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Quarta-feira, 25 de Agosto de 2004 1 SERIE - Namero 34 BOLETIM DA REPUBLICA PUBLICAGAO OFICIAL DA REPUBLICA DE MOGAMBIQUE SUPLEMENTO IMPRENSA NACIONAL DE MOCAMBIQUE AVISO ‘A maténs 4 publica no <> deve serremetia em SUMARIO Assembleia da Republica "Let ns 1072004: : ASSEMBLEIA DA REPUBLICA Lei n? 10/2004 de 25 de Agosto A reforma da Lei da Familia é uma necessidade que se vem impondo ao longo dos anos como prioridade cada vez mais premente Desde cedo, resultou nitida a desconformidade da lei vigente com a Constituigdo, mas também com a realidade socio-cultural do pais. tendo em vista adequar a Lei da Familia vigente a Constituigao, ccaos dermis instrumentos de Direto Interacional, econsequenterente eliminar as disposigtes que sustentama desigualdade de tratamento nas relagdes familiares, no respeito pela mogambicanidade, pela cultura e identidade propria do povo morambicano que a Assembleia dda Republica, nos termos do disposto no n.° 1 do artigo 135 da Constituiga0, determina: TiTULOT Disposigdes gerais Agrico 1 (Nosio de familia) 1.A familia éa célula base da sociedade, factor de socializagao dda pessoa humana. 2. A familia constitui o espago privilegiado no qual se cria, desenvolve e consolida’a personalidade dos seus membros e onde devem ser cultivados o dilogo e a entreajuda, 3. A todos & reconhecido o direito a integrar uma familia e de constituir familia, Agrigo 2 (Ambito) 1A familia é a comunidade de membros ligados entre si pelo parentesco, casemento, afinidade e adope0. 2. I ainda reeonhecida como entidade familiar, para efeitos patrimoniais, a unido singular, estavel, livre e notdria entre um hhomem e uma mulher. Agmico 3 (Direitos da familia) 1, Alei protege a familia e os seus membros contra as ofensas ilegitimas. 2. As disposigdes da presente Lei devem ser interpretadas ¢ aplicadas tendo presente os superiores interesses da familia, assentes nos prineipios da especial protecgio da crianga c da igualdade de direitos e deveres dos seus membros e dos cénjuges ent si. Armco 4 (Deveres da familia) A familia incumbe, em particular: 4) assegirar a unidade ¢ estabilidade proprias; ) assistir os pais no cumprimento dos seus deveres de educar € orienta os flhos, 6) garantie o crescimento e desenvolvimento integral da ‘rianga, do adolescente ¢ do jover; 4) assegurar que nio ocorram sitvagBes de discriminaga0, exploracao, negligéncia, exercicio abusive de autoridade ou violéncia no seu seio; ¢) amparar e assistir 0s membros mais idosos, assegurando ‘sua participagao na vida familiar ¢ comunitiria € defendendo a sua dignidade bem-estar; f) amparar e assistir os membros mais carentes nomeadamente, os portadores de deficienci £2) lar para que sejam respeitados os direitos eos legitimos interesses de todos e de cada um dos seus membros, Arrigo $ (Natureza dos direitos) 0s dititos familiares slo, regra geral, pessoais, indisponiveis irrenuncidveis. Arrico 6 (Fontes das relagées juridicas familiares) So fontes das relagdes j uridicas familiares a procriagio, 0 parentesco, o casamento, aafinidade ¢ a adopeao. 342—(2) Antigo? ‘Nogiio de casamento) © casamento ¢ a unido volyntéra ¢ singular entre um homem ¢ uma mulher, com o propésito de constituir familia, mediante comunhao plena de'vida. Arrigo 8 (Nogto de parentesco) Parentesco & 0 vinculo que une duas pessoas, em consequéncia de uma delas descender de outra ou de ambas procederem de um progenitor comum, Antigo 9 (Elementos do parentesco) ‘O parentesco determina-se pelas geragbes que vinculam os parentes uumao outro: cada gras forma umm grau, a série dos grausconstiui a line de parentesco.. Axrico 10 (Linhas de parenteseo) 1A linha diz-se recta, quando um dos parentes deseende do outro; diz-se colateral, quando nenhum dos parentes descende do outro, mas ambos procedem de um progenitor comum, 2. Alinha reetaé descendente ou ascondente: descendente, quando se considera como partindo do ascendente pare o que dele procede; ascendente, quando se considera como partindo deste para o progenitor, ‘ARriGo II (COmputo dos graus) 1 Na linha reeta ha tantos graus quantas as pessoas que formam linha de pareniesco, excluindo o progenitor comum. 2. Na linha colateral os graus contam-se pela mesma forma, subindo por um dos ramos e descendo por outro, mas sem contar ‘© progenitor comum, Axrico 12 (Limites do parentesco) Salvo disposiglo da lei em contrat, os efeitos do parentesco produzem-se em qualquer grau da linha recta e até ao oitavo grau da linha colatera, Anmico 13 (Nogio de afinidade) Auafinidade é 0 vinculo que liga cada um dos cOnjuges 208 parentes do outro Amico 14 (Elementos e cessagio da afinidade) inidade determina-se pelos mesmos graus ¢ |inhas que ‘definem o parentesco e niio cessa pela dissolugto do casamento. Axmigo 15 (Nogio de adopgio) ‘Adopeio€ 0 vinculo que, a semelhanga da filiagdo natural, mas independentemente dos lagos do-sangue, se estabelece legalmente entre duas pessoas, nos termos dos artigos 389 e seguintes. I SERIE — NUMERO 34 TiTULoT © casamento CAPITULO L ‘Modalidades do casamento Arria016 (Casamento civil, religioso¢ tradicional) 1, 0 casamento é civil, réligioso ou tradicional 2. Ao casamenta monogimico, religioso ¢ tradicional reconhecido valor eeficécia igual & do casamento civil, quando tenham sido observados 6s requisitos que a lei estabelece para 0 casartento civil Arrigo 17 (Efeitos do casamento religioso e tradicional) O casamento religiosoe tradicional rege-se, quanto aos efeitos civis,pelasnormas comuns desta lei, salvodisposigdo em conti Antigo 18 (Dualidade de casamentos) 1 Acelebragdo do casamento est sueita a reisto obrigatério. 2. Nio é permitido o casamento civil de duas pessoas ligadas por casamento religioso ou tradicional devidamente transerito no registo civil. . caPiTULOI Promessa de casamento ‘Antigo 19 a da promessa) (nefi 1. O contréto pelo qual, titulo de esponsais, desposérios ou qualquer outro, duas pessoas de sexo diferente se comprometem a contrair matriménio nio dé direito a exigit a celebragio do casamento, nem a reclamar, na falta de cumprimento, otras, indemnizagdes que nto sejam as previstas no artigo 22, mesmo quando resultantes de cléusula penal. 2. Bula a promessa de casamento, se algum dos promitentes for menor de 18 anos. Axtigo 20 (Restituigdes, nos casos de incapacidade e de retractagio) 1. No caso de o casamento deixar de celebrar-se por incapacidade ou retractagdo devalgum dos promitentes, cada um deles ¢ obrigado a resttuir os donativos que 0 outro ot terceiro the tenha feito em virtude da promessa ena expectativa do casamento, segundo os termos prescritos para a nulidade ou anulabilidade do negécio juridico. 2. A brigacdio de restituir abrange as cartase retratos pessoais do outro contraente, mas nfo as coisas que hajam sido consumides antes da retragtagio ou da verificacio da incapacidade. Armigo 21 (Restituigdes no easo de morte) 1..Se 0 casamento nao se efectuar emraziio da morte de algum dos promitentes, opromitente sobrevivo pode consérvar os donativos do falecido, mas nesse caso, perde 0 direito de exigir os que, por sua parte Ihe tenha feito 2. O mesmo promitente pode reter a correspondéncia ¢ os retratos hessonis do falecido e exigir a restituigdo dos qué este hhaja recebido da sua parte, 25 DE AGOSTO DE : ‘Antigo 22 (Indemnizagses) 1. Sealgum dos contraentesrompera promessa sem justo motivo ou, poreulpasua der lugara que o outro se retrace, deve indemnizar © esposado inocente, bem como os pais deste ou terceiros que tenham agido em nome dos pais, quer das despesas feitas, quer das obrigagdes contraidas na previsto do casamento. 2. Igual indemnizasao & devida quando 0 casamento ni se realize por motivo de incapacidade de algum dos contraentes, se ele ou os seus representantes houverem procedido com dolo, 3. A indemnizagio ¢ fixada segundo 0 prudente arbittio do tribunal, devendo atender-se, no seu célculo, nfo sé 4 medida em que as despesas e obrigagdes se mostrarem razoives perante as, circunstancias do caso ea condigdo dos contraentes, mas também ds vantagens que, independentemente do casamento, umas¢cutras possam ainda proporcionar. Agrigo 23 (Cadueidade das acgies) O direito de cxigir a restituigio dos donativos ou a indermnizago caduca no prazo de seis meses, contado da data do rompimento da promessa ou da morte do promitente CAPITULO IT Pressupostos da celebragao do casamento: seccAO1 Casamento religoso e tradicional Anrico 24 (Capacidade civil) ‘O casamento religioso¢ o tradicional s6 podem ser celebrados por quem tiver a capacidade matrimonial cxigida na lei civil. Axmigo 25 (Regime especial do casamento tradicional) A celebragio do casamento tradicional segue as regras estabelecidas para 0 casamento urgente em tudo 0 que no se achar especialmente consagrado por Ie. Arico 26 (Proceso pretiminar do easamento religioso) 1A capacidade matrimonial dos nubentes& comprovada por meio de processo preliminar de publicagSes, organizado nas repartces do registo civil'a requerimento dos nubentes ou do digratirio religioso, nos termos da lei de registo 2. 0 consentimento dos pais, legais representantes ou tutor, relativo ao nubente menor, pode ser prestado na presenga de duas testemanhas perante o dignataria religioso, © qual lavra auto de corréncia, assinando-o todos os intervenientes. ‘Axrigo 27 (Certificado de capacidade matrimonial) 1. Verificada no despacho final do processo preliminar de publicagdes a inexisténcia de impedimentos a realizagio do casamento, 0 fancionirio do registo civil extai dele o certficado matrimonial, que &remetio a0 dignatirio religiosoe sem o qual 0 casamento ni pode ser celebrado « 2. Se, depois de expedido 0 cerificado, 6 funcionério que tiver conleeimento de algum impedimento, comamica-, imediatamente, 20 dignatirio religioso, a fim de se susteracelebragao do casamento, até que se deca sobre 0 mesmo impediment. 342—() Arrico 28 (Dispensa do processo preliminar) 1. O casamento pode celebrar-seindependentemente do proceso preliminar de publicagSes eda passagem do certifcado de capacidade ‘matrimoniaf dos nubentes, em caso de morte eminente ou de grave motivo de ordem moral, se for expressamente autorizado pelo dignatirio retigioso competente ou pela autoridade comuitiria da ‘rea de residéneia dos mubentes. 2. Adispensa de processo preliminar ndo altera as exigéncias da Jeicivil, quanto capacidade matrimonial dos mubentes, continuando 0s infractores a estar sueitos as sangdes estabelecidas na le. SECCAO II ‘Casamento SUBSECCAOT Impedimentos matrimoniais ‘Antigo 29 (Regra geral) ‘Tem capacidade para contrarcasamentorodos aqules em elaro 20s quais aio se veriique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei ‘Aari00 30 (Impedimentos dirimentes absolutos) 1, Sao impedimentos dirimentes, obstando ao casamento da pessoa a quem respeitam com qualquer outra 4) a idade inferior a dezoito anos; 5) a deméncia notéria, mesmo nos intervalos licidos, ea interdigdo ou inabilitagdo por dhomalia psfquica; 6) ocasamento anterior nko dissolvido religioso, tradicional ‘oucivil, desde que ge encontre convenientementerezistado por inscrigdo ou transcrigdo conforms o caso. 2. Anmulher ou homem com mais de dezasseis anos, a titulo excepcional, pode contrair casemento, quando ocorram circunstncias de reconhecido intetesse piblico e familiar e houver consentimento dos pais ou dos legais representantes. Axnigo 31 (Impedimentos dirimentes relativos) Sto também dirimentes, obstando 20 casamento entte si das pessoas a quem respeitam, os impedimentos seguintes: 4) 0 patentesco na linha recta; ’) 0 parentesco até ao terceiro grau da linha colateral; ©) a afinidade na linha recta; da condenagao anterior de uyn dos nubentes, como autor ou cimplice, porhomicio doloso, ainda que no consurmado, contra 0 c6njuge do outro. Axnigo 32 (Impedimentos impedientes) ‘io impedimentos impedientes,além de outros designados em leis especiais: 4) 0 prazo intermupeial; ) o parentesco até ao quarto grau da linha colateral; c)ovinculo de tela, caatela ou administrao legal de bens; <4) 0 vinculo que liga o acothido aos cOnjuges da familia de acothimento; )'apronincia do nubente pelo crime de homicidio dotoso, ainda que no consumado, contra 0 cénjuige do outro, ‘enquanto nao houver desproniincia ou absolvigdo por decistio passada em julgado; A) 8 oposigao dos pais ou tutor do nubente menor, 342-14) Axrico 33 (Prazo internupeial) 1, O impedimento do prazo intermupeial obsta a0 casamento ddaquele cujo casamento anterior fo dissolvido ou anulado, enguanto no decorrer seis meses sobre a dissolugdo ou anulacdo desse ‘matriménio 2. Emcaso de divéreio ow anulagio do casamento civil, o prazo conta-se a partir do trdnsito em julgado da respeetiva sentenga 3. Cesse o impedimento do prazo internupcil se 0 casamento se tiver dissolvido por divéreio ndo litigiaso, por conversto da separagio judicial de pessoas bens em divércio ¢,tratando-se dedivércio litigioso, quando judicialmente comprovada.a separacio de facto, salvo se nto tiver decorrido o prazo referido no miimero um, ‘Anrigo 34 (Parentesco na linha colateral) © parentesco no quarto grau da linha colateral s6 consttui impedimento quando os vinculos de filiago em que se baseia estiverem legalmente reconhecidos. Arico 35 (Vinculo com a familia de acolhimento) 1, 0 impedimento constituido pelo vineulo que liga o acolhido com os cénjuges da familia de acolhimento obsta aos seguintes casamentos: <4) dos cOnjuges da familia de acolhimento ou seus parentes| na linha recta, com o acolhido ou seus descendentes; b) do acolhido com o que foi cénjuge de um dos representantes da familia de acolhimento; 6) dos c6njuges da familia de acolhimento com o que foi cénjuige do acothido; <4) dos acolhidos na mesma familia de acolhimento, entre si. 2. O parentesco 36 & relevante para 0s efeitos da alinea a) do riimero precedente quando estiver legalmente reconhecido. Anmico 36 lo de tutela , curatela ou da adi legal de bens) tracio vinculo da tutela, curatela © administragdo legal de bens impede o casamento do incapaz com o tutor, curador ou ‘administrador, ou seus parentes ou afins na linha recta, irmios, ) casamento urgente que nfo tenha sido homologado: ¢) ocasamento em cuja celcbraso tena fliado a declaragao de vontade de um ou de ambos os nubentes, ou do procurador de um deles; 4) 0 casamento contaido por intern quando celebrado depois de terem cessado os efeitos daprocuragio,ou quando esta no tena sido outorsada por quem nela figura como constitute, ou quando seja aula por falta de poderes especiais para acto ou de designagao expressa do outro contraente; «)ocasamento contro por duas pessoas do mesmo sexo. fio de procurador, 342~(6) Arico 54 (Buncionérios de fueto) Niio se considera, porém, juridicamente inexistente 0 casamento celebrado por quem, sem ter competéncia funcional para o acto, exercia publicamente as competentes fungdes, salvo se ambos os nubentes, no momento da celebragio, conheciam a falta daquela competéncia, Antico 55. (Regime da inexisténcia) 1. O casamento juridicamente inexistente no produz qualquer feito juridico e nem sequer é havido como putativo. 2. A inexisténcia pode ser invocada por qualquer pessoa, a todo o tempo, independentemente de declaragao judicial SUBSECCAO I Anulabitidade do casamento DIVISAOI Disposigdes gerais, Anriao 56 (Causas da anulabilidade) 8 anulavel o casamento: 4) contraido com algum impedimento dirimente; ) celebrado, por parte de um ou ambos os nubentes, com falta de vontade ou coma vontade vieiada por erro ou coaegio; 6) celebrado sem a presenga de testemunhas exigidas na lei Anriao $7 (Necessidade da nego de anulagio) A anulabilidade do casamento nfo ¢ invocével para nenhum feito, judicial ou extrajudicial, enquanto ndo for teconhecida em acgo especialmente intentada para esse fim, Antigo $8 (Validagio do casamento) 1. Considera-se sanada a irregularidade e vilido o casamento, descle © momento da celebragao, sc antes de transitar em julgado 1 sentenga de anulagdo ocorrer algum dos seguintes factos: 4@) set © casamento de menor nio niibil confirmado por este, perante o funcionério do registo civil ¢ duas testeruunhas, depois de atingir a maioridade ou ser emancipado; 1) ser 0 casamento'do interdito ou inabilitado por anomalia psiquica confirmado por ele nos termos da allinea precedente, depois de Ihe ser levantada a interdigdo ou inabilitagdo ou, tratando-se de deméncia notsria, depois de o demente fazer verificar judicialmente o seu estado de sanidade mental; €) ser anulado o primeiro casamento do bigamo; d) ser a falta de testemunhas devida a circunstancias atendiveis, como tais reconhecidas pelo director dos registos competente, desde que nio haja uividas sobre a celebragao do acto, 2. Nao é aplicavel ao casamento o disposto no n:*2 do artigo 287 do Cédigo Civil, 1 SERIE — NUMERO 34 DIVISAO II Falta ou vieios de vontade Arrigo 59 (Presungio de vontade) A declaracdo de vontade, no acto da celebragdo, constitui ppresungio nos6 de que os nubentes quiseram contraito matriménio, tmas de que a sua vontade nao esté viciada por erro ou coac¢ao, Arico 60 (Anulal © casamento é anulvel por falta de vontade quando: idade por falta de vontade) 4)0 nubente, no momento da celebragdo, no tinha a consciéncia do acto que praticava, por incapacidade acidental ou outra causa; b) omubente estava em erro acerca da identidade fisica do ‘outro contraente; )adeclaragdo de vontade tenha sido extorquida por coacgdo fisica ; ) tenha sido simulado. Axqioo 61 (Erro que vieia a vontade) Ocerro que vicia a vontade s6é relevante para efeitos de annlagio {quando recaia sobre a pessoa do outro contraente e consista no desconhecimento de algum dos seguintes factos 4) 4 pratica, antes do casamento, de algum crime dotoso punido com pena de prisdo superior a dois anos, seja qual for a natureza desta; b) a vida e costumes desonrosos antes do casaniento. Anriao 62 (Descutpabilidade e essencialidade do erro) 1.0 pedido de anulagdo s6 procede quando o erro seja desculpavel ce essencial 2. Oerronto se considera essencial quando se mostrar que, mesmo sem ele, o casamento teria sido celebrado, ou se 0 conhecimento da realidade no provocar no nubente enganado jusificada repugnineia pela vida em comurn DIVISA0 IN Legitimidade Ania 63 (Anulagio fundada em impedi jento dirimente) 1. Tém legitimidade para intentar a acco de anulagio fundada em impedimento dirimente, ou para prosseguit nela, 08 cOnjuges ou qualquer parente na linha recta ou até quarto grau da linha coleteral, bem como os herdeiros ¢ adoptantes dos cOnjuges € o Ministerio Pablico 2. Além das pessoas mencionadas no nimero precedente, podem ainda intentar a acgdo ou prosseguir neta o tutor ou eurador, no caso ‘demenoridade, interdigao on inabilitagdo por anomalia psiquica, eo primeiro cOnjuge do infractorno caso de bigamia. (Anulagio fundada na falta de vontade) 1. Aanulagdo por simulagio pode ser requerida pelas pessoas prejudicadas pelo casamento, mas ndo pelos cénjuges, 25 DE AGOSTO DE 2004 2..Nos testantes casos de falta de vontade, a acgdo de anulagao s6 pode serproposta pelo cdnjuge cuja vontade fltou; mas podem prosseguir nela os seus parentes e afins na linha recta, herdeiros ‘ou adoptantes, se 0 autor falecer na pendéncia da causa Axrico 65 (Anulagdo fundada em viefos da vontade) A acgdo de anulagao fundada em vicios de vontade sé pode ser intentada pelo cOnjuge que foi vitima do erro ou da coacsa0; ‘mas podem prosseguir na acgo os seus parentes, afins ra linha recta, herdeiros ou adoptantes, se o autor falecer na pendéncia da acgto. Axrico 66 (Anulagio fundada na falta de testemunhas) A accio de anulagio por falta de testemunhas sé pode ser intentada pelo Ministerio Piblico. DIVISAOIV Prazos Antico 67 (Anulagio fundada em impedimento dirimente) 1, A acgio de anulagio fandada em impedimento dirimente deve ser instaurada: «nos casos de menoridade einterdigdo ou inabiltagao por nomaliapsiquica, quando proposta pelo proprio incapaz, até seis meses depois dele atingir a maioridade, ser plenamente emancipado ou Ihe se levantada a interdiga0 ‘ou inabilitagdo; quando proposta por outa pessoa, dentro de um ano, a contar da celebragao do casamento, mas ‘munca depois da maioridade, emancipasio plena ou do levantamento da incapacidad +) nos restantes casos, no prazo de um ano a contar da celebragio do casamento. 2. Sem prejuizo do prazo fixado na alinea b) do mimero anterior, ‘aacgio de anulagio fundada na existéncia de casamento anterior nfo dissolvido ndo pode ser instaurada, nem prosseguit, enquanto estiver pendente accdo de declarago de nulidade ou anulagao do primeiro casamento do bigamo; se 0 segundo casamento tiver sido celebrado estando ausente © primeiro cénjuge, a anulago 6 pode ser decretada provando 0 autor que este era vivo & data da celebragao, (Anulago fundada na falta de vontade) A acgdo de anulagio por falta de vontade de,um ou de ambos: os nubentes s6 pode ser instaurada no prazo de um ane a contar da celebragio do casamento, Aarico 69 (Anulagio fundada em vieios da vontade) ‘A acgao de anulagio fundada em vicios da vontade caduca, se nio for instaurada no prazo de um ano a contar da celebragao do ccasamento. Antico 70 (Anulagdo fundada na falta de testemunhas) A acgo de anulagio por falta de testernunhas s6 pode serintentada no prazo de seis meses a contar da celebraga0 do casamento, 342—() CAPITULO VI Casamento putativo Awrigo 71 (Efeitos do casamento anulado) 1. O casamento civil anulado, quando contraido de boa-fé por ambos 0s eéinjuges, prodiiz'os seus.efeitos em relagio a estes € a terceitos até ao transito em julgado da respectiva sentenga. 2. Se apenas um dos cinjuges otiver contraido de boa-, s6 este cOnjuge pode arrogar-se 0s beneficios do estado matrimonial e opé- fos a terceiros, desde que, relativamente a estes, se trate de mero reflexo das relagdes havidas entre os cBnjuges. Awrigo 72 é) 1. Considera-se de boa Fé 0 cénjuge que tiver contraide 0 casamento na i gnotincia desculpivel do vicio causador da anulabilidade. 2. E da exclusiva competéncia dos tribunais judiciais 0 conhecimento da boa-fé 3. Aboa ff dos cénjuges presume-se. (Bo: CAP{TULO VII SangGes especiais Arrigo 73 (Casamento de menores) 1, Omenor que casar sem ter pedido o consentimento dos pais ‘ou tutor, podendo fazé-fo, ou sem ter aguardado a decisio favorivel do tribunal no caso de oposigao, continua a ser considerado menor quanto 3 administragio de bens que leve para 0 casamento ou que posteriormente Ihe advenham por titulo gratuito, até & maioridade ou emancipagio plena, mas dos rendimentos desses bens sio-Ihe arbitrados os alimentos necessatios ao seu estado, 2. Os bens retirados a administragio do menor so administrados pelos pais, tutor ou administrador legal, no podendo em caso algum ser entregues 4 administragao do outro cOnjuge durante a ‘menoridade do seu consort; além disso, nfo respondem nem antes, nem depois da dissolugio do casamento, por dividas contraidas por um ou ambos no mesmo periodo. 3. Aaprovacio do casamento pelos pais ou tutor faz cessar as sangdes prescritas nos nimeros antecedents. Arico 74 (Casamento com impedimento impediente) 1, © homem ou a mulher que contrair novo casamento sem xespeitar o prazo internupeial perde todos os bens que tena recebido do primeiro cénjuge por doago ou sucessio, 2,A infracgdo do disposto nas alineas 6), c) e d) do artigo 32 importa, respectivamente para o primo ou prima, para o tutor, curador ou administrador, ou seus parentes ou afins na linha recta, :miios, cunhados ou primos, ¢ para o acolhido, seu cénjuge ou parentes na linka recta, a incapacidade para receberem do seu consorte qualquer beneficio por doagZo ou testamento. 3428) CAPITULO VIL Registo do easamer SECGAO1 Disposigdes gerais AnniGo 75 (Casamentos sujeitos a registo) 1. Bobrigatério o registo: 4) dos casamentos celobrados em Mogambigue por qualquer das formas previstas na lei mogambicara; ) dos casamentos de mocambicano ou mogambicanos celebrados no estrangeiro: 6) dos casamentos dos estrangeiros que, depois de 0 celebrarem, adquirirem a nacionalidade mogambicana, 2. Sio admitidos a registo, a requerimento de quem mostre legitimo interesse no assento, quaisquer outros casamentos que nnio contrariem os principios fundamentais de ordem pilblica Juridica do Estado mogambicano. Antico 76 (Forma de registo) registo do casamento consiste no assento, que ¢lavrado por inscrigdio ou transcrigo, emconformidade comas leis do regist. Anno 77 (Prova do casamento para efeitos de registo) 1. Na acgio judicial proposta para suprir omissio ou perda do registo do casamento presume-se a existéncia deste, sempre ‘que s-pessoas vivam ou tenham vivido em posse de estado de casado. 2. Existeposse de estado quando se verifiquem, cunmulativamente, a sequintes condigDes: 4) viverem as pessoas como casadas; 4) serem reputadas como tais nas relagdes sociais, especialmente nas respectivas familias. SBCCAO IT Registo por transerigio SUBSECGAO I Disposigto geral Avnioo 78 (Casos de transerigio) Sao lavrados por transcrigdo: 44) 08 assentos dos casamentos religiosos ¢ tradicionais, celebrados em Mocambique; 4) 05 assentos dos casamentos urgentes celebrados em Mogambigue; 6) 0 assentos dos casamentos civiscelebrados no estrangeiro por mogambicanos, ou porestrangeiros que adquiram a nacionalidade mogambicana; «08 assentos mandados lavrar por deeisto judicial; €) 08 assentos dos casamentos admitidos a regisio, a requerimento dos interessados, nos termos do n.°2 do artigo 75; ‘A) 08 assentos que devam passar a constar dos livros de repartigdo diversa daquela onde originariamente foram registados. 1 SERIE — NUMERO 34 SUBSECGAO II “Transcrigio dos casamentos religiosos ¢ tradicionais celebrados em Mogambique Axriao 79 (Remessa do duplicado ou certiddo do assento) No caso do casamento religioso ou tradicional ser celebrado ‘em Mogambique, o dignatiio rligioso ou o chefe eomanitirio & obrigado a enviar o duplicado do assento da ceriménia religiosa ‘ou a comunicagio da realizagto da ceriménia tradicional, em cconformisadecoma legislagio do registo civil, a fim de scr transcrito no livro de casamentos ‘Antico 80 (Rocusa da transeri¢io) 1. A transcrigio do casamento religioso ou tradicional deve ser recusada: 4) se 0 funcionério a quem o duplicado & enviado for incompetente: ») sc 0 duplicado do assento religioso ou a comanicagao dla realizagao da ceriminia tradicional nao contiver 5 indicagdes exigidas por eis ©) se o funeionario tiver fundadas dividas acerca da identidade dos contraente: 11) se no momento da celebragio for oponivel ao casamento algum impedimento dirimente. 2. A morte de um‘ou ambos 08 nubentes nio obsta, em caso algum, a transcrigao. Axmigo 81 (Transerigdo na falta de processo preliminar) {A transcrigdio do casamento tradicional s6 se efeetiva depois de organizado o processo preliminar de publicagdes. ‘Antigo 82 (Realizagho da transigho) 1. A transcrigdo do duplicado do assento é comunicada a0 diynatitio religioso ou ao chefe comunitirio, conforme 0 caso, 2, Na falta de remessa do duplicado do assento pelo dignatario religioso ow na falta de comunicagdo da realizagao de ceriménia tradicional pela autoridade comunitiria, a transcrigao pode scr feita a todo o tempo, em face do documento necessério, a requerimento do Ministério Publico, nos termos das leis do regist. 3.A falta de assento da ceriménia religiosa ou da comunicagdo da realizagio da ceriménia tradicional pelas autoridades ‘comuinitirias ¢ suprivel por via de acgao judicial. Anmico 83 (Efectivagio da transerigio) ‘A transcrigdo recusada com base nos impedimentos dirimentes, que a ela podem obstar, deve ser efectuada oficiosamente, ou por iniciativa do Ministério Pablico ou de qualquer interessado, logo ‘que cessar 0 impedimento que deu causa & recusa SUBSECCAO Ill ‘Transerigdio dos casamentos civis urgentes Anriao 84 (Conteiido do assento) © despacho que homologar o casamento urgente fixa 0 conteiido do assento, de acordo como registo provisdrio, documentos juntos e dligéncias efectuadas. 25 DE AGOSTO DE 2004 Arrigo 85 (Transeri¢ao) ‘A transcrigdo é feita com base no despacho de homologagio, transladando-se para o assento apenas os elementos normais de registo, acrescidos da referéncia 4 natureza pessoal do casamento transcrito, SUBSECGAO IV Transco dos easamentos de mogambicanos no estrangeiro Arco 86 (Registo consular) O casamento entre mogambicanos, ou entre mogambicano & estrangeiro, celebrado fora do pais, é registado no consulado competente, ainda que do facto do casamento advenha para © smogambicano a perda da nacionalidade Anmioo 87 (Forma de registo) 1, Oregisto €lavrado por inscrigdo, se o casamento for celebrado perante o agente diplomético ou consular mogambicano ¢, nos ‘outros casos, por transcricdo do documento comprovative do casamento, passado de harmonia coma lei do lugar de celebragio do casamento. 2. Atranscrigo pode ser requerida a todo o tempo por qualquer intetessado, ¢ deve ser promovida pelo agente diplomatico ou consular competente logo que tenha conhecimento da celebraglo do casamento, Agrico 88 (Proceso preliminar) 1. Se 0 casamento nao tiver sido precedido das publicagBes cexigidas na Jei, o cdnsul organiza o respectivo processo.. 2. No despacho final, o cOnsul relata as diligéncias feitas e as informagdes recebidas da reparticdo competente, ¢ decide se 0 casamento pode ou no ser transcrito. Anrico 89 (Recusa da transcrigio) A transcrigdo & recusada se, pelo processo de publicagdes ou por outro modo, o consul verificar que o casamento foi celebrado com algum impedimento que o torne anulavel, SUBSECGAO V ‘Transcrigio dos casamentos admitidos a registo Arico 90 (Proceso de transerisio) 1, O registo dos casamentos a que se refere 0 n.°2.do artigo 75 6 efectuado por transcrigio, com base nos documentos que 0 compravem, lavrados de acordo coma lei do lugar de celebracao. 2. O registo, porém, s6 pode realizar-se mediante prova de que ndo hid ofensa dos principios fundamentais da ordem publica € juridica do Estado mogambicano, SECGAO IIL Efeitos do registo Arrigo 91 (Atendibilidade do casamento) O casamento cuj registo & obrigatério no pode ser invocado, seja pelos cOnjuges ou seus herdeiros, seja por terceiro, enquanto zo for lavzado o respectivo assento, sem prejuizo das excepgbes previstas nesta Lei 3429) Arrigo 92 fectuado o registo, ¢ ainda que venha a perder-se, os eftitos civis do casamento retrotraem-se & data da sua celebracdo. CAPITULO Ix, Efeitos do casamento quanto as pessoas a0s bens dos cdnjuges SECCAOL Disposigdes gerais, ‘Amigo 93 (Deveres reeiprocos dos cénjuges) Os cénjuges estio reciprocamente vinculados pelos deveres de respeito, confianga, solidariedade, assisténcia, coabitaglo e fidelidade. Arrigo 94 (Dever de respeito e confianca) 1. O dever de respeite importa para os cOnjuges a obrigagio reciproca de valorizarem ¢ dignificarem a personalidade de cada uum, através do didlogo ¢ da toleriincia 2. O dever de confianga assenta no respeito mituo ¢ traduz-se no facto de acreditarem um no outro, Arrigo 95 (Dever de solidariedade) O dever de solidariedade comporta para os cdnjuges a obrigagao reciproca de entreajuda, apoio ¢ cooperagao. Arrico 96 (Dever de coabitagao ¢ residéncia do easal) 1, O deverde coabitagao entre os cdnjuges importa a obrigagio reciptoca de comunhio de cama, mesa ¢ habitagao. 2. Os c@njuges devem adoptar a mesma residéncia, excepto: 4) se tiverem justificada repugnineia pela vida em comum, por virtude de maus tratos infligidos ou do comportamento indigno ou imoral do outro cénjuge; ») se tiverem de adopta residéncia propria, emconsequéncia do exercicio de fungdes puiblicas ou de outras razdes ponderosas; 6) st tiverem pendente acgio de declaragdo de nitlidade ‘ou de anulag2o do casamento, de separagao judicial de pessoas e bens ou de divércio. ‘Awtigo 97 (Dever de assisténcia) 1.0 dever de asssténcia importa para os cdnjuges a obrigago de prestagio de alimentos, de contribuigio para as despesas domésticas e de participagdo na gestdo da vida familiar. 2. Estando os cénjuges separados de facto, independentemente das causas da separagio, o cénjuge que tver a seu cargo filhos 'menores pode sempre exigir do outro cumprimento da obrigagdo de contibuigo para as despesas domtcas, bem como da prestag0 de alimentos. 3. Mantém-se, em relagdo a ambos, a obrigagao alimentar ea contribuigio para as despesas domésticas, se a separagdo resultou de comum acordo. 342—(10) Arrigo 98 (Exereicio de profissio ou outra actividade) 1. Qualquer dos cdnjuges ¢ livre de exercer profisséo ou outra actividade remunerada, 2. Em nenhuma circunstincia o direito ao trabalho pode ser condicionado ao consentimento conjugal. Anmigo 99 (Representagio da familia) A familia pode ser indistintamente representada por qualquer dos cOnjuges, a menos que estes decidam em contrario, Arrico 100 (Nome de familia) © casal tem o direito a adoptar e a transmitir aos seus descendentes um apelido proprio composto pelo apelido dos Onjuges, nos termos da legislagio do registo civil, ‘Armigo 101 (Governo do lar) 1, Os cOnjuges podem acordar, entre si, em possuir contas bancérias especialmente destinadas a ocorrer a satisfagao de despesas domésticas. 2. Os cOnjuges podem ainda acordar que 0 governo do lar seja, exercido, com amplos poderes, por um deles. ‘Axrico 102 (Administragia dos bens do casal) ‘A.administragio dos bens do casal incumbe aos cOnjuges em igualdade de circunstincias, devendo o casal privilegiar o diélogo €oconsenso na tomada de decisdes que possam afectaopatiménio comum ou os interesss de filhos menores. ‘Anrico 103 (Alienagio de bens entre vivos) 1. Tanto o marido como a mulher tém legitimidade pare alienar livremente, por acto entre vivos, 0s méveis do casal, préprios ou comuns; quando, porém, sem o consentimento do outro cénjuge, forem alienados por negécio gratuito méveis comuns, & @ importincia dos bens assim alheados levada em conta na meagio do cOnjuge alienante, salvo tratando-se de doagdo remuneratsria ‘ou conforme aos usos sociais, 2, $6 podem ser alienados com o expresso consentimento de ambos 0 cénjuges os méveis, proprios ou comuns, utilizados conjuntamente na vida do lar ou como instrumento comum de trabalho. 3. Os iméveis, proprios ou comuns, eo estabelecimento comercial 6 podem ser alienados por acto entre vivos, ou locados por prazo superiora seis anos, consentindo expressamente ambos 0s cOnjuses, excepto se vigorar 0 regime da separacio de bens. Arrigo 104 (Aceitagio de doagio ou sucesso, Repiidio da heranca ‘ou do legade) 1. Os cénjuges no necessitam do consentimento um do outro para aceitar heranca ou legado. 2. Bigualmente livre a aceitagio de doagées, excepto seestiverem. coneradas com encargos, caso em que a aceitagdo sé tem lugar com 0 consentimento do outro cénjuge, 3. O repidio da heranga ou legado 86 pode ser feito com 0 consentimento de ambos os cénjuges, a menos que vigore oregime da separagio de bens, I SERIE — NUMERO 34 ‘Aptigo 105 (Forma do consentimento conjugal e seu suprimento) 1, O consentimento conjugal e bem assim outorga de poderes para a pritica dos actos referidos nos n.* 2e 3 do artigo 103 ¢ no artigo 104, devem ser especiais para cada um dos actos. 2. Oconsentimento€ dado presencislmente no acto de alienagio ou através de documento particular 3. O consentimento pode ser judicialmente suprido, havendo injustarecusa ou impossibilidade, por qualquer causa, de o prestar ‘Antico 106 (Disposigbes para depois da morte) 1, Cada um dos cOnjuges tema faculdade de dispor, para depois da morte, dos bens proprios e da sua meago nos bens comuns, ‘sem prejuizo das restrigdes impostas por le em favor dos herdeitos legitimatios. 2. Adisposigao que tenha por objecto coisa certa e determinada do patriménio comum, apenas. dé ao contemplado o direito de ‘exigir o respectivo valor em dinheito. 3. Pode, porém, ser exigida a coisa em espécie: 4) se esta, por qualquer titulo, se tiver tomado propriedade exclusiva do disponente a data da sua morte; ») se a disposigdo tiver sido previamente autorizada pelo ‘outro c6njuge por documento auténtico ou no préprio testamento; 6) se a disposigao tiver sido feita por um dos cOnjuges a favor do outro. ‘Arrigo 107 (Gangées) 1. Os actos praticados contra o disposto nos n.** 2e 3do artigo 103 eno n° 3 do artigo 104 so anuliveis a requerimento do cénjuge que nto deu o consentimento, ou dos seus herdeiros. 2. 0 diteito de anulagdo caduca decorridos dois anos sobre @ data da celebragto do acto 3. A alienago de bens mbveis ou iméveis préprios do outro ‘conjuge, feita sem legitimidade, sdo aplicdveis as regras relativas Aalienagdo de coisa alheia, ‘Awrigo 108 (Cessaco das relagbes pessoais e patrimoniais entre 0s cdnjuges) {As relagdes pessoais ¢ patrimoniais entre os'cOnjuges cessam pela dissolugio ou-anulagao do casamento, sem prejuizo das isposigoes desta Lei relativas a alimentos; havendo separayio judicial de pessoas e bens, &aplicdvel odisposto no artigo 177 Arrigo. 109 (Partilha do casal e pagamento de dividas) 1, Cessando as relagdes patrimoniais entre os c®njuges, estes ‘uos seus herdeiros tecebem os seus bens proprios ea sua meagio ro patriménio comum, confetindo cada um deles o que dever a este patriménio, 2. Havendo passivo a liquidar, sto pagas em primeiro lugar as dividas comunicdveis até ao valor do patriménio comum, € 36 depois as restantes. 3, Os créditos de cada um dos cénjuges sobre o outro sto pagos pela meagio do cénjuge devedor no patriménio comum; mas, ‘lo existindo bens comuns, ou sendo ests insuficientes,respondem (0 bens préprios do cénjuge devedor. 25 DE AGOSTO DE 2004 SECGAO Dividas dos cénjuges ‘Antigo 10 (Legitimidade para contrair dividas) 1. Tanto o marido como a mulher tém legitimidade para contrair dividas sem 0 consentimento do outro cénjuge. 2. Para a determinago da responsabilidade dos cénjuges, as dividas por eles contraidas tém a data do facto que Ihes deu origem. Arrigo LIL (Dividas que responsabilizam ambos os cdnjuges) 1. Sao da responsabilidade de ambos os cOnjuges: 43s dividas contraidas, antes ou depois da celebragdo do casamenta, pelos dois cBnjuges, ou por um deles com 0 consentimento do outro, as dividas contraidas por qualquer dos cdnjuges, antes ou depois do casamento, para ocore a encargos normais 4a vida familar, ¢) as dividas contraidas na consténcia do matriménio, em proveito comum do casal; 4) as dividas contraidas por qualquer dos e&njuges no exercicio do comércio, salvo se vigorar entre eles 0 regime da separagao de bens; 6) as dividas consideradas comunicaveis nos termos do 1 2do artigo 113 2. Noregime da comunhio geral de bens, sto ainda comonicaveis as dividas contraidas antes do casamento por qualquer dos cbnjuges, em proveito comum do casal. 3. 0 proveito comum do casal nfo se presume, excepto nos ‘casos em que a lei o declarar. 4, Os alimentos devidos aos descendentes comuns, ou de anterior ‘matriménio de qualquer dos cénjuges,¢ aos filhos perfilhados ou reconhecidos judicialmente antes do casamento, sio considerados ‘encargos normais da vida familiar, ainda que o'alimentado viva em economia separada Arnigo 112 (Dividas da exclusiva responsabilidade de um dos cénjuges) Si da exclusiva responsabilidade do c6njuge que respeitam: 4@) as dividas contradas, antes ou depois do casamento, por cada um dos cénjuges sem 0 consentimento do ‘ut, fora dos casos indicados nas alineas 6) e e) do 1? I do artigo anterior; b) as dividas provenientes de crimes ¢ indemnizagdes, es, Custas judiciais ou malta devidas por factos imputiveisa cada um dos cdnjuges, salvo se estes factos, implicando responsabilidade meramente civil, estiverem, abrangidos pelo dispdsto nos n.* 1 ou 2 do artigo anterior; ©) a8 dividas alimentares no compreendidas no n.° 4 do artigo anterior, 2 ndo ser que o alimentado viva em comunho de mesa c habitago com os cénjuges; 4) as dividas cuja incomunicabilidade resulta do disposto no n° 2 do artigo 114. Arrigo 113 (Dividas que oneram doagées, herangas ou legados) 1. As dividas que onerem doagdes, herangas ou legados sto dda exclusiva responsabilidade do cOnjuge aceitante, ainda que a aceitagio tenha sido feita com o consentimento do outro. — 342-1) 2. Porém, se por forga do regime de bens adoptado, os bens doados, herdados ou legados ingressarem no patrimSnio comm, aresponsabilidade pelas dividas & comum, sem prejuizo do direito ‘que tem o cOnjuge do aceitante de impugnar o seu cumprimento como fundamento de que o valor dos bens nio ¢ suficiente para ‘© cumprimento de encargos. ‘Awrigo 114 (Dividas que oneram bens certos e determinados) 1. Asdividas que onerem bens comuns dos cénjuges so sempre da responsabilidade comum dos cdnjuges, quer se tenham vencido antes, quer depois da comunicagio dos bens. 2. As dividas que onerem bens proprios de um dos cOnjuges so da sua exclusiva responsabilidade, salvo se tiverem como ‘causa a percepsio de rendimentos ¢ estes, por forga do regime aplicdvel, forem considerados comuns. Annigo 115 (Bens que respondem pelas dividas da responsabilidade de ambos os cénjuges) 1. Pelas dividas que sio da responsabilidade de ambos os cOnjuges respondem os bens comuns do casal ¢, na falta ou insuficiéncia deles, solidariamente, os bens préprios de qualquer dos cénjuges. 2. No regime de separagao de bens, a responsabilidade dos cOnjuges nfo & solidiria Arrigo 116 (Bens que respondem por dividas da exclusiva responsabilidade de um dos eOnjuges) 1. Pelas dividas da exclusiva responsabitidade de um dos cénjuges respondem os bens proprios do cénjuge devedor e, subsidiariamente a sua meagdo nos bens comuns; neste caso, porém, ‘© cumprimento s6 € exigivel, depois de dissolvido ou anulado 0 casamento, ou depois de decretada a separagao judicial de pessoas « bens ou a simples separago jucicial de bens. 2. Respondem, todavia, ao mesmo tempo que os bens préprios do cénjuge devedor, os bens que eram sua exclusiva propriedade ‘no momento em que a divida foi contraida, 3, Nao hé lugar a moratéria estabelecida no n° 1, se a incomunicabilidade da divida cujo cumprimento se pretende exigir resulta do disposto na alinea ) do artigo 112. Agrigo 117 (Compensagées devidas pelo pagamento de di do casal) 1. Quando por dividas da responsabilidade de ambos 0s cnjuges (enham respondido bens de um s6 deles, este toma-se eredor do ‘outro pelo que haja satisfeito além do que Ihe competia satisfazer; mas este crédito 6 € exigivel no momento da partitha dos bens do casal, a no ser que vigore o regime da separagao. 2. Sempre que por dividas da exclusiva responsabilidade de umsé dos e6njuges tenham respondido bens comuns, é respectiva importincia levada a crédito do patriménio comum no momento da partilha 342—(12) SBCCAO IIL Convengdes antenupciais ‘Arrigo 118 (Liberdade de convengio) Os esposos podem fixarlivremente, em convengio antenupciat ‘regime de bens do casamento, quer escolhendo um dos regimes previstos nesta lei, quer estipulando o que a esse respeito Ihes aprouver, dentro dos limites da lei, Arrigo 119 (Restrigdes a0 principio da liberdade) Nao podem ser objecto de convengio antenupeial: 4) a regulamentagao da sucessio hereditiria dos cOnjuges ‘1 ferceiro, salvo o disposto nos artigos seguintes; b) aalteragao dos direitos ou deveres, quer paternais, quer conjugais, 6) aestipalacao da comunicabilidade dos bens estabelecidos no artigo 152. Arrigo 120 (Disposigdes por morte consideradas licitas) 1, Aconvengio antenupeial pode conter: 4@) a instituigdo de herdeiro ou a nomeagdo de legatério ‘em favor de qualquer dos esposados, feita pelo outro esposado ou por terceira nos termos preseritos nos lugares respectivos; 5) a jnsttuigdo de herdeiro ou a nomeagio de legatério em favor de terceito, feta por qualquer dos espostdos, 2. Sto também admitidas na convengio antenupcial cléusulas de reversdo ou fideicomissérias relativas as liberalidades ai cefectuadas, sem prejuizo das limitagBes a que genericamente estio sujeitas estas clausulas. ‘Arrigo 121 (Irrevogabilidade dos pactos sucessérios) 1 A instiuigdo contratual de herdeiroe anomeagto de legatirios, feitas em conyencdo antenupcial em favor de qualquer dos ‘esposaclos, quer pelo outro esposaco, quer por tereeito, nd podem set unilateralmente revogadas depois da aceitagdo, nem é licito ‘0 doador prejudicar ao donattio por actos gratuitos de disposiglo, ‘mas podem estas liberalidades, quando feitas por terceito, ser revogadas a todo 0 tempo por miituo acordo dos contraentes, 2. Precedendo, em qualquer dos casos, autorizagdo do donatirio, prestada por escrito, ou o respectivo suprimento judicial, pode 0 doador alienar os bens doados com fundamento em grave necessidade prépria ou dos membros da familia a seu cargo. 3. Sempre que a doagdo seja efectuada nos termos do nimero anterior, o donatirio concorre a sucesso do doador como legatitio do valor que os bens doados teriam a0 tempo da morte deste, devendo ser pago com preferéncia a todos os demais legatirios do doador. ‘Agmigo 122 (Regime da instituigio contratual) 1, Quando a instituigio contratual a favor de qualquer dos esposados tiver por objecto uma quota da heranca, ocalculo dessa quota & feito conferindo-se os bens que o doador haja disposto sratuitamente depois da doacio. 2, Se a instituigdo tiver por objecto a totalidade da heranga, pode o doador dispor gratuitamente, em vida ou por morte, de uma terca parte dela, calculada nos termos do nimero anterior. 3. Elicito a0 doador, no acto da doagao, renunciar no todo ou «em parte ao direito de dispor da terga parte da heranga. SERIE — NUMERO 34 Agmigo 123 (Cadueldade dos pactos sueessérios) 1A insttuigfo e 0 legado contratual @ favor de qualquer um dos esposados caducam nfo s6 nos casos previstos no artigo 168, ‘mas ainda no caso de o donatétio falecer antes do doador. 2. Se, porém, a doagio por morte for feita por terceiro, ni caaduca pelo predécesso do donatéio, quando ao doador sobrevivam. descendentes daquele, os quais sdo chamados a suceder nos bens doados, em lugar do donatério. ‘Anrigo 124 (Disposicdes de esposados a favor de terceiro, com earaeter testamentirio) A instituigao de herdeiro e a nomeagio de legatirio feitas por algum dos esposados em conveng#o antenupcial em favor de pessoas indeterminadas, ouem favor de pessoa certa¢ determinada que no intervénha no acto como aceitante,tém valor meramente testamnentério, e no produzem qualquer efeito se a convengdo caducar, Axmico 125 (Disposigbes por morte a favor de terceiro, com carseter contratual) 1. A instituigto de herdeiro e & nomeagdo de legatéio feitas ‘por qualquer dos esposados em favor de pessoa certa edeterminada ‘quejintervenha como aceitante na convengdo antenupcial,éaplicdvel © disposto nos artigos 121 e 122,sem prejuizo da sua ineficécia se a convengio caducat. 2, Pode, todavia, & instituigio ow nomeagao set Livremente revogada, se 0 disponentea tiver feito com reserva dessa faculdade. 3. A irnevogabilidade da disposigio nio a isents do regime geral das doagdes por ingratidio do donatério nem da redugio por inoficiosidade. 4. As liberalidades a que este artigo se refere caducam, se o donatério falecer antes do doador. Arrigo 126 (Correépeetividade das disposigdes por morte a favor de terceiros) 1. Se ambos os ésposados instituirem terceiros seus herdeiros, ou fizerem legados em seu beneficio, ¢ ficar consignado na convengio antenupcial o carécter correspectivo das duas disposiges, a invalidade ou revogagio de uma das disposigdes produz a ineficdcia da outra, 2. Desde que uma das disposigdes comece a prodkizir os seus efeitos, a outra jé ndo pode ser revogada ou alterada, excepto se ‘0 beneficifrio da primeira renunciar a ela, estituindo quanto por forga dela haja recebido, ‘Anno 127 (Revogabilidade das clausulas de reversio ou fideicomissérias) As cléusulas de reversio ou fideicomissérias previstas no n.°2 do artigo 120 sio livremente revogaveis, a todo 0 tempo, pelo autor da liberalidade, Arrigo 128 (Capacidade para celebrar convengdes antenupeiais) 1. Témcapacidade para celebrar convencbesantenupcias aqueles que tém capacidade para contrair casamento. 2. Aos menores, bem como aos interditos e inabilitados, 35 & permitido celebrar convengdes antenupciais com autorizagio dos respectivos representantes legais. ‘Arrigo 129 (Anulabil idade por falta de autoriza¢io) ‘A anulabilidade da convengio antenupeial por falta de autorizagao sé pode ser invocada pelo incapaz, pelos seus herdeiros ou por aqueles a quem competir concedé-la, dentro do prazo de um ano a contar da data de celebracdo do casamento, considerando-se a anulabitidade sanada se o casamento vier a ser celebrado depois de findar a incapacidade. Axrico 130 (Forma das convengdes antenupeiais) ‘As convengdes antenupciais sto vilidas se forem celebradas perante 0 funcionério do registo eivil, no decurso do processo preliminar ou se forem celebradas por escritura piblica Axmigo 131 (Put idade das convengbes antenupciais) 1 Asconvengdes antenupcais 6 produzem efeitos em relagao a terceiros depois de registadas 2..0s herdeitos dos cOnjuges e dos demais outorgantes da escritura nfo sio considerados terceiros. 3. Oregisto da convengio no dispensa oregisto predialrelativo 08 factos a ele sujeitos Axnigo 132 (Revogacio ou modificagio da convencio antenupeial antes da celebracio do casamento) 1. A convengio antenupcial é livremente revogavel ou modificavel até & celebragdo do casamento, desde que na tevogacio ‘ou modificagao consintam todas as pessoas que nele outorgaram cu os respectivos herdeiros. 2.0 novo acordo esti sujeito 20s requisitos de forma € publicidade estabelecidos nos artigos antecedentes. 3.A falta de intervengo de alguma das pessoas que outorgaram 1a primeira convengao, ou dos respectivos herdeiros, apenas tem como efeito facultar Aquelas ou a estes o direito de resolver as cléusulas que thes digam respeito. Arrigo 133 (Convengdes sob condigio ou a termo) 1. £ vilida a convengo sob condigdo ou a terme. 2. Em relagdo a terceiros, 0 preenchimento da condigao no tem efeito retroactivo. Arrigo 134 (Imutabilidade das convengdes antenupciais) I. Fora dos easos previstos na lei, nfo ¢ admitido alterar, depois da celebracao do casamento, as convengdes antenupciais. 2. Consideram:se abrangidos pelas proibigdes do nimmero anterior os contratos de compra e venda e sociedade entre os cénjuges quando estes se encontrem judicialmente separados de pessoas ¢ bens. 3. Blicita, contudo, a participaso dos dois conjuges na mesma, sociedade de.capitais, bem como a dagio em cumprimento feita pelo cénjuge devedor ao seu consorte, 34213) Argo 135 idade das convengbes antenupeiais) 1. Sio admitidas, apés a celebrasdo do casamento, alteragdes nas convengdes antenupeiais quando respeitarem ao regime de bens, e pela revogagio das disposigdes mencionadas no artigo 120, nos casos ¢ sob a forma em que é permitida pelos artigos 121.8 127. 2. As alteragies da convengo antenupcial ou do regime de bens, verficadas nos termos do njmero anterior, é aplicavel o disposto no artigo 121 Amico 136 (Cadueidade das convengées antenupeiais) A convengdo eaduca, se 0 casamento nao for celebrado dentro de um ano, ous, tendo-o sido, vier a ser anulado, salvo 0 disposto em matéria de casamento putativo, SECCAO IV Regimes de bens SUBSECCAO I Disposigdes gerais ‘Axrico 137 (Regime de bens supletivo) Na falta de convengdo antenupeial, ou no caso de caducidade, invalidade ou ineficacia da convengio, o casamento considera-se celebrado sob o regime de comunho de adquiridos. Arrigo 138 (Remissio genériea para uma lei estrangeira ou revogada, ou para usos e costumes locais) (regime de bens do casamento nio pode ser fixado, no todo ‘ou em parte, por simples remissdo genérica para uma lei estrangeira, para um preceito revogado, ou para usos ¢ costumes locais. ‘Awrioo 139 (Partitha segundo regimes nio convencionados) 1. B permitido aos esposados convencionar, para o caso de dissolugio do casamento por morte de um dos cénjuges, quando hhaja descendentes comuns, que apartilha dos bens se faga segundo © reginie de comunhao geral, seja qual for o regime adoptado. 2. O disposto no niimero anterior ndo prejudica os direitos de terceiro na liquidago do passivo. “Antigo 140 (Mutabilidade dos regimes de bens) 1. Sio admitidas alteragdes ao regime de bens: 4a) pela simples separagao judicial de bens; 1b) pela separagao judicial de pessoas c bens; ‘c) em todos os demais casos, previstos na lei, de separa¢o de bens, na vigéncia da sociedade conjugal. 2. Naconstancia do casamento admite-se que os cBnjuuges possam, acordar, entre sf, a alteragao do regime de bens antes adoptado. 342—(14) 3. Oacordo referido no mimero anterior deve ser feito na presenga de notirio com reconhecimento presencial de letra ¢ assinatura sendo averbado nos correspondentes assentos de casamento ede nascimento de cada um dos cénjuges. 4, As alterages do regime de bens referidas no mimero dois deste preceito em caso algum produzem efeitos em prejulzo de terceinos SUBSECGAO II ‘Regime da comunhio'de adquiridos Amigo 141 (Normas apliciveis) Se 0 regime de bens adoptado pelos esposados, ou aplicado supletivamente, for 0 da comunhko de adquitides, observa-se 0 disposto nos artigos seguintes. Annico 142 (Bens préprios) 1. Sio considerados préprios dos cénjuges: 4) os bens que cada um deles tiver ao tempo da celebrago do casamento; +5) 08 bens que Ihes advierem depois do casamento por sucesso ou doagto; 6) 08 bens adquiridos na constincia do matriménio por virtude de diteito préprio anterior, ) 0s. instrumentos de trabalho adquiridos por cada um dos cSnjuges na constincia do casamento, 2, Consideramse, entre outros, adquitidos por virtude de direito proprio anterior, sem prejuizo da compensagdo eventualmente devida a0 patriménio comum: 4) os bens adquiridos em consequéncia de direitos anteriores ‘a0 casamento sobre patrimsnios iliquidos partithados depois dele; '5) 08 bens adquirides por usucapiio fundada em posse que tenha 0 seu inicio antes do‘casamento; ¢) 0s bens comprados antes do casamento com reserva de propriedade; ) os bens adquiridos no exercicis do direito de preferéncia fundado em situagdo jé existente a data do casamento, 3. Hid lugar 8 compensagto referida no nimero anierior sempre que para a aquisi¢do dos bens tenha sido utilizado em parte ou no todo dinheiro ou bens comuns. Arrigo 143 (Bens sub-rogados no lugar de bens préprios) Conservam a qualidade de bens proprios: 4) 08 bens sub-rogados no lugar de bens préprios de um dos cSnjuges por meio dé troca directa; ) 0 prego dos bens préprios alienados; 6) bens adquitidos ou as benteitoras feitas com dinheiro ‘ou valores préprios de um dos ednjuges, desde que a provenineia do dinheiro ou valores seja devidamente mencionada no documento de aquisigio, ou em documento equivalents, com intervensiio de ambos os c6njuges. 1 SERIE ~ NUMERO 34 Arrico 144 (Bens integrados na comunhio) Fazem parte da comunhio: 4) 0 produto do trabalho dos cénjuges; 5) 05 bens adquiridos pelos cénjuges na constincia do matriménio, que ndo sejam exceptuados por I 6) 08 frutos produzidos por bens proprios, sem prejuizo da compensagdo eventualmente devida pela sua manutengao e conservagio, Antigo 145 (Presungio da comunicabilidade) Quando haja dividas sobre a comunicabilidade dos bens méveis, estes consideram-se comuins. Antigo 146 (Bens adquiridos em parte com dinheiro ou bens préprios € noutra com dinhelro ou bens comuns) 1. Os bens adquiridos, na constincia do casamento, em parte com dinheiro ou bens préprios de um dos cOnjuges e noutra parte com dinheiro ou bens comuns revestema natureza da mais valioss das duas prestagdes. 2. Fica, porém, sempre salva a compensacio devida pelo patriménio comum aos patriménios préprios dos cOnjuges, ou ‘por estes iquele, no momento da dissolueio e pata da comunhio Axmigo 147 (Aquisigio de bens indivisos ja pertencentes em parte ‘um dos cénjuges) A parte adquirida em bens indivisos pelo cOnjuge que deles for comproprietétio fora da comunhdo reverte para o seu patriménio préprio, sem prejuizo da compensagio devida a0 patriménio comum pelas somas prestadas para a respectiva aquisigio ‘Antigo 148 (Bens adquiridos por virtude da titularidade de bens préprios) 1. Consideram-se préprios os bens édquiridos por virtude dr tinilaridade de bens préprios, que nfo possam considerar-se como {rutos destes, sem prejulzo de compensagio eventualmente devida 420 patriménio comum. 2, Slo, designadamente considerados bens préprios, por forca do disposto no mimero antecedente: a) as acessbes; '5) os materiais resultantes da demoligfo ou destruigdo de bens; 6) parte do tesouro adquirida pelo cOnjuge na qualidade de proprietério; 4) 0s prémios de amortizagao de ttulos de erédito ou de ‘outros valores mobilirios préprios de um dos cOnjuges, ‘bem como os ttulos ou valores adquiridos por virtude de um diteito de subserigto aqueles inerente, Asnigo 149 (Bens doados ou deixados em favor da comunhito) 1. Os bens havidos por um dos cénjuges por meio de doagio ‘ou deixa testamentiria de terceiro entram na comunhio, se o doador ou testador assim o tiver determinado; entende-se que essa & @ vontade do doador ou testador, quando a liberalidade for feita a favor dos dois cénjuges conjuntament. 2. 0 disposto no niimero anterior ndo abrange as doagdes ¢ deixas testamentérias que integrem a legitima do donatéro. 25 DE AGOSTO DE 2004 Arrigo 150 (Participagio dos cdnjuges no patriménio comum) 1. Os cénjuges participam por metade no activo e no passivo da comunhdo, sendo nula qualquer estipulago em sentido divers. 2. A regra da metade nio impede que cada um dos cénjuges faca em favor de terceiro doagdes ou deixas por conta da sua ‘meagdo nos bens comuns, nos termos permitides por lei SUBSECCAO III Regime da comunhiio geral Artigo 151 (Estipulagio do regime) Seoregime de bens adoptados pelos cénjuges for oda comunhio geral,o patriménio comum é constituido por todos os bens presentes € futuros, que nao sejam exceptuados por tei Arrigo 152 (Bens incomunicéveis) 1, Sto exceptuados da comunhio: 42) 05 bens doados ou deixados, ainda que por conta da legitima, com a clausula de incormunicabilida ») os bens doados deixados coma cldusula da reversio ou fideicomisséria, a ndo ser que a clausula tenha caducado; €) © usuftuto, © uso ow habitagao, ¢ demais direitos estritamente pessoais; as indemnizagdes devidas por factos verificados contra a pessoa de cada um dos cénjuges ou contra os seus bens proprios; 6) 08 seguros vencidos em favor de cada um dos cdnjuges ou para cobertura de riscos sofridos por bens préprios;, A) roupa, jis € outros objectos de uso pessoal eexclusivo de cada um dos conjuges, bem como os seus diplomas € a sua correspondéncia; 2) as recordagdes de familia. 2. A incomunicabilidade dos bens no abrange os respectivos frutos nem o valor das benfeitorias titeis, Anrico 153 (Disposigdes apliciveis) Sio aplicaveis & comunho geral de bens, com as necessérias adaptardes, as disposigdes relativas a comunhdo de adquitidos. SUBSECCAO IV Regime da separagio ‘Arrico 154 (Dominio da separagio) Se o regime de bens adoptado pelos esposados foro da separagao, cada um deles conserva o dominio ¢ fiuigao de todos ‘0s seus bens presentes ¢ futuros, podendo dispor deleslivremente. ‘Annico 155 (Prova da propriedade dos bens) 1. licto aos esposados estipular,na conveng2o anterupcial, cléusulas de presungio sobre a propriedade das méveis,comefiécia extensiva a terceiros, mas sem prejuizo de prova em con'ririo. 2. Quando haja dividas sobre a propriedade exclusiva de um 4dos cBnjuges, 0s bens méveis sBo tidos como pertencendo em ccompropriedade a ambos os cOnjuges. 342—(15) ‘Arrigo 156 (Administragdo dos bens de um dos cénjuges pelo outro) 1. Se, na constincia do matriménio, um dos cénjuges entrar na administragdo e fruigdo dos bens do outro sem mandato escrito ou sem oposigio expressa, fica obrigado a restituigd0 dos frutos ppercebidos, a nko ser.que prove té-los aplicado na satisfacio de ‘enicargos familiares ou no interesse do cOnjuge proprietiio, 2, Havendo oposigdo, o cénjuge administrador responde perante © proprietério como possuidor de ma fé caPituLo x Doasées para casamento e entre casados SECCAO 1 Doajes para casamento Agno 187 (Nogio e normas aplisivels) 1. Doago para casamento é a doacao feita a um dos esposados, ou ambos, em vista do seu casamento, 2. As doagdes para casamento sto aplcives as dsposigbes da presente sega e,subsidariamente, 35 dos artigos 940 2979 do Codigo Civil. Arna0 158 (Espécies) As doagdes para casamento podem ser feitas por um dos esposados ao outro, pelos dois reciprocamente ou por terceiro a tum ou a ambos os esposados. ‘Arico 159 (Regime) 1. As doagdes entre vivos produzem os seus efeitos a partir da celebrago do casamento, salvo estipulagao em contrari. 2. As doagGes que hajam de produzir os seus efeitos por morte do doador so havidas como pactos sucessériose, como tas, esto sujeitas a0 disposto nos artigos 121 a 123, sem prejuizo do preceituado nos artigos seguintes. Arico 160 (Forma) 1. As doagGes para casamento s6 podem ser feitas na convengio antenupcial "2. A inobservincia do disposto no mimero anterior importa, quanto as doagdes por morte, a sua nulidade, sem prejuizo do disposto non. 2 do artigo 946 do Cédigo Civile, quanto as doagdes cem vida, a inaplicabilidade do regime especial desta seccio. Axsigo 161 (Incomunicabilidade dos bens doados pelos esposados) Salvo estipulag3o em contrarid, os bens doados por um esposado a0 outro consideram-se proprios do donatirio, sea qual for o regime matrimonial. Arica 162 (Revogagio) 1.As doagbes entre esposados sio irrevogiveis. 2. As doagdes de terceiros a esposados sio exclusivamente revogiveis por superveniéncia de filhos, se tal faculdade houver sido teservada no acto da doagao. 342—(16) ‘Agtigo 163 (Redugo por inoficiosidade) As doagdes para casamento esto sujeitas a redugio por inoficiosidade, nos termos gerais: Axrioo 164 (Cadueidade) ‘As doagdes para casamento caducat: 4) se 0 casamento no for celebrado dentro de um ano, ou se, tendo-o sido, vier a ser anulado, salvo 0 disposto em matéria de casamento putativo; +) se ocorrer divércio ou separagio judicial de pessoas ¢ ‘bens por culpa do donatirio, sendo este o principal culpado, SEOCAO I Doagdes entre casados Arrigo 165 (Disposigées aplicdveis) ‘As doagdes entre casados regem-se pelas disposigdes desta sect e, subsidiariamente, pelas regras dos artigos 940 a 979 do Céigo Civil Antico 166 (Forma) 1.Adoagio‘de coisas miveis,ainda que acompanhada da tradiglo da coisa, deve constar de documento escrito. 2. Os cOnjuges nto podem fazer doagdes recfprocas nos mesmnos actos. 3. O disposto no mimero anterior ndo & aplicavel as reservas de usufruto nem as rendas vitalicias a favor do sobrevivente, estipuladas, umas ¢ outras, em doacdo dos cénjuges a terceiros. ‘Axrico 167 (Objecto e incomunieabilidade dos bens doados) 1. $6 podem ser doados bens préprios do doador. 2. Os bens doados ndo se comunicam, seja qual for o regime matrimonial Axri¢0 168 (Livre revogabitidade) 1. As doagdes entre casados podem todo o tempo ser revogadas ppelo doador, sem que lhe seja liito renunciar a este direito. -2.A faculdade de revoga¢ao nfo se transmite aos herdeiros do doador, Arrigo 169 (Cadueldade) 1, A doagio entre casados caduca: 4) falecendo 0 donatério antes do doador, salvo se este ‘confirmar a doagio nos trés meses subsequentes & morte daquele; 1) eo casamento vier a ser anulado; sem prejuizo do disposto ‘em matéia de casamento putativo; 6) ocorrendo divércio ou separagdo judicial de pessoas ¢ ‘bens por culpa do donatirio sendo este 0 exclusive culpado, 2, Aconfirmagd® a que se refere a alines a) do némero anterior deve revestir a forma exigida para a doacio, I SERIE — NUMERO 34 CAPITULO XI Separagio dos cdnjuges e dos bens SECCAOIL Simples separacio judicial de bens Anriao 170 (Fundamento da separagio) A simples separagaio judicial de bens, pode ser requerida por qualquer dos cnjuges quando houver perigo de perder bens proptios ‘ou comuns por mé administragdo imputivel ao outro cénjuge. ‘Axnigo 171 (Caréecter litigioso da separacio) ‘A separagtio 6 pode ser decretada judicialmente em acco intentada contra 0 c®njuge administrador. ‘Arrigo 172 (Legitimidade) 1. S6 tem legitimidade para a acgHo de separagdo o cénjuge lesado ou, estando ele interdito, o seu representante legal, ouvido © conselho de familia 2. Seo representante legal foro cénjuge administrador, a acca pode ser intentada, em nome do outro cOnjuge, por algum parente dele na linha recta ou até ao terediro grau da linha colateral 3. Se o cOnjuge lesado estiver inabilitado, # acgao pode ser intentada por ele, ou pelo curador corn autorizacao judicial, Astico 173 (Efeitos) Apés o trnsito em julgado da sentenga que decretara separacao, judicial de bens, o regime matrimonial, sem prejuizo do disposto em matéria de regist, passa a ser oda separasio, procedendo-se 4 partlha do patriménio comum como se 0 casamento tivesse sido dissolvido; a parilha pode fazer-se extrajudicialmente ou por inventério judicial, ‘Antico 174 (Crrevogabilidade) A simples separacio judicial de bens é irrevogavel. ‘Axrioo 175 (Separagio de bens com outros fundamentos) © disposto nos dois artigos anteriores ¢ aplicével a todos os ‘casos, previstos na lei, de separago de bens na vigéncia da sociedad conjugal. SECCAOT Separagio judictal de pessoas-e bens SUBSECCAOT Disposigdes gerais ‘Anriao 176 (Separagio litigiosa e por miituo consentimento) ‘A separagiio judicial de pessoas e bens pode ser requerida por uum dos cénjuges com fundamento em algum dos factos referidos no artigo 181, ou por ambos de comum acordo; no primeiro caso diz-se litigiosa no segundo, por mituo consentimento, 25 DE AGOSTO DE 2004 Arvigo 177 (Efeitos) 1. Aseparagio de pessoas ¢ bens nio dissolve o casamento. 2. Os cOnjuges separados ni esto, contudo, sujitos aos deveres pessoais, semprejuizo do dever de fidelidade edo dreito a alimentos nos termos estabelecidos no lugar respectivo. 3. Relativamente aos bens, a separacio produz os mesmos efzitos que produz a dissolugio do casamento Axmigo 178 (Termo da separagio) A separagio judicial de pessoas ¢ bens termina pela reconciliagao dos cénjuges ou pela dissoluedo do casamento. Amico 179 (Reconciliagio) 1, Areconciliagdo dos cOnjuges presume-se, se no tiver sido requerida no prazo legal a conversdo da separacto judicial de pessoas ¢ bens em divétcio. 2. partir da reconciliagdo, os cénjuges consideramse casados segundo o regime da separago de bens, sendo licito restabelecer a Vida emcomum eo exercicio pleno dos direitos e deveres conjugais. 3. Areconciliagao esta sujeita a homologagao judicial, devendo a respectiva sentenca ser oficiosamente registada, 4, Os efeitos da reconciliagdo verificam-se a partir da hhomologagao desta, sem prejuizo da aplicacZo, comas necessérias adaptacées, do disposto nos artigos 95 ¢ 96, n° 1 Arnico 180 (Aplicabilidade aos casamentos religiosos e tradicionais) 0 disposto na presente secgdo éaplicavel, ainda que os cénjuges tenham contraido casamentoreligioso ou tradicional. SUBSECCAO II Separagio litigiosa ‘Axtigo 181 (Fundamentos) 1. A separagao litigiosa de pessoas e bens pode ser requerida por qualquer dos cénjuges com fundamento em algum dos factos seguintes: 4) violéncia doméstica; +) adutério do outro cénjuge; 6) Vida e costumes desonrosos do outro cdnjuges 4) abandono completo do lar conjugal por parte do outro cénjuge, por tempo superior a um ano; €) condenacao defintiva por crime doloso que o fenda seriamente a manuten¢io do vinculo conjugal; _Arqualquer outro facto que constitua violapdo grave dos deveres conjugais. 2. Constituem ainda fundamento de separagao ltigiosa de pessoas bens: 44) a separagao de facto livremente consentida por mais de cinco anos consecutivos; +b) a deméncia superveniente e incurdvel mesmo que com intervalos de lucider. 342-17) “Anrigo 182 (Cireunstincias atendiveis na decisio) 1.05 factos enumerados no artigo anterior s6 justificam a separagio quando comprometema possibilidade de vida em comum dos cénjuges. 2. Na apreciacdo da relevincia dos factos invocados deve 0 tribunal ter em conta a condigdo social dos cénjuges, o seu grau deeducagio e sensbilidade morale quaisquer outras circunstincias atendiveis ‘Antigo 183 (Exelusio-do direito de requerer a separasio) 0 cénjuge nio pode obter 2 separagao: 4) se tiver instigado 0 outro a praticar o facto invocado como fundamento do pedido ou tiver intencionalmente criado condigSes propicias a sua verificagio; 5) se hover revelado, pelo seu comportamento posterior, designadamente por perdio expresso ou técito, no considerar 0 acto praticado como impeditivo da vida em comum, Armico 184 (Legitimidade) 1. S6 tem legitimidade para intentar a acgdo de separagio 0 conjuge ofendido ou, estando este interdito, o seu representante legal se for autorizado pelo consetho de farnilia 2, Seo representante legal for 0 outro cénjuge, a acco pode ser intentada, em nome do ofendido, por algum parente deste na linha recta ou até terceiro grau da linha colateral, se forigualmente autorizado pelo conselho de familia, 3.A\acelio no pode ser continuada pelos herdeiros dos cOnjuges nem prosseguir contra eles, “Awtio0 185 (Cadueidade da acco) 1. O diet & separagdo caduca no prazo de trés anos, a contar dda data em que o cénjuge ofendido ou o seu representante legal teve conhecimento do facto susceptivel de fundamentar o pedido. 2. Oexercicio da acgdo penal relativamente a algum ficto capaz de fundamentar a separagio nio prejudica o direito de requerer esta com fundamento no mesmo faci. Arrigo 186 (Dectaragio do cénjuge culpado) 1. Na sentenga que decretar a separagio, o tribunal deve declarar se ambos os cdnjuges slo culpados ou apenas um deles; havendo culpa de ambos, mas sendo a de um deles consideravelmente superior & do outro, deve ainda declarar qual deles & 0 principal culpado 2. Nio hi declaragio de culpa nos casos previstos no n.°2 do artigo 181, sendo sempre devidos alimentos ao cOnjuge carente e repartidas igualmente as custas ‘Axmigo 187 (Partitha dos bens) A declaragio de culpa no prejudica 0 direito meac3o relativamente aos bens comuns, adquiridos na constincia do casamento. 342—~(18) ‘Anmigo 188 (Beneficios recebidos pelos ednjuges ou que deles hajam de receber) 1.0 cénjuge declarado tinico culpado perde todos os beneficios recebidos, ou que aja de receber do outro cénjuge, em vista do casamento, quer a estipulagio seja anterior, quer posterior & celebragio do casamento, 2. 0 c6njuge inocente conserva todos os beneficios ecebidos ou que haja de receber do outro cénjuge, ainda que tenham sido estipulados com cléusula de reciprocidade. 3.0 cdnjuge inocente pode renunciar aos referidos beneficios por simples declaragdo unilateral de vontade; mas, havendo flhos, a rentincia s6 6 permitida a favor destes. SUBSECCAO III Separagio por mituo consentimento Axrigo 189 (Requisitos) Sé podem requerer a separagio judicial de pessoas e bens por mituo consentimento os cGnjuges casados hi mais de trs anos ¢ que estejam de acordo quanto ao exereicio do poder parental ¢& partitha dos bens do casa Arrigo 190 (Desnecessidade de fundamentago) © pedido de separagao por mito consentimento nBo carece de ser fundamentado. ‘Axtioo 191 (Separagdo proviséria) ‘A separago por mituo consentimento no é homologada defintivamente sem que decorra um ano da separagio proviséria Avtiao 192 (Competéncia para deeretar a separagio de pessoas e bens or miituo consentimento) Acseparagio de pessoas © bens por miituo consentimento & requetida ao conservador do registo civil da érea da residéncia dos cénjuges, juntando-se a0 requerimento 0 respectivo acordo sobre o exercicio do poder parental e sobre a partilhs dos bens do casal, CAPITULO XIL Dissolugiio do casamento SECCAOT Disposigdes gorais ‘Anmigo 193 (Causas de dissolugio) casamento dissolve-se pela morte de um dos cOnjuges ou pelo divércio. Antico 194 (Efeitos do divéreio) O divércio tem juridicamente 6s mesmos efeitos da dissolucao do casamento por morte, salva as excepgdes consagradas na lei, 1 SERIE —NUMERO 34 SECGAO IL Divércio Antico 195 (Modatidades) 1. O divorcio pode ser nio ltigioso ou litigioso. 2, O divorcio nto litigioso deve ser requerido na Conservatéria do Registo Civil da area da residéncia dos cOnjuges, por ambos ¢ de comum acordo, se 0 casa estiver casado hi mais de tes anos e separado de facto hi mais de urn ano consecutiv. 3. Entende-se que ha separagio de facto quando nao exista comunhido de vida material ¢ afectiva entre os cOnjuges e exista pot parte de ambos, ou de um deles 0 propésito de a nio restabelecer 4. No pedido de divéreio nao litigioso os c dnjuges no necessitam de mencionar as suas causas 5. 0 divércio litigioso requerido no tribunal, por um dos cOnjuges contra 0 outro, com fundamento em algum dos factos referidos no atigo 181, ou mediante conversdo da separagio judicial de pessoas e bens. AxriGo 196 (Divéreio nao ltigioso e acordo dos cénjuges) 1.0 divéreio nfo litigioso depende ainda da existéncia de acordo entre os eénjuges, quanto a: 4) regulagao do poder parental; ) prestagdo de alimentos ao cénjuge que deles cetera; ©) destino da casa de morada da familia; «)relagio dos bens do casal, com indicagao do seu valor, cefectivamente partilhados ou a serem submetidos & partitha. 2. Nio sendo possivel areconciliagdo, o conservador do registo civil verifica se 0s acordos reflectem a’ vontade livre e consciente de ambos 0s cSnjuges.e se protegem os interesses dos flhds, podendo sugerir as alteragdes necessirias ¢ somo gue o divércio nio pode ser decretado. Axmigo 197 (Tentativa de conciliagdo e conversio do divéreio litigioso ‘em nfo litigioso) 1,No processo de divércio ha sempre uma conferéncia destinada & tentativa de conciliagdo dos ednjuges. 2. Se no processo de divércio litigioso a tentativa de conciliagio nao resultar, o juiz procura obter 0 acordo dos cénjuges para a conversio do pleito em divércio nio ltigioso, desde que estejam reunidos os requisitos legais 3. Obtido o acordo ou tendo os cénjuges, em qualquer alia do proceso, optado por essi modalidade de divércio, segue-se 08 termos do processo de divércio nao litigioso, com as devidas adaptagdes. Arrico 198 (Conversa da separagio em divércio) 1. Decorridostrés anos sobre otransito em julgado da sentenga ‘que tiver decretadoa separagdo judicial de pessoas e bens, litgiosa (0 por mituo consentimento, sem que os c&njuges se tenham teconciliado, a qualquer deles é licito requerer que a separayto seja convertida em divércio, 25 DE AGOSTO DE 2004 2. A conversio pode ser requerida por qualquer dos cénjuges, independentemente do prazo estabelecido no nimero anterior, s¢ © outro cometer adultério depois da separagio. Agrico 199 (Limitagio temporéria a0 divéreio) (Omarido nio pode requerero divdrcio litigioso durante gravidez dda mulher, mantendo-se a proibigio até um ano depois do parto, salvo se atribuira gravidez a0 adultério, Agrico 200 (Decisio) O tribunal, na sentenga final, pode decretar, em vez do divércio, a separagio judicial de pessoas ¢ bens, mesmo que esta nio tenha sido pedida, se entender que as circunstincias do caso, designadamente a viabilidade de uma reconciliago, aconselham a ndo dissolugo do casamento, ‘Arrigo 201 (Remissio) B aplicivel ao divéreio litigioso, com as necessirias adaptagSes, 0 disposto nos artigos 183 a 188 ¢, & conversdo da separagdo em divéreio, com fundamento no adulténo,odisposto 108 artigos 182. 184 TirvLout Unido de Facto CAPITULO T Antico 202 (Nosio) 1, A unite de ficto é a ligagio singular existente entce um hhomeme ua mulher, com caricterestivel e duradouro, que sendo legalmente aptos para contrair casamento no tenham celebrado, 2. A.unito de facto pressupde a comunhao plena de vide pelo periodo de tempo superior a um ano sem interrupeao. Asrico 203 (Bfeitos da unio de facto) 1. A unido de facto releva para efeitos de presungao de maternidade c paternidade, nos termos do disposto na alinea ¢) do n? 2 do artigo 225 ¢ na alinea ¢) do n.” 2 do artigo 277 2. Pata efeitos patrimoniais, a unido de facto aplica-se o regime da comunhio de adquiridos. riTULOIV Filiagio cAPITULOT Estabelecimento da filiagdo seCGAOT Disposigdes gevais Auriga 204 (Igualdade de direitos) 3s filhos t8m os mesmos direitos ¢ esto sujeitos aos mesmos deveres, independentemente da origem do seu nascime 2-19) Axrioo 205 (Direito a ser registado e a usar um nome) 1. Os filhos tem o direito a ser imediatamente registados depois do seu nascimento, 2. Tém direito a ter um nome proprio e a usar o apelido da familia dos pais. Axmico 206 (Deveres filiais) 1. Os filhos témo especial dever de respeitar,estimar , obedecer € ajudar os pais e os demais familiares. 2. Os filo maiores tém o dever de assistr os pais, avés, irmaos, tios e primos, sempre que estes caresam de ajuda, apoio solidariedade. Agtico 207 (Concepyio) © momento da concepgao do filho € fixado, pata os efeitos legais, dentro dos primeiros cento ¢ oitenta dias dos trezentos ‘que precederamo seu nascimento, salvas as excepgées dos artigos seguintes Agrico 208 (Gravider anterior) 1. Se dentro dos trezentos dias anteriores a0 nascimento tiver sido interrompida ou completada uma outra gravidez, nio sio considerados para a determinagio do momento da concepgio os dias que tiverem decorrido até & interrupsio da gravidez ou até 20 parto, 2. Aprova da interrupgao de uma gravidez, ndo havendo registo do facto, s6 pode ser feita em acgao especialmente intentada para esse efeito por qualquer interessado ou pelo Ministério Piblico. ‘Anrigo 209 (Fixagdo judicial da concepsio) 1, £ admitida, em qualquer caso, acco judicial destinada a provar que o periodo de gestagio do filho foi inferior a cento € oitenta dias ou superior a trezentos. 2. Esta aceio pode ser intentada por qualquer interessado ou pelo Ministrio Pablo, devendo o tribunal, no caso de procedéncia, fixar a €poca provavel da concepedo, ‘Antigo 210 (Casamento putativo) © casamento civil anulado é relevante para efeitos de ddeterminagao da filiago e ndo exclui a presung20 de patermidade, ainda que tenha sido contraido de ma f€ por ambos os cénjuges, ‘Antigo 211 (Fecundagio artificial) AA fecundacao artificial ndo pode ser invocada para estabelecer apatemnidade do fitho procriado por meio dela, nem para impugnar 1 paternidade presumida por lei Agrigo 212 e [Nas accdes relativas 4 filiag2o so admitidos como meios de prova os exames de sangue e quaisquer outros métodos cienificos comprovadas, nes de sangue) 342—(20) Antigo 213 (Prova da filiagho) Salvo nos casos especificados na lei, a prova da filiagto s6 pode fazer-se pelos meios estabelecidos nas leis do registo civil SECCAQ TL ‘Estabelecimento da maternidade Subsecgdo I Declaragto da maternidade ‘Arrigo 214 (Mengo da maternidade) 1, Na declaragdo de nascimento deve ser, sempre que possivel, ‘dentificada a mie do registando. 2A matemnidade indicada & mencionada no registo. Anrigo 215 (Rogisto omisso quanto & maternidade) A mile deve fazer a declaragio da maternidade se o registo for ‘omisso quanto & sua pessoa, salvo se se tratar de filho nascido na constincia do matriménio eexistt perfilhagdo por pessoa diferente do marido. Antigo 216 (Registo de mascimento o¢orrido ha menos de um ano) 1, Considera-se estabelecida a maternidade indicada na declaragio de nascimento se esta teve lugar antes de se concluir tim ano, 2. 0 assento de nascimento depois de lavrado deve ser pessoalmente notificado a me, sendo possivel, salvo se tiver sido ela prépria ou o marido a fazer a declaracdo, ‘Anmigo 217 (Registo de nascimento ocorrido hé um ou mais anos) 1, Na declaragdo de nascimento ocorrido ha um ano ou mais, a matemidade indicada considera-se estabelecida se a mie for a declarante, estiver presente no acto ou se achar representada por pptocurador com poderes especiais. 2. Fora dos casos irdicados no mimero anterior a pessoa indicad como mie é notificada pessoalmente para, no prazo de 30 dias, vir declarar se confirma a maternidade sob pena do filho ser havido ‘como seu; a notificagdo ¢ a confirmagdo sdo averbados ao registo de nascimento, 3. Se a pretensa mie negar a matemidade ou nio puder ser notificada fica sem efeito a men¢io da materiidade, 4. Das certiddes extrafdas do registo de nascimento no pode constar qualquer referéncia a mengdo que tenha ficado semeteito, nem aos averbamentos que Ihe respeitem, Antigo 218 (Impugnagto da maternidade) Seamaternidade estabelecida nos termos dos artigos aiteriores no for verdadeira, pode a todo o tempo ser impugnada em juizo pela pessoa declarada como tne, pelo registado, pela mie natural 04 pelo Ministério Publico. 1 SERIE — NUMERO 34 SUBSECQAO IL Averiguagao oficiosa Axrico 219 (Averiguagto oficiosa da maternidade) 1. Sempre que a maternidade nto esteja mencionada no registo do nascimento, deve o funcionério remeter ao tribunal certiddo integral do registo ¢ c6pia do auto de declaragdes, se houver, a fim de ser oficiosamente averiguada a maternidade 2, $e o tribunal concluir pela existéncia de provas seguras da ‘matemidade, que abonema viabilidade da aogto, ordena a remessa 4o processo ao agente do Ministerio Piblico junto do tribunal competente, a fim da acgdo ser proposta, Arrigo 220 (Inadmissibilidade da averiguagfo oficiosa da maternidade) ‘A acgdo de averiguagiio oficiosa da maternidade nfo pode ser pproposta caso: 4) exista perfilhacdo ea pretensa mie co perfilhante forem parentes ou afins em linha recta ou parentes no segundo ‘rau da linha colateral; +) tiverem decorrido dois anos sobre a data do nascimento. ‘Arrigo 221 (Valor probatério das declaragées prestadas) Sem prejuizo da confirmagio: da maternidade feita pela pretensa mie, as declaragdes prestadas.durante 0 processo de averiguaco oficiosa de maternidade, nfo implicam nem constituem sequer principio de prova. Annigo 222 (Cardeter secreto da instrusio) A instrugdo do processo ¢ secreta e € conduzida por forme a evitar ofensa ao pudor ou dignidade da pessoa. ‘Antigo 223 (lmprocedéneia da regio oficiosa) A improcedéncia da aogio oficiosa nto obsta a que sejaintentada acgio de investigagio de maternidade, ainda que fundada nos mesmos factos. SUBSECCAO I Reconhecimento judicial Arrigo 224 (Lnvestigayio da maternidade) 1.Amaternidade, quando nfo reslte da declaragdo de nascimento, pode serreconhecida em aco especialmente intentada para oefeito pelo ftho ou filha, 2, Naoé admissivel o reconhecimento da matemidade, em contrrio da que conste do registo de nascimmento, Anmigo 225 (Prova da maternidade) 1. O filho deve provar na acgdo de.investigagto da maternidade que nasceu da pretensa mae. 25 DE AGOSTO DE 2004 2. Amatemidade presume-se quando: a) 0 filho houver sido reputado e tratado como tal pela protensa mifee reputado como fiho nas relies sociais, especialmente na respectvas familias; 0) exista carta ou outro esctito no qual a pretensa mle declare ineguivocamente a sua maternidae; ¢) tenha existid unito defacto, durante o periodo legal de concept, Arrigo 226 (Legitimidade) 1. Aacgiio de investigagdo da maternidade ¢ proposta pelo filho da pretensa mae. 2. Os descendentes do filho, ou o cénjuge nao separado judicialmente de pessoas e bens podem prosseguir na acgdo se 0 filho falecer na pendéncia da mesma, mas s6 podem intenté-la se este, sem a ter intentado, morrer antes de terminar 0 prazo em que o podia fazer. 3. Aacgdo deve ser proposta contra a pretensa mie ou, se esta tiver falecido, contra 0 cOnjuge nio separado judicialmente de pessoas € bens © sucessivamente contra os descendentes, ascendentes ou itmiios;na falta destas pessoas ¢ nomeado curador especial. 4, Macedo no produz efeitos contra os herdeiros ou legatérios, cujs direitos sejam atingidos pela procedéncia da seg, se no tiverem sido também demandados. ‘Arrigo 227 (Prazo para a propositura da ac¢do) 1A aogio de investigayao da maternidade s6 pode ser intentada durante a menoridade do investigante ou nos trés anos depois da sua maioridade ou emancipagio. 2. Senio for possvel esabelecer a maternidade em consequéncia do disposto no 2 2 do artigo 224, a acyo pode ser proposta no ano seguinte & rectificaglo, declaragdo de nulidade ou cancetamenito do registo inibitério, contando que a remogdo do obstaculo tena sido requerida até ao término do prazo estabelecido no mimero anterior. 3. Se acgio se fundar em escrito no qual a pretensa mae declare inequivocamente a maternidade, pode ser intentada no ano seguinte ardataem quea autora ou o autor teve ou devesse ter tido conhecimento do contetido do escrito. Awrigo 228 (Coligasao de investigantes) ‘Naacgdo de investigagdo da maternidade & permitida a coligagdo de investigantes em relagio & mesma pretensa progenitra Axio 229 (Alimentos provis6rios) 0 filito menor, interdito ou inabilitado tem direito a alimentos provisérios desde a propositura da acs3o, contando que o tribunal considete provavel o reconhecimento da maternidade. amigo 230 (Filho naseido ou concebido na constineia do matriménio) 1, Tratando a acedo especial de investigacao da matemidade de fiho nascido ou concebido na constincia do matriménio da pretensa mae, a acqdo de investigagio deve ser também intentada 34221) contra o marido e, se existir perfilhago, ainda contra 0 perfilhante. 2, Durante a menoridade do filho a acgo pode ser intentada pelo marido da pretensa mie; neste caso deve ser contra a pretensa, ime € contra o filho e, se existir perfilhago, também contra 0 -perfithante. ‘Anniao 231 (Impugnagio da paternidade) 1. Na acgdo a que se refere o artigo anterior pode ser sempre ‘impugnada a_presungio de paternidade do marido da mie. 2. Se o filho tiver sido perfilhado por pessoa diferente do ‘marido da mie, a perfilhago s6 prevalece se for afastada, nos termos do nimero anterior, a presunglo de paternidade. Amigo 232 (Estabetecimento da maternidade a pedido da mie) 1. Se se tratar de filho nascido ou concebido na constincia do ‘matriménio e existir perflhagao por pessoa diferente do marido dda me, pode esta requererao tribunal que declare a maternidade. 2. No caso mencionado no nimero anterior & aplicével, com as devidas adaptagies, 0 disposto nos artigos 230 ¢ 231 Arrigo 233 (Legitimidade em caso de falecimento do autor ou réus) [Em caso de falecimento do autor ou dos réus nas acgdes @ que se referem os artigos 230 e 231 é aplicivel, com as necessérias adaptagdes, 0 disposto no artigo 251. SECCAO TI Estabelecimento da paternidade SUBSECGAOI Presungio da paternidade Antico 234 (Presuncao da paternidade) 1.0 filho nascido ou concebido na constincia do matriménio da mie tem como pai presumido o marido da mite. 2. O momento da’dissolugio do casamento por divércio ou a sua anulagio é o do transito em julgado da respectiva sentenga, ‘ou da decisio recaida no divércio por mituo consentimento Arrigo 235 (Fithos concebidos antes do casamento) & admitida declaragdo contri filiago presume do flho rascido dentro dos cent eoitenta das posteviores a celebragho do casamento da mie, se esta ou o marido declararem, no acto do repisto do nascimento, que o marido nfo ¢o pa Axrigo 236 (Filhos concebidos depois de finda a coabitaglo) 1.Cessa igualmenteapresuneo da patemidade quando omascimento ocorra passaclos trezentos dias depois de finda a coabitagdo dos cénjuges. 342—(22), 2. Considera-se finda a coabitagdo: 4a) na data da primeira conferéncia tratando-se de separagio por miituo consentimento; 1) na data que tiver sido fixada como a da cessago da coabitagdo em sentenga ou decisto sobre separagio Judicial de pessoas e bens ou de divéreio; 6) no caso de auséncia, a partir do momento em que deixot dehaver noticias do matido, conforme a decisto proferida em acgio de nomeagio do curador provisério, de justifieagdo de auséncia ou de declaragdo de morte presumida, ‘Agnigo 237 (Restabelecimento da coabitagio) 1. Considera-se restabelecida a coabitagdo no dia em que se reconciliarem os cénjuges separados judicialmente de pessoas e bens, ou em que se verificar 0 regresso do ausente 2.0 restabelecimento da coabitagio ¢ equiparado @ um novo casamento para o reiniio da presungio de patemidade, Antigo 238 (Nao indicagdo da paternidade do marido) 1A mulher easada pode fizera declaragdo de nascimento com indicagdo de que o filho nao é do marido. 2, Cessa aprestingio da paternidade se entretanto for averbada a0 registo declaragdo de que na ocasido do nascimento o filho nao beneficiou de posse de estado ou seja, se nfo era reputado nem tatado como filho por ambos os cénjuges, nem como tal reputado nas elagdes socias, especialmente nas respectivas Familias. 3. A mengdo da paternidade do marido da mie ¢ feita oficiosamente se, ecorridos 60 dias sobre a data em que foi lavrado 0 registo, a mae nfo provar que pediu a declaragio referida no nnimero anterior ou se 0 pedido foi indeferido. 4, Sem prejuizo do disposto no niimero uim do presente artigo, niio so admissiveis no registo de nascimento mengdes que contrarienva presunco da paternidade enquanto esta ilo cessar. Axerigo 239 (Declaragdo de inexisténcia de posse de estad A declaragio de inexisténcia de posse de estado a que se refere © nlimero dois do artigo anterior é proferida em processo especial © 05 seus efeitos restringem-se ao disposto naquela disposigio legal. ‘Arriaa 240 (Dupla presungéo da paternidade) [Seo fio nasceu depois de a mae ter contraido novo casamento ‘sem que o primeiro se achasse dissolvido ou dentro dos trezentos| dias apés a sua dissolugio, presume-se que 0 pai é o segundo rmarido. 2, Julgada procedente a acgio de impugnagiio da paternidade, renasce a presunglo relativa ao anterior marido da mie ‘Arico 241 (Mengio obrigatéria da paternidade) 1. A paternidade presumida nos termos dos artigos anteriores consta obrigatoriamente do registo do nascimento do filho, nio 1 SERIE — NUMERO 34 sendo admitidas mengGes que a contrariem, salvo 0 disposto nos: artigos 235 e 238, 2, Se 0 registo do casamento dos pais s6 vier a ser efetuado depois do registo de nascimento deste nto constar a paternidade do marido da mie, é a paternidade mencionada oficiosamente, ‘Arrigo 242 (Reetifieagdo do registo) 1. Se, contra o disposto na lei no for feta mengio da paternidade do filho nascido de mulher casada, pode a todo o tempo qualquer interessado, 0 Ministério Pdblico ou o funcionério competente promover a rectificagio do registo. 2. De igial faculdade gozam as mesmas pessoas quando tenha sido registado como filho do marido da mie quem ndo beneticie de presungdo de paternidade, ‘Antigo 243 (Rectificagio, declaragio de inexisténcia ou nulidade ou cancelamento do registo) 1.Se for tectficado, declarado inexistente ou nulo, ou cancelado qualquer registo por falsidadde ou alguma outra causa e, em consequéncia de rectificagdo, declaragdo de inexisténcia, mulidade ‘ou cancelamento, 0 filho deixar de ser havido do marido da mie ou passar a beneficiar da presungio de paternidade relativamente a este, ¢lavrado oficiosamente o respectivo averbamento, se nfo tiver sido ordenado pelo tribunal 2, 0 disposto no mimero anterior nd prejudica, para os casos «em que o filho deixe de ser havido como fitho do marido da mac a aplicago do disposto quanto a impugnagao de paternidade, com as necessérias adapiagBes, Arrigo 244 (Impugnago da paternidade) A paternidade presumida, nos termos do artigo 234, nfo pode ser impugnada fora dos casos previstos nos artigos seguintes. Antigo 245 (Requisitos e legitimidade) 1A patetnidade do filho pode ser impugnada pelo marido da tie, por esta, pelo fitho ou por aquele que se declarar pai, nos termas do artigo 246. 2. Oautor da acgio deve provar que, de acordo com as circunsténcias, a paternidade do marido da mie & manifestamente improvavel. 3. Nao é admissivel ao eénjuge & impugnagdio da patemnided com fundamento em inseminagdo artificial se nela houver consentido. Axrioo 246 (lmpugnagio da paternidade do filho concebido antes do matriménio) 1. ndependentemente da prova a que se refere o nimero dois do atigo anterior, podemainda ame ou 0 maridoimpugnarapateridade dofitho asco dentro dos cenoeoitenia dias posteriorescelebraglo do casamento, excepto: 4) se 0 marido, antes de casa, ter tido conhecimento da sravider da mulher; 25 DE AGOSTO DE 2004 +) se, estando pessoalmente presente ou representado por procurador com poderes especiais, o marido consent que ofilho fosse declarado seu no registo de nascimento; 6) se por qualquer outa forma 0 marido reconheceu ofilho ‘como seu. 2. Cessa 0 disposto na alinea a) do mimero anterior se 0 ‘casamento for anulado por falta de vontade; cessa ainda 0 disposto nas alineas 6) ¢ c) quando se prove fer sido 0 consentimento ou reconhecimento viciado por erro sobre as circunstancias que tenham contribuido decisivamente para o convencimento da paternidade, Anmigo 247 (Acsio do Ministério Pablico) 1. A acco de impugnagio da patenidade pode ser proposta pelo Ministério Pablico a requerimento de quem se declarar pai do filho, se for reconhecida pelo tribunal a viabilidade do pedido, 2. 0 requetimento deve ser dirigido ao tribunal no prazo de seis meses a contar da data em que a paternidade do marido da mie conste do registo, 3. Otribunal procede as diligncias necessirias, ouvindo, sempre que possivel, a mie ¢ o marido. 4, Se concluir pela viabilidade do pedido, o tribunal profere a decisio competente. Arrigo 248 (mpugnagio especial) 1. Aquele que se declarar pai pode também, por si, intentar a ccompetente acco de impugnacao da paternidade contra omarido da mie, 2. A acco de impugnago especial da paternidade-pode ser intentada dentro de seis meses a contar da data em que a paternidade do marido da mie conste do registo, 3. O tribunal procede is diligéncias necessavias, ouvindo sempre que possivel a mae e o marido. Arnico 249 (Prazos) 1, A.acgo de impugnagio da paternidade pode ser intentada: 4) pelo marido, no prazo de dois anos contados desde da data em que teve conhecimento das circunstancias de que se possa concluir pela sua ndo patemidade e, em todo o caso durante a menoridade do filho; pela mie, no prazo dedois anos posteriores ao nascimento do fiho; © pelo fitho até dois anos depois deter atingido a maioridade ou ter sido emancipado, 2. Seo registo for omisso quanto & matemidade,o prazo referido raalinea@) do nimero anterior conta-sea partir do estabelecimento dda maternidade mas, exclusivamente, durante a menoridade do filho. Asrico 250 (Impugnagio antecipada) 1. Seo registo for omisso quanto a matemidade, a acgio de inmpugnagde pode ser intentada pelo marido da pretensa mae no prazo de seis meses a contar do dia em que soube do nascimento. 2. O decurso do prazo referido no nimero anterior nfo impede 1 marido de intentar a acgio de impugnagao nos termos gerais. Arrigo 251 (Prossecugdo e tramsmissio da aesio) 1. Se o titular do direito de impugnar a paternidade falecer no decurso da acco, ou sema haver intentado mas dentro dos prazos Jegais para a sua propositura, tm legitimidade para nela prosseguir ‘ou para a intentar 4) nocaso da morte do presumido pai, ocnjuge nto separado Judicialmente de pessoas ¢ bens que nio seja a mie do filho, bem como os descendentes ¢ ascendentes do presumido pai; '6) no caso de morte da mie, os descendentes ¢ascendentes; ©) no caso de morte do Filho, o cénjuge nio se parado judicialmente de pessoas e bens eos descendentes. 2.0 direito a prossecugao da acgdo ¢ a transmissio do diteito «de acgao caducam se ndo forem exercidos no prazo de seis meses: a contar: ‘2) da morte do marido da mae, ou do nascimento de filho péstumo, no caso da alinea a) eb) do mimero anterior, '6) da morte do flko, no caso da alineac) do nimero anterior, ‘Antigo 252 (Legitimidade passiva) 1. A acgio de impugnagao de paternidade deve ser proposta contra a mie, o filho e 0 presumnido pai quando nela nao figurem como autores, 2. No caso de morte da mae, do filho ou do presumido pai, a acgdo deve ser proposta contra as pessoas referidas no artigo 251, devendo, na falta destas, ser nomeado um curador especial. Se, porém, existirem herdeiros ou legatarios cujos direitos possam ser atingidos pela procedéncia do pedido, a acgio ndo produz efeitos contra eles se no tiverem sido também demandados. 3. Quando filho for menor no emancipado, o tribunal nomea- Ihe curador especial SUBSECCAO II Reconhecimento de paternidade DIVISAOL Disposigdes geras ‘Aamioo 253 (Formas de reconhecimento) O reconheciment de filho nascido ou concebido fora do casamento pode efectuar-se tanto por perfilhagdo como por decisio judicial em acqao de investigagio. Agrico 254 (Casos em que nfo é admitido o reconhecimento) 1. Ni €admitidoo reconhecimento emcontrito da perfilhagdo que conste do registo de nascimento enguanto este no tiver sido rectificado, declarado inexistente, mulo ou cancelado 2.0 estabelecido no niimero anterior no invalida a perfithaglo feita por alguma das formas mencionadas na presente Lei, embora no produza efeitos enquanto ndo puder ser registada. Axmigo 255 (Vindicagio do estado de filho) 1. O filo pode a todo o tempo, por sioupelos seus representantes legais, vindicar 0 seu nascimento na constancia do casamento 342(24) dos seus pais, em acgdo proposta para ess fim, em que prove os respectivos pressupostos, 2. Os descendentes podem prosseguir na acgio, se ele falecer, nna pendéncia da causa, mas s6 podem intenté-la se ele morrer ou cair em deméncia antes de decorridos quatro enos sobre a sua ‘emancipagdo ou maioridade, sem ter dado comeyo & causa; neste caso, a acco deve ser proposta no prazo de quatro anos a contar do falecimento do filho ou da data em que ele caiu em deméncia, 3, Necessitando, porém, o filho de investigar a maternidade como pressuposto da sua filiago, seguem-se as regras préprias do reconhecimento judicial. 4. Naacgdo de vindicagdo devem sempre ser chamados a intervir 0s pase, na falta deles, as pessoas designadas como seus herdeiros Jegitimos, mesmo que a heranca Ihes nlo sejaatribulda; se, porém, ‘exstirem herdeirostestamentirios ou legatrios cujos direitos sejam atingidos pela procedéncia da acyfo, esta nfo produz efeitos contra cles se nio tiverem sido também demandedos. Antico 256 (Acumulagio de pedidos) Com vindicagio de filiagto na constincia do casamento pode, ser pedida a declaragao judicial do casamento dos pais, devendo © tribunal, no caso de procedéncia da acgio, mandar lavrar 0 respectivo assento, Arriao 257 (Vindieagdio no caso de segundas mipeias ou bigamia) No caso de segundas mipéias ou bigamia da mie, o filho ou os seus descendentes podem vindicar a paternidade contrétia as presungdes estabelecidas no artigo 240, contanto que prove a possibilidade de o filho provir do progenitor presuntivo. Anmigo 258 (Melos de prova e posse de estado) 1. Naacgo de vindicagao defiliao na consténcia do easamento € licito usar de todos 0s meios de prova, 2. Em caso de dhivida, prevalece a presungio de nascimento ra constincia do casamento dos pais, desde que o filho tenha vivido sempre na posse desse estado. 3. Existe posse de estado de filho nascido na constincia do ‘casamento quando se verifiquem, cumulativamente, os seguintes, tequisitos: @) sera pessoa reputada e tratada como fitho dos seus progenitores ou por aqueles que pretende reconhecer ‘como tais; 6) serreputado como tal nas relagdes sociais, especialmente nas respectivas familia, DIVIsAO It Perfilhagdo Awtigo 259 (Nogto) A pertilhagio o acto pelo qual o progenitor ou a progenitora, declara a sua paternidade ou maternidade. ‘Aniao 260 (Cardeter pessoal da perfithaso) 1A perfithagdo € um acto pessoal 2. A perfilhagio pode, contudo, ser feita por procurador, desde que este esteja revestido de poderes especiais para aquele acto, I SERIE — NUMERO 34 3. Os dois progenitores podem perflhar conjuntamente ofilho ‘comum, mas nfo Thes ¢ permitido fazer-se representar no acto de perflhagio pelo mesmo procurador, Arrigo 261 (Capacidade) 1, Tem capacidade para perfilhar quem for maior de 18 anos, se ndo estiver interdito por anomalia psiquica ou no for notoriamente demente & data da perfilhagio. 2. Os menores ¢ os interditos que disponham de capacidade ‘nos fermos do nimero anterior, assim como 0s inabilitados, no carecem de autorizago dos pais, tutores ou curadores para perfilar. 3, Para efeitos do mimero um, considera-se not6ria a deméricia quando se mostre certa, inequivoca ¢ claramente perceptivel, independentemente do seu conhecimento por terceit Anmgo 262 (Maternidade no declarada) ‘Nao constituiimpedimento da perfilhagdo o facto da maternidade do perfilhado no se achar declarada no registo civil, Antigo 263 (Forma) A perfilhagao pode fazer-se por: 4a) declaragio prestada perante 0 respectivo funciondrio do registo civil; 5) testamento; 6) escritura piblica; ) termo lavrado em process judicial. Arrigo 264 (Prazo) A perfilhagdo pode ter lugar a todo o tempo, antes ou depois do nascimento do fitho ou depois da morte deste. Anrico 265 (Perfilhagio do naseituro) A perfilhagdo do nascitur s6€ vélidse for posterior concep¢20 € 0 perfilhante identificar a mie. ARriGo 266 (lrrevogabilidade) A perfilhagaio ¢ irrevogivel e quando feita em testamento no é prejudicada pela revogagao deste ‘Anrigo 267 (Impugnaciio) 1, Quando a perfilhagdo nio corresponder a verdade é susceptivel de ser impugnada em juizo, mesmo depois da morte do perfilhado. 2. A.acgio de impugnagio pode ser intentada, a todo o tempo, pelas seguintes pessoas: 8) perfilhante ) perfithado; 6) por quem se declarar pai do perfilhado; @ pela mae; @) por quem tiver interesse moral ou patrimonial na procedéncia da acco; ‘J pelo Ministério Publico. 25 DE AGOSTO DE 2004 3. Amie ou o filho, quando sejam autores, s6 tém que provar que o perfilhante nao ¢ o paise este demonstrar ser verosimil que coabitou coma mie do perfilhado no periodo normal deconcepeo. 4. E aplicivel, comas necessérias adaptagSes, as regras relativas 4 impugnagao d¢ maternidade Anrico 268 (Legitimidade passiva) 1. Na acgio de impugnaglo devem ser demandados, quando nela nfo figurem como autores, 0 filho o perfilhante. 2. Aacgio deve ser intentada ou prosseguir: 42) no caso de morte do_perflhante, contre 0 cénjuge, os descendentes e ascendentes; 4) no caso de morte do filho, contra o cénjuge © os descendentes 3. E aplicdvel a esta espécie de acco as regras relativas & impugnagao de maternidade Anrico 269 (Anulagio por erro ou coaegto) 1. Aperfithagio ¢ anulével por via judicial a requerimento do perflhante, quando estiver viciada de erro ou coacgdo moral 2. $6 érelevante o erro so bre circunstincias que tiverem contribuido decisivamente para convencimento da paternidade 3. Aacgtio de anulagio caduca no prazo de um ano, a contar da data em que o perfilhante teve conhecimento do erro ou que cessou a coacgao, excepto se aquele for menor ndo emancipad ou interdito: por anomalia psiquica, porque neste caso a acco nao caduca sem que tenha decorrido um ano sobre a maioridade, emancipayio ou levantamento da interdigzo. ‘Antigo 270 (Anulago por incapacidade) 1. Aperfilhago ¢ anulavel por incapacidade do perfilhante, a requerimento deste ou dos seus pais ou do tutor. 2. A acgio pode ser intentada-dentro do prazo de um ano, contado: 4) da data do conhecimento da perfithag2o, quando seja intentada pelos pais ou pelo tutor; +) da maioridade ou emancipacdo, quando seja intentada por quem perfilhou antes da idade exigida por lei; «6 do termo da incapacidade, quando seja intentada por quem perfilhou estando interdito por anomalia psiquica ou for notoriamente demente. Axmico 271 (Morte do perfilhante) ‘Seo perfthante falecersemhaver intentado a acgdo de anulacio, ‘e antes de ter expirado 0 prazo de caducidade, ou se felecer no decurso da lide, tm legitimidade para a intentar no ano seguinte ‘ao da sua morte, ou de nela prosseguir, o seu cOnjuge, 0s seus descendentes ou ascendentes e todos os gite mostrem ter sido prejudicados nos seus direitos sucessérios por efeito da perfil. Agnco 272 (Remissio) E aplicdvel a perfithaglo, com as devidas adapiagdes, os principios dispostos na presente lei quanto a declarasio e impugnasto de maternidade elegitimidade passiva, 342—(25) DivisAo UL Averiguagdo oficiosa de paternidade Antico 273 (Paternidade desconhecida) Sempre que seja avrado registo de nascimento de menor apenas com a mengdo de maternidade, deve 0 funcionério remeter 40 tribunal certidio integral do registo, a fim de ser a veriguada oficiosamente a identidade do pai ‘Antico 274 (Averiguagio oficiosa) 1, Sempre que possivel, o tribunal ouve a mile acerca da patemidade que atribui a filo. 2. Sea mie indicar quem é 0 pai ou por outro meio chegar a0 conhecimento do tribunal a identidade do pretenso pai, ¢ este também ouvido, 3. No caso do pretenso progenitor confirmar a paternidade, é, de imediato, lavrado termo de perfilhagio ¢ remetida certidéo & conservatéria competente para 0 correspondente averbamento. 4. Se o pretenso pai negar ow se recusar a confirmar a paternidade, o tribunal deve proceder As diligéncias necessarias ¢ ordenar a realizagdo de exames apropriados averiguagdo da filiagdo, ¢ que atestem a viabilidade da respectiva acgao. 5. Se o tribunal concluir pela existéncia de provas seguras da paternidade, ordena a remessa do processo a0 Ministerio Piblico junto da instincia competente, a fim de ser intentada a acyéo de investigagao. ‘Agrigo 275 (Remissio) E aplicdvet a acgao oficiosa de investigagdo de paternidade, com as devidas adaptasdes, os principios reguladores da averiguagio ofciosa DIVISKo Iv Reconthecimento judicial Arrigo 276 (nvestigagao de paternidade) A paternidade pode ser reconhecida em acgo especialmente intentada pelo filho. ‘Arno 277 (Prova) 1. Na acgio de investigagao de patemidade o autor deve provar 1 patemnidade biolégica. 2. No caso da matemidade ja se achar estabelecida ou for pedido conjuntamente o reconiiecimento da maternidade e da paternidade, a patemidade presume-se: 4) quando o filho tiver.sido reputado ¢ tratado como tal ‘pelo pretenso pai e como tal for reconhecido pela sociedade; ») quando exista carta ou algum outro escrito no qual 0 pretenso pai declara inequivocamente a sua paternidade; ‘) quando, durante o periodo legal de concepgio, tenha existido-unio familiar, independentemente das condigdes exigidas pela lei, ou convivéncia notéria entre a mie e o pai; 32-26) «quando o pretenso pai tenha seduzido a mie, no perlodo legal de concepgio, se era menor naquele momento, ou se 0 consentimento dela foi obtido por meio de promessa de casamento, abuso de autoridade ou outro meio fraudulento; «) quando o pretenso progenitor tiver mantido trato sexual ‘coma mie, no periodo legal de concepgto. 3.A presungio considera-seilidida quando existirem divides sérias sobre a paternidade do investigada, Amigo 278 (Coligacio de investigantes) Na acgdo de investigagto de paternidade € permitida a coligacio de investigantes filhos da mesma mie, em relago ao mesmo pretenso progenitor. Agrigo 279 (Remissio) £ aplicdvel a acco de'investigagio da paternidade, com as devidas adaptagdes, as regras estabelecidas quanto a invest da maternidade CAPITULO It Efeitos da filiagio SECCAOT Disposigdes gerais Anrico 280 (Deveres de pais e filhos) 1. Os pais e filhos devense mutuamenterespeito, cooperasao, aunxilio€ assisténcia, 2, O dever de assistencia compreende a obrigacao de prestar imentos ¢ a de contribuir, durante a vida em comum, para os ‘encargos da vida familiar, de acordo com os recursos préprio. 3. Os fihos devem assistir os pais sempre que estes caregam de alimentos nos termos do disposto nos artigos 407 e seguintes ‘Antigo 281 (Dever de solidariedade familiar) 41.0 filhos t2mo especial dever de estimar, obedecer,respeitar ¢ ajudar os pais e demais parentes na linha recta 2. Os filhos maiores tém o dever de concorrer para a ‘anutensio dos pais, sempre que estes se encontremem situacdo de necessidade. 3. O dever estabelecido no nimero anterior & extensivo aos, avés, itmios e tios, 4. 0s avs, 08 irmios, 0s tios e os primos.témo dever de ccuidarem e sustentarem os familiares menores, quando estejam «em situagio de orfandade ou abandono. ‘Arrigo 282 (Direitos dos filhos) 1..0s filhos menores tém direito a serem protegidos,assstidos, educados ¢ acompanhados no seu desenvolvimento fisico & ‘emocional. 2. Os filhios tem direito a serem representados pelos respectivos ascendentes ¢ na falta destes, sucessivamente, pelos colaterdis até a0 4° grau. J SERIE ~ NUMERO 34 SECGAO IL Poder parental SUBSECCAOI Disposigdes gerais ‘Antigo 283 (Duragio do poder parental) s filhos estio sujeitos a0 poder parental até atingir a ‘maioridade ou a emencipasao. Arrigo 284 (Contetido do poder parental) 1. 0 poder parental consiste no especial dever que incumbe 08 pais de, no superior interesse dos filhos, garantira sua protecco, satide, seguranga ¢ sustento, orientando a sua educacio ¢ promovendo o seu desenvolvimento harmonioso. 2. O poder perental incluiigualmente a representagdo dos filhos ‘menores, ainda que nascituros, bem como a administragdo. dos seus bens. 3. 08 pais, de acordo com a maturidade dos filhos, devem ter ‘em conta a sua opinito nas questbes da vida familiar ereconhecer- -Ihes autonomia na organizaglo da prépria vida ‘Asrigo 285 (Encargos com o sustento, seguranga, satide e educacio das filhos) s pais esto obrigados a prover ao sustento dos filhos e a assumir as despesas relativas 4 sua seguranga, saide © educagio, até que eles estejam legalmente em condigdes de as suportar através do produto do seu préprio trabalho ou de outros tendimentos. Anrioo 286 (Despesas com os filhos maiores ou emanelpados) Se na data em que o filho atingir a maioridade ou for ‘emancipado nti tiver completado a sua instrugao, mantém-se a obrigagaio referida no artigo anterior, na medida do que se mostrar razodvel pelo petiodo de tempo requerido para que seja completada a respectiva formacio, ‘Anmigo 287 (Poder de representagio) 1. O poder de representagio abrange o exercicio de todos os direitos e 0 cumprimento de todas as obrigagdes respeitantes aos filhos, com excepeto dos actos estritamente pessoais, daqueles que o' menor pode-praticar pessoal ¢ livremente ¢ dos actos relativos a bens cuja administragdo ndo pertence aos pais, 2, Havendo conflito de interesses entre qualquer dos pais © 0 filho sujeito ao poder parental, ou entre os filhos, ainda que, neste caso, algum deles seja maior, cuje resolugao dependa de autoridade publica, 40 08 menores representados por um ou mais curadores especialmente nomeados pelo tribunal Anrigo 288 (frrenunciabilidade) (Os pais nfo podem renunciar ao poder parental nema qualquer dos direitos ¢ deveres que aquele especialmente Ihes confere, sem prejuizo do que na presente Lei se estabelece acerca da familia de acolhimento e da adopeio. 25 DE AGOSTO DE 2004 ‘Anrio0 289 (Filho nascido fora do casamento) O pai ou mie nao podem desobrigar-se dos seus deveres em relagdo a filho nascido fora do casamento, mas nao podem introduzi- -lo no lar conjugal, sem o consentimento do outo cdnjuge SUBSECCAO II Poder parental relativamente& pessoa dos filhos ‘Anrico 290 (Educasio) 1. Cabe a ambos os pais, de acordo comas suas possibilidades € com 0 superior interesse dos seus filhos, promover 0 desenvolvimento fisico, intelectual e moral daqueles. 2. Ospais devemproporcionar aos files, em especial aos portadbres 4e deficnca sia oummenta instruyio eral profissionaladequada as aptiddese inctinagdes de cada um, ‘Amico 291 (Formagao do cardcter e da personalidade) Nas relagdes paterno-fiias, os pais devem transmit os valores éticos, morais, familiares ¢ culturais estruturantes de uma personalidade equilibrada ¢ tolerante no respeito pela familia © pelos mais velhos. Antico 292 (Afectividade) Os pais devem basear as relagdes paterno-filiais na compreensio ¢ no didlogo, de forma a corresponder as necessidades afectivas e de desenvolvimento harmonioso dos respectivos filhos. Arrigo 293 (Convivio familiar) (0s pais no podem, injustificadamente, privar os ilhos de conviver ‘com os irmos, descendentes, ascendentes e demas parentes ‘Arig 294 (Abandono do lar) 1, Os menores no podem abandonar a casa de morada de familia, ‘ou aquela que os pais Ihe tiverem destinado, nem dela ser retirados, 2. Se a abandonarem ou dela forem rettados, qualquer um dos pais e, emcaso de urgéncia, as pessoas a quem eles tenham confiado ofilho podem reclamé-to, recorrendo, se necessirio, ao tribunal ou autoridade competente. SUBSECGAO I Poder parental quanto aos bens dos filhos Arrigo 295 (Exctusto de administraglo) 1. Os pais no tém a administragdo de 4) bens do filho provenientes de sucessio da qual os pais tenham sido excluidos por indignidade ou deserdac30; ‘bens que ofilho haja recebido por doagao ou sucessto contra a vontade dos pais; _ 342—(27) 6) bens deixados ou doados ao filho Gom exclusio de administrago ds pais;

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