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NORMAS PARA PROJETOS DE DRENAGEM URBANA (Ante-Projeto) TRODUC AO © nosso objetivo ao apresentar éste Antes Projeto de Normas para Projetos de Drenagem Urbana, foi principalmente 0 de eriar condigdes para que os projetistas e os drgéos contratantes estabelecam entendimentos tanto no que se re- fere as exigéncias a serem cumpridas pelos pri meiros, como 20 exame em si do projeto, me- diante regras pré-estabetecidas. Na sua elaboragdo, nfo tivemos nem a pre- tensio de trazer conhecimentos novos sobre 0 assunto, nem a de estabelecer normas que pos- sam ser consideradas definitivas. Pel contrario, limitamo-nos a apresentar conceitos e processos de cAlculos habitualmente utilizados pela maioria dos profissionais que trabalham em drenagem urbana ¢ solicitamos critieas ¢ sugestées para melhord-los, Entretanto, em alguns capitulos, como o que trata das vazdes de contribuicdo, procurames abrir campo para emprégo futuro de processos de cAlculo mais refinados, embora Ostes requei- ram estudos metédicos e pacientes dos fendme- nos hidrolégicos, os quais, pelo menos em nossa terra, estao ainda quase todos por se realizar. Orientamos, também, éste trabalho no. sen- tido de se fixar valores para diversos coeficien- tes, visando 0 estabelecimento de discusses em térno déles. Estas discusses além de aprimo- rélos, permitirao que a experiéneia de diversos estudiosos do assunto se torae do conhecimen- to geral. 1 @ ERALIDADES, 1.1, As presentes normas s6 se aplicam a pro- Jetos de sistemas de drenagem urbanas de (*) Engenhelres da COPLANA — Consultoria @ Plunejamento de Hidraulien @ Saneamento, REVISTA DAE THIERRY CELSO DE REZENDY:(*) SERGIO BIANCONCINI bacias com area total nao 5 km superior a 1.2. Os sistemas de drenagem urbana oriundos de projetos claborados de acérdo com estas normas, 36 deveréo ser construldos em. reas urbanas com ruas pavimentadas. 1.3. Sao partes constitutivas de um sistema de drenagem urbana: guias, sarjetas, sarje- tes, bocas de lbbo, tubos de ligacdo, cal xas de ligagio, pocos de visita, galerias ¢ obras de lancamento, I, DEFINICOES IL. Guias Elementos de pedra ou concreto, eolocados entre 0 passeio e a via carracdvel, paralelamen- te ao eixo da rua e com sua face superior no mesmo nivel que 0 passcio. TL.2. Sarjetas Paixas da via carrogavel, paralelas e vizinhas as guias. A calha formada por elas e pelas guiss 6 @ receptora das agua pluvials que insi- dem sébre as vias ptiblicas e que para ela es- correm, 11.3. Sarjetdes Calhas localizadas nos eruzamentos de vias publieas, formadas pela sua propria pavimenta- clo e destinadas orientar o fluso das aguas que correm pelas sarjetas. If4. Bocas de Lobo Dispositivos localizades em pontos conventen- tes nas sarjetas para captaeao de aguas pluviais. 65 11.5. Gaterias Canalizagdes piblicas destinadas a conduzir as Aguas pluviais nelas lancadas através das bo- eas de lobo. 11,6. Tubos de Ligngio Canalizagies destinadas a conduzir as Aguas pluvials captadas nas béeas de 1dbo para as ga- lerias ou para os pocos de visita, IL7, Calxas de Ligagio Caixas de conereto ou alvenaria inseridas nas galerias para permitir a conexio destas com ‘os tubos de ligacio, 1.8. Pogos de Visita Dispositivos localizados em pontos convenien- tes do sistema de galerias para permitir: Mudange de direcao. Mudanca de declividade, Mudanca de diametro. Inspegio © limpeza das canalizacoes. 11.9. ‘Trechos Porgdes de galerias situadas entre dois po- gos de visita. IE.10. Obras de Lancamento Conjunto de dispositives e obras de protege dos trechos finals de galerias junto ao curso de Agua receptor. I. ELEMENTOS PARA PROJETO Para a elaboracdo de projetos de galerias is so necessarios os seguintes elementos: pluvi 11.1, Plantas Plantas topogeaticas da area em estudo e da bacia que a compreende, em escala 1:2000, com curvas de nivel de 2 em 2 metros, contendo o curso de Agua receptor. No caso da Grea para a qual seré elabora- do © projeto, nao atingir a 50% da drea da baci que @ compreende, sera permitida a apresenta- go, desta ltima em planta em escala 1:5.000 com curvas de nivel de 5 em 5 metros, 111.2. Nivelamento Geométrico Nivelamento geométrico das vias piiblicas, 66 com apresentagio de cotas em tados os pontos de cruzamentos ¢ de mudancas da directo e do geelde das vias pilblieas. 111,32. Urbantzagho Elementos relatives & urbanizagio da re- gio, com indicagio de Areas reservadas ao co. mércio, tipo de residéncias, porcentagem de ‘ocupacao dos lotes ¢ de Areas reservadas & re. creagio. Indicagio de ocupacio e recobrimento do solo das reas nfo urbanizadas, mas pertencen- tes A mesma bacia. I11.4. Curso dAgua Receptor Condigao do (ou dos) curso Cou cursos) d’é- gua que ira (que irdo) receber 0 (ou os) lan- gamento final, principalmente com Indicagoes de seus niveis d'dgua maximos, IV. ESTUDO DAS BACIAS DE CONTRIBUICAO © estudo das bacias de contribuicao deve conter: IV. Bacias ‘Marcacio dos divisores de aguas das diver- sas bacias. IV. Impermeabilizagio das Areas Sendo: rea impermeavel p= ‘area total a impermeabilidade superficial das diversas zonas que compéem a bacia podem ser classificadas nas seguintes categorias: 1, gonas comerciais contrais densa- mente construtdas P= 0,90 2. zonas com prédios de apartamen- to, eu ocupadas por edificios co- mereiais suburbanos .... + pm 0,70 3. zonas residenciais densamente construfdas, rvas na sua totalida- de pavimentadas ........ p = 050 4. zonas residencials com cérea de 60 @ 80% de area construida, ruas em grande parte pavimentadas 5. zonas residenciais suburbanas, com cérea de 40 a 50% de area cons- truida e algumas ruas pavimen- tadas veces P= 080 REVISTA DAE. 6. zonas residenciais suburbanas, com menos de 40% de area construfda e ruas de terra... ce B= OS 7. parques areas vazias bp = 005 As diversas areas devem ficar conveniente- mente assinaladas nas plantas, IV.3. Escoamento Superficial Indicago nas plantas por meio de setas do escoamento superficial natural através das vias publicas. V. TRACADO DA REDE DE GALERIAS V.1, Linas Gerais Para cada bacia, deve ser tragada, em plan ta, a réde de galerias, consoante 0 eseoamen- to superficial. A vazio minima para o trecho inicial de cada galeria deve corresponder a 100 I/seg. V.2, Escoamento através das Vias Pablicas Sera permitide 0 escoamento superficial pe- las vias pblicas desde que pavimentadas, até 0 limite maximo de 500 1/seg, A capacidade de escoamento através das ruas varia com sua Geclividade, de acérdo com a seguinte tabela: Declividade Capacidade (m/my (seg) 0,001, 60 0,002, 90 0,005, 150 0.007 160 0.010 200 0,015 250, 0,020 280 0,030 340 0,040 400 0,050 450 0,060 500 V.3, Béeas de Lébo ‘As bdcas de ldbo devem ser localizadas de maneira a nao permitir que o escoamento su- perficial fique indefinido, com a criagio de zonas mortas. V.4, Pocos de Visita Os pocos de visita devem atender as mu- dangas de diregdo de didmetro © de declividade, REVISTA DAK. & coleta das Aguas das bécas de I6bo, ao entro- camento das diversas galerias e a0 afastamento maximo de 100 metros. V5. Caixas de Ligacio Deve ser evitada a chegada em um mesmo poco de visita de mais de quatro tubulacées. Para tanto, serdo empregadas caixas de ligacdo Inseridas nas galerias. 86 seré permitida a cons- trugio de uma ainica caixa de ligagio entre dois pocos de visita, VI. CALCULO DAS VAZOES V1.1, Processos de Calculo Em principle, 0 eateulo das vazdes para as quais serdo dimensionadas as galerias deverd ser feito pelo método racional. Entretanto, desde que devidamente justificados, poderéo ser utile zados outros proeessos, como os baseados em fluviogramas sintéticos. VL.2. Aplicagio do Métode Racional VL.2.1, Formula Goral ‘As vazies de dimensionamento em cada sec+ flo serao caleuladas pela expresso: Qemcart Q = vari "| = coefielente de escoamento superficial da zona j, de porcentagem de impermeabili- zacio pj e area Aj. i = intensidade éa chuva eritica. VI.2.2. Coeficiente de Escoamento Superticial Admite-se que para cada zona j, 0 seu coeticiente de escoamento superficial varie de acdrdo com a expresso (Formula de Horner) Cy = 0,364 log te + 0,082 pj - 0145 onde p; j4 fol definido e t. 6 0 tempo de con- centragio em minutos da zona i VI.2.3. Intensidade de Chuvas Criticas No célculo das intensidades da chuva critica, deverio ser usadas expresses relacionando in- tensidade com duragio ¢ freqiléncia, determi nadas para a regio para a qual esta sendo o elaborado 0 projeto, Para as regiées que nio disponham déste estudo, permite-se a utilizacio de dados de outras que tenham caracteristicas semelhantes ¢ precipitagdes médias anuais apro- ximadamente iguais. Para as regides que disponham dos estudos mencionados acima, © periodo de retorno a ser utllizado na aplicagéo das equacées relacionan- do intensidade, duracdo e freqtiéneia 6 de 5 anos. Para as regides que nfo disponham desses ele- mentos, 0 periode de retorno passa a ser de 10 anos, Quanto ae tempo de duragio da chuva eri- tica, deve ser tomado como sendo igual ao tempo de concentragao da secgio para a qual esti sendo caleulada a vazio. VI.2.4, ‘Tempo de Coneentragio © tempo de concentracéo para uma deter- minada seccfio @ composto de duas parcelas: oat te onde: te = tempo de concentracio. ts = tempo de escoamento superficial. te = tempo de escoamento através das galerias. Na falta de dados locais para a fixacio do valor de t, sera adotado para éle o valor de 10 minutos, Desde que o tempo de escoamento através da galeria de maior percurso da bacia nfo ul- trapasse 10 minutos, seré permitido fixer-se um tempo de concentracéo tnico para téda a bacia que, entao, tera por valor: te wee tS VI.2.5. Bfeito de Dispersdio das Chuvas Para as regides que possuam estudos dessa natureza, serd permitida a sua utilizacio no cdteulo das vaz5es de projeto. Para as regiées que nao disponham disses elementos, sera permitide que se leve em conta, ésse fator mediante a aplicacto de métodos ba- seados na expressio de Frithling: i= 3, G ~ 0,009 DY i, = precipitacio no ponto P, (ponto de preci- pitagio maxima). i = precipitagio no ponto P, situado a uma dis- tanela D (em metros) de Py, oe VII. DIMENSIONAMENTO DAS GALERIAS VIL.2. Didmetro Minimo © didmetro minimo das galerias sera de 0,50 m e dos tubos de ligacao de 0,30 m. VU.2. Alturas da Lamina d’Agua As galerias serao projetadas de forma que a altura da lamina d'égua nao ultrapasse a 90% do seu diametro. VIL.3. Recobrimento Para o emprégo de tubulagoes sem estrutura especial, 0 recobrimento minimo sera de 1,00 m. Quando, por imposigéo da topogratia, éste limite ndo puder ser atendido, haveré necessidade do emprégo de tubulagdes especialmente dimensio- nadas do ponto de vista estrutural VIL.4, Limites de Velocidade Os limites de velocidade, para as condigdes de vazdo maxima, sio os seguintes: — limite inferior: = 08 m/seg. — limite superi V = 50 m/seg. VIL.5. Degraus Quando se verificar 0 aumento de dlametro de um trecho para outro, no pogo de visita cor- respondente, a geratriz inferior do maior deve ser rebaixada de uma altura igual & diferenca entre os diametros dos dois tubos, ‘VUL6, Capaeidade das Galerias VIL6.1. Galerias de Seegio Cireular Quando nao fér verificada a capacidade ma- xima de vazio das galerias de seccdo circular em funcao das condigdes hidréulicas que lml- tam a vazio que poderd entrar na tubulagao, sero as seguintes as suas capacidades maximas: Ditmetro Capacidade (mp arses) 0.50 250 0.60 400 0.70 600 0.80 8300 0,90 1.100 1,00 1.450 110 1.850 20 2.300 REVISTA DAE. VIL.6.2. Galerias de Seegdo Retangular Quando nao for verifieada a capacidade mé- xima de vazio das galerias de seccao retangu- Jar, em fungdo das condigbes hidraulicas que limitam a vazio que poderé entrar na galeria, esta ‘ltima deveré ter altura livre superior a correspondente & altura critica para a vazio maxima que devera veicular, VIL.7, C&teulos Hidraulicas Serdo feitos fela formula de Chézy: Q-c.s Ra Q = vazio. S = seceio molhada Ry = ralo hidralieo. i = decilvidade. © = coeficiente de Chézy, que deverd ser cal- culada pela formula de Ganguillet Kutter, com n = 0,013 (coeficiente que depende das paredes do Conduto) VII, APRESENTAGAO DO PROJETO © projeto deverd constar dos seguintes ele- mento: ‘VIIL.1. Memorial Deserit Soluedes Adotadas, 0 © Justifieative das VIIL2. Plantas Plantas em escala 1:2.000 da area em estu- do, contendo além dos elementos ja menciona- dos nos itens anteriores, os seguintes: divisio de bacias; b, divisio em zonas de diferentes imper- meabilidades; ©. indieacéo do escoamento superficial por melo de setas @ dos sarjetdes: a, tragado da réde de galerias, com pogos de visita, béeas de lébo @ caitas de li- gacio; fe, Indieagao em cada trecho de galeria do seu comprimento, diametro, declividade © profundidades & montante e jusante; f. cotas do tampio e do tundo do pogo de visita; REVISTA DAE Observacdes da Galeria Capa- cidade a Mon- tante Cotas do ‘Terreno| Cotas da Galeria Mon- Juzante tante Vario cea Compri mento ‘Trecho Modélo para apresentacio dow Cét g. delimitacio da Area de contribuigso de cada poco de visita VIL.3. Estudo de bacias Caso 0 projetista, julge conveniente, os ele- mentos acima podem ser lancados em duas vias, das plantas em escala 1:2,000. Neste caso, a primeira via deve conter os elementos relati- ‘vos ao estudo de bacias de contribuigo e mais 9 tracado da réde de galerias. A segunda via deve conter apenas o tracado das galerlas, as bcas de lobo, os pogos de visita e tédas as indi- cagées relativas a cotas, seecdes transversais, comprimentos © declividades. VII4, Tabelas Devem ser apresentadas tabelas relativas a0 caleulo hidraulico das galerias, de acdrdo com 0 modélo anexo. VIII5. Numeracie das Galerias A mumeragio das galerias deve obedecer 0 seguinte eritério: a galeria prineipal de una ba- cia teré sempre o numero 1; cada trecho reee- bera um numero adicional e que aumenta no sentido de montante para jusante, sendo sempre 1 0 ndmero do trecho inicial. As galerlas que contribuem para a principal seréo numeradas a medida que nela chegam, no sentido de mon- tante para jusante, 0 ao. BIBLIOGAFIA RIBEIRO, George — Acerea do tempo de con- centraedo. Revista do Chub de Engenharia, he 290, outubro de 1955. RIBEIRO, George — Acérea do célculo da va~ 2ho de obras darte. Revista do Club de En- genharla, no 204, fevereito de 1961, Manual da ‘Téenica de Buelres ¢ Drenos, ARMCO — Industrial e Comercial S/A. 1942, ALCANTARA, Ulysses M.A. de — A vazto do Rio Rinna. ‘Trabalho apresentado no II Congresso Brasileiro ae Engenharia Sani- aria — 1088, ALCANTARA, Ulysses M, A. de — Roteiro para o projeto de galerias pluvials de seceio circular. Revista. de Engenharia. Sanitdria, no 4, junho de 1962. Projeto © Construcio de Esgotos Sanitaris ¢ Pluviais, Publleado pela USAID — 1967, Normas @ Especifieagses para a Elaberacde de Projetos de Esgotos Senitarios para a Area Metropolitana da Capital de Sio Paulo — 1960, GARCEZ, Lucas Nogueira — Hidrologia. Eal- tora Blucher Ltda, — 1967. YASSUDA, B. R, — Hidrologin. Curso da Fa- culdade de Higiene © Sade Publica de Sao Paulo — 193s. OLIVEIRA, Francisco Maia de — Drenagem de esiradas. Boletim Técnico no 5 da Asso claedo Rodoviaria do Brasil — 1947. REVISTA DAR.

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