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A SERRA DO MAR E A PRESERVACAO DE SUAS VERTENTES 1, INTRODUCAO, A Serra do Mar consttui, desde 0 norte de Senta Catarina ao sul do Espirito Santo, uma grande borda escarpada do Planalto Atlintico. Voltada para o mar, aptesenta-se entalhada em terrenos do embasamento pré-cambriano, estruturalmente influenciada por eon- tatos litol6gicos diferenciados € por acidentes de origem tectonica. E portanto um compartimento geo-topo-mor- foldgico distinto, formado por conjuntos de vertentes escarpadas que separam o planalto, drenado pelas bacias fluviais Parand-Paratba, das planicies, has e suas respecti- vas faixas litorineas. Tais planicies, denominadas (Silve ra, 1952) de baixadas litordneas quentes e tmidas, sfo centremeadas de macigos € morras isolados costeiros © drenadas pelos curtos rios encachoeirados 0 descerem as escarpas para o Atlantico. Planicie ¢ litoral formam suas areas costeiras; com as escarpas, compoem um sis- ‘ema inseparivel, de conexdes complexas ¢ inter-relagdes ‘que devem ser obrigatoriamente consideradas nos levan- tamentos ¢ projets para utlizagdo de seus espagos. Seria impossivel citar todos os autores que, nos mais diversos enfoques geogréficos, estudaram a serra do Mar. Dentre os muitos a focalizar a Serra sob seus as- pectos geomorfoldgicos, Ab’ Saber (1962) colocs-a como 0 mais notavel e extenso acidente geomérfico da porgao sul-oriental do Escudo Brasileiro, assim como de toda 2 fachada atlantica oriental do continen- te sul americano. Almeida (1975), dentre outros, expli- a sua origem no recuo da primitiva Serra do Mare — (© Professor Adjunto ~ Departamento de Geografia FFLCH - USP OLGA CRUZ (*) subsidéncia da bacia de Santos na plataforma continen- tal submarina, Os mecsnismos de flexura continental (Boucart, 1949) tém sido invocados por diversos autores, sobretudo Suguio & Martin (1978), para explicar seus setores de emersfo e submersdo, A partir desses setores, 4 serra apresenta compartimentos. topo-morfol6gicos diferenciados ac longo das areas costeiras do Sudeste ¢ parte do Sul Brasileiros anaisados, como por exemplo, entre outros autores, no Parand (Mack, 1968 e 1972; Bi garella,1978;Pianaro, 1982) ou no Estado do Rio (Mar- tonne, 1940; Ruellan, 194;Lamego, 1963;Meis & Silva, 1968;Muche, 1982).0 Quaterndrio de suas planicies tem sido ultimamente estudado, datadie mapeado por Suguio & Martin (op. cit.) e Martin & Suguio (1986). Sob o aspecto histrico © econdmico-social, a serra tem sido uma bartera a oferecerobsticulos nas rlae6es planalto- ‘reas costeiras. Por sua vez, em algumas éreas, a ocupa- ¢40 urbana desordenada e a poluigéo industrial tém causado séros problemas manutengo de suasencostas. 2. A SERRA DO MAR NO ESTADO DE SAO PAULO. [Nio poderiamos citar aqui todos 0s autores que, nna década atual, vieram contribuir ¢ aumentar conside- ravelmente o volume bibliogréfico sobre os problemas geo-ambientais da Serra do Mar no Estado de Sao Paulo, demonstrando especial interesse na preservagdo dessas areas escarpadas. Neste Estado, a serra € quase continua, intertompida no entanto pela dissecagd0 da bacia do Ribeira de Iguape, 20 aproveitar linhas estruturais no ‘loco tecténico costeiro, entre elas o falhamento de Cubatiéo (Coutinho, 1971); Sadowski, 1974; Hasui et ali, 1977), Tornase entéo fragmentada em macigos ‘costeirs, entre os quais o da Juréia (Tarifa et alii, 1984) € 0 do Cardoso (Noffs & Nofis, 1982; Domingues & Pfeifer, 1985), com altitudes de até 814 me em morros ‘mamelonados mais rebaixados em meio a0 grande conjunto das planicies lagunares de Cananéia-Tguape (Cruz, 1966a; Tessler & Furtado, 1983). Retoma sua posigdo costeira no macigo de Itatinsserra de Peruibe ‘em altitudes de até 1.240m e continua ao cireundar as, baixadas de Itanhaém ¢ Santos (Azevedo, coord., 1965; Cruz, 1966b; Batres, 1978; Machado, 1979; Baccaro, 1982; Domingues, 1983, Cardoso & Ferreira, 1985). Continua a retaguarda das de Guaryjé (Modenesi, 1969; Carvalho, 1984), Bertioga, Guaratuba € Boracéia © ‘comanda os contornos da faixa litordnea nas diregdes estruturais mais evidentes de SW-NE e WSW-ENE. Ora atinge altitudes de até 1.182m em picos e topos mais elevados, ota rebaixase em reas mais uniformes pla- ndlticas, gr0ss0 modo de 700 a 900m. 21. Area costeira do “Litoral Norte” ‘A partir dos morros litoréneos do Itagu, Bora- fia ¢ Una, a costa inflete para leste e sudeste e a com- ppartimentacio geolbgica, por falhamentos e ocorréncias litol6gicas diversas no embasamento pré-cambriano do conjunto das rochas migméticas-entissico-graniticas, realga as escarpas voltadas para sul-sudeste e as aproxima «do mar. Pequenas planicies costeiras alojam-se por entre 15 espordes longos ¢ escalonados; estes mergulham no mar em altos costes e costeiras (Ab’ Saber, op. cit.), sobretudo nas éreas em toro do canal de Sao Sebastifo. 0 planalto rebaixa-se af a 640-700m, enquanto picos de corpos alcalinos na ilha de Sao Sebastido atingem até 1.202m. Neste denominado “Litoral Norte”, a serra, a baixada e 2 enseada de Caraguatatuba formam um con- junto costeiro mais amplo, voltado para leste, enquanto 2 faixa litordnea segue a diresdo norte ¢ os interflavios em espordes dispdem-se em boa parte na diregso WSW- ENE. Porém, retornam a posigdo SW-NE a partir do es- pigio do Camburu (Cruz, 1974; Freitas, 1976; IPT, 1981) assim prevalecendo até Ubatuba-Ubatumirim Picin- guaba, Neste Gltimo setor, as escarpas apresentam-se intercaladas por rias, sacos e enseadas profundas que também vao determinar 0 contomo sinuoso sul-sudeste da bafa da Ilha Grande no Estado do Rio. 3, DINAMICA NATURAL E ANTROPOGENICA DOS PROCESSOS GEOMORFOLOGICOS E EVOLUGAO GEOMORFOLOGICA NA AREA DE CARAGUATATUBA [As vertentes escarpadas da Serra do Mar e respecti- vas planicies costeiras tém sido por n6s mais estudadas nna drea de Caraguatatuba ¢ arredores (Cruz, 1974, 1975, 1982). Apresentam no seu conjunto fortes amplitudes topogréficas, no aprofundamento de seus vales drenados pela farta drenagem atlintica, e altas declividades, na maioria acima de 22° (Cruz, op. cit., 1975). Nas altas-médias vertentes, seus recuos, pela atua- fo geomorfogénica, sfo guiados sobretudo pela nature- za das roches, mais profundamente intemperizadas nos seus contatos e nas zonas de manifestagGes tectOnicas Isto faz interiorizar as bacias de captay20 ou recepedo € criam, nos altos da serra, amplos anfiteatros com vertentes retiineas ingremes, solos pouco desenvolvi- dos e grandes paredOes com afloramentos rochosos. Desenvolve-se af uma densa rede de canais pluviais sob floresta, 0s quais véo concentrarse mais a jusante nos nichos de nascentes, juntarse &s éguas subsuperficiais abaixo da serrapilheira ou da camada himica dos solos 1980s (Cruz, op. cit., 1982) tendencialmente arenosos, € 208 afloramentos dos leng6is freéticos, dando inicio nto aos canais fluvias. Tais vertentes retilineas, com muitas corredeiras e cachoeira, si0 quebradas freqien- temente por rupturas de dectives em rampas, colos € ppatamares, onde solos mais espessos © mais vulneréveis 208 escorregamentos, tipo latossblicos, podem desen- volverse. Os interflivios dos espordes descem ingremes, escalonados em rampas e patamares e em topos de cristas abruptas ou levemente convexizadas (fig.1) Nas médias-baixas vertentes, 08 topos tendem a mamelonizagio; soleiras rochosas com corredeiras fechiam os vales em alvéolos e pequenas planicies alveo- lares, quase sempre entulhados de colivio ¢ de taludes de detritos provenientes de materiais de escorregamen- tos anteriores. As rampas de desgaste, ajudando o fecha- mento dos vales, slo reas de passagem e concentragdo de drenagem e materiais de escorregamento, antes de se expandirem em leques coluviais ou taludes de detritos a0 chegar a planicie (fig. 1). Os alvéolos tornamse cada vez maiores a jusante quanto mais desenvolvidos os rectos de suas vertentes, até, coalescentes, se abrirern nas planicies costeiras. AA planicie costeira 6 formada, em funglo da varia- ‘¢40 espacial-temporal do nivel do mar, por depésitos pleistocénicos da transgressfo Cananéia, com idades su- periores a 6,000 anos BP e da transgressdo Santos holo- cénica, com idade de 2.750 + 130 anos BP (Suguio & Martin, op. cit., 1978). Apresenta diferentes niveis de terragos em feixes de restingas arenosas soldadas 20 continente. So recobertos, na maior parte das vezes, a montante, por terrenos.alivio-coluviais, por solos ‘orginicos em depressdes (Queiroz Neto, 1965); Navarra, 1982) e, nos sopés das escarpas, pelos taludes de detri-, tos. Estes, por sua vez, formados por materiais hetero- ESQUEMA TOPO-MORFOLOGICO DE ESCARPAS DA SERRA DO MAR EM. CARAGUATATUBA - SP LEGENDA JOPOGRAFIAE MORFOLOGIA Borda 40 planaito Colo Topo em cristo Potomar Attitudes on 700 ¢ 800m Baixo Cota de altiuse Ruptura dective forte Rompe de acober'a 4 ZL oe 3 Guus &% ut ‘ e/ * 7 rane EScALa ‘ : 2 pe tt arr Contato anguloso entre beisas vartentes ¢ boisade (UAW Contoto céneave entre boisas vartentes @ beixoda er" Rebordo de talude de detritos NIDROGRAFIA Drenagam fluviol ¢ pluvial GOES SEDIMENTARES Solos aluviais 9 rigmatito Fig EXTRAIDO OA CARTA GEOMORFOLOGICA (cruz, 1374) Deseo Kedhgues 06 ‘géne0s, inctuindo grendes blocos rochosos, so oriundos do escoamento pluvialfluvial em enxurradas e dos movimentos de massa ao longo da evolugéo temporal das escarpas. Ovorrem em geral descontinuos nas reen- trancias dos pés-de-serra, estdo ligados as rampas de des- gaste, & drenagem fluvial na passagem das vertentes es- carpadas para a planicie e tém sido em parte dissecados, as vezes destruidos, ou mesmo recobertos por materiais mais recentes ¢ atuais, provenientes das iltimas fases de escorregamentos © de corridas de lama em avalanche Em quase todos esses terrenos, a mata atlantica e a de “jundu” tém sido derrubadas para atividades de horti- cultura e de produgéo de banana, quando ainda nao utilizados para loteamentos de areas urbanas, indus- trials e de lazer. E fundamental, na evolugdo das vertentes escar- padas dg Serra do Mar, além da predominancia de fortes declividaties (Ogawa, 1983) 0 entendimento da influén cia dos lengéis fredticos, assim como da espessura ¢ do srau de pedogénese e de alteragdo dos substrato rochoso na atuago dos processos geomorfol6gicos em profun- didade e em superficie. Em profundidade, tanto os materiais parcialmente alterados conservando a estrutura da rocha-mie, como (8 poucos alterados e quase s40s, oferecem uma gama de sraus de alteragao, a partir dos quais os lencéis fredticos se instalam, Perfis de sondagens efetuadas nas escarpas da serra de Caraguatatuba (CESP, 1968, apud Cruz, 1974) demonstraram uma grande espessura, 1) da rocha parcialmente alterada, 2) dos blocos rochosos também em parte alterados nas zonas de lineages, xistosidades, contatos e outras manifestagdes lito-tectOnicas e, por fim, 3) da rocha quase sé, a profundidades de até 80 metros. Nessa sucessdo de materiais, 0 lengol fredtico varia de profundidade de acordo com as variagGes plu viomeétricas sazonais e didrias, satura os materiais na zona da rocha parcialmente alterada que conserva a sua estrutura rochosa ¢ podem situar-se no contato entze ela © a zona pouco ou ainda menos alterada, (fig. 2) Outros perfis de sondagem (Petrobrés, 1969), na serra de Sd0 Sebastiio, revelaram espessuras extremamente variadas da zona de alteragdo que conserva a estrutu- a rochosa, de alguns centimetros a 30 metros. E esta 4 camada que contém os lengtis fredticos portanto @ mals expressiva quanto aos escorregamentos em pprancha, em grandes amplitudes topograficas, nas es: carpas da Serra do Mar. Ela quase desaparece nas altas vertentes retilineas, mas se espessa nas altas-médias en- costas em vertentes levemente convexas e, dependendo da natureza da rocha, deve ser 0 eixo em torno do qual determinados tipos de movimentos de massa, tas como 05 delizamentos ou escorregamentos translacionais ou em prancha, ocorrem, Apés escorregarem nas vertentes, que, de conve: x85 passam entio a cdncavas ou retilineas, os materiais hheterogeneos vio canalizar-se nas calhas fuvi mes, descem como avalanche, carregam solos, vegeta ¢0, blocos, desventram materiais alterados e taludes de detritos mais antigos e vio esparramar-se na planicie (Filfaro, et aii, 1976). Muitas vezes, os materiais menos pesados e mais finos chegam até as praias pelos rios PERFIL ESQUEMATICO DE UM ESCORREGAMENTO Org. OLGA CRUZ Des.. Helio Rodrigues /86 Material pedogeneizodo Moterial parc. alterado Rocho pouco olterada . Limite ‘do material Ser_escorregado - rono lengol freotico Fig.2 através da planicie e vio forrar os fundos das enseadas, contribuindo para formagdo de novas restingas € para a dindmica litordnea local (Modenesi, Tessier, Cruz & Coimbra, 1983; Cruz, Suguio & Eichler, 1985). Em superficie, os materiais totalmente alterados ¢ (0 colivios podem dar origem a movimentos lentos de rastejo por gravidade e pelo escoamento superficial- subsuperfcial, ou mais répios de solifluxéo, ou peque- nas corridas de lama e mesmo escostegamentos rotacio- nais, Ambos so pedogeneizados € so insepardveis da vvegetacdo e da trama de suas raizes (Ploey & Cruz, 1979), Por isto mesmo, em areas escarpadas sobretudo em bacias de captardo e nichos de nascentes ou em setores de altas declividades, o sistema solo-vegetacdo nao deve- ria ser perturbado de forma alguma por desmatamentos, loteamentos e agdes poluidoras, como por exemplo, por ventos poluidores (Oliveira & Sagula, 1985), So mate- riais superficiais, em equilfbrio precdrio nas vertentes escarpadas, até que um limiar € atingido, quando a forga de cisalhamento e arrasto possa superar a de sua coeséo. Quando tais materiais superficisis sobretudo 0s de tipo latossblico, se espessam nos patamares ou em depress6es, a esses também podem estar vinculados escorregamentos ‘de menores amplitudes topogréficas, de tipo rotacional Porém, podem passar a escorregamentos tipo prancha ou translacionais quando muda @ topografia e/ou nos ‘eventos de grande magnitude mais rar. Durante 0 ano, as encostas escarpadas sio quase constantemente atingidas.por elevada umidade relativa do ar, com neblinas, chuviscos e chuvas, provenientes cde massas Gmidas ocednicas e passagens de frentes po- lares (Monteiro, 1973; Conti, 1975). Foi 0 que cons- {atamos a partir de dados meteorol6gicos (Light, perio- do. 1928-1968) desde Santos ao Rio de Janeiro (Cruz, op. cit, 1974). As chuvas, menos frequentes no inverno, alcangam médias anuais, geralmente altas como 4.000 a 4500 mm em Cubatio e Itapanhai. Sao os epis6dios de passigem das frentes © que podem dar origem a chuvas intensas, prolongadas ou sucessvas, alcangando do muito raro 100 mm e, embora raramente, até mesmo 400-450 mm ou mais num s6 dia. Ora, nos ver®es muito timidos, os materais jé encharcados e os leng6is freéticos dinamizam-se mais facilmente, to logo tais forgas de “input” ocasionadas pelos epis6dios chuvosos, venham criar situagOes limiares, a partir das quais eventos de movimentagdo de massas ocorrem. Isto pode acontecer sobretudo nas vertentes escarpadas mais expostas as passagens de frentes atmosfrica, és vezes ai semi-estacionérias. E claro que conforme muito bem salienta Ab’ Saber (1985), “chuvas de igual inten- sidade t#m conseqiéncias diferentes conforme seja a a3 constituigdo ¢ 0 fator erodibilidade de cada setor da serraria considerada’ Desta maneira, pode-se entender como os sistemas naturais das escarpas da Serra do Mar so altamente sen- siveis aos processos erosivos. Estes sfo provocados, além dos fatores climsticos (Guidicini & Iwasa, 1976), por um conjunto de agdes das Aguas de infiltragzo, freéticas, pluviais, fluviis, do comprimento, forma e declividade ddas vertentes, dos processos de intemperismo-pedogénese acentuados, da estrutura das rochas e sua tectOnica re cente (Filfaro & Pongano, 1974) e das ages e pressOes poluidoras que o homem exerce. Por exemplo, os escoa- rmentos pluvial superficial e sub-superficial apresentamse volumasos, dependendo do tipo de material no qual eles agem, no caso da floresta composta de diversos andares de vegetagdo, incluindo as formagdes herbaceas proteto- ras da serrapilheira e da camada superficial hiimica do solo, Mas nada ou pouco transportam, Basta porém re- tirar as herbéceas ¢ a serrapilheira para que 0 escoamen- to pluvialinicie um transporte erosivo bem mais expres- sivo, Este foi um dos resultados de nossas pesquisas (Cruz, op. cit., 1982), quando, durante quase 3 anos, ‘examinamos & medimos as coletas de guas pluviais & (0 miateriais de arrasto e em suspensio de tés vertentes ‘em situagdo de vegetago diferenciada num dos vales da serra de Caraguatatuba, Em concluséo, ndo s6 a derrubada-de drvores nas cescarpas pode levar a reativagdo de processo erosivos; também a eliminagdo das formagdes herbaceas ¢ da serrapilheira sob a floresta favorece a maior aga do escoamento pluvial e, portanto, uma accleragao do carreamento dos materiais superficiais em direcZo aos rios e planicies. Portanto, tudo tem levado ao entendimento de que qualquer tipo de ocupagdo e de atividade antro- pogénica nas reas escarpadas da Serra do Mar pode provocar a acelerago dos processos naturais. Estes existem e ocorrem, mesmo em vertentes florestadas de parques € reservas, atingidos por eventos excepcio- nais de alta magnitude. Mas, tais acontecimentos podem tomnar-se freqiientes ¢ danosos em setores mais expos- tos, quando os processos naturais so violentamente dinamizados ¢ acelerados If onde forgas de energia € massa, vinculadas a ages humanas, desorganizam os sistemas naturais em dreas escarpadas, j4 por si mesmos frdges ede alta sensibilidade erosiva Se 0 capacitado trabalho do CONDEPHAAT ¢ 0 conseqilente tombamento da serra no Estado de Si0 Paulo vier a ser verdadeiramente respeitado, @ reor- ganizaco ¢ preservacio do complexo escarpado flo- testado serd possivel. E lé, onde exatamente as con- digdes naturais ¢ 2 estabilidade das vertentes s40 to sensiveis a uma maior dinamizaggo de seus provessos erosivos, que se torna necessariamente urgente @ sua preservacao, a fim de evitar muitos problemas, inclu- sive 0 de agoreamento dos rios, canais, manguezais, pportos e complexos habitacionais-industriais na ple nicie, Isto sem falar na conservagdo de suas éreas verdes de majestosa beleza. BIBLIOGRAFIA |AB' SABER, A. N.. ~ 1962 ~ A Serra do Mar eo Litoral de San- tos, Not. Geomor.,$(9/10}:70-77. AB’ SABER, A. N. ~ 1985 ~ A gestfo do espago natural (relem- ‘brando Careguatatuba ~ 1967 ~ para compreender Cubatéo = 1985). Rev. Arquitetura e Urbanismo, 1 (3):9093, ALMEIDA, F. F. M. ~ 1975 — The systems of rifts bordering the Santos basin. An, Acad. Bras. Cnc. 48 (supl.: 15-2, AZEVEDO, A. de (coord.) ~ 1965 ~ A Baixeda Santista, As. ppectos geogrificos. 4 vo., Ed. USP. BACCARO, C. A. 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