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PARTE II Os Primordios da Administragao & Introdugao @ Teoria Geral da Administrag&o «IDALBEATO CHAVENATO A HISTORIA DA ADMINISTRAGAO £ RECENTE. Ela € um produto tipico do século XX. Na ver- dade, a AdministracZo tem pouco mais de cem anos € constitui o resultado histérico e integrado da con- tribuigSo cumulativa de varios precursores,filésofos, fisicos, economistas,estadistas e empresirios que, no decorrer dos tempos, foram, cada qual em seu cam- po de atividades, desenvolvendo e divulgando suas obras e teorias. Por isso, a moderna Administragao utiliza conceitos ¢ principios empregados nas Ciénci- as Mateméticas (inclusive a Estatstica), nas Ciéncias Haianas (como Psicologia, Sociologia, Biologia, Educagio ete.), nas Ciéncias Fisicas (como Fisica, Quimica etc,), como também no Direito, na Enge- haria, na Tecnologia da Informagio etc. Referéncias pré-hist6ricas acerca das magnificas construgées erigidas durante a Antigilidade no Egi- to, na Mesopotamia, na Assfria testemunharam a existéncia em épocas remotas de dirigentes capazes de planejar ¢ guiar os esforcos de milhares de traba~ Ihadores em monumentais obras que perduram até 10808 dias, como as piramides do Egito. Os papiros egipcios atribuidos & época de 1300 a.C. jé indicam a importancia da organizacio e da administracio da burocracia paiblica no Antigo Egito. Na China, as pardbolas de Confiicio sugerem praticas para a boa administracéo piblica. ‘Apesar dos progressos no conhecimento huma- no, a chamada Ciéncia da Administragdo somente ssurgiu no despontar do inicio do século XX. ATGA € uma érea nova e recente do conhecimento huma- no, Para que ela surgisse foram necessérios séculos de preparacio e antecedentes hist6ricos capazes de permitir e viabilizar as condig6es indispensaveis a0 seu aparecimento. [Referencias Bibliograficas 1. Bxodo, cap. 18, ¥. 1327 2. Pradip N. Khandwalla, The Design of Organizat- ons, Nova York, Harcourt Brace Jovanovich, Inc., 1977, p.170-172. ‘sacerdote de Midid, que, notando as dificuldades ‘do genro em atender ao povo e julgar suas lides, ‘apés aguerdar o lider durante o dia inteiro em uma fila a espera de suas docisdes para cada caso, disse a Moisés:" "Nao & bom 0 que fazes, pols tu desfalecerés, bem como este povo que est contigo: pols isto 6 pesado demais parati; tu no 0 podes fazer tudo sozinho. Eu te aconselha- rele Deus soja contigo. Representa o povo peran- te Deus, Leva a Deus as suas causas, ensina-thes ‘os estatutos e as els, efaze-thes saber o caminho ‘em que devem andar e a obra que devem fazer. Procura dentro 0 pavo homens capazes e temen- tes a Deus, homens de verdade, aos quais abor- rega a avareza. Poe-nos sobre elas, por chefes de 1.000, chefes de 100, chefes de 500 chofes de 10, para que julguem este povo em todo tempo. Toda causa grave, trévla-do a ti, mas toda causa pe- quena eles mesmos a julgardo. Seré, assim, mals facil para ti © eles levardo a carga contigo. =, Se fizeres isto e assim Deus te mandar, poderds PARTE! + Os Primérdios da Administracéo Oe TL Bry 49002. Egipcios Necessidade de plenelar,organizare contra. 2e00ac. — Egipcios Descentralizagdo na organizagio. 200020. Egipclos Necessidade de ordens esctas. Uso de consulta, 1800 2c. Hamurabi (Bablnia) Uso de cairole escrito tetemuntalestabelecimento do salaro minimo, 1491 ac, Hebreus CConceito de oganizacao; principio escatar. 6002.0. _Nabucodonosor (abit) Controle de produgéo e incentivos salar. 5002.0. Mencius (China) "Novossidade de sistemas e paces. 40020. —_Soorates (Grécia) Enunciado da univrsaldade da Administragdo. Aran isico © ‘manusela de matoriis. Plato (Grécia) Principio da especilzagzo, 17540. Cato (Roma) Descrigao de fungoes. 204 Dioeécio (Roma) Deegan de autoridade. 1486 Arsenal de CContabidade de custos;balangos contbels; controle de inwentarios. 1525 Niccol6 Machiavelli) Prinefpio do consenso na orgaizacéo;Ieranca;tticas polticas, 1767 Sir Jams Stuart (oglatera) ‘Teoria da fone do autoridade; especiaizacéo. 1776 ‘Adam Soni (nlatera) Principio de especialzagdo dos operris; conceto de controle. 1799 Whitney (Estados Unidos) [Método clntfico; conabiidade de custos e contole de qualidade. 1800 Mathew Bouton (Inglaterra) Pacronizagdo das operagOes; métodos de trabalho; gratlicagses natalinas;audtor 1810 Robert Owen (Inglaterra) Praticas de pessoal treinamento dos operérios; lanos de casas para 0s operris, 1832 (hares Babbage (Inglaterra) ‘Abordagem clentfica;dvisao do trabalho; estodo de tempos © ‘movimentos; conabildade de custos. 1856 Daniel G. McCallum (Estados Unidos) Organogram; administragao er ferovis. 1886 Henry Metcalf (Estados Unidos) ‘to ciéncla da Administra. 1900 Froderick W. Taylor ‘Administago clentfica;estudo de tempos e movimentos; (Estaios Unidos) racionalzagao do trabalho; énfase no planejamento e no controle. EEE ———————————————————————— DA ADMINISTRAGAO -Preparando as Condigoes para.a Moderna Empresa Objetivos de aprendizagem © Mostrar a preocupagéio com a Administracao desde a Antigiidade até 0 século XX. @ Alinhar a infiuéncia dos filésofos, da organizacéo eclesidstica, da organizagao militar & dos economistas liberais no pensamento administrativo e nas formas de organizagao existentes no passado. © Mostrar a influénoia da Revolugao Industrial e de como ela preparou o terreno para as primeiras tentativas de se construir uma Giénola da Administracéo. © Mostrar a influéncia dos pioneiros industriais e dos empreendedores, cujos esforgos individuais criaram as grandes empresas modernas. O que veremos adiante © Ainfluéncia dos fildsofos. © Ainfluéncia da organizagao da Igreja Catélica © Ainfluéncia da organizacao militar. © Alnfluéncia da Revolugdo Industrial. © Ainfluéncia dos economistas liberais. @ Ainfluéncia dos pioneiros e empreendedores CEC AMETODOLOGIA DE GILBERTO Gilberto Marcondes 6 consultor de empresas na area © Sintese dos dados: a segulr, Gilberto passa a de administragéo. Ao longo de sua carreira em consul conduzir ordenadamente as solugdes para os toria, Gilberto acostumou-se a trabalhar dentro da se- problemas mals faceis para passar gradual- guinte metodologia: mente as solugées dos problemas mals difi- els. # Colheita de dados: Gilberto entrevista os dire- tores da empresa cliente para obter dados 2 respeito des problemas encontrados. «# Anélise dos dados: Gilberto passa a analisar os da- dos obtides nas entrevistas para entéo dividblose uals sdo seus comentarios a respeito da metodo- decompé-tos para considerar possivels solugdes. _logia de Gilberto? @ © Veriticagdo: posteriormente, Gllberto faz uma revisio geral para se assegurar de que nenhum dado ou problema foi omitido. DA ADMINISTRACAO Preparando as Condigées para a Moderna Empresa Objetivos de aprendizagem © Mostrar a preocupagio com a Administragao desde a Antiglidade até o século XX. @ Alinhar a influéncia dos filésofos, da organizacéo eclesiéstica, da organizagéo militar & dos economistas liberais no pensamento administrativo @ nas formas de organizagao existentes no passado. @ Mostrar a influéncia da Revolucéo Industrial e de como ela preparou o terreno para as, primeiras tentativas de se construir uma Ciéncia da Administragao. @ Mostrar a influéncia dos pioneiros industrials e dos empreendedores, cujos esforcos individuais criaram as grandes empresas modernas. O que veremos adiante A influéncia dos filésofos. A infiuéncia da organizagao da Igreja Catélica. A influéncia da organizagao militar. A influéncia da Revolugao Industral A influéncia dos economistas liberais. A influéncia dos pioneiros ¢ empreendedores. @ CASO INTRODUTORIO AMETODOLOGIA DE GILBERTO eove ae Gilberto Marcondes 6 consultor de empresas na érea © Sintese dos dados: a seguir, Gilberto passa a de administragao. Ao longo de sua carreira em consul- ‘conduzir ordenadamente as solugGes para os toria, Gilberto acostumou-se a trabalhar dentro da se- problemas mais fécels para passar gradual- guinte metodologia: mente as solucées dos problemas mais diti- cols. © Verificagao: posteriormente, Gilberto faz uma revisio geral para se assegurar de quenenhum © Colhelta de dados: Gilberto entrevista os dire- ‘ores da empresa cliente para obter dados @ respeito dos problemas encontrados. eres probsarna rol cae © Aridlise dos dads: Gilberto passa a analisar 0s da- dos obtides nas enirevistas para entio dividiose Quai sao seus comentérios a respeito da metodo~ decompé-los para considerar possiveis solugses. _logia de Gilberto? © Introdugéo & Teoria Geral da Administracéo + IDALBERTO CHIAVENATO A historia da Administracio é recente. No decorrer de toda a histéria da humanidade, a Administracéo se desenvolven com uma lentidéo impressionante. Somente a partir do século XX € que ela surgin ¢ ex- plodin em um desenvolvimento de notavel pujanca ¢ inovagdo. Uma das razbes para tanto é que nos dias de hoje a sociedade tipica dos paises desenvol- vidos € uma sociedade pluralista de organizagies, nna qual a maior parte das obrigacbes sociais (como a produgao de bens ou servigos em geral) é confia- da a organizagées (como indéstrias, universidades c escolas, hospitais, comércio, comunicagées, ser- vigos ptiblicos etc.) que precisam ser administradas para se tornarem mais eficientes ¢ eficazes. Pouco antes, em meados do século XIX, a sociedade era completamente diferente. As organizagées eram poucas € pequenas: predominavam as pequenas oficinas, artesdos independentes, pequenas esco- las, profissionais auténomos ~ como médicos, ad- vogados e artistas que trabalhavam por conta pré- pria—o lavrador, o armazém da esquina etc. Ape- sar de que o trabalho sempre ter existido na hist6- ria da humanidade, as organizag6es e sua adminis- tracéo formam um capitulo que teve seu inicio hé pouco tempo. Influéncia dos Fildsofos A Administragio recebeu influéncia da Filosofia desde os tempos da Antigiidade.' Sécrates, filésofo grego (470 a.C. - 399 a.C.), em sna discussio com Nicomaquides, expée seu ponto de vista sobre a Administragdo como uma habilidade pessoal sepa~ rada do conhecimento técnico ¢ da experiéncia.? Plato (429 a.C. - 347 a.C.), fil6sofo grego, dis- cipulo de Sécrates, analisou os problemas politicos e€ sociais decorrentes do desenvolvimento social € cultural do povo grego. Em sua obra, A Repiiblica,? expoe a forma democritica de governo e de admi- nistragio dos negécios ptblicos. Arist6teles (384 a.C. - 322 2.C.), discfpulo de Platio, deu o impulso inicial a Filosofia, Cosmolo- gia, Nosologia, Metafisica, Logica e Ciéncias Natu- rais abrindo as perspectivas do atual conhecimento humano. No livro Politica; que versa sobre a orga- nizagao do Estado, distingue as trés formas de admi- nistragio piiblica: 1. Monarquia ou governo de um s6 (que pode redundar em tirania). 2, Atistocracia ou governo de uma elite (que pode descambar em oligarquia). 3, Democracia ou governo do povo (que pode degenerar em anarquia). Durante os séculos que vio da Antigitidade a0 inicio da Idade Moderna, a Filosofia voltou-se para uma variedade de preocupacées distanciadas dos problemas administrativos. Francis Bacon (1561-1626), fildsofo e estadista inglés ¢ fundador da Légica Moderna baseada no método experimental ¢ indutivo, mostra a preocu- aco pratica de se separar experimentalmente 0 que é essencial do que é acidental ou acess6rio. Ba- con antecipou-se ao principio conhecido em Admi- nistragio como principio da prevaléncia do princi- pal sobre 0 acessério. René Descartes (1596-1650), fil6sofo, matemé- tico ¢ fisico frances, considerado o fundador da Fi- losofia Moderna, criou as coordenadas cartesianas e den impulso a Matematica e Geometria da épo- ca, Na Filosofia, celebrizou-se pelo livro O Discur- 0 do Método no qual descreve seu método filos6- fico denominado método cartesiano, cnjos princf- pios sao: 1. Principio da diivida sistemdtica ou da evidén- ia, Consiste em nao aceitar como verdadeira coisa alguma enquanto nao se souber com evi- déncia — clara e distintamente ~ aquilo que € realmente verdadeiro. Com essa dévida siste- miética evita-se a prevengio e a precipitagio, aceitando-se apenas como certo 0 que seja evi- dentemente certo. 2. Princfpio da andlise ou de decomposicao. Con- siste em dividir e decompor cada dificuldade ou problema em tantas partes quantas sejam possfveis e necessérias & sua adequacao e solu- fo e resolvé-las cada uma, separadamente. caPiTuLo2 + Antecendentes Histéricos da Administragao 8. Principio da sintese ou da composi¢do. Consis- te em conduzir ordenadamente nossos pensa~ mentos ¢ nosso raciocinio, comecando pelos objetivos ¢ assuntos mais faceis e simples de se conhecer, para passarmos gradualmente aos mais dificeis. 4. Principio da enumeragdo ou da verificagao. Consiste em fazer recontagens, verificagoes © revis6es tdo gerais que se fique seguro de nada haver omitido ou deixado & parte. © método cartesiano teve influéncia decisiva na Administracdo: a Administrac4o Cientifica, as Teo- rias Classica ¢ Neocléssica tiveram muitos de seus princfpios baseados na metodologia cartesiana. ‘ jifistagao até a década de 1990. Thomas Hobbes (1588-1679), filésofo politico inglés, defende 0 governo absoluto em funcio de sua viso pessimista da humanidade, Na auséncia do governo, os individuos tendem a viver em guerra permanente ¢ conflito intermindvel para obtencéo de meios de subsisténcia. No livro Leviatd, assinala {que o povo renuncia a seus direitos naturais em fa- vor de um governo que, investido do poder a ele conferido, impée a ordem, organiza a vida social garante a paz. O Estado representa um pacto social que ao crescer alcanca as dimensGes de um dinossau- ro ameacando a liberdade dos cidadios. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) desenvol- veu a teoria do Contrato Social: o Estado surge de ‘um acordo de vontades. Contrato social € um acor~ do entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade igual sobre ‘todos de um regime politico, governante ou de um conjunto de regras. Rousseau assevera que o homem € por natu- reza bom e affivel e a vida em sociedade o deturpa. Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) propem uma teoria da origem eco- n6mica do Estado. O poder politico ¢ do Estado nada mais € do que o fruto da dominagio econdmi- cado homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ‘ordem coativa imposta por uma classe social explo- radora, No Manifesto Comunista, afirmam que a hist6ria da humanidade € uma histéria da luta de classes. Homens livres e escravos, patricios ¢ plebe- us, nobres e servos, mestres e artesios, em uma pa- lavra, exploradores e explorados, sempre mantive- ram uma luta, oculta ou manifesta. Marx afirma que 0s fenémenos hist6ricos sio 0 produto das rela- g6es econémicas entre os homens. O marxismo foi primeira ideologia a afirmar o estudo das leis obje- tivas do desenvolvimento econdmico da sociedade, em oposicéo aos ideais metafisicos. ‘Com a Filosofia Moderna, a Administragio dei- xa de receber contribuigées ¢ influéncias, pois 0 ‘campo de estudo filos6fico passa a se afastar dos problemas organizacionais. EXERCICIO A anialista de O&M ‘Anamaria Montes trabalha como analista de organiza ‘edo e métodos (O&M) em uma grande empresa nacio- nal, Como analista de O&M, o trabalho de Anamaria & baseade inteiramente no séguinte método: ela se dedi- ‘ca a duvider de tudo 0 que existe na empresa, analisar ‘edecompor todos os processos existentes, sintetizar e recompor tals processos de maneira nova e organiza dda e verificar que nada tenha sido omitide nesse traba- tho. Faga uma correspondéncia entre o método de tra- batho de Anamaria eo método cartesiano. © ae Catélica = ‘Através dos séculos, as normas administrativas ¢ 08 principios de organizacio piiblica foram se transfe- rindo das instituigdes dos Estados (como era 0 caso de Atenas, Roma etc.) para as instinuiges da Igreja Cat6lica e da organizagio militar. Essa transferén- 32 Introdugao a Teoria Geral da Administragdo + IDALBERTO CHIAVENATO cia se fez lentamente porque a unidade de propési- tos ¢ objetivos ~ princfpios fundamentais na organi- zacio eclesiéstica e militar ~ nem sempre é encon- trada na aco politica que se desenvolvia nos Esta- dos, movida por objetivos contradit6rios de cada partido, dirigente ow classe social. 5 O exemplo da Igreja Catolica ‘Ao longo dos séculos, a lgreja Cat6ica estruturou 80 organizacao, com uma hierarquia de autorida: do, um estado-maior (assessora)e a coordenagéo funcional para assegurarintegracdo. A organizagao herérquica da lgroa 6 to simples e eficiente que ‘a enorme organizagéo mundial pode operar sob © comando de uma s6 cabega executiva: 0 Papa, cja autoridede coordenadora Ihe foi delegada de forma mediata por uma autoridade dvina superior * AA estrutura da organizacéo ectesiéstica serv de ‘modelo para as demais organizagées que, dvidas do experiéncias ber-sucedides, passeram a incor- rar os principios e normas utlizados pela lgreja Catélca. Influéncia da Organizacao Militar A organizagio militar influenciow 0 aparecimento das teorias da Administracé Ha 2.500 anos, Sun Tzu,5 um general filésofo chinés~ ainda reverenciado nos dias de hoje —escre- veu um livro sobre a arte da guerra no qual trata da reparacio dos planos, da guerra efetiva, da espada embainhada, das manobras, da variagio de titicas, do exército em marcha, do terreno, dos pontos for- tes e fracos do inimigo e da organizacéo do exérci- to. As ligées de Sun Tzu ganharaim verses contem- Pordineas de muitos autores e consultores. A organizacéo linear tem suas origens na organi- zacio militar dos exércitos da Antigitidade e da épo- ca medieval. O principio da unidade de comando (pelo qual cada subordinado s6 pode ter um superi- ot) € 0 miicleo das organizacées militares. A escala hierdrquica ~ ou seja, os escalées hierérquicos de comando com graus de autoridade e responsabili- dade ~ € um aspecto tipico da organizacio militar utilizado em outras organizagées. Com o passar dos tempos, na medida em que o volume de operacées militares aumenta, cresce também a necessidade de se delegar autoridade para os niveis mais baixos da organizacéo militar. Ainda na época de Napoleio (1769-1821), cada general, ao chefiar seu exército, cuidava da totalidade do campo de batalha. Com as guerras de maior alcance e de ambito continental, 0 comando das operacSes exigiu novos princfpios de ‘organizacao planejamento ¢ controle centraliza- dos em paralelo com operagées descentralizadas, ‘u seja, passou-se & centralizacio do comando e & descentralizacio da execucio. hy 0 exemplo da organizagao militar O conceit de hierarquia na organizagéo miltar & 480 ‘antigo quanto a prépria guerra, O estado-maiorfor- ‘Mal como um quartel-general apareceu em 1665 com aiMarca de Brandenburgo, precursor do exérci: {0 prussiano. A evoiugo do principio de assessoria ‘© a formagao de um estado-maior teve sua origem ‘no século XVIII na Prissia, com o Imparador Frederi- oll, 0 Grande (1712-1786), Para aumentara eficién- Gia de sou exército, criou um estado-maior (staf) Para assessorar 0 comando (inha) miltar. Os oficiais de assessora (staf) cuidavam do planejamento e os dd finha se incumbiam da execugéo das operagées de guerra. Os ofciais formados no estado-maior (staf eam transferidos para posigées de comando (linha) e novamente para 0 estado-maior, 0 que as- ‘Soguiava experiéncia e vivincla nas fung6es de ga- binete, de campo ¢ novamente de gabinete.® Outra contribuigéo da organizacio militar é 0 Princfpio de direcdo, que preceitua que todo solda- do deve saber perfeitamente 0 que se espera dele ¢ aquilo que ele deve fazer. Mesmo Napoledo Bona- Parte, o general mais autocrata da hist6ria militar, nunca deu uma ordem sem explicar seu objetivo ¢ certificar-se de que o haviam compreendido corre- —V—— Eee CAPITULO 2 + Antocondentes Histéricos da Administragéo 3g tamente, pois estava convencido de que a obedién- cia cega jamais leva a uma execucio inteligente. © general prussiano Karl von Clausewitz (1780-1831) 6 considerado o pai do pensamento estratégico. No inicio do século XIX, escreveu um tratado sobre a guerra e os principios de guerra’ € sobre como administrar os exércitos em perfodos de guerra, Definiu a guerra como uma continuago da politica por outros meios. A guerra sempre fora ‘um jogo. Embora cruel e destruidora, um pecado, a ‘guerra sempre constituiu uma institui¢4o normal da sociedade humana e um instrumento racional de polftica. Clausewitz considerava a disciplina um re- guisito basico para uma boa organizagio. Paracle, a organizagio requer um cuidadoso planejamento, no qual as decisées devem ser cientificas e nao ape~ nas intuitivas. O administrador deve aceitar a incer- tezae plancjar de maneira a minimizar seus efeitos. EXERCICIO A inspiragdo de Armando ‘Armando de Souza é um administrador Inovador. Na‘ ‘empresa que dirige, Armando Implantou uma hierar- quia de autoridade (diretores, gerentes e funcioné- Flos), uma assessoria (especialistas em direlto, conta- bilidade, propaganda, pessoal) uma coordenacao funcional para que todos trabalhem de forma entrosa- da, Na escala hierdrquica, cada diretor ou gerente utl- liza 0 principio da unidade de comando. Além disso, criou uma empresa onde os funcionérios reconhecem a autoridade e um conjunto de regras necessério para que todos trabalhem de manelra agradavel. Na verda- de, sera que Armando 6 realmente inovador? De onde Armando tirou essas Idélas? @ Influéncia da Revolugao Industrial Com a invengio da méquina a vapor por James ‘Watt (1736-1819) e sua posterior aplicagio & pro- ducéo, surgiu uma nova concepeio de trabalho que modificou completamente a estrutura social e co- mercial da época, provocando profundas e répidas mudangas de ordem econémica, politica € social que, em um lapso de um século, foram maiores do que todas as mudangas ocorridas no milénio anterior. Ea chamada Revolugdo Industrial que se iniciou na Inglaterra e que pode ser dividida em duas épocas distintas: © 1780.2 1860: 1*Revolucéo Industrial on revolu- fo do carvao e do ferro. © 1860 a 1914: 2 Revolucio Industrial ou do ago eda cletricidade. A Revolugao Industrial surgiu como uma bola de neve em aceleracao crescente ¢ alcangou todo seu fmpeto a partir do século XIX. A 1? Revolucdo Industrial passou por quatro fases distintas:? 42 fase: Mecanizacdo da indistria e da agricultura, em fins do século XVII, com a méquina de fir (in- ventada pelo inglés Hargreaves em 1767), 0 teat hi- dcdulico (inventado por Arkwright em 1769), 0 tear ‘mecinico (criado por Cartwright em 1785) 0 des- carocador de algodio (criado por Whitney em 1792), que substitufram o trabalho do homem ¢ a forca motriz muscular do homem, do animal ou da roda de agua. Eram méquinas grandes e pesadas, ‘mas com incrivel superioridade sobre os processos manuais de producéo da época. © descarogador de algodio trabalhava mil libras de algodio, enquanto, no mesmo tempo, um escravo conseguia trabalhar apenas cinco libras. 23 fase: A aplicagdo da forga motriz a indstria. A forga eléstica do vapor descoberta por Dénis Papin no século XVI ficou sem aplicacio até 1776, quan- do Wattinventou a mquina a vapor. Com a aplica~ ‘¢d0 do vapor as méquinas, iniciam-se grandes trans- formagées nas oficinas (que se converteram em fé- bricas), nos transportes, nas comunicagies ¢ na agriculeara, 32 fase: O desenvolvimento do sistema fabril. O arte- sdo ¢ sua pequena oficina patronal desapareceram para ceder lugar ao operério e as fébricas€ usinas ba- seadas na diviséio do trabalho. Surgem novas indés- trias em detrimento da atividade rural. A migracio de massas humanas das éreas agricolas para as proxi- midades das fabricas provoca a urbanizacio. | corrente da reducéo de pregos ¢ popularizacéo dos produtos, as fébricas passaram a exigir gran- des contingentes humanos, A mecanizagio do tra- balho levou & diviso do trabalho e a simplifica- go das operagoes, substituindo os offcios tradi- cionais por tarefas automatizadas e repetitivas que podiam ser executadas por operérios sem qualificacao ¢ com facilidade de controle. A uni- dade doméstica de producao~a oficinae o artesa- nato em familia ~ desaparecen com a stibita e vio- enta competicio, surgindo um enorme contingen- te de operarios nas fabricas trabalhando juntos durante jornadas didrias de trabalho de 12 on 13 horas em condigGes perigosas e insalubres, provo- cando acidentes em larga escala. O cresciniento industrial era improvisado e baseado no empiris- mo. Ao mesmo tempo em que intensa migracio de mao-de-obra se deslocava dos campos agricolas para os centros industriais, surge um surto acele~ rado e desorganizado de urbanizacio. O capitalis- mo se solidifica e cresce 0 tamanho de uma nova classe social: 0 proletariado. O baixo padrio de vida, a promiscuidade nas fabricas ¢ os riscos de graves acidentes e os longos perfodos de trabalho em conjunto proporcionaram uma interacao es- treita entre os trabalhadores e uma crescente cons- ientizagio da precariedade das condigées de vida ¢ de trabalho e da exploragéo por uma classe so- cial economicamente favorecida. Conflitos entre a classe operiria e os proprietérios de indistrias ‘no tardaram a aparecer. Alguns paises passaram a intervir em alguns aspectos das relac6es entre operdrios e fabricas, baixando leis trabalhistas. Em 1802, 0 governo inglés sancionou uma lei protegendo a saiide dos trabalhadores nas indis- trias téxteis, e a fiscalizagio de seu cumprimento passou a ser feita voluntariamente pelos pastores protestantes e jutzes locais. Outras leis esparsas foram impostas aos poucos, na medida em que os problemas foram se agravando. ; A otganizagdo ¢ a empresa moderna nasceram com a Revolucéo Industrial gracas a varios fatores, 1. Aruptura das estruturas corporativas da Mdade Média. ae passaram a ser a preocupacéo mais Spills. A pric folentanento ajuda do 8 slecionaridias © métodos ermpircos, O de allo agora era digi balahGos de operéis da ova classe prota. Em vez de instuments ru. dimentares de trabalho manual, problema era perar méqulnes cua compleidade crescia. Os proditos passaram eserfabrcados om operagbes parclls quo se sucediam, cada uma delas ene. ue. um grupo do opertios especiaizados om ta- tela especces, esranhos quase sempre as de- male outres oporag6es, knorando a fnaldedo da taefa que execuavam, Essa nova stuacto contr. ul pera epagar da mente do operro veculo foci mas irtens, ou soja, osonimento de estar produzindo e contibuindoparao bom da eocleda- Gés:O captain peacou a citancar-e0 dos oped. tts ea consderé-os uma enorme massa andnima, to mssmotempo em que os agruparenios sodas nas empresas geravam problemas socials rehvin Aleatvos, a ado de problemas de rencimento do trabalho. preocupacso dos empresérios se fava na melhorla dos aspectos moctricos e teonlég 008 da produgSo, com cbetio de produ quan- {kdades maior de prodtos matore ode menor Casio, Agesto do pessoa ea coordonagéo do es- forge produtvoeram aspecios de pouca ou nenhu- Maimpordincia. Asin, a Revolugo Industral, om Jer tonha provocado uma profunda modiioagéo {ertraompresaial o econdmica da época, Alnfivenciarcretamente o pi 2. O avanco tecnol6gico e a aplicagio dos pro- gressos cienttficos & producio, a descoberta de novas formas de energia e a enorme amplia- gio de mercados. 3. A substituicéo do tipo artesanal por um tipo industrial de produgio. inicio da hist6ria da administracéo foi predo- minantemente uma historia de cidades, de patses, governantes, exércitos e da Igreja. A Revolucéo Industrial provocou 0 surgimento das fabricas ¢ 0 aparecimento da empresa industrial e, com isso, rovocou as seguintes mudancas na época: © Aparecimento das fébricas e das empresas indus- trials © ‘Substituicao do artesio pelo operdrio especiali- zado. © Crescimento das cidades e aumento da necessi- dade de administragio piblica. © Surgimento dos sindicatos como organizacio proletéria a partir do inicio do século XIX. So- mente a partir de 1890 alguns deles foram legali- zados. © Inicio do marxismo em func da exploragéo ca- pitalista, © Doutrina social da Igreja para contrabalangar 0 conflito entre capital e trabalho. © Primeiras experitncias sobre administragao de empresas. © Consolidacéo da administragio como dea de conhecimento. © Inicio da Era Industrial que se prolongou até 2 ‘ilrima década do século XX. EXERCICIO A defesa de Eliana Eliana Almeida nao se conformava, Todos diziam que ‘@ empresa que ela dirigia ~ a Dinosaurius - estava vi- vendo ainda em plena era da Revolucéo Industrial. Alguns até achavam que ela ainda nao tinha saido da primeira Revolucdo Industrial. Eliana achava incrivel Feceber menc6es desse tipo. Como vocé agiia no lu- garde Eliana? @ TTT —— | Introdugao & Teoria Geral da Administragao * IDALBERTO CHIAVENATO Influéncia dos Economistas Liberais A partir do século XVII desenvolveu-se uma varie- dade de teorias econdmicas centradas na explicagao dos fenémenos empresariais (microccondmicos) e baseadas em dados empiricos, ou seja, na experién- cia cotidiana nas tradicdes do comércio da época. Ao término do século XVII, os economistas clissi- cos liberais conseguem aceitacéo de suas teorias. Essa reagio para o liberalismo culmina com a ocor- réncia da Revolucio Francesa. As idéias liberais de- correm do direito natural: a ordem natural é a or- dem mais perfeita. Os bens naturais, sociais ¢ eco- nGmicos sao os bens que possuem caréter eterno. Os diteitos econ6micos humanos sio inaliendveis ¢ existe uma harmonia preestabelecida em toda a co- letividade de individuos. Segundo o liberalismo, a vida econdmica deve afastar-se da influéncia estatal, ois o trabalho segue os principios econdmicos e a ita as mesmas leis da econo- ‘mia que regem o mercado de matérias-primas ou 0 comércio internacional. Os operstios, contudo, ¢s- tio mere® dos patrées, que sio os donos dos mejos de produgio. A livre concorréncia € 0 postulado principal do liberalismo econdmico. Asidéias basicas dos economistas clissicos libera- is constituem os germes iniciais do pensamento admi- nistrativo de nossos dias." Adam Smith (1723-1790) €0 fundador da economia classica, cujaidéia central é competi¢io. Embora os individuos ajam apenas em proveito préprio, os mercados em que vigora a competisio funcionam espontaneamente, de modo a garantir (por algum mecanismo abstrato que Smith chamava de a mao invisivel que governa 0 mercado) a alocagéo mais eficiente dos recursos ¢ a produgéo, sem que haja excesso de lucros. Por essa razéo, 0 papel econdmico do governo (além do basico, que garantir a lei e a ordem) é a interven- do na economia quando o mercado néo existe ou quando deixa de funcionar em condices satisfat6- tias, ou seja, quando nao ocorre competicdo livre. ‘Smith j4 visualizava o principio da especializagéo dos operérios em uma mannfatura de agulhas e jé enfatizava a necessidade de se racionalizar a produ- Introdugao & Teoria Geral da Administracdo + IDALBERTO CHIAVENATO CCRT AMETODOLOGIA DE GILBERTO Gilberto se considera um consultor de empresas bem- sucedido. Acha que seu sucesso profissional depen- de diretamente da metodologia que utiliza para coletar dados a respeito de suas empresas clientes. Para ele, © diagnéstico organizacional é mais importante do que @ terapéutica organizacional. Vocé acha que Gil- berto tem razo? Explique. © so de desenvolvimento da tecnologia. Dentro des- sa situagio, surgiram os primeiros esforcos nas em- presas capitalistas para a implantacao de métodos € processos de racionalizacao do trabalho, cujo es- tudo metédico € exposi com 0 inicio do século XX. jo te6rica coincidiram Influéncia dos Pioneiros e Empreendedores século XIX assistin a um monumental desfile de inovagbes e mudancas no cenério empresarial. O mundo estava mudando. E as empresas também. AS condigées para o aparecimento da teoria adminis- trativa estavam se consolidando. Nos Estados Unidos, por volta de 1820 o maior negécio empresarial foram as estradas de ferro, em- preendimentos privados e que constitufram wm po- deroso niicleo de investimentos de toda uma classe de investidores. Foi a partir das estradas de ferro que as agGes de investimento ¢ 0 ramo de seguros se tornaram populares. As ferrovias permitiram o des- bravamento do territério e provocaram o fendme- no da urbanizacio que criou novas necessidades de habitagdo, alimentacio, roupa, luz e aquecimento, © que se tradazin em um répido crescimento das empresas voltadas para 0 consumo direto. Em 1871, a Inglaterra era a maior poténcia eco- ‘aOmica mundial. Em 1865, John D. Rockefeller (1839-1937) funda a Standard Oil. Em 1890, Car- negie funda o tuste de aco, ultrapassando rapida- mente a producéo de toda a Inglaterra. Swift Armour formam o truste das conservas. Guggenhe- im forma o truste do cobre e Mello, o truste do alu- ‘minio. Logo a seguir, teve inicio a integracSo verti- cal nas empresas. Os “criadores de impérios” (empi- Em busca da Administragéo Hees, Soucks omprscasiohacl ite future administrativa que exigisse o8 servigos de um administrador em tempo integral, pois as ‘empresas industriais eram pequonas. Em goral, fram negécios de familia, em que dois ou és parentes conseguiam cuidar de todas as suas atividades principals. As empresas da época ~ agropecusrias, mineradoras, indlstrias téxteis, estradas de ferro, construtoras, a caga © 0 oo- mércio de peles, os incipiontes bancos ~ faziam parte de um contexto predoiinantemente rural, que ndo conhecia a administragao de empresas. O presidente era o tesoureiro, o comprador ou o vendedor e atendia aos agentes comissiondtos. Se 0 neg6cio crescia, os agentes so tornavam 6cios da firma, integrando produgéo e distribu (40. Apés 1850, os grandes troncos ferrovlérios obrtiam todo 0 mercado americano do leste ur- bbano edo opste agricola, O desenvolvimento fer foviério @ a construcao urbana criaram 6 mereas 1¢ builders) passaram a comprar ea integrar concor- rentes, fornecedores ou distribuidores para garantir seus interesses. Juntamente com as empresas ¢ insta~ lag6es vinham também os antigos donos e os respec- tivos empregados. Surgiram os primitivos impérios industriais, aglomerados de empresas que se torna- ram grandes demais para serem dirigidos pelos pe~ quenos grupos familiares. Logo apareceram os ge~ rentes profissionais, os primeiros organizadores que se preocupavam mais com a fabrica do que com vendas ou compras. As empresas manufaturavam, exraicrme recommen 7 comprando matérias-primas e vendendo produtos por meio de agentes comissionados, atacadistas ou intermedifrios. Até essa época, os empresérios acha- ‘vam melhor ampliar sua producio do que organizar uma rede de distribuicéo e vendas.*¥ Na década de 1880, a Westinghouse e a General Electric dominavam o ramo de bens durév ram organizagGes préprias de vendas com vendedo- res treinados, dando infcio ao que hoje denomina- ‘mos “marketing”. Ambas assumiram a organizagio do tipo funcional que seria adotada pela maioria das empresas americanas, a saber: 16 1. Um departamento de producéo para cuidar da manufatura de fabricas isoladas. 2. Um departamento de vendas para administrar um sistema nacional de escrit6rios distritais com vendedores. 3. Um departamento técnico de engenharia para desenhar ¢ desenvolver produtos. 4. Um departamento financeiro. Por volta de 1889, o capital da Westinghouse Electric e da General Electric jé ultrapassava a mar- ca dos 40 milhoes de délares em cada uma delas. Para dominar novos mercados, as empresas acumu- lavam instalacées ¢ pessoal além do necessério, Os ccustos das varias unidades precisavam ser reduzidos por meio da criago de uma estrutura funcional que coordenasse fabricacio, engenharia, vendas e finan- as para reduzir os riscos de flutuagio do mercado. Os lucros iriam depender da organizagao e da racio- nalizagio dessa estrutura funcional. Entre 1880 ¢ 1890, as indtistrias passaram a con- trolar as matérias-primas através de seus departa- mentos de compras, adquirindo firmas fornecedo- ras e controlando a distribuicéo para vender seus produtos diretamente ao varejista ou a0 consumi- dor final. Procurava-se maior eficiéncia em produ- 40, compras, distribuigio ¢ vendas. Os meios de reduzir custos diminufram, as margens de lucro bai- xaram, 0 mercado foi-se tornando saturado e as em- resas passaram a procurar novos mercados por meio da diversificacao de produtos. A velha estrutu- 1a funcional comecou a emperrar. Assim surge a em- presa integrada e multidepartamental. | A empresa intograda vertcalmente so formava por "melo dacombinago: varios pequencs produtores de . Fotografia por Lovis Daguere 1845. + - Maquina de costura por Elas Howe z 1852 + Elovador por Elisha G. Otis 1866 + Maquina de escrever por C. L. Sholes 1867 + Dinamite por Aired Nobel 1868 + Freloaar por Goorge Westinghouse 1876 _>_ Telofone por Alexander Graham Bel ‘i 4877 + Fonégrafo por Thomas Ava Edson 1879 > Lampada elétrica por Thomas Alva Edison 1885 + Aco por Henry Bessemer 1885 > Motor de explosdo por G. Daimler 1886 > Linotpia por Ottmar Mergenthaler 1892. > Motor diesel por Rudolt Diesel 1895+ Projetor cinematogrico por Francis Jenkins 1895 > Telégrafo som fio por Guglielmo Marconi 1895 + Veiculo com moter de explosao por Kar F. Benz 1995+ Ralos X por Wiheim K-Roentgen 1896 = Réio por Guglielmo Marconi 1998 + Submarino por John P. Holland 1908 + Avido por Alberto Santos Dumont Figura 2.1. A idade herdica das invencées. 4. A organizacio eclesiastica da Igreja Catélica influenciou profundamente o pensamento ad- ministrativo, 5. A organizagio militar influenciou a Adminis- tracéo, contribuindo com alguns princfpios que @ teogia administrativa iria mais adiante assimilar ¢ incorporar. 6. A Revolugio Industrial criou 0 contexto in- dustrial, tecnolégico, social, politico e econ6- mico que permitiu o surgimento da teoria ad- ministrativa. 7. Os economistas liberais (como Adam Smith) proporcionaram razo4vel suporte para 0 aparecimento de alguns princfpios de Admi- nistracdo que teriam aceitacio posterior- mente. Asidéias de Marx e Engels promove- ram 0 surgimento do socialismo e do sindi- calismo. 8. A influéncia dos pioneiros ¢ empreendedores foi fundamental para a criagio das condigdes basicas para o surgimento da Teoria Administrativa. © 42. Introdugao a Teoria Geral da Administragao + IDALBERTO CHIAVENATO ts AS EMPRESAS MAIS ADMIRADAS DO MUNDO ‘Acada ano, a revista Fortune, em parceria com o Hay Group, elabora uma lista das empresas mais admira- das do mundo. Sao as empresas de classe mundial mais admiradas ao redor do planeta, as grandes estre- las do universo de negécios. A selegao das empresas, 6 baseada em nove critérios ou atributos:2° 4. Qualidade geral da administragao, 2. Qualidade dos produtos ou servicos 3, Criatividade e inovagao 44. Valor como um investimento a longo prazo 5. Forca financeira 6. Responsabilidade social diante da comunidade edo ambiente 7 Uso amplo dos ativos corporativos 8, Capacidade de atrair © manter pessoas talen- tosas 9. Papel eficaz na globalizacao dos negécios Pe oe rae eee ela ceca Eee CAPITULO? + Antocendentas Histroos da Administragéo & ‘As estrelas campeés eleitas por nacionalidade sa INGLATERRA Royal Dutch/Shell Group Br Petroleum Unilever ICI Imperial Chemical industries HSBC Holdings YAPAO Toyota Motor Sony Honda Motor Canon Fuji Photo Film ALEMANHA Daimler-Benz ‘BMW Bayerish Motoren Werk Bayer Henkel Bast FRANCA UGreat LM Groupe Danone Total Alcatel Cie ee ae oe aie ae er Ce DuPont MeDonale's Time Warner Mobil Ford Motor Colgate-Palmolive Nostié 3M Eo que faz uma companhia ser tao admirada? Alguns aspectos so importantes, como lideranca, espirito de equipe, habllidades e competéncias pessoais dos funcio- niirios e, sobretudo, uma cultura organizacional aberia © Dow Chemical Exon Brystol-Myers Squibb J.P. Morgan Incentivadora. A capacidade de transformar a viséo em realidade, de encantar os funcionérios e fazé-1os vestirem ‘acamisa da empresa, a ética e a énfase na criatividade e na inovagdo também melhoram a imagem da empresa. [ouestes 1. Por que raz6es algumas empresas io admiradas, cenquanto outras so odiadas? 2. Por que as empresas mais admiradas constituem tum excelente lugar para se trabalhar? 3. As empresas mais admiradas so necessariamente as maiores empresas? Explique. 4, Se voe# fosse um dirigente, o que voc® faria para aumentar o grau de admiracio de sua empresa? [Referéncias Bibliograficas 1. Theo Haimann, Direcci6n y Gerencia, Madri, Ed. Hispano-Europea, 1965. 2. Harold Koontz e Cyril O'Donnell, Princfpios de Administragdo, Sao Paulo, Livraria Pioneira Edito- 1, 1964, 3, Platéo, Discursos de Sécrates, Porto Alegre, Ed. Globo, 1955, Livro Ill, Cap. 4. 4, James D. Mooney, The Principles of Organization, Nova York, Harper & Bros., 1947, p. 102-117 5. Sun Tau, A Arte da Guerra, Lisboa, Euro- pa-América, 1994. 6, James D. Mooney, The Principles of Organization, ps city p. 131. 7. Carl von Clausewitz, On War, Nova York, Barnes ScNoble, Inc, sd. Carl von Clausewitz, Principles of War, Harrisburgh, Military Service Publishing, Co,, 1832. 8, Edward MeNall Burns, Histéria da Civilieagdo Oci- dental, Porto Alegre, Ed. Globo, 1957, p. 647-658. 9, Edward MeNall Bums, Histéria da Civilieagdo Ocidental, op. cit, p. 658-674, 10. Edward MeNall Burns, Histéria da Civlieagdo Ocidental, op. cit, p. 658-674. 11. James D. Mooney, The Principles of Organization, 0p. cit, p. 131, 42. Claude S. George Jr, The History of Management Thought, Nova York, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, 1968. Vide trad. bras. Historia do Pensa~ mento Administrative, So Paulo, Ed. Cultrix, 1974, 49. Adam Smith, An Inguiny Into the Nature ofthe We- alth of Nations, London, A. Strahan & T. Cadell, 1776. 14, Paulo Sandroni (org), Dicionério de Economia, Sao Paulo, Best Seller, 1989, p. 182, 187-188. 15. Claude S. George, Jr, The History of Management ‘Thought, Englewood Cliffs, N. J., Prentice-Hall, 1968. 16. Joao Bosco Lodi, Hist6ria da Administragdo, S80 Paulo, Pioneira, 1987, p. 6. 17, Enest Dale, The Great Organizers, Nova York, McGraw-Hill, 1960. 18, Alfred Schandler, Jr, Strategy and Structures Chapters in the Toronto, Doubleday, 1966. 49, Harold Koontz, Cyril O'Donnell & Heinz Weih- rich, Management, Téquio, McGraw-Hill, Koga- kusha, 1980, p. 3. 20. Jeremy Kahn, The World’s Most Admired Compa nies, Fortune, October 26, 1998, p. 76-90. [clossério Basico ARISTOTELES, fildsofo grego (383-322 a.C.), discipulo de Platdo, foi ocriador da Metatisica, Logica, Politica © dutras ciéncias que fizeram parte da filosofia até a Fi- losofia Moderna, ARTESANATO € 0 regime de produgio individual ow sgrupal (com divisio do trabalho elementar, na qual 0 artesdo executa todas as etapas da producéo) em que o trabalhador € 0 dono dos meios de produgio (geral- ‘mente instrumentos rudimentares) e do produto do seu trabalho. + : ASSESSORIA € 0 mesmo que Estado-maior de especia- listas que compéem o staff. Ver staff. BACON, FRANCIS, fildsofo inglés (1561-1626), 6 con- siderado 0 fundador da Légica Moderna baseada no :étodo experimental eindutivo que iniciou a Ciéncia Moderna. Introdugao a Teoria Geral da Administragdo + IDALBERTO CHIAVENATO CAPITALISMO ¢ o sistema econdmico e socal predomi- nante nos palses industrializados ou em industrializa- fo. A economia se baseia na separacio entre trabalha- ores que dispéem da forca de trabalho e a vendem em ‘roca de slr, e eapitalistas, que so proprietérios dos ‘eos de producio e contratam os trabalhadores para produzir mercadorias visendo a obtencéo de licros. CENTRALIZAGAO DO COMANDO sio as decisées con- centradas na cdipula da organizasi COMPANHIA € 0 nome geralmente dado as sociedades andnimas ou as grandes empress. CORPORAGOES DE OFICIO sio associagées profis nais de comerciantes ou artesios da dade Média. Recebiam o nome de confrarias, grémios,fratern dades ou guildas, situavam-se nas cidades ¢ comunas medievais e eram organizagées fechadas, cujos mem- bros monopolizavam o exercfcio da profisséo ou a vyidade comercial. Até os mendigos tinham suas cor- poragées. CRIADORES DE IMPERIOS ou empire builders eram os empreendedores financeiros do final do século XIX que adguiriam empresas (concorrentes, fornecedoras ou vendedoras)e que as integravam aos seus neg6cios, deixando sua administracio por conta dos ex-proprie- titios. DESCENTRALIZACAO DA EXECUGAO significa que as tarefas slo descentralizadas e delegadas para o pessoal que tabalha na base da organizagio, ou seja, no nivel operacional. EMPRESA ¢ a organizagio destinada & produgio e/ou ccomercializacéo de bens e servicos, tendo como obje- tivo lucro. Hi quatro extegorias de empresas confor- me o tipo de producio: agricolas,industriais, comer- ciaisefinanceiras, cada qual com um modo de funcio- namento préprio. ERA INDUSTRIAL é 0 perfodo em que se inicion com & Revolugéo Industral, substi a Era da Agricultura e se prolongou até o inicio da slkima década do séeulo XX. Fo perfodo da industralizagéo no qual a fibrica aparece como a empresa tipica dominante e o poder financeiro das grandes empresas. ESTADO-MAIOR € 0 conjunto de assessores especializa- dos que compéem o staff da organizacio. ESTRUTURA ORGANICA ¢.0 mesmo que estrutura or- ganiracional, tal como representada no organograma. GERENTES PROFISSIONAIS forath os primeiros pro- fissionas assalcriads € éspetializados ext orgenizar as {abricas tornando-as mais produtivas, no final do sé- culo XIX. CAPITULO 2 = Antecendentes Histéricos da Administrago 4g HIERARQUIA DE AUTORIDADE significa os estratos de autoridade existentes em toda organizagio humana, nna qual os superiores comandam os inferiores. LIBERALISMO ECONOMICO é a doutrina que serviu de base ideol6gica para as revolug6es antiabsolutistas na Europa e a independéncia dos Estados Unidos. Defen- de a liberdade individual, a democraciarepresentati- ‘va, o direito a propriedade ea livre iniciativa ea con~ corréncia como meios para harmonizat os interesses individuais e coletivos. LINHA significa a autoridade de comando e de acio que decorre da posigao hierdzquica ocupada, MANUFATURA € o estabelecimentoifabril em que a pro- dugio é artesanal e hé uma diviséo do trabalho que & desempenhado por grande mimero de operdrios sob a diregio do empresitio. MATERIALISMO HISTORICO concepcio marxista da historia que trata dos modos de producéo historica- mente determinados (0 das comunidades primitivas, da antigtidade, o escravista,o asitico,o feudal, 0 ca- pitalista e 0 socialista), sua gnese, transigio e suces- slo de um modo de produgio para outro. MECANIZAGAO € a substituicéo do trabalho do homem pela miquina. Foi a inovaglo tecnolégica da Revolu- io Industrial, quando a maquina a vapor, a energia elétrica e 0 motor a explosio passaram a mover mé- uinas nas fabricas de tecidos, minas,transportes e na agricultura. MERCADO designa um grupo de compradares e vende- dores em contato suficientemente préximo para que as trocas entre eles afetem as condigdes de compra e ‘venda dos demais. O mercado pode sero local fico, te6rico ou néo, do encontro regular entre comprado- res vendedores de uma determinada economia. METODO CARTESIANO €0 método cientfico de Descat- tes baseado em quatro prineipios: divida sistemstica, anilise ou decomposico, sintese ou composigio e enn- ‘meragio ou verficacéo. Influenciou poderosamente a ‘maneira de abordaresolucionar os problemas cientficos. PLATAO, fil6sofo grego (428-348 a.C.), que defendeu o reformismo social da época. PRINCIPIO DA UNIDADE DE COMANDO estabelece que cada pessoa tem um chefe e apenas um chefe. REVOLUCAO INDUSTRIAL é 0 conjunto de transforma. es tecnol6gicas, econdmicas e sociais ocorridas na Europa (principalmente na Inglaterra) nos séculos XVII e XIX e que deram origem 20 sistema fabrile 20 ‘modo de producio capitalista. Surgiu com o aperfei- ‘goamento de maguinas de fiagdo e tecelagem e pela in- Yengao da méquina a ¥apor, da locomotiva e das mé- aquinas-ferramentas SINDICALISMO ¢ 0 conjunto de doutrinas sobre a atua- ‘fo e organizacio do movimento sindical. Com a Re- ‘oligo Industral, as primeiras organizagées operi- +ias na Europa (principalmente na Inglaterra) foram influenciadas pelas teorias polticas, sobretdo, de correntes socialists. ‘SMITH, ADAM, economista escocts (1723-1790), cria- dor da economia cléssica, analisou os efeitos da divi- so do trabalho sobre a produividade. SOCIALISMO 6 0 conjunto de doutrinas ¢ movimentos politicos orientados para os inteesses dos operdrios, tendo como objetivo uma sociedade na qual néo haja propriedade privada dos meios de produgéo. STAFF € 0 conjunto de 6rgios e pessoas que trabalha no ‘gabinete para assessorar, aconselhar e dar consultoria € recomendacio sobré assuntos diversos. @

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