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Lalucdauce on Solin wa bbe Milne, Bucce, 4962 AAU tothe ale 15. A PESSOA UNICA A evidéncla bfblica nos leva a duas declaracSes fundamentals em re- lagho & pessoa do Senhor Jesus.Cristo: ele é verdadeiro homem ¢ ver- dadelro Deus, A maneira como. cssas duss realidades se combinam ‘em uma 66 pessoa autintica, Jesus Cristo, ird permanecer para sem- pre um mistério, mais isso, por si ad, no deve impedir a pesquisa da encarnagilo em nfvel mais profundo, Se negligenciarmos esta tarefa, outros irflo tentd-la de maneira a provocar erro e confusdio, Na dou- trina da pessoa de Cristo, comoem todas as demals éreas de doutrina crist&, os pastores descuidados convidam os lobos vorazts (Jo 10:1 1-13), Devemos enti considerar agora os assuntos mais impor- tantes nesta area conhecida tecnicamente como cristologia, OS PRIMEIROS DEBATES Apesar das discusses teoldgicas antes de $00 d.C. serem historica- mente remotas, elas pernianecem importantes porque fol no decorrer delas que a meloria das principals opgdes manifestou-se, As discus- s6es que culminaram na formula aceita em Calced6nia no ano 451 Fepresentam a estrutura de toda reflex&éo subseqtiente, Nas primeiras geracBes, os crentes talvezse satisfizessem com uma f¢ simples, A carta de Piinio ao imperador Trajano, no inicio do segundo século, descre- vou 08 cristos como “‘recitando um hino a Cristo como se fora a aK A pessoa e a obra de Cristo = deus", Entretanto, j4 no principio, havia pontos de vista hetero- OXOS, Ebionismo Este ramo do cristianismo judaico resolveu o problema da relacdo entre ahumanidade e a divindade de Cristo remoyendo totalmente a divin- dade, Jesus era simplesmente o Messias humana, embora divinamente nomeado, que tinha como designio voltar 40 fim dos tempos para rel- nar na terra mediante o poder soberano de Deus. Na verdade, isto deixava aberto 0 abismo entre o homem ¢ Deus. Docetismo Este movimento data dos tempos apostdlicos, Em contraste com 0 ebionismo, ele resolveu o problema extirpando a hum: anidade de Cris- to. Cristo s6 parecia humana (gr. doceo = parecer), Suas raizes ba~ selam-se nas convicedes greco-orientais de que a matéria é essencial- mente perversa € que Deus nao pode ser sujeito a sentimentos ou ou- tras experiéncias humenas. O docetismo era inaceitdvel por cortar a ponte entre Deus ¢ o homem na outra extremidade; Deus no veio realmente até nds, portanto nenhum sacrificio eficaz foi feito pelos nossos pecados. Gnosticismo A data precisa deste movimento continua em discussfo, embora a teo- ria de que ele fosse essencialmente pré-cristao tenha sido desmentida, © mundo das conjeturas do gnosticismo esta repleto deespeculagdes bizarras, e n&o fica claro até que ponto se tratava de um sistema uni- ficado de pensamento. Cristo é visto por alguns escritores gndsticos como descendo da estratosfera celestial ou “‘plenitude’” (gr. a/érdima) e unindo-se durante algurn tempo com uma pessoa histérica, Jesus, cujo corpo foi formado de uma substancia psiquica, éstando os dois elementos frouxamente ligados nele, O gnosticismo refletia claramente uma forte tendéncia docética, Ele efetivamente cortava & ponte nas duas extremidades; Cristo no era verdadeiro Deus nem verdadeiro homem, portanto néo tinha qualificagSes para atuar como mediador. Arianismo ' Esses primeiros debates nao afetaram substancialmente a Igreja co- mo um todo, O mesmo ndo poderia ser dito das discussdes subsen- qilentes, especialmente aquelas que giravam em torno das opinides de Arlo (256-336), um presbitero de ‘Alexandria influenciado pelo gran- 147 ail A Pessoa unica de mestre Origenes. Ario sustentou que ‘‘o Filho foi criado”’, Ele se imbuira da divisfo de Plato entre o mundo tangivel da experiéncia sensorial eo mundo intangfvel das idéias, Deus, a fonte absolutamente iinica e ndo-originada de todas as coisas, pertencia ao segundo desses mundos, estando assim radicaimente separado do mundo criado, Uma vez aceita esta estrutura, existe evidentemente grande dificuldade em enquadrar 0 Filho (Logos, 0 Verbo, Jo 1;1) no cendrio. Ario concluiu que 0 Logos deve pertencer ao lado humano do ser; nfo seria, por- tanto, eterno, mas também um ente criado: ‘‘Houve um tempo em que ele (Cristo) no existia.’’ Cristo ¢ certamente a mais exaltada de todas as criaturas, mas, em analise final, apenas isso. O debate foi mantido através de grande parte do quarto'século, Depois do imperador Constantino ter professado a fé cristd em 312 d.C., a politica imperial tornou-se um fator significativo no fluxo e refluxo da controvérsia, que se mostrou confusa até mesmo em seus termos teolégicos. Constantino, preocupado com a unidade da igre- ja, reuniu um Concflio em Nicéia no ano 325 a fim de resolver a ques- to, mas s6 no Concilio de Constantinopla em 381 0 debate foi satis- fatoriamente solucionado, Aoposicio a Ario foi liberada por Atandsio (296-373) que, edu- cado na escola sob orientag&o dos bispos, de Alexandria, mantivera contato com a tradig&o biblica e hebraica. Ele se comovera profun- damente com os martirios dos cristéos ocorridos durante a sua ju- ventude sob o imperador Diocleciano. Rejeitando o dualismo abso- luto de seu oponente, ele procurou compreender Jesus Cristo de acordo com o testemunho biblico a respeito dele. A luta herdica de Atand- sio, que as vezes ficou praticamente: sozinho, foi de grande importAn- cia. Com muita perspicacia ele reconheceu que um Salvador menos que divino seria insuficiente para satisfazer nossas necessidades; as- sim sendo, apegou-se tenazmente a posi¢fio de que Cristo era “‘da mes- ma substAncia”’ (homoousios) que o Pai, Esta posicao foi afirmada em Nicéia e Constantinopla, Ascristologias do tipo ariano esto longe de extinguir-se. As Tes- temunhas de Jeova, os cristadelfianos, e muitos outros, negam a ver- dadeira divindade de Jesus Cristo, com freqiiéncia mediante termos filoséficos e teolégicos sofisticados. Esta heresia nao-biblica deve ser decididamente rejeitada hoje em todas as suas formas, como o foi no quarto século, pois ela nega o evangelho ¢ rouba de nosso Senhor Jesus Cristo a gléria e a majestade que lhe pertencem. Embora os Concilios de Nicéia e Constantinopla tivessem esta~ belecido o ponto de que Cristo no foi um ser criado e esclarecido sua relac4o com o Pai, eles nao resolveram algumas quest6es relacio- 1 A pessoa e a obra de Cristo nadas com estas. O perfodo seguinte focalizou # atengfo na pessoa de Jesus, perguntando como 0s elementos divinos ¢ humanos combi- naram-se na sua pessoa, Trés teorias foram defendidas etiveram, por sua vez de ser rejeitadas, Apolinarismo Apolindrio (310-390), um defensor mais que entusiasta de Atandsio, afirmava que em Jesus o Verbo eterno (Logos) tomou o lugar da al- ma humana. Na encarnacdo, Deus Filho passou a residir em um cor- po humano, e Cristo nfo possufa entdo uma natureza completamen- te humana. A posic&o, de tendéncia claramente docética, foi rejeita- da, desde que nega com efeito o fato de Deus ter-se tornado verdadei- ramente homem. Nestorianismo Nestério foi nomeado arcebispo de Constantinopla em 428 d:C. Com co intuito de preservar a plena humanidade do mediador, o nestoria- nismo ensinou a separac&o das duas naturezas em Cristo até o ponto de pr em ditvida sua unidade pessoal auténtica; isto invalidou a en- carnagfo ¢ pds em perigo a salvacho, Muitos eruditos contempora- neos acreditam hoje que o proprio Nestério nfo defendia muitas das opiniées que Ihe foram atribuidas por seus oponentes ‘‘ortodoxos’’. Removido do cargo em 431, ele passou o resto de sua vida em grande atividade missiondria. Eutiquianismo Eutiquio, um franco opositor do nestorianismo, advogava a unidade da pessoa de Cristo e afirmava que embora houvesse duas naturezas antes da encarnac&o, depois dela passou a existir apenas uma nature- za. composta. Isto significa que Jesus seria uma terceira espécie de ser, nem verdadeiro homem nem verdadeiro Deus, ¢ portanto incapaz de atuar como mediador, Eutiquio foi condenado no Sinodo de Cons- tantinopla em 448, mas novamente empossado em Bfeso no ano 449, embora sem grande entusiasmo. As coisas nao podiam, como é natural, continuar desse modo, eum concilio geral foi realizado em Calced6nia (451 d.C.) a fim de resolver os debates de uma vez por todas, A declarac&o do Concilio de CalcedSnia, profundamente influenciada pela teologia ocidental mais pragmética, nfo agradou a todos os partidos, mas serviu de ba- se para as formutagdes ortodoxas sobre a pessoa de Cristo desde en- tho, Sua clausula central afirma: “...devemos confessar que nosso 149 A Pessoa unica i i Filho, . Cristo é um unico € o mesmo -erfeito ng Senhor Lia na humanidade...de uma s6 substancia (ome, aig, cade. pete “ivindade, homoousios conosco na humanig a com a riiectti em duas naturezas (physeis), sem con; fusio, tie nado: sem separacdo...sendo a propriedade dg tat hi wifes danca, sem divisdo, ; tureza preservada € concorrendo em uma s6 pessoa @rosépon’ _ subsisténcia. (hypostasis).”” OUTROS CONCEITOS IMPORTANTES A unido hipostatica pene Esta é uma abreviacao estenografica para o significado da encarna. edo: a unido em uma pessoa (gr. hypostasis) de uma natureza mente humana ¢ plenamente divina. Em CalcedOnia a igreja expres, sou os termos em cuidadoso equilibrio: as duas naturezas acham.se unidas nesta fusdo hipostatica (isto ¢, “pessoal’’) ‘sem confusio, sem mudanea, sem divisdo, sem separa¢: pe Basia «canta cunhada no século VI por Le6ncio, durante dis. centro pessoal, o “‘eu’? autoconsciente “eu’’ autoconsciente era o Verbo divino, fal- assumida uma autoconsciéncia humana; is sar a negativa de Apolinario da verda- isto e, portanto, de sua capacidade para agir teoria oposta, de uma autoconsciéncia hu- A pessoa e a obra de Cristo Comunhio das propriedades Esta formula antiga afirma que, embora cada uma das duas nature- zas na uniao hipostatica retivesse suas propriedades essenciais, havia uma comunhao genuina entre ambas, de modo que as propriedades de uma eram verdadeiramente comunicadas a outra. Trata-se de uma tentativa no sentido de evitar atribuir artificialmente certos atos de Jesus & sua natureza divina (ressurreicao de mortos, multiplicagdo dos paes e peixes) e outros a humana (cansaco, ignorAncia do dia da sua ta) > deve-se ao fato da formula ter sido defendida pelo partido 1ado nos debates do século XVI. A teoria afirma que nem du- ) de seu ministério terreno, nem mais tarde enquanto re- tureza humana como 0 Senhor exaltado, 0 Verbo eterno as funges e atributos da divindade. Ele continuou a sus- coisas (Cl 1:17; Hb 1:3) e permaneceu superior aos Se levada a extremos, esta idéia pode transformar- o nestoriana da pessoa de Cristo. Tanto a ‘‘comunhao omo 0 ‘‘extra calvinista’’ parecem necessdrios para ‘novo sentido da realidade viva de Cristo, en- da sua graca. Isto levou os refor- o de Calced6nia, que endossaram ‘complementar, de dois estados. ermos de uma atuagao dina- _ A Pessoa tinica price El 2 Passagem em Filipenses 2:7 e a afirmagio servar a plena humanid: de sass peuisen), oP ata aenlcl te aad Te lade de Cristo, incluindo uma franca admis- le suas limitagdes humanas, ao lado da confissio tradicional de = aoe Em formas modificadas, argumentava que os atribu- os foram simplesmente tornados ‘‘latentes’’ ou “exercidos apenas a intervalos’’, ou mesmo que a kenosis relacionava-se com a consciéncia de Cristo ¢ no com o seu ser. E certo que havia alguma forma de condescendéncia para que © Verbo eterno aceitasse a uniao com a natureza humana assumida no ventre de Maria. E duvidoso, porém, o conceito de que a kenosis seja um modo util de expressar tal coisa. O apoio biblico é decidida- mente inseguro, desde que Filipenses 2:7 refere-se a renunciar a glé- ria e & dignidade divinas e nao aos poderes divinos. ‘‘Ele tornou-se a si mesmo insignificante’’ é 0 sentido real da expressdo. Em um nivel teolégico, a kenosis parece moyer-se na dire¢fo er- rada. Sua equacdo basica é a seguinte: encarnacao = menos Deus. A equacao biblica € porém: encarnagéo = mais Deus. Ao encarna- se, 0 Verbo divino ndo despiu-se de sua divindade; ele acrescentou acla, se podemos falar assim, assumindo uma plena natureza huma- na em unido hipostatica com o Verbo. Além do mais, se o Filho en- carnado carecesse de qualquer atributo essencial, ele imediatamente falharia em trés pontos absolutamente fundamentais no que nos diz respeito: revelacao (sendo menos que Deus, nao pode reveld-lo ver- dadeiramente), reden¢&o (sendo menos que Deus, néo pode mais reconciliar-nos com ele) ¢ intercessao (se a uniao com a natureza hu- mana diminui necessariamente a natureza divina, 0 Senhor exaltado nao poderia ‘‘levar ao céu uma face humana’’; sua intercessao como sumo sacerdote fica automaticamente invalidada). O arcebispo Wil- liam Temple perguntou: ‘‘O que estava acontecendo ao resto do uni- verso durante o periodo da vida terrena do Senhor?’’ Se a segunda pessoa da Trindade achava-se inteiramente imersa na crianga de Be- lém, quem estava realizando a tarefa do Verbo sustentador no uni- verso? Qualquer apelo & coparticipagdo inerente das pessoas da Trin- dade nao serve de ajuda, desde que a teoria da Kenosis exige precisa- mente uma separacdo das pessoas. INTERPRETACAO MODERNA Cristologias funcionais vs. cristologias ontolégicas Varios escritores querem substituir hoje a ‘‘cristologia ontolégica’’ (a pessoa de Cristo interpretada em termos de seu Sere natureza, qua- se sempre seguindo a férmula de Calced6nia) pela ‘‘cristologia fun- 152 A pessoa e a obra de Cristo cional”’ (a pessoa de Cristo interpretada em termos de seu desermpe- nho ativo no propésito de Deus). A distingao entre ambas é razoavel- mente valida enquanto nao sugerimos que elas sejam alternativas, e n&o complementares. A dimensao ontolégica nao pode ser deixada de lado sem diminuir a pessoa do Senhor e, portanto, sua habilidade como mediador, e isso nao encontra apoio na Escritura. Uma decla- rac&o como “‘O Verbo se fez carne’’ (Jo 1:14) responde a questGes sobre o ser € a natureza do mediador (cf. Jo 1:1-18; 2 Co 8:9; Fp 2:5-1 i Cl 1;15-20); Hb 1:1-3). Além disso, a visdo biblica da realidade, sua distin¢do entre di- ferentes espécies de seres com naturezas fixas (Deus, homem, anjos, etc.) e as categorias universais no centro de sua interpretagao da re- deng&o (‘‘em Addo, ‘em Cristo’’) fornecem esta estrutura de subs- tancias e entidades; a idéia ontologica nao pode ser simplesmente dis- pensada. A definicdo de Calced6nia propriamente dita nao esta na Biblia, sendo portanto em principio sujeita a revisdo e substituicdo. Algo semelhante parece inevitavel, contudo, no momento em que in- quirimos sobre a apresentacdo biblica de Cristo. A cristologia deve ser tanto ontolégica como funcional. A encarnagiio como um ‘‘mito’’ Alguns escritores cristolégicos recentes argumentam que falar de Je- sus como Deus encarnado é um meio mitico ou poético de expressar oseu significado para nés: ele foi simplesmente um ‘‘homem aprova- do por Deus’’, ligado a Deus de maneira especial e singularmente cons- ciente da realidade divina. Este ponto de vista faz reviver em esséncia uma linha de pensamento origindria do ebionismo no periodo pés-bi- blico imediato. Soluciona o problema cristoldégico, extirpando o di- vino ereduzindo Jesus a simples homem; um ser humano muito espe- cial, sem diivida, mas, ainda assim, apenas um homem. Este novo argumento nao é mais agrad4vel nem mais persuasivo do que seus antepassados histéricos. A tentativa de descobrir um ‘‘Je- sus original”, apenas humano, por tras da figura exaltada do Novo Testamento foi feita com freqiiéncia no passado, sem éxito. A fé na sua divindade no foi um acréscimo & compreensdo original de Je- sus; foi a viga-mestra da resposta da igreja, desde o principio. Além disso, a evidéncia biblica substancial a favor da divindade de Cristo, exposta anteriormente, mantém-se inabalavel. Uma cristologia humana deste tipo significa: (i) negagado do Deus dos cristdos: Jesus nao é divino, portanto, Deus nao é trino, pelo me- nos de maneira que possamos tomar conhecimento disso; (ii) a elimi- nagio do culto crist&o — nenhuma ora¢do ou louvor a Jesus ou atra- 153 A Pessoa tinica vés dele; (iii) a destruigdo da convicgAo cristd (ndo existe revelacdo final em Cristo) deixando-nos agndsticos a respeito de Deuse, afinal, a respeito de tudo; (iv) a invalidagfo da redencdo crista, po’ se Cris- to ndo é Deus encarnado, ele¢ irrelevante para o nosso relacicnamento com Deus; (v) mais grave do que tudo, o decrédito da honrae gloria de Deus em Cristo, Nenhum cristio que levazm conta a gléris de Deus ira sentir qualquer inclinagio para apoiar :ais conceitos. COMENTARIOS ADICIONAIS Um meio de compreender melhor a encarnscdo parece ser epontado no evangelho de Joao. Fundamental para aapresentagdo que ele faz de Cristo é sua absoluta dependéncia do Pai (4:34; 6:38,44; 7:16; 8:27,50,54; 10:18). O Verboeterno de Deusparticipa da natureza di- vina na mais plena medida ¢, como o Filho eterno, é sempre prove- niente do Pai; essa geracdo civina misteriosa ¢ expressa por ¢e viven- do sob as condi¢Ses de humanidade divina en dependéncia completa € cheia de adorac&o ao Pai. Em cada momento ¢ detalhe, todas as prerrogativas e.perfeigdes da divindade esto ao seu dispor, ele toda- via submete-se a vontade do Pai em todas ¢s coisas: conhevimento, palavras, atos, conflitos, sofrimento. Em ultima andlise, a ercarnagao, sendo unica, dificilmente po- de ser interpretada por analogia com a experiéncia humana. E verda- de que as analogias humanas tém algum valor, desde que Cristo era Deus tornado homem, e a humanidade foi ‘eita A imagem de Deus; mas elas tém limites necessdrios, j4 que nao podemos simpksmente saber o que significa ser divino e humano, Além de um cert) ponto, a pessoa de Jesus s6 pode sercompreendida an termos de seuprdprio autotestemunho, ou seja, em termos do testenunho da Escritura ins- pirada por Deus. ‘‘Evidentemente, grande é « mistério da piedade (re- ligidio): Aquele que foi manifestado na carne’ (1 Tm 3:16). A adver- téncia do apéstolo nao invalida as tentativasreverentes de desvendar o mistério, especialmente nointeresse de refutar 0 erro, nem, acarreta incerteza sobre a realidade fandamental de Jesus Cristo como verda- deiro Deus e verdadeiro homem; mas faz lembrar os limites de nosso entendimento dessas realidades e recorda que a pessoa de nosso Se- nhor revela seus mais profundos segredos aqueles que se aproximam como os pastores de Belém, em fé humilde culto reverene.

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