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TEXTOS BASICOS DE CIENCIAS SOCIAIS Diretores: ANTONIO RosERTO BERTELLI Moacin G. Soares PALMEIRA Orivio GUILHERME VELHO José Mepina EcHEVARREA Oscar VERA Paut A. Baran ‘THEoporE W. ScuuL tz Ricarpo Ciwortt W. Artur Lewis Hua Myint FRepericx H. Harptson TrarovBoLoGRA. CEPAL oir DESENVOLVIMENTO, TRABALHO E EDUCACAO Organizagio’ « Introdugiio de Lui PeRetas ZAHAR EDITORES RIO DE JANEIRO EDUCACAO COMO INVESTIMENTO * THEoD0RE W. ScHULTZ ‘Traducio de P. S. WERNECK Para_os propésitos da andlise econdmica, estabeleceu-se uma distingéo entre os. valdres consuntivos © produtivos da instrugdo, o que foi assinalado no capitulo inicial. As contri- buigdes da instrucio para © consumo sio, entio, divididas se- gundo aquelas que atendem 20 consumo no presente © as que jondem 0 consumo no futuro, sendo estas consideradas como uum jnvestimento, Os valores produtivos da instrugao constituem, de imediato, um investimento em futuras capacidades de criar e receber rendimentos. Assim, na classifieacdo das. vantagens da insiruefio, hd trés aspectos conceptuais: 1) consumo atual; 2) consumo futuro (um investimento); ¢ 3) capacidade futura do produtor (também um investimento). Qual 0 valor de cada tum? Ninguém sabe, realmente, Existem estudos que pretendem provar que 0 terceiro campo € muito amplo, Enquanto 1390, aparecem muitos indicios de que os outros dois podem demons- {rar que nio sio estéreis; mas o que éstes indicios representam, de fato, no & conhecido até agora. A dar-se crédito 20 g6sto, I de renda e custo da educagio, nos Estados Unidos, pare- ceria que apenas um pequeno compartimemto € exigido pelo Kk Extraido de O Valor Econémico da Educacéo, Zaher Bditores, Rio, 1967, pp, 5468, onde se-cncontram es indicagdes.bibliogéficas citadas, * 100 consumo atual, enquanto dois outtos, de grandes dimensdes so necessarios para as outras duas classes de contribuigdes da jnstrugGo, consideradas, ambas, como investimentos. 1 Se todos os frutos da instrugio fOssem destinados, diteta- mente, a0 consumo final, a instrugio adicional nao conteibuicia para o crescimento econémico, A intensificacio do ensino con- Iribuiria apenas para elevar a précura dos bens de consumo como reagio do povo is modificagées, compreendendo a cleva- gio de sua renda, associada ao crescimento econmico. Se, de qualquer modo, trata-se, téo-sdmente, de reforcar a capacidade do consumidor, a instrugio adicional aumentaria o bem-cstar futuro, mas néo figuraria no crescimento econ6mico computado. Anda que o erescimento da renda real seja traduzido em térmos de beneficios para o consumidor, as vantagens adicionais, decor- tentes do investimento nessas robustecidas eapacidades de con- sumo, no so incluidas na Renda Nacional computada. So- mente quando a instrugio aumenta a produtividade © 0s lucros futuros, poderio ser as suas contribuigoes consideradas como tum dos fat6res do crescimento econémtico computado. EDUCAGRO COMO FATOR DE CRESCIMENTO ECONOMICO “Crescimento econdmico” passou a significar aumento do produto nacional, avaliado em “délares” estiveis. O cstudo déste crescimento & atualmente, objeto de constante preocupa- jo dos economistas ndo devido a qualquer devotamento, ge~ ruino ou no, ao desenvolvimentismo, mas em atengio a0 eres ente interésse pUblico pelo crescimento. Mas nao tem sido possivel explicar o crescimento obscrvado pelos sensiveis aumen- tos dos fatéres convencionais da producao. Os melhores indi- ios sio 0s melhoramentos na qualidade dos fatdres, tanto f- manos como mecinicos, e no planejamento da economia. Os niveis de instrugio, que so tém clevado, ripidamente, estiio sendo investigados para conhecimento do efeito que possam ter sobre a produtividade do esf6re0 humano. A contribuigio da pesquisa universitiria, & ciéncia e 4 tecnologia, também esti Sob investigacao a fim de se conhecer em que medida pode ser considerada uma fonte do crescimento econdmico. Aritmética da Instrucao e do Crescimento. A fim de escla- recer algumas relagdes gerais entre instrucdo e crescimento eco némico, admitamos, apenas para argumentar, que tda instru so € um investimento em sakirios; que a taxa de rendimento ior saa a mesma para os niveis de instrugio, tanto para o primério como para um nivel mais clevado; ¢ que 0 niimero de trabalha- dores permanece constante, Estabelecidas essas hipdteses sim- plificadoras, caso o cabedal de instrusio, por trabalhador, nao fe elevasse, a instrugdo ndo poderia ser considerada uma fonte de crescimento econémico, Logo que um pais atinge um elevado nivel de_instrugio, ainda que, indubitivelmente, exigisse um grande esférgo para manté-lo ¢ o investimento anual necessério fosse grande, a ins- truco no mais seria, sem divida, uma fonte de erescimento econdmico. Além disso, em se tratando de nivel baixo, 2 me- nos que se consiga elevé-lo, a instrucdo no poderi ser conside- rada uma fonte de crescimento, De resto, partindo-se de um nivel baixo, existem grandes possibilidades de se poder elevé-lo, Se o nivel fdsse clevado, substancialmente ¢ de maneira répida, entio, durante ése perfodo, a instrusao poderia ser conside- rada como uma significativa fonte de crescimento. -Além disso, sob estas condigdes, o acréscimo de um ano de colégio por ttabalhador acarreta’ uma elevacdo do cabedal de instrucio, forca de trabalho, muito maior do que representaria a adic de mais um ano de instruggo priméria, Nos Estados Unidos, atualmente, analisando como investimento, um ano de colégio usta eérea_de cinco vézes mais do que um ano de instrucao priméria, ‘Todas essas consideragées dizem respeito a elementos que afetam o cabedal de instrugio por trabalhador. Uma vez abandonada a hipstese relativa a establidade da expresso da {orga de trabalho, mesmo que a instruc3o por trabalhador per- maneca inalterada, qualquer acréscimo da forga de trabalho elevaria o cabedal total de instrugio e, neste caso, tornar-se-it uma fonte de crescimento econbmico. instrugzo adicional que eleva a produtividade e os salirios de 1%. A taxa bruta de rendimento, implicta, apesar da deprecia- a0 € da obsolescéncia, & entio, de 10%, simplesmente porque 1% de aumento, nos salérios de 4.500’ délares, significa 45 dolares, atingindo 0 mesmo valor a taxa de rendimento de 10% sobre o investimento de 450 délares. Estimativas ¢ Implicaroes. Duas liebes podem ser extra das dos estudos que tm sido, feitos, considerando a instrucio ‘como fonte de crescimento econdmico: no decorrer das wes ‘iltimas décadas, a instrucZo tem constituido uma fonte de crescimento maior do que 0 capital imobilizado, representado por estruturas, equipamento © patriménins, segundo avaliagdes fatuais; a outra ligdo relaciona-sc_com décadas anteriores © pos Tomo Mustragno da ariimetica do_creseimento, consTTen mos uma economia com uma taxa do. crescimento do 3%. Admitamos que a parcela de renda nacional, despendida com ‘© trabalho, seja de 75% e que a instrucio adicional, durante um ‘ano, aumenta a produtividade ¢ os salitios dos trabalhadores de 1%. A instrucao adicionaria, entdo, 0,75 de determinado grav de percentagem ao crescimento econémico, que representaria um quarto da taxa de crescimento total de 3% (teriamos, também, de considerar a instrucdo adicional representada por qualquer aumento ocorrido na forea de trabalho). Com relagao ao inves- timento, admitamos que os salirios reais, por trabalhador, sejam de 4.500 dlares, e 450 délares 0 custo do investimento na 102 teriores, Entre 1909 ¢ 1929, segundo se verd adiante, a ins- teugéo desempenhou um papel muito menos importante, no cerescimento, do que apis ésse periods. A perspectiva é de que a instruco continuaré a ser ume importante fonte de crescimento nas préximas duas décadas; mas, além désse perfo- do, nio haveri possibilidade de ser mantida a elevasio do cabedal de instrugio, no mesmo ritmo que tem caracterizado os iltimos decénios, ‘A répida elevacio da instruedo de -epresentantes da f6z¢a de trabalho, nos Estados Unidos, atingit um quinto do cresci- mento computado entre 1929 ¢ 1957. Os anos de escola, terminados, por pessoa, entre a férea de trabalho, elevaram-se de 8,41, em 1930, para 10,96, em 1957, o que representa uma taxa’ anual de 1%. © nimero de dias, de freqiiéneia escolar por ano, também cresceu rapidamente. Adaptando-se as altera- ‘ges quanto A média de freqiiéncia escolar didria, ¢ conside- rando-se 0 ano letivo de, 152 dias, ccm base em 1940, os equivalentes anos letivos terininados clevaram-se de 6,01 para 10,45, entre 1930 e 1957, o que representa uma taxa anual um pouco acima de 2% (19, Tabela 7). Para o periodo com- precndido entre 1930 ¢ 1960, Denison aponta um aumento de 34% no mfimero médio de anos letivos terminados, e, também, 34% para o mimero médio de dias de freqiiéncia escolar, por ‘ano letivo terminado. O produto désses dois desenvolvimentos acarretou um aumento de 79% no nimero total médio de dias de freqiiéncia escolar, 0 que constitui, também, uma taxa anual de crescimento ligciramente acima de’ 2% (90, Tabela 9). Atribuir & educacio trés quintos cas referidas diferencas de salirios, que correspondem a diferen:es niveis de constitui a mais grave e mais flagrante presungio que funda- menta 0 procedimento adotado por Denison. Os outros dois uintos, segundo se presume, $0 uma_conseqiié associagao de peculiaridades (90, Tabela 8). Seria bastante dizer que a sua concepcao atribui cérca de 21% do erescimento dos Estados Unidos, entre 1929 ¢ 1957, & 4 Paralelos histBricos, apresentados por Denison (90, Tabela 32), emprestam apoio is seguintes dedugdes, com respeito a ins trugto: > "que 33 © 40 bilhdes de délares, respectivamente, para valére 1) © subsidio da instrugao ao crescimento, entre 1909 e 1929, foi ligeiramente superior & metade do fornecido entre 1929 © 1957; 2) 0 erescimento estimado para 1960-80, devido a esta fonte, é ligciramente menor que o referente 20 periodo 1929-57; 3) a longo’ prazo, seré impossivel manter a taxa de crescimento do nivel de instruso atingido nas ulti- mas décadas; 4) entre 1909 € 1929, © capital imobilizado contribuiu para o crescimento, quase duas vézes mais do que 0 destinado & instrugio; mas, entre 1929 ¢ 1957, a con tribuigdo da instrugao supiantou a do capital imobil za Minha estimativa (19), de algum tempo atrés, referente ao periodo compreendido entre 1929 ¢ 1957, vai em apoio de Denison. A orientagio que adotei baseia-se em estimativas de investimentos na instrugio, em integrantes da fora de trabalho, € na taxa de rendimento resultante déstes investimentos, O pri- meiro, considerado como um volume de capital para cotagdes do dolar ‘de 1956, atingiu 180 bilhdes de délares, em 1930, ¢ 535 bithes de délares, em 1957. (Um simples reajuste ‘de tendéncia revela um volume de 173 bilhies de délates para 1929.) Assim, o aumento désse volume de capital, entee 1929 ¢ 1957, clevou-se a 362 bilhiGes de délares. Deve ser observado que essa orientago no atribui nenhum dos componentes do custo de instrugdo, da forea de trabalho, nem 2 presente nem = Na Tabela 32, sdbre as fontes de crescimento do_ produto nz cional real, lo atribui 23% da taxa de erescimento, entre 1929 € 1951, A educagio, E uma imagem grossa, uma vez que hd, entre. 95. suas “tontes", algumas de efeito nepativo; 2. sua percentagem postiva t Jiza 109, e & percentagem de 25, atnibuida & educagio, represents, por tanto, cfrea de 21% das fontes posiivas do crescimenio.economise, 104, as futuras despesas, Este custo é considerado como se consti tuisse, integral © exclusivamente, um investimento em salétios, futuros. Foram tentadas trés estimativas da taxa de rendimento, As duas menores taxas foram de 9 e 11% (19, Tabela 18) Aplicando estas duas taxas a0 aumento da dotagio de 362 bi- Indes de délares para a instrucdo, obtém-se um pouco menos do crescimento da renda nacional, decorrentes da instrucio, Caso 0 produto nacional tenha aumentado de 200 bilhées de dlares, * esta instrugao adicional da férsa de trabalho orca por 16,5 ou 20% do crescimento total, segundo tenha sido empregada a taxa de 9 ou 11%. Crescimento Motivado pela Pesquisa. A julgar pelas des- pesas anuais, metade das pesquisas bisicas, nos Estados Unidos, se processa no ambito das instituigées educacionais (138). Qual} 2 contribuigdo dessas pesquisas para 0 crescimento? Suponhiamos ‘que sejam consideradas como um investimento. Qual a taxa de rendimento? A difusfo de conhecimentos titcis, de importancia para a produsio agricola, tem sido ampla, durante as sltimas décadas, Tem sido elevado 0 rendimento na pesquisa agricola, notadamente para a pesquisa no Jimbito das universidades con- cessionirias de terras e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. ** Nao hd estimativas disponiveis, quanto ao rendimento, pata tddas as pesquisas bésieas, em curso nas uni- versidades.’ Em um nivel muito mais generalizado, Denison (90) atcibui algo mais que 18% do crescimento, entre 1929 ¢ 1957, ao progresso do conhecimento. Para abter esta estimativa, fle atcibui a esta fonte o resfduo nao-aproveitado, depois de levar em consideragdo todas as fontes que identificow e avaliou. Obviamente, 9 seu “avango do conhecimento” inclvi diversas fontes, em aditamento 2 pesquisa bisica, Com tudo isso, 2 crenca intuitiva, generalizada, de que a pesquisa bisica ¢ 0 fundamento de conhecimentos muito utcis, © de que i sua taxa de rendimento € elevada, constitui, presentemente, a melhor base, para decisbes, até que sejam conhecidos os métodos de avaliar essas contribuigées. * No ensaio “Education and Economic Growth” (19), as estima tivas do produto nacional liguido, que use, clevaram-se de” 150 4.303 buthoes de" dBles, na5_ pros de 1956, brseados nas eximativas de **” Ver Comissio Consultiva para a Cincia da Presidéacia, Science and Agrculuure: Agricultural Panel, 29 de. jancito de 1962. Exe- ‘cutive Otfice Building, “Washington, D. ‘C. {mimeografado). FORMAGKO DE CAPITAL PELA EDUCACKO Deduz-se, da argumentacio jé apresentada, que a instructo @ © progresso no conhecimento constituem importantes fontes de ento econdmico. E dbvio que niio sto fontes natuc rais; slo, essencialmente, produzidas pelo homem, 0 que signi- ica que envolvem economias e investimento. Investimento na strugio 6, atualmente, nos Estados Unidos, a maior fonte de capital humano, Por que insistir no conceito de capital humano? Néo sera suficiente analisar os totais investidos, 2 taxa (marginal) de rendimento ¢ os efeitos secundarios dessa espécie de investimen- to sobre o erescimento da renda nacional efetiva? Sob muitos aspectos, ésse método de andlise seria suficiente. Existem, con- tudo, alguns problemas com relagio ao comportamento de uma economia, sendo essencial que 0 conceito de capital humano tenha uma definigio. Para esclarecer éste ponto serd necessi- rio investigar quio desastrosa é a omissio do capital humano. Para éste efeito terei de repetir o argumento principal jé apre- sentado alhures (102). Um conccito de capital restrito a estruturas, equipamento de produgao ¢ patciménio, & extremamente limitado para estudar tanto o crescimento econdmico computével (renda nacional) como, o que é mais importante, t6das as conquistas, no bem- estar, geradas pelo progress ccondmico (0 que inelui, tam- bém, 05 prazeres que as pessoas encontram em maior lazer, no cerescente actimulo de bens duraveis, em posstit melhor satide € mais oducagio — tudo isto omitido em nossa atual estima tiva da renda nacional). Kuznets vé problema claramente, em uma passagem do seu mais recente e monumental estudo, quan- do observa que, para “o estudo do crescimento econsmico, brangendo largos periods, ¢ entre comunidades tio diferentes, © conceit de capital e de formardo de capital deveria sor am pliado, de forma a inciuir investimento para saiide, educagio ¢ adestramento da prépria populacao, isto é, investimento em sé- res humanos. Sob éste ponto de vista, 0 conceito de formagio de capital, aqui observado, & excessivamente limitado”. * Sd- Simon Kuznets, assesiorado por Elizabeth Jenks, Capital in the American Economy: lis Formation ond Financing, pig. 390. (Um es {do do Conselho Nacional de Pesquisa Econémica.) Princeton: Prin- ceton University Press, 1961 106 mente o leitor mais atilado, contudo, retceberd ¢ conservaré em mente essa limitagao, retirando dedugies das estimativas © descobertas de Kuznets. Constatar-se-4, apenas, a redusio do ritmo de formagio de determinados tipos de capital imobilizado. Mas éste fato nao deveri ser relacionado ao ritmo acclerado de formacio do capital humano nem 20 compasso uniforme do capital como um todo. Dessa forma, um conceit do capital restrito a estruturas, equipamentos de produgdo ¢ inventérios rode, imprudentemente, concentrar a atengGo em aspectos que nio so fundamentais ou cciticos para a compreensio do crescimerto econémico por lon- {gos perfodos. A preocupacio com a nftida tendéncia baixista da taxa désse tipo de investimento (formaggo do “capital” li quido imobilizado) para a renda nacional & um désses aspectos. Outro é a importincia que é atribuida a0 declinio da. participa- ‘do dessa espécie de capital na renda nacional, Nao hf neahu- mma razdo compuls6ria que impeca a oscilagao eventual do esto- que de qualquer tipo de capital ‘com relacgo & renda nacional Bens de producio — estruturas, equipamentos e inventiios — constituem um désses tipos. A constatagdo, no entanto, de que o investimento, nesta classe, vem declinando em compara- Go ao realizado nas habilidades humanes, adquiridas pelo en- sino pritico € nas escolas, ou por outros meios, sugere os maio- res problemas econdmicos: Qual o motivo dessa variagao? Te io as diferencas de rendimento motivado as decisées. respon. siveis por essas variagdes? Suponhamos, contudo, que se tenha observado, 0 que néo é o caso, que a proporcdo de todo capital, em relago A renda, tena declinado ow aumentado substancial- mente, Isto poderia constituir um valiosy argumento em favor das vantagens em adquirir ¢ conservar capital Ha, ainda, outra razdo para insisti-se quanto ao conccito do capital no ‘easo da instn bora a nogio de “ano letivo” seja til, para alguns objetivos linitados, no estudo da educagio, os anos de instrugio nao podem ser somados indife- rentemente. Somar anos de instrugio priméria com anos de educaeio mais clevada ¢ 0 mesmo que somar coisas to hete~ rogéncas como coclhes ¢ cavalos. Os fundos destinados & edu- cagio, para uma populagdo ou fora de trabalho, estimados, iinicamente, pelo valor de reposicio, ainda que sem qualquer deducio para depreciacio e obslescéncia correspondente i vida humana, ou aos seus anos de.qtividade, constituem muito me Ihor indice do nivel de instrigdo do que a contagem do nimero 107 de anos letivos, Em principio, os mesmos argumentos so apli- ccveis a subgrupos, por exemplo, engenheiros, quimicos, médi- os etc., ainda que, na pritica, o progresso mas avaliagdes seja ‘menor, porque, via de regra, um subgrupo é mais homogénco, ‘As conotagdes entre acréscimos a um volume de capital (acréscimos considerados como reserva de prosperidade) ¢ os acréscimos correspondents & capacidade de produgio sio extre- ‘mamente complicadas (31 ¢ 48), Coisas que diferem, inica- mente, em relagio & durabilidade podem apresentar diferencas ce valéres quanto & prosperidade, embora a sta capacidade de produggo anual seja a mesma em determinada data, O con- ceito de estoque, baseado no custo de reposigao, é ‘itil para algumas finalidades, apesar da sua aparente simplicidade. Quanto io ha muita coisa a comentar com relago ao fanta- sioso conceito que pretende no haver depreciacdo (menos plau- sivel, contudo, para a obsolescéncia) da instrusie que as pes- soas’adquirirem, desde que comecam a exercer as suas ativi- dades até que s¢ aposentam. Nao seria necessério dizer que hé outros conceitos diferentes e uma abundante literatura foc zando esta matéria, Bowman (31), em um exame, critica (8 diversos conceitos divergentes ¢ ‘relacionados com a ins- trucio. Um penetrante reflexo do progresso pode, instanténeamen- te, ocultar 20 observador o fato de que os fundos de educacto, de um pais, também so suscetiveis de diminuigio, Tal decli- nio, sem divida, ocorreu recentemente na Alemanha Oriental cm’ conseqiiéncia da grande evasio de renomados técnicos ¢ utras pessoas altamente qualificadas. Israel constitui um caso linico a éste respeito, porquanto, ali, 0 padrio de imigrantes, em certa época, aerescentou & populagao muitos elementos por- tadores de um elevado nivel de instrucio, 0 que foi seguido pela admissao de pessoas dotadas de muito menores conhecimentos do que 2 média da populagio existente, Os estudos de Grun- feld e Ben-Porath (41, pigs. 146-50), referentes a0 cabedal de instrucdo per capita, em Israel, mosteam que ha provas de tum declinio, iniciado em 1951, “que é justificado pelo afluxo de emigrantes, notadamente da’ Asia e da Africa”. Este dec rio prosseguiu por diversos anos, em ritmo moderado, para esta- bilizar-se pelo final da década, O cabedal de instrugio total, entretanto, clevou-se, durante éste periodo, a0 ritmo anual de cérca de 2,6%, porque o crescimento demogrifico compensou 108 com vantagem 0s resultados negativos do mencionado declinio da instruedo_ per capita. ‘Os Tundos educacionais, ‘da forga de trabalho, nos Estados Unidos, tém-se elevado ripidamente, aumentando, nas tltimas décadas, duas vézes mais do que a taxa anual de crescimento das “riquezas tangiveis reproduatveis” (102, pag. 6). As esti- mativas que se seguem sdo bascadas nas tabelas de pregos de 1956, para um ano letivo (71): Primério 280 délares Secundatio 1420" Universitirio 3300” Os fundos para a educacio per capita, da fOrga de tra- batho, elevaram-se de 2236 para 7555 délares (em délares de 1956) entre 1900 ¢ 1957. les dobraram entre 1950 ¢ 1957 (ver Tabela 3). © total computado para a instructo global dg forga de trabalho, por certo, clevou-se muito mais ripida- ‘mente, passando de 63 para 535 bilhdes de délares (em déla- es de 1956) entre 1900 © 1957 (71, Tabela 5) Segundo se verifiea pela Tabela 4, as estimativas da rique- za tangivel reproduzivel demonstram uma taxa anual de cres- cimento de 2% entre 1929 e 1957, ao paso que a relativa ao fundo de educagio da férca de trabalho foi de vigorosos 4% (402, pig. 6). TABELA 3. Cabedal de Tostrugio per copia, na FOrga de “Trabalho dos Estados’ Unidos, 1900-57, Referéncia 1940 | Custo do Ano | Fundo de Tnstrie ‘Ano Letivo Letivo Equi- | $80 a Mao-de- Come ee “Obra (por oncludo valente pins (por pessoa) | (délares de 1956) | (dotares de 1956) T @ g 540 36 563 2618 588 sor 1930 bis 3690 1940 650 4$:706 1950 690 31968 1957 ns 71555 Fonte: Baseada em estimativas eontidas em (9) € (71). 709" TABELA 4. Estimativas de Diversos Estoques de Capital e Taxas ‘Anuais de Aumento entre 1929 e 1957, nos Estados Unidos, em délares'd2 1956. ee ‘Taxa Ani ‘Taxa Anual |eada a 1957 de Cresci- | (2) x 3) 1929 19st | mento (2) | (btndes de (ilhose ee aélares) Aatares) =r 1 Riqueza o @ @) “ tangvet feproduzivet| 7271270 201 25s 2. Pond celueagao popular a7 ase 337 303 3. Fundo ducngio Sabra 173 sis 499 2g —seobra__|__173_ | sss J 4?) Nes Fontes: (102, Tabela. 0. Coluna 1: de Reymond W, Goldsmidy, Artndice Fatt Natsiel Wei of the Unled Stctes nthe Postwar Period, Tabla Re tjasads aos Golares de T9386. Cltado com permissto de Goldsmith Colunas 2 ¢ 3: do_ nosso ensaio “Education and Economie Growth’ em NB. Henty,, Sovial Forces Influencing American Education Chicago: Universiy’ of Chicago Press, 1961, Tabela 15. Com as esti- ‘natives de 1950 reduzidas em 3,37 © 41% respectivamente para repre Sentar as estimativas de. 1929 Ho ALOCACAO DE RECURSOS PARA EDUCACAO * Ricaroo Cinortt ‘Tradugio de Luiz Pereta Alocagio de Recursos aos “Setores Econbmicos” “Setores Sociais” aos © problema da competicJo pelos recursos totais da econ nia, entre 08 chamados “Sctores econbmicos” e “setores sociis € um dos mais espinhosos que a planificagio do desenvolvi mento enfrenta; © muitos dos aspectos que encerra reflotem-se izetamente na alocagio dos recursos do Setor Piiblico.** ‘A existéncia do problema provém do desconhecimento da ponderagio que numerosos fatdres tm na aceleragao do processo do desenvolvimento. “Recentemente tornou-se presente a tendéncia de conceder énfase 2 importincia do ‘capital humano’ no fomeato do desen- + On, Enfoque de la Planificaciin det Sector Pico, edi “Preliminar”, ‘mimeografads, Instituto Latino-Americano_ de Plantes gio Econdmica e Social, Santiago, 1966, pp. 140/4 ¢ 172/9. s* Embora_o presente trabalho esteja dirctamente ceferido 20 setor publico, suas’ formulagdes quase sempre tém um aleance mais feral, ‘Dera 0s servigos educacionais so. prestados majoritiriameate Pelo” stor pliblico, especialmente ‘os paises subJeseavolvidos. (Nols to Org.) 3

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