Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O enredo
Um bom roteirista pode criar um filme para passar a mensagem que desejar, de forma explícita ou sutil.
Qualquer narrativa pode enaltecer o bem ou o mal, fazer-nos beber água limpa ou podre e nos emocionar ao
ponto de rirmos ou chorarmos.
“Avatar” é uma ficção científica inundada com água dos esgotos espirituais.
Em um planeta chamado Pandora, a anos-luz da Terra, existe uma substância chamada unobtainium que é de
grande valor para os humanos que viajaram até lá para conquistá-la. No entanto, os nativos de Pandora,
chamados de Na’vis,* são um obstáculo nessa conquista, pois um grupo deles está assentado em uma área
exatamente sobre a maior reserva de unobtainium do planeta.
O malvado coronel Miles Quaritch (interpretado por Stephen Lang) deseja usar a força e eliminar logo os
Na’vis. Já a boa cientista, doutora Grace Augustine (interpretada por Sigourney Weaver), acredita na
diplomacia e que os humanos e Na’vis venham a ser amigos.
Os humanos criam, então, avatares Na’vis que se infiltram entre os nativos com o objetivo de convencê-los a
saírem daquele local. Esses avatares são basicamente humanos em
corpos de Na’vis.
O principal avatar é Jake Sully (interpretado por Sam Worthington),
que tem sucesso em se infiltrar, mas acaba sendo seduzido pela
maneira de viver dos Na’vis, apaixona-se por uma Na’vi, vira a
casaca e passa a lutar com os nativos contra os abomináveis
humanos. Isso me fez lembrar um pouco da trama do “O Último
Samurai”.
Os Na’vis amam a natureza, adoram a deusa Eywa (que é uma força
espiritual que mantém o equilíbrio da natureza) e são conectados a
ela através de uma espécie de sonda que sai da parte posterior de suas cabeças, como se fossem longas tranças
dos seus cabelos.
A inevitável batalha final é ganha pelos Na’vis e, graças à deusa Eywa, Jake Sully tem um novo nascimento e
passa a ser não mais um avatar-na’vi, mas um Na’vi de verdade.
A narrativa do filme foi de certa forma pobre em conteúdo para quase três horas de duração. O que salta aos
olhos é o espetáculo de tecnologia e esoterismo.
A tecnologia de Avatar
O diretor James Cameron superou todas as expectativas, ao esperar mais de dez anos para produzir “Avatar”.
Pois, quando idealizou essa película, ainda não existia tecnologia suficiente para produzi-la.
Cerca de 70% do filme foi gerado em computador, mas não parece. Criado especificamente para ser assistido
em 3D, “Avatar” vem à tona com cores vivas e as imagens do planeta Pandora parecem ser bastante reais.
Muitas das cenas onde os humanos interagem com as criaturas de Pandora foram gravadas em frente a uma
tela verde, mas com tamanha precisão que confesso, com algumas exceções, não consegui distinguir
visualmente o real do irreal.
A propósito, realidade neste filme é outra coisa. Se o leitor está procurando o mundo real, é melhor ler a
Bíblia.
Para qualquer cristão que estuda esoterismo, sempre que se depara com a palavra “avatar”, uma luz vermelha
se acende na mente.
A Bíblia nada fala sobre “avatar”, porém citações sobre avatares (ou avataras) aparecem na Bhagavad-Gita,
que é o mais popular livro do hinduísmo. A Bhagavad-Gita esclarece: “Há várias espécies de avataras [...]
mas o Senhor Krishna é o Senhor primordial, a fonte de todos os
avataras”.
Um outro significado para a palavra “avatar” tornou-se popular com o advento de jogos na internet. Cada
participante cria o seu próprio “avatar”, dotando-o das características que achar necessário. São corpos
virtuais criados pelos jogadores. Além disso, a companhia Nintendo tem uma linha de videogames intitulada
“Avatar”. O “Avatar” do diretor James Cameron cai nesta definição de uma criatura produzida para ser
manuseada com fins específicos, como nos jogos dos internautas.
Os avatares de Cameron são entidades biológicas idênticas aos Na’vis, mas com algum DNA humano.
Numa cena de “Avatar” ficamos sabendo que o planeta Terra já foi tão verde quanto o planeta Pandora, mas
que os humanos tinham devastado tudo.