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Etnografia religiosa
iorub e
probidade cientfica
Pierre Verger
Retomo, trocando duas palavras, o ttulo de um artigo de trs pginas
escrito pelo saudoso Bernard Maupoil, cuja referncia retiro da
Bibliographie africaine de Fa, publicada no incio de seu livro sobre La
gomancie lanciene cte des esclaves (Maupoil, 1943:19). No tive a
oportunidade de ler sua
Ethnographie dahomene et probit scientifique, publicada em 1937
na Afrique Franaise, mas acho o ttulo sugestivo e ele me incita a
tecer consideraes semelhantes sobre a etnografia religiosa iorub.
As definies dadas aos oris, os deuses iorubs, foram efetivamente,
a partir de determinada poca (1884, para sermos precisos)
embelezadas com detalhes to pitorescos quanto inexatos. Essas
definies foram a seguir eruditamente retomadas, doutamente
citadas e entusiasticamente comentadas pela maioria dos que a partir
de ento escreveram sobre o assunto.
Ao longo de minhas pesquisas, pude constatar de que maneira
informaes expressas muitas vezes descuidadamente por pessoas,
respeitveis noutros domnios, criaram uma tradio aparentemente
lgica, mas enganadora. Com o tempo foi-se assim acumulando vasta
documentao escrita, tida como erudita porque baseada em textos, a
nica fonte vlida aos olhos dos letrados, mesmo que esses textos
fossem inspirados por escritos anteriores incorretos e at contrrios
verdade.
Essas informaes foram copiadas e publicadas inmeras vezes, sem
que sua autenticidade fosse posta em dvida. O padre Labat j
constava (Labat, 1831:143), e no sem ironia, em 1772, que certas
O sangue vermelho
O sangue branco
O sangue preto.
Cada um desses sangues comporta:
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