese), energia ¢ iberada pelo campo magnético © devolvida 8 fonte, ¢ isso pode ser expresso como YH aB Jim? (1-45) Bi Nessa equagifo, visto que B, > B, a variével w, ser negativa,indicando que a energia estésendo libe- rada em lugar de armazenada pelo campo magnético. ‘Uma interpretacdo erifica da Eq. (1-44) conduz ao resultado que a energia absorvida pelo campo. quando H esta aumentando no sentido positivo pode ser representada pela rea abdea. Do mesmy modo, srenergialiberada pelo campo quando H varia de H,,, a 26r0 pode ser representada pela drea bdch. diferenga entre essas duas densidades de energia representa a quantidade de energia que nao é devolvida 4 fonte mas, pelo contririo,é dissipada como calor quando os dom{nios sio reorganizados em resposta 2 intensidade do campo magnético variavel. Essa dissipago de energia € chamada de perdas por histe- jase Observe que 4 Fig. 1-20 mostra essa perda de densidade de energia para uma variagiio de meio Ciclo de H, Portanto, a area abca representa a perda por histerese por meio ciclo. Segue-se, da simetria, {que apés a conelusdo da variacHo de H no meio ciclo negativo, uma perda de energia igus) ocorrerd. Por “pnseguinte, quando H varia ao longo de um ciclo completo, a perda de energia total por metro evbico S representada pela frea do ciclo de histerese. Mais especificamente, essa perda de energia por ciclo pode ser expressa matematicamente como w), = (drea do ciclo de histerese) Jim? ciclo (1-46) | ikAipat tease onde unidades mks sto usadas para H e B. E freqiientemente desejavel exprimir a perda por histerese dos materiais ferromagnéticos em watts — aunidade de poténcia, Uma pequena reflexo sobre a unidade de w, na Eq. (1-46) mostra como isso pode ser diretamente obtido. Desta forma, energia poténeia X segundos poténcia fn ee SS é Volume Xciclos volume Xciclos volume ciclos/segundos ‘Agora, faga P, = perdas de poténcia, watts (W) ‘olume do material ferromagnético hertz, (Hz) = frequencia da variagao de H Entio, a Eg. (1-47) tomna-se (1-48) on (1-49) onde w, —a perda de densidade de energia — € caleulada pela Eq, (1-46) Secdo 1-9 Relés — Uma Aplicagio da Forca Magnética 33 Para se evitar a necessidade de se calcular a drea do ciclo de histerese para computar as perdas por histerese, em watts, da Eg. (1-49), Steinmetz obteve uma férmula empirica para w, baseada em um grande miimero de medicGes para varios materiais ferromagnéticos. Ele exprimiu as perdas de poténcia por his- terese como P, = WfK, Bs (1-50) onde B,, 6 0 valor maximo da densidade do fluxo e n se situa na faixa de 1,5 %,. Inserindo a Eq, (1-62) na Eq, (1-61), da F dg=30(0R, — 9H, )= 39 (R, —R,) (1-63) Podemos agora introduzir dR=—(h,—R,) (1-64) como a variagio na relutdneia da posigo aberta para a fechada. O sinal negativo é em reconhecimento ao fato de que ocorre uma redugao na relutancia. Substituindo a Eq. (1-64) na Eq, (1-63), obtemos, fi- nalmente, a Fae N (1-65) ‘A Faq, (1-65) mostra que a ago da energia armazenada no campo magnético € reduzir a relutancia do circuito magnético, um resultado que é consistente com a conclusdo da Eq, (1-60). Exemplo 1-5 No cireuito do relé da Fig. 1-22, assuma que a drea da seco transversal do ndcleo fixo e da armadura do relé seja A e a fmm do circuito seja ¥. Desprezando a relutincia do ferro, calcule a expressao para a forga mag- nética que existe na armadura do relé. Solugo. A forca é facilmente calculada pela Eq. (1-60). Desta forma, onde 38 Teoria e Circuits Magnéticos Capitulo 1 Portanto, A seguir, introduza visto que o movimento da armadura do relé reduz o entreferro. Conseqiientemente, a forga do relé se torna z, ‘Uma outra expressdio para essa forga pode ser encontrada reeserevendo-se a tiltima equagdo como Exemplo 1-6 ‘A vista da segio transversal de um solendide cilindrico esta mostrada na Fig. 1-24. 0 &mbolo (ou armadura) livre para se mover dentro de uma guia ndo-ferromagnética, em tomo da qual a bobina é suportada por um tenvollGrio de aco de forma cilindriea. O émbolo é separado do envoltério por um entreferro de comprimento g. 1a) Decluza a expressdo para a forga magnética exercida no émbolo quando ele esté na posicao indicada na Fig. 1-24. 0 comprimento do émbolo é pelo menos igual ao do envoltério. Também ele tem um raio dea ‘metros. Despreze a relutincia do aco. ) Calcule 0 médulo da forga, quando a fmm for de 1414 ampere-espiras ¢ as dimensdes do émbolo forem 025 m h @=0.025 m g 0,05 m 00125 m Sotugdo. Antes de inicar os cdlculos, vamos rever o prinefpio que gera a forga. Para a diregdo atrbuida 2 corrente da bobina, um percurso tfpico do fluxo é 0 indicado na Fig, 1-24. Note-se que 0 percurso do fluxo dove atravessar o entreferro duas vezes. E especialmente importante observar-se também que a relutncia “vista” pelo fluxo quando ele cruza o entreferro inferior é menor que a vista pelo mesmo fluxo ao eruzar 0 entreferro na parte superior do émbolo, porque a drea da seqdo transversal do circuito magnético € menor na parle superior que na parte inferior do Embolo, Na realidade, na parte de baixo do émbolo, a érea da segio Transversal vista pelo fluxo & constante, para todas as posigdes do émbolo na faixa 0 = x < fr, num caso particular, é igual a2 rah (assumindo que ¢ € pequeno em comparaga0 a a). Conseqiientemente, uma forga E gerada no émbolo, direcionada de forma a reduzir a relutincia. Isso significa, que a forga magnética age para mover 0 émbolo para cima, 1) A solugio desta parte € obtida com a Ea, (1-65), mas, inicialmente, precisamos identificar a expres- sao correta para a relutancia, como vista pelo fluxo. A relutdncia do ago & desprezfvel.Portanto, a reltincia scociada com 0 fluxo tipico indicado na Fig. 1-24 € simplesmente a soma das relutincias associadas com cada entreferro. Desta forma, 8 pel 4 .—__ + (1-66) My2nah— fly2nax 2aply \h x LL. 12. Capitulo 1 Problemas 39 leis oh Envolleno oF ao. = n Embolo—>| Fig. 1.24 Solendide para o Exemplo 1-6. ciineies 3S Entio, a-67) ‘Também, xh aaa (1-68) sitly2ma hx Tnserindo as Eqs. (1-67) ¢ (1-68) na Eq. (1-65), da ( 0) +) Substituindo os valores numéricos na Eq. (1-69), obtemos a forga magnética como = 70 N =15,74 Ib PROBLEMAS Um fio longo e reto colocado no ar conduz uma corrente de 4A. Assuma que a permeabilidade relativa do ar éiguala 1. (a) Calcule o valor da intensidade do campo magnético a uma distincia de 0,5 metro do centro do fio. (b) Um segundo fio fongo e reto, conduzindo uma corrente de 2A, é colocado em paralelo ao primeito fio a tuma distancia de 0,5 metro, com a corrente circulando no mesmo sentido, Caleule o sentido ¢ o médulo da forca por metro existente entre 0s fios. (e) Repita a parte (b) para fios imersos em ferro, com uma permeabilidade relativa de 10.000 e espagados de 0.05 m, 0s fios indicados na Fig. P1-2 so Iongos, retos e paralelos ¢ esto completamente imersos em ferro com permeabilidade relativa igual a 1000. Cada fio conduz uma corrente de 10 A. (a) Calcule 0 médulo e 0 sentido da forga resultante por metro no fio no qual J, circula (b) Calcule 0 médulo ¢ 0 sentido da forga por metro no fio no qual /, cireula. (©) Repita a parte (a) para o terceito fio. 40 Tooria eCircutos Magnéticos Capitulo 1 1 1, 1 Figs imersos. fem fer tendo u,= 1.000, o,im-+te om Fig, PL-2 1.3. Repita o Prob. 1-2 para a corrente /, circulando em sentido oposto a J, € J 1-4. Um campo magnético uniforme de 0,7 W/m? em ferro ¢ aplicado & configuragtio da Fig. PI-2, a) Calcule o sentido e 0 médulo da forga resultante por metro, quando 0 campo magnético ¢ dirigido per- pendicularmente para dentro do plano do papel. (b) Qual o valor desta forga resultante por metro, quando 0 eampo magnético € aplicado no plano dos fios e na diregio da direita para a esquerda? (©) Caleule a forga resultante por metro quando o campo magnético € aplicado num angulo de 45° com o plano do papel e direcionado para dentro dele, da direita para a esquerda (@) Qual é a forga resultante por metro quando o campo magnético é aplicado com um &ngulo de 60° com o plano do papel e direcionado para dentro dele, de cima para baixo? 1-8. Na configuragio da Fig. P1-5, a corrente /, tem valor igual a40 A. Caleule 0 valor de 1, que provoca o desa- parecimento da intensidade do campo magnético no ponto P. 10cm: 206m : Fig. PI-S 1-6. Um lago circular de fio, de raio r, e consistindo de uma Gnica espira conduz a corrente J, como indicado na Fig. Pl-6, Deduza a expresso da intensidade do campo magnético no centr. Fig. P1-6 1-7. Um circuito magnético composto de chapas de ago-silfcio tem o formato quadrado indieado na Fig. P1-7, (a) Calcule a fmm necesséria para produzir um fluxo no niicleo de 25 % 10-* Wb. (b) Se a bobina tem 80 espiras, qual o valor da corrente que deve circular através da bobina’ fe aoem—>f E— 40em Fig. P17 Capitulo 1 Problemas 41 1-8. O circuito magnético do Prob. 1-7 tem um entreferro de 0,1 em introduzido na perna dieita, Para uma bobina com 100 espiras, ealeule a corrente que deve circular, de forma a se ter um fluxo no niicleo de 0,0025 Wo, 1.9. Nocircuito magnético da Fig. P!-9, determine a fmm da bobina necesséria para producir um fluxo de 0,0014 Wo na pema dircita. A espessura do circuito magnético € de 0,04 m e é uniforme ao longo de todo 0 seu comprimento. 6 usado ago-silicio médio. ogsm —odm 0.05% Los . ° i E 4 an S lees | 1 ogm be —— 0.2m» 0.2m Fig. P1-9 1-10. Repita o Prob. 1-9, para uma bobina colocada na perna central 1-11. No circuito magnético do Prob. 1-7, calcule o fluxo no nticleo produzido por uma corrente na bobina de 200 Ac. 1-12. No circuito magnético do Prob. 1-8, ealeule o fluxo no niicleo produzido por uma corrente na bobina de 600 Ac. 1-13. 0 néicleo indicado na Fig. P1-13 tem uma drea uniforme de segdo transversal de 2 pol? ¢ um comprimento médio de 12 pol. Também, a bobina A tem 200 espiras e conduz 0,5 A, a bobina B tem 400 espiras e conduz 0,75 Ae a bobina C conduz 1,00 A. Quantas espiras deve ter a bobina C para que o fluxo no nticleo seja de 120,000 linhas? As correntes da bobina tém os sentidos indicados na figura, O niicleo é feito de chapas de ago-silicio, 8 i Te Fig. P1-13 1-14. No citcuito magnético indicado na Fig, P1-14, a bobina F, é alimentada com 350 ampére-espiras, no sentido indicado. Calcule o sentido ¢ o médulo da fmm necesséria na bobina F, para que se tenha um fluxo no entre- ferro de 180,000 linhas. O niicleo tem uma rea da secdo transversal efetiva de 9 pole é construfdo com chapas de ago-silicio. © comprimento do entreferro é 0,05 pol. 1-15. No citcuito magnético da Fig. P1-14, a bobina F, é alimentada com 200 A.e, no sentido indicado. Caleule 0 sentido ¢ o médulo da fmm necesséria na bobina F, para se obter um fluxo no entreferro de 90.000 Linhas. 1-16, Calcule a indutincia de uma bobina na qual (a) Uma corrente de 0 A dé uma energia armazenada de 0,05 J. (b) 0 crescimento linear de uma corrente de zero a 0,1 A em 0,2 s produz uma tensiio de 5 V. (©) Uma corrente de 0.1 A aumentado numa razao de 0,5 A/s representa um fluxo de poténcia de 14 W. 1-17. A bobina na configuragio da Fig. 1-19 tem 100 espiras. Além disso, o comprimento médio do nicleo magné- tico tem 0,2 me a area de sua segio transversal & de 0,01 m?. O valor da permeabilidade do ferro & 10°. (a) Calcule a indutdncia da bobina. (b) Quando uma tenstio em ce é aplicada ao indutor, verifica-se que circula uma corrente de 0,1 A. Qual 0 valor da energia armazenada no campo magnética? 42 Teoria e Circuitos Magnsticos Capitulo 1 ie Spl, 1, Rg 4, 65 pal J qv bo peo 3 7.5 pol a 7.5 pol, 3 pa, j Le a Fig. PI-14 1-18. Quando uma tensio em ce é aplicada & bobina do Prob. 1-17, a corrente varia de acordo com # = 1/10 (1 — £-*), expressa em amperes, Além disso, sabe-se que, apds um tempo de 0,2 s, a tensiio induzida na bobina & 0,16 V. Calcule a indutdncia da bobina, 1-19, Uma amostra de ferro, tendo o volume de 16,4 em’, é sujeita a uma forea de magnetizagio senoidal, de fre- aiiéncia 400 Hz. A trea do ciclo de histerese & de 64,5 em’, com densidade de fluxo plotada em quilolinhas por polegada quadrada e forga de magnetizacdo em ampére-espiras por polegada. Os fatores de escala usados so | pol. =5 quilolinhas/pol*e 1 pol = 12 ampére-espiras/polegada. Calcule as perdas por histerese, em watts 1-20. Um anel de material ferromagnético tem uma secdo transversal retangular. O difimetro interno é de 7.4 pol, 6 diimetro externo é de 9 pol. e a espessura & de 0,8 pol. Hé uma bobina de 600 espiras enrolada no ane. Quando a bobina conduz uma corrente de 2,5 A, 0 fluxo produzido no anel é 1,2 X 10" Wb. Caleule as guintes grandezas, em unidades mks: (a) forga magnetomotriz; (b) intensidade do campo magnético; (©) densidade do fluxo: (4) relutancia; (©) permeabilidade: (f) permeabilidade relativa. 1-21. Plotando-se um ciclo de histerese, as seguintes escalas so usadas: | cm = 10 amptre-espiras/pol., ¢ 1 em = 20 quilolinhas/poF. A érea do ciclo para um determinado material, foi calculada como 6,2 em’. Calcule as perdas por histerese, em joules por ciclo, para a amostra testada, se o volume é de 400 em’ 1-2. O fluxo num nticleo magnético ¢ alternado, de forma senoidal, com uma freqiéncia de 500 Hz. A maxima densidade de fluxo € 50 quilolinhas/poF:. As perdas por correntes parasitas, entio, montam a 14 W, Caleule as perdas por correntes parasitas neste nlicleo, quando a freqiléncia é 750 Hz e a densidade de fluxo & 40 quilolinhas/pol 1-23. As perdas no nticleo totais (histerese e correntes parasitas) para uma amostra de ago magnético em chapa de 1800 W a 60 Hz. Se a densidade de fluxo é mantida constante ¢ a frequéncia da fonte é aumentada 50%, as perdas totais no nticleo serio de 3000 W. Calcule separadamente as perdas por histerese e correntes para- sitas, nas duas freqiiéncias. 1-24. Um fluxo ¢ penetra todo volume das barras de ferro, como indicado na Fig. P1-24. Quando as barras sto supostas separadas de g metros, calcule a expresso para a forga que existe entre as duas faces planas parale- las, Despreze a relutincia do fer. 1-25, Um fluxo magnético penetra um niicleo magnético mével que esté verticalmente desalinhado em relago 0s pélos norte e sul de um eletroima, como indicado na Fig, P1-25. A profundidade do nticleo e do cletroima 6, Determine a expressio para a forga que atua para trazer o miicleo para o alinhamento vertical. Expresse 0 resultado em termos da densidade de fluxo no entreferro e das dimensdes fisicas. Despreze a relutincia do ferro, 1-26, A curva de magnetizagao de um relé estd indicada na Fig. P1-26. (a) Calcule a energia armazenada no campo, com o relé na posigao aberta (b)_Assuma que a armadura do relé se mova rapidamente, sob um fluxo constante, Calcule o trabalho execu- tado para se passar da posigdo aberta para a fechada. “a Capitulo 1 Problemas 43 a g Ze ee Fig, P1-24 N Fated 3 FoF te t s (©) Caleule a forga, em newtons, exereida na armadura ma parte (b). {@)_Assuma que a armadura do relé se move lentamente, com fmm constante, Calcule 0 trabalho executado, a0 se passar da posicdo aberta para a fechada. (e) A energia da parte (d) vem da energia original armazenada no campo? Explique weber} posictio fechada, ot “Tens! ‘Armadura cc, tt do role et * aberto [Saeco >| bed Ph A ae Fie PL26 1-27. No circito magnético da Fig. P1-27,adea da seqdo transversal do entreferr ¢0,0025 me seu comprinets ae ecu Alem disso iilco de aco fundido tem um comprimento méo de 0,2-me tem um enrolamento dle 1000 eapiras, Deseja-se operat o circuito com uma densidade no entreferro de | fa) Caleule a cortente necesséra na bobina para estabelecer essa densidade no entrefero (b) Calcule a energia armazenada no entreferro (ec) Caleule a energia armazenada na segdo de ago fundido do circuit. (@) Qual a indutdncta, em henrys, deste cireuito magnético? Cat |e Fig. P1-27 2 Transformadores A compreensao do transformador é essencial para o estudo da conversio eletromecinica de ener- gia. Embora a conversao eletromecanica de energia envolva a troca de energia entre um sistema elétrico € um mecanico — ao passo que o transformador envolve troca de energia entre dois ou mais sistemas elétricos —, 0 dispositivo de acoplamento nos dois casos € 0 campo magnético, e o seu comportamento € fundamentalmente o mesmo. Como resultado, temos que muitas das equagées e conelusdes pertinen- tes da teoria do transformador tém aplicabilidade também na andlise de méquinas ca ¢ alguns aspectos de maquinas cc. Por exemplo, o circuito equivalente de motores de indugo monofésicos e trifésicos sio da mesma forma daqueles do transformador. Outros exemplos podem ser encontrados, como o estudo dos capitulos a seguir prontamente mostrara Além de servir como uma introdug3o adequada ao estudo da conversio cletromectinica de ener- ia, a compreensio da teoria do transformador é importante por si mesma, por causa das miltiplas fun- que o transformador desempenha em dreas importantes da engenharia elétrica. Nos sistemas de ‘comunicagées, variando em freqiiéncia do 4udio ao radio e ao video, os transformadores cumprem um amplo espectro de fungdes. Transformadores de entrada (para conectar a safda de um microfone ao primeiro estégio de um amplificador eletrénico), transformadores intermedidrios e transformadores de saida sio encontrados em circuitos de ridio e televiséo. Os transformadores sio também usados em circuitos de comunicacées como dispositivos de casamento de impedancia que permitem a maxima trans- feréncia de poténcia do circuito de entrada ao circuito acoplado. As linhas telefénicas e os circuitos de controle so duas outras dreas nas quais o transformador é usado intensamente. Nos sistemas de trans- misstio de energia elétrica, o transformador torna possfvel a conversio de energia elétrica de uma tensio gerada em tensoes de 15 a 20 kV (conforme definido pelas limitagdes do projeto do gerador) a valores de 380 a 750 KV, permitindo, desta forma, a transmissao de energia por longas distincias, até os pontos apropriados de distribuico (por exemplo, 4reas urbanas), com extraordinaria economia no custo do cobre, assim como em perdas nas linhas de transmissao. Entdo, nos pontos de distribuig%o, 0 transformador & ‘© meio pelo qual estas perigosas tensOes elevadas silo reduzidas a um nivel seguro (208 a 120 V), para uso nos lares, escrit6rios, lojas e assim por diante. Em resumo, 0 transformador é um dispositive muito itil e € encontrado em muitos setores da engenharia elétrica, merecendo, portanto, a atengdo dispensada neste capitulo. Segio 2-1 Teoria de Operagao e Desenvolvimento de Diagramas Fasoriais 45) 2-1 TEORIA DE OPERACAO E DESENVOLVIMENTO DE DIAGRAMAS FASORIAIS A fim de manter a clareza ¢ a motivacio, a teoria da operagao do transformador ser apresentada em cinco etapas, principiando pelo reator ideal de micleo de ferro e terminando com o diagrama fasorial do transformador sob carga. Neste processo, so deduzidas as importantes equagdes dos transformado- res, junto com uma explicagio fisica do modo de operacZo do transformador. E dada énfase ao comple- to entendimento do comportamento fisico do dispositive porque, uma vez obtida esta base, a teoria, assim como as descrigdes matematicas associadas, segue prontamente. Em sua forma mais simples, o transformador consiste em duas bobinas mutuamente acopladas. Quando 0 acoplamento € obtido através de um meio ferromagnético (circular ou com outra forma), 0 transformador é chamado de transformador com micleo de ferro. Quando nao ha material ferromagné- tico mas somente ar, o dispositive é denominado transformador de niicleo de ar. Neste capitulo, 86 sera estudado o tipo de niicleo de ferro, Das duas bobinas, a que recebe a energia elétrica chamada de en- rolamento do primdrio, enquanto a outra, que pode entregar a energia elétrica a um circuito apropriado de carga, 6 chamada de enrolamento do secundario. Reator Ideal de Nucleo de Ferro Como um primeiro passo no desenvolvimento da teoria dos transformadores, vejaa Fig. 2-1, que mostra um reator ideal, de niicleo de ferro, energizado por uma fonte de tensio senoidal, v,..O reator é ideal porque a resisténcia da bobina e as perdas no ferro so supostas como nulas e a curva de magnetizagao é suposta linear. Niicleo de ferro Fig. 2.1 Reator ideal de nicleo de ferro: resisténcia nula ‘no enrolamento e sem perdas no nticleo. As polarida- des sio instantaneas. ‘Nossa intengdio, neste ponto, é desenvolver um diagrama fasorial que se aplique ao circuito da Fig. 2-1, pois, desta forma, muito mais serd descoberto sobre a teoria. Quando v, aumenta em sua variagao senoidal, provoca uma corrente magnetizante senoidal i," que circula nas N, espiras da bobina, que, por sua ve7, pro- duzem um fluxo de variagdo senoidal varidvel em fase com a corrente. Em outras palavras, quando a cor- rente for zero, 0 fluxo também ser zero e, quando a corrente estd em seu valor positivo maximo, o mesmo acontece com 0 fluxo. Aplicando-se a lei de Kirchhoff das tenses ao circuito, obtemos: (2-1) onde ¢, €a queda de tens termos de i,, como Cab =) = Lb - (22) 9 usadas para representar valores 46 Transiormadores Capftlo 2 onde 1 é a indutancia da bobina e i, ‘obtemos _,.Inserindo a Equacao (2-2) na Equaeao (2-1) e reagrupando, di re dt ‘ab (23) 4 Sabemos também que a corrente de magnetizagdo & senoidal porque a tensio aplicada também géea curva de magnetizagdo € suposta linear. Por conseguinte, podemos escrever expressio para a corrente de magnetizagio 4) onde i, € 0 valor eficaz da corrente. 1 toduzindo a Equagio (2-8) na Equagao (2-3), © executando a diferenciagdo necessiia, emos v, =¢, = V2 (@L)Iy cos or n (at)l, senor + 2) 2s) © valor maximo desta grandeza ocorre quando cos «xt tem valor unitério, Entio Ejmax = V2 (OLN (2-6) onde 1, = valor eficar da queda de tensio na reatdncia indutiva 7 ‘Uma comparagdo das Equagdes (2-4) ¢ (2-5) mostra que a corrente: de magnetizagio esti atrasada em relagaio A tensao na bobina de 90 graus eléticos. O diagrama fasorial da Fis, 2-2(a) ilustra essa con- digdo. Visto que todas as grandezas aqui enyolvidas sto senoidais, os fasores indicados representam 0 valor eficaz das grandezas. ‘Quits abordagem possivel para se chegar ao diagrama fasorial para 0 reator ideal de niicleo de ferro seni mencionatl, pelo seu uso posterior. A abordagem que acabamos de ver pole ser denominada como do ponto de vista de circuito, pois considera somente 0 cirew'o elétrico, no qual circula /,, € 0 pardmetro de circuito L. Nenhum uso direto € feito do fluxo magnético ¢, 0 qual é uma grandeza de espago (ou campo). Em contraste, a segunda abordagem principia com 0 campo magnético, como apre~ cee vo lei de indugto de Faraday. Esta é uma das leis fundamentais, sobre a qual aciéncia daenge- sana clétrica se apoin, A lei de Faraday estabelece que a fem induzida em uma bobina & proporcional ‘a0 niimero de espiras que enlagam o fluxo, assim como & taxa de variagao do fluxo em relacdo ao tempo. ‘Ao se aplicar ali de Faraday ao ciruito da Fig. 2-1 a equayio pode ser excita tanto come Oi queda de tensdo (de a para b) como uma elevacao da tensao (de b para a), Na primeira hipotese, podemos escrever ey == wit (2-8) Expressando como elevagiio de tenséo, a equagio da fem induzida toma-se a ya = 81 = ve (2-9) Seco 6-2 Teoria de Operagio e Desenvolvimento de Diagremas Fasoriais, 47 [Em ambos os casos, osinal é atribuido pela lei de Lenz. O sinal negativo estabelece que a fem induzida por tum fluxo varidvel sempre no sentido no qual a corrente deve circular para se opor ao fluxo variavel. Por putro lado, o sinal positivo na Equacio (2-8) mostra que a polaridade de a € positiva sempre que a taxa de variagéo do fluxo no tempo seja positiva, como determinado pelo sentido de eireulacdio da corrente ‘A Equacio (2-9) expressa, entdo, o ponto de partida para a segunda abordagem da anilise do cir~ cuito da Fig. 2-1. Correspondendo a variagao senoidal da corrente de magnetizagio, como expresso pels Equagio (2-4), ha também uma variagdo senoidal do fluxo, que pode ser expressa como cor (2-10) conde ¢, representa o valor méximo do fluxo magnético. Com esta expressiio na Equagio (2-9) ¢ executando a Giferenciagdo necesséria, obtemos Ni® 0.608 Of = Ejyse SEN (o - a ) (2-41) onde (2-12) E, = valor eficaz da fem induzida ‘Uma comparagao das Equagdes (2-10) ¢ (2-11) mostra que a fem induzida ~e, esté atrasada em relagdo ao fluxo varidvel que a produz por 90°, Esta situacdo acha-se ilustrada na Fig, 2-2(b). Basica mente, a fem —e, € uma clevagio de tensdo (ou fem gerada), que tem um sentido tal que, se Fosse Livre para atuar, causaria uma circulagdo de corrente se opondo & ago de 7, Para verificar isso, apenas em fermos da lei da ago e reagdo, considere dois pontos adjacentes quaisquer, como a’ ¢ b’. na bobina N, da Fig. 2-1. Se o fluxo supostamente cresce no sentido indicado, entdo a reaglo na bobina deve ser tl que a corrente teria que circular do ponto b’ ao a’ para se opor ao fluxo crescente, Lembre-se que, pela regra da mao direita, qualquer cortente suposta circulando de b’ para a’ produ. linhas de Tluxo que se fopéem 20 fluxo crescente. Para esta condiglo prevalecer, é necessitio, portanto, que ponto a” Sela positive em relaco a b” no instante sob consideragio, Esta linha de raciocinio, quando aplicada b bobina Completa, leva as marcages de polaridade indicadas na Fig. 2-1. O interessante de se observar aqui é jque, com base no ponto de vista de fluxo, a fem —e, da Fig, 2-1 6 tratada como uma elevacio de tensio de reacao (ou gerada), a0 se passar de b” para a’. Por outro lado, do ponto de vista de cireuito, a tensio ¢, e sua polaridade, quando considerada no sentido da circulagao da corrents/,, de tensio. A tensGo e, permanece a mesma; é apenas o ponto de vista que muda. Porque acorrente 1, e 0 fluxo ¢ esto em fase no tempo, € usual combinar os dois pontos de vista em um diagrama fasorial tnico, como ilustrado nia Fig. 2-2(c). Visto que E., = E, representa a queda de tensdio, segue-se que a mesma fem induzida vista na base de uma reagio a0 fluxo varidvel, sendo uma clevagao de tenslo, é igual e oposta a £,. Ist €, E,, = ~E,- Outro modo de se deserever isso € afirmando que a tensio terminal deve sempre conter um componente igual e oposto i elevacao de tensdo. Poderia parecer, até este ponto, que a tensio de reacdo vista de b” para a’ na Figura 2-1, nfo con= segue, na realidade, estabelecer uma corrente inversa para se opor a0 fluxo crescent, Isso jamais ocorts ne enrolamento primério de um transformador de dois enrolamentos, mas ocorre no enrolamento do secundério, como desctito aqui. urge como uma queda 48. Transiormadores Capttulo 2 alge ‘ob = Queda de tensio = Elevacdo do tensao cy) i) Fig. 2.2 Diagramas fasoriais do reator ideal de nticleo de ferro: (a) ponto de vista de circuito; (b) pomto de vista de campo: (©) diagrama conjunto resultant No trabalho que se segue neste capitulo, seri dada preferéncia a tratar a fem induzida como uma queda de tensio, Ou seja, ao aplicar-se a lei de Faraday, sera empregada a versao descrita pela Equagao (2-8). A devida consideragdo a lei de Lenz é dada nesta equagao, notando-se que, quando a taxa de va- riagdio do fluxo em relaco ao tempo na configuragao da Fig. 2-1 € positiva, a polaridade do ponto a também positiva, Reator de Nucleo de Ferro Real Como um segundo passo no desenvolvimento da teoria do transformador, vamos considerar como o diagrama fasorial da Fig. 2-2(a) deve ser modificado para considerar 0 fato de que um reator real tem uma perda na resistencia do enrolamento, assim como perdas por correntes parasitas e histerese. Vamos continuar supondo a curva de magnetizacao linear, pois o efeito da ndo-linearidade ¢ causar o surgimen- to de harménicas elevadas da freqiléncia fundamental na corrente de magnetizagaio — o que, evidente~ mente, nfo pode ser incluido no diagrama fasorial. Somente grandezas da mesma freqiiéncia podem ser indicadas. Para desenvolver o diagrama fasorial neste caso, iniciamos com o fasor do fluxo 4 e, entiio, mar- camos a fem E,, adiantada de 90°, Isso é indicado na Figura 2-3(a). A seguir, consideramos a introdugao da corrente, Observe que o ferro est em uma condicio ciclica, isto é, o fluxo esté em variagtio senoidal (a) Fig. 2.3 Construgiio de um diagrama fasorial de um reator de niicleo de ferro rea: (a) introduzindo o fasor do fluxo; (b) con- siderando as perdas no niicleo; (c) considerando as perdas no iC) riicleo e na resistencia do enrolamento. Seqdo 2-1 Teoria de Operagao e Desenvolvimento de Diagramas Fasoriais 49) com o tempo. Além disso, esta vari \c4o ciclica acontece ao longo de um ciclo de histerese de drea finita, pois as perdas do nicleo no so mais supostas como iguais a zero, Agora, como indicado no Capitulo I. dima caracterfstica dos materiais ferromagnéticos em condigao cfclica tet 0 fluxo airasado em relagao 2 ‘Corrente de magnetizacfo por um valor chamado de dngulo de histerese y. Ver a Figura 2-2(b), Visto que & diregdo positiva da rotagio 6 anti-hordria em um diagrama fasorial,Z,¢ indicado como cxfiantado em rela- cio}, para reproduzir ofatofisico. Observe, também, que a corrente de magnetizagao J. € agora consi ferada como composta de duas componentes ficticias, 7, e A grandeza 1, € a componente puramente reativa e é a corrente que circularia se as perdas no niicleo fossem zero. A grandeza /,€ a grandeza ficticia {gue, quando multiplicada pela tensio £, produzida pelo fluxo varidvel, representa, exatammente, a pot@ncia ecessdra para suprir as perdas no nicleo causadas pelo mesmo fluxo varidvel, Desta forma, podemos eserever I.E,=P, W (2-13) ou A 2-14) onde P. representa a soma das perdas por correntes parasitas e por histerese. Esta téenica de manipular as perdas no micleo de um dispositivo cletromagnético é bastante Gti e &, com freqtiéncia, empregada no estudo das maquinas ca. Para completar o diagrama fasorial do reator de nticleo de ferro real, € necessério apenas conside- rara queda de tensio na resisténcia do enrolamento, Isso € feito prontamente, usando-se a lei de Kireh- hoff das tenses no circuito. Portanto, Tit BV (2-15) onde r, é4 resisténcia do enrolamento, em ohms. Visto que r, € uma constante, segue-se que a queda de tensdio J, , deve estar em fase com 7, ou colocada em paralelo a T,, como indicado na Fig. 2-3(c), Note- se que a componente de T,, em fase com a tensdo aplicada V,é maior que 7, como seria de se esperar, visto que esta componente deve suprir nao somente as perdas no nticleo, mas também as perdas no €o- bre dos enrolamentos. Desta forma, a poténcia de entrada pode ser expressa como Py, = Villy €08 Oo = Tut + PW (2-16) onde 8, representa 0 angulo do fator de poténcia. © Transformador de Dois Enrolamentos ‘Ao colocarmos um segundo enrolamento no nticleo do reator da Fig. 2-1, obtemos a forma mais mples de um transformador. Iso est iustrado na Fig. 24.0 valor eficaz da fem induzida , que aparece no enrolamento do primario ab segue prontamente da Equagio (2-12) como Lembre-se que este resultado vem diretamente da lei de Faraday ¢ € muito importante na andlise de mmaquinas, Um resultado importante deduzido desta equagao € que, para os transformadores que tem 50 Transformadores Capitulo 2 ly mitto Fig, 2.4 Transformador de dois enrolamentos, resisténcia de enrolamento relativamente baixa (isto é pela tensio aplicada. ‘A fem induzida que surge nos terminais do enrolamento do secundario ¢ produzida pelo mesmo fluxo que origina E,, Portanto, a tinica diferenga nos valores eficazes é representada pela diferenca no néimero de espiras. Desta forma, podemos escrever V,). 0 valor do fluxo maximo édeterminado 44RD, N> (2-18) Dividindo-se a Equagio (2-17) pela (2-18), leva a a A Relacao de transformacao (2-19) ‘ induzidas pelo mesmo fluxo Outro fato importante € que E, ¢ E, esto em fase no tempo, pois ambas si varidvel Diagrama Fasorial de um Transformador £m Vazio Quando um transformador est em vazio, nenhuma corrente circula no secundirio. A Figura 2-5 ilustra esta situagao. Um estudo da Fig. 2-5 mostra que a construgdo do diagrama fasorial sai da Fig. 2-3(c), através de duas modificagdes. Uma é identificar a fem induzida do secundério no diagrama. Mas, como {jé observado no passo anterior, a fem induzida no enrolamento do secundirio deve estar em fase com a ‘correspondente tensdo £, do enrolamento do primdrio. Por conveniéncia, chamamos esta fem induzida do secundério de Ey. Entio, £, e E, devem ambas estar adiantadas em relagdo ao fluxo por 90°, como ilustrado na Fig. 2-6. Por comodidade, a relagao de espiras a é suposta unitdria. A segunda modificagao diz respeito a considerar 0 fato de que nem todo o fluxo produzido pelo enrolamento do primério enlaga ‘oenrolamento do secundério. A diferenga entre o fluxo total que enlaga o enrolamento do primario e 0 fluxo miituo gue enlaga os dois enrolamentos & chamada de fluxo de dispersdio do primério e € represen- tado por &,,. Observe-se que algumas das linhas tragadas para representar ¢b,, enlagam apenas algumas espiras e nfo todas as N, espiras. Enquanto tais linhas fechadas envolvem uma fmm diferente de zero, esas linhas de fluxo existem de fato. Isso decorre da lei de circuito de Ampere. i He [earo9 oe Fig. 2.5 Transformador de dois enrolamentos em vazio; chave § aberta. Seco 2-1 Teoria de Operacio e Desenvolvimento de Diagramas Fasoriais 51 Existe uma diferenga importante entre o fluxo miituo ¢ e 0 fluxo de dispersiio do primétio, &,,. Essa diferenca & que o fluxo miituo esté completamente no ferro e assim envolve um ciclo de histerese de Area finita. O fluxo de dispersao, por outro lado, sempre envolve percursos no ar aprecidveis e, ainda que algum ferro seja inclufdo na linha fechada, a relutancia vista pelo fluxo de dispersio , na pratica, a do ar. Como consegiiéncia, a variagao ciclica do fluxo de dispersiio ndo envolve efeito de histerese (ou atraso). Portanto, no diagrama fasorial, 0 fluxo de dispersdo do primario deve ser colocado em fase com acorrente do enrolamento do primério, como ilustrado na Fig. 2-6. Agora, este fluxo de dispersio induz uma tensdo £,,, que deve estar adiantada em relagio a 6,, por 90°, Esta fem devida ao fluxo de dispersio pode ser substituida por uma queda de tensdio na reatdncia de dispersao do primario equivalente. Desta forma, InX = Ey (2-20) Fig. 2.6 Diagrama fasorial de um trans- formador em vazio, Esta grandeza deve estar adiantada em relagdo a 7, de 90°. A soma fasorial desta queda de tensio e da queda na resisténcia do enrolamento do primério, assim como a queda & tenso E, associada com 0 fluxo miituo, resulta na tensao do primario V,, como ilustrado na Fig. 2- A grandeza.x, da Equagio (2-20) é chamada de reatancia de dispersdo do primdirio; é uma gran- deza ficticia, introduida como uma forma conveniente de representar os efeitos do fluxo de dispersao do primio. Transformador em Carga Nesta tiltima fase do estudo da teoria de operacio do transformador, vamos dirigir nossa atengao primeiramente representaco por meio de um diagrama fasorial da lei de Kirchhoff das tensées, apli- cada a0 circuito do secundério. Para simplificar, consideramos que a carga no circuito do secundario da Fig. 2-7 é puramente resistiva e, além disso, que 0 fluxo tenha a directo indicada com o crescimento do fluxo. Pela lei de Lenz, hd fem induzida no enrolamento do secundério que torna o terminal ¢ positivo instantaneamente com relagio ao terminal d. Quando a chave S é fechada, uma corrente 7, circula de imediato, saindo de c, passando através da carga, até d. Por conveniéncia, o resistor de carga é suposto ajustado para fazer circular a corrente nominal do secundério. £, determina a tensao da carga do secun- dario, além de responder por outras quedas de tensao existentes no circuito do secundério. Quando 0 equilfbrio é estabelecido, depois de fechada a chave da carga, o diagrama fasorial apropriado deve mos- trar V, e /, em fase, como ilustrado na Fig. 2-8. Visto que é fisicamente impossivel para o enrolamento Carga resistiva Fig. 2.7 Transformador de dois enrolamen- tos em carga: chave S fechada, 52 Transformadores Capitulo 2 do secundério ocupar 0 mesmo espago que 0 enrolamento do primério, um fluxo é produzido pela cor- ente do seeundério que nfo enlaca o enrolamento do primétio. Isto & chamado de fluxo de dispersiio do seoundério. A tensio E.,, induzida por este fluxo de dispersiio do secundrio, esté adiantada em relagio 216, de 90°, Outra vez, por conveniéneia esta tenstio devida ao fuxo de dispersio do secundério é subs- titufda por uma queda de tensio na reatncia de dispersdo do secundario. Desta forma, conde x, 6a teatdincia de dispersdo do secunclrio ficticia, que representa os efeitos do uxo de dispersiio do secandério. Também, pelo fato do fluxo de dispersao ter sua relutancia predominantemente no ar, a Equacao (2-21) é linear. Desta forma, dobrando-se a corrente dobra-se o fluxo de dispersto, qual du. ,e, pela Equagao (2-21) isso € representado por uma queda de tensdo em dobro na reatancia. A soma fasorial da tensio terminal, da queda na resisténcia do enrolamento do secundario ¢ da queda na 1 de dispersdo do secundiério, resulta na tensio da fonte, B,, como mostrado na Fig, 2-8 Fig. 2.8 Dingrama fasorial com- pleto de um transformador em sarga, para o caso onde a = N,/ N,>1 Quando um diagrama fasorial mostra V, ¢ F, em fase, a implicagdo € que a poténeia fornecida & carga é igual a V,I,, Evidentemente, esta poténcia deve vir do circuito do primério. Mas, que mecanismo realizaria isso? Para compreender a resposta a esta questo, considere a situagdo ilustrada na Fig, 2 ‘Com o fluxo aumentando no sentido indicado, a fem do secundério tem a polaridade indicada, de forma aque quando a chave € fechada, a ago da corrente do secundério € causar um deeréscimo no fluxo mi to, Esta tendéncia do fluxo em diminuir devido azo de NJ, provoca uma redugo na queda de ten= sao E, [ou e,=N, (débidt)]. Contudo, visto que a tensio aplicada V, é constante, o pequeno decréscimo em £, cria um aumento considerdvel na corrente do primério. Na realidade, a corrente no primidrio pode qumentar até aquele valor que, quando circulando pelas espiras do primario N,, representa uma fmm suficiente para neutralizar a agfio desmagnetizante da fmm do secundétio, Em termos matematicos, te- mos T,N, — Nol =0 (2-22) onde 7, representa o aumento na corrente do primério necessdria para cancelar o efeito da fmm do se- cundario em reduzir o fluxo. Com freqiéncia I, 6 chamada de corrente de equilibrio, Este esté acima 2 além do valor 7, necessirio para estabelecer 0 fluxo de operagio. A Equagao (2-22) mostra que NJ, deve ser dirigida em oposigio a NY, Em resumo, entéo, é por meio do fluxo e das pequenas alteragGes que o acompanham que a poténcia € transferida do circuito do primério para.o do secundério de um ‘insformador, Evidentemente, a corrente total do primério € a soma fasorial de 7, e 7, Neste caso, 0 fluxo de disperstio do primario est4 em fase com 7, endo com [,, como € 0 caso em vazio. Seqd0 2-1 Teoria de Operacio ¢ Desenvolvimento de Diagramas Fasoriais 53 Para transformadores nos quais a queda de tensdo na resisténcia do enrolamento e na reatancia de 1 so despreziveis, a fmm de magnetizagdo é a mesma com ou em vazio. Em outras palavras, a Soma fasorial da fmm total do primério, VJ, da fmm do secundério, NZ, deve produzir N7,. Desta forma MI Mn Dividindo-se por N,, obtemos 24) Inserindo a Equagdo (2-22), obtemos (2-25) ‘onde equivalente a /,, Estas equagdes silo prontamente verificadas no diagrama fa: sorial da Fig. 2-8. Aspectos de Construco de um Transformador Ao contrério da representacao esquemética da Fig, 2-7, no se deve supor que o némero total de espiras do enrolamento do primédrio é colocado em uma perna do niicleo ferromagnético todas as espi- ras do enrolamento do secundario so colocadas na outra pera, Tal arranjo acarreta uma quantidade excessiva de fluxo de disperstio, de forma que para uma dada fonte de tens&o, 0 fluxo miituo sera corres- pondentemente menor. O procedimento usual na construgio de um transformador € dividir as espiras do primétio e do secundirio. Isso mantém 0 fluxo de dispersfo dentro de um pequeno percentual do fluxo miituo, Evidentemente, uma reduedo ainda maior no fluxo de disperstio pode ser obtida por subdivisdes adicionais e intercalando as espiras do primédrio e do secundério, mas isso implica, evidentemente, uma elevacio aprecidvel dos custos do conjunto. Os dois tipos principais de construgo usados para transformadores monofiisicos sao o tipo nii- cleo envolvido e 0 tipo micleo envolvente. No tipo micleo envolvido, os enrolamentos sao feitos envol- vendo o ferro na forma indicada na Fig. 2-9. Na configuragao tipica, metade das espiras da bobina de baixa tensdo 6 colocada em cada pera, préximas do ferro e separadas por uma camada adequada de Fig. 2.9 Aspectos da construgio do transformador do tipo nti- cleo envolvido. H representa o niimero de espiras da bobina de alta tensio; L representa o mimero de espiras da bobina de bai- xa tensfo. 54 Transformadores Capitulo 2 Isolamento| Bobinas planas Nucleo de ferro — em chapas Fig. 2.10 Aspectos da construgio do transformador do {ipo nticleo envolvente. H representa o mimero de espi- ras da bobina de alta tenso; L representa o mimero de espitas da bobina de baixa tensao, isolante, Entéo, ap6s outra camada de um isolante adequado, metade das espiras do enrolamento de alta tensdio é colocada sobre a bobina de baixa tensfo. O processo € repetido, na segunda perna. A constru- cio tipo nicleo envolvido é a preferida nos transformadores de alta tensdo, por facilitar a solugdo do problema de isolamento. No transformador tipo nucleo envolvente, é 0 ferro que ¢ colocado ao redor das bobinas, como visto na Fig, 2-10. As bobinas, nesta configuragdo, so, em geral, em uma forma plana, distintas das formas cilindricas usadas no transformador de micleo envolvido. Fregiientemente 0 enrolamento de baixa tensao € dividido em trés segGes, com as duas segdes externas com um quarto das espiras cada uma e a outra metade intercalada entre as duas metades do enrolamento de alta tensio, como indicado no diagrama. A construgio do tipo micleo envolvente é a preferida para os transforma- dores de poténcia, nos quais circulam grandes correntes. O nticleo de ferro proporciona uma melhor prote¢o meciinica aos enrolamentos, nestas circunstdncias. O Efeito da Saturaco na Corrente de Magnetizagao Todas as grandezas que aparecem em um diagrama fasorial tal como o da Fig. 2-8 devem neces- sariamente estar na mesma freqléncia, Em conseqiiéncia, o componente de magnetizacio, 1, da cor rente /,, tem que ser tratado como uma grandeza com uma forma senoidal quando usado nesta forma. Contudo, a forma real da corrente de magnetizagao nao é senoidal, principalmente pela influéncia do néicleo magnético. Hé dois fatores importantes nesta consideragdo. Um é 0 estado de saturagio do nii- cleo de ferro magnético ¢ 0 outro o efeito combinado da histerese e das perdas no nicleo. Com freqiiéncia, os transformadores funcionam com variagdes no tempo de fluxo que colocam a operagiio um pouco acima do joelho da curva de saturagao. E instrutivo examinar as conseqiiéncias deste modo de operagao. Isso pode ser melhor entendido observando-se a Fig. 2-11. E importante compreen- der, desde o principio, que a situaeo descrita neste diagrama é transit6ria. Ela foi considerada a fim de pér em evidéncia as forgas que criam a forma final da corrente de magnetizacao. ‘A forma de onda da tensio que ¢ aplicada ao enrolamento do primério do transformador é suposta como sendo uma sendide pura. Conseqiientemente, esta fonte de tensio é capaz de fornecer somente uma corrente de magnetizacao senoidal & bobina do primério do transformador. A Fig. 2-11 mostra esta corrente de magnetizagéio desenhada abaixo da curva de magnetizaco, a qual, por sua ve7, esti dese- nhada como possuindo um grau regular de saturagdo mas sem histerese. O efeito da histerese no mate- Seqlo 2-1 Teoria de Operacio ¢ Desenvolvimento de Diagramas Fasoriais 55 ¢ HA=t7ia) sea, Fig, 2.11 Iustragio do efeito de uma cortente de magnetizagdo senoidal: (a) curva de magnetizagiio mostrando Saturagto sob forgas de magnetizagio elevadas e sem histerese; (b) corrente de magnetizagio senoidal suposta come Feutando da fonte de tens3o para a bobina do primirio e (c) a onda de fluxo resultante com o topo absulado pro- duzida pela corrente de (b). tial do niicleo magnético foi desprezado neste momento, a bem da simplicidade. A projegio da corrente de magnetizacao varidvel senoidalmente sobre a curva de magnetiza¢ao produz uma onda de fluxo com um topo abaulado, como mostrado & direita da curva de magnetizagiio. Além disso, esta onda de flaxo Contém originalmente duas componentes harménicas: uma grande componente fundamental, ,,cuma importante componente negativa de terceiro harmOnico, ¢. A componente do fluxo fundamental induz guna lensfo, ¢, na bobina do primario, que € igual e oposta &tensio aplicada no prima, v, assumindo- se uina resisténcia desprezivel no enrolamento do primério, Contudo, a componente negativa do fluxo de terceiro harménico também induz uma tensao na bobina do primétio, e,. Mas esta tenstio nfo encore tra uma componente igual ¢ opos Senoidal, Como resultado, a tensio de terceiro harm@nico gerada pela bobina fica livre pata atuar-no circuito primério e produzir uma corrente de terceiro harménico negativa, a qual, entao, se soma incom, ponente fundamental positiva, entregue pela fonte de tensao. Desta forma, a corrente de magnetizagao resultante ¢ a superposigdo destas duas componentes. O resultado é uma forma de onda para a corrente ‘fe magnetizagao que tem picos caracteristicos, como ilustrado na Fig, 2-12. O efeito dos picos esta as. na fonte de tensdo do primatio, por ser esta uma grandeza puramente 56 Transformadores Capitulo 2 Corrente de magnetizagao ‘6 ts Fig. 2.12 Forma de onda da corrente de magnetizagiio do transformador, desprezando a histerese € perdas no mi- cleo. Aqui, i,, representa a componente fornecida pela fonte de tensao e é,, é a componente fornecida pela bobina do transformador surgindo da saturagdo do micleo magnético. sociado com o fato de que a componente de terceiro harménico circula na diregdo oposta & da compo- nente fundamental porque se origina da bobina do primério. E interessante observar que a agio da corrente de terceira harmOnica negativa também pode ser interpretada como produzindo uma fmm na bobina do primdrio que, por sua vez, produz. um fluxo de terceiro harménico negativo, o qual serve para cancelar a componente de fluxo de terceiro harménico original da onda de fluxo de topo abaulado. Por fim, evidentemente, a lei de Kirchhoff das tensdes exige que o fluxo resultante no mcleo seja senoidal, pois apenas tal fluxo produz uma tensio induzida na bobina que equilibra a tensio aplicada da fonte senoidal. ‘A caracteristica de picos da corrente de magnetizagdo resultante pode também ser demonstrada a partir da condigdo de que a tensfo senoidal da fonte pode ser equilibrada no circuito do primério apenas pela presenca de um fluxo senoidal no nicleo. A proje¢do subseqiiente desta variagao de fluxo senoidal sobre a curva de magnetizagio saturada conduz. entdo direto & onda com picos da corrente de magneti- Fig, 2.13 Forma de onda final da corrente de magne- (izagto /,, que resulta da soma de uma componente senoidal fundamental (em fase com a fonte de tensio) ai, da Fig. 2-12. A componente em fase inclui as per- das por histerese e por correntes parasitas, Segio 2-1 O Circuito Equivalente 57 zagiio. Contudo, tal abordagem nao identifica a fonte da componente de corrente de terceiro harmonico, que agora sabemos nio ser diretamente a fonte de tensdo senoidal, A forma de onda final da corrente de magnetizacao € obtida adicionando-se a curva com picos da Fig. 2-12, uma componente senoidal fundamental (em fase com v, ou e,) para considerar as perdas por histerese e por correntes parasitas. A Fig. 2-13 apresenta o resultado. 2-2 O CIRCUITO EQUIVALENTE Deducao Ao se analisar dispositivos na engenharia elétrica, ¢ usual representar o dispositivo através de um circuito equivalente apropriado. Desta forma, a andlise em profundidade e o projeto, bem como a preci- so dos célculos, ¢ facilitada pela aplicacao direta de técnicas da teoria de circuitos elétricos. Este pro- cedimento € adotado sempre que novos dispositivos so estudados. Consequientemente, cireuitos equi- valentes stio deduzidos niio apenas para o transformador, mas para todos os motores ca e cc e para im- portantes dispositivos eletrOnicos, como o transistor. Em geral, 0 circuito equivalente & apenas uma in- terpretagio de circuito da equacao(Ses) que descreve(m) 0 comportamento do dispositive, Para o caso ‘em questi, existem duas equacdes — as equacdes de tenso de Kirchhoff para os enrolamentos do pri- mario e do secundirio, Por conseguinte, para o enrolamento do primério, temos Watt jhe +B (2-26) ¢, para o enrolamento do secundério =V,+ byt ihm (2-27) As duas equagées sao apresentadas no diagrama fasorial da Fig. 2-8 e a interpretagio de circuito corres- pondente aparece na Fig. 2-14(a). Os pontos so empregados para indicar quais dos lados das bobinas possuem instantaneamente a mesma polaridade. O diagrama esquemitico da Fig. 2-14(a) pode ser substi- tuido pelo circuito equivalente da Fig. 2-14(b), reconhecendo-se que I, € composto por J, ¢ I... Além dis- 50, visto que, por definicdo, Z, consiste em duas componentes, 7. ¢ 7,. pode ser considerada como divi- ida em dois ramos paralelos. Um ramo € puramente resistivo ¢ conduz.a corrente /., que foi definida como em fase com Z,..O outro ramo deve ser puramente reativo, por conduzir /,, que foi definida como atrasada de 90° em relacio a E,, como ilustrado na Fig. 2-3(b). O transformador ideal est incluido na Fig. 2-14(b) para explicar a transformacao de tenso e corrente que ocorre entre os enrolamentos do primério e do secundério. Portanto, com a relagio de transformagio a = 2, 0 transformador ideal forne- cea informagio de que E, = 1/2 E, e que I, =2 I, O fato de que o transformador real tem resistencia no enrolamento do primétio e fluxo de dispersio, e deve conduzir uma corrente de magnetizacao, 6 consi- derado pelo circuito que precede o simbolo para o transformador ideal na Fig. 2-14(b), O elemento resistivo r, deve possuir um valor tal que, quando a tensio £, é aplicada através dele, permite a circulacao da corrente /.. Portanto, (2-28) A segunda forma desta equagao é obtida substituindo-se E, pela férmula da Equagio (2-13). Portanto, r também pode ser considerado como aquela resistencia que representa a perda no nticleo do transforma 5B Transormadores Capitulo 2 “Transformador ideal ot w) o=1 te) Fig. 2.14 Dedugio do circuito ‘equivalente cexato a) diagrama esquemstico; (b) cireui- to equivalente de dois enrolamentos;(c) r0- ca do enrolamento do secundatio existente por um enfolamento equivalente de Ny @ piras; (@) Forma final completa dor, De modo similar, a reatincia de magnetizagdo do transformador pode ser definida como aquela realancia que, quando E, aparece nela, faz circular a corrente I, Desta forma (2:29) to Um circuito unifitar equivalente do transformador é uma meta desejdvel. Contudo, como E, # Ey este cireuito unifilar nfo pode ser obtido, pois a distribuigo de tenszo nos enrolamentos do primério ¢ Secio 22 OCircuito Equivalente 59 do secundario nfio pode jamais ser idéntica. Apenas quando a = 1 isso é possfvel. Portanto, a fim de alcangar a desejada simplicidade no circuito equivalente, vamos estudar a troca do enrolamento do se- cundério existente por um enrolamento equivalente tendo o mesmo ntimero de espiras que o enrolamen- to do primério. Uma pequena refle: divel esperar que, se um enrolamento equivalente do secundério, formado por, espiras, for capaz de suportar os mesmos quilovolt-ampéres, tiver a mesma perda no cobre ¢ 0 mesmo fluxo de dispersio e, também, a mesma poténcia de saida, como o enrola- mento do secundério existente, entio, no que se refere a fonte de tenstio aplicada, ela nZo pode identifi- ‘car qualquer diferenga entre o enrolamento secundario existente de N, espiras e 0 enrolamento equiva lente do secundario de N, espiras. Ou seja, um enrolamento pode s ibstituir o outro sem causar quais- quer mudaneas nas grandezas originais. Pelo fato do enrolamento equivalente do secundario ser suposto como tendo N, espiras, a fem induzida correspondente deve ser diferente, pelo fator a. Temos E, (2-30) onde a notagdo com 0 simbolo primo é empregada para indicar o enrolamento equivalente com N, espi- ras, Para que os quilovolt-amp>res do enrolamento equivalente do secundério sejam os mesmos do en- rolamento real do secundario, devemos atender & seguinte equacio: peat (231) Inserindo-se a Equacio (2-30) na férmula acima, vemos que a corrente nominal do enrolamento equiva- lente do secundério deve ser Observe que esta corrente é a corrente de equilibrio, /,. Visto que, em geral, a # 1, segue-se que a resistencia do enrolamento equivalente do secundirio deve ser ajustada de forma que a perda no cobre seja a mesma em ambos os casos, Conseqiientemente Pn = Br 2) Esta equacao, junto com a Equagio (2-32), estabelece o valor da resisténeia do enrolamento equivalente do secundario, Desta forma, (234) Com freqiiéncia, a grandeza r,’ é deserita como a resisténcia do secundirio referida ao primério. A ex- pressdo “referida ao primério” é utilizada por estarmos lidando com um enrolamento equivalente do secundério, tendo o mesmo nimero de espiras que 0 enrolamento do primatio, Procedendo de modo semelhante, a reatincia de disperstio do secundario referida ao primério pode ser expressa como (2-35) 600 Transformadores Capitulo 2 Além disso, visto que a carga em quilovolt-ampéres deve ser a mesma para os dois enrolamentos, temos (2-36) (2-37) Na Fig, 2-14(c) acham-se indicados todos os resultados até aqui alcangados, junto com um trans- formador ideal com uma relaco de transformagdo igual a um. Observe que a Fig. 2-14(c) esta desenha- da com o enrolamento equivalent do secundério tendo N, espiras, ao passo que a Fig. 2-14(b) esté de- senhada com o enrolamento do secundirio real. No que se refere ao primdrio, ndlo hd distingdo entre os dois. Observe-se que, para o transformador ideal da Fig. 2-14(c), unindo-se os pontos aaa’, bab’ec ac” ndo causa nenhuma perturbacdo, porque, num dado instante, estes pontos esto no mesmo potencial. Em conseqiiéncia, este transformador ideal pode ser totalmente dispensado, neste caso a Fig. 2-14(c) torna-se a Fig. 2-14(d), que € denominada circuito equivalente completo do transformador. Este € 0 dia- grama unifilar que quetianus deduzi Circuito Equivalente Aproximado Na maioria dos transformadores com tenstio constante e freqiiéncia fixa, tais como os usados mas instalagSes de transmissAo e distribuicio, o médulo da corrente de magnetizacio, /,,, € somente uma pequena percentagem (2 a 5) da corrente nominal do enrolamento. Isso ocorre porque um ago de alta permeabilidade é empregado no nticleo magnético e isso mantém 1, muito pequeno. Outrossim, ago com uma pequena percentagem de silicio é freqiientemente usado e isso ajuda a reduzir as perdas no niicleo, mantendo J, pequeno. Conseqiientemente, pouco erro é introduzido e uma simplificagao considerdvel & obtida se se assume que J, seja to pequeno que possa ser desprezado. Isto faz 0 circuito equivalente da Fig. 2-14(4) tomar a configuragio apresentada na Fig, 2-15. Observe que a corrente no primério, 7, é agora igual a corrente do secunddrio referida ao primétio, Z,’. Agora também podemos falar de uma resisténcia equivalente referida ao primédrio Rientnan tay (2-38) uma reatancia de dispersao equivalente referida ao primitio. Xue uty aytany (2:39) subindice 1 representa o primario. Rasnete Xy= iting Seqio 2-2 O Circuito Equivalente 61 O diagrama fasorial correspondente tragado para o circuito equivalente aproximado aparece na Fig, 2-16. Observe-se a simplificacdo considerdvel em relagdo ao diagrama fasorial do circuito equiva- lente exato, que aparece na Fig. 2-8. Fig. 2.16 Diagrama fasorial do circuito equivalente aproximado, para um ngulo do fator de poténcia atrasado, 4, A anélise das paginas anteriores se concentrou em trocar o enrolamento real do secundétio por um enrolamento equivalente com o mesmo ntimero de espiras que o enrolamento do primério. Uma peque- na reflexo mostra que um procedimento similar pode ser empregado para tragar um circuito unifilar equivalente com todas as grandezas referidas ao secundério. Em outras palavras, 0 enrolamento atual do. primdrio pode ser substitufdo por um enrolamento equivalente do primario, com N, espiras. O circuito equivalente resultante assume entio a forma ilustrada na Fig. 2-17. E importante observar-se que, para se referir A resisténcia ¢, do cnrolamento do primdiiy ay sccundaiv, € necessariv dividis por a, Desta forma, (2-40) Outro: (2-41) (2-42) Observe também que o transformador ideal esta incluido na Fig. 2-17 simplesmente para enfatizar a transformagdo que ocorre do lado do primério para o lado do secundério, Normalmente, o cireuito do primério é inteiramente omitido, deixando-se apenas o circuito unifilar do secundatio. Ret a=20 Transformador ideal Fig, 2.17 Circuito equivalente aproximado, referi- Fig, 2.18 Circuito equivalente aproximado dese~ do ao secundério. nhado com o transformador ideal. 62 Transformadores Capitulo 2 Significado do Valor Nominal de Placa do Transformador Um transformador tipico possui uma placa de identificago com as seguintes informagdes: 10 kVA 2.200/110 V. Qual o significado destes némeros na terminologia e na andlise desenvolvida até o presen- tc? Para compreender a resposta, ver Fig. 2-18, a qual é, na realidade, o circuito equivalente aproximado desenhado para incluir 0 transformador ideal, para colocar em evidéncia a ago: de transformagao exis- tente entre os circuitos do primario e do secundério. O nimero 110 refere-se & tensiio nominal do secun- dério. Ea tenso que aparece na carga quando circula a corrente nominal, na poténcia nominal, Esse valor é chamado V,, O niimero 2.200 refere-se a tensfo nominal do enrolamento do primério, que é obtida tomando-se a tensio secundaria nominal e multiplicando-a pela relagiio de espiras a entre o primario € o secundario. Em nossa terminologia, isto € V,’. Especificando a relacao V,'/V, =2.200/1 10 na placa de identificagdo, é dada informagao a respeito da relagao de espiras. Por fim, o ntimero em quilovolt-ampe- res refere-se sempre aos quilovolt-amperes de safda, que aparecem nos terminais de carga do secundé- tio. Naturalmente, os quilovolt-ampéres de entrada so ligeiramente diferentes, por causa dos efeitos de R., €X,, Fungao de Transferéncia ‘A fungao de transferéncia do transformador pode ser especificada tanto com a relaglio 8 tensdo ‘como acorrente. A fungaa de transferéncia de tensiio é definida como a relacdo entre a tensio de saida, V, ca tensio de entrada, V,, com a carga ligada, Desta forma = Ys ab 2.43) Yeo a+ hRyt jbXq 4 ‘A Equagiio (2-43) indica que quando as resist€ncias dos enrolamentos e 0s fluxos de dispersio so despre- ziveis, a fungi de transferéncia de tensao, T,, € aproximadamente o inverso da relacio de transformagao. Quando estas grandezas ndo podem ser desprezadas, 7, ser um ntimero complexo, que varia com a carga, ‘A fungio de transferéncia de corrente, T,, é definida como a rela da corrente de safda pela cor- rente de entrada, Para o circuito equivalente aproximado da Fig. 2-18, temos (2-44) Aqui, a fungio de transferéncia de corrente é exatamente igual a a, porque a corrente de magnetizagi0 6 assumida como desprezfvel. Quando /,,ndo € desprezivel, T, seri um pouco menor que a e pode ser complexa. Impedancia de Entrada ‘A impedancia de entrada de um transformador € a impedancia medida nos terminais de entrada do cenrolamento do primaio. No caso do circuito equivalente aproximado, ilustrado na Fig. 2-18, temos Rat @Ry + Xe (2-45) O exame deste resultado indica que a impedancia de entrada é dependente da impedancia de carga. No caso dos sistemas de poténcia, a impedincia de entrada nao é uma preocupagio particular, pois a impe- Secio 2-2 O Circuito Equivalente 63 dancia interna da fonte € desprezivel. Nos sistemas de comunicagio, contudo, onde V, é obtida de um transistor, aimpedincia de entrada € uma grandeza Gti, pois descreve 0 feito que o tansformador exeree na fonte de tensio. Resposta em Freqiiéncia ‘Um dos aspectos em que estamos interessados, quando nos referimos & resposta em freqtiéncia de um transformador, € forma na qual afungao de transferéncia de tensdo varia pars Nom COE fixa, en- quanto a freqiiéncia da fonte de tensio, V, varia. © médulo de ¥, 6 suposto fixo. Para os transformado- vos de potencia, a resposta em freqléncia nfo oferece intercsse malor, pois essas unidades operam em re va frequéncia —em geral 60 Hz e, is vezes, 0 Hz. Contudo, em clues de comunicagSes, a freqiéncia da fonte de tensio varia em uma larga faixa de valores Por exemplo, no caso de um transfor- tresjor de saida que acopla o estégio de poréncia de um amplificador de Audio a um alto-falante, a fre~ ‘qéncia pode variar por todo o espectro de freqiiéncias audiveis. ‘Qual 6, entdo, 0 efeito desta freqliéncia seeavel aa fungio de transferéncia de tensfo? A resposta vem de uma inspeeio da Fig. 2-14(d), Lem- tre-se que a reatancia indutiva éditetamente proporcional&freqiéncia, sto é& x = OL = 2nfL (2-46) Por isso, a reatincia x, em baixas freqiéncias, que notmalmente é to alta ams pode ser removida do ro ae a mais pode ser desprezada} Na realidade, esta baixa reatancia de ‘magnetizacdo pode efeti- ecrvnts se associar em parafelo aimpedancia fixa da carga, causando, desta forma, uma dristica redu- go na tensZo de saida, como ilustrado na Fig, 2-20. A Pigure -19(a) mostra a configuragae do circuito fquivalente aplicado a freqiléncias muito reduzidas. Observe que &%: so tio pequenas nessas fre- Gléncias que poderiam ser inteiramente omitidas do diagrama, re suze tentibrin ie Cexglbich,o projet Castes tremetcnvisn Se SE de comuni- ceagbes 6 til que x, ¢x' slo ainda bastante pequenas, enquan'o é grande o suficiente para que poss sor desprezada, O cireuito correspondent aparece na Fig, -19(P) Observe-se gue, para uma carga re- ser avo cireuto equivalente consiste apenas em elementos resistivos: de forma que a fungio de trans- Ferdncia permanece constante na faxa de freqiéncias intermedissins, (Ver Fig. 2-20.) Em freqiléncias muito elevadas, x, ¢ x,” ndo sao mais despreziveis e, por conseguinte, devem ser snclufdas nocieuito, Contudo, x, pode continvara sex omitida, O circuto ‘equivalente tomaagoraa forma aaaitja na Fig, 2-19(c). Um rapido recioefnio demonstra que, conforme freqiiéncia se eleva, uma parte cada ver maior da tensdo V, da fonte surge através de, ¢2 * uma tensiio cada vez menor aparece % pe is} "3 & ing Ri=oPR, (a) {oh : eiicee % ing 3 ing Fig. 2.19 Circuito equivalent para varias faixas do espectto de freqiléncia: (a) baixas fre- aquéncias: (b) freqiiéncias in- termedirias; (c)altas Freaién-

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