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_ UNIVERSIDADE DE SAO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA CIBNCIAS E LETRAS poh ee BOLETIM Ne 201 Literatura Portuguesa No 12 ANTONIO AUGUSTO SOARES AMORA GF MANUEL PIRES DE ALMEIDA — um critico inédito de Camées So Paulo 1955 4 PREFACIO Sou 0 primeiro a reconhecer que levantada a ponta do véu, desde fa segunda metade do século XVII sbbre a personalidade e a obra de Pires de Almeida, muito matéria de pronto se insinua & vista do inves: tigador © se impde ao exame minucioso, ao estudo ¢ a conclusdes impor> tantes. Diante do espélio do licenciado, ao mesmo tempo tio apaixonado, ‘quanto exigente critico de Camées, ficamos perplexos: por onde come- {gar seu estudo? Pela polémica em témno do episédio camoniano do So- ho de D. Manuel, polémica registrada e irdnicamente comentada pot D. Francisco Manuel de Melo no Hospital das Letras, ¢ mais tarde pot Juromenha, ja em nosso século por Fidelino de Figueiredo ¢ Tediilo Braga? Pelos comentérios dos cinco primeiros cantos dos Lusiadas e de ‘uma boa parte da Lirica do Poeta? Pela tradugio “ilustrads” da Poética de Aristételes, incontestavelmente boa, ¢ significativa ndio apenas pela prioridade em lingua portuguésa, mas também pelo que documenta do aristotelismo na cultura portuguésa do século XVII? Pelos tratados de Retérica © de Postica, importantes como depoimentos do inquieto cri= tico eborense sibre a estética literdria seiscentista, marcada, de um lado pelas tendéncias cultistas e conceptistas, e de outro por um franco rea- Gionarismo contra os abusos das duas tendéncias cada dia mais dominantes na poesia e na oratéria sacra? Finalmente, comecar 0 estudo da obra critica do Licenciado por um dos seus primeiros trabalhos, Exame de M.P.'A. sobeo o particular juizo, que fes M.S. de F. des partes, que ‘ha de fer a epopeia, e de como Luis de Camées as guardou nos seus Lu- siacdas, onde ja se definem as diregées fundamentais de seu espirito e de ‘seu labor eritico? Pareceu-me éste 0 mais acertado caminho para um pri- meiro contacto com 0 exigente ¢ quase sempre intransigente critico dos eriticos de sua época. © Pires de Almeida que procuro fazer compreender no é, assim, todo © homem com tda a sua obra. Isto seria impossivel antes da pu- blicagio do seu espélio, com mais de 3.500 péginas de variada matéria, ‘em grande parte redigida ainda em borrador. O Pires de Almeida que ‘apresento, pela primeira vez com pormenores, & portante e for sufi- Gentes razdes, epenas o critico no comégo de sua correira a se lancar com coragem e com um impeto polemistico téo caracteristico de sua época, em defesa de uma critica que idealiza e deseja erudite, sistematica, ‘segura ¢ imparcial em conclusies que féssem quanto possivel “verdades, sem género de competéncia”. E mais: um critico que perante os apolo- gistas de Camses, a iniciarem com paixdo o processo da glorificacio do ‘maior Poeta nacional, procura 4 indicar, para © julgamento do pico do Lirico renascentista, cujo alto valor no se punha em div nova disecio, de franca reacdo contra os arbitrios ¢ os exageros da idolatria. Aqui, em resumo: um Pires de Almeida voltado p fesa e a ilustragao da critica literéria, e empés de uma nova erfti niana. Que a discuss sdbre 0 critico seiscentista, ha trés sécul ignorado, e sobre os temas que procurei pir em relévo, importar cipalmente pelo que toca a Camées e aos Lusiadas, melhor me. € me anime a continuar nesse dificil e perigoso trabalho de pr @ investigacao no campo da histéria da critica minha esperanga, e meu sincero desejo. E nao posso encerrar estas consideracées, sem consignar agradecimento profundamente afetuoso a meu Mestre Fidelin, Gueiredo, que hi mais de trés lustros me orienta nesse mundo in cultura portuguésa, e nesse dificil labor da investigacdio. histér critica, e ainda agora, quando a satide Ihe falece e seu espirito Para mais altos temas, ainda me péde conduzir no essencial és Tho. Um agradecimento também muito devido e coroavelmer 0 amigo, ¢ ilustre médico portugués, Dr. Vasco Chichorro, a qu: @ autorizacdo da Duqueza, e depois da ilustrada e bondosa M de Cadaval para trabalhar na preciosa biblioteca da Casa Ducal di ¢ fotografar os manuscritos cujo estudo e ‘publicagio agora se Agradecimentos 4 Marqueza de Cadaval, que tio fidalgamente pedou na sua mansiio de Muge e me deu tddas as facilidades balho na biblioteca arrumada © conservada pelas suas prépri Ssses agradecimentos, por todos os titulos devidos, ja os fir em. Propria, mas aqui os reitero e com muito prazer. Finalmente, ao Doutor Costa Pimpao, Diretor do Instituto de Estudos Brasileiros versidade de Coimbra, e agora professor do Instituto de Estuc tuguéses de nosa Universidade, 0 meu reconheci com que leu éste trabalho antes de sua publica geriu de retoques necessérios. I PARTE INTRODUGAO © Licenciado Manuel Pires de Almeida: biografia e obras. : ‘A. critica portuguésa_ na época do Licenciado, Cap. Cap. Cap. Cap. Cap. Cap. 0 m Ww vI vir vir 1x INDICE L# Parte INTRODUGAO — © Licenciado Manuel Pires de Almeida: biografia e obras bi Galt Sen ee portuguésa na época do Licenciado . . 11° Parte © “DISCURSO” DE SEVERIM DE FARIA E 0 “EXAME” DE PIRES DE ALMEIDA — © Chantre Manuel Severim de Faria — Sintese das opinides do Chantre e do Licenciado 11 Parte APOLOGISTAS E CENSORES DE CAMOES. — Apologistas e censores de Camoes — Severim de Faria, apologista de ‘Cames T Pires de Almeida, censor... do apotogista 1V" Parte © CRITICO DE PIRES DE ALMEIDA — Defesa ¢ ilustracdo da critica liters — Empés de uma nova critica camonis APENDICE Exame de M. P. d’A. sobre o particular juizo, que fez M. S. de F. das partes, que ha de ter a epopeia, ede como Luis de Camées as guardou nos seus Lu- siadas. (Leitura e notas) vedeeiieee am BIBLIOGRAFIA — Autores e obras citados por Pires de Almeida . — ‘Autores 0 obras citados no estudo critico .

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